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A literatura de Cordel, sob UITla aparente revolta e Acima.

Bonecas de algodão,
costuradas a mão, em diferentes
violência, apresenta, na realidade, UITla falsa irriagern do tamanhos. Proveniência Car uarú,
Pernambuco.
hOITleITldo Sertão do Nordeste - sirn ples e bondosa. Assirn Foto Arquivo Lina Bo Barcii

COITlOa cerârn ica "figurativa", aparenteITlente irônica, de

Caruarú. O hOITleITldo Sertão que sorri COITlbondade dos


Bicicleta. Brinquedo. Madeira de
"doutores", das autoridades, das leis e dos "Senhores", sirn- caixote pintada com tinta xadrez.
Altura 13 crn , largura 24 cm.
plesrrrerrte não existe: é UITlaprodução "bonitinha" que se Proveniência Fortaleza, Ceará.
Foto Arquivo Lina Bo Bar-di
repete ad usurn dos visitantes, nacionais e estrangeiros, das

feiras e dos rriercaclos.

Por esta razão, não d oou.rn.errtarnos aqui as tão conhe-

cidas gravuras da literatura de Cordel, rrern cleclicarrrosrrru.iro

espaço à cerârn ica de Caruarú.

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A literatura de Cordel, sob urna aparente revolta e Acima. Bonecas de algodão,
costuradas a mão, em diG"'('III'
violência, apresenta, na realidade, urna falsa imagem do rarnarrhos. Proveniência :;111111' 11

Pernarn buco.
homem do Sertão do Nordeste - simples e bondosa. Assim Foto Aequivo Lma Bo Barcli

corno a cerâmica "figurativa", aparentemente irônica, de

Caruarú. O homem do Sertão que sorri com bondade dos


Bicicleta. Brinqu ·do. 1\1.••1, 11'
"doutores", das autoridades, das leis e dos "Senhores", sim- caixote pi n rad a o rn lillltl IIII

Al ru ra 13 rn , "'''1-\11'., '1.,11
p lesmente não existe: é urna produção "bonitinha" que se Provcniên ia FOI'I:d(·/.•, I l I I

repete ad USUIll dos visitantes, nacionais e estrangeir ,das

feiras e dos mercados.

Por esta razão, não documentarnos aq LI i as tão - I h '-


cidas gravuras da literatura de Cordel, n m d ' Ii -amos rn LI ito

espaço à cerâmica de Caruarú.


NORDESTE
10'-.( 1 I IIII i•.111 '1"1' 111.11'1'III,l () Mus .u d . An' POPU-
1." dll l ),111.111 di (" i,l cl m n i.u- s' ~iviliza ã do Nordeste.

Ci ili·/':I".lo, PIII( 1lI,\lldo tirar Ia palavra o sentido áulico-


r -t ó r i 'o qlli' ,I .1 o r n pu n ha.. ivilização é o aspecto prático
Ia .u h.u r.r, (o :1 vic!u los hOITI ns em todos os instantes. Esta

'xp i 50 pro 1I1'aap rc ntar urna civilização pensada em

l do os d '1:1111 'S, studada tecnicamente, (mesmo se a

palavra "t ~ .n i 'o" define aqui um trabalho primitivo), desde

a iluminação :1' olheres de cozinha, às colchas, às roupas,

bules, br i nq u dos, móveis, armas.

É a p.'ocura desesperada e raivosamente positiva de

homens que não querem ser "demitidos", que reclamam

seu direito à vida. Urna luta de cada instante para não

afundar no desespero, urna afirmação de beleza conseguida

com o rigor que somente a presença constante de urna

realidade pode dar.

Matéria prima: o lixo.

Lampadas queimadas, recortes de tecidos, latas de

lubrificantes, caixas velhas e jornais. Cada objeto risca o

limite do "nada" da miséria. Esse limite e a contínua e

martelada presença do "útil e riecessár ió" é que consti-


I I (:,,,'caz da Exposição
, ", ./" Nordeste. A gravura tuem o valor desta produção, sua poética das coisas huma-
ti 11I•• "',.Ida pela segunda vez
•!I11 I•• ele u rn cartaz (a primeira nas não-gratuitas, não criadas pela mera fantasia. É neste
, I "j/'/('rlO Bahia). Para o
I I"I "" usadas velhas letras de sentido de moderna realidade que apresentamos critica-
I II I I 1I111111nente usadas em
111 ,,1111. ele circos. mente esta exposição. Corno exemplo de simplificação

3 5
I 1111 II I
111., I. 1II II1 d I'ldllll 1111111 I1I d 1"lIdll,.11I

II I IlfI.1 I i!".11 1., .111',11111.1111' .1111-,111.111'1 Lli , c: 1',11): :11 SI 1':1(;:10

fllltlOlll1l (OII'ClI',I:'ÍII n,

(;h,lIn:1I1l0S 'sl' M u s 'U I' Ar te P pular e não de Fol-


1101" I )r s 'r O r; Iklor urria herança estática e regressiva,

:1111p~l rad p t rrial isticarnerite pelos responsáveis da cultura,

a pa o que arte popular (usarnos a palavra arte não SOITlen-

t n entido artístico rnas tarribérn no de fazer tec.nicarne n-

te) define a atitude progressiva da cultura popular ligada a

p rob lernas reais,

Esta exposição quer ser UIn convite para os Jovens

corisiclerarern o p rob lerna da sirrrpl ificação (não da indigên-

cia), no Inundo de hoje; carrrin h o necessário para encontrar'

dentro do hUInanisIno técnico, u rna poética.

Esta exposição é UITlaacusação.

Acusação de UIn Inundo que não quer re n u n crar à

condição hUITlana apesar do esqueoirnerrto e da indiferença.


É u.rria acusação nã.o-h urn.ilcle, que contrapõe às degrada-

doras condições irn posras pelos horrieris, UIn esforço deses-

perado de cultura.

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Documentação de Arte Popular na
Exposição Civilização do Nordeste,
no Museu de Arte Popular do Unh,,,.
Os objetos erarn apresentados ern
caixotes. No andar térreo os pilões,
as carrancas do Rio São Francisco,
as jangadas. Em segundo plano a
figura do "Caboclo", símbolo da
independência nacional; esculpi I" ,'li.
madeira po licrornad a. Foi o p ri rnc-lr u I
"desfilar", em 1922, nas ruas dn 11,1111 I
Salvador, Bahia.
Fotos Arrnin Guthlnall.n
Conjunto arquitetônico do Unhão. Os químicos e munIçoes (no século XX).
edifícios, modificados em 1770, O Conjunto foi restaurado, em 1959,
rern o n carn o século XVI. O Conjunto é de acordo com o Serviço do Patrimôn io
situado à beira-mar, na Bahia de Todos Histórico e Ar tisrico Nacional, dirigido
os Santos. A Casa Grande, a Senzala, a por Rodrigo Mello Franco de Andrade,
Igreja e as construções circundantes, no Governo Juracy Magalhães.
mudaram de destinação com o tempo: Restauração inaugurada em 1963 COIUa
Trapiche, Fábrica de Rapé (no século Exposição Civilização do Nordeste -
XIX) depósito de gasolina, produtos Museu de Arte Popular. Salvador, Bahia.
Foco Armin Guchmann

36
A nova escada do Solar do Unhão.
Realizada com O sistema de encaixes
dos carros de boi. Pilar central em
Pau-d'Arco e piso em Pau-cie-Ip ê.

Foto Arquivo Li na Bo Bardi

Nesta e próxima página. Cabeças,


cavalos, figura. Ex-votos, madeira
de Umburana. Alturas variáveis.
Proveniência Monte Santo, Bahia.
Fotos Armin Guuhmann

Baraúna, a árvore mais forte do Sertão.

Angico, a árvore para curtir o couro.

Facheiro, arbusto espinhoso: as folhas para o gado, as

varas para a cêrca. Arueira, a árvore das cangalhas.

Jaqueira, Oiticica, Juerana, Gameleira, Pequí,

Vinagreiro, Vinhático, Jataí, Jangadeira, as árvores para co-

lheres, gamelas, tachos, tampas de potes, camas, mesas, caritós,

brinquedos para as crianças e Santos, figas e Rosários.

4 o
lJmburana, Pau d'Alho, Pita, as madeiras dos ex-vor.os.

..Ajudam" o homem do sertão, assim corno os dife-

I I I. " "Paus":

('.lll-Laranja Pau-de- Tamanco

('.Itl-de-Carne Pau-de- Vinho

('.111- 1 -Candeia Pau-de-Sangue

1',111- I -Caninana Pau-de-Bebedouro

I' 11 t -Carrapato Pau-cle-Serrore

I' 111 d -Cêra Pau-dos-O lhos

I' li t d '- rrizas Pau-de- Vassoura

( , 111 d '- olher Pau-Dumo

I' 111 d '- t'UZ Pau-Espêro

I' 111 d '-L pra Pau-Esteira

111 d· 1, .tras Pau-Facho

111 dI' Li a Pau-Fede

( , til dI' M:l co Pau-Fôfo

( III d· Mastr Pau-Guiné

(' 111 .I•. VI :1 Pau-Imortal

I 111 di' ('il.lo Pau-Judeu

I' " t .1. ( )1 v.rl h o Pau-Fava

I1 111 .I. 1'( "11 V Pau- lrU1.ga

111 di I 'I I ,..t t iI, .1 ]lI~llambú

111 • ti, 111 (,:111 ·b-Po ':1

111 di ,dll t (',111 I", ·,1, li , '1111 )

ti t 111
NO NO

IBIRAPUERA IBIRAPUERA

VISITE a EXPOSltaO
21 D[ S!f[MBRO . 31 DE OEZlMBRO D[ 1959 • 540 PAIllO - BRASil

__ ..• __ ~ ••••••••..•.•• -.;nr..... •• "'r-.


•. -
11' d.' Exposição Bahia nas ruas de
I' 11 dn. Mais tarde, o rnessiâ riico EXPOSIÇÃO BAHIA
1111' , h,.,tlros, governará por breve

"I'" li )'"rs.
IIpll\'11 Linn Bo Bardi

Mas, aí estão os trabalhos artesanais, as flôres feitas

por rriãos sábias de velhas pacientes, as colchas coloridas

COlllOquadros abstratos, ap rove.irarrrento de retalhos, de res-

tos de fazenda. Aí estão os fifós que ilu.rniriarri as casas rn ais

pobres, ap roveirarnerrto dos vidros vazios de rerrréd ios e de

pedaços de lata. Mostrando a arte do povo e, ao rriesrn.o rerri-

po, sua vida. Aí está u rn am.plo do cu merrtár io sobre as reli-

giões afro-brasileiras - a rn acu.m ba, o cariclo m b lé - tão

poderosas ern sua persistência sofrida, vencendo o telllpo e _

/,'1/1 1959, na V Bienal, as perseguições, vencendo os poderosos e os pernósticos r-:

"1,fll/tI~·. em colaboração com vitória do povo. Irrstr urrierrtos de rn úsica negra, roupas de
"/,, '/1' 'f('l7tro da Universidade
santos ern seu esplendor, figuras de orixás rn ister iosos. Es-
I /1,,1, fillldada e dirigida por
culturas da África e da Bahia, a rn ost rar a nossa ligação co rn
11 (,'()//('I7.Lves,a "Exposição
1"';III1'ira pande exposição as terras de Aioká. A cer'ârnica popular de tôda a beleza, as

I " / '11/111111r nordestina, carrancas das barcas do rio São Francisco, rio da nossa uni-
·"tI'IIfI.\· rtrr Antropologia Cul- dade e exerrip.lo da fôrça e da resistência do Irornern brasilei-
/11I0 111I /I rte. A exposição,
ro. Esteiras, rêdes, panelas de barro, potes para água fresca,
1/ ,111/11 1ft, .foLhas secas, seus
aquilo de que o horriern se serve para o cotidiano da vida,
~, (J!'i 'di.. stras colchas de re-
I, III tJ/~jl,/tJ.I· ('0 tidia nos, co- pobres objetos que ilurn iriarn sua pobreza COllla poesia de

I 11',', Ilfll/O t} ,<?I'Ilildc' documen- urn desenho, de urna flôr, de urria figura. Tudo que o povo

toca, nesta terra da Bahia, tra.nsfo rrna-se em poesia, rriesrn o

quando o drarna persiste. Eu poderia dizer que esta exp osi-


5.0 r 'v 'Ia sobr cudo a fôl- a r i ad o ra duma nt que não

,'1,1/'/';,/101'/'1' ••• ' .Ih.lll' tlll'HtllO II.IH tll.tiH dltt':IS t'Olldil,'()l'H,

1111
Acima e próxima página. A Exposiçnn
Bahia, na V Bienal, setembro de 19 'I,
foi a primeira apresentação (do pontO.I,
vista da Antropologia Cultural mais 10
que da "Arre") do poder criativo do Povo
Nordestino. Ibirapuera, São Paulo.
Fotos Miroslav j avurek

4 4
--.
.,~:-~~
....;.-~~~~~~

Nota do Editor:
Esta Exposição foi organizada por
Lina Bo Bardi e Marrirn Gonçalves,
que era Diretor da Escola de Teatro
da Universidade da Bahia.
Este artigo de Brn no
foi publicado em 14 de 111,1/ I

1965 no L'Expresso de ROr/lfl. N, ~


La mostra deI ''Nordeste do Brasil" o crítico italiano dcrncncirm, 1111I

L ARTE DEI POVERI


F
uma violência da ditadura IIId" I

FA PAURA AI GENERALI que ocupa opoder no Brasil:


bição da realização, em ROIII",
ti /',01

di BRUNO ZEJ'I

T urro pronto alia Galle-


ria d'Arte Moderna: I
boto dei paese. La sua .510-
ria ha Ia Corza tragica deUa
gna fotografica su BrasiUa.
DI fronte alie rtserve che mostra "Nordeste do Brasil ", 11I/111
"pezal" venutl da Bahia-Sal- miserla conladina. La sua moIti d! noi esprimono sul-
vador sono a pqsto, il cata- produeíone figurativa e pre- l'lmplanto urbanlstlco e su-
logo à In corso di stampa e
cost t manitesU; mancano
atcuní apparecchl per t'íuu-
artlgianale, ma posslede una
dignità esteuca che e gtu-
gll edU'iel deUa nuova cepi-
tale, si ta impaziente. Le
tada inicialmente em Salvar/(/I rn
sto rtconoscere e veicria- questíom di gusto sono ar-
mina.zlonc e I pannelli su eui
sarannc attaccate grsndl to- zere net brusco salto t ra fatto eeccneene: I'architet-
tografie di architettura.
ínauguraaícne e fissata defi-
Lo. una cultura quest di tradi-
zione orare e l'era índustrie-
tura non c'enrra, o solo me-
diatamente. Brasilia, a suo
1963. O próprio ltamaraty ,/",
nitivamente per Ia mattina te. Oggetti di necessítà, re- gludlzlo, significa li distacco
dei 10 mano. motí dal folklore, "Iattí" plu
dai litorale della colonia,
rnvece arrtva l'ordine dei-
I'Arnbn.sciata brasUiana: Ia
che opere d'arte, realizzaU
con latte amerlcane di pe-
l'integrazlone razzlaIe, il co- dira levar a exposição para ir 1'11I fi
mostra non si farã, tutto do- trollo, legno, pe.~UI>, rlJ'1utl, rnc:g1o di prescotsui ai ,noJ}·
ve eesere smcotetc In enen. pagine di veccme rívlste, ri- do con I vercrt cultural!
zlo, rtmesec In cassa e rt-
spedlto In pstrla. Non 51 di-
tagli di seorre che erríveno
ogni tanto dal sud, su vec-
della povertá. insomma un
atto irreversibile di rottura
pa mas, quando já esraur: l/frl{/
scute. Scopplera uno scen- chi camions. Di tal! mate- e di IIberazlone.
dalo? Pazlenza, coe un regf- riali sono composti gli uten- Da un Jato, Ia produzlone
me di genereü. .c diploma-
zla li terrorlzzata e paretíz-
sill domestlci, gli ex-voto, dei popolo, tesumoraanea
dell'lnfinita scrrerenee negra;
pronto para a inauguração, nrt (,;,
i eícceucn. le ccperte di
za anche le atUvitll. cultu- cucío, le "carrancas", teste dall'altro, Ia città k.a!kian.a,
rali. DeI resto, questa non e di anlmali pollcrome, issate autoritarla ed estbtaícnísu.
una mostra d'erte qualslasi,
ha una estica espícstva .• I
sulla proa eeue grandi bar- ce. Questi poli enutenct ap- leria de Arte Moderna de N(/III"
che de! Rio Sao Francisco. patcno oggi mani!estazioni
pannl sporchl si lavano in SOno oggetti seonvolgenti, parallete di uno stesso spt-
casa n, mBlisTÍ a 5an Paolo
e a Rio de Janeiro, ma non
che possano essere scembla-
ti enche per "pop-art", come
rito everstvo. E' diftlcile ín-
tenderne le ragioo! tntenee-
veio uma ordem superior que IlltllI
a Roma. E' Ia solita nausea. e avvenuto di recente a Pa-
L'esposlzlone "Nordeste do tuall, ma tra glt studenti di
rtgi. Si tratta in vece pro-
Brasilia e le masse díse-
BrasU" e stata promessa da
un architetto Italiano, Lina
prio dei rcvescíc deUa pop-
art: non gestl di integraziQ· redate dei ncrd-esr esiste dava cancelar tudo.
Bõ, Ia eul stessa biografia ne, piu o meno passiva, di una cemuntceztcne Immedla-
espllelta I moventl dell'íní- una cultura economicamente ta. Gil accenti monumeotali
z!atlva. Dopo aver Iondato a
Mllano un settimanale, "A",
avanzata, ma sroret díspe-
rsu di una società ccnden-
di Oscar Nleme)'er ín quel
contesto non appalono reto- Em 1959, Bruno Zevi n/r
eM ebbe brev1sslma vlta ma nata a morte che accusa Ia riel, appunto come l'arte po-
tu nel dopoguerra j'unlco sua intollerablle esistenza. polare e I'Iaverno deUa pop-
tentatlvo di portare i pro-
blemi dell'habltat a lIvello
Gli economisti, gU arehi-
tetti, i gíovani progresslstl
ert. Di questo strano feno-
meno si e accorto Le cor-
ve no Brasil participando do CIJII
dei popolo, nel 1947 declse sono con-tou che 10 stud10 busier quando, clrca due ano
di trasferirsl In aresue do- di questí document1 serva a 01 ta, ha vtsttatc Bruma.
ve P. M. Bardi le oftriva di
prcgeuere 11Museu de Arte
spronare un processo di for-
maztcne cuuureae radicato
acccno come un eroe. Non
ne ha elogiato 11 piano te-
gresso Internacional Eocrrn or
di San Paolo. Questo loca- nene tragiche realtà dei pee- golatore, né gU edlftci, ma
rícc protessfonale eostituiva se. U baroceo gesultico, pai
perõ un mero pretesto: Una
Bb cercava un agganelo ccn
Ia "missione rreocese'' che
ha dlchiarato cee Ia cltt.à
cosmuísce "U!U spcranza dinário da Associação Iriternacla
Istitui Ia Scuola di BeIJe Ar· dei ruturo •.
Ia realtã ehe appagas.se est- ti, infine ! "fachadlstas" ne.
genze morall di ronde rima- La tesl di Lina Bb trova
ste in.soddisfatte in ltalla,
una eonnessione intima e
liani che nel secolo scorso
applccieavaeo prospetti da
conrerme a Roma. General!
e loro ambasclatori vietano
nal de Críticos de Arte. Naq 11I'/"
organica, non solo Jnten- ''bolo de noiva" (torta di
sia Ia mostra di arte popo-
uonale e veueuerte tra ar· no=e) alle eostruzioni dei
tere cne quella di Brasllla.
chitettura e lmpegno umano.
ntreese una scuola di dlse-
capomastrt, hanno bloccato
quesla rormearone: bisogna SOno argomenU troppo pert- ocasião visitou Brasília.
gno industriale, insegno per rfcomíncíare daccapo, IfI.do- eetcsr, scvverství, perché, in
tre anni rene recona dI ve l'arte fonde con remro- forme opposte, riguardano
Architeltura di 5an Paolo;
ma rcecestcee per uno scat-
polcgía, e grida o reprime
Ia sua Indignazione.
\'interno aJ'famato deI conti-
nente, Ia realtà dei paese, le
A dicotomia - Brasífia / 111/
to vere e proprio venne nel Clb implica 11 rigetto del- sue strutture. DI rronte ai
'59, quando 11govematore di Ia architettura ral:ionallsta, tomi della realtà, deUa mlse-
Bah!a, Juracy Magalhaes, og·
gl ambasciatore negU SU, Ia
trapiantata Improvvlsamente ria O deUa cultura, generali
e ambasclatorl perdono Ia
séria do povo brasileiro - foi C( illl
da Le Corbusier a Rio de
chiamo per programmare un testa, sfidano 11 rldicolo,
Janeiro intorno ai 19361 Li·
museo d'arte moderna atto
na Bb 10 nega, ed aozl ha prolblseooo lnsénsatamente
a dlvonlre un centro di pro·
pulslonc cuJturale nella re- preparato un'ampla rasse· perftno un'esposlzlone. pressão marcante daquela viagl'lll,
glone.
A qucsto punto, Una Bb
lncontrn ali cconomlllU o I que resultou numa polêmica !li"
~~0~?~~YAc:~6n~l\~~~~I~~rJ~:1
por loro mOlll:O cono.ao
klovAnl oho .1 oocuJ'uno doi,
IA IOUI\ contro I'"nnlr"'boll,
L'l1ta 01'1'1 o (! /./"dilntc" da UniuI'I'
:~Ol,," ur.~~~I~\~"
Q~\gll ~rfl:I~~
rn<hlludfllln.•nllllth~(lelllll II\U
." 1IIlllhHIIun HJ .1'1101111" .~
sidrlrlt· rlrl 11I1",'11111 IJ/'rl,r//irl,
."lIlell el.WIIoH"",M.tI'" 1i
1~;i~I'~:~·;I~~IIII.'II:~:I!"~il·III:~~ 1'\'1" II 1'1i.WJ, ,!I,III/ rltI iJlrli.,~
,,,,,,.,,1 •• "111111111'1111111111,,"U
:11~'t:~t'l1 ~I~ 1:,1:11,~1~t'~":1,1't,~,,1,':
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:il·;~III'~I,~UII~::;~=I,I:1
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':,~:::~I~ 1111(11/1 li'r'IIII' 1111 '//111/'11/'/111111'11//1
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111 I 11
1,III/tI ,1\ 1,11/1"\ ,/"
1'lIdo PIOII(O 11:1 ;.11'1'1.1 I· Art c Moderna: as peças

1'1111( dl'lI ( •. d . S.tIv;l(.loI'- Bah ia, 'ITI eus lugares, o catálogo

I' 11' 1.11 I.I'/,·S '111 EIs' J irnpr ssão; resta apenas resolver

,.11'."11. d -t a llrcs I, ilurrrirraçâo e os painéis sobre os quais

, ViolO fi :1 Ias zra.n de fotografias de arquitetura. A inaugura-

\:10 'sd rnar ada para a manhã de 10 de março.

!\ on crár io disto, chega urna ordem da Embaixada

I~rasil ira: a exposição não será feita, tudo deve ser desmon-

tado m silêncio, reembalado e devolvido ao Brasil. Exp lo-


1111. I ()lll chupéu-d '- ()\!!It,

I" 1'"'10 ",,".,<1: •. Ah.ura O li'


iirá um escândalo? Paciência, com um regime de generais a
/,1 li' I, 1',,111, -i rn los l nclios, AI"",o.".
diplomacia fica aterrorizada e paralisa até mesmo as ativida-

I I ''', ' """ írrd io. Aplicações .I,. d s culturais. Além do mais, esta não é urna exposição de
" " , ,dil~sobre algodão crú d . '.Il ()

1,",.18 cm,Jargura98 111. arte qualquer; contém urna carga explosiva. "Os panos su-
1110 'li '01 M.lr"gojipinho, Sergrpr-.
I pl! 'I I !lUI Bo Barcli jos lavam-se em casa", talvez em São Paulo ou no Rio de

Janeiro, mas nunca em Roma. É a náusea costumeira.

O nordeste brasileiro, sêco e agreste, habitado por

homens escravizados numa condição semi-feudal, transfor-

mou-se nos últimos anos, por fõrça dos movimentos de

libertação reunidos nas Ligas Camponesas, em símbolo do

País. Sua história tem a fõrça trágica da miséria camponesa.

Sua produção figurativa é pré-artesanal, mas possui urna

dignidade estética que é justo reconhecer e valorizar no

brusco salto entre urna cultura quase de tradição oral e a

era industrial. Objetos de uso, afastados do folclore; "fatos"

mais que obras de arte, executados em latas de lubrificantes

4 7
americanos, madeira, palha, refugos, páginas de revistas

velhas, retalhos de pano que chegam às carradas do sul em

velhos caminhões. Deste material são feitos os utensílios

domésticos, os ex-vo tos, os brinquedos, as colchas de reta-

lhos, as carrancas, cabeças policrômicas de animais fixadas

na prôa dos grandes saveiros do rio São Francisco. São

objetos desconcertantes, que também podem ser tornados

por pop-art, corno recentemente ocorreu em Paris. Trata-

se, entretanto, justamente do oposto da pop-art: porque


Bacia recuperada de diversas latas de
nunca são gestos de irrtegração, mais ou menos passiva, de lubrificantes soldadas. Diâmetro 45 "11
Proveniência Feira de Santana, Bahiu,
urna cultura econômicamente avançada, e sim esforços de- Foco Luiz Hossaka

sesperados de urna sociedade condenada à morte, que de-

nuncia a sua existência intolerável. Os economistas, os

arquitetos, os jovens progressistas estão convencidos de que

o estudo destes documentos servirá de estímulo a um pro-

cesso de formação cultural radicado na trágica realidade do

País. O barroco jesuíta, mais tarde a rrrissão francesa que

instituiu a Escola de Belas Artes e, finalmente, os facha.disras Bule feito de UlTIalata de Toddy.
Altura 25 ClTI.Proveniência Feira I,
italianos que no século passado ap licavarri fachadas de bolo Santana, Bahia.
Foto Luiz Hossaka
de noiva às construções dos mestres de obra bloquearam

esta formação. É necessário recomeçar pelo princípio, partir

de onde a arte funde-se com a antropologia e grita ou

reprime a sua indignação.

Isto implica em rejeitar a arquitetura racioriali ta, tran -

planeada d improvi p r L orl u si .r para o J io ele-


jn n .j 1"0 '111 i ô r n o d ' 19. ()? I .ina Bo 11<.'1':1 1;.1 p()si 'ao, '."t'

i1l1J1.ll it'llIa {:I( c: n: I" t'l V.1. qlH' 1IIIlÍICI, ti


111 IIlh.1I1 d.III!l11 IJlil .I 1)11
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111111 • .1 11111111111. I tlll r.I.II,.111 1.111,.1,.1 c OI:I/',VIII ti ':Ipr'~ 'n-
1.11,,' ,lU 1IIIIIIdo 0111 OS vu lo r 'S .u lt.u ra is d.a pobreza, em

li '.'.111111),
IlllI .1 to i rr 'v 'r.sív .Ld I'Llptura e de libertação,

. um Ia j aquilo que o povo produz, testemunho

I, infinito sofrimento; do outro, a cidade kafquiana, auto-

ri rá ria xib icio n ista. Estes pólos antitéticos mostram-se

h j corno manifestações de um mesmo espírito. É difícil

orn.preericler suas razões intelectuais, mas entre os estudan-

t s de Brasília e as massas desafortunadas do nordeste existe

urna comunicação imediata. Os acentos monumentais de

Oscar Niemeyer não parecem retóricos naquele contexto,

precisamente corno a arte popular é o contrário da pop-art.

Le Corbusier apercebeu-se deste estranho fenômeno quan-

do, há dois anos, visitou Brasília, onde foi acolhido corno

herói. Não elogiou o plano pilôto, nem os edifícios, mas

declarou que a cidade era "urna esperança do futuro".

A tese de Lina Bo é confirmada em Roma. Generais e

seus embaixadores tanto vetam a exposição de arte popular

quanto a de Brasília. São argumentos muito perigosos, sub-

versivos, porque, de formas opostas, referem-se ao interior

faminto do continente, à realidade do País e à sua realidade,

da miséria e da cultura, generais e embaixadores perdem a

cabeça, desafiam o ridículo e, por fim, proíbem insensata-

mente urna exposição,

Bruno Zevi, 1965

49
Rorna. Em janeiro de 1964 o Itamm.u,
iria apresentar na Europa a Exposição
Civilização do Nordeste precedentem ·"1
montada no Museu do Unhão, na B:dll,'
Na véspera da inauguração (na Gall .riu
Nazionale dArre Moderna) a Embai:x:••11
do Brasil a proibiu, julgando-a subversivo'
O material foi enviado de volta ao Brn 11
Foto Oscar Savio

5 O
,1\', 1 »t». Nota do Editor:
11""ilrim, Estas duas exposições foram organizadas,
I_ 111 di lI(' POPII!.II', dirigi das e montadas por Lina.
qll 111'. dtl NOld 'o"~ ",
I II 1\I"", ,li I" '" "',
1111111111 II~ 111 I' di 1.11 (. nlt',iv.l
I l" I I .I. 1111 IO'·,IIL,,!.I-,"

I 'li' 111" 'I'" 11,11,.1".1,


1"'" I" 1I " • .I" 1''''11 dOI 11,,,,.11
Lívio Xavier, fim ít'ltllIl
retor do Museu de Art:e da (//11/

sidade do Ceará, MAUC, () 111

colaborador na organização ri"


posição do Unhão - Civilizt'I("""
Acirna. Gado solto. Nordest:e - t:raçou em 1963 e 1(' "
À esquerda. Boi sentado.
teiro " da produção popular cearrn
Barro pintado a óleo. Alturas entre
10 e 13 CITl.Proveniência Massapé Hoje, o MAUC não exist:e 111,1
e Granja, Ceará.
1::0(05 Arquivo Lina Bo Bard i Dest:ruído em '64, subsist:ecomo 1/1 li
o grande esforço cult:ural dos int
Pr óxi rna página. HOITleITlvestido lect:uais,das Universidades e do J'(I/
e HOITleITlnu. Ex-voros. Madeira
pintada COITltinta a óleo. Altura 55 CITl. do Nordest:e, na document:ação,
Proveniência Canindé, São Francisco
na lembrança de quem
das Chagas, Ceará.
Focos Arrnin Gur.hn1ann les ternpos.
t 11.1 .Iu 11'1.11'.",.1, \'11.1 ( :l.lIld " t~ () r' .an t o rnars

1('1,1(' d" 1':1,1,1(111, di j,'ol do Pi:\ld. Suas .j íadcs, quase perdidas


11:1••.•YI'" ·d,ls do p lu nu l t o , '11 crrarn rnaravil has quase desco-

111. . ·jd:ls do art 'sanar do eará. Tianguá, a porta da chapada,

:1OS s:H ~H.I s de p rra corri o turbilhão da feira, ca.tnpo de

::1.1 ostra dos produtos oferecidos. Os trançados de palha,

taboca ou babaçu, os trabalhos de couro, e sobretudo a rica

cerârn ica utilitária e os ingênuos barros decorativos clesco-

brern-se então aos olhos do viajante. Cada caçuá aberto é



u rria surprêsa. Até no rn in úscu.lo alguidar sobressai a beleza

da forrna. Ern poucos rn irnrtos, é São Benedito, a cidade

rrrais isolada da Serra. O surpreendente surge no carrrirrho

rriesrrro, à visão dos que volrarn da feira, na hora já tardia da

rrreia rnarrhã. Filas de carros de bois transporta.tn os viajantes

já providos do necessário para rnais trrrra serrran.a de vida. O

inesperado, entretanto, é a feira, o encanto rriaior é o colori-

do e a vivacidade que, irrrprevist.os, surge.tn ern rincão tão

isolado. Os produtos são os rriesrrros de toda a região. Avul-

tarn as for.tnas e a cô r insuspeitada de sua fina cerâ.tnica.

O Vale do Cariri, extrerrio sul do Estado, afirrria-se ao

restante do Nordeste e do Brasil tarrrbérn quase co m.o o

Ceará típico. Rap idarnerrte, a indústria tra.nsforrria a região.

Vale privilegiado e fértil, nele coexisrern três "civilizações",

sediadas e.tn suas cidades rnais típicas e rnais p róxirrias entre

si: Barbalha - velha povoação aristocrática, de sobradões

coloniais, centro das plantações de cana e do artesanato

decorrente; Crato - burgo cabeça da região, de co rrrérc.io

53
~id.ld~·.11.1 id.I d" 111111 1111 10 1111 I1

Paul" ~( .ro , h 'i,\ I· .IIJH.'I. (1l,11l'. I 1.,1/,,11 dll ,I 111111111111

tável centro do are an::110do .a r u-r. !\( l- ql! '.1 01 rid:1 p.II,1

a industrialização é visível a cada n ta to. Aci rnu ele urdo,


foco irradiado r e ainda vivo da riquíssima Iirera.cura ra l .

da xilogravura a ela umbelicalmente ligada.

Canindé é a mística engendrada em tôrno da figura

de São Francisco das Chagas, o santo milagroso, curador de


Renda de papel ti· ".,1., '" "li
todas as mazelas, Centro, se não da escultura popular do Proveniên in Fo rt nl"1.1 , ( , 11 1
Foto Arquivo Lirm Bo 1\.11111

Estado, ponto de convergência de tôda a produção de nos-

sos escultores.

Cascavel é a cidade quase subúrbio de Fortaleza. Na

orla marítima do Estado, ao lado de Aracati, Fortaleza,

Acaraú, Carnocin e Granja, tem a primazia nos trabalhos

de almofada e rendados dos labirintos maravilhosos. Sede

da cerâmica vermelha, dos desenhos brancos e dos animais

alongados e em estranhas associações: cobras enroscadas

em cavalos, tartarugas montadas em bois.

Um trem que se arrasta por regiões de vida incrível.

É um ágil dedilhar no trançar a palha que nos dá o

chapéu. Cada parada corresponde a urna forma e côr dis-

tintas; cada minuto é um chapéu a mais, Sobral é a conflu-

ência da produção; Massapé, velha cidade plantada no leito Jeep. Brinquedo. Madeira de
caixote e lata de lco. Pro ven iêm 1,1

da estrada, é a produção viva. Fortaleza, Ceará.


Foto Arquivo Lina Bo Bard i

Granja, cidade secular, centro moribundo do maior e

mais variado artesanato, dorme pacificamente, consciente de

sua decadência. São agora feitas as "descobertas" mais ines-

peradas das obras-primas de sua movelaria, dos entalhes de

54
II II I.

1.1 l l'l.t 1111.1, I)lUl,1

III Ilvl i.il, 'a d orarrva, no

'r ladeiros exemplares de

.11111"111111 I. (),IIIIII,.IIIII,'" '(Inô'nhosderendascontama

v 11111 1.1d.1 1I11.'l'.III:",:U)d· s .us arresãos.


1.1111 Teares sern i-

s·1 .IJ',1'111.
1II11 '11t.11''S 111:IS.fici ntes, atestam
i 111( a operosidade

10 !lI) li IIIl .Ipl'ovvil:tlll 'IHO d algodão. Cada rêde é urna

an u » 11.1d.1 v.u-i '<'\:1 1 . das ncepções das tecelãs.

Jioll.d 'Z:I " .o nvcr êricia de quase tôda esta produção.


ba tião, Central, Velha Estação de Bon-

d - abri ':ltn V n dade dessas manifestações. Centro arte-

sanal tarribérn dos rnais intensos, a cerâmica e trançados pro-

duzidos nos seus arrabaldes se impõem pelas formas elegantes.

A vi. ão conjunta dêsse artesanato leva à indagação da

existência de organismos que defendam do desaparecimen-

to e desfiguração formas artísticas tão puras. Preservar tôda

esta realização arresa.nal de um lento ou rápido desgaste éa


missão primordial que inspirou a criação do Museu de Arte

da Universidade do Ceará, parte de urna instituição essen-

cialmente ligada ao meio e consciente dos problemas da

região a que pertence; esta é a tarefa que vem desempe-

nhando o MAUC nos seus dois anos de vida. O amparo ao

"IIIII~ •••Brinquedo. Chapa de artesanato em si e ao artífice corno sêr humano capaz de


t" ItI"I.1 ln. Altura 20 em, largura
111 t'l OV<'11 iêneia Fortaleza, Ceará. sobreviver na dignidade de seu trabalho é função. dos ór-.
, p~1•• I inu Bo Bard.i

gãos que se erigem em solucionadores dos problemas dos

arresãos, cujas obras, em sua quase totalidade, estão à vista

neste retrato do Nordeste do Brasil.


Lívio Xavier, 1963
5 5
Fldvio Motta, projt,,\',\/II
grande colabôrador do MA,"""
Museu de Arte de São Paulo, /'/1
blicou o seguinte texto para 1/ 1,/
culdade de Arquitetura e Urorun,
mo da Universidade de São 1'11I1/"
em seus "7'
I extos .LnJormes.
1:,.{; "

56
1\11 1(' 11I H 1.111110, '~t li los '111:h "1 tâ arnpla e corrip le-

.1. I. '11.1 1,IIv "/, I' ' '0111 '11 lávcl fi rrriar conceitos, doutrina ou

f do, 0/1.1. ( ) :ISSII n I o, 'n tr nós, já foi tratado com inegável

illl -rc-sx " Mas ·1 . ainda se impõe, mais pelo desconhecido

do qll ' P '10 xplicado. Tudo o que nos parece conveniente

~:\ 'OI1S .an t indagação sobre a vida urbana. Somos e

:lpar IUOS com ela. Nela também as qualidades da visão

rural se dimensionam. Tentamos o encontro História e

tidiano, onde a situação humana se faz pela criatividade.

I o nos conduz a projetos. São distâncias a vencer, são

aproximações a se realizar. Mas são distâncias com distin-

ções. A cidade não é coisa natural, não é coisa dada. O

indivíduo não pode estar nela corno o poeta Fernando

Pessoa estava "diante do rio da minha aldeia". Aquilo "não

faz pensar em nada". Ao contrário, ela faz pensar.

A cidade e o seu viver se descobrem. E pedem que

dela se fale e se pense e se diga e se faça. Não é como "o rio

da minha aldeia". Estabelece o sentido histórico e social dos

homens, com evidências irrecusáveis. Todo um ambiente

de contradições forma e deforma o universo de cada um.

Pelo trabalho humano - vale dizer, pelo social- a natureza

emerge ou se esquiva em figurações históricas do viver. Daí

urna noção de tempo - tempo de gente. Daí um espaço -

espaço de gente. Haverá um espaço de História, com um

tempo da Sociedade. Espaço da História porque é, no rrruri-

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