USO DE ENERGIA SOLAR EM UNIDADES FOTOVOLTAICAS PARA RESIDÊNCIAS

NO AMAZONAS

RESUMO

Com o avanço da tecnologia mundial e a necessidade do uso de fontes energéticas alternativas, também
houve o avanço na procura pela implantação de sistemas para aproveitamento de energia solar através de
placas fotovoltaicas. Outro ponto com grande influência é o aumento populacional e a elevação do perfil de
consumo dos recursos naturais no mundo que levam ao debate de questões energéticas e investimentos em
soluções renováveis. Através de revisão bibliográfica e uso de simuladores virtuais, este artigo simula um
sistema fotovoltaico residencial de pequeno porte no estado do Amazonas, analisando sua viabilidade
econômica e tempo de retorno do investimento. O estado apresenta um bom índice de irradiação solar
durante todo o ano para uma possível implantação de um projeto, e de acordo com as simulações realizadas
o projeto apresenta um bom retorno financeiro considerando o tempo de vida útil do sistema de 25 anos com
a economia de três vezes o valor do investimento. No entanto, percebe-se a fragilidade e necessidade de
investimento por parte do governo neste setor tecnológico e sustentável.

Palavras-chave: Fonte Energética, Sistema fotovoltaico, Energia Solar.

ABSTRACT

With the advancement of world technology and the need to use alternative energy sources, there was also an
advance in the request for the implementation of systems for harnessing solar energy through photovoltaic
plates. Another point with great influence is the population increase and the increase in the profile of
consumption of natural resources in the world, which leads to the debate of energy issues and investments in
renewable solutions. Through bibliographic review and the use of virtual simulators, this article is a small
residential photovoltaic system in the state of Amazonas, analyzing its economic viability and return on
investment. The state has a good index of solar irradiation throughout the year for a possible application of a
project, and an agreement with simulations carried out or projects presents a good financial return considering
the useful life of the system of 25 years with savings of three times the value of the investment. However,
there is a fragility and need for investment by the government in this technological and sustainable sector.

Keywords: Energy Source, Photovoltaic System, Solar Energy.

 DIEGO MELO DA SILVA / UNINORTE. ALBERTO VILAÇA COUTINHO JÚNIOR /UNINORTE
2

1. INTRODUÇÃO eletromotriz, provocada pela junção de dois

As fontes de energia hidráulica, metais, em condições específicas. No segundo,

biomassa, eólica, oriundas de combustíveis os fótons contidos na luz solar são convertidos

E fósseis e energia dos oceanos são formas em energia elétrica, através do uso de células
d.
00 indiretas de energia solar. Além disso, a solares (ANEEL, 2002).
00
. radiação solar pode ser utilizada diretamente A energia solar é a fonte de energia mais
V
O como fonte de energia térmica, para abundante na Terra. Se for possível somar
L
00 aquecimento de fluidos e ambientes e para todas as outras fontes de energia existentes,
0
– geração de potência mecânica ou elétrica. ela seria cinco mil vezes superior. Estima-se
IS
S Pode ainda ser convertida diretamente em que a energia solar que atinge a Terra durante
N
00 energia elétrica, através de efeitos sobre apenas 40 minutos, é equivalente para suprir o
00
- determinados materiais, entre os quais se consumo de energia do mundo todo, em um
00
00 destacam o termoelétrico e o fotovoltaico ano. Neste sentido, o Brasil dispõe de vários
(o
(ANEEL, 2002). recursos naturais, com ênfase à radiação solar

O termo fotovoltaico vem do grego (CASTRO, 2008).

(Phos), que significa "luz", e em "volt", a
unidade de força eletromotriz, o volt, que vem
do sobrenome do físico italiano Alessandro
Volta, inventor da pilha. O termo tem sido
usado desde 1849. É a energia elétrica
produzida pela luz solar, podendo-se obter
resultados em dias chuvosos e nublados
(FREITAS; MIRANDA, 2016).
Desde 17 de abril de 2012, quando entrou
em vigor a Resolução Normativa ANEEL nº
482/2012, o consumidor brasileiro pode gerar
sua própria energia elétrica a partir de fontes
renováveis ou cogeração qualificada e inclusive
fornecer o excedente para a rede de
distribuição de sua localidade. Trata-se da
micro e da minigeração distribuídas de energia

A conversão direta da energia solar em elétrica, inovações que podem aliar economia

energia elétrica ocorre através de efeitos da financeira, consciência socioambiental e

radiação (calor e luz) sobre determinados autossutentabilidade (ANEEL, 2015).

materiais, particularmente os semicondutores. Segundo Faedo (2014) “a utilização desta

Entre esses, destacam-se os efeitos energia conectada à rede está em crescimento,
termoelétrico e fotovoltaico. O primeiro mas ainda precisa de esclarecimentos no
caracteriza-se pelo surgimento de uma força âmbito técnico para instalação, e os custos
 DIEGO MELO DA SILVA / UNINORTE. ALBERTO VILAÇA COUTINHO JÚNIOR /UNINORTE
3

envolvidos que deve ser levado em conta o
consumo de energia elétrica, custos com a
aquisição do equipamento, manutenção e
verificação do retorno do investimento”.
De acordo com as novas regras, que
começaram a valer em 1º de março de 2016,
é permitido o uso de qualquer
renovável, além da cogeração qualificada,
denominando-se microgeração distribuída a
central geradora com potência instalada até
75 quilowatts (KW) e minigeração distribuída
aquela com potência acima de 75 kW e
menor ou igual a 5 MW, conectadas na rede
de distribuição por meio de instalações de
unidades consumidoras (ANEEL, 2015).
Quando a quantidade de energia gerada
em determinado mês for superior à energia
consumida naquele período, o consumidor
fica com créditos que podem ser utilizados
para diminuir a fatura dos meses seguintes.
De acordo com as novas regras, o prazo de
validade dos créditos passou de 36 para 60
meses, sendo que eles podem também ser
usados para abater o consumo de unidades
consumidoras do mesmo titular situadas em
outro local, desde que na área
superior à consumida, cria-se um “crédito de
energia” que não pode ser revertido em
dinheiro, mas pode ser utilizado para abater o
consumo da unidade consumidora nos meses
subsequentes ou em outras unidades de
mesma titularidade (desde que todas as
unidades estejam na mesma área de
fonte
concessão), com validade de 60 meses
(ANEEL, 2015).
Um exemplo é o da microgeração por
fonte solar fotovoltaica: de dia, a “sobra” da
energia gerada pela central é passada para a
rede; à noite, a rede devolve a energia para a
unidade consumidora e supre necessidades
adicionais. Portanto, a rede funciona como uma
bateria, armazenando o excedente até o
momento em que a unidade consumidora
necessite de energia proveniente da
distribuidora (ANEEL, 2015).
Diante disto, este artigo tem como objetivo
apresentar um projeto de geração de energia
solar através de um sistema fotovoltaico
residencial no estado do Amazonas, analisando
sua viabilidade e relação custo benefício.
de 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

atendimento de uma mesma distribuidora. 2.1. ENERGIA SOLAR

Esse tipo de utilização dos créditos foi
A energia solar é responsável pela
denominado “autoconsumo remoto” (ANEEL,
manutenção da vida na Terra e a radiação solar
2015).
representa uma imensa fonte energética. Desse
Caso a energia injetada na rede seja modo quando se pensa em energia solar, deve
 DIEGO MELO DA SILVA / UNINORTE. ALBERTO VILAÇA COUTINHO JÚNIOR /UNINORTE
ser lembrado que o Sol é responsável pela
origem de quase todas as fontes de energia na
Terra, conclui-se então que a maioria das outras
fontes de energia são derivadas do Sol
(CRESESB, 2014). Outro fato importante é que
anualmente a Terra recebe 1,5 x 1018 kWh de
energia solar, sendo que o consumo mundial de
energia para este mesmo período é 10.000
vezes menor (CRESESB, 2014). Esse fato
indica que o sol é uma fonte inesgotável de
energia e possui um enorme potencial de
utilização em várias formas de energia. Dentre
as fontes de energia renováveis provenientes
do sol a energia solar fotovoltaica é uma das
mais promissoras (CRESESB, 2014).
A radiação solar possui um enorme
potencial de utilização via sistemas
conversão e captação em outras formas de
energia, umas das possíveis formas é o efeito
fotovoltaico. Esse fenômeno ocorre através das
células fotovoltaicas, que são componentes
optoeletrônicos que convertem diretamente a
radiação solar em eletricidade. A conversão da
energia solar em energia elétrica ocorre através
do efeito de radiação sobre materiais como os
semicondutores, que se caracterizam
apresentarem bandas de energia que permitem
a presença de novos elétrons e de outra banda,
em sua camada mais externa, totalmente
"vazia" (banda de condução). O elemento mais
usado é o silício, que se caracteriza por possuir
quatro elétrons em sua camada de valência,
4
formando uma rede cristalina. Quando uma
ligação com átomos de cinco elétrons é realizada,
com o fósforo, por exemplo, um elétron acabará
sobrando nessa ligação, que ficará instável, ou
fracamente ligado. O resultado disso é que com
pouca energia térmica, esse elétron vá para a
banda de condução. Então, pode - se dizer que o
fósforo é um dopante doador de elétrons e
denomina-se dopante n ou impureza n. Da
mesma maneira que a ligação com um átomo a
mais pode ser realizada também existe a
hipótese de realizar a ligação com um elétron a
menos na camada de valência para que se torne
uma ligação estável, ou seja, uma ligação com
apenas três átomos, como é o caso do boro
(CRESESB, 2014). Esta falta de elétron é
denominada buraco ou lacuna, com pouca
de
energia térmica um elétron em uma camada
vizinha pode “saltar” e passar para esta posição,
deslocando a lacuna. Portanto a ligação do silício
com o boro cria um processo denominado
aceitador de elétrons ou um dopante tipo p (silício
tipo P) (NASCIMENTO, 2004).
No caso de uma junção pn se expor a fótons
com energia maior que o espaço entre lacunas,
por serão gerados pares elétron-lacuna, e na
hipótese de isso ocorrer na região onde o campo
elétrico é diferente de zero, as cargas serão
aceleradas, fazendo uma corrente através da
junção. O deslocamento de cargas nada mais é
que uma diferença de potencial, o qual é
chamado de Efeito Fotovoltaico. Portanto caso
 DIEGO MELO DA SILVA / UNINORTE. ALBERTO VILAÇA COUTINHO JÚNIOR /UNINORTE
duas extremidades do “pedaço” de silício forem
conectadas com um fio, tem–se circulação de
elétrons, ou seja, uma corrente (CRESESB,
2014).
A intensidade da corrente gerada portando
depende da proporção da intensidade da luz,
estas características são
proporcionais. A célula fotovoltaica
armazena energia elétrica, ela apenas mantém
o fluxo de elétrons num circuito elétrico
enquanto houver incidência de luz sobre ela.
Esse fenômeno se denomina efeito fotovoltaico
conforme é demonstrado na
(NASCIMENTO, 2004).
Figura 1: Efeito fotovoltaico.
Fonte: CRESESB, 2014.
A partir do descobrimento
fotovoltaico por Edmond Becquerel em 1839,
muitas tecnologias foram sendo desenvolvidas
e melhoradas ao longo dos anos. Além das
melhorias diversas aplicações foram criadas,
umas das mais promissoras foi o uso da energia
5
fotovoltaica para a geração de energia elétrica
em satélites (CRESESB, 2014).
Para estabelecer se um local possui
condições viáveis para instalações fotovoltaicas e
garantir que seja aproveitado ao máximo, devem
ser analisadas as variações da intensidade da
diretamente radiação solar e suas alterações ao longo do ano.
não Para isso precisa ser realizado um histórico com
essas medidas. Os limites de precisão são
determinados pela Organização Mundial de
Meteorologia (OMM), esta determina limites de
precisão para quatro tipos de instrumentos, que
figura 1 são eles: instrumentos de primeira, segunda e
terceira classe, de referência ou padrão. Para
medições padrão tem – se: radiação global e
difusa no plano horizontal e radiação direta
normal (CRESESB, 2014).
2.2. SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
Um sistema fotovoltaico de geração de
energia converte a energia da radiação solar em
energia elétrica. Seu principal componente são
os módulos fotovoltaicos que são compostas por
inúmeras células fotovoltaicas que são
responsáveis em fazer a conversão da radiação
solar em energia elétrica. Podem ser em grandes
do efeito quantidades e conectados em série e em
paralelo (ZILLES et al. 2012).
Os materiais mais empregados em módulos
fotovoltaicos atualmente é o silício e podem ser
do tipo monocristalino ou policristalino. São
 DIEGO MELO DA SILVA / UNINORTE. ALBERTO VILAÇA COUTINHO JÚNIOR /UNINORTE
considerados com eficiência significativa na
conversão da radiação solar em energia
elétrica, bem difundidos e consolidados no
mercado (PINHO E GALDINO, 2014). Os
autores destacam também que os painéis de
silício cristalino representam 85% do mercado
de módulos fotovoltaicos.
monocristalinos são feitos com grandes cristais
de silício, tem um valor agregado mais elevado,
porém são mais eficientes. Os
policristalinos são construídos com diversos
cristais menores de silício e são
comumente encontrados nas aplicações de
sistemas fotovoltaicos ao redor do mundo.
Um outro tipo de módulos fotovoltaicos é
conhecido, comercialmente, como filme fino
que, segundo Pinho e Galdino (2014), são
“divididos em diversas cadeias produtivas:
silício amorfo (a-Si), disseleneto de cobre e
índio (CIS) ou disseleneto de cobre, índio e
gálio (CIGS) e telureto de cádmio (CdTe)”. Tem
como vantagem sobre os módulos de silício,
menor peso, maior flexibilidade e reduzida
perda de eficiência em temperaturas mais
elevadas. As desvantagens se apresentam
como: menor eficiência, dificuldade
disponibilidade dos materiais, reduzida vida útil
e processo construtivo realizado com materiais
tóxicos. A Figura 2 apresenta os tipos de
módulos descritos anteriormente.
Figura 2: Modulos de filme fino, monocristalino e policristalino.
6
Módulos
Fonte: Exsolar, 2017.
módulos Além dos módulos fotovoltaicos, existem
outros componentes que integram o sistema,
mais permitindo seu pleno funcionamento. O inversor é
um equipamento fundamental visto que a energia
elétrica produzida pelos módulos é em corrente
contínua (CC) e, caso seja necessário, para a
conversão em corrente alternada (CA) é utilizado
tal dispositivo.
Dispositivos de interrupção de energia
também são utilizados nos condutores CC e CA
para possibilitar a interrupção em caso de
necessidade de manutenção da linha pela
concessionária de energia elétrica. Dispositivos
de proteção são instalados para resguardar o
sistema contra curtos-circuitos e sobretensão.
Os sistemas fotovoltaicos são comumente
na
classificados em duas categorias principais:
conectados à rede (grid-tie) ou isolados (off grid).
Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede são
aqueles no qual a energia produzida é transferida
diretamente na rede e devem atender os padrões
normativos da concessionária local que, no Brasil,
 DIEGO MELO DA SILVA / UNINORTE. ALBERTO VILAÇA COUTINHO JÚNIOR /UNINORTE
7

é regulamentado pela Resolução Normativa solar (ao invés de refletir, como o concentrador
ANEEL nº 482/2012. Nos sistemas isolados não solar), diminuindo assim o impacto da reflexão da
há conexão com a rede elétrica da luz (ASSUNÇÃO, 2014).
concessionária e, portanto, necessita de algum
2.3. CÉLULA SOLAR FOTOVOLTAICA
dispositivo de armazenamento para transferir
energia quando não houver irradiação solar. Um dos componentes mais importantes e
Atualmente, as baterias se apresentam como lembrados quando se fala em captar energia
método de armazenamento de energia solar é a célula solar, sendo que a maioria delas
comumente utilizado ao redor do mundo são produzidas utilizando silício (Si). Dentre as
(ANDRADE, 2017). células de silício tem – se diferentes tipos como:

No método de compensação de energia,  Célula de silício monocristalino: Esse tipo

inerente aos sistemas conectados à rede, são de célula apresenta a maior eficiência e é
utilizados medidores eletrônicos que bastante utilizada em aplicações
contabilizam a quantidade de energia comerciais (AMÉRICA DO SOL, 2011).
transferida pela instalação à rede de energia.  Célula de silício policristalino: Estas
Com a geração de energia, os consumidores possuem menor custo que as células de
próximos aos locais de geração podem ser silício monocristalino, porém possuem um
atendidos com a energia excedente, evitando o rendimento menor (CRESESB, 2014).
investimento em infraestrutura na rede  Célula de silício amorfo: É muito propicio
(BENEDITO, 2009). esse tipo de célula quando se pensa em
baixo custo. Porém apresenta algumas
Atualmente, os sistemas fotovoltaicos
desvantagens, dentre elas baixo
estão mais difundidos em aplicações em sítios
rendimento e degradação nos primeiros
aeroportuários quando comparada as outras
meses de operação. Contudo apresentam
alternativas de geração solar. Em termos de
suas vantagens, necessitam de baixo
geração de energia elétrica, quando comparado
consumo energético para produção em
ao sistema de concentrador solar, os sistemas
comparação as células cristalinas, podem
fotovoltaicos possuem uma capacidade superior
ser fabricadas células com áreas grandes
de atendimento a qualquer tipo de demanda,
e tem aparência estética mais agradável
podendo ser instalados integrado às edificações
(CRESESB, 2014).
ou montadas em estruturas no solo. O sistema
fotovoltaico tem característica de absorver a luz 3. METODOLOGIA
 DIEGO MELO DA SILVA / UNINORTE. ALBERTO VILAÇA COUTINHO JÚNIOR /UNINORTE
8

cerca de R$ 100 bilhões e abastecer 2,7 milhões

A metodologia utilizada neste artigo de pessoas com sistema fotovoltaico. A
consiste em um levantamento bibliográfico a capacidade que, em 2016, foi de 23MW (0,02%
cerca da legislação existente sobre as energias da matriz energética brasileira) deve alcançar
alternativas no estado do Amazonas, seguido 7.000 MW (3% da matriz energética brasileira)
E de um dimensionamento energético a ser
d. em 2024, com aumento estimado de 104,4% ao
00 implantado no cenário desenhado para estudo.
00 ano durante este período (FONTINELLE, 2017).
. Por fim será realizada uma análise da
V
O viabilidade de implantação deste projeto em O potencial de desenvolvimento da geração
L
00 uma residência. solar fotovoltaica no Brasil é imenso, e já foi dada
0
– a largada para seu aproveitamento, sobretudo
IS
S
Serão utilizados simuladores para estimar com a realização do 6º Leilão de Energia de
N
00
os dados de incidência solar no estado, o Reserva em 2014, que resultou na contratação
00
-
consumo médio em uma residência com 5 de aproximadamente 1.000 MW de energia solar
00
00
moradores e pesquisas nos sites da fotovoltaica. A premissa utilizada pelo governo
(o
concessionária de energia da região. brasileiro para a inserção desta tecnologia no
país é o desenvolvimento de uma cadeia
O cenário de estudo será o estado do
produtiva fotovoltaica em território nacional. Com
Amazonas, o maior Estado do Brasil com área
isso, o governo busca atrair investimentos no
geográfica de 1.571.000 km², população de
setor industrial e gerar empregos no país. Para
4,081 milhões de habitantes, 2,59 hab/m². E
tanto, foram definidas exigências mínimas de
que segundo o levantamento da Absolar, é um
conteúdo nacional para componentes e
dos estados que menos investe em energia
equipamentos fotovoltaicos. Adicionalmente, o
solar no Brasil. Atualmente, o País produz 
desenvolvimento da cadeia produtiva depende de
124,7 megawatts (mW), enquanto o Amazonas
um mix de isenção fiscal à produção aos
tem potência de apenas 0,055 mW, o que
fabricantes que se comprometerem com metas
representa 0,04% da geração de energia
de fabricação local e transferência de conteúdo e
distribuída em todo o País (MELO, 2017).
tecnologia para o Brasil (CAMARGO, 2015).
Estima-se, ainda, que em 2018 o Brasil
Sistemas conectados à rede não são
deve estar entre os 20 países com maior
dotados de baterias, de forma que produzem
geração deste tipo de energia, caso levado a
energia apenas durante o dia, atendendo apenas
contento o investimento nesta modalidade de
parcialmente ao consumo da instalação. São
energia. Este setor de energia deve movimentar
 DIEGO MELO DA SILVA / UNINORTE. ALBERTO VILAÇA COUTINHO JÚNIOR /UNINORTE
recomendados para regiões urbanas, já que a
implantação de sistemas autônomos nessas
áreas, sob o ponto de vista custo /potência
instalada, não compensaria a obtenção de
energia (MARQUES, 2009).
São compostos pelos
equipamentos:
 Painel fotovoltaico: gerador de energia.
 Inversor para injeção na rede elétrica
convertendo (CC) em (CA).
São incorporados à fachada ou ao telhado
do prédio urbano, como mostra a figura 3, de
modo que, virtualmente, não ocupam espaço
algum, sendo o único pré-requisito
orientação solar favorável.
Figura 3: Painéis solares fotovoltaicos, fabricados diretamente
sobre telhas de vidro.
Fonte: Sanyo Solar Industries, 2018.
9
Estes tipos de sistemas atuam como usinas
geradoras de energia elétrica em paralelo às
grandes centrais geradoras. O excesso é injetado
diretamente na rede elétrica pública (quando o
relógio medidor de consumo “anda para trás”, a
seguintes residência está “vendendo” energia para a
rede1), dispensa assim o uso de baterias, pois
utiliza a rede elétrica como armazenador de
energia (MARQUES, 2009).
O Brasil é privilegiado em termos de
radiação solar. O Plano Nacional de Energia
2030 reproduz dados do Atlas Solarimétrico do
Brasil e registra que essa radiação varia de 8 a
22 MJ/m2 durante o dia, sendo que as menores
uma
variações ocorrem nos meses de maio a julho,
variando de 8 a 18 MJ/m2 (SALAMONI, 2009).
Para análise do potencial solar da região em
questão, foi utilizado o programa SunData V3.0.
Que consiste em uma ferramenta de apoio ao
dimensionamento de sistemas fotovoltaicos,
através do cálculo da irradiação solar diária
mensal em qualquer ponto do território nacional.
O sistema de busca de localidades próximas
é feito por meio da coordenada geográficas
(latitude e longitude) do ponto de interesse. O
programa fornece os dados de irradiação solar
para no mínimo 3 localidades disponíveis
próximas do ponto de interesse. São fornecidos
os valores de irradiação solar, em kWh/m 2.dia no
plano horizontal, correspondentes às diárias
médias mensais para os 12 meses do ano
 DIEGO MELO DA SILVA / UNINORTE. ALBERTO VILAÇA COUTINHO JÚNIOR /UNINORTE
10

(CRESESB, 2018). As coordenadas utilizadas

para a busca, correspondem à cidade de
Manaus (Latitude: 3,101944° S e Longitude:
60,025° O).

Figura 4: Dados da irradiação solar na cidade de Manaus.

Fonte: GIDUR/AM, 2016.

Para projeção do investimento necessário

para a implantação do projeto para o sistema
fotovoltaico residencial, a estimativa dos impactos
Fonte: SunData, 2018.
ambientais e o sistema indicado serão realizados
Para que seja possível um correto pelo simulador solar disponível no site da
dimensionamento do sistema a ser NeoSolar.
implementado, torna-se necessário conhecer o
perfil do local. O modelo apresentado na Figura 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5 é uma unidade habitacional com 41,16 m² de
Em um sistema fotovoltaico, os painéis
área construída, contendo os cômodos: sala de
solares, os controladores de carga, os inversores
estar, dois dormitórios, cozinha, banheiro e
e as baterias exercem funções de acordo com o
varanda (GIDUR/AM, 2016).
tipo de instalação. Existem dois tipos de
Figura 5: Projeto Elétrico - Iluminação. instalação que podem ser utilizados em uma
residência, um sistema autônomo (off-grid) e um
sistema conectado a rede de transmissão de
energia elétrica (on-grid) (BOSO et. al., 2015).

O sistema On-grid funciona em função de

sua conexão à rede de transmissão. Esse
sistema permite que a energia produzida em
 DIEGO MELO DA SILVA / UNINORTE. ALBERTO VILAÇA COUTINHO JÚNIOR /UNINORTE
11

excesso e que não for consumida pela autônomo que necessita de baterias para
residência seja repassada para a rede de armazenar a energia produzidas pelas placas
transmissão e sendo nesta convertida em fotovoltaicas. Porém, esse sistema necessita de
créditos de energia para a mesma residência. mais investimentos para produzir a mesma
Tais créditos são reservados por três anos e quantidade de kWh consumida por uma
caso o proprietário da residência não os utilize residência tal qual se esta fosse produzida pelas
no período determinado, os mesmos ficam para concessionárias de energia.
a concessionária de energia elétrica. Esta troca
Figura 7: Sistema Off – Grid.
de energia entre as concessionárias e as
residências que adquirem esse sistema, faz
com que a redução dos custos com kWh sejam
demonstrados na conta de energia da
residência. Como pode ser observado na Figura
6.

Figura 6: Sistema On – Grid.

Fonte: Portal do Sol, 2015.

Logo, para o presente estudo será utilizado

o sistema off-grid e como o objetivo deste
trabalho é analisar a implantação de um sistema
fotovoltaico para uma residência, o primeiro
passo foi realizar o levantamento do consumo
mensal médio de energia elétrica:

Tabela 1: Consumo médio mensal por aparelho em uma

residência.

Fonte: Portal do Sol, 2015.

Em contra partida, o sistema Off-grid

demonstrado na Figura 7, é um sistema
 DIEGO MELO DA SILVA / UNINORTE. ALBERTO VILAÇA COUTINHO JÚNIOR /UNINORTE
12

sistema fotovoltaico ainda são altos para a

realidade do país, porém, do ponto de vista
energético e sustentável se trata de uma fonte
renovável que reduz as emissões e perdas com a
distribuição. Os cálculos apontaram que o
investimento médio necessário gira em torno de
R$7000 a R$ 11000, com economia mensal de
aproximadamente R$99 com relação ao preço

Fonte: Fiec, 2010.

A partir do consumo estimado definidos na
tabela 1, da localização utilizada para simulação
da irradiação solar, do valor da tarifa utilizado
pela concessionária de energia na cidade de
Manaus e da definição do sistema off-grid para
o projeto, os dados de investimento, estimativa
ambiental e sistema indicado foram calculados
conforme figura 8.
Figura 8: Simulação – Calculadora Fotovoltaica.
médio da conta de luz para os consumos
levantados. Para este projeto estima-se que o
retorno do custo com a implantação gira em torno
de 10 anos, tendo em vista que o tempo de vida
útil de um sistema residencial fotovoltaico gira em
torno de 25 anos.
Com relação aos impactos ambientais, o
simulador estima que com a implantação do
projeto haveria a redução de aproximadamente
21000 kg de CO² na atmosfera. Salamoni (2009),
contextualiza o importância da reestruturação no
setor energético e da diversificação da matriz
energética nacional para a questão da
sustentabilidade, tema que atualmente está com
as atenções mundiais voltadas para si. No
entanto o autor também afirma que essa fonte
alternativa de energia deve ser analisada do
ponto de vista a complementar às fontes

Fonte: NeoSolar, 2018.

convencionais, propiciando equilíbrio ambiental e
garantindo a segurança do abastecimento.
Com relação ao investimento, devido à
falta de um mercado expressivo neste A partir do dimensionamento realizado no
segmento no Brasil, Torres (2015) afirma que os simulador, a área necessária para construção do
custos estimados para instalação de um sistema é relativamente baixo para este estudo,
 DIEGO MELO DA SILVA / UNINORTE. ALBERTO VILAÇA COUTINHO JÚNIOR /UNINORTE
13

em média 8 m² com 4 módulos instalados e ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica.

Micro e Minigeração Distribuídas – 2015.
produção anual estimada na média de 1.485
Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/geracao-
kWh. distribuida>. Acesso em: 11 de fevereiro de 2020.

ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica.

5. CONCLUSÃO
Atlas de Energia Elétrica do Brasil. Brasília:
Ed. 2002. Disponível em: <
00 Através dos dados obtidos com a http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/livro_atlas.
00
. simulação e análise da implantação de um pdf>. Acesso em: 11 de fevereiro de 2020.
V
O sistema fotovoltaico residencial no Amazonas, ASSUNÇÃO, Hélio Delgado. Degradação De
L
00 pode-se concluir que este projeto se torna Módulos Fotovoltaicos de Silício Cristalino
0 Instalados no DEE – UFC. 2014. Monografia
– extremamente viável a longo e médio prazo. Em submetida ao curso de graduação em Engenharia
IS
S síntese, o investimento inicial do projeto giraria de Energia da Universidade Federal do Ceará.
N Fortaleza, 2014. Disponível em:
00 em torno de R$ 11.000 com retorno deste http://www.dee.ufc.br/anexos/TCCs/2014.1/H
00
- investimento em aproximadamente 10 anos. %C3%89LIO%20DELGADO%20ASSUN%.
00 Acesso em 11 de fevereiro de 2020.
00 Tendo em vista a durabilidade do sistema em
(o BENEDITO, R. S. Caracterização da geração
nli torno de 25 anos, desconsiderando os custos
distribuída de eletricidade por meio de
com as manutenções, a economia acumulada sistemas fotovoltaicos conectados à rede, no
nos 25 anos seria de aproximadamente R$ Brasil, sob os aspectos técnico, econômico e
regulatório. Universidade de São Paulo, São
30.000. Paulo, 2009. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/86/8613
Apesar desta fonte alternativa ainda 1/tde-12082010-142848/pt-br.php. Acesso em: 19
de fevereiro de 2020
necessitar de incentivos econômicos e fiscais
para se tornar viável às residências da cidade, o BOSO, Ana Claudia Marassa; GABRIEL, Camila
Pires Cremasco; FILHO, Luis Roberto Almeida.
sistema poderia ser utilizado em condomínios Análise De Custos Dos Sistemas
residenciais, restaurantes ou residências de Fotovoltaicos On-Grid E Off-Grid No Brasil.
ANAP: Brasil, 2015.
classe média.
CAMARGO, Fernando. Desafios e
Ainda assim, o governo brasileiro precisa Oportunidades para a energia solar
fotovoltaica no Brasil: recomendações para
atuar na criação de programas de incentivos políticas públicas. WWF Brasil – Brasília: 2015.
fiscais para indústria fotovoltaica no país,
CASTRO, Rui M. G. Energias renováveis e
principalmente para a fabricação dos produção descentralizada, 2008. Disponível
em:
componentes necessários.
<http://www.solenerg.com.br/tccivancruzicksouza.
pdf>. Acesso em: 11 de fevereiro de 2020
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRESESB. Manual de Engenharia para
 DIEGO MELO DA SILVA / UNINORTE. ALBERTO VILAÇA COUTINHO JÚNIOR /UNINORTE
14

Sistemas Fotovoltaicos. Centro de Referência https://www.acritica.com/channels/governo/news/

para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo
Brito, 2014. Disponível em:
http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/downlo
ad/Manual_de_Engenharia_FV_2014.pdf.
Acesso em: 11 de fevereiro de 2020
CRESESB, Centro de Referência para as
Energias Solar e Eólica Sérgio de S. Brito.
Potencial Solar - SunData v 3.0. Cepel: 2018.
Disponível em:
<http://www.cresesb.cepel.br/index.php#data>.
Acesso em: 11 de fevereiro de 2020
FAEDO, Alessandro. Viabilidade de um
sistema de energia fotovoltaica residencial
ligado a rede. Universidade Federal do Paraná:
2014.
FONTINELLE, Carlos; JUNIOR, Petrus; LOPES,
Telma; MELLO, Rosalice; SILVA, Elton da;
SILVA, Marco. Sistema solar fotovoltaico na
Amazônia. Portal O Setor Elétrico: 2017.
Disponível em:
<https://www.osetoreletrico.com.br/sistema-
solar-fotovoltaico-na-amazonia/>. Acesso em:
11 de fevereiro de 2020.
amazonas-nao-explora-potencial-de-geracao-de-
energia-solar-diz-associacao>. Acesso em: 11 de
fevereiro de 2020.
NASCIMENTO, Cássio. Princípio de
funcionamento da célula fotovoltaica. Lavras –
Minas Gerais: UFLA. 2004. Disponível em:
http://www.solenerg.com.br/files/monografia_cass
io.pdf. Acesso em: 11 de fevereiro de 2020
NEOSOLAR. Simulador Solar – Calculadora
Solar Fotovoltaica. Disponível em: <
https://www.neosolar.com.br/simulador-solar-
calculadora-fotovoltaica-resultado>. Acesso em:
11 de fevereiro de 2020.
SALAMONI, Isabel T. Um programa residencial
de telhados solares para o Brasil: diretrizes de
políticas públicas para a inserção da geração
fotovoltaica conectada à rede elétrica. Tese de
doutorado - Engenharia Civil, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC,
2009.

FREITAS, Mateus Gouveia de; MIRANDA,

Anízio de Assis Rodrigues. Custo/benefício e
implantação de sistema fotovoltaico.
Universidade Rio Verde: 2016.

GIDUR/AM (Manaus). A Gerência d Apoio ao

Desenvolvimento Urbano de Manaus: da
Caixa Econômica Federal. 2016. Disponível
em: < HTTPS://caixahabitacao.com/plantas-de-
casas-pequenasgratis-projeto-completo-de-
casa-popular-32m²/>>. Acesso em: 11 de
fevereiro de 2020.

MARQUES, Rubéria Caminha. Energia solar

fotovoltaica e perspectivas de autonomia
energética para o nordeste brasileiro. Rev.
Tecnol. Fortaleza: 2009.

MELO, Kelly. Amazonas não explora

potencial de geração de energia solar, diz
associação. Acrítica: 2017. Disponível em: <