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https://www.efdeportes.com/efd127/exercicio-fisico-e-reabilitacao-cardiovascular.htm

Exercício físico e reabilitação cardiovascular


*Fisioterapeuta formada pela Universidade José do Rosário Vellano – Unifenas
**Fisioterapeuta mestranda em Ciência do Movimento Humano
Luisa Pereira Parreiras*  
  Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC. Angélica Cristiane Ovando**
(Brasil) luisalanna@yahoo.com.br  

Resumo
          Reabilitação cardiovascular define-se como processo de restabelecer o indivíduo com problemas cardíacos ao seu nível máximo
de atividades, compatível com a capacidade funcional do seu coração. O exercício físico é aceito como parte integrante do tratamento
para recuperação de um indivíduo que sofreu algum tipo de doença coronariana e/ou vascular. Este estudo apresenta uma revisão de
  literatura da anatomia e função do sistema cardiovascular e dos princípios da reabilitação cardiovascular. Foram abordados  
conceitos e definições incluindo coração e vasos sangüíneos, os efeitos fisiológicos causados pelos exercícios físicos, os princípios
da reabilitação cardiovascular, bem como a descrição de cada uma de suas fases e seus objetivos.
          Unitermos: Reabilitação cardiovascular. Exercício físico.

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 127 - Diciembre de 2008

1/1

Introdução
      A reabilitação cardiovascular é
designada como o processo de
restabelecer o indivíduo com
problemas cardíacos ao seu nível
máximo de atividades, compatível
com a capacidade funcional do seu
coração (FARDY e YANOWITZ e
WILSON, 2004).
    Atualmente, o treinamento físico
é aceito como parte integrante do
tratamento utilizado para
recuperação de um indivíduo que
sofreu algum tipo de doença
coronariana. Há evidências
científicas significativas de que a
atividade física aeróbica regular
reduz o risco de doença
cardiovascular e de que o estímulo
de vida é freqüentemente
considerado um dos cinco maiores
fatores de risco para doença
cardiovascular (MARQUES, 2004).
      O benefício fisiológico mais
importante é a melhoria da
capacidade funcional. Isto significa
que aumenta o limiar para sintomas
como a angina de peito, a dispnéia,
a fadiga e o esgotamento, e um
aumento na capacidade para o
trabalho (LONGO, A; FERREIRA, D.;
CORREIA, M. J., 1995).
      Este trabalho tem por objetivo
realizar uma revisão de literatura
sobre a anatomia do sistema
cardiovascular, efeitos fisiológicos
dos exercícios e descrever as
etapas da reabilitação
cardiovascular promovida por
exercícios físicos em solo.
1.        Anatomia e fisiologia do
sistema cardiovascular
1.1.     Coração
    O coração é uma bomba
muscular cônica envolvida
por um saco fibroso – o
pericárdio. Seu tamanho é
associado ao tamanho e
massa corporal, com
dimensões que se
assemelham ao punho
fechado do indivíduo.
Encontra-se posicionado
no centro do peito, atrás
da metade inferior do
esterno. A maior porção do
coração está à esquerda
da linha que marca a
metade do esterno, com o
ápice encontrando-se
aproximadamente a nove
centímetros à esquerda no
quinto espaço intercostal
(FROWNFELTER e DEAN,
2004,).
    O coração é dividido em
metades direita e esquerda
por um septo oblíquo que
se coloca verticalmente.
Cada metade tem duas
câmaras – o átrio, que
recebe sangue das veias, e
o ventrículo que ejeta
sangue nas artérias (FIG.
1). A veia cava superior,
veia cava inferior e as
veias intrínsecas do
coração depositam sangue
venoso no átrio direito, que
passa para o ventrículo
direito. O ventrículo direito
projeta o sangue nas
artérias pulmonares ( que
são as únicas artérias do
corpo que contêm sangue
desoxigenado). As veias
pulmonares devolvem o
sangue para o átrio
esquerdo e daí para o
ventrículo esquerdo. Do
ventrículo esquerdo ele é
ejetado na principal artéria
do corpo – a aorta
(FROWNFELTER e DEAN,
2004).
      Cada ventrículo tem
duas valvas, uma de
entrada e outra de saída
que controlam a direção
do fluxo do sangue pelo
coração. A valva do lado
direito do coração é
denominada tricúspide e à
esquerda, mitral ou
bicúspide. As valvas de
saída ou semilunares são
as pulmonares e aórtica.
Todas as valvas
apresentam três folhetos,
exceto a mitral que possui
dois. Elas são formadas
pela duplicação do
endocárdio reforçado por
tecido fibroso e por umas
poucas fibras musculares
(DOWNIE, 1987).
    O coração é dividido em
três camadas – o
epicárdio, o miocárdio e o
endocárdio. A camada
mais externa, o epicárdio, é
um pericárdio visceral
geralmente infiltrado com
gordura. O sangue dos
vasos coronarianos que
supre o coração corre por
esta camada antes de
adentrar o miocárdio. O
miocárdio consiste em
fibras musculares
cardíacas. A espessura
das camadas de fibras
musculares cardíacas é
diretamente proporcional
com a quantidade de
trabalho que elas realizam.
Os ventrículos trabalham
mais que os átrios, e suas
paredes são mais
espessas. A pressão na
aorta é maior que no
tronco pulmonar. Isto
requer um esforço maior
do ventrículo esquerdo,
logo suas paredes são
duas vezes mais espessas
que as do ventrículo
direito. A camada mais
interna, o endocárdio, é um
fino revestimento do
interior do coração
(FROWNFELTER e DEAN,
2004, p. 36).
Figura 1. Anatomia do coração
Fonte: http://www.msd-
brazil.com/msdbrazil

1.2.        Circulação
sangüínea
      Os tipos de circulação
abaixo foram descritos por
Dângelo e Fattini em 1998:

Circulação pulmonar
ou pequena
circulação​
, tem início
no ventrículo direito,
de onde o sangue é
bombeado para a
rede de capilares dos
pulmões. Depois de
sofrer hematose, o
sangue oxigenado
retorna ao átrio
esquerdo. Em síntese,
é uma circulação
coração-pulmão-
coração (Fig. 2).
Circulação sistêmica
ou grande circulação​ ,
tem início no
ventrículo esquerdo,
de onde o sangue é
bombeado para a
rede de capilares dos
tecidos de todo
organismo, e após as
trocas o sangue
retorna pelas veias ao
átrio direito. Em
resumo, é uma
circulação coração-
tecidos-coração (Fig.
2).
Circulação colateral.
Normalmente existem
anastomoses
(comunicações) entre
ramos de artérias ou
de veias entre si, e
variam de tamanho
dependendo da
região do corpo. No
caso de haver uma
obstrução (parcial ou
total) de um vaso
mais calibroso que
participe da rede
anastomósica, o
sangue passa a
circular ativamente
por estas variantes,
estabelecendo-se
uma efetiva
circulação colateral.
Circulação portal. A
veia portal interpõe-se
entre duas redes de
capilares, sem passar
por um órgão
intermediário.

Figura 2. Grande e Pequena


Circulação
Fonte:
http://agmarrazes.cce,s.pt/agm
cna

1.3.        Sistema de
condução
      O controle da atividade
cardíaca é feito através do
nervo vago (atua inibindo)
e do nervo simpático (atua
estimulando). De acordo
com a fig. 3, estes agem
sobre uma formação,
situada na parede do átrio
direito, o nó sino-atrial,
considerado como o
“marcapasso” do coração.
Daí ritmicamente o
impulso espalha-se ao
miocárdio, resultando em
contração. Este impulso
chega ao nodo átrio
ventricular, localizado na
porção inferior do septo-
atrial e propaga aos
ventrículos através do
feixe átrio-ventricular. Este,
ao nível da porção superior
do septo interventricular,
emite os ramos direito e
esquerdo, e assim, o
estímulo alcança o
miocárdio dos ventrículos.
Ao conjunto destas
estruturas do tecido
especial é dada
denominação de sistema
de condução
(BRAUNWALD, 1991).

Figura 3. Atividade elétrica do


coração
Fonte:
http://br.geocities.com/equipec
v/fisiologia/ativeletrica.htm
1.4.     Vasos sangüíneos
      Há quatro tipos
principais de vasos
sangüíneos: artérias,
arteríolas, capilares e veias
(Fig. 4). Com exceção dos
capilares, os vasos
sangüíneos são descritos
como tendo camadas,
túnica adventícia (externa),
a qual consiste
principalmente de tecido
fibroso organizado
longitudinalmente, a túnica
média, ou camada média
que consiste de fibras
musculares lisas e de
fibras elásticas dispostas
circularmente, e a túnica
íntima, consistindo de uma
camada uniforme de
células endoteliais planas
sobre uma camada
subendotelial formada por
fibras de elastina e de
colágeno (DOWNIE, 1987).
    As grandes artérias que
deixam o coração,
particularmente a aorta,
armazenam o sangue
durante a contração dos
ventrículos para a
distribuição quando não
houver mais sangue
deixando o coração.
Conseqüentemente, suas
paredes são finas, e
contém mais tecido
elástico do que tecido
muscular, permitindo que
elas se expandam e se
retraiam (DOWNIE, 1987).
    Geralmente, as arteríolas
abrem-se em uma rede
capilar intercomunicante.
A este nível ocorre a troca
de gases e de substâncias
através da parede capilar,
a qual consiste de uma só
camada de células
endoteliais achatadas
sobre uma fina membrana
basal. Para exercer esta
função, o leito capilar está
interposto entre as artérias
e veias. Entretanto, em
vários locais do corpo há
direta conexão entre
artérias e veias pequenas,
que são chamadas de
anastomoses
arteriovenosas. Se este
vaso de conexão estiver
aberto, o sangue desvia da
rede capilar e se o vaso
estiver fechado, o sangue
flui através dos capilares.
Desta maneira, ocorre a
regulação do sangue. As
veias transportam o
sangue de volta para o
coração e como as
artérias, as veias são
descritas tendo uma
parede composta por três
camadas. A diferença
básica está na túnica
média, que contém
somente pouco tecido
muscular ou elástico
resultante em vasos de
paredes mais finas. Estes
vasos são adequados para
conduzir o sangue a uma
pressão muito menor
(DOWNIE, 1987).
    O retorno do sangue ao
coração é realizado por
uma série de forças. As
veias profundas correm
nos planos fasciais entre
grupos musculares onde
elas estão sujeitas à
contração e relaxamento
do músculo. Isto é
particularmente
importante nos membros
inferiores, onde as veias
profundas da panturrilha
encontram-se entre o
sóleo e os músculos
gastrocnêmicos,
freqüentemente referidos
como bomba muscular da
perna (bomba solear). A
fáscia densa, inelástica
dos membros inferiores
torna a bomba muscular
mais eficiente. O sangue
da cabeça e do pescoço é
auxiliado a voltar para o
coração pela força da
gravidade. As alterações
da pressão intratorácica e
da pressão atmosférica
para a pressão
subatmosférica (negativa)
têm efeito de sucção sobre
o sangue nas veias
próximas ao coração e
conseqüentemente auxilia
o retorno sangüíneo
(NESRALTA, 1994).
 
Figura 4. Vasos sangüíneos
Fonte
http://agmarrazes.ccems.pt/ag
mcna

1.5.    Débito cardíaco (DC)


      O DC é o volume de
sangue bombeado do
ventrículo direito ao
ventrículo esquerdo por
minuto. Os componentes
do DC são o volume de
ejeção (VE) e a freqüência
cardíaca (FC), que é, DC =
VE x FC. O volume de
ejeção é a quantidade de
sangue ejetado do
ventrículo direito durante
cada sístole ventricular ou
batimento cardíaco e é
determinado pela pré-
carga, distensibilidade e
contratilidade miocárdica e
pela pós-carga
(FROWNFELTER e DEAN,
2004).
1.5.1.        Pré-
carga
      É o
comprimento da
fibra do músculo
ventricular ao
final da diástole
antes da ejeção
sistólica, e
reflete o volume
diastólico final
do ventrículo
esquerdo
(VDFVE). O
VDFVE é
dependente do
retorno venoso,
do volume
sangüíneo e da
contração atrial
esquerda. Um
aumento no
volume
ventricular
distende as
fibras do
miocárdio e
aumenta sua
força de
contração (Efeito
Starling) e
volume ejetado
(FROWNFELTER
e DEAN, 2004).
1.5.2.        Pós-
carga
    A pós-carga é
a resistência à
ejeção durante a
sístole
ventricular. A
pós-carga do
ventrículo
esquerdo é
determinada
primariamente
por quatro
fatores: a
capacidade de
distensão da
aorta, resistência
vascular,
prolapso da
válvula aórtica e
a viscosidade do
sangue
(FROWNFELTER
e DEAN, 2004).
2.     Princípios do condicionamento
cardiovascular
      Treinamento físico é o
desempenho de exercício repetitivo
para aumentar a capacidade de
trabalho físico e para induzir
condicionamento físico. Ele deve
ser de considerável custo
energético em relação ao nível de
aptidão do indivíduo e efetuado
regularmente durante um período
prolongado de tempo (DELISA,
2002).
      A fim de alcançar benefícios,
deve-se obedecer aos quatro
princípios do condicionamento
fisiológico (DELISA, 2002).
Princípio da sobrecarga
    Um exercício, para ser eficaz em
aumentar o condicionamento,
precisa ser a um nível de trabalho
maior do que aquele no qual o
indivíduo usualmente desempenha.
Princípio da especificidade
      Cada tipo de exercício produz
uma adaptação metabólica e
fisiológica específica que resulta
em um efeito específico de
treinamento. Todos estes tipos de
treinamento são importantes em
reabilitação para melhorar o
desempenho nas atividades de vida
diárias e relacionado ao trabalho.
Variação individual
      O treinamento deve ser
individualizado de acordo com as
capacidades e necessidades da
pessoa.
Reversibilidade
      Os efeitos benéficos do
treinamento não são permanentes.
As melhoras atingidas começam a
desaparecer apenas duas semanas
depois da cessação do exercício, e
a metade dos ganhos pode ser
perdida em apenas 5 semanas.
3.        Efeitos fisiológicos do
exercício
      Segundo Longo et al (1995), os
efeitos fisiológicos do exercício
físico podem ser classificados em
agudos imediatos, agudos tardios e
crônicos. Os efeitos agudos,
também denominados respostas,
são aqueles que acontecem em
associação direta com a sessão de
exercício e, os efeitos agudos
imediatos, os que ocorrem nos
períodos pré e pós-imediato do
exercício físico e podem ser
exemplificados pelos aumentos de
freqüência cardíaca (FC), ventilação
pulmonar e sudorese,
habitualmente associados ao
esforço. Por outro lado, os efeitos
agudos tardios são observados ao
longo das primeiras 24 horas que se
seguem a uma sessão de exercício
e podem ser identificados na
discreta redução dos níveis
tensionais, especialmente nos
hipertensos, e no aumento do
número de receptores de insulina
nas membranas das células
musculares. Por último, os efeitos
crônicos, também denominados
adaptações, são aqueles que
resultam da exposição freqüente e
regular às sessões de exercício,
representando os aspectos
morfofuncionais que diferenciam
um indivíduo fisicamente treinado
de um outro sedentário. Dentre os
achados mais comuns dos efeitos
crônicos do exercício físico estão a
hipertrofia muscular, melhora da
aptidão cárdio-pulmonar e o
aumento do consumo máximo de
oxigênio.
      A atividade física aumenta a
capacidade funcional e reduz a
demanda de oxigênio pelo
miocárdio, diminui a pressão
sistólica e diastólica, altera
favoravelmente o metabolismo de
lipídios e carboidratos. Aumenta a
performance física, o limiar da
angina em pacientes com doença
arterial coronariana sintomáticos e
melhora a perfusão miocárdica. Na
reabilitação cardíaca de pacientes
com doença arterial coronariana, a
melhora da perfusão miocárdica
tem sido atribuída pela mediação
do treinamento com exercício físico
na correção da disfunção endotelial
coronária (NERY e BARBISAN e
MAHMUD, 2007).
      O aumento da perfusão na
microcirculação coronariana deve-
se ao recrutamento de vasos
colaterais durante o exercício
(NERY e BARBISAN e MAHMUD,
2007).
4.        Objetivos da reabilitação
cardiovascular
    O maior objetivo de um programa
de reabilitação cardiovascular
amplo é o alcance de uma condição
de saúde ótima para cada paciente.
Assim como a manutenção dessa
condição não somente física e
psicológica, mas também social,
vocacional e econômica
(MARQUES, 2004).
    Os objetivos mais específicos de
uma reabilitação cardiovascular
incluem tratamento eficiente e
efetivo dos sintomas e modificação
dos fatores de risco cardíaco, para
prevenir o início e progressão da
doença cardíaca tanto quanto
possível (PRYOR e WEBBER, 1998).
      A chave para conseguir
resultados benéficos dos exercícios
nos vários sistemas do organismo é
o planejamento e implementação
de um programa de exercício
aeróbico em termos de intensidade,
duração e freqüência. O
treinamento aeróbico deve
proporcionar uma sobrecarga
cardiovascular suficientemente
capaz de estimular aumentos no
volume de ejeção e no débito
cardíaco. Essa sobrecarga
circulatória central deve ser
realizada exercitando os grupos
musculares específicos para
determinado desporto de forma a
aprimorar sua circulação local e seu
maquinismo metabólico
(O’SULLIVAN e SCHMITZ, 1993).
5.     Descrição e fases
      A reabilitação cardiovascular
está, tradicionalmente, dividida em
diversas fases, seqüenciadas como
FASE I, FASE II e FASES III e IV
(MARQUES, 2004).
5.1.     Fase I
    Inclui os exercícios para
o paciente internado, que
se inicia assim que as
condições do paciente
tenham sido estabilizadas.
O médico responsável
deve indicar o melhor
momento para iniciar essa
fase. Os pacientes são
encorajados a movimentar
seus membros inferiores e
alimentar-se sozinhos com
o objetivo de diminuir a
estase venosa (MARQUES,
2004).
      Exercícios de baixa
intensidade durante a
internação hospitalar tem-
se mostrado seguros,
praticáveis e benéficos,
embora não seja
observada nenhuma
melhora na aptidão
cardiovascular com
atividades de baixa
intensidade (FARDY e
YANOWITZ e WILSON,
2004).
    Antes de iniciar um nível
mais elevado, o paciente é
examinado, mensurando-
se a freqüência cardíaca, a
pressão arterial, realizando
eletrocardiograma e
avaliando as limitações
músculo-articulares,
tonteira, aparência e
sintomas (MARQUES,
2004).
    Os objetivos dessa fase
incluem reduzir o tempo de
permanência hospitalar e
diminuir os problemas de
descondicionamento
associados com o repouso
prolongado no leito, como
atrofia muscular,
hipotensão postural e
deterioração circulatória
geral (FARDY e YANOWITZ
e WILSON, 2004).
5.2.     Fase II
      É um programa de
exercícios supervisionado
baseado em uma
prescrição individualizada,
especificando intensidade,
duração, freqüência e
estilo de atividade. O
manuseio e as
modificações do estilo de
vida devem acompanhar a
atividade física, sendo
assim, um processo
contínuo (MARQUES,
2004).
    Os objetivos dessa fase
incluem (FARDY e
YANOWITZ e WILSON,
2004):

Melhorar a função
cardiovascular, a
capacidade física de
trabalho, força, e
flexibilidade;
Detectar arritmias e
outras alterações
durante o exercício
que contra indiquem
a atividade física;
Educar os pacientes
quanto a atividade
física;
Trabalhar com o
paciente e seus
familiares em um
programa adequado
de manuseio e
modificações do
estilo de vida;
Melhorar o perfil
psicológico dos
pacientes

5.2.1.     Prova de
esforço máximo
limitada por
sintomas
      É uma
avaliação
eletrocardiografi
camente
monitorizada do
consumo
máximo de
oxigênio de uma
pessoa durante
trabalho
dinâmico
(exercício),
utilizando
grandes grupos
musculares. A
prova começa
com esforço
submáximo, dá
tempo para
adaptações
fisiológicas e
aumenta
progressivament
e a carga de
trabalho, até que
sejam
determinados
pontos finais de
fadiga
individualmente
determinados ou
ocorram sinais
ou sintomas
limitantes
(IRWIN e
TECKLIN, 1994).
      Segundo
Kappert (1978),
essa prova é
talvez a
avaliação mais
definitiva para
um paciente
antes de entrar
em um programa
de reabilitação
cardíaca. É
utilizada na
previsão da
gravidade da
doença. A prova
fornece dados
importantes na
hora de
prescrever o
plano de
reabilitação,
porque fornece
parte dos dados
úteis para a
decisão sobre a
freqüência das
atividades.
5.2.2.       
Intensidade
      A intensidade
do exercício
prescrito tem
base nos
resultados do
teste de esforço.
Uma intensidade
de treinamento
adequada cai
dentro de 60 a
80 por cento da
absorção
máxima de
oxigênio pelo
paciente, ou da
capacidade de
trabalho físico
(ARAKAKI e
MAGALHÃES,
1996).
5.2.3.     Duração
    As sessões de
tratamento
deverão ter
duração total de
aproximadament
e uma hora e
deverão ser
realizadas três
vezes por
semana, em dias
alternados
(REGENGA,
2000).
5.2.4.       
Freqüência
      A freqüência,
em parte, é
também
dependente da
intensidade e da
duração. São
recomendadas
três a cinco
sessões de
exercícios
(regularmente
espaçadas) por
semana. A
prescrição do
exercício é
baseada em
atividades
físicas com
gastos
energéticos
conhecidos que
ficam dentro da
capacidade do
paciente,
determinado
pelo teste de
esforço máximo
(IRWIN e
TECKLIN, 1994).
5.2.5.        Etapas
de tratamento
    O programa de
treinamento
físico envolve
três etapas,
sendo uma de
aquecimento,
outra de
treinamento e
uma outra de
desaquecimento
. Deve-se fazer
um registro
diário do
programa, das
respostas de
freqüência
cardíaca e
pressão arterial
e dos sinais e
sintomas
apresentados
durante as
sessões de
tratamento
(REGENGA,
2000).
      Após a
chegada do
paciente ao
setor, deverão
ser aferidos e
registrados os
valores
pressóricos e de
freqüência
cardíaca antes
da sessão de
atendimento.
Isso é
necessário pois,
a partir de um
certo período, se
pode traçar o
perfil de cada
paciente, o que
permite
modificar ou não
o protocolo de
tratamento
previsto, caso
percebida
alguma
alteração da
freqüência
cardíaca e
pressão arterial
anteriormente à
sessão
(REGENGA,
2000).
Aquecimento
      Deverá ter
duração de 5 a
10 min, sendo
efetuados
exercícios de
alongamento,
dinâmicos
aeróbios e de
coordenação,
associados a
exercícios
respiratórios.
Essa fase tem
por objetivo
preparar os
sistemas
musculoesquelét
ico e
cardiorrespiratóri
o para a fase de
condicionament
o propriamente
dito. No final,
afere-se
freqüência
cardíaca do
paciente
(REGENGA,
2000).
      Segundo
Oliveira, et al
(2002) o
aquecimento
tem como
principais efeitos
fisiológicos:
promover o
aumento da
temperatura
corporal,
proporcionando
um maior
relaxamento do
tecido colágeno,
que é o principal
componente do
tecido conectivo
muscular,
diminuindo
assim os riscos
de lesão;
diminuir as
concentrações
de lactato
sangüíneo e
aumentar o fluxo
sangüíneo local,
afim de oxigenar
os músculos e
também remover
mais rápido os
elementos
catabólicos
formados pelo
metabolismo
celular.
Condicionament
o
      Tem como
objetivo exercitar
o paciente a uma
freqüência
cardíaca
programada a
fim de obter
efeito de
treinamento. A
intensidade do
esforço deve ser
aumentada
gradualmente
até o nível de
treino
programado. Os
exercícios
aeróbicos,
rítmicos e
dinâmicos são
enfatizados e
planejados de
maneira a
exercitar os
grupos
musculares das
extremidades
superiores e
inferiores
(MARQUES,
2004).
      Essa etapa
poderá ser
composta por
trotes,
caminhadas ou
outra
modalidade de
exercício físico
em bicicleta e
esteira
ergométrica ou
em outro tipo de
equipamento
que permita
aferir freqüência
cardíaca e
pressão arterial
sistêmica
durante sua
realização. A
duração total
varia até cerca
de 40 min
(REGENGA,
2000).
Desaquecimento
e relaxamento
      A atividade
física deve ser
mantida com
baixa
intensidade de
esforço,
mantendo em
atividade
particularmente
os músculos
mais
trabalhados
durante a
sessão, para
facilitar a
remoção do
ácido láctico
(produto do
metabolismo)
desses
músculos e
beneficiar a
circulação
sistêmica
através de um
massageamento
. Deve-se manter
um débito
cardíaco
adequado
através do
aumento do
retorno venoso
pela ação de
massageamento
das veias
através da
contração e
relaxamento
muscular
(MARQUES,
2004).
      Quando
exercícios
intensos são
subitamente
interrompidos,
principalmente
se o indivíduo
permanece de
pé, há uma
tendência do
sangue em
estasiar nos
membros
inferiores,
resultando em
uma diminuição
do retorno
venoso ao
coração. Em
conseqüência
disso há
elevação da
freqüência
cardíaca e
aumento da
demanda
miocárdica de
oxigênio.
Hipotensão
arterial,
hipofluxo
cerebral com
cefaléia, tonteira
ou desmaio
também podem
ocorrer como
conseqüência
(FARDY e
YANOWITZ e
WILSON, 2004).
      Os exercícios
de relaxamento
podem ser
realizados no
final do
desaquecimento,
e reduzir a
freqüência
cardíaca, a
pressão arterial
e a incidência de
arritmias
cardíacas
(MARQUES,
2004).
      Se o paciente
apresentar
hipertensão
arterial logo à
chegada,
deverão ser
aplicados
somente
exercícios de
relaxamento por
um período de
maior duração.
Se o quadro
persistir, ele
deverá ser
encaminhado ao
médico antes da
próxima sessão
(REGENGA,
2000).
5.3.     Fase III e IV
      São programas a longo
prazo que enfocam a
aptidão física e
manutenção do ganho
funcional. Após o término
bem sucedido da fase II, o
paciente passa para a III,
que pode ser realizada em
casa, clínicas
especializadas, programas
comunitários ou em outro
local com supervisão.
Durante a fase III a
prescrição de exercícios
deve ser revista
periodicamente,
incorporando os ganhos
obtidos (MARQUES, 2004).
    Em contraste, a fase IV é
geralmente considerada
um programa de
manutenção, quando a
maioria dos parâmetros
físicos e fisiológicos estão
estagnados. Representa
um compromisso com a
prática regular de atividade
física e controle do estilo
de vida, construindo
hábitos que necessitam
ser levados para toda a
vida. Esta fase é também
apropriada para indivíduos
sedentários sem doença
cardíaca, cujo objetivo é
melhorar a aptidão física e
prevenir problemas de
saúde associados à
inatividade física. Para
estes indivíduos, a fase IV
destaca primeiro os
ganhos funcionais, o
condicionamento e a sua
manutenção
posteriormente
(MARQUES, 2004).
      As duas fases
apresentam como
objetivos (FARDY e
YANOWITZ e WILSON,
2004):

Melhorar o
condicionamento
físico seguido de
manutenção
Reduzir fatores de
risco de doenças
coronarianas
Aumentar a auto-
estima e a confiança
quando novas
atividades são
introduzidas e quando
o paciente for
adaptado
progressivamente
fora do ambiente de
supervisão
Introduzir atividades
seguras e
diversificadas que
possam ser
realizadas pelos
métodos usuais de
aptidão e recreação
Melhorar o
conhecimento da
habilidade de auto
monitorizar

6.    Considerações finais


      Não há duvidas que o exercício
físico melhora a qualidade de vida,
por trazer conseqüências físicas e
psíquicas. Previne doenças, otimiza
o condicionamento físico e as
funções cardíaca e muscular. Por
outro lado, é muito importante
especialmente para pacientes
cardíacos, porque além dos
benefícios cardiovasculares diretos,
a atividade física alivia a ansiedade
o sentimento de desamparo.
      Um programa de reabilitação
cardíaca eficaz e seguro precisa ser
fundamentado na avaliação
contínua e objetiva de suas
respostas. Cada alteração no
programa de exercício do paciente
precisa ser baseada em uma
detalhada avaliação objetiva. A
chave para conseguir resultados
benéficos dos exercícios nos vários
sistemas do organismo é o
planejamento e implementação de
um programa de exercício aeróbico
em termos da intensidade, duração
e freqüência. O treinamento
aeróbico deve proporcionar uma
sobrecarga cardiovascular
suficientemente capaz de estimular
aumentos no volume de ejeção e no
débito cardíaco. Essa sobrecarga
circulatória central deve ser
realizada exercitando os grupos
musculares específicos para
determinado desporto de forma a
aprimorar sua circulação local e seu
maquinismo metabólico.
      O exercício atua diminuindo a
progressão da aterosclerose
coronariana através da redução dos
fatores de risco; melhora o
equilíbrio entre o suprimento e a
demanda de oxigênio miocárdico
em parte como resultado do
aumento da circulação colateral;
diminuição da tendência a formar
trombos coronarianos devido ao
aumento da atividade fibrolítica e
diminui o tônus vasomotor
coronariano resultando em menor
tendência para espasmo.
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revista digital · Año 13 · N° 127 | Buenos Aires, Diciembre de 2008  


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