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Lares, idosos e

alimentação

É nestas instituições que muitos idosos


passam a maior parte do dia.
Manter a sua saúde mental e física é
fundamental e a alimentação tem um
papel decisivo na qualidade de vida
destes grupos etários.
Portugal envelhece muito rapidamente.
Mais depressa que o resto do mundo. Em 1981, existiam 45 idosos por cada
100 jovens. Em 2015, existiam já 144 idosos por cada 100 jovens. Para nós,
como país, e para as gerações mais novas, que serão confrontadas com este
desequilíbrio geracional serão colocados muitos desafios, principalmente ao
nível da saúde e da sustentabilidade do sistema. Atualmente, na área da
saúde, 65% da população idosa, com idades compreendidas entre os 65 e os
74 anos de idade, refere ter alguma doença crónica ou problema de saúde
prolongado, sendo as doenças cérebro-cardiovasculares o problema de saúde
mais prevalente. Neste contexto de doença e de isolamento, é muito
importante a sociedade ser capaz de dar respostas concretas a quem merece
viver com qualidade, depois de uma vida, tantas vezes passada a trabalhar.

Com o crescimento da população idosa, estima–se que a procura por


instituições geriátricas será cada vez maior e o seu papel no apoio à
população idosa cada vez mais importante. Em Portugal, existiam em 2013,
milhares de instituições que forneciam serviços alimentares à população
idosa. Entre elas, cerca de 5.584 Instituições Particulares de Solidariedade
Social (IPSS) às quais estavam associados 130 476 colaboradores
remunerados. É nestas instituições que muitos idosos passam a maior parte
do dia. Manter a sua saúde mental e física é fundamental e a alimentação tem
um papel decisivo na qualidade de vida destes grupos etários. Segundo
dados recentes do estudo UP 65 e relativos à população idosa nacional, a
prevalência da população desnutrida ou em risco de desnutrição era de 16,1%
e com obesidade 31,9%. Quanto à hidratação, 11,6% não consumiam água e
outros líquidos em quantidades suficientes e a grande maioria dos idosos,
mais de 85%, consumia sal em excesso, sendo que sete em cada dez
apresentava deficiência em vitamina D. Esta situação pode agravar-se
quando a população idosa está institucionalizada. No caso português, estima-
se que 43,5% dos idosos residentes em lares se possam encontrar
desnutridos ou em risco de desnutrição.

Preocupada com esta situação, a Direção-Geral da Saúde lançou


recentemente uma ferramenta de avaliação da oferta alimentar nas
instituições que recebem idosos, permitindo aos profissionais de saúde uma
intervenção mais atenta e estreitou laços de cooperação com a Segurança
Social na área da alimentação e nutrição, onde agora se trabalha melhor
nesta área.

Em todo o caso, existe um papel decisivo atribuído aos familiares, os quais


devem estar atentos a questões visíveis de qualidade na oferta alimentar
destas instituições. Por exemplo, se:

– Existe informação disponível e afixada com a ementa da semana;


– Se o almoço e jantar são constituídos por: sopa, prato, sobremesa,
água à descrição e uma unidade de pão, preferencialmente integral ou
de mistura de cereais;
– Se a sopa é constituída sempre por hortícolas (para atingir as
recomendações de ingestão diária de hortícolas) e tem leguminosas
(feijão, grão, ervilhas…) pelo menos 3 vezes por semana;
– Se a ementa é variada e se os fritos não existem, ou a existirem, estão
presentes apenas uma vez por semana.
– Se inclui peixe gordo (carapau, sardinha, atum, salmão, cavala…) pelo
menos duas vezes por semana, particularmente por causa da Vitamina D
e de ácidos gordos essenciais;
– Se o ovo está presente, substituindo a carne ou o peixe, entre uma a
duas vezes por semana;
– Se a sobremesa é quase sempre fruta (sem adição de açúcar).
– Se são realizadas várias refeições ao longo do dia;
– Se é oferecido um laticínio (leite, iogurte…) preferencialmente meio-
gordo, nas refeições intercalares (meio da manhã, lanche, ceia).
– Se na ementa estão incluídas nozes ou amêndoas ou avelãs ou
amendoins ou sementes;
– Por fim, se existe água disponível ao longo do dia e o consumo de
água é incentivado, na forma de água ou ocasionalmente em infusões ou
até sumos de fruta naturais.

Esta avaliação genérica, não substitui a necessidade de uma avaliação das


necessidades de cada idoso, caso a caso, e de uma intervenção adaptada,
por técnicos especializados, nomeadamente de nutricionistas, a cada
situação.

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