O documento discute a Doença de Alzheimer, incluindo sua descoberta, sintomas, estágios e fatores de risco. Ele também explora como a nutrição pode afetar a doença, sugerindo que dietas ricas em antioxidantes e certas vitaminas podem ajudar a prevenir e retardar sua progressão.
O documento discute a Doença de Alzheimer, incluindo sua descoberta, sintomas, estágios e fatores de risco. Ele também explora como a nutrição pode afetar a doença, sugerindo que dietas ricas em antioxidantes e certas vitaminas podem ajudar a prevenir e retardar sua progressão.
O documento discute a Doença de Alzheimer, incluindo sua descoberta, sintomas, estágios e fatores de risco. Ele também explora como a nutrição pode afetar a doença, sugerindo que dietas ricas em antioxidantes e certas vitaminas podem ajudar a prevenir e retardar sua progressão.
A Doença de Alzheimer (DA) foi descoberta em 1906 por Alois
Alzheimer e é uma das formas mais comuns de demência entre os
idosos, caracterizando-se por transtorno neurodegenerativo progressivo. Estudos epidemiológicos indicam que a DA é a forma de demência de maior prevalência em todo o mundo. Estudos brasileiros mostram prevalência de demência em 7,1% de idosos, sendo destes, 3% com DA.
Sua evolução compromete não apenas a qualidade de vida e a
saúde do idoso, mas também sua família e a comunidade em que ele vive. Trata-se de uma doença em que a cura ainda é desconhecida.
Com relação ao seu surgimento, a doença pode se apresentar de
duas formas, sendo as formas esporádicas responsáveis por mais de 95% dos casos e que apresentam início tardio, após 65 anos de idade, e as formas hereditárias que envolvem cerca de 5% dos casos e apresentam início precoce, antes de 65 anos de idade (ANDRADE; RADHAKRISHNAN, 2010; AISEN et al., 2008).
A etiopatogenia da DA ainda não é bem esclarecida, ao contrário
das alterações morfológicas e funcionais decorrentes desta. Alguns aspectos estão sendo estudados como fatores de risco para esta enfermidade, como o sexo que parece ser um importante fator de risco, atingindo em especial, as mulheres com mais de 85 anos de idade, lesões cefálicas, idade da mãe ao nascimento e o nível educacional.
A associação entre a prática de atividades físicas e o
desenvolvimento de demência também tem sido explorada em estudos recentes, uma vez que sua prática pode diminuir o risco de declínio cognitivo, no entanto, ainda não há conclusões precisas quanto a esse aspecto e o desenvolvimento de DA. O sintoma mais comum da DA é a perda da memória, mas também pode haver confusão, irritabilidade, agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem e perda de memória a longo prazo. As funções motoras começam a perder-se e como consequência, o paciente pode ir a óbito (CAMARA, 2008).
Os estágios da doença podem ser classificados em leve, moderado
e grave. Na fase leve o indivíduo costuma estar alerta e é sociável, mas seus esquecimentos frequentes pelos fatos recentes começam a interferir nas suas atividades da vida diária. Na fase moderada há dificuldade progressiva de reconhecimento de pessoas, da compreensão do que é ouvido, de expressar o que é dito, de nomear objetos e de executar tarefas motoras.
Há desorientação quanto ao tempo e aos lugares. Queixas de
roubo e perseguição são frequentes e é neste estágio que ocorre a maioria dos diagnósticos. Para a preservação da segurança e para a realização das tarefas diárias é necessário que o indivíduo com DA moderada esteja sob os cuidados de outra pessoa, que será o seu cuidador.
Na fase grave há a necessidade de atenção durante todo o dia, pois
o paciente não consegue mais realizar as tarefas comuns, como higiene pessoal e alimentação (AISEN et al., 2008).
Os fatores de risco para o desenvolvimento de DA já conhecidos
são o sobrepeso, a obesidade, a hiperinsulinemia, o diabetes tipo 2 e as doenças cerebrais. Sabe-se que o excesso de alumínio é fator de risco para a doença, e atualmente especula-se que o ferro, cobre e zinco estejam relacionados ao desenvolvimento de demências, mas não exclusivamente da DA. Assim, continuam sendo realizados estudos no meio científico para o esclarecimento quanto a sua etiologia, patogenia, sintomas, tratamentos e cura, sendo necessário o apoio de uma equipe multiprofissional e interdisciplinar aos indivíduos com DA.
Para tanto, ressalta-se a importância do nutricionista no
tratamento dos pacientes, uma vez que a composição corporal e o consumo alimentar tornam-se afetados de acordo com os diferentes estágios da doença (RESER, 2009 ; LUCHSINGER et al., 2008).
Aspectos nutricionais
A influência dos aspectos nutricionais no processo de
envelhecimento e na demência tem sido estudados no retardo do surgimento da doença, assim como na diminuição da progressão desta.
Os idosos com demência apresentam importante perda ponderal
e algumas hipóteses que explicam a diminuição do peso são a atrofia do córtex temporal mediano e o elevado gasto energético, levando à redução da massa muscular, a perda da autonomia e a dependência funcional, além do risco de quedas, úlceras de decúbito e infecções.
Além disso, as desordens cognitivas e de comportamento podem
comprometer a nutrição, devido a dificuldades na mastigação e deglutição, assim como nos deslocamentos para o preparo das refeições e desordens comportamentais que tornam os idosos distraídos durante as refeições, comprometendo os hábitos alimentares adequados (MACHADO et al., 2009). A perda ponderal e a caquexia são frequentes achados clínicos em indivíduos com DA e são considerados na definição do diagnóstico, além de que ocorrem principalmente nos primeiros estágios da doença, mesmo quando o paciente apresenta ingestão energética adequada.
A perda ponderal também pode ocorrer devido à necessidade
energética aumentada na doença, sendo que esta hipótese ainda não foi comprovada, e em casos em que há o ganho de peso, isso pode ser explicado por distúrbios biológicos como a hiperinsulinemia, resistência à insulina ou inatividade física e não pela doença em si.
O declínio nos peptídeos orexígenos, tais como o neuropeptídeo Y
e a norepinefrina, foi observado em pacientes com DA e pode estar relacionado com os sintomas de anorexia, afetando diretamente o balanço energético devido ao seu efeito sobre a ingestão alimentar, gasto energético e massa corporal (PASINETTI; EBERSTEIN, 2008; MACHADO; FRANK; SOARES, 2006).
Sabe-se que uma dieta pobre em ácidos graxos trans e saturados e
com alto teor de ácidos graxos insaturados encontra-se associada ao baixo risco de doenças cerebrovasculares e isto pode se estender para a prevenção do declínio cognitivo e DA.
Estudos prospectivos têm encontrado associação entre a ingestão
dietética de gorduras e o risco de desenvolver DA, porém os mecanismos para essas associações ainda não são totalmente conhecidos. Em relação às vitaminas antioxidantes que incluem o tocoferol (vitamina E), ácido ascórbico (vitamina C) e carotenóides, estas parecem ser tanto preventivas do desenvolvimento da doença, como responsáveis por retardarem seu progresso. A vitamina E diminui a peroxidação lipídica e o estresse oxidativo e suprime a cascata sinalizadora de inflamação.
A vitamina C bloqueia a formação de nitrosaminas por meio da
redução de nitritos; já os carotenoides afetam a peroxidação lipídica. Esses fatores associam-se com o baixo risco de acidentes cerebrovasculares, sendo que estas enfermidades encontram-se associadas com o alto risco de desenvolvimento da DA (MACHADO; FRANK; SOARES, 2006).
Também são conhecidos os fatores de deficiências de ácido fólico,
vitamina B12 e vitamina B6, as quais resultam em altas concentrações de homocisteína plasmática. A homocisteína é precursora da metionina e da cisteína, e o ácido fólico ao lado da vitamina B12 são necessários para a conversão da homocisteína à metionina.
Já a vitamina B6 é necessária para a conversão da homocisteína à
cisteína. A homocisteína é ativa em tecidos cerebrais e possivelmente suas altas concentrações plasmáticas contribuem para o desenvolvimento da DA através de mecanismos vasculares ou neurotóxicos (WHELAN, 2008). Com relação ao tratamento nutricional, as metas são melhorar a qualidade de vida, maximizar o desempenho funcional dos pacientes e possibilitar a autonomia de acordo com o estágio da doença. O tratamento médico inclui abordagens não-farmacológicas e farmacológicas, sendo que nesses casos os pacientes podem apresentar sintomas como anorexia, náuseas, vômitos, dispepsia, diarréia, obstipação, flatulência, aumento da secreção de ácido gástrico, insônia, nervosismo, tremor, retenção urinária, cefaléia, tontura e depressão, devendo estes ser levados em consideração na elaboração do plano alimentar para esses indivíduos.
Estudo realizado em 2007, sobre o uso de Ginkgo biloba para a
prevenção de DA concluiu que as provas são inconsistentes em relação ao efeito positivo em reduzir a probabilidade de ocorrência da doença (JEN; KUN; YEN, 2009; KHAN; DAVES, 2008). Em estudo realizado por Machado et al. (2009) com indivíduos com DA, verificou-se que a maior parte dos participantes apresentou estado nutricional de eutrofia, com consumo dietético adequado de carboidratos, proteínas, lipídeos e vitamina C, embora com baixo consumo alimentar de vitamina E.
Apesar da eutrofia dos pacientes do estudo realizado, houve a
tendência na diminuição do IMC conforme se agravava a doença. Deve-se atentar ao fato de que o suprimento das necessidades nutricionais na DA é um fator que deve ser analisado clinicamente, considerando-se hábitos e gasto energético individuais, sendo que esses fatores variam de indivíduo a indivíduo.
É importante salientar que alguns pacientes mudam seus hábitos
alimentares com a evolução da doença, dando preferência a pequenos lanches ou guloseimas que não possuem quantidade desejável de micronutrientes. Deve-se aumentar a oferta de nutrientes como proteínas e vitaminas, em especial quando em presença de infecções, permitindo-se assim, a reabilitação precoce.
Em estágios avançados da doença, sugere-se o consumo de
alimentos que possam ser manuseados com as mãos, como pedaços de carne, legumes cortados, sanduíches, bolos e tortas (LUCHSINGER, 2009). Quanto à terapia nutricional, esta deve garantir em especial, as proteínas e calorias de acordo com a idade, sexo e atividade física, podendo requerer 35kcal/kg/dia (SCARMEAS et al., 2009).
Oferecer líquidos é de extrema importância, sugerindo-se a oferta
de cerca de 2 litros por dia, na forma de água, chás, sucos, ou vitaminas. Oferecer copos cheios de água causam sensação de plenitude gástrica de forma desconfortável, portanto, recomenda- se oferecer pequenas quantidades, várias vezes ao dia. Aqueles que possuem restrição de líquidos prescrita por médico devem respeitá-la com rigor. Nas fases mais avançadas devem ser servidos sucos espessos, como vitaminas, ou engrossados como gelatinas, por exemplo, pois reduzem os riscos de disfagia (SERENIKI; VITAL, 2008; WHELAN, 2008).
Orientações dietéticas aos cuidadores
Alterações da mucosa oral, edentulismo, próteses mal ajustadas,
gengivites e a xerostomia, são fatores que podem ocasionar infecções na cavidade oral do indivíduo com DA. Portanto, deve-se observar cuidadosamente a presença de lesões, como manchas brancas, vermelhas, pequenos ferimentos que sangram e não cicatrizam, e neste caso, alertar o médico responsável.
Pacientes muito confusos devem ter suas próteses dentárias
retiradas à noite, colocadas em solução anti-séptica, e após higienização, recolocadas pela manhã, pois muitas vezes, a recusa do paciente em alimentar-se ou sua agitação no horário de refeições deve-se ao fato de próteses mal ajustadas (SERENIKI; VITAL, 2008).
Também sabe-se que a suplementação de vitaminas e minerais
não reverte o quadro já instalado e não melhora a degeneração neurológica já ocorrida.
Deve-se levar em consideração a dificuldade em identificar as
sensações de fome e saciedade, fazendo-se necessária a orientação adequada aos cuidadores de indivíduos com DA, pois existem casos em que a pessoa ao se alimentar pode esquecer o que fazer com o alimento e jogá-lo fora. Assim, a presença do cuidador nas consultas ambulatoriais e hospitalares do indivíduo com DA torna-se imprescindível para o melhor atendimento e à melhor qualidade de vida do paciente, independente do estágio da doença (SCARMEAS et al., 2009; SERENIKI; VITAL, 2008).
O indivíduo com DA deverá realizar exames laboratoriais para
que seja analisado seu estado nutricional. A frequência destes exames irá variar de acordo com o quadro clínico apresentado.
Quanto ao peso corporal, este deverá ser avaliado mensalmente e
A presença de edemas pode, em alguns casos, significar
desnutrição. É conveniente orientar ao cuidador para que nesses caso, consulte-se um médico. Também deve-se atentar para a perda de apetite que pode estar relacionada a causas que devem ser investigadas e tratadas, como infecções, doenças crônicas ou refeições que não sejam do agrado do paciente (BETTENS; SLEEGERS; BROECKHOVEN, 2010).
No momento das refeições, o paciente deverá estar sentado
confortavelmente, o ambiente deverá ser calmo e livre de ruídos. Em alguns casos, a música suave pode acalmar os pacientes que se agitam às refeições. Não se deve oferecer alimentos ao paciente quando ele estiver deitado. Os pacientes que ainda conservam a independência para alimentar-se sozinhos devem continuar a receber estímulos para esta ação, não importando o tempo que levem para fazê-lo. O cuidador não deverá criticar ou apressar o paciente durante as refeições e as instruções passadas ao paciente deverão ser claras e o comando suave (AISEN et al., 2008; MACHADO; FRANK; SOARES, 2006).
Ressalta-se que o convívio com a família é de extrema
importância e sempre que possível, deve-se permitir que o paciente alimente-se em companhia de seus familiares. Os utensílios utilizados durante a refeição devem ser preferencialmente lisos e claros, uma vez que as estampas podem distraí-lo e reduzir sua concentração na alimentação (CAMARA, 2008).
Aqueles que apresentam dependência severa devem ser
alimentados com colheres, ao invés de garfos. Os alimentos crus e secos devem ser evitados, pois o risco de disfagia é maior. Doces e salgados são permitidos, desde que não haja restrição médica. Os temperos devem ser suaves e os molhos picantes evitados. Após cada refeição, a higiene oral é indispensável, a fim de que seja removido todo e qualquer resíduo alimentar (RESER, 2009).
Com relação à deglutição e consumo de líquidos, observa-se que a
disfagia é muito frequente nos portadores da DA e nas fases mais avançadas o cuidador deve permanecer atento para esta ocorrência.
Quando o cuidador perceber que o indivíduo está com muita
dificuldade na deglutição, recomenda-se a consulta com um profissional capacitado, para que seja analisado o grau de comprometimento apresentado, pois assim serão realizadas novas orientações sobre a consistência da dieta. Genericamente, pode-se mudar sua consistência de sólida para pastosa, o que diminui o risco de disfagia e, consequentemente, de aspiração e broncopneumonia (KHAN; DAVES, 2008).
Considerações Finais
Por meio desta revisão bibliográfica, foi possível sugerir que
embora muitos estudos tenham contribuído para elucidar os aspectos patológicos da DA, os seus mecanismos ainda não são totalmente compreendidos.
Portanto, considera-se importante a realização de mais estudos
relacionados às características nutricionais em indivíduos com a
doença, bem como, sobre o papel dos alimentos e da dieta na
prevenção desta enfermidade.
Deve-se dar grande importância à orientação nutricional, tanto
para o paciente, como para o cuidador, pois esta está diretamente relacionada à prevenção de comorbidades e complicações da doença, assim como à melhor resposta ao tratamento, contribuindo-se assim para a melhor qualidade de vida dos idosos.