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MANUAL

© SADC 2008

A publicação desta brochura foi possível graças ao apoio da União


Europeia, do GFA Consulting Group e da Cooperação Alemã para o
Desenvolvimento (GTZ).
Índice

1 . Antecedentes da Zona de Comércio Livre .................................. 2


A Região da SADC .................................................................................. 2
O Tratado da SADC ................................................................................ 3
Protocolo da SADC sobre Trocas Comerciais ............................................ 3
Quadro Institucional da ZCL e o Protocolo sobre Trocas Comerciais .......... 4
A ZCL: Um passo rumo à integração regional mais profunda ................... 5

2 . Como é que Zona de Comércio Livre da SADC


está a ser criada? .............................................................................. 6
Desmantelamento das Barreiras Tarifárias ao Comércio Regional .............. 7
E as Barreiras não Tarifárias? ................................................................... 8
Como será implementada a ZCL? ......................................................... 10

3 . Como posso aproveitar as oportunidades oferecidas


pela Zona de Comércio Livre? ....................................................... 1 1
Quais são os critérios para se determinar se os produtos são
“originários” da SADC? ......................................................................... 12
Mecanismo Especial para os MMTZ ....................................................... 12

4 . Como é que a Região beneficiará da ZCL? ............................ 1 3


Mercados alargados com economias crescentes ..................................... 13
Um sector privado mais competitivo e vibrante ........................................ 14
A ZCL da SADC: a criação de uma plataforma para a conquista
dos mercados mundiais ......................................................................... 15
Garantindo o Comércio Justo ................................................................. 15
Onde posso obter mais informações sobre a ZCL? ................................. 16

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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
1. Antecedentes da Zona de Comércio Livre
Os objectivos principais da Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral (SADC) são forjar os interesses políticos comuns e apoiar os fluxos de
comércio e investimentos entre os Estados Membros. A Zona de Comércio
Livre da SADC (ZCL) é um ponto fulcral no processo da concretização dos
referidos objectivos. Até Janeiro de 2008, doze dos catorze Estados Membros
da SADC tinham estabelecido uma ZCL. A ZCL da SADC cria um mercado
regional no valor de 360 bilhões de dólares americanos, com uma população
total de 170 milhões de habitantes e inclui economias com taxas de crescimento
até 7% por ano. Angola e a República Democrática do Congo juntar-se-ão à
ZCL, o que significa um valor adicional de 71 bilhões de dólares americanos
e mais 77 milhões de habitantes para o mercado da SADC.

A Região da SADC
A SADC integra 14 membros, nomeadamente, África do Sul, Angola, Botswana,

Indicadores económicos dos Estados Membros da SADC


PIB PIB/ Taxa de Exportações Exportações
(bilhões População Capita Crescimento da SADC Mundiais*
País de US$) (m) (US$) (%) (US$ m) (US$ m)
Angola 61 16.3 3,764 21.1 - 44,320
Botswana 12 1.6 7,694 5.4 548 4,479
RDC 10 61.1 166 6.3 - 1,587
Lesotho 2 2.4 667 4.9 92 474
Madagáscar 7 17.0 431 6.3 - 989
Malawi 4 13.4 264 7.4 208 665
Maurícias 7 1.3 5,354 4.6 160 2,168
Moçambique 8 20.5 369 7.0 455 2,381
Namíbia 7 2.1 3,524 4.4 1,126 3,393
África do Sul 283 47.9 5,900 5.1 5,304 58,596
Swazilândia 3 1.2 2,450 2.4 131 1,781
Tanzânia 16 39.0 415 7.3 290 1,536
Zâmbia 11 12.2 915 5.3 1,306 3,694
Zimbabwe 1 11.7 55 x x x
TOTAL 432 247.7 1,743
Fonte: Previsão Económica Mundial 2008; Fluxos Comerciais: Banco de dados TIPS,
2006, excepto o Lesotho 2003, e a Swazilândia 2004, Números de exportação para Angola
e Madagáscar, 2007.
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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
República Democrática do Congo, Lesotho, Madagáscar, Malawi, Maurícias,
Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

As receitas combinadas do mercado da SADC atingem o valor de 431bilhões


de dólares americanos e abrangem uma população total de 247 milhões de
habitantes (2007). A África do Sul é a maior economia da Região com um
Produto Interno Bruto (PIB) de 282 bilhões de dólares americanos,
representando 65% do mercado total da SADC. O país com o maior número
populacional é a RDC cuja população atinge os 61 milhões de habitantes.
Por outro lado, Botswana, Maurícias, Namíbia e Swazilândia têm populações
de 2 milhões de habitantes ou inferiores. O PIB per capita varia também
grandemente. Para o Botswana o PIB per capita é no valor de 7694 dólares
americanos por ano, enquanto, para Moçambique e para a República
Democrática do Congo, o PIB está estimado em 264 e 166 dólares americanos,
respectivamente.

A Região inclui várias economias dinâmicas. Angola é a economia com o


crescimento mais acelerado, com uma taxa de crescimento estimada em 21%.
E outros países, Malawi, Moçambique e Tanzânia, atingiram um crescimento
do PIB de 7% e superior.

O Tratado da SADC
A independência política, a segurança, a solidariedade regional e a luta contra
o regime do apartheid foram as razões que deram origem à cooperação
regional na África Austral, tendo inspirado Angola, Botswana, Lesotho, Malawi,
Moçambique, Swazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe a estabelecerem
a Conferência de Coordenação do Desenvolvimento da África Austral (SADCC).
Reflectindo os tempos em mudança, em Agosto de 1992, os Chefes de Estados
e Governo da SADCC assinaram o Tratado e a Declaração da SADC para
estabelecerem a SADC – a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral.

O Tratado da SADC oferece a base e o enquadramento jurídicos para a


concretização da missão da SADC de “promover o crescimento económico e
o desenvolvimento socioeconómico sustentáveis e equitativos através de
sistemas produtivos eficientes, de cooperação e integração mais profundas,
da boa governação e da paz e segurança duradouras, de modo a que a
Região venha a emergir como um actor competitivo e efectivo nas relações
internacionais e na economia mundial.”

Protocolo da SADC sobre Trocas Comerciais


Os 12 Membros que estão a estabelecer a Zona de Comércio Livre, ao abrigo
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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
do Protocolo sobre Trocas Comerciais, são: Botswana, Lesotho, Madagáscar,
Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Swazilândia,
Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe. No futuro próximo, Angola e a República
Democrática do Congo juntar-se-ão à Zona de Comércio Livre.

A base jurídica da ZCL é o Protocolo sobre Trocas Comerciais. O Protocolo,


assinado em 1996 e em vigor desde 2000, é um dos Protocolos celebrados
pelos Estados Membros da SADC para atribuir efeito jurídico e prático aos
compromissos tomados ao abrigo do Tratado da SADC. O Protocolo sobre
Trocas Comerciais vincula os membros à eliminação das tarifas existentes, à
harmonização dos procedimentos e da documentação comerciais no seio da
SADC, à definição das Regras de Origem da SADC e à redução de outras
barreiras ao comércio.

Quadro Institucional da ZCL e o Protocolo sobre Trocas Comerciais


A ZCL é estabelecida através do Protocolo sobre as Trocas Comerciais. Foram
estabelecidas as instituições que se seguem, ao abrigo do Protocolo sobre
Trocas Comerciais:

Comité de Ministros Responsáveis pelo Comércio (CMC)


O Comité Ministerial supervisiona a implementação do Protocolo sobre Trocas
Comerciais. Compete-lhe a supervisão do Comité de Altos Funcionários e dos
Subcomités estabelecidos ao abrigo do Protocolo sobre Trocas Comerciais.

Comité de Altos Funcionários


O presente Comité actua como um órgão consultivo técnico e integra os
Secretários Permanentes responsáveis pelo Comércio. Responde perante o CMC
sobre as questões relativas às disposições do Protocolo sobre Trocas Comerciais,
monitoriza a implementação do referido Protocolo e supervisiona o Fórum
Negocial do Comércio.

Fórum Negocial do Comércio (TNF, sigla em Inglês)


O Fórum Negocial do Comércio é responsável pela condução das negociações
no domínio comercial, pela monitorização dos efeitos da liberalização do
comércio, e por ligar a liberalização do comércio à cooperação regional
noutros sectores. O presente Fórum responde perante o Comité de Altos
Funcionários.

Vários comités e subcomités técnicos foram criados em áreas técnicas específicas.


Estes comités e subcomités monitorizam a implementação de disposições e de
elementos específicos do Protocolo sobre Trocas Comerciais e inclui o Comité
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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
Técnico sobre o Açúcar (TCS, sigla em Inglês), o Subcomité sobre Cooperação
Aduaneira e o Subcomité sobre a Facilitação do Comércio.

A ZCL: Um passo rumo à integração regional mais profunda


A Zona de Comércio Livre constitui um passo rumo à integração económica
mais profunda – que é um factor chave para a estratégia e os objectivos da
SADC. A integração profunda é concretizada através de uma série de fases.

Uma zona de comércio livre é constituída por um grupo de países em que as


barreiras tarifárias e não tarifárias são eliminadas, substancialmente, para
todo o comércio entre os referidos países. Cada membro mantém as suas
tarifas próprias que aplica aos países não membros (em contraste com a
união aduaneira). Diz-se que há uma união aduaneira quando um grupo de
países forma um território aduaneiro único em que os direitos e outros
regulamentos restritivos aplicáveis ao comércio são eliminados substancialmente
em todas as transacções comerciais entre as partes e, além disso, quando
uma tarifa externa comum se aplica ao comércio com não-membros. Um
Mercado comum elimina as restrições à circulação de capital e de mão-de-
obra, permitindo a livre circulação de bens, serviços e de factores de produção.
A União Monetária estabelece uma autoridade monetária única que define a
política monetária e as taxas de juros para a união, abrindo o caminho para
a introdução de uma moeda única.

O Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (RISDP), aprovado


pela Cimeira em 2003, estabelece metas ambiciosas para a integração
regional:
• Uma Zona de Comércio Livre: 85% do comércio intraregional de bens
atingirá a tarifa zero até 2008;
• Finalização das negociações sobre a União Aduaneira da SADC até 2010;
• Finalização das negociações sobre o Mercado Comum da SADC até 2015;
• União Monetária da SADC e Banco Central da SADC até 2016;
• Lançamento de uma moeda regional até 2018.

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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
2. Como é que Zona de Comércio
Livre da SADC está a ser criada?
No âmbito da ZCL, os Estados Membros da SADC liberalizam o comércio
através do desmantelamento das barreiras tarifárias e de outras não tarifárias.
A ZCL inclui, igualmente, medidas que visam, directamente, a facilitação do
comércio reduzindo as dificuldades burocráticas e a documentação inerente
nas fronteiras, e proporcionando o enquadramento que melhorará a circulação
de mercadorias em toda a Região. O gráfico que se segue reflecte as barreiras
chave ao comércio na SADC – identificadas num levantamento que abrangeu
mais de 600 actores na área de negócios e outros actores não estatais em
toda a Região.

As barreiras ao comércio mais relevantes,


identificadas pelo sector de negócios

Fonte: “Aprofundando a Integração da SADC” (2007) Friedrich Ebert Stiftung.


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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
Desmantelamento das Barreiras Tarifárias ao Comércio Regional
Tarifas sobre importações (direitos)
Uma tarifa sobre importações (designada também como “direito”) é um
imposto aduaneiro aplicado quando um produto é importado por um país.
Normalmente, é um imposto cobrado numa base percentual sobre o valor da
importação. Por exemplo, se a tarifa que incide sobre sumos de frutos for de
25%, um importador de sumos no valor de 1000 dólares americanos terá de
pagar 250 dólares americanos às alfândegas. As tarifas de importação
contribuem para o aumento dos preços ao consumidor e reduzem os níveis
das transacções comerciais.

A ZCL é criada através da remoção de tarifas de importação (direitos) sobre


os bens importados de outros Estados Membros. A implementação da ZCL
teve início em 2000, após a assinatura do Protocolo da SADC sobre Trocas
Comerciais. A liberalização tarifária tem tido lugar a ritmos diferentes. Em
geral, os Estados Membros mais desenvolvidos reduziram as tarifas mais
rapidamente; a África do Sul, conjuntamente com os países da SACU –
Botswana, Lesotho, Namíbia e Swazilândia – eliminaram a maioria das tarifas
em 2000. Os países de rendimentos médios, tais como as Maurícias, reduziram
gradualmente as suas tarifas numa base anual, entre 2000 e 2008. Os países
menos desenvolvidos, tais como Moçambique e a Zâmbia, introduziram as
reduções tarifárias durante 2007/08. Referimo-nos a estas reduções graduais
como sendo um abrandamento tarifário. Todos os produtos são classificados
em quatro categorias pautais: A, B, C e E. Aplicam-se horizontes temporais
diferentes às reduções tarifárias. Angola e a República Democrática do Congo
juntar-se-ão à ZCL no futuro próximo.

Calendário das R eduções TTarifárias


Reduções arifárias
Categoria A - Liberalização imediata
Todas as linhas tarifárias nesta categoria devem ser passadas à tarifa zero a
partir da data de implementação.

Categoria B - Liberalização gradual


(Princípio de Assimetria)
• Front loading (mais rápida) – liberalização gradual pela SACU – as
linhas tarifárias são reduzidas em percentagens iguais a partir do ano 1 até ao
ano 8.
• Mid loading (a médio prazo) – liberalização gradual pelas Maurícias
e Zimbabwe – linhas tarifárias são reduzidas do ano 4 ao ano 8.
• Back Loading (mais distante) – liberalização gradual pelos MMTZ –
linhas tarifárias são reduzidas em percentagens iguais do ano 6 ao ano 8.
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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
Categoria C - Produtos sensíveis
• Refere-se aos produtos de importância económica para os Estados
Membros.
• A redução tarifária sobre os referidos produtos tem início somente após o
período de 8 anos.
• Representam 15% ou menos das linhas pautais.

Categoria E - Lista de exclusão


Esta lista inclui muito poucos artigos como, por exemplo, armas de fogo.

Desde Janeiro de 2008, quando a SADC alcançou o estatuto de uma ZCL, os


produtores e os consumidores não pagam direitos de importação sobre cerca
de 85% de todo o comércio de bens comunitários nos 12 países iniciais. As
linhas pautais restantes ficarão eliminadas quase totalmente até 2012.

E as Barreiras não Tarifárias?


Barreiras não TTarifárias
arifárias
Entende-se por Barreira não Tarifária (NTBs) qualquer medida que impeça o
comércio internacional e que não seja uma tarifa. As NTBs podem ser impostas
a fim de limitar o comércio, por exemplo, pela imposição de quotas às
importações ou pelas restrições às exportações, mas podem também ser o
resultado de medidas que garantam que os produtos alimentares
comercializados não prejudiquem a saúde dos consumidores.

Os Estados Membros da SADC acordaram em eliminar todas as Barreiras


não Tarifárias e a não imporem novas barreiras, com excepção dos casos em
que se verifica a sua necessidade por razões de saúde e segurança, moral
pública, segurança nacional. A remoção das restrições às importações e às
exportações constitui um desafio, dificultado pelo facto de que muitas vezes as
NTBs resultam de políticas que não têm como objectivo restringir as importações.
Por exemplo, um surto de Febre Aftosa resultará em restrições na exportação
de animais, carnes e derivados provindos da área afectada. Mas estas restrições
são necessárias para garantir a segurança dos alimentos e limitar a
disseminação da doença.

Frequentemente, o sector privado e outros actores identificaram os atrasos e as


dificuldades nas fronteiras como uma das barreiras chave aos negócios na
Região. Muitos Estados Membros da SADC são estados sem litoral, o que
obriga as importações e exportações a atravessarem várias fronteiras – portanto,
a facilitação do comércio constitui um factor chave na sua competitividade
económica.
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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
Cooperação aduaneira e facilitação do comércio
A fim de facilitar o desalfandegamento de mercadorias nos postos de entrada,
o Subcomité sobre Cooperação Aduaneira desenvolveu e implementou um
único formulário aduaneiro (SADC-CD). O formulário único de declaração
alfandegária substituiu vários formulários que foram desenhados por vários
regimes aduaneiros diferentes. Foi também elaborada uma Lei Modelo
Aduaneira que estabelece os referenciais e harmoniza os procedimentos e
práticas aduaneiros. Como foi dito, a maioria dos Países da SADC não tem
litoral, de modo que, para facilitar o tráfico em trânsito, foi estabelecido o
mecanismo único de pagamento de caução sobre mercadorias em trânsito e
uma única declaração alfandegária no sistema SADC-CD.

A fim de reduzir o tempo de desalfandegamento nos postos fronteiriços a


Região está a desenvolver os postos fronteiriços de paragem única nas fronteiras
entre Moçambique e Zimbabwe (Forbes-Machipanda), África do Sul e
Moçambique (Lebomba – Ressano Garcia) e Zimbabwe e Zâmbia (Chirundu).

As administrações aduaneiras da SADC reforçaram a sua cooperação firmando


Memorandos de Entendimento bilaterais para apoio mútuo administrativo.

Segurança de alimentos e barreiras técnicas ao comércio


O lançamento da Zona de Comércio Livre da SADC anuncia a circulação
facilitada de mercadorias na Região, que se deve traduzir em preços mais
baixos para os consumidores e mercados alargados para os produtores.
Contudo, os consumidores não querem que a ZCL resulte na livre circulação
de produtos de qualidade inferior e/ou inseguros e os produtores querem
garantir que sejam colocados no mercado regional produtos que possam
concorrer efectivamente com os produtos importados para a Região.

Temos padrões que – tanto para a segurança de alimentos como para as


especificações técnicas – nos permitem comprar produtos importados com
confiança. Portando, os padrões são elementos chave na facilitação do
comércio. Contudo, transformam-se em barreiras ao comércio se diferirem
grandemente de país para país.

A Cooperação da SADC em Normalização, Garantia de Qualidade,


Acreditação e Metrologia (SQAM) debruça-se sobre o desenvolvimento de
padrões que podem ser usados por produtores e reguladores, de forma a
garantir que os produtos comercializados não só satisfaçam os requisitos de
qualidade como também sejam seguros para uso ou consumo. Os produtores
poderão trabalhar em conjunto com os órgãos responsáveis pelas normas
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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
nacionais (NSBs), com os Institutos de Metrologia (NMIs) e os órgãos de
avaliação de conformidade (CABs) nos Estados Membros, para implementarem
as últimas normas voluntárias e tecnologias. Os Reguladores poderão fazer
referência aos padrões internacionais acordados na formulação de
regulamentos técnicos para a protecção de consumidores e do ambiente e
para evitar práticas injustas. Os regulamentos técnicos não devem constituir
barreiras técnicas ao comércio (TBTs) quando são fundamentados em padrões
acordados internacionalmente.

As instituições de SQAM da SADC continuarão a cooperar e a harmonizar os


padrões na Região para que haja um nivelamento no intercâmbio de
mercadorias e também para que os produtores locais se mantenham
actualizados com os padrões de qualidade mais recentes, tanto ao nível local
como internacional. À medida que os consumidores ficam mais cientes destes
factos e com maiores expectativas, a concorrência terá como base tanto na
qualidade como no preço.

Com base no Anexo das Barreiras Técnicas ao Comércio (TBTs) do Protocolo


sobre Trocas Comerciais da SADC, a cooperação regional nas áreas de normas
e regulamentos técnicos é alcançada através das estruturas seguintes:
SADCSTAN – Cooperação da SADC em Normalização,
SADCMET – Cooperação da SADC em Rastreabilidade de Medição ou
Metrologia Industrial,
SADCMEL – Cooperação da SADC em Metrologia Legal,
SADCA – Cooperação da SADC em Acreditação,
SADCTRLC – Comité da SADC de Ligação sobre Regulamentos Técnicos, e
SADCTBTSC – Comité de Actores Comerciais da SADC sobre Barreiras Técnicas.

O Anexo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS), do Protocolo da


SADC sobre Trocas Comerciais, oferece o enquadramento para a cooperação
em questões de sanidade animal e vegetal bem como os padrões de segurança
de alimentos.

Como será implementada a ZCL?


Implementação da Monitorização
Compete à Direcção de Comércio, Indústria, Finanças e Investimento do
Secretariado da SADC fazer a monitorização de rotina das actividades da
ZCL, embora a implementação em si esteja dependente das estruturas dos
Estados Membros. Prevê-se que seja estabelecido no Secretariado um
Mecanismo específico de Monitorização e Conformidade (TMCM) para
monitorizar a implementação da ZCL. As discussões sobre a estrutura prevista
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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
estão ainda a ter lugar no TNF. A estrutura preconizada para a monitorização
incluirá, também, o mecanismo de monitorização e de informação sobre as
NTBs que foi acordado pelos Ministros do Comércio e que está para ser
estabelecido e activado pelo Secretariado e pelos Estados Membros. O referido
mecanismo tem o potencial de aumentar grandemente o comércio. Contudo,
a sua eficácia está dependente da participação plena e das actividades da
comunidade de negócios. São os actores de negócios que comercializam
através das fronteiras e, portanto, devem ter um papel de vanguarda na
identificação de problemas e soluções.

Resolução de Litígios
Os direitos e as obrigações assumidos ao abrigo do Protocolo da SADC sobre
Trocas Comerciais podem ser aplicados através das Regras e dos
Procedimentos que regem a resolução de litígios entre os Estados Membros e
estabelecidos no Anexo VI do Protocolo, tendo como modelo o Entendimento
da OMC sobre as Regras e os Procedimentos que regem a Resolução de
Litígios. Os bons ofícios, a conciliação e a mediação são procedimentos que
podem ser implementados voluntariamente em qualquer momento, se os
Estados Membros assim acordarem e com a assistência do Presidente do Comité
de Ministros responsáveis pelo Comércio. Quando não for possível alcançar-
se uma resolução satisfatória, o Anexo VI define os procedimentos e os prazos
para consultas, o estabelecimento de painéis de arbitragem e o recurso ao
Tribunal da SADC.

3. Como posso aproveitar as oportunidades


oferecidas pela Zona de Comércio Livre?
A grande parte das mercadorias que têm origem num Estado Membro
qualificam-se para acesso isento de direitos ao mercado da SADC. Para muitas
delas, o processo para se determinar o país de origem é um processo simples.
Por exemplo, as mercadorias que são produzidas inteiramente num país ou
que usam só factores importados para cultivar ou produzir produtos agrícolas
serão qualificadas como originárias na SADC. O processo é mais complicado
quando as mercadorias incluem peças que são importadas ou que são em
parte produzidas noutro país. Embora seja óbvio que o empacotamento não
devia permitir que um produto se pudesse classificar como originário de um
Estado Membro, o que se pode dizer de uma camisa que é feita com tecido
importado?

Para se determinar se um produto é originário da Região e, portanto, se beneficia


de acesso ao Mercado da SADC com isenção de direitos, os Estados Membros
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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
acordaram num conjunto de regras designadas “Regras de Origem”. Assim,
para beneficiarem das preferências comerciais da SADC, os exportadores
devem obter a confirmação de Origem através do Certificado de Origem.

Quais são os critérios para se determinar se os produtos são


“originários” da SADC?
Para que um produto se qualifique como originário de um Estado Membro
tem de satisfazer os critérios impostos pelas regras de origem da SADC.
• “Produzido/obtido
Produzido/obtido totalmente
totalmente”: Produtos que sejam produzidos ou
fabricados num Estado Membro utilizando os materiais da Região são
considerados como originários da região da SADC.
• “Suficientemente
Suficientemente transformado ou processado”
processado”: a transformação
de um produto num produto novo que é significativamente diferente.

Para se estabelecer se um produto foi suficientemente transformado ou


processado o produto terá de ser submetido a um “teste de importação
limitada” (critérios de conteúdo importado ou de valor acrescentado) ou “teste
de classificação pautal do Sistema Harmonizado” (regra de mudança de
posição pautal). Portanto, um produto que é simplesmente empacotado de
novo, ou misturado, não sofre transformações suficientes para que lhe seja
conferido a classificação de originário num Estado Membro. É necessária
evidência comprovada, através de documentação, num posto fronteiriço para
um produto ser importado com isenção de direitos noutro Estado Membro.

Para se determinar a origem dos produtos, os Estados Membros da SADC são


considerados como um território – ocorre a acumulação quando um produto
é manufacturado em mais do que um Estado Membro.

Mecanismo Especial para os MMTZ


Ao abrigo das Regras de Origem da SADC, o Malawi, Moçambique, Tanzânia
e Zâmbia (MMTZ) gozam de uma isenção especial para têxteis e vestuário
exportados para a África do Sul e para os países parceiros da SACU, Botswana,
Lesotho, Namíbia e Swazilândia. Este mecanismo permite uma maior
flexibilidade, e faz com que seja mais fácil que os MMTZ se qualifiquem para
preferências tarifárias da SADC, usando tecidos importados de fora da Região.
Estes mecanismos especiais têm como objectivo permitir que as indústrias nos
países MMTZ se tornem viáveis e são, portanto, temporários – permitido através
de revogação das disposições do Protocolo sobre Trocas Comerciais.

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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
4. Como é que a Região beneficiará da ZCL?
As consultas abrangentes com o sector privado, e outros actores não-estatais,
em toda a Região, demonstraram que uma integração regional mais profunda
terá como resultados:
• Aumento da produção interna,
• Maiores oportunidades de negócios,
• Importações e exportações regionais mais elevadas,
• Acesso a factores de produção e a artigos de consumo mais baratos,
• Mais postos de trabalho,
• Mais investimento directo estrangeiro e empresas conjuntas,
• Criação de cadeias de valores.

Impacto provável da Integração Regional aumentada em


Negócios, Resposta de Negócios e outras NSA

Nota: % de inquiridos.
Fonte: “Aprofundamento da Integração da SADC” (2007) Friedrich Ebert Stiftung.
(NSA - Actores não estatais)

Mercados alargados com economias crescentes


A ZCL da SADC cria um Mercado regional no valor de 360 bilhões de dólares
americanos, com uma população de 170 milhões de habitantes e integra
economias com crescimentos até 7% por ano. Quando Angola e a República
Democrática do Congo se juntarem à ZCL, 71 bilhões de dólares americanos
e 77 milhões de habitantes serão adicionados ao Mercado da SADC. Nalguns
países, para o sector privado, a ZCL da SADC oferece um mercado regional
com um poder de compra dez vezes superior ao poder de compra da economia
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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
nacional. A SADC é também um mercado significativo para certos artigos de
exportação. Por exemplo, a maioria das importações de especiarias para a
SADC, importantes para Madagáscar e Tanzânia e de importância crescente
noutros locais, vem do seio da SADC, e este mercado tem estado a crescer a
uma média de 15% por ano.

Um sector privado mais competitivo e vibrante


Os benefícios principais que se esperam da implementação da ZCL, revelados
por um levantamento recente entre o sector privado da ZCL e outros Actores
não Estatais (NSA, sigla em Inglês) são no âmbito do aumento do comércio e
da produção, do sector privado mais competitivo e de uma maior
convergência nas receitas em toda a região da SADC.

Impacto provável da Zona de Comércio Livre

Nota: % de inquiridos.
Fonte: Secretariado da SADC em conjunto com o Fórum de Negócios da SADC (2008).

…criação de postos de trabalho


Com maiores oportunidades de comércio, novas actividades de negócios e
com a expansão da produção interna, tanto os actores de negócios como
outros actores não-estatais esperam verificar um aumento líquido de postos
de trabalho.

…e preços mais baixos para empresas e agregados familiares


Com menos barreiras ao comércio e maior concorrência na Região, as empresas
esperam que a ZCL resulte em factores de produção mais baratos e no incremento
da competitividade. Os agregados familiares terão orçamentos que poderão
cobrir artigos de consumo chave, visto estes ficarem mais acessíveis.
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ZCL da SADC - Crescimento, Desenvolvimento e Criação de Riqueza
A ZCL da SADC: a criação de uma plataforma para a conquista dos
mercados mundiais
A ZCL tem um papel chave no reforço da competitividade e para permitir que
o sector privado da SADC conquiste os mercados mundiais. Um aspecto
importante é facilitar as cadeias de abastecimento regionais e permitir que o
sector privado procure os factores de produção na Região a custos mais baixos.
Por exemplo, o excedente do comércio da Zâmbia com a UE, em hortícolas
(horticultura) e alimentos preparados, é possível pelas suas importações líquidas
das embalagens destes produtos que são originárias da região da SADC.

Exportações líquidas da Zâmbia

Garantindo o Comércio Justo


O comércio livre faz com que as empresas sejam mais eficientes e competitivas
e assim, promove o crescimento a longo prazo. Contudo, para muitos países,
existem sectores que são considerados “sensíveis” e requerem protecção em
relação à concorrência das importações, por exemplo, para preservarem os
postos de trabalho em regiões em desvantagem ou em comunidades
vulneráveis. Portanto, a ZCL permite que os Estados Membros possam gerir as
transacções introduzindo medidas de protecção temporárias para salvaguardar
uma indústria ou promover o desenvolvimento de indústrias em início (indústrias
infantes), em consulta com outros Estados Membros. A ZCL permite também a
protecção contra a concorrência injusta com a imposição de medidas
antidumping.
• Salvaguardas: por vezes, quando um produto é importado em grandes
quantidades e a preços que “causam ou ameaçam causar danos sérios” à
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indústria nacional, um país importador pode impor restrições comerciais –
salvaguardas – para que a indústria nacional tenha tempo para se ajustar. A
protecção de salvaguarda é só temporária. Para a ZCL da SADC, estas
restrições podem ser impostas por um período inicial de quatro anos, até um
período máximo de oito anos. As salvaguardas têm de ser aplicadas a todas
as importações – não só às importações de países específicos.
• Indústrias infantes: nalgumas circunstâncias restritas, as indústrias em
início podem necessitar de protecção da concorrência das importações. Para
aplicar direitos, na base da protecção da indústria, um Estado Membro da
SADC deve demonstrar que (i) eventualmente, a indústria tornar-se-á
competitiva; e (ii) a indústria só pode ser desenvolvida através da protecção
ao comércio interno.
• Antidumping: para impor o direito antidumping um país tem de comprovar
que o produto referido está a ser objecto de dumping (que é vendido nos
mercados de exportação a um preço inferior ao custo de produção, ou inferior
ao preço no país de origem) e que isto está a causar, ou ameaça causar, um
prejuízo material aos produtores nacionais.

Onde posso obter mais informações sobre a ZCL?


Para obter mais informações sobre a Zona de Comércio Livre da SADC pode
contactar o Ministério do Comércio, as Câmaras de Comércio e/ou Associações
de Empresas ou visitar a website da SADC www.sadc.int.

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