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Hospital Psiquiátrico Prof.

Adauto Botelho, Dachau, Auschwitz:


aproximações1
Márcio Vinícius de Brito Cirqueira2

Resumo
Este ensaio pretende explorar criticamente o quantum histórico e civilizatório da disponibilidade
humana em investir horror contra membros de sua própria espécie. No recorte aqui pretendido,
olho para esta disponibilidade presente nas décadas modernas de 1930 a 1980 tanto nos campos
de concentração nazistas quanto no hospício Adauto Botelho de Goiânia, Estado de Goiás,
procurando evidenciar aproximações.
Palavras-chave: degradação, indiferença psicopática normoforizada, formação

Theodor W. Adorno abre a discussão de “Educação após Auschwitz”


afirmando que é exigência primeira da educação que o ocorrido naquele campo de
concentração jamais se repita. O Hospital Psiquiátrico Professor Adauto Botelho
(Estado de Goiás), se não repetiu Auschwitz, dele teve aproximações. No mínimo, as
imagens das pessoas submetidas a estes lugares se assemelham – desnutridas, nuas,
“amontoadas”, vulnerabilizadas. Digo “no mínimo” porque há muito de ideologia,
infraestrutura e política que justificou as ações responsáveis pela condição das pessoas
na imagens que temos hoje daqueles lugares.

Construído e inaugurado em Goiânia no ano de 1954 por iniciativa do


psiquiatra de mesmo nome, então chefe do Serviço pensado e inaugurado por ele
mesmo em 19413, o Serviço Nacional de Doenças Mentais (SNDM), aquele hospital-
referência para os outros (privados, inclusive) que seriam construídos no devir histórico
do Estado de Goiás, talvez tenha sido, também, arremedo de Dachau. Dachau foi o
modelo de campos de concentração nazista para os outros campos de mesma natureza,
friamente projetado em 1933, portanto, ano de ascensão de Hitler ao poder na
Alemanha, seis anos antes da invasão deste país à Polônia, fato (este último) que
desencadeou a Segunda Guerra Mundial4. Tendo em vista o alcance pretendido dos
objetivos do Hospital Adauto Botelho no que se refere a estatísticas5, talvez este
hospício tenha aproximação mais adequada ao complexo Auschwitz – que chegou a ter
1
Trabalho produzido como requisito avaliativo da disciplina “Teoria Crítica e Educação”, ministrada pela
Profª Silvia Rosa da S. Zanolla
2
Aluno da 22ª Turma de Mestrado em Educação (Faculdade de Educação / UFG)
3
No ano anterior foram iniciados os trabalhos em Auschwitz.
4
Dachau ficou pronto antes da invasão à Polônia. Seus primeiros prisioneiros foram políticos e
intelectuais judeus poloneses.
5
Em casos como este, concordo com ADORNO (1995, p. 120), “o simples fato de citar números já é
humanamente indigno, quanto mais discutir quantidades”.
três unidades, a terceira inaugurada para servir como unidade de trabalhos forçados para
uma fábrica de borracha. Segundo Walmor Piccinini (2009), o SNDM também foi
criado durante uma ditadura, a ditadura de Getúlio Vargas (simpatizante do regime
nazista), e teve pretensões estatísticas que também se concretizaram, tanto que sob a
direção de Adauto Botelho o SNDM “expandiu-se de modo extraordinário” 6 criando
ambulatórios de Saúde Mental em catorze Estados brasileiros, mais o Distrito Federal (o
hoje em dia, Estado do Rio de Janeiro). “Na gestão de Adauto Botelho, além da criação
de ambulatórios, foram abertos 16 mil leitos psiquiátricos pelo país.” (PICCININI,
2009). No entanto, o que aqui pretendo destacar são as relações entre formação,
esclarecimento e ação que envolvem estas instituições do mundo moderno em suas
diferenças e coincidências.

O aparente exagero da comparação sugerida acima pode ser pensado a


partir de diferenças patentes entre as instituições nazistas e aquele hospital público. Em
princípio, a anulação da dimensão humana pelo viés do deliberado assassinato,
sistemático e sistematizado de milhares de pessoas em cada um daqueles campos de
concentração, contrasta com os objetivos humanamente admiráveis de cuidado e
tratamento característicos de um hospital. No entanto, os entendo unidos pelo princípio
da violência ideologicamente justificada com ares de esclarecimento sociológico e/ou
científico. Ambos lançam mão da idéia de fragilização do outro pela degradação
“necessária” da condição humana deste para assim executar-se as ações, também
consideradas necessárias – por isso entendidas como adequadas – sobre pessoas, e
dirigir violência “principalmente contra os que são considerados socialmente fracos”7
(ADORNO, 1995, p. 122). Esta necessidade de degradação “livre” e “esclarecida”, em
sua relação com o princípio civilizatório tem alta quota de perversidade como
vastamente exposto por FOUCAULT (2004), e pode ser ilustrada por fragmento de Du
traitement moral de la folie8 de François Leuret (1840) quando citado por HARRIS
(1993, p. 64):

“Meu objetivo não é curá-lo (o louco) por um único método físico, mas sim
usando qualquer meio possível. Se, para motivá-lo, devo parecer duro e até
injusto... por que devo retrair-me de usar tais métodos? Devo ter medo de fazê-
lo sofrer? Que estranha piedade! Seria o mesmo que amarrar as mãos de um
cirurgião quando ele está para realizar uma operação essencial para a vida de
seu paciente porque ela não poderá ser feita sem dor.”
6
Repito: como Auschwitz (em três unidades) e Dachau (que “gerou” Auschwitz e os outros campos).
7
Levando-se em conta a indissociabilidade entre sociedade e história, considero os socialmente mais
fracos, assim caracterizados por terem sido ao longo da história fragilizados.
8
“Do tratamento moral da insanidade”, numa tradução livre.
As instituições “campo de concentração” e “hospital psiquiátrico” como
objetivações (infraestrutura) de política de Estado merecem, então, atenção por seus
desdobramentos na atitude pretensamente esclarecida, in cotinuum9, proposital das
pessoas ao encaminharem outras, conhecidas, próximas em seu cotidiano, a estas
mesmas instituições, seja por denúncia ou pelo próprio consentimento da vítima destes
espaços, uma vez que esclarecidas sobre a importância e/ou necessidade destes
encaminhamentos.

O propósito da apropriação social (objetiva e subjetivamente) de


instituições – hospitais, delegacias, escolas etc. – ideologicamente consideradas com
potencial resolutivo (mesmo que limitado) acerca das demandas sociais, exige
esclarecimento (mesmo que parcial) ou pseudoesclarecimento que tenda à legitimação
desta mesma instituição10. Em concordância com ADORNO (1979, p. 176) esta
apropriação social tem determinações formativas e culturais: “la formación no es outra
cosa que la cultura por el lado de su apropriación subjetiva”.

Quando, então, em nome da necessidade da solução de problemáticas


determinadas, se constroem instituições como instrumentos importantes a determinada
sociedade para lida com demandas histórica, ideológica e culturalmente constituídas, se
busca estabelecer relações de confiança com estas instituições, com seu trabalho,
portanto, se pretende poder confiar nas pessoas envolvidas neste trabalho. Esta busca e
confiança no trabalho humano institucionalizado deve chegar ao ponto da entrega de si
próprio e do outro (consequentemente, de toda a sociedade) a, por exemplo, cuidados
médicos em hospitais e, por que não (?), entrega de vizinhos e colegas de trabalho ao
hospício ou a um campo de concentração qualquer. É o trabalho “dando sentido” à vida
em sociedade, às interações humanas, cumprindo seu papel civilizatório, de
enculturação – “Arbeit macht frei”11.

Acerca destas necessárias relações culturais e formativas entre instituições


e sociedade, BASAGLIA (1985, p. 36) ao afirmar que a violência é exercida por

9
Segundo ADORNO (1979), a onipresença do espírito alienado, segundo sua gênese e seu sentido, não
precede a formação, a segue.
10
HOBSBAWM (1997, p. 256; grifo meu) resgata na história a causa ideológica deste potencial
resolutivo das instituições ao dizer que o clássico liberalismo burguês era uma filosofia “estreita, lúcida,
cortante [...] rigorosamente racionalista e secular, isto é, convencida da capacidade dos homens em
princípio para compreender tudo e solucionar todos os problemas pelo uso da razão”.
11
“O trabalho liberta” – frase colocada no pórtico de entrada de Auschwitz I.
aqueles que estão do lado do sistema, “sobre aqueles que se encontram
irremediavelmente sob seu domínio”, segue:

“A família, a escola, a fábrica, a universidade, o hospital são instituições


baseadas numa clara distribuição de papéis: a divisão do trabalho (senhor e
servo, professor e aluno, dirigente e dirigido). Isto significa que o mais
característico de tais instituições é uma cortante separação entre os que detêm
o poder e os que não o detêm.(...) Do que se pode também deduzir que a
subdivisão dos papéis expressa uma relação de opressão e de violência entre
poder e não-poder, que se transforma na exclusão do segundo pelo
primeiro: a violência e a exclusão se acham na base de todas as relações
suscetíveis de instaurar-se em nossa sociedade.
Os graus de aplicação desta violência variam segundo as necessidades
que aquele que detém o poder tem de oculta-la ou disfarça-la. Daí derivam
diversas instituições que vão da família à escola, das prisões aos asilos de
loucos. A violência e a exclusão são justificadas nestes lugares em nome da
necessidade, como conseqüência da finalidade educativa para as primeiras, e
da culpa e da doença para as segundas” BASAGLIA (1985, p. 36; grifos no
original)

A necessidade de campos de concentração e/ou hospícios é entendida


como conseqüência “natural” da doença mental ou da culpa dos judeus e seu
comportamento intrinsecamente desonesto, promíscuo e desumano (assim entendido
pelos nazistas). No entanto, o desinteresse pelo que de fato ocorria no confinamento dos
muros ou das cercas de arame farpado para garantia do bem-estar social fora daqueles
muros e cercas, cumpre o papel de entrega de toda a sociedade ao mecanismo cultural
de dominação que forma pela internalização da cultura de exclusão (quiçá de
assassinato). Esta cultura é convincente como esclarecimento (não-alienação) e o
entendimento acerca da degradação imposta às pessoas deixa de ser estarrecedor.
Sedimenta-se o que ADORNO (1979, p. 175) chama de “espírito objetivo negativo”, a
ação gerada por discurso que orienta intervenção objetiva, pretensamente resolutiva na e
para a sociedade12, que tudo justifica, “esclarecendo” a ela (à sociedade) quais são suas
reais demandas, mas que movimenta os indivíduos pela inércia de uma menoridade
intelectual, podendo o entendimento ficar assim ilustrado: “Como é para o bem de todos
como nos foi dito, não me é necessário conhecer o que acontece com outros. Que seja
12
A objetividade da verdade conveniente, do discurso que se quer ouvir, é falsa. Ao se encontrar preso
após tentativa frustrada de golpe de Estado no ano de 1923, Hitler se considera surpreso com tamanha
receptividade de suas idéias racistas e anti-semitas. “Sua ambição empatizou totalmente com a busca de
reconstrução emocional, econômica e militar da nação. Sua tipologia intuitiva e sua exuberância
matriarcal, que frequentemente o tornavam possuído pela histeria, foram fundamentais. Com elas foi
capaz de sintonizar extraordinariamente com o Zeitgeist, o espírito do seu tempo, expressar o que os
alemães queriam ouvir e, ao mesmo tempo, manipula-los em direção à guerra e à autodestruição.”
(BYINGTON, 2007, p. 59; grifo no original)
feito!” – Agere non loqui13. O “esclarecimento” toma proporções e intenção de barbárie
e se estabelece a psicopatia coletiva.

O filme A Corporação, de Mark Achbar e Jennifer Abbot, em sua


aproximação diagnóstica do quadro de psicopatia em relação às grandes corporações
capitalistas também se refere à natureza desta indiferença perante a dor e a indignidade
humana. Esta sintonia entre a acomodação acrítica14 e a certeza do bem-agir ao
encaminhar pessoas às instituições “necessárias e adequadas”, cria numa zona de
conforto que chamo de indiferença psicopática normoforizada, a qual pode acabar se
voltando contra o próprio convenientemente acomodado, como ocorreu com o povo
alemão ao fim da Segunda Guerra Mundial. Bertold Brecht (2003, p. 231), também o
ilustra de forma interessante:

“Primeiro levaram os negros.


Mas não me importei com isso.
Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários.
Mas não me importei com isso.
Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis.
Mas não me importei com isso.
Porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados.
Mas como tenho meu emprego, também não me importei.
Agora estão me levando.
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém.
Ninguém se importa comigo.”

Esta indiferença foi muito comum na história do manicômio. No caso do


Hospital Psiquiátrico Professor Adauto Botelho, o abandono de pessoas (com dados
falsos como endereço, nome, números de telefone inexistentes etc.) mediante pouca
informação ou mesmo sabendo do que ocorria naquele hospício contra a integridade das
pessoas, tornou-as marionetes do sistema intra-hospitalar, nulidades individuais ou
mesmo cobaias de “esquemas disciplinares” e “experiências científicas”, como nos
campos de concentração.15 Estas pessoas não eram necessariamente consideradas
13
Agir, não falar.
14
Portanto, uma acomodação que garante menos dispêndio de energia intelectual, uma vez que o processo
de construção do empowerment crítico exige um esforço intelectual extra, ou seja, um esforço que está
para além da já dispendiosa tarefa de compreender (desvelar) uma realidade complexa como a que
vivemos.
15
Os sobreviventes desta época, conforme orientação da lei 10216 de abril de 2001, são hoje
obrigatoriamente assistidos pelo Estado de Goiás e, principalmente, pelo Município de Goiânia, em
programas de renda (Programa “De Volta pra Casa” e Auxílio-Doença) e moradia (Residências
loucas. Muitos eram presos políticos, jovens rebeldes, mães solteiras, mendigos,
herdeiros de bens sobre os quais pairava muito interesse da família ou de outros, etc.16

A experiência com a indiferença psicopática normoforizada pode ser


vivida, hoje, por alguns que ouçam o discurso narrativo em tom de lamento que inicia
“Passageiros da Segunda Classe”, discurso que se alterna com as imagens do ano de
1986 em preto-e-branco do interior do Hospital Psiquiátrico Prof. Adauto Botelho. O
fato deste discurso proferido por uma pessoa mentalmente adoecida ter pouco sentido
ou pequena relevância para o espectador comum e as imagens em preto-e-branco por
serem percebidas como naturalidade da condição de loucura, servem como exercício
destes sentidos (visão e audição) em seu auxílio à consciência para a conformidade com
a condição de existência do louco (ou do prisioneiro de campo de concentração); a
degradação é entendida como algo que não lhe é imposto porque a degradação os coloca
de acordo com sua condição de ser no mundo. A experiência perceptivo-sensitiva que
pode vir com esta e outras denúncias audiovisuais não transforma consciências ou
opiniões, pode inclusive, reforçá-las porque os filmes não passam pelas pessoas como
denúncia, mas sim como mera exposição do modus vivendi dos loucos, como ocorre ao
se assistir qualquer documentário sobre leões no Dicovery Channel ou Animal Planet.

Ao final de “Educação após Auschwitz”, Adorno (1995, p. 136) sugere


“ajudar a frieza a adquirir consciência de si própria” como princípio para
concretização do desafio colocado por ele que Auschwitz não se repita. Chama a
atenção, no entanto, o destaque á necessidade de se “indagar pelas condições
específicas, históricas, das perseguições” (p. 137) face a insaciabilidade presente no
princípio destas últimas. De alguma forma é fundamental ao processo educativo,
formativo de cultura humana, a manutenção de mecanismos que garantam criticidade às
reflexões e parâmetros para definições acerca da indiferença e a frieza nas relações – se
patológicas, toleráveis ou não –, o que nos obriga à educação do olhar para cada um dos
indivíduos humanos como um ente-espécie e assim nos percebamos “assassinos de nós
mesmos na medida em que assassinamos os outros” (Idem, p. 137), ou, como entende
Marx (2004) ao expor a tensão entre o universal e o particular no que se refere ao
homem enquanto ser-espécie, nos percebamos como seres autoconscientes, que tratam a
espécie como a si mesmo, ao mesmo tempo em que tratam a própria vida como um
objeto para si mesmo.
Terapêuticas, conforme Portaria 106/2000 do Ministério da Saúde).
16
Ver TAVOLARO (2002)
Referências Bibliográficas

A CORPORAÇÃO. Direção: Mark Achbar e Jennifer Abbot. Produção: Mark Achbar e


Bart Simpson. Narração escrita: Harold Crooks e Mark Achbar. Música: David
Wilcox e outros. Ottawa: Imagem Filmes, c2004. 2 DVD (144 min).
ADORNO, Theodor. W. Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 1995
ADORNO, Theodor W. e HORKHEIMER, Max. “Teoría de la Seudocultura”, In:
Sociológica. Madrid: Taurus, 1979
BASAGLIA, F. A Instituição da Violência. In: BASAGLIA, F. A Instituição Negada.
Rio de Janeiro: Graal, 1985
BRECHT, Bertold. Poemas 1913-1956. São Paulo: Editora 34, 2003
EXPOSIÇÃO relembra porões da loucura. Internet. Adobe Flash Vídeo (3 min. 35s).
Postado em 5 de fevereiro de 2010. Disponível em http://www.youtube.com/watch?
v=b2UpaX0GDps. Acesso em 12/10/2010.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 2004
HARRIS, R. Assassinato e Loucura:medicina, leis e sociedade no fin de siècle. Rio de
Janeiro: Rocco, 1993
MARX, Karl. Manuscritos Econômico-Filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2004
PASSAGEIROS da Segunda Classe. Direção: Direção: Waldir Pina, Kim-Ir-Sem e Luiz
Eduardo Jorge. Produção: Márcio Cury. Roteiro: Luiz Eduardo Jorge. Preto-e-
Branco. Goiânia: 2001, 16mm (21 min.).
PICCININI, Walmor J. Adauto Junqueira Botelho: notas biográficas. Psichiatry on line
Brasil. Fev. 2009, vol. 14, nº 2. Available from:
http://www.polbr.med.br/ano09/wal0209.php. Acesso em 09/Out/2010
TAVOLARO, Douglas. A Casa do Delírio. São Paulo: SENAC, 2002

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