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O sociólogo espanhol Manuel Castells afirma famosa “Sociedade em Rede”.

No primeiro vo-
que na atual sociedade, todos os processos se lume da Trilogia, Sociedade em Rede - A Era
somam em um só processo, em tempo real no da informação: Economia, sociedade e cul-
planeta inteiro. A predominância das redes no tura, o autor faz uma profunda análise da era
mundo pós-moderno coloca em xeque conceitos da informação e seus reflexos na economia,
tradicionais como tempo e espaço, pulverizando sociedade e cultura e, consequentemente, dos
as fronteiras entre o local. impactos na comunicação, o que configura em
Muitos desse avanços são possíveis devido à sua perspectiva uma nova sociedade, denomi-
evolução da própria Engenharia. Se pensarmos nada “sociedade em rede”.
em como a internet ou a grande rede mundial é Castells (2011) analisa a sociedade contem-
composta fisicamente para conectar o mundo todo, porânea, que, segundo ele, vive em um cenário
vamos encontrar muita contribuição da engenha- mediado pelas novas tecnologias de informação
ria, que oportunizou a construção de estruturas de e comunicação (TICs) e investiga como estas
comunicação gigantescas e que não são visíveis, interferem nas estruturas sociais.
mas que permitem a todos nós navegar na web. O autor propõe o conceito de capitalismo
Além das transmissões via satélites que orbi- informacional e aponta o forte desenvolvimento
tam a terra, as informações na internet trafegam das tecnologias de informação a partir da dé-
por grandes redes de cabos submarinos, chama- cada de 1970 como um dos principais fatores
dos backbones e que cruzam os mares e oceanos que reestruturaram o modo de produção capi-
ligando diversos continentes. talista, decorrentes da “revolução tecnológica
Muito interessante, não é mesmo? Agora concentrada nas tecnologias de informação”
vamos retomar o estudo de Castells sobre a (CASTELLS, 2011, p. 39).

Figura 1 - Cabos submarinos


Fonte: Blog Coruja de TI (2013, on-line)1.

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As TICs influenciaram também na reestruturação tura. Este novo paradigma da tecnologia da infor-
das empresas, que puderam otimizar suas estrutu- mação é fornecedor da base material para expansão
ras e reduzir seus custos de produção. Ao analisar penetrante da rede em toda a estrutura social.
a questão da produtividade, Castells ressalta que A rede se configura em uma estrutura formal
a introdução das novas tecnologias somente co- com base em um sistema de nós interligados. “As
meçou a ter efeito a partir do final da década de redes são estruturas abertas que evoluem acres-
1990, o que afetou todos os ramos de atividades, centando ou removendo nós de acordo com as
o que inclui a indústria que teve seu processo de mudanças necessárias dos programas que conse-
produção ainda mais automatizado, assim como guem atingir os objetivos de performance para a
a gestão de varejo, que com a informatização teve rede” (CASTELLS; CARDOSO, 2005, p. 20).
significativas melhorias de processos. Em termos simples, a sociedade em rede é
uma estrutura social baseada em redes operadas
[...] a rede é capaz de transformar as nossas por “tecnologias de comunicação e informação

“ capacidades de comunicação, que permite


a alteração dos nossos códigos de vida, que
nos fornece as ferramentas para realmente
controlarmos as nossas próprias condições,
com todo o seu potencial destrutivo e todas
fundamentadas na microeletrônica e em redes
digitais de computadores que geram, processam e
distribuem informação a partir de conhecimento
acumulado nos nós dessas redes” (CASTELLS;
CARDOSO, 2005, p. 20).
as implicações da sua capacidade criativa Esta nova estrutura de uma sociedade baseada
(CASTELLS; CARDOSO, 2005, p. 18). em redes digitais cria também um novo ambien-
te não somente tecnológico, mas, sobretudo, um
O próprio capitalismo passa por um processo de novo espaço onde ocorrem as relações humanas
profunda reestruturação caracterizado por maior e a troca de informações sociais, o ciberespaço.
flexibilidade de gerenciamento; descentralização Segundo Ribeiro (2000), a união entre os avan-
das empresas e sua organização em redes tanto ços da tecnologia da informação e da comuni-
internamente quanto em suas relações com outras cação (TIC) e das telecomunicações permitiu o
empresas [...] (CASTELLS, 2011, p.39) aparecimento de um novo componente: a rede te-
Contextualizando o momento, o autor defen- lemática. A interconexão e a troca de informações
de que as redes constituem uma nova morfologia entre as pessoas, em um contexto de inovação e de
social e que a difusão lógica das redes modifica de possibilidades tecnológicas criaram o ambiente de
forma substancial a operação e os resultados dos convivência conhecido como ciberespaço.
processos produtivos e de experiência, poder e cul- Eu acesso, tu acessas, ele acessa, nós acessamos...

As redes de tecnologias digitais permitem a existência de redes que ultrapassem os seus limites
históricos e transcende fronteiras, a sociedade em rede é global, é baseada em redes globais. Esta
lógica das redes chega a todos os lugares e se difunde por meio do poder de integração das redes
globais de capital, bens, serviços, comunicação, informação, ciência e tecnologia.

UNIDADE II 37
Desde a invenção e popularização da inter- O verbo acessar, inclusive, passou a fazer parte
net, as redes estão tomando o lugar do mercado do cotidiano das pessoas. O não acesso a infor-
tradicional de compra e venda. O mercado, que mações, sejam elas jornalísticas ou publicitárias,
estava acostumado a ter vendedores e compra- tornou-se uma forma de exclusão social e não
dores, agora está se acostumando a ter forne- estar conectado é o mesmo que não estar vivo
cedores e usuários. socialmente. A ausência ou presença de ferra-
Jeremy Rifikin aborda este momento de transi- mentas que possibilitem esse acesso transforma-
ção para uma sociedade em rede e cada vez mais ram-se em novas formas de medir a participação
conectada como a Era do Acesso, na qual a cultura social de um indivíduo.
de posse começa a dar lugar à cultura do acesso. Rifkin (2001, p. 91) afirma que pertencer, na
O autor defende que a produção de bens mate- nova era, é estar conectado a várias redes que
riais está cedendo lugar à produção cultural, que formam a nova economia global. “Ser um assi-
cada vez mais domina as atividades econômicas. nante, um sócio ou cliente torna-se tão impor-
A informação se torna também muito importante, tante quanto ter bens materiais”. É, em outras
e o acesso a recursos e experiências culturais tor- palavras, ter acesso em vez de a mera proprie-
nam-se tão importantes quanto manter as posses. dade que determina cada vez mais o status de
Rifkin (2001, p. 12) considera que “[...] a noção alguém na próxima era.
de acesso e de redes, entretanto, está cada vez mais
importante e começando a redefinir a nossa dinâ- Na nova era, os mercados estão cedendo
mica social de uma forma tão poderosa quanto a
redefinição da ideia de propriedade e de mercados
às vésperas da era moderna”.

Agora, as bases da vida moderna estão come-


“ lugar às redes, e a noção de propriedade está
sendo substituída rapidamente pelo acesso.
As empresas e os consumidores estão come-
çando a abandonar a realidade central da
vida econômica moderna – a troca de bens

“ çando a se desintegrar. A instituição que uma


vez levou os homens a batalhas ideológicas, a
revoluções e a guerras está esmorecendo len-
tamente na aurora de uma nova constelação
de realidades econômicas que está levando a
materiais entre vendedores e compradores
no mercado. Isso não significa que a pro-
priedade irá desaparecer no início da Era
do Acesso (RIFKIN, 2001, p. 5).

sociedade a repensar os tipos de vínculos e Portanto as redes estruturam uma nova morfo-
limites que irão definir as relações humanas logia social. Por elas correm os fluxos, sendo que
no século XXI (RIFKIN, 2001, p. 5) a rede de fluxos financeiros é uma das bases do
capitalismo global e, interagindo com as outras
Surge assim uma geração que já nasceu com a redes de fluxos, fazem das cidades pós-modernas
tecnologia para a qual o acesso já é uma forma extensas teias de telecomunicações avançadas,
de vida. Indivíduos que já nasceram inseridos no ou seja, além de centros da vida política, econô-
ambiente do ciberespaço. Não é uma geração que mica, e socioculturais, tornaram-se verdadeiros
precisou se acostumar e se alocar dentro das redes. sistemas eletrônicos.

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A televisão já não é mais a mesma!
Adolescentes entrevistados por pesquisadores da USC (University of Southerm California) nem entendem
o conceito de assistir à televisão no horário determinado por outra pessoa. Eles assistem a programas
inteiros de televisão na tela de seu computador e, cada vez mais, em dispositivos portáteis. Portanto,
a televisão continua sendo o principal meio de comunicação de massa, por enquanto, mas sua difusão
e seu formato estão sendo transformados à medida que sua recepção vai se tornando individualizada.
Fonte: Castells (2011, p. XI)

Por convergência, refiro-me ao fluxo de O que se apresenta é uma adaptação, integração do

“ conteúdos através de múltiplas platafor-


mas de mídia, a cooperação entre múltiplos
mercados midiáticos e ao comportamento
migratório dos públicos dos meios de co-
municação, que vão a quase qualquer parte
velho com o novo, uma evolução dos meios e entre
os meios e o mesmo ocorrendo com seus formatos
de anúncio. Há uma grande interconexão entre os
meios de comunicação de massa tradicionais e as
redes de comunicação baseadas na internet. A co-
em busca de experiências de entretenimen- municação pós-massiva não representa a extinção
to que desejam (JENKINS, 2009, p. 29). da comunicação de massa, mas se apresenta como
um processo de hibridização e complementarida-
Nos anos 1990, os discursos sobre a revolução de em novo sistema complexo ainda em formação.
digital continham uma suposição de que os novos À emergência dos novos dispositivos tecno-
meios de comunicação eliminariam os antigos, lógicos, deve coexistir com os meios tradicionais
“a internet substituiria a radiodifusão e que tudo havendo a integração da televisão, do rádio, dos
isso permitiria aos consumidores acessar mais jornais com o ciberespaço. Surgindo uma nova
facilmente o conteúdo que mais lhes interessasse” geração audiovisual, impulsionada pela digitali-
(JENKINS, 2009, p. 6). zação das tecnologias.
Ouve-se sempre que o comercial de 30 segun- Agora, a convergência surge como um impor-
dos vai morrer, como se ouviu que a indústria tante ponto de referência, à medida que velhas
fonográfica morreria, que as crianças não assis- e novas empresas tentam imaginar o futuro da
tem mais à televisão, que as velhas mídias estão indústria de entretenimento. Se o paradigma da
na UTI, conforme ideia de Jenkins (2009, p. 6), revolução digital presumia que as novas mídias
que ainda complementa: substituiriam as antigas, o emergente paradigma da
convergência presume que novas e antigas mídias
A verdade é que continuam produzindo mú- irão interagir de formas cada vez mais complexas.

“ sica, continuam veiculando o comercial de 30


segundos, um novo lote de programas de TV
está prestes a estrear, no momento em que
escrevo estas linhas — muitos direcionados
a adolescentes. As velhas mídias não morre-
A convergência das mídias é mais do que ape-
nas uma mudança tecnológica, ela altera a relação
entre tecnologias existentes, indústrias, mercados,
gêneros e públicos. Altera a lógica pela qual a in-
dústria midiática opera e pela qual os consumido-
ram. Nossa relação com elas é que morreu. res processam a notícia e o entretenimento.

40 Tecnologias da Informação e Comunicação


Todos os elementos até aqui abordados, tanto em milhões de pessoas obtêm informações. Consu-
relação à sociedade em rede e seu novo contexto midores passivos de produtos culturais fornecidos
tecnológico quanto à transformação da comuni- por uma minoria, rapidamente se transformaram
cação com o mercado por esses mesmos elemen- em criadores do que outros como eles consomem.
tos se fazem percebidos também na publicidade, Um dos fatores que contribuíram para que as
que atende os objetivos mercadológicos e insti- pessoas saíssem da posição de espectadores para a
tucionais das organizações, mas que sobretudo é de colaboradores/criadores na era da internet, amea-
um reflexo das transformações econômicas, tec- çando os produtores tradicionais de informação, foi
nológicas e principalmente culturais da sociedade. o baixo custo e amplo acesso às novas tecnologias.

Queremos participar! O acesso a ferramentas baratas e flexíveis re-

Surgem os tempos da participação e da interativi-


dade, transformando a troca de informações entre
público e consumidores que também podem ser
produtores no contexto midiático e influencia-
“ move a maioria das barreiras para tentar coisas
novas. Você não precisa de supercomputado-
res para direcionar o excedente cognitivo;
simples telefones são suficientes. Mas uma das
lições mais importantes é esta: quando você
dores para aquisição de produtos e serviços em tiver descoberto como direcionar o excedente
escala exponencial, por meio da internet. Novas de modo que as pessoas se importem, os ou-
tecnologias midiáticas permitiram que o mesmo tros podem produzir a sua técnica, cada vez
conteúdo fluísse por vários canais diferentes e mais, por todo o mundo (SHIRKY, 2011, p. 23).
assumisse formas distintas no ponto de recepção.
Essa nova abordagem, envolvendo produção, co- Para o autor, a internet permitiu às pessoas que
laboração, interação e compartilhamento de dados, aplicasse uma vontade que sempre tiveram, mas
tem promovido a chamada cultura participativa, que estava reprimida: a de usar seus talentos para
podendo ser descrita pela mudança das relações de criar juntas coisas novas.
poder entre os segmentos de mercado da mídia com Ele cita vários exemplos de ferramentas criadas
seus consumidores, que passam a gerar conteúdos de forma compartilhada como a Wikipédia, plata-
por meio das tecnologias digitais mais acessíveis. formas de programação de código aberto, sites de
Este novo cenário está permitindo uma rene- ativismo políticos, redes sociais de mobilizações
gociação dos papéis entre produtores e consu- em prol de causas importantes e até os memes ou
midores no sistema midiático bem como o sur- coisas nonsense, mas que são criadas e comparti-
gimento da possibilidade de uma reconfiguração lhadas pelos próprios internautas, sem nenhuma
das relações de poder. interferência de grandes grupos de mídia.
Em seu livro A Cultura da Participação, Clay
Shirky, um dos maiores pensadores contemporâ- Uma vez aceita a ideia de que de fato gos-
neos da revolução da internet, explica como pode-
mos explorar melhor as oportunidades criadas pela
tecnologia e pelas redes sociais e defende as novas
formas de consumo e produção de informação.
Shirky (2011) afirma que nos últimos 20 anos,
“ tamos de fazer e compartilhar coisas, por
mais imbecis em conteúdo ou pobres em
execução que sejam, e que fazermos rir uns
aos outros é um tipo de atividade diferente
de ser levado a rir por pessoas pagas para
assistimos a uma mudança radical na forma como nos fazer rir (SHIRKY, 2011, p. 25).

UNIDADE II 41
O autor aborda diversos estudos populacionais
que apontam grupos de jovens assistindo cada
vez menos televisão de forma tradicional. Entre O momento que estamos vivendo é o de maior
alunos de ensino médio, usuários de banda larga, crescimento da capacidade expressiva da história
usuários do YouTube, constata-se a mudança e humana. (Clay Shirky)
sua observação básica é sempre a mesma: po-
pulações jovens com o acesso à mídia rápida e
interativa estão se afastado da mídia tradicional O público receptor, mais do que nunca, assume
que pressupõe puro consumo.“Quando assistem papel fundamental e ativo no processo comuni-
a vídeos online, aparentemente uma mera varia- cacional. Este mesmo poder dos novos consumi-
ção da TV, eles têm oportunidades de comentar dores foi transportado aos hábitos e ao consumo
o material, compartilhá-los com os amigos, rotu- de produtos midiáticos.
lá-los, avaliá-lo ou classificá-lo e, é claro, discuti- A comunicação digital apresenta-se como um
-lo com outros espectadores por todo o mundo” processo comunicativo em rede e interativo. Nes-
(SHIRKY, 2011, p. 15). te, a distinção entre emissor e receptor é substituí-
Mesmo quando ocupados em ver TV, mui- da por uma interação de fluxos normativos entre o
tos membros da população estão ocupados uns internauta e as redes, resultante de uma navegação
com os outros, e esse entrosamento se correla- única e individual que cria um rizomático proces-
ciona com comportamentos que não são os do so comunicativo entre arquiteturas informativas
consumo passivo. (site, blog, comunidades virtuais etc.), conteúdos
Segundo Shirky (2011), esse fazer e comparti- e pessoas (FELICE, 2008, p. 44).
lhar é, sem dúvida, uma surpresa, comparada ao Enquanto a comunicação tradicional (tea-
comportamento anterior. tro, livro, cinema, rádio e TV), apresenta um
fluxo unidirecional, a comunicação em rede,
Quando compramos uma máquina que “apresenta-se como um conjunto de teias nas

“ permite o consumo de conteúdo digital,


também compramos uma máquina para
produzi-lo. Mais ainda, podemos compar-
tilhar material com os amigos e falar sobre
o que consumimos, produzimos ou com-
quais é impossível reconstruir uma única fon-
te de emissão, um único sentido e uma única
direção” (FELICE, 2008, p. 45).
O fator propulsor destas mudanças advém
principalmente da interatividade e a nova relação
partilhamos. Não se trata de características entre produtores e consumidores de conteúdo,
adicionadas; elas são parte do pacote básico que são muito diferentes dos tradicionalmente
(SHIRKY, 2011, p. 26). conhecidos emissores e receptores.

42 Tecnologias da Informação e Comunicação


Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

Quando falamos em comunicação digital, percebe- Segundo o autor, o “novo consumidor” — lem-
mos que as novas tecnologias e seus impactos nas re- brando que este por sua vez é mais inteligente,
lações de mídia e de consumo estão transformando emancipado, cético, antenado, exigente —, valo-
o próprio mercado publicitário. Não tem jeito, surge riza seu tempo e por esses ingredientes torna-se
uma nova maneira das empresas se comunicarem “desfiel”, proposta classificada, pelo autor, como
com seus públicos de interesse, pois a forma invasiva um consumidor sem fidelidade. “A grande mídia,
e unidirecional de antes está perdendo seu efeito. as grandes agências, os grandes clientes e a grande
Pelo menos nos últimos 100 anos a comunica- ideia jamais dominarão a comunicação de mar-
ção das empresas era feita por meio da interrup- keting como dominaram na segunda metade do
ção. Até hoje, a propaganda tradicional nos meios século XX” (JAFFE, 2008, p. 13).
de comunicação de massa procura atrair a atenção Estamos vivendo uma transição entre a pu-
de maneira bastante intrusiva, atravessando-se em blicidade tradicional e a publicidade atual, que
meio ao entretenimento do consumidor. busca garantir um lugar no futuro, praticando
Deste modo, acredita-se que as agências conti- um modo novo de entender o comportamento
nuam produzindo propaganda em moldes ultra- do consumidor e de engajá-lo mais pelo convite
passados, que estão consolidados sob um modelo do que pelo empurrão de conteúdos vendedores.
de recepção que talvez já não exista. As marcas assumem, portanto, um novo papel,
Jaffe (2008) faz pesadas críticas ao modelo tradi- de engajar, envolver o seu público por meio de um
cional de propaganda massificada, especificamente objetivo maior, no qual o produto não é mais o herói
aos comerciais televisivos (30”) e sua ineficiência na história que as marcas contam, mas um coadju-
na busca de resultados para as organizações. Por vante que ajuda na construção de algo maior.“Mar-
questões de sobrevivência, é preciso um “re-pen- keting costumava ser sobre anunciar, e anunciar é
sar dos fundamentos de marketing centrando as muito caro. Hoje, marketing é sobre engajamento
atenções aos consumidores, na gestão das marcas, a com uma tribo, e entregar produtos e serviços com
publicidade e por fim nas agências de publicidade”. histórias que se espalhem” (GODIN, 2008, p. 20).

A expressão “intervalo comercial” está ficando cada vez mais deslocada em tempos de conteúdo
digital sob demanda.

44 Tecnologias da Informação e Comunicação


CASTELLS, M. A era da informação: economia, sociedade e cultura. 6. ed. v. 1. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
Impresso no Brasil, 2011.

CASTELLS, M.; CARDOSO, G. A Sociedade em Rede: do conhecimento à ação política. Conferência pro-
movida pelo Presidente da República. Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, Portugal, 2005. Disponível
em: <http://cies.iscte-iul.pt/destaques/documents/Sociedade_em_Rede_CC.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2018.

DIZARD, W. A nova mídia: a comunicação de massa na era da informação. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Ed., 2000.

FELICE, M. Do público para as redes: a comunicação digital e as novas formas de participação social. 1. ed.
São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2008.

GODIN, S. Tribes: We Need You to Lead Us. New York: Penguin Books, 2008.

JAFFE, J. O declínio da mídia de massa: Por que os comerciais de TV de 30 segundos estão com os dias
contados. São Paulo: M. Books do Brasil Editora, 2008.

JENKINS, H. Cultura da Convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2009.

MELLO, S. F. M. Comunicação e organizações na sociedade em rede: novas tensões, medições e paradigmas.


2010. 271f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

RIBEIRO, J. C. Um breve olhar sobre a sociabilidade no ciberespaço. In: LEMOS, A. PALACIOS, M. (Org.).
Janelas do ciberespaço. Porto Alegre: Sulina, 2000.

RIFKIN, J. A era do Acesso. Tradução: Maria Lucia G. L. Rosa. São Paulo: Makron Books, 2001.

SHIRKY, C. A cultura da participação: criatividade e generosidade no mundo conectado. Rio de Janeiro:


Zahar, 2011.

REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://blog.corujadeti.com.br/mapa-com-a-internet-via-cabos-submarinps/>. Acesso em: 20 mar. 2018.

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