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PAE - PLANO DE AÇÕES

EMERGENCIAIS

Msc Flávio Ornelas – Fevereiro/2019


INTRODUÇÃO

RISCO = Probabilidade de falha X Consequências

Identificação do perigo
Avaliação de risco

Nível do risco

TOMADA DE DECISÃO

(ISO 31000, 2009)


INTRODUÇÃO
Tratamento do risco:
 evitar o risco
 assumir ou aumentar o risco
 remover a fonte de risco
 alterar a probabilidade
 alterar as consequências

Consequências e a probabilidade
de ocorrência
Determinadas por modelagem
dos resultados de um evento,
ou por extrapolação a partir de
Expressão da estudos experimentais ou de
MAGNITUDE dados disponíveis (ISO 31000, 2009)
Existe Risco zero ou nulo??

Uma barragem deve ser uma estrutura segura, sempre


projetada, construída, operada e mantida dentro da mais
perfeita técnica existente.

O estudo da ruptura de uma


barragem é importante, sendo o
vale do rio a jusante habitado
ou não. Existe sempre a
necessidade de se determinar
riscos de perdas de vidas
humanas e, também, danos
econômicos, sociais e
ambientais.
Histórico
Década de 60  Avaliação das consequências a jusante
de um possível acidente.
Conceitos como sistemas de alerta, mapas de inundação
e avaliação de risco a jusante passaram a ser
considerados.

Baldwin Hills (1963)


Sistemas de alerta e de
evacuação foram
utilizados.

Redução de vítimas fatais:


5 em 16.500 pessoas em
risco
PAE - PLANO DE AÇÕES
EMERGENCIAIS

PAE é um documento formal, no qual estão


identificadas as condições de emergência em potencial
para a barragem. Deve ser preparado, testado,
divulgado e mantido para qualquer barragem cuja
ruptura possa resultar em mortes e danos os quais um
alerta antecipado possa anular ou reduzir estes.

“O órgão fiscalizador poderá determinar a


elaboração de PAE em função da categoria de
risco e do dano potencial associado à
barragem, devendo exigi-lo sempre para a
barragem classificada como de dano potencial
associado alto.” (Lei n° 12.334, 2010)

Objetivo do PAE: SALVAGUARDAR vidas e diminuir DANOS


PAE - PLANO DE AÇÕES
EMERGENCIAIS

Os empreendedores com barragens classes como A ou B


ou os empreendedores os quais o órgão regulador
solicitar formalmente são obrigados a elaborá-lo,
devendo ser conduzida pelo Responsável Técnico e
contemplar, minimamente, os dispositivos previstos no
art. 12 da Lei nº. 12.334, de 20 de setembro de 2010.

 Elaborado por uma equipe pluridisciplinar, com


competências em diversas disciplinas que envolvem o
risco em barragens, designadamente, hidráulica e/ou
hidrologia, estruturas e/ou geotecnia, electrotecnica e/ou
sistemas de comunicações bem como especialistas em
Sistemas de Informação Geográfica (SIG).
RESPONSABILIDADES GERAIS
NO PAE - QUEM É QUEM?

(VISEU, 2019)
PAE
Dispositivos Previstos

O PAE deve conter, pelo menos:


I. Identificação e análise das possíveis situações de
emergência;
II. Procedimentos para identificação e notificação de
mau funcionamento ou de condições potenciais de
ruptura da barragem;
III. Procedimentos preventivos e corretivos a serem
adotados em situações de emergência, com
indicação do responsável pela ação;
IV. Estratégia e meio de divulgação e alerta para as
comunidades potencialmente afetadas em situação
de emergência.
DETECÇÃO, AVALIAÇÃO,
CLASSIFICAÇÃO E AÇÕES ESPERADAS
PARA CADA NÍVEL DE PERIGO

Nível de
Definição
resposta
Não foram encontradas anomalias (ou ocorrências
excecionais) ou as anomalias encontradas não
Normal comprometem a segurança da barragem, mas devem ser
controladas e monitoradas do tempo
As anomalias encontradas não comprometem a segurança
Atenção da barragem, a curto prazo, mas devem ser controladas,
monitoradas ou reparadas
As anomalias encontradas representam rico à segurança da
Alerta barragem, devendo ser tomadas providências para a
eliminação do problema
As anomalias encontradas representam risco de ruptura
iminente, devendo ser tomadas medidas de prevenção e de
Emergência redução dos danos materiais e humanos decorrentes de
uma eventual ruptura da barragem
Gestão operacional da segurança integrada Gestão do Risco

inundação
Emergência

Mapas de
Técnico Monitoramento
Medidas de urgência
Operacional e Vigilância pré-programadas

Controle dos
níveis de risco

Declaração de níveis
Observação e de emergência/alerta
Medidas de Análise – previsão

ocupação do vale
prevenção de situações Aplicação dos níveis

Controle de
de emergência
especiais
Plano de respostas a
inundação

Acompanhamento Defesa Civil


Plano de da Situação
Emergência de
Aviso no Vale
Barragem -
PEB
Evacuação
Quantificação das
Consequências

Custos (impactos) de todas as possíveis consequências do


evento de falha:
 Diretos relacionados ao empreendimento em si
 Danos sociais a terceiros (edificações, feridos, mortos)
 Danos a infraestrutura pública (serviços, transporte etc.)
 Danos ambientais
 Danos de imagem etc. (ASSIS, 2018)

(RIBEIRO, 2017)
Quantificação das
Consequências

• Estudos de Dam Break para definir mapas de


inundação, impacto hidrodinâmico e tempo de chegada:
• Modelo digital do terreno a jusante
• Fator de rugosidade da superfície
• Viscosidade do fluido do reservatório
• Levantamento de populações, edificações, bens,
infraestrutura e patrimônio histórico, social, cultural e
ambiental
(ASSIS, 2018)
Mapa de Inundação
(Rocha, 2015)
Onda de
Cheia

(COLLE, 2008)

(ANA, 2013)
(VISEU, 2019)
Mapa de Impacto Hidrodinâmico

(BALBI, 2008) (ASSIS, 2018)


Consequências do Impacto
Hidrodinâmico
Consequências do
Impacto Hidrodinâmico
Fluxo de Detritos: Bento Rodrigues, Mariana-MG (2016)
Bento Rodrigues, Mariana-MG (2016)
Tempo: 40 min
Espaço: Barragem de Fundão até Bento Rodrigues
Distância total percorrida = 6.336,12m

9,50 km/h
Velocidade:
2,64m/s

2.640,00mm/s

(adaptado do Google street view, 2016)

Edificação Antes e após o evento


Zona de Auto-Salvamento (ZAS) – área inundável a jusante da
barragem onde se considera não haver tempo suficiente para
intervenção das autoridades competentes em caso de acidente
e a população que nela habita deve estar preparada para se
deslocar pelos seus próprios meios.
O PAE  estudos da análise e avaliação
de risco
Outros aspectos:

• estrutura do plano;
• descrição das instalações envolvidas;
• cenários acidentais considerados;
• área de abrangência e limitações do plano;
• estrutura organizacional, contemplando as atribuições e
responsabilidades dos envolvidos;
• fluxograma de acionamento;
• Ações de resposta às situações emergenciais compatíveis com os
cenários acidentais considerados, de acordo com os impactos
esperados e avaliados no estudo de análise de riscos, considerando
procedimentos de avaliação, controle emergencial (combate a
incêndios, isolamento, evacuação, controle de vazamentos, etc.) e
ações de recuperação;
O PAE  estudos da análise e avaliação
de risco
Outros aspectos:

• Recursos humanos e materiais;


• Divulgação, implantação, integração com outras instituições e
manutenção do plano;
• Cronogramas de exercícios teóricos e práticos, de acordo com os
diferentes cenários acidentais estimados;
• documentos anexos: plantas de localização da instalação e layout,
incluindo a vizinhança sob risco, listas de acionamento (internas e
externas), ZAS, listas de equipamentos, sistemas de comunicação
e alternativos de energia elétrica, relatórios, etc.
Outras etapas para elaboração de um PAE:

1. Identificar situações, ou eventos, que podem requerer o início de uma ação de emergência,
especificar as ações a serem tomadas e por quem;
2. Identificar todas as jurisdições, agências e indivíduos que serão envolvidos na
implementação do PAE;
3. Identificar os sistemas de comunicação primários e auxiliares, quer sejam internos (entre as
pessoas da barragem), quer sejam externos (entre o pessoal da barragem e as agências
externas);
4. Identificar todas as pessoas e agências envolvidas no processo de notificação, e esboçar um
fluxograma que mostre quem deve ser notificado, em qual ordem e qual a expectativa das
outras ações das agências de jusante. Agência governamentais envolvidas, podem possuir o
seu próprio plano de contingências. Estes planos irão normalmente requerer modificações
para incluir ações necessárias, resultante de uma inundação por ruptura de barragem;
5. Desenvolver um esboço do PAE;
6. Realizar reuniões de coordenação com todas as partes envolvidas na lista de notificação,
para revisar e comentar o PAE esboçado;
7. Fazer as revisões, obter a aprovação de regulamentação necessária, concluir e distribuir o
PAE.
Identificação e avaliação de
situações de emergência

Detectadas com antecipação suficiente, as emergências


potenciais podem ser avaliadas e as ações preventivas ou
corretivas podem ser tomadas.

O PAE deve conter procedimentos claros quanto à adoção de ações,


uma vez identificada uma emergência em potencial. A notificação
da situação de emergência requer que a pessoa responsável pelo
contato inicie a ação corretiva e decida se, e quando, uma
emergência deve ser declarada e o PAE executado.

Orientações claras devem ser fornecidas no PAE sobre as condições


que requeiram que uma emergência seja declarada.
Procedimentos
de Notificação

Lista de todas as
pessoas e entidades
que deverão ser
notificadas de acordo
com a eventualidade
Fluxograma da Notificação
Diagrama de hierarquia das notificações

(VISEU, 2019)
Resposta durante períodos de falta
de energia elétrica e de intempéries

Acessos ao Local
rotas primárias, secundárias e meios sob várias
condições (rodoviários, hidroviários e aéreos)

Fontes de Equipamentos e Mão de Obra


A localização e a disponibilidade de equipamentos e
empreiteiros, que podem ser mobilizados devem ser
incluídos.

Estoques e Materiais de Suprimentos


Considerações Finais

 O PAE deve ser remetido àqueles que estiverem envolvidos e


todas as cópias registradas (protocoladas) devem ser
atualizadas.

 Alterações e atualizações do PAE:Os nomes e os números de


telefone (celular) das pessoas de contato devem ser
constantemente atualizados (uma vez por ano).

 O método de encadernação deve facilitar a troca rápida de


folhas que sofreram revisão ou que foram atualizadas. Uma lista
dos possuidores dos planos deve aparecer no PAE.

 O PAE deve ser testado: podem abranger desde um exercício


teórico em cima de uma prancheta, até uma simulação em
escala total de uma emergência, bem como podem incluir
rupturas múltiplas.
Considerações Finais

 Deve-se fornecer treinamento para assegurar que o pessoal da


barragem, envolvido no PAE, esteja totalmente familiarizado
com todos os elementos do PAE, a disponibilidade de
equipamentos, seus encargos e responsabilidades.

 O pessoal tecnicamente qualificado deve ser treinado para


detectar, avaliar os problemas e providenciar as medidas
corretivas apropriadas, quer sejam emergenciais ou não. Esse
treinamento é essencial para a avaliação adequada das
situações em desenvolvimento, em todos os níveis de
responsabilidade, as quais, em princípio, são normalmente
baseadas nas observações “in loco”. Um número suficiente de
pessoas deverá ser treinado para assegurar uma assistência
adequada, a qualquer tempo.
Referências
• BRASIL - LEI Nº 12.334, DE 20 DE SETEMBRO DE 2010. Política Nacional de Segurança de Barragens
destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à
acumulação de resíduos industriais.
• ISO - International Standard ISO-31000 (2009). Risk management – Principles and Guidelines
• ICOLD-International Committee on Large Dams. (2014). Bulletin 121 “Tailings Dams Risks of Dangerous
Occurrences Lessons Learned From Practical Experiences”;
• ASSIS, A. P., (2015) Notas de sala de aula de Barragens, Pós-Graduação em Geotecnia –UNB.
• Critérios de Projeto Civil de Usinas Hidrelétricas – Eletrobrás – Outubro de 2003
• CBDB [1999] Guia básico de segurança de barragens, Comitê Brasileiro de Barragens - Núcleo Regional de
São Paulo - Comissão Regional de Segurança de Barragens, 77 páginas.
• Elaboração de Plano de Contingencia; Ministério da Integração Nacional - 1ª Edição Brasília – DF; 2017
• BALBI, Diego Antônio Fonseca Metodologias para a elaboração de planos de ações emergenciais para
inundações induzidas por barragens: estudo de caso: Barragem de Peti – MG; Dissertação de mestrado;
UFMG; 2008.
• VISEU, Maria Teresa; Curso de treinamento do PAE; ANA 2019
• SILVEIRA, João F. Alvez; MACHADO, José A. A.; A importância da Implementação de Planos emergenciais
para barragens a montante de Centros Urbanos. XXVI Seminário de Nacional de Grandes Barragens;
Goiânia-GO, 2005.

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