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Resiliência

Na década de 1980, pesquisadores americanos e ingleses voltaram sua atenção


para o fenômeno das pessoas que permaneciam saudáveis apesar de expostas a
severas adversidades. Chamaram inicialmente essas pessoas de invulneráveis e o
fenômeno, de invulnerabilidade, como o termo que seria mais tarde substituído por
resiliência.
Mais recentemente, existe 3 correntes de pesquisa que abordam o tema através
de diferentes perspectivas, são elas: a norte-americana ou anglosaxônica, a europeia e
a latino-americana. A corrente norteamericana seria mais pragmática, mais centrada no
indivíduo, tomando como avaliação da resiliência dados observáveis e quantificáveis,
geralmente com enfoque behaviorista ou ecológico transacional. A resiliência, aqui,
surge como produto da interação entre o sujeito e o meio em que está inserido. A
corrente europeia teria uma perspectiva ética, mais relativista, com enfoque
comumente psicanalítico, tomando a visão do sujeito como relevante para a avaliação
da resiliência. De acordo com Fantova, para esta corrente, a resposta do sujeito às
adversidades transcende os fatores do meio, é “tecida” a partir da dinâmica psicológica
da pessoa, o que possibilita uma narrativa íntima e uma narrativa externa sobre a
própria vida. Já a corrente latino-americana é mais comunitária, com enfoque social em
resposta aos problemas do sujeito em meio às adversidades ( BRANDÃO et al, 2011)
Como conceito, pode-se fazer uma analogia ao termo utilizado pela física e pela
psicologia: a relação tensão/ pressão com deformação não-permanente do material
corresponderia à situação que ocorre entre uma situação de risco/ estresse/
experiências adversas/ respostas finais de adaptação. A definição de resiliência em
psicologia não é tão clara e precisa como na física, pois múltiplos fatores devem ser
considerados no estudo dos fenômenos humanos (ANGST, 2009).
A resiliência pode ser classificada em três tipos, de acordo com Garcia (2001), a
emocional, a acadêmica e a social. A resiliência emocional relaciona as experiências
positivas que levam a sentimentos de autoestima, autoeficácia e autonomia, que
capacitam a pessoa a lidar com mudanças e adaptações, obtendo um repertório de
abordagens para a solução de problemas. A resiliência acadêmica engloba a escola
como um lugar onde habilidades para resolver problemas podem ser adquiridas com a
ajuda dos agentes educacionais. E a resiliência social envolve fatores relacionados ao
sentimento de pertencimento, supervisão de pais e amigos, relacionamentos íntimos,
ou seja, modelos sociais que estimulem a aprendizagem de resolução de problemas.
Salienta-se que a resiliência não pode ser considerada um escudo protetor, que
fará com que nenhum problema atinja essa pessoa, a tornando rígida e resistente a
todas as adversidades. Não existe uma pessoa que É resiliente, mas sim a que ESTÁ
resiliente. Esse é um processo dinâmico, e as influências do ambiente e do indivíduo
relacionam-se de maneira recíproca, fazendo com que o indivíduo identifique qual a
melhor atitude a ser tomada em determinado contexto( PINHEIRO, 2004)
Pode se dizer que existem fatores de risco e proteção quando se refere a
resiliência. Os fatores de proteção são as influências que modificam ou melhoram a
resposta de uma pessoa a algum perigo que predispõe a um resultado não adaptativo,
e que parecem mudar ou reverter circunstâncias potencialmente negativas. Já os
fatores de risco, são variáveis que aumentam a probabilidade de desadaptação do
sujeito diante de uma situação de perigo (MOTA et al, 2006)
Pessoas resilientes apresentam características básicas como: autoestima
positiva, habilidades de dar e receber em relações humanas, disciplina,
responsabilidade, receptividade, interesse, tolerância ao sofrimento entre outras.

REFERÊNCIAS

Angst, R. Psicologia e resiliência. Psicol. Argum. 2009 jul./set., 27(58), 253-260.


Brandão, J. M., Mahfoud, M., & Gianordoli-Nascimento, I. F. (2011). Resiliência
em psicologia. Paidéia, 21(49), 263-271.
Garcia, I. (2001). Vulnerabilidade e resiliência. Adolescencia Latinoamericana, 2,
128-130.
Mota, D. C. G. A., Benevides-Pereira, A. M. T., Gomes, M. L., & Araújo, S. M.
(2006).Estresse e resiliência em doença de chagas. Aletheia, 24, 57-68.
Pinheiro, D. P. N. (2004). A resiliência em discussão. Psicologia em Estudo, 9(1),
67-75.

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