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Resumo do livro ‘’Em busca de sentido’’ de Viktor Frankl 

Mariana Mazzoni Garcia RA00197271 

Administração MA3 – Introdução ao pensamento teológico I 

Introdução

Esse trabalho trata-se de um resumo de alguns tópicos junto de uma


breve análise do livro ‘Em busca de sentido’ de Viktor Frankl. O livro relata a
experiência do autor, durante a Segunda Guerra Mundial, dentro de campos de
concentração nazista onde o mesmo viveu por 3 anos trabalhando de forma
demasiada, em condições de extrema fraqueza e subnutrição, em meio a um
frio congelante sem nenhum amparo, assistindo muitos de seus companheiros
se suicidando ou em profunda depressão, devido ao abusivo físico e
psicológico no qual os prisioneiros eram submetidos diariamente. 

Foi selecionado e resumido por mim, tópicos que de alguma forma mais
chamaram e prenderam minha atenção. A partir deles, construí uma análise
referente ao livro no geral. 

Em busca de sentido

Viktor Frankl inicia seu livro salientando que o mesmo não se trata de
fatos e acontecimentos externos, mas que são experiências pessoais que o
próprio autor e seus companheiros viveram dentro de Auschwitz, o maior
campo de concentração estabelecido pelos nazistas, e também relatos de
outros campos mais reduzidos pelos quais o autor passou. São apresentados
fatos na medida em que eles desencadearam uma experiência na própria
pessoa, fazendo com aqueles que nunca vivenciaram algo do tipo, passam a
compreender a experiência do prisioneiro e suas atitudes. O autor certifica-se
dizendo que os relatos são de meros prisioneiros, e não daqueles que
dispunham de privilégios, mais conhecidos como Capos.  
Seleção ativa e passiva

Em seu primeiro subtítulo, o autor descreve sobre uma seleção que


ocorre assim dentro do campo de concentração. A seleção é feita de modo que
os mais enfermos e incapacitados para o trabalho escravo que terão de
encarar, são colocados em um transporte com destino a câmera de gás. E os
mais robustos e considerados aptos para o trabalho pesado, são direcionados
para a recepção, onde tudo é tomado do prisioneiro todos seus documentos e
bens materiais, o que faz que muitos apelam para um nome ou uma história de
vida diferente, já que são identificados por números e nada pode comprovar ou
contradizer o que está sendo dito. 

Ensaio Psicológico

No ensaio psicológico, o autor se identifica como ex-prisioneiro 119104 e


tenta descrever o que vivenciou no campo de concentração. É relatado que o
autor passou maior parte de seu tempo trabalhando em escavações e na
construção de ferrovias, cavando sozinho um túnel por baixo de uma estrada,
para a colocação de canos d ‘água. Para todo seu trabalho bem feito, ele
recebia chamados cupons-prêmios, que eram emitidos pela firma de
construção para qual ‘’prestavam serviços’’. Cada cupom correspondia à 50
centavos e podiam ser trocados por 5 cigarros no campo de concentração.  

Porém, certa quantia de cigarros era equivalente a mesma quantia de


sopas, e para se salvarem de uma morte por inanição, raramente gozavam do
prazer de fumar um cigarro, e aqueles que preferiam o cigarro à sopa, já
tinham perdido as esperanças e desistido de continuar vivendo. 

A estação ferroviária de Auschwitz

Choque de recepção. Assim que todos os passageiros descobriram o


real destino do trem, entraram em desespero pois sabiam o que estava por vir,
um lugar tão famoso por todos na época, conhecido por seu tão cruel objetivo,
fez com que Viktor Frankl entrasse em um modo de choque de recepção.  
Após desembarcarem, Viktor vivenciou outro quadro clínico conhecido
pela psiquiatria como ilusão de indulto: a pessoa condenada à morte,
precisamente na hora de sua execução, começa a acreditar que ainda
receberá o indulto justamente naquele último instante. Ao ver com otimismo a
aparência de certos prisioneiros, o modo que eles riam, com seus rostos
rechonchudos, o autor imaginou que sua experiência no maior campo de
concentração nazista não poderia ser tão ruim assim e pensou que também
chegarei à essa situação boa. 

Todavia, conforme seu tempo dentro do campo foi passando, o autor


descobriu que esses prisioneiros eram escolhidos apenas para receber os
transportes dos milhares das pessoas que entravam naquele campo de
concentração, ou seja, eram considerados a ‘’elite’’ dos prisioneiros, e que ele
seria um prisioneiro comum, vivendo em um barracão destinado a 200
pessoas, com 1100 companheiros. 

As primeiras reações

Humor negro, curiosidade e surpresa. Foram as três primeiras reações


do autor e seus companheiros diante a situação. Sabendo que não havia mais
nada a se perder, passaram a fazer comentários engraçados das
circunstâncias que todos se encontravam.

A curiosidade também apareceu e o autor começou a questionar se


escaparia do campo com vida. Começou a se perguntar o que aconteceria,
quais seriam as consequências daquele banho que estavam tomando e de ficar
nu e molhado ao ar livre no frio que estava.

E por fim, a surpresa. Por exemplo, a surpresa de não ter ficado


resfriado.

‘’Entrar no fio?’’

Ainda na primeira fase da reação psicológica, perante a uma situação


sem saída, à morte, o autor revela como diante de tudo isso é normal passar a
ter pensamentos suicidas, mesmo que por um instante. Portanto, ele faz a ele
mesmo uma promessa, de não ‘’ir para o fio’’. No campo de concentração, ‘’ir
para o fio’’ é desistir de tudo e tocar no arame farpado eletrificado em alta
tensão, e assim, cometer suicídio.

Em sua primeira manhã em Auschwitz, um colega infiltrou-se na barraca


do autor, e o tranquilizou dizendo que médicos tinham mais chances de
sobrevivência, e alertou os prisioneiros da barraca, que para continuarem
vivos, tinham que parecer sadios, portanto ele recomendou todos a fazerem a
barba, pois assim eles aparentam ser mais jovens, e o rosto fica rosado depois
de passar a lamina. Tinham que dar a impressão de serem capazes de
trabalhar, pois caso contrário, seriam mandados imediatamente para a câmera
de gás.

Apatia

Segundo estágio após o estágio do choque. O autor descreve que a fase


da relativa apatia é quando a pessoa aos poucos vai morrendo interiormente. A
apatia faz com que você observe seu companheiro sendo esmurrado até cair
no chão, e não tenta mais ignorar a cena pois ela não perturba mais, você se
torna indiferente e insensível. O nojo, o horror, o compadecimento, a revolta,
tudo isso já não pode sentir nesse momento. Depois de tantas torturas, abusos
físicos e mentais, trabalho forçado, familiares morrendo, você se torna frio,
indolente, letárgico. A apatia e a insensibilidade emocional, o desleixo interior e
a indiferença são todas características da segunda fase das reações anímicas
do recluso no campo de concentração.

O autor observava como seus companheiros se aproximavam do


cadáver ainda quente, sem nenhuma compaixão, tomando o resto de seus
alimentos, verificando se os sapatos estão melhores que os seus próprios,
surrupiando seu único manto.

É dito pelo autor, que a apatia como principal sintoma da segunda fase é
um mecanismo necessário de autoproteção da psique. Pois toda a atenção, e
os sentimentos, concentram-se em torno de um único objetivo: salvar a vida. E
todos se sentiam mais mortos do que vivos.
O que dói

O autor revela que a dor física causada por golpes não é a mais
importante, a dor psicológica e a revolta pela injustiça é o que mais doía. O
mesmo relata uma de suas experiências mais revoltantes, quando em meio a
uma tempestade de neve, não pode parar para tomar um folego e se aquecer,
que no mesmo instante o guarda levanta uma pedra no chão e atira em direção
ao autor, não lhe concedendo um descanso e o tratando como animal.

Fome

A alimentação era escassa e só era fornecido aos prisioneiros uma sopa


rala por dia, com direito a uma porção extra ou de rodela de linguiça ou um
pedaço de pão. Portanto, o instinto de alimentação ocupou o lugar principal, em
um momento que não estavam sendo rigorosamente vigiados, a primeira coisa
de que começam a falar era comida.

Os prisioneiros se encontravam em estado de extrema subnutrição,


parecendo esqueletos vestidos de pele, com a musculatura definhada e sem
nenhuma resistência.

A fuga para dentro de si

O autor narra sobre como as pessoas sensíveis, mesmo vivenciando


uma situação dolorosa no campo de concentração, permanecem abertas a
possibilidade de se retirar daquele ambiente terrível para se refugiar num
domínio de liberdade espiritual e riqueza interior. O auto explica que essa é a
única maneira das pessoas mais delicadas conseguirem suportar melhor a vida
num campo de concentração do que as pessoas de natureza mais resistente.

O mesmo aconteceu com o autor, quando ele passa a ver sua esposa e
conversar com ela todas as noites. Ouvindo-a responder, sorrindo, e sentindo
seu olhar. Fazendo com que o autor escape um pouco de seu sofrimento.
Arte no campo de concentração

Viktor expõe que existia humor dentro do campo de concentração,


mesmo que apenas por segundos ou minutos. O humor constitui uma arma da
alma na luta por sua autopreservação. Isso fazia com que os prisioneiros,
mesmo que por poucos instantes, passasse por cima da situação utilizando o
humor.

O autor fazia piadas com a situação em que viviam, tentando enxergar


as coisas numa perspectiva engraçada, optando por viver a vida como uma
arte, mesmo que em um campo de concentração.

Felicidade é ser poupado

Os prisioneiros agradeciam ao destino quando eram poupados de algum


sofrimento, mesmo que o mínimo. Eram gratos por conseguir dormir uma noite
inteira, por catar seus piolhos mesmo que sem roupas em um barracão
extremamente gelado. O autor retrata o que era felicidade para eles: não
precisarem trabalhar no dia e ficar ‘’em repouso’’, deitar-se sobre tabuas de um
galpão, ficar o da inteiro encostados em um canto apertado no barracão,
esperando pela distribuição diária da pequena porção de pão e sopa ainda
mais reduzida por estarem em repouso.

Essa era a felicidade descrita pelo autor, mas é claro que todas essas
miseráveis alegrias representavam apenas uma isenção de sofrimento.

Irritabilidade

A irritabilidade representa uma das mais eminentes características da


psique do prisioneiro. Sua causa é a fome, a falta de sono, a ausência de
nicótica e cafeína.

Há também o sentimento de inferioridade devido ao tratamento que


recebem, pois antes cada prisioneiros era alguém, e no campo de
concentração, passaram a ser um ninguém. Ainda que, existiam os capôs, os
cozinheiros, os chefes de deposito e os ‘’policiais’’ do campo, que dentro de
uma peculiar estrutura sociológica do campo de concentração, eram
considerados mais importantes que os meros prisioneiros comuns.

A liberdade interior

É dito pelo autor que a alma humana é clara e forçosamente


condicionada pelo ambiente, então, em um campo de concentração, é
precisamente a vida ali imposta que determina o comportamento da pessoa.
Viktor conta que a pessoa pode muito bem agir fora do esquema, mesmo
dentro da situação em que ele se encontrava. Em princípio, toda pessoa pode
decidi de alguma maneira do que ela acabara dando, em sentido espiritual: um
típico prisioneiro de campo de concentração ou então uma pessoa humana,
que conserva a sua dignidade. A liberdade interior do ser humano permite-lhe
configurar a sua vida de modo que tenha sentido.
A experiência no campo de concentração, revelou ao ator, que somente
cede às influências do ambiente no campo (em sua evolução de caráter)
aquele que já desistiu espiritualmente e humanamente. E quem desiste,
entrega os pontos como pessoa, começa a viver em uma depreciação total da
realidade, abandonando a si mesma. O autor afirma que tais pessoas podem
estar se esquecendo que podem ser situações como essas, extremamente
difíceis, que da a pessoa oportunidade de crescer interiormente. ‘’A emoção
que é sofrimento deixa de ser sofrimento no momento em que dela formamos
uma ideia clara e nítida’’.

Perguntar pelo sentido da vida

O autor ensina que não importa o que nós ainda temos a esperar da
vida, mas sim exclusivamente o que a vida espera de nós. Não se deve
perguntar qual o sentido da vida, e sim antes reconhecer que é ela quem está
sendo questionada. O sentido da vida é relativo para cada ser humano,
nenhum ser humano e nenhum destino pode ser comparado com outro.
No campo de concentração, o que lhes importava, era o objetivo da vida
naquela totalidade que incluiu a morte e assim não somente atribui sentido a
‘’vida’’, mas também ao sofrimento e à morte.

Psicologia da guarda

O autor indaga: Como é possível que pessoas de carne e osso cheguem


a infligir tamanho sofrimento a outros seres humanos?

Afirmar que alguém fazia parte da guarda do campo, ou que foi


prisioneiro no campo não quer dizer nada. O autor fala que não podemos
simplesmente deduzir que ‘’os prisioneiros são anjos e os guardas são
demônios’’. A bondade humana pode ser encontrada em todas as pessoas e
ela se acha também naquele grupo que deveria ser condenado.

Foi deduzido por Viktor que existem sobre a terra duas ‘’raças’’
humanas: a ‘’raça’’ das pessoas direitas e as das pessoas torpes, e ambas as
‘’raças’’ estão difundidas, estão em todos os grupos, não há grupo constituído
apenas de pessoas direitas nem unicamente de pessoas torpes.

Logoterapia

Logoterapia é a doutrina terapêutica de Viktor Frankl. É basicamente


uma psicoterapia centrada no sentido. Ela se concentra no futuro e tira do foco
de atenção todas aquelas formações tipo círculo vicioso e mecanismos que
desempenham papel na criação de neuroses. A logoterapia confronta o
paciente com o sentido de sua vida e o reorienta para o mesmo.

Para a logoterapia, a busca de sentido na vida da pessoa é a principal


força motivadora no ser humano.

A motivação primaria na vida de um individuo é a busca por um sentido.


Foi realizada uma pesquisa estatística com 7.948 alunos em 48 universidades
sobre o que consideravam muito importante para eles naquele momento e 78%
afirmaram que seu principal objetivo era encontrar um proposito e sentido para
suas vidas.
A vontade de sentido pode ser frustrada, nesse caso a logoterapia fala
de ‘’frustração existencial’’, podendo resultar em neuroses.

A logoterapia aborda neuroses noogenicas, neuroses coletivas,


noodinamica, utiliza técnicas para que o vazio existencial seja compreendido e
suprido, tem como principal tarefa dar sentido a vida, encontrar a essência da
existência, dar sentido ao amor e ao sofrimento, aborda problemas
metaclínicos, logodrama, ansiedade antecipatória, entre outros fatores a serem
melhorados ou até mesmo curados pela logoterapia, desenvolvendo técnicas
especiais para lidar com os mais variáveis casos relacionados ao sentido. A
logoterapia penetra na dimensão especificamente humana. Qualquer análise,
procura tornar o paciente consciente daquilo por que ele realmente anseia na
profundidade do seu ser.

Conclusão/Análise

A obra é composta por duas partes, a primeira trata-se das experiências


detalhadas do autor, um psiquiatra austríaco, dentro de um campo de
concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial, e a segunda parte
consiste na logoterapia, uma doutrina terapêutica de Viktor Frankl, sendo
basicamente um sistema teórico que busca sentido para a existência humana.
Para ele, no momento em que descobrimos o sentido da nossa vida, a
felicidade vem de consequência. O autor expõe sua angustiante e dolorosa
bagagem através de tópicos, onde cada um dispõe de seus relatos junto de
seus pensamentos psicológicos/filosóficos.

A abordagem do autor é impressionante, o modo em que ele reproduz


os fatos e os acontecimentos dentro de um ambiente que não dá o menor valor
à vida humana ou à dignidade das pessoas, faz com que o leitor se envolva na
história e se sinta revoltado perante tanta injustiça e desumanidade.

Viktor Frankl e seus companheiros foram submetidos a trabalhos


forçados, frio congelante, ambientes com nenhuma higiene, foram postos em
meio a tantas doenças, mas mesmo com essas perspectivas, o autor se
habituou e supreendentemente conseguiu manter-se com sanidade mental,
devido a sua última liberdade: a capacidade de escolha. ‘’ Quando não
podemos mais mudar uma situação, somos desafiados a mudar nós mesmos’’
ou seja, nem sempre podemos escolher nossas circunstâncias, mas sempre
podemos escolher nossa atitude para essas circunstâncias.

Em meio a uma chance de 1/28 de sobrevivência, onde muitos eram


mandados para a câmera de gás, outros optavam pelo suicídio ou
simplesmente paravam de viver pois não viam mais sentido para isso, é
impressionante saber que houve quem conseguiu sobreviver e ainda manter
sua liberdade interior. Assim como foi dito pelo autor ‘’a liberdade interior do ser
humano permite-lhe configurar a sua vida de modo que tenha sentido (...)
sendo aquele que tem um porquê para viver, pode suportar quase qualquer
como’’ O autor, diante de tanto sofrimento, conseguiu achar um sentido para o
mesmo, Viktor fez com que toda a angustia da época virasse seu objetivo para
conseguir passar por cima da situação e aguentar todas as dores psicológicas
provocadas por consequência, junto também, do humor auto depreciativo.

Por fim, Viktor encerra sua magnifica obra com uma definição certeira ‘’
o que é, então, um ser humano? É o ser que sempre decide o que ele é. É o
ser que inventou as câmaras de gás, mas também é aquele ser que entrou nas
câmaras de gás, ereto, com uma oração nos lábios’’. Ou seja, somos capazes
de coisas inimagináveis tanto para o bem quanto para o mau, porém temos o
poder da escolha, somos nós quem damos o sentido da nossa existência e
agregamos valor à nossa essência.

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