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INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................7
Casos de fracasso e sucesso em projetos .........................................................................................7
Diferentes níveis de gestão ...................................................................................................................8
RISCO...................................................................................................................................................................9
Risco versus incerteza..............................................................................................................................9
Risco no contexto de projetos ........................................................................................................... 10
GERENCIAMENTO DE RISCOS ..................................................................................................................... 11
Abordagem de risco conforme o Guia PMBOK ............................................................................. 13
Plano de Gerenciamento de Riscos ................................................................................. 13
DIFERENTES ABORDAGENS......................................................................................................................... 25
Análise qualitativa................................................................................................................................. 28
Análise quantitativa.............................................................................................................................. 33
Faixas de confiabilidade .................................................................................................... 35
Valor único ........................................................................................................................... 37
Valor monetário esperado ................................................................................................ 41
Focos de análise e valor base ........................................................................................... 43
Valor esperado do projeto ................................................................................................ 45
Melhor e pior casos ............................................................................................................ 48
Priorização dos riscos ........................................................................................................ 50
OUTRAS TÉCNICAS ........................................................................................................................................ 53
Árvore de decisão ................................................................................................................................. 53
Árvore de decisão: foco em custos .................................................................................. 53
Simulação de Monte Carlo ................................................................................................................. 55
Análise de sensibilidade ...................................................................................................................... 59
CONLUSÃO ........................................................................................................................................... 83
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 84
PROFESSOR-AUTOR ............................................................................................................................. 85
MÓDULO I – DEFINIÇÕES E CONCEITOS
GERAIS
Introdução
Casos de fracasso e sucesso em projetos
“Projetos são empreendimentos temporários que buscam desenvolver
produtos, serviços ou resultados únicos” (PMI, 2017 p. 4).
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b) Gerenciamento de riscos em portfólios:
O gerenciamento de riscos de um portfólio é caracterizado pelo foco na gestão de um
conjunto de projetos ligados a objetivos estratégicos, à sua interdependência e aos recursos por
eles compartilhados (TELLER; KOCK; GEMÜNDEN, 2014, p. 5).
Risco
Risco versus incerteza
Para gerenciar riscos, antes de tudo, é necessário entender o conceito de risco corretamente,
diferenciando-o do conceito de incerteza.
Uma incerteza é, basicamente, algo que pode ou não acontecer no mundo real, algo que
possui uma chance de materializar-se com uma probabilidade diferente de 0%, mas menor que
100%. Uma incerteza envolve ambiguidade, ausência ou desconhecimento de uma informação
relacionada a um evento futuro. Como exemplo prático, podemos citar a chuva. No momento em
que escrevo este texto, sei que existe a possibilidade de chover, mas isso não é uma garantia, logo
representa uma incerteza. Ao mesmo tempo, tenho dúvidas de qual será o valor da cotação do
Real em relação ao Euro no próximo mês, o que também reflete em uma incerteza.
O risco, por sua vez, vai além da incerteza, pois envolve o impacto que possa vir a ser
provocado por ela. No mercado financeiro, por exemplo, um risco pode ser definido como a
possibilidade de o retorno de um investimento ser menor que o esperado. No ramo de seguros,
um risco é uma situação em que a possibilidade de uma variável ocorrer é conhecida (um
incêndio, por exemplo), mas o valor dessa ocorrência é desconhecido. Já no campo da saúde, um
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risco está associado à probabilidade de um perigo resultar em um evento adverso bem como à
severidade desse evento.
No contexto de projetos, a ISO 31000 (Risk management – principles and guidelines) define
risco com o efeito das incertezas nos objetivos do projeto (ISO 31000, 2009 p. 2). Já o Practice
standard for project risk management (PMI, 2009 p. 9) conceitua o risco de um projeto como um
evento ou condição incerta que, em caso de ocorrência, provocará um impacto (positivo ou
negativo) nos objetivos do projeto.
No exemplo da chuva que acabamos de ver, o fato de chover ou não é irrelevante para mim,
pois estou em uma sala fechada e não pretendo sair dela no momento, ou seja, isso não me
causará nenhum impacto. Já no exemplo envolvendo a cotação do Real em relação ao Euro, o fato
de eu não saber a cotação futura pode ser um risco caso, por exemplo, eu pretenda realizar uma
viagem à Europa. Nesse caso, a variação cambial provocará algum tipo de impacto no meu
planejamento e, consequentemente, nos meus objetivos. Daí a necessidade de a minha viagem ser
devidamente gerenciada.
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Tanto as oportunidades quanto as ameaças são riscos
porque têm como base a mesma estrutura: uma causa
incerta e um impacto.
Muitas pessoas pensam que a palavra “risco” possui apenas a sua versão negativa e utilizam-
na como sinônimo de ameaça, o que, como acabamos de ver, não é uma verdade. Dessa forma, é
incorreto dizer que devemos identificar riscos e oportunidades nos nossos projetos, pois
oportunidades também são riscos.
Outro aspecto importante diz respeito à relação entre causa e efeito. Uma causa incerta
pode gerar um ou vários efeitos, assim como um efeito pode ser provocado por uma ou várias
causas incertas. A quantidade de riscos será definida então pela quantidade de efeitos que as causas
provocarem. Desse modo, temos as seguintes:
Gerenciamento de riscos
Existem diversas definições de gerenciamento de riscos, mas, genericamente, o termo pode
ser definido como um conjunto de processos, técnicas, ferramentas, boas práticas, modelos e tudo
o mais que for necessário para gerenciar os riscos dos projetos de forma adequada.
Os objetivos do gerenciamento de riscos em projetos são:
minimizar a probabilidade ou o impacto das ameaças e
maximizar a probabilidade ou o impacto das oportunidades.
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Dessa forma, todo o esforço será direcionado para a identificação, mensuração, priorização
e demais ações necessárias ao tratamento adequado dos riscos, além de para ações de
monitoramento e controle desses riscos durante a realização do projeto.
O gerenciamento de riscos deve ser parte integrante de qualquer planejamento,
independentemente do seu tipo, do seu tamanho, da sua complexidade ou da fase em que esteja.
Isso se deve ao fato de que todas as outras áreas de gerenciamento, tais como escopo, tempo, custo
e qualidade, possuem incertezas que podem afetar os objetivos do projeto e, por isso, precisam ser
tratadas pelo gerenciamento de riscos. Caso contrário, o planejamento estará repleto de incertezas
e poderá não conduzir ao alcance dos objetivos ou, no limite, inviabilizá-lo.
Como pudemos notar, o gerenciamento de riscos é uma atividade que ocorre de forma
paralela a outros planejamentos e deve ser realizado desde os momentos iniciais do projeto,
quando as incertezas são maiores, até a sua conclusão. Vejamos:
a) Etapa inicial:
No início de um projeto, as várias premissas assumidas precisam ser tratadas para que o
projeto se torne viável e seguro.
b) Planejamento:
Durante o planejamento, as incertezas que podem provocar impacto precisam ser minimizadas
para tornar o ato gerencial o mais estável possível e fornecer estimativas realistas sobre as variáveis do
projeto. Isso gera um maior grau de confiabilidade por parte dos stakeholders envolvidos.
c) Execução:
Na execução, é necessário que se compare o que está acontecendo de discrepante em relação
ao planejamento para que ajustes possam ser realizados. São, justamente, esses elementos que
provocam efeitos nos planos traçados que podem vir a ser chamados de riscos.
d) Etapa final:
Finalmente, no final do projeto ou mesmo no final de uma das suas fases, uma série de
lições aprendidas precisam ser coletadas. É necessário aprender acerca do que deu certo ou errado
no projeto para que planejamentos futuros sejam beneficiados, de modo que venham a ser
desenvolvidos e executados de forma mais adequada.
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Abordagem de risco conforme o Guia PMBOK
Existem várias abordagens de gerenciamento de riscos, tais como:
Practice standard for project risk management (PMI, 2009);
Management of risk – guidance for practiotioners (Axelos, 2012);
ISO 31.000 – Practice standard for project risk management (ISO, 2009) e
Guide to the project management body of knowledge (Guia PMBOK).
Nesta apostila, utilizaremos o Guia PMBOK (PMI, 2017), cujos processos definidos são os
seguintes:
planejar o gerenciamento de riscos;
identificar riscos;
realizar análise qualitativa de riscos;
realizar análise quantitativa de riscos;
planejar respostas aos riscos;
implementar respostas aos riscos e
monitorar riscos.
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Como os riscos serão priorizados?
Que ferramentas serão necessárias?
Quem serão os responsáveis?
Que documentos precisam ser gerados?
Em que local os riscos serão registrados?
Que categorias de risco serão definidas?
De quanto em quanto tempo os documentos precisam ser atualizados?
Quais serão as estratégias de resposta aos riscos?
Que fontes de risco deverão ser consultadas?
Como os riscos deverão ser medidos e priorizados?
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MÓDULO II – IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS
Conceitos gerais
Um risco não pode ser gerenciado se não for conhecido, logo a identificação dos riscos é um
passo fundamental a ser dado e um fator crítico de sucesso para o gerenciamento de riscos.
Apesar de não ser possível identificar todos os riscos de um projeto, mas quanto mais riscos
pudermos identificar e quanto mais antecipadamente realizarmos essa identificação, maiores serão
as chances de sucesso do projeto.
Os riscos podem surgir a qualquer momento e, por isso, é necessário que o processo de
identificação seja contínuo, ou seja, ocorra durante todo o projeto, e não apenas nos seus
momentos iniciais.
No entanto, conforme vimos, todo risco é composto de uma causa incerta e um efeito. A
dúvida que surge é então a seguinte: é possível identificar se os elementos descritos são a causa ou
o efeito de um risco? Não, não é possível, pois nem sequer há uma relação de causa e efeito
descrita claramente.
A forma correta de identificação deveria ser, portanto, a seguinte:
causa – greve dos funcionários; efeito – atraso no cronograma;
causa – fornecedores não confiáveis; efeito – atraso na entrega de materiais e
causa – aumento do custo de matérias; efeito – aumento do custo total da obra.
Observe que alguns dos elementos listados inicialmente tornaram-se causas, e outros,
efeitos. Isso nos leva a ter uma visão completamente diferente dos riscos, pois temos claramente
designada a função de cada elemento. Descrever os riscos corretamente é, portanto, de extrema
importância para os processos de medição dos riscos, pois a causa dará origem a uma
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probabilidade, e o efeito gerará um impacto nos objetivos. Se descrevêssemos os riscos da forma
inicialmente apresentada, o processo de mensuração desses riscos seria inviabilizado.
Podemos concluir então que a má identificação dos riscos levará a uma mensuração
inadequada, o que, consequentemente, prejudicará a priorização e o monitoramento dos riscos.
Fontes de risco
As fontes de ameaças e oportunidades podem ser diversas, e as equipes precisam estar
atentas a cada uma delas, a fim de tomá-las como base para a identificação dos riscos. Nesse
sentido, vamos listar, a seguir, algumas fontes mais comuns que servirão como uma espécie de
guia inicial para as atividades de identificação. É importante observarmos, no entanto, que essas
fontes irão, certamente, variar de acordo com o projeto. Além disso, as fontes listadas a seguir não
estão em ordem de prioridade, mas são muito úteis para a identificação de ameaças e
oportunidades. Vejamos:
a) Ambiente:
Tanto o ambiente interno quanto o externo precisam ser analisados. Quanto ao ambiente
interno, por exemplo, as características da empresa, a sua infraestrutura, a sua cultura, a sua
equipe, os seus processos internos, a experiência e a maturidade da equipe nos processos e as
competências necessárias à condução das atividades podem afetar o projeto.
De forma análoga, características do ambiente externo, tais como o local de realização do
projeto e os fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais e legais, também
merecem ser observados durante o processo de identificação de riscos.
b) Restrições:
As restrições que limitam tanto o projeto em si quanto o próprio ato gerencial devem ser
fonte de atenção, pois, pelo simples fato de serem obrigatoriamente incluídas no planejamento,
sem a opção de flexibilidade gerencial, já impõem algum grau de incerteza em relação ao projeto.
Um exemplo de restrição é o limite orçamentário. Caso esse limite tenha folga considerável
em relação ao que se pretende gastar, isso não necessariamente se reverterá em um risco. No
entanto, se houver dúvida quanto ao fato de o orçamento ser suficiente para o projeto, isso gerará
incertezas que merecem ser tratadas como riscos.
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c) Premissas:
Premissas são eventos, condições ou fatos incertos que assumimos como verdades para
efeito de planejamento. No início, ou mesmo durante o projeto, é comum assumirmos premissas,
pois, sem elas, não teríamos como planejar.
Como são incertas e podem provocar impactos nos planos – e, consequentemente, nos
objetivos –, as premissas são importantes fontes de riscos, devendo ser analisadas e tratadas como tal.
d) Stakeholders:
Equipes, clientes, empresas, órgãos governamentais, patrocinadores e muitos outros
stakeholders podem afetar os projetos de forma positiva ou negativa. Dessa forma, existem várias
ameaças e oportunidades que podem ser observadas a partir da presença de diversos stakeholders
nos projetos.
e) Lições aprendidas:
Podemos colher diversas lições de vivências anteriores, levando o que foi aprendido para
fases ou projetos posteriores. Lições aprendidas são de extremo valor quando se trata de riscos que
podem vir a ocorrer novamente.
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apropriado, pois, dependendo da situação e dos objetivos que se pretende atingir, uma técnica
pode ser mais eficiente que outra.
A escolha das técnicas a serem utilizadas é uma das diretrizes típicas a ser definida no Plano
de Gerenciamento de Riscos. A seguir, listaremos algumas delas, em que contexto devem ser
usadas e como devem ser empregadas.
Analogia
Pode-se dizer que a analogia é a forma mais simples de identificar riscos, pois basta que o
gerente, a equipe ou qualquer outro stakeholder envolvido no processo pense em situações
anteriores em que os riscos foram identificados.
A analogia deve ser usada quando situações anteriores semelhantes ao projeto atual já foram
vividas pelo gerente, pela equipe ou por qualquer outro stakeholder.
Para usá-la, deve-se pensar nas semelhanças e diferenças entre a situação atual e a anterior, e,
a partir daí, definir o que pode ser aplicado ao contexto do atual projeto.
Brainstorming
No mundo corporativo, o brainstorming é bastante conhecido como uma técnica de geração
de ideias, mas pode ser também utilizada como uma técnica de identificação de riscos. A interação
de ideias é o foco dessa técnica, proporcionando resultados que não poderiam ser obtidos se
apenas pessoas com o mesmo tipo de raciocínio ou perspectiva pudessem opinar.
O brainstorming deve ser utilizado quando se quer identificar uma grande quantidade de
riscos em pouco tempo, tendo como base a opinião de pessoas com diferentes perspectivas acerca
do problema em questão. Nesse caso, é importante que as pessoas estejam fisicamente reunidas.
Para usar essa técnica, deve-se reunir um grupo de participantes com diferentes visões, funções e
posições hierárquicas. Em seguida, deve-se abrir a discussão e fazer com que todos tenham a
oportunidade de expressar-se livremente, sem críticas. Tudo o que for dito deve ser considerado,
explorado e registrado, para que possa ser tirado o máximo de proveito da sessão realizada.
Entrevista
A entrevista é uma técnica utilizada para extrair opiniões de pessoas com profundo
conhecimento em um assunto específico. Nesse caso, um ou mais membros da equipe entrevistam
uma ou mais pessoas, buscando informações desconhecidas.
A entrevista é mais utilizada quando não se possui conhecimento profundo acerca de um
assunto e existe a possibilidade de saber a opinião de especialistas. Dessa forma, a equipe deve-se
preparar para fazer as perguntas certas, ou seja, perguntas que visem cobrir lacunas de
conhecimento do projeto.
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No início da entrevista, deve-se informar ao(s) entrevistado(s) sobre o assunto que será
tratado e, em seguida, fazer as perguntas em blocos, separando-as por assuntos. Desse modo, será
possível direcioná-las aos especialistas e tirar o maior proveito possível da técnica.
Delphi
Assim como ocorre no brainstorming, na técnica Delphi, busca-se reunir opiniões de
diversas pessoas. Nesse caso, no entanto, as pessoas não são reunidas fisicamente e, por isso,
podem utilizar o seu anonimato para fornecer opiniões a respeito de determinados assuntos que,
provavelmente, não forneceriam na presença de outras pessoas.
A técnica Delphi deve ser utilizada quando não é possível reunir pessoas fisicamente para a
realização de um brainstorming ou quando se quer ouvir a opinião das pessoas sem que elas
saibam a opinião umas das outras.
A forma mais comum de utilização dessa técnica consiste em convidar os participantes por
e-mail, explicando-lhes o problema e pedindo-lhes que expressem a sua opinião a respeito. As
ideias emitidas devem ser então coletadas, filtradas pelo coordenador e devolvidas ao grupo de
forma consolidada, para que surjam novas ideias.
Esse procedimento pode ser repetido inúmeras vezes, até que o coordenador do processo
esteja satisfeito com as informações recolhidas.
Representação gráfica
Técnicas visuais, como o mapeamento de processos e o mapa mental, são formas
alternativas de identificação de riscos. Nelas, por meio de desenhos esquemáticos, pode-se
entender como os processos ou uma sequência de eventos acontecem, de modo a detectar ameaças
e oportunidades.
A representação gráfica é utilizada, normalmente, quando se quer identificar riscos em
processos. Uma equipe de profissionais especializados em mapear processos ou efetuar mapas
mentas analisa então os processos, ou observa as documentações e o comportamento das pessoas
para que os processos sejam desenhados de forma esquemática e pontos-chave possam ser
observados.
Análise Swot
Acrônimo de strenghts (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportunidades) e threats
(ameaças), a análise Swot também pode ser utilizada como técnica de identificação de riscos pelo
fato de incorporar uma série de elementos incertos referentes aos ambientes externo (ameaças e
oportunidades) e interno (forças e fraquezas).
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Normalmente, essa técnica é utilizada em avaliações estratégicas, mas pode ser adaptada de
modo a ser usada na fase inicial de projetos. Nesse caso, buscam-se elementos do ambiente que
possam vir a afetar o projeto.
Depois de identificados, os elementos incertos dos ambientes interno e externo são
cruzados. Dessa forma, é possível observar se uma força poderá contrapor-se a uma ameaça, se
uma oportunidade poderá ser aproveitada ou se uma fraqueza precisa ser aprimorada para
aproveitar uma oportunidade ou reagir a uma ameaça.
Análise documental
A análise documental consiste em um exame criterioso de toda e qualquer documentação
que possa vir a afetar o projeto.
Baseada em normas, leis, regulamentos, contratos, manuais e documentos relativos ao
projeto, essa técnica deve ser usada quando essas e outras fontes documentais estiverem
disponíveis para análise.
Ao utilizá-la, devem-se avaliar, criticamente, todos os elementos que possam vir a afetar o
projeto, como inconsistências, ambiguidades, fatores limitantes e premissas, assim como
elementos técnicos que exerçam influência positiva ou negativa no projeto.
Outras técnicas tais, como o brainwriting, a análise pós-morten e a nominal group technique,
também podem ser utilizadas, mas são menos comuns no ambiente de projetos.
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A EAR pode servir também como uma fonte de riscos. Nesse caso, as categorias devem ser
definidas no Plano de Gerenciamento de Riscos. Depois de definir as categorias, o gerente do projeto
deve agrupar os riscos por afinidades, o que pode lhe trazer uma série de benefícios, tais como:
reutilização da EAR como fonte de consulta para fases ou projetos futuros;
facilidade de medição e análise dos riscos – pelo fato de os riscos estarem agrupados, é
possível compará-los para uma melhor estimativa de valores e priorização;
maior facilidade quando da escolha de respostas – se os riscos forem semelhantes, é
possível que respostas ou estratégias comuns sejam aplicáveis, o que pode ajudar a
economizar tempo e recursos do projeto;
maior agilidade no monitoramento e controle dos riscos – como os riscos estão
agrupados, o acompanhamento dos fatos e um eventual replanejamento são facilitados, e
utilização da EAR para detectar categorias que possuam mais riscos, que apresentem
maior probabilidade de ocorrência ou maiores impactos, que possam ser respondidas
com maior ou menor facilidade, enfim, que tragam luz ao processo decisório gerencial.
Uma EAR pode possuir vários níveis hierárquicos, o que vai depender do tamanho e da
complexidade do projeto, assim como das necessidades gerenciais. No entanto, uma das formas
mais comuns de organizar uma EAR é utilizando a própria Estrutura Analítica do Projeto (EAP),
o que facilita a categorização e a listagem dos riscos relacionados às entregas ou fases do projeto.
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Na figura a seguir, apresentamos um exemplo de EAR em que se podem observar três
níveis, representados por categorias e subcategorias.
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MÓDULO III – ANÁLISE DE RISCOS
Neste módulo, apresentaremos duas abordagens para a análise detalhada dos riscos, de
forma que possamos medi-los e priorizá-los adequadamente: a abordagem qualitativa e a
quantitativa. Veremos, primeiramente, a abordagem qualitativa, que é de grande valia para uma
avaliação rápida e eficiente dos riscos. Na sequência, apresentaremos a análise quantitativa e o
conceito de valor monetário esperado, bastante útil em análises financeiras de projetos. Outras
técnicas, como a simulação de Monte Carlo, a árvore de decisão e a análise de sensibilidade
também serão discutidas.
Diferentes abordagens
Realizada a identificação dos riscos de forma correta, o próximo passo do gerenciamento de
riscos consiste em medi-los e priorizá-los. Para tanto, existem duas abordagens: a análise
qualitativa e a análise quantitativa. Durante a elaboração do Plano de Gerenciamento de Riscos, o
gerente deverá decidir que tipo de abordagem será utilizada, considerando as seguintes opções:
realizar somente a análise qualitativa;
realizar somente a análise quantitativa ou
utilizar ambas as abordagens – nesse caso, a análise qualitativa é realizada primeiro e, em
seguida, a quantitativa.
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Quadro 1 – Abordagens qualitativa e quantitativa
requer uma avaliação rápida dos riscos requer mais tempo para ser realizada
pode ser usada junto a equipes com requer equipes com boa capacidade de
dificuldade de realizar estimativas realizar estimativas
não permite estimar o custo de resposta aos permite estimar o custo de resposta aos
riscos riscos
Como podemos observar, não há uma abordagem melhor ou pior que a outra. É
simplesmente uma questão de necessidades, possibilidades e objetivos a serem alcançados.
Mais adiante, veremos como colocar em prática as abordagens apresentadas, analisando as
técnicas e ferramentas utilizadas em cada um dos casos.
Antes disso, no entanto, é importante que entendamos o seguinte: independentemente da
abordagem escolhida, um risco será sempre medido em função de dois parâmetros, ambos
definidos no processo de identificação de riscos:
a chance de o risco acontecer, que tem origem no evento incerto e
o possível impacto desse risco, que tem origem no efeito.
= ×
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A importância de reconhecer o conceito de exposição ao risco se deve ao fato de que não faz
muito sentido avaliar um risco somente a partir de um dos parâmetros, mas sim por meio da relação
entre eles. Veremos, a seguir, alguns exemplos qualitativos e quantitativos para efeito de compreensão.
Sabemos que, quando um avião levanta voo, existe a possibilidade de ele cair, provocando a
morte de muitas pessoas. Esse impacto pode ser considerado extremamente alto, mas a sua chance
de ocorrência é reconhecidamente muito baixa. A relação entre os dois parâmetros faz, portanto,
com que o risco seja aceitável e a grande maioria das pessoas continuem a realizar voos.
Pensemos, agora, em um risco que pode causar um impacto negativo em um projeto de
R$ 1.000.000,00 e em outro de R$ 500.000,00. Qual dos dois riscos é o mais crítico? Em
princípio, seria o de maior valor, certo? No entanto, se soubéssemos que a chance de ocorrência do
primeiro risco é de 0,001% e a do segundo é de 99,999%, a nossa avaliação seria bem diferente.
Análise qualitativa
Tomando como base a percepção subjetiva de um ou mais participantes da equipe do
projeto, a análise qualitativa pode ser utilizada para medir e priorizar os riscos, utilizando para isso
vários modelos e parâmetros, conforme veremos seguir. Essas estimativas podem ser feitas de
forma isolada, em grupo ou por especialistas na área de ocorrência do risco. Experiências
anteriores também devem ser utilizadas como parâmetro para comparação dos riscos, de forma
que a avaliação final seja a mais coerente possível.
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As tabelas a seguir trazem exemplos de parâmetros que podem ser usados na análise
qualitativa.
MA M M A MA MA
A B M A A MA
impacto
M B M M A A
B MB B M M M
MB MB MB B B M
MB B M A MB
probabilidade
5 5 10 15 20 25
4 4 8 12 16 20
impacto
3 3 6 9 12 15
2 2 4 6 8 10
1 1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
probabilidade
Podemos observar que, nas tabelas apresentadas, foram usados apenas parâmetros
qualitativos para a medição dos riscos. Nesses casos, quanto mais à direita e acima os riscos forem
avaliados, mais prioritários eles serão para o projeto, independentemente de serem considerados
ameaças ou oportunidades.
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Conforme vimos anteriormente, obter consenso utilizando escalas qualitativas pode ser um
problema. Visando minimizar esse fato, os gerentes podem definir, nas diretrizes estabelecidas no
Plano de Gerenciamento de Riscos, alguns parâmetros que sirvam um guia para a equipe no
momento do julgamento, conforme podemos ver na tabela a seguir.
O julgamento do impacto pode ser feito também com base em parâmetros financeiros, de
tempo, escopo, qualidade ou outro qualquer de interesse do projeto, conforme apresentado nas
tabelas a seguir. Nesses casos, podem ser observados valores absolutos ou valores relativos. Vale
ressaltarmos que os valores apresentados são apenas para efeito ilustrativo e devem ser ajustados de
acordo com cada projeto.
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Tabela 5 – Escala de conversão qualitativa de tempos
PT = pacote de trabalho
*Normalmente utilizado em função das funcionalidades ou dos parâmetros de qualidade
previstos para as entregas do projeto.
Além dos modelos apresentados, podemos utilizar avaliações combinadas, ou seja, utilizar
múltiplos parâmetros em uma mesma tabela, o que permite uma avaliação multivariada dos
possíveis impactos do risco nos objetivos do projeto.
A próxima tabela apresentada é um exemplo em que todos os parâmetros são números
utilizados para medir tanto a probabilidade quanto o impacto em todas as variáveis. Nela temos MB
= 1, B = 2, B = 3, A = 4 e MA = 5. Nesse caso, o valor de exposição ao risco é definido pela
multiplicação de todos os valores atribuídos durante o julgamento.
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Tabela 7 – Cálculo de exposição realizado por múltiplos parâmetros
impacto impacto
impacto no impacto
risco probabilidade em na exposição
cronograma no custo
escopo qualidade
risco 1 2 1 5 2 1 20
risco 2 3 2 1 2 1 12
risco 3 1 2 3 3 4 72
risco 4 4 4 1 2 3 96
Todos esses parâmetros, ou parte deles, podem ser utilizados em conjunto com o grau de
exposição, para que o gerente e os demais stakeholders possam medir e priorizar os riscos de
maneira adequada e efetiva para o projeto.
As avaliações podem ser feitas de forma visual, conforme demonstrado na figura a seguir,
que realiza uma associação entre os seguintes parâmetros de exposição ao risco: proximidade e
urgência. O grau de exposição é representado por círculos e, quanto maior for o círculo, maior é a
exposição ao risco. Isso quer dizer que, quanto maiores forem a proximidade e a urgência, mais
crítico será o risco.
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Figura 4 – Análise qualitativa com os parâmetros de proximidade e urgência
Análise quantitativa
A realização da análise quantitativa não é obrigatória em todos os projetos. No entanto, em
função de algumas necessidades específicas por parte do gerente, dos patrocinadores ou dos
clientes, ou mesmo por conta de imposições legais, ela se faz necessária.
Normalmente utilizada em projetos estratégicos, de maior porte ou complexos, nos quais
grandes componentes relacionados a tempo, custo e qualidade se fazem presentes, a análise
quantitativa tem a vantagem de conseguir transformar todos os possíveis impactos em uma única
variável: o custo. Dessa forma, o impacto no cronograma, no escopo, na qualidade ou em
qualquer outro parâmetro será medido em função do efeito que produzirá nos custos, o que torna
a abordagem quantitativa muito eficiente em termos de comparação entre riscos, de priorização e
de tomada de decisão.
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A maior dificuldade encontrada na abordagem quantitativa consiste na obtenção dos valores
corretos para medir tanto a incerteza (probabilidade) quanto o efeito (impacto financeiro do
risco). Para obter esses valores, sugerimos três possibilidades.
A primeira delas consiste em utilizar parâmetros históricos disponíveis em bases de dados de
projetos anteriores para fazer uma analogia e estimar os valores para o projeto em questão. Vale
ressaltarmos que valores históricos são importantes, mas precisam ser avaliados para saber se ainda
são válidos ou necessitam de adaptação para o projeto. Em alguns casos, o contexto ou o
momento em que os dados históricos foram coletados não são idênticos ou análogos aos do
projeto em análise. Desse modo, cabe ao gerente ou ao responsável pela análise realizar os ajustes
necessários para que os valores façam sentido para o projeto.
Caso não haja disponibilidade de dados históricos, uma segunda opção para obter valores
relativos à probabilidade e ao impacto consiste em buscar a opinião especializada de pessoas que
tenham experiência no caso e possam fazer estimativas confiáveis. Nesse caso, apesar de o
especialista não possuir dados históricos, ele pode inferir, com acurado grau de precisão, os valores
a serem utilizados para a medição e priorização dos riscos.
Por fim, se nenhuma das possibilidades anteriores for possível, a terceira e última opção
consiste em realizar estimativas o mais próximo possível do que se deseja. Essa não é uma tarefa
fácil e, se não for realizada de forma adequada, pode levar a sérios problemas no projeto. Nesse
caso, a forma mais adequada de estimar os valores desconhecidos é realizar a estimativa em grupo,
que, por meio de críticas e sugestões, poderá chegar a valores mais acurados do que aqueles
obtidos por pessoas isoladas. Inicialmente, deve ser realizado um brainstorming com a equipe, de
modo que um tenha a possibilidade de expressar a sua opinião a respeito dos valores em questão
sem nenhuma crítica. Em seguida, deve-se questionar o grupo quanto à existência de uma lógica
(comparativa ou dedutiva) que contenha parâmetros aceitáveis, ou seja, parâmetros confiáveis e
que justifiquem os valores a serem utilizados.
É de vital importância que o grupo chegue a um consenso quanto aos valores estimados e à
coerência daquilo que está sendo medido. Normalmente, isso pode ser atingido por meio de
perguntas como as seguintes:
Que parâmetro estamos usando?
Com base em que esses valores estão sendo estimados?
Qual foi o racional empregado?
É possível comparar a medida com outro conhecimento semelhante?
Há outros dados que nos possam ajudar a estimar esses valores, mesmo que de
maneira indireta?
Esse valor faz sentido no nosso contexto?
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Quando perguntas como essas são respondidas, é comum que diversos valores incialmente
definidos no brainstorming sejam eliminados pelo grupo, pois a ausência de justificativas lógicas e
o poder do grupo de raciocinar em conjunto levam ao consenso pretendido e fazem com que haja
um compromisso de toda a equipe com relação aos valores. Nesse momento, também podem
surgir valores novos, em função dos questionamentos e das respostas obtidas pelo grupo.
A figura a seguir apresenta, de modo esquemático, as formas de estimar valores
quantitativos para os riscos do projeto.
Essa técnica é, normalmente, utilizada quando se deseja obter valores exatos para os
parâmetros de probabilidade e impacto. No entanto, é possível adaptá-la para a obtenção de faixas
de valor, o que torna a estimativa algo bem mais simples.
Faixas de confiabilidade
Quando se utilizam faixas de confiabilidade, inicia-se a técnica pedindo ao grupo que
realize estimativas individuais. No entanto, essas estimativas não serão mais feitas por meio de um
valor, e sim de uma faixa de confiança, na qual o membro da equipe tem absoluta certeza de que
o valor correto da estimativa se encontra. Não importa, nesse momento, quão larga é essa faixa.
Por exemplo, imaginemos que, ao estimar o valor do impacto de um risco no projeto, um
membro da equipe suponha que esse valor se encontre entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00. Outro
membro estima que o valor esteja entre R$ 2.000,00 e R$ 8.000,00. Um terceiro membro, por
sua vez, supõe que o valor esteja entre R$ 500,00 e R$ 10.000,00.
35
Normalmente, quanto menos se conhece a respeito do que
se está medindo, mais larga é faixa de valores estimados, o
que ocorre por conta do grau de incerteza existente. O que
importa, no entanto, é que as pessoas tenham certeza de
que o valor desejado está na faixa sugerida.
Depois de obter as faixas estimadas pelos integrantes da equipe, cria-se uma faixa conjunta
composta do menor e do maior valores estimados. No nosso exemplo, essa faixa ficaria entre
R$ 500,00 e R$ 10.000,00. Nesse ponto, mais uma vez, as perguntas relativas à lógica e à
coerência dos valores devem ser feitas, de forma que a faixa seja estreitada ao máximo, até o ponto
em que o grupo chegue a um consenso e a um grau de confiabilidade adequado, tendo a certeza
de que o valor correto esteja contido na faixa determinada.
Algumas perguntas típicas são utilizadas nessa técnica. Considerando o nosso exemplo, essas
perguntas seriam as seguintes:
Por que R$ 10.000,00 não faz sentido?
O que justifica esse número?
Alguma dedução lógica pode ser realizada para que esse número seja eliminado e uma
faixa mais estreita seja utilizada?
Alguma comparação pode ser feita, de modo a fornecer subsídios para esse valor?
Se o grupo chegar à conclusão de que utilizar R$ 10.000, 00 como valor máximo não faz
sentido, o segundo valor mais alto deve ser inserido na faixa de confiabilidade e novos
questionamentos devem ser feitos. No nosso exemplo, a nova faixa de confiabilidade ficaria então
entre R$ 500,00 e R$ 8.000,00. Esse procedimento deve ser realizado sucessivamente, nos dois
lados da faixa, até o limite extremo de justificativas.
Vale ressaltarmos que, durante o processo, outros valores podem surgir em função dos
questionamentos realizados. Ao final do processo, a equipe poderia chegar, por exemplo, à
conclusão de que o valor do impacto do risco no projeto estaria entre R$ 2.500,00 e R$ 4.000,00,
o que é uma faixa de confiabilidade bem maior que a incialmente definida.
Ao concluir a avaliação da faixa de confiabilidade, é possível que o grupo estime, além dos
valores extremos, também o valor mais provável, o que proporcionará dados importantes para a
análise de cenários utilizada em técnicas probabilísticas.
36
A figura a seguir apresenta, de forma esquemática, a ideia por trás da técnica de estimativa
de faixas de confiabilidade.
Valor único
Apesar de a faixa de confiabilidade ser muito útil no caso da avaliação de cenários, muitas
vezes, ela não é necessária, sendo estimado apenas um valor para a probabilidade e o impacto. No
entanto, conforme vimos anteriormente, durante a identificação dos riscos, é possível encontrar
mais de uma causa para um mesmo impacto ou mais de um impacto para uma causa. No caso em
que há mais de um impacto, o cálculo é bem simples: basta somar todos os impactos para obter o
impacto total do risco. Todavia, quando existe mais de uma causa, a soma de todas as
probabilidades individuais pode não representar a probabilidade conjunta, e outros cálculos
precisarão ser feitos. Para que se possa ter uma noção do que se está sendo tratado, é necessário ter
em mente alguns conceitos e regras de probabilidade. Vejamos:
a) Regra do somatório:
A soma das probabilidades de todos os possíveis cenários de um mesmo evento incerto será
igual a 1 ou 100%. Matematicamente, temos então:
=1
Como exemplo, podemos pensar no lançamento de um dado. Nesse caso, cada uma das
opções possui 1/6 de chance de acontecer. Dessa forma, a soma de todas as chances será 6/6 = 1.
b) Regra da multiplicação:
A probabilidade conjunta de dois eventos independentes acontecerem simultaneamente é
igual à multiplicação das suas probabilidades individuais. Essa regra também é conhecida como a
regra do “e”, pois, para que o evento conjunto aconteça, um evento isolado precisa ocorrer “e” o
outro também. A regra vale para tantos eventos quantos existirem. Dessa forma, temos:
P(A e B) = PA x PB
37
Como exemplo, podemos citar uma situação em que, para ganhar um jogo, o jogador deve
lançar dois dados, e os dois devem ter resultados iguais a 6. Como cada dado tem 1/6 de chance
de obter resultado 6, a chance de o jogador ganhar seria 1/6 x 1/6 = 1/36.
Em projetos, há várias situações em que esse cálculo poderia ser utilizado. Por exemplo, ao
elaborar um planejamento, suponhamos que tenhamos observado uma situação em que dois
funcionários (A e B) demonstraram a vontade de mudar de empresa, mas isso ainda não é um
fato. Se isso acontecesse, a equipe ficaria desfalcada e provocaria um significativo impacto no
cronograma do projeto. Ao perguntarmos a cada um dos funcionários qual era a chance de eles,
realmente, pedirem demissão, obtivemos o seguinte resultado: A = 30% e B = 50%. Dessa forma,
a chance de a equipe ficar desfalcada seria, portanto, de 15% (30% x 50%).
c) Regra da adição:
A probabilidade conjunta de dois eventos mutuamente exclusivos acontecerem é igual à
soma das suas probabilidades individuais. Essa regra também é conhecida como a regra do “ou”,
pois, como os eventos são mutuamente exclusivos, eles não podem ocorrer simultaneamente.
Dessa forma, temos:
P(A ou B) = PA + PB
Como exemplo, podemos citar uma situação em que, para ganhar um jogo, o jogador deve
lançar um dado e obter o resultado 5 ou 6. Como as chances de obter o resultado 5 ou 6 são
iguais a 1/6 e esses eventos são mutuamente exclusivos, a chance de o jogador ganhar seria 1/6 +
1/6 = 1/3.
Suponhamos, agora, o caso de um projeto fictício em que um gerente precise alocar na sua
equipe um excelente funcionário para uma tarefa crítica, mas que esse recurso humano precise ser
solicitado a uma gerência superior. Existem vários funcionários com a mesma qualificação (A, B,
C e D), mas o gerente prefere, por motivos de afinidade, os funcionários A ou B. O superior desse
gerente informa então que as chances de lhe ceder os funcionários A, B, C e D são de 20%, 40%,
10% e 30% respectivamente. Desse modo, a chance de o gerente ter na sua equipe um dos dois
funcionários desejados é de 60% (20% + 40%).
38
d) Regra da adição completa:
Algumas vezes, os eventos podem acontecer isoladamente, mas não são mutuamente
exclusivos, ou seja, podem ocorrer simultaneamente. Nesses casos, a probabilidade conjunta é
igual à soma das suas probabilidades individuais, descontada da multiplicação das probabilidades
dos eventos quando eles acontecerem simultaneamente. Essa regra também é conhecida pela regra
do “e” “ou”. Vejamos:
Como exemplo, pensemos no caso de um projeto cujas atividades serão paralisadas caso
chova ou ocorra uma greve de funcionários. Se a chance de chover for de 30% e a de ocorrer
greve for de 40%, a probabilidade conjunta de termos as atividades paralisadas é de 58% (30% +
40% - 12%).
e) Regra da complementariedade:
Quando desejamos calcular a chance de um evento não ocorrer, basta que calculemos a
chance de ele ocorrer. Em seguida, diminuímos esse valor de 1. Matematicamente, temos:
P(a) = 1 - Pa
Por exemplo, a chance de não obtermos o número 5 ao lançarmos um dado é igual a 5/6,
visto que a chance de obtermos esse número é de 1/6 (1 – 1/6 = 5/6).
No caso de haver dois ou mais eventos, o raciocínio é análogo. Suponhamos que queiramos
calcular a chance de, ao lançarmos dois dados, não obtermos o número 5 em nenhum deles.
Como a chance de obtermos um 5 = 1/6, a chance de não obtermos um 5 = 5/6. No entanto,
como queremos calcular a chance de não obter, simultaneamente, o número 5 nos dois dados,
basta que multipliquemos 5/6 x 5/6, pois, como os dois eventos precisam ocorrer
simultaneamente, aplicamos a regra do “e”.
Com base nas regras que acabamos de ver, podemos calcular as chances de ocorrência de
diversos cenários em um projeto, o que constitui um poderoso recurso de tomada de decisão.
Vamos supor que, em um projeto, existem três riscos identificados (A, B e C) e que as suas
respectivas probabilidades de ocorrência foram estimadas em 10%, 30% e 20%
respectivamente. Assumindo que os riscos são independentes, existem ao todo 8 possíveis
cenários (nada ocorrer/ apenas A/ apenas B/ apenas C/ A e B/ A e C/ B e C/ A, B e C). Esse
cálculo é feito por meio da fórmula 2n, em que n é a quantidade de riscos. Dessa forma, temos
23 = 8. A questão, no entanto, é saber qual é a chance de ocorrência de cada cenário, baseando-
39
nos nos números existentes. Na tabela a seguir, apresentamos os cálculos referentes às chances
de cada cenário e as suas justificativas.
probabilidade
probabilidade probabilidade
risco de não cenários cálculo
de ocorrência do cenários
ocorrência
nenhum
50,4% 90% x 70 % x 80%
risco
A 10% 90%
A 5,6% 10% x 70% x 80%
Podemos observar que o somatório das probabilidades de todos os possíveis cenários é igual
a 100%, respeitando a regra do somatório. Esses cálculos foram possíveis por conta da sua
pequena quantidade. No entanto, como os números são exponenciais, se houvesse 10 riscos, o
número de cenários seria 210 = 1.024. Se houvesse 20 riscos, seriam 1.048.576 cenários. Em caso
de 30 riscos, 1.073.741.824 cenários, ou seja, uma quantidade intratável no que se refere ao
gerenciamento – e não é difícil encontrar projetos com 20 ou 30 riscos.
Podemos concluir, portanto, que, no contexto de um projeto real, sem o auxílio das
técnicas e ferramentas de suporte adequadas, não há como um gerente descobrir quais são os
cenários mais prováveis ou qual é a chance de determinado valor ocorrer.
40
Valor monetário esperado
Um dos mais importantes conceitos ligados ao gerenciamento de riscos quantitativos é o de
valor monetário esperado (VME). De forma bem simplificada, o VME de um evento financeiro
pode ser conceituado como a soma de todos os possíveis resultados desse evento, ponderados pelas
suas chances de ocorrência.
Vejamos um exemplo: um empresário está interessado em investir em um novo negócio,
mas está em dúvida quanto aos seus possíveis resultados. Nesse caso, há três possibilidades:
cenário otimista – faturamento de 1.000.000,00 com 20% de chance;
cenário mais provável – faturamento de 800.000,00 com 70% de chance e
cenário pessimista – faturamento de 600.000,00 com 10% de chance.
O empresário quer descobrir então o VME desse investimento. Nesse caso, ele poderia
realizar apenas o seguinte cálculo:
No entanto, essa conta só foi possível porque estamos lidando com apenas três cenários. Se
houvesse 30, 50 ou 100.000 cenários, a equação seria bem mais complexa. Em função do número
de cenários existentes, a quantidade de pares (probabilidades e impacto) seria tão grande que seria
possível criar o que chamamos de distribuição de probabilidades.
A distribuição de probabilidades é representada por uma curva em um gráfico cujos
elementos do eixo X referem-se aos possíveis valores financeiros e, os do eixo Y, às probabilidades
de ocorrência dos respectivos valores do eixo X, como representa a figura a seguir.
41
Figura 7 – Distribuição de probabilidades
Observe que, para cada valor de impacto, existe uma probabilidade, como representado
pelas linhas tracejadas.
O VME seria então calculado pelo somatório de todos os pares de probabilidade (P) vezes os
impactos (I) existentes, o que é representado pela integral da curva, conforme a equação seguinte:
De forma análoga, esse cálculo poderia ser empregado para calcular o VME de um risco,
visto que pode assumir diversos possíveis impactos associados às suas respectivas probabilidades.
No entanto, isso também seria algo impraticável no mundo real de projetos.
Para efeito de simplificação da técnica, estipulou-se então que o VME de um risco será
determinado apenas pela multiplicação entra a probabilidade e o impacto do cenário mais
provável. Também para efeito de simplificação, o VME tem sido chamado apenas de valor
esperado (VE). Dessa forma, o VE de um risco será calculado pela fórmula a seguir, assumindo
sempre valores quantitativos para a probabilidade e para o impacto, sendo esse impacto o
somatório do impacto financeiro do risco em um ou mais objetivos do projeto.
= ×
42
Vejamos algumas vantagens e desvantagens do valor esperado:
utiliza um único valor para medir os riscos;
é relativamente rápido de ser calculado;
é de fácil compreensão por parte de todos os stakeholders;
permite a priorização dos riscos;
auxilia na estimativa do cálculo de respostas aos riscos;
auxilia no cálculo de reservas do projeto;
representa apenas um valor de todos os possíveis, o que pode levar a uma avaliação
incorreta de canários que possam afetar o projeto;
é muito dependente das estimativas de probabilidade e impacto utilizadas e,
além disso, é necessário que existam outros riscos para que, “em média”, o projeto tenha
recursos suficientes para cobrir impactos reais dos riscos.
Enfim, apesar das desvantagens existentes, o VE dos riscos é uma técnica mundialmente
utilizada e tem auxiliado na tomada de decisões importantes em projetos. Talvez a sua maior
vantagem seja permitir que seja calculado o VE financeiro do projeto, o que faz com que gerentes
tenham uma visão mais realista de custos e retornos dos projetos, bem como proporciona dados
importantes para a avaliação probabilística de cenários.
Para compreender como se calcula o VE de todo o projeto, é necessário compreender,
primeiramente, os dois possíveis tipos de análise a serem empreendidos, como veremos a seguir.
a) Foco em custos:
Existem duas situações em que um projeto possui foco em custos: projetos que não visam
nenhuma margem de lucro ou propostas comerciais. Como exemplo de projetos que não visam
nenhum lucro, podemos citar uma viagem, a construção de uma casa para uso próprio ou a
substituição de equipamentos ultrapassados de uma empresa. Já as propostas comerciais têm,
obviamente, o objetivo de obter uma margem de lucro. No entanto, assumindo que um contrato
foi fechado a um preço fixo, que o seu escopo foi definido e que a sua margem lucro está incluída
no preço, os objetivos primários do gerente serão: entregar o escopo definido, com a qualidade e
43
no prazo acordados, e diminuir o custo ao máximo, pois só assim o projeto poderá obter uma
margem de lucro maior do que a definida. De forma análoga, os projetos sem objetivos de
margem de lucro também terão de ser entregues dentro do prazo, com a qualidade proposta e
com o menor custo possível.
Por exemplo, ao planejarmos uma viagem, podemos orçar um pacote turístico com várias
agências de viagem, definindo um mesmo padrão de qualidade para o hotel, o carro, os locais a
serem visitados em passeios, as refeições, etc. Assumindo que todas as agências terão de entregar o
prometido, nós escolheremos, obviamente, a empresa que nos oferecer o menor custo.
No caso de uma proposta comercial, imaginemos que tenhamos de contratar fornecedores
de materiais e equipamentos para a realização de um projeto. Assumindo que todos fornecerão o
mesmo material e com a mesma qualidade, nós, provavelmente, contrataremos o fornecedor de
menor custo, pois isso tenderá a aumentar a margem de lucro do projeto sem alterar o preço final.
b) Foco em resultados:
Quando o foco é voltado para resultados, temos duas variáveis a considerar: o custo de
investimento e o faturamento. Nesse caso, o objetivo não é, necessariamente, diminuir o custo, mas
sim maximizar a relação entre faturamento e custo, ou seja, o foco está no resultado final do projeto.
Em projetos de investimento, uma redução do custo não necessariamente leva a maiores
resultados, pois isso só acontecerá se o faturamento se mantiver constante, o que nem sempre é
possível. De forma análoga, em muitos casos, é de interesse do projeto aumentar o faturamento,
mas, para isso, é necessário um maior custo de investimento. Se esse aumento de custo
proporcionar um maior resultado, isso faz todo o sentido em termos financeiros. Por exemplo, o
que faria mais sentido? Investir R$ 100.000,00 com um faturamento esperado de R$ 150.000,00
ou investir R$ 200.000,00 com um faturamento esperado de R$ 500.000,00?
44
Na figura a seguir, podemos ver o cálculo do VB para projetos com foco em custos e em
resultados.
Agora que já sabemos como calcular o valor base de análise para cada tipo de projeto, vamos
definir o valor esperado (VE) do projeto.
= + ç − " # $ $
# % $ = − ç + " # $ $
45
Nas fórmulas apresentadas, podemos observar que os sinais são invertidos. Isso acontece
para que se adequem aos diferentes focos dos projetos: custos ou resultados.
Vejamos alguns exemplos para efeito de compreensão dos conceitos explanados. Supondo
que um projeto tem foco em custos, que o custo total estimado é de R$ 1.000.000.00 e que
existem quatro riscos (listados na tabela), cada um com a sua probabilidade, o seu impacto e,
consequentemente, o seu valor esperado individual, devemos calcular o VE total do projeto.
risco probabilidade
impacto VE do risco
46
Supondo, agora, que o foco desse mesmo projeto fosse o resultado e que o valor de
R$ 1.000,000,00 representasse o resultado esperado, os sinais teriam de ser invertidos e o cálculo
seria como a seguir:
Como podemos notar, os valores esperados dos projetos são diferentes, o que ocorre justamente
pela diferença de foco. Dessa forma, podemos concluir que conhecer os riscos de um projeto, saber
como estimá-los e conhecer o custo ou o lucro previstos de nada adianta se o foco de análise não for
definido, pois os valores encontrados para as estimativas do projeto seriam incorretos.
Além disso, ainda mais importante que realizar esse cálculo é saber interpretá-lo. Desse
modo, devemo-nos perguntar o que significam os valores encontrados. Conforme vimos
anteriormente, o VE é a soma entre os possíveis resultados ponderados e as suas chances de
ocorrência. No entanto, no cálculo do VE do projeto, esse somatório é agregado ao valor base.
Voltemos ao exemplo apresentado, em que existem quatro riscos (ameaça 1, ameaça 2,
oportunidade 1 e oportunidade 2). Nesse caso, teríamos 16 possíveis cenários (24), e cada cenário
teria um impacto no projeto e uma chance de ocorrência. Assumindo o foco em custos e apenas o
cenário da ameaça 1, o projeto teria um custo de R$ 1.250.000,00 e a chance de ocorrência desse
cenário seria de 5,04% (10% x 70% x 80% x 90%).
Assumindo, agora, a ocorrência simultânea das ameaças 1 e 2, o projeto custaria
R$ 1.350.000,00, e a chance de ocorrência desse cenário seria de 2,16% (10% x 30% x 80% x 90%).
Por fim, se as duas ameaças e a oportunidade 1 ocorressem, o projeto teria um custo de
R$ 1.230.000,00, e a chance de ocorrência seria de 0,54% (10% x 30% x 20% x 90%).
Analogamente, todos os 16 cenários e a chance de cada um deles ocorrer poderiam ser calculados.
O valor esperado seria então a soma desses possíveis cenários, todos eles multiplicados pela sua
chance de ocorrência. Em outras palavras, esse valor nada mais é do que uma média ponderada de
todos os possíveis cenários de risco.
47
eventos. Em alguns desses cenários, o projeto seria mais caro (materialização das ameaças) e em
outros, mais barato (materialização das oportunidades). Contudo, em média, ele custaria
R$ 1.022.000,00: esse é o valor esperado, uma média das ocorrências de muitos cenários
repetitivos. No entanto, não é possível fazer isso em projetos, pois, por definição, um projeto só
acontece uma única vez, e tendo ocorrido um cenário (de maior custo, por exemplo), não existe a
possibilidade de ocorrência de um outro cenário de menor custo compensar esse resultado
desfavorável.
Entendido o que é o valor esperado, é importante que compreendamos para que serve esse
cálculo. Ainda utilizando o nosso último exemplo, alguns gerentes interpretam que, no caso do
foco em custos, esse valor a mais (R$ 22.000,00) seria considerado como uma reserva de
contingência. No entanto, se a ameaça 1, que possui um impacto previsto de R$ 250.000,00
ocorresse, esse valor extra de R$ 22.000,00 não seria suficiente para fazer frente ao risco ocorrido,
pois, no cálculo do VE, multiplica-se o impacto pela probabilidade e, na ocorrência real, o
impacto se materializa na sua integralidade. Mas se esse valor não serve como estimativa de
contingência, para que ele serve? A resposta é simples: serve como uma referência média para que
os gerentes possam ter uma noção de como os riscos podem vir a afetar o projeto. Daí a
importância de se ter um elevado o grau de confiabilidade nesse valor, o que só é possível
realizando uma avaliação de cenários cujas técnicas de simulação sejam muito bem feitas.
É importante ressaltarmos que, tanto no melhor quanto no pior caso, considera-se que os
riscos positivos e negativos ocorram com 100% de probabilidade. Dessa forma, o impacto será
sempre calculado na sua integralidade.
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Vamos retomar a Tabela 9 para trabalharmos alguns exemplos.
Na tabela, temos duas ameaças que, somadas, geram um impacto total de R$ 350.000,00.
Temos também duas oportunidades cujo impacto total é de R$ 210.000,00.
Assumindo o foco em custos e um valor base de R$ 1.000.000,00, o melhor caso ocorreria
com a materialização de todas a oportunidades e de nenhuma ameaça. O VB seria então subtraído
de R$ 210.000,00, perfazendo um total de R$ 790.000,00. Já no pior caso, os R$ 350.000,00
seriam somados ao VB, perfazendo um total de R$ 1.350.000,00, conforme podemos ver no
esquema a seguir.
Podemos observar que, com o foco em custos, o melhor caso é o valor mais baixo (menor
custo), e o pior caso é o valor mais alto (maior custo).
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Já no caso de o foco estar voltado para resultados, os sinais seriam invertidos, e os valores
seriam os seguintes: melhor caso de R$ 1.210.000,00, e pior caso de R$ 650.000,00. Repare que,
como o foco é o resultado, o maior valor é o que apresenta mais lucro, e o menor valor tem o
resultado menos significativo, conforme demonstrado no esquema a seguir.
Esses cálculos são muitos importantes, pois dão ao gerente uma noção do grau de
variabilidade do custo ou do lucro previstos para o projeto. Contudo, conforme vimos
anteriormente, eles são valores muito raros e de baixa probabilidade de ocorrência.
Apenas para efeito de ilustração, demonstraremos o cálculo da chance de ocorrência do
melhor e do pior caso quando o foco está voltado para os custos. Ainda considerando a Tabela 9,
para que aconteça o pior caso, as duas ameaças têm de ocorrer (10% e 30%) e as duas
oportunidades não podem ocorrer (80% e 90%). Dessa forma, a chance de ocorrência do pior
caso é de 2,16%. Já no melhor caso, as probabilidades seriam invertidas (90% e 70%) para as
ameaças, pois é a chance de elas não ocorrerem, e (20% e 10%) para as oportunidades, que é a
chance de elas ocorrerem, perfazendo um total de 1,2%.
Considerando chances tão baixas com apenas quatro riscos, podemos inferir que, quando
houver 20, 30, 50 riscos, as chances de ocorrência do melhor e do pior caso serão literalmente
próximas a zero. No entanto, muitos gerentes e profissionais que lidam com projetos não têm
noção desses números e, por motivos de segurança, orçam os seus projetos considerando o pior
caso, o que os torna desnecessariamente caros.
Depois de quantificar os riscos, devemos priorizá-los para que possam ser tratados de forma
adequada. Algumas técnicas de priorização serão apresentadas a seguir.
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Nesse exemplo, a ordem de prioridade dos riscos seria a seguinte: oportunidade 1, ameaça
2, ameaça 1 e oportunidade 2.
No entanto, se os riscos ocorrerem em momentos diferentes, é possível associar a variável
tempo ao valor esperado e, dessa forma, definir uma forma diferente de priorizar os riscos. Por
exemplo, consideremos as duas ameaças citadas: a ameaça 1 tem um VE = R$ 10.000,00, e a
ameaça 2, um VE = R$12.000,00. Pelo critério do maior VE, a ameaça 2 seria a prioritária. No
entanto, se soubermos que a ameaça 1 poderá ocorrer dentro do período de um mês, e a ameaça 2
só daqui a seis meses, podemos utilizar essas variáveis para criar uma noção de urgência, o que é
encontrado pela divisão entre o valor esperado e o tempo, conforme podemos observar na fórmula
a seguir:
& =
'
51
Tabela 10 – Priorização ABC
passo 2:
passo 1: colocar VE em passo 3: passo 4:
risco
definir o VE ordem acumular o VE realizar o corte
decrescente
VE total R$ 360.000,00
Com base na priorização realizada pela técnica ABC, podemos focar mais facilmente os
riscos prioritários e selecionar as ações de resposta a tais riscos.
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Outras técnicas
Outras técnicas podem ser utilizadas na análise quantitativa que tenha por objetivo lidar com os riscos de
um projeto. A seguir veremos algumas dessas possíveis técnicas.
Árvore de decisão
A árvore de decisão consiste em uma representação gráfica que exibe os possíveis caminhos
futuros referentes a uma decisão que precisa ser tomada no momento. Para tanto, utiliza o
conceito de valor esperado.
Em uma árvore de decisão:
o quadrado representa a decisão a ser tomada;
os círculos representam possíveis alternativas de decisão e
os triângulos representam a posição em que o VE da alternativa é calculado.
Existem custos associados aos possíveis caminhos de uma árvore de decisão, bem como
probabilidades e impactos dos futuros cenários a serem considerados. A seguir, veremos como
utilizar essa técnica considerando tanto o foco em custos quanto o foco em resultados.
53
cada funcionário e pelo somatório dos valores esperados de cada um dos possíveis cenários
futuros. Vejamos:
Dessa forma, o funcionário José deveria ser o escolhido para realizar a tarefa, pois apresenta
um VE de R$ 9.500,00, ao passo que João possui um VE de R$ 10.000,00.
Vejamos, agora, o caso de um projeto com foco em resultados. Suponhamos que, ao criar um
novo produto, uma empresa possa empregar dois tipos de tecnologia: uma mais antiga e estável, e
outra mais moderna, ainda instável, mas bastante promissora em termos de lucratividade.
Investir na tecnologia antiga custaria R$ 50.000,00; já investir na tecnologia moderna,
R$ 70.000,00. Tanto uma tecnologia quanto a outra possuem cenários incertos de lucros futuros.
A antiga possui 70% de chance de possuir um faturamento esperado de R$ 500.000,00 e 30% de
chance de auferir um faturamento de R$ 600.000,00. Já a tecnologia moderna possui 50% de
chance de obter um resultado de R$ 600.000,00 e 50% de chance de obter um faturamento de
R$ 700.000,00.
54
Diferentemente do que ocorre na árvore de decisão com foco em custos, a melhor decisão
será a que obtiver o maior VE, pois o foco deve estar no resultado. Esse VE é calculado pela soma
do VE de cada cenário futuro, que, em seguida, é subtraído do custo de investimento. Vejamos:
No caso em questão, a melhor opção seria, portanto, investir na nova tecnologia, pois ela
tem um VE de R$ 580.000,00, ao passo que a antiga tecnologia apresenta um VE de
R$ 480.000,00.
55
determinar a variável de saída (custo ou prazo total);
definir o número de iterações a ser realizado;
realizar a SMC;
obter os resultados e
analisá-los.
Tomemos como exemplo o orçamento apresentado na tabela a seguir. Nela há cincos itens,
cada um com a sua quantidade e o seu custo unitário especificados, perfazendo um custo total por
item e um custo total especificado como valor final. Vejamos:
Esses valores de quantidade e custo unitário são definidos de forma determinística, ou seja,
apenas como uma possibilidade de ocorrência, resultando em um valor final único. No entanto, isso
raramente ocorre em um mundo de incertezas, pois tanto as quantidades quanto os custos unitários
podem variar de diversas formas, levando o valor final a uma quantidade enorme de possibilidades.
Vamos supor que o item 1 pudesse apresentar três possibilidades de quantidades (100, 110
e 120). É fácil observarmos que, nesse caso, o valor final também teria três possíveis resultados
(R$ 1.200.000,00; R$ 1.210.000,00 e R$ 1.220.000,00). No entanto, vejamos as chances de
cada uma das quantidades ser real:
100 – probabilidade de 30%;
110 – probabilidade de 50% e
120 – probabilidade de 20%.
Desse modo, o valor final também teria chances diferentes em cada um dos possíveis
resultados.
56
Imaginemos, agora, que o item 1 pudesse assumir dezenas ou mesmo centenas de valores,
cada um com a sua chance de ocorrência segundo uma distribuição de probabilidades específica.
Nesse caso, o valor final também seria formado por uma distribuição de probabilidades tão
grande quanto as definidas pelo item 1.
Suponhamos, por fim, que todos os itens pudessem assumir centenas de valores, bem como
os valores unitários, cada um segundo uma distribuição de probabilidades específica. Dessa forma,
o valor final teria de considerar todas as possibilidades de ocorrência de todos os itens e dos seus
valores unitários, além de gerar criar uma distribuição de probabilidades única, definindo, de
igual forma, uma chance para cada valor possível a ser combinado. Esse é o resultado encontrado
em uma SMC, ou seja, um gráfico que apresenta todos os possíveis valores e as suas chances de
ocorrência diante de cenários incertos.
57
Figura 13 – Simulação de custos
58
R$ 1.220.000,00. Esse valor, no entanto, apresenta um grau de confiabilidade de apenas 35,6% e,
portanto, não deveria ser o escolhido.
Vejamos, agora, um exemplo de SMC aplicada a um cronograma. A figura a seguir
representa um cronograma simples, com apenas três atividades sequenciais, cada uma com uma
duração deterministicamente definida.
Assumindo a simplicidade desse cronograma, é possível definir que o seu tempo total seja
de 30 dias. No entanto, se a primeira atividade pudesse assumir os valores 10, 20 ou 25 dias, com
as suas respectivas chances de ocorrência de 40%, 50% e 10%, o cronograma teria como duração
final os valores 30 dias, 40 dias ou 45 dias, também com essas chances de ocorrência.
E se todas as atividades pudessem variar, assumindo dezenas ou centenas de valores, e cada
um desses valores tivesse uma chance distinta de ocorrência, qual seria a duração total a ser
definida? Nesse caso, de forma análoga ao que fizemos no nosso exemplo, uma SMC poderia ser
realizada, gerando um gráfico de distribuição de probabilidades. Além disso, as mesmas análises
feitas em relação aos custos poderiam ser realizadas.
Os exemplos apresentados foram criados apenas para ilustrar o conceito de uma SMC. No
entanto, em um projeto real, com centenas de itens referentes a custos e milhares de atividades,
podemos observar, ainda de forma mais clara, a importância de realizar esse tipo de análise. Por
meio dela, podemos encontrar valores confiáveis de custos e prazos, e não assumir, ingenuamente,
que valores definidos deterministicamente vão ocorrer ou que o projeto terá um valor definido e
único para custos e prazos.
Análise de sensibilidade
A análise de sensibilidade é uma técnica utilizada para definir que variáveis incertas de um
determinado modelo possuem maior influência no resultado final. Por meio dela, podemos
observar correlações entre a variação das variáveis e dos possíveis resultados.
Essa técnica depende, no entanto, de uma análise anterior que gere um volume de dados
suficiente para que as correlações possam ser definidas. Uma SMC, por exemplo poderia gerar
esses dados, criando diversos cenários e definindo, durante a simulação, que variáveis teriam
maior influência na variável de saída a ser observada.
Um típico resultado de uma análise de sensibilidade é o chamado gráfico de tornado. Nele,
a partir de um resultado definido com nenhuma incerteza (linha base), podemos observar as
59
variáveis que mais têm o potencial de alterar esse resultado definido. Nesse caso, um gerente pode
focar as suas atividades gerenciais nessas atividades, nesses riscos ou nessas variáveis representadas
no gráfico.
A figura a seguir apresenta um gráfico de tornado para um orçamento fictício. No eixo X
desse gráfico, temos o grau de correlação das variáveis em relação ao orçamento. Vejamos:
60
É importante atualizar todas as informações referentes aos
riscos analisados e priorizados no Registro de Riscos.
61
62
MÓDULO IV – RESPOSTAS AOS RISCOS
Momentos de resposta
Um risco pode ser respondido antes da sua ocorrência ou depois da sua materialização. Antes
da sua ocorrência, o risco é apenas um evento incerto e, portanto, ainda podemos manipular tanto a
sua probabilidade quanto o seu impacto. Após a sua materialização, no entanto, como o impacto já
se concretizou, não podemos mais alterar a variável referente à probabilidade.
A resposta a um risco antes da sua ocorrência tem como
objetivo diminuir o valor esperado da ameaça ou aumentar
o valor esperado da oportunidade. Já a resposta posterior
ao risco visa diminuir o impacto da ameaça ou aumentar o
impacto da oportunidade.
A seguir, listamos alguns termos referentes aos momentos em que podemos implementar
uma resposta a um risco:
contenção – ocorre quando a resposta planejada para uma ameaça é implementada antes
da sua ocorrência;
contingência – ocorre quando a resposta planejada é implementada apenas após a
ocorrência da ameaça;
alavancagem – ocorre quando a resposta planejada para uma oportunidade é
implementada antes da sua ocorrência e
aproveitamento – ocorre quando a resposta planejada é implementada apenas após a
ocorrência da oportunidade.
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utilizada se, e somente se, o risco vier a materializar-se e for benéfico ao projeto. Dessa forma,
utilizaremos a seguinte nomenclatura:
reserva de contingência – dinheiro necessário para implementar as contingências
planejadas e
reserva de aproveitamento – dinheiro necessário para implementar os
aproveitamentos definidos.
Estratégias de resposta
No que se refere às estratégias de resposta aos riscos, existem respostas distintas para as
ameaças e as oportunidades. Na tabela a seguir, apresentamos as possíveis estratégias de resposta
aos riscos segundo o Guia PMBOK (PMI, 2017).
ameaças oportunidades
aceitar aceitar
mitigar melhorar
transferir compartilhar
escalar escalar
65
apenas monitorado, para que se possa avaliar se houve alguma modificação significante nos seus
parâmetros de probabilidade ou impacto.
c) Provocar ou explorar:
Provocar ou explorar uma oportunidade significa levar a chance de ocorrência do risco a
100%, ou seja, implementar ações para fazer com que a oportunidade ocorra e o projeto seja
beneficiado pelo seu impacto.
d) Mitigar:
Mitigar uma ameaça significa diminuir a probabilidade ou o impacto provocado pelo risco.
Nesse caso, no entanto, a probabilidade de ocorrência não chega a zero.
e) Melhorar:
Melhorar uma oportunidade significa aumentar a probabilidade ou o impacto provocado
pelo risco. Nesse caso, contudo, a probabilidade não é levada a 100%.
f) Transferir:
Transferir envolve realizar ações para passar a responsabilidade da ameaça a uma terceira
parte, a qual assume, total ou parcialmente, o impacto em caso da ocorrência do risco.
São exemplos de transferência os seguros, as garantias ou as terceirizações de produtos ou
serviços relacionados ao escopo do projeto.
g) Compartilhar:
Compartilhar significa utilizar uma terceira parte para auxiliar a dar uma resposta a um risco
positivo. Trabalhando em conjunto com a equipe do projeto e com parceiros do projeto ou
negócio, os responsáveis possuem mais condição de auferir os benefícios trazidos pela oportunidade.
h) Escalar:
O ato de escalar uma ameaça ou oportunidade ocorre quando se percebe que a possibilidade
de uma resposta efetiva ao risco está fora do alcance da responsabilidade do gerente do projeto.
Nesse caso, o gerente repassa esse risco a alguém com uma função hierárquica superior ao nível de
projeto, tal como o gerente do programa, portfólio, ou alguém específico no âmbito da
organização que tenha condição de assumir a responsabilidade sobre o risco.
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A ação de escalar deve ser realizada em acordo com todas as partes envolvidas, para que os
limites e as responsabilidades em relação ao monitoramento, aos recursos necessários de resposta e
às demais ações relacionadas ao risco sejam bem definidos.
= + () + − " + + "
# % $ = − () − + " − − "
Conforme vimos anteriormente, no caso do foco em custos, o valor base (VB) continua
sendo o valor total de todos custos e despesas envolvidos no projeto. Já no caso do foco em
resultados, o VB continua sendo a diferença entre o faturamento e o custo de investimento.
O somatório do custo de respostas (∑CR) é o valor referente à soma de todos os custos
envolvidos nos riscos. Se o foco do projeto for em custos, esse valor deve ser adicionado ao VB,
pois aumentará o custo básico do projeto. Se o foco for em resultado, esse valor deverá ser
reduzido, pois diminuirá o lucro esperado.
Os somatórios dos valores esperados das ameaças (∑VEam) e das oportunidades (∑VEop) são
os valores definidos após as respostas de contenção ou aproveitamento, visto que, nesse tipo de
estratégia, o objetivo é alterar a probabilidade ou o impacto do risco, logo esses valores precisam
ser recalculados. A lógica dos sinais permanece a mesma, ou seja, quando:
o foco for nos custos, as ameaças serão somadas ao VB e as oportunidades serão
diminuídas do VB e
o foco for nos resultados, os sinais serão invertidos, pois a ameaça reduzirá o lucro, e a
oportunidade aumentará o lucro.
67
Além do custo de resposta (CR), duas novas variáveis foram acrescentadas à formula: o
somatório dos valores esperados das reservas de contingência (∑VEco) e o somatório dos valores
esperados das reservas de aproveitamento (∑VEap).
Uma reserva de contingência é definida como o valor necessário para implementar uma
resposta de contingência multiplicado pela chance de ocorrência da ameaça após a sua resposta de
contenção. Já uma reserva de aproveitamento é definida como o valor necessário para
implementar uma resposta de aproveitamento multiplicado pela chance de ocorrência da
oportunidade após a sua resposta de alavancagem. Ambos valores são incluídos no cálculo como
valores esperados, pois não são fatos consumados como os custos de resposta (CR) de contenção e
alavancagem. Eles são valores futuros e incertos, e só serão utilizados em caso de ocorrência real
do risco. Dessa forma, deve-se levar em consideração não só o valor em si mas também a chance
de utilizá-lo, ou seja, a chance de o risco ocorrer.
Quando o foco do projeto forem os custos, esses valores deverão ser somados ao VB, pois
implicarão novos gastos para o projeto. Já quando o foco forem os resultados, esses valores
deverão ser diminuídos do VB, pois implicarão uma redução do lucro esperado para o projeto.
Para efeito de comparação, tomemos como exemplo um projeto apresentado anteriormente,
que possuía o foco em custo e um VB de R$ 1.000.000,00. Os riscos desse projeto, calculados
antes de as respostas serem implementadas, são reapresentados na tabela a seguir:
Vejamos, agora, uma tabela que apresenta os custos de resposta já estimados, bem como os
novos valores dos riscos.
68
Tabela 13 – Novos valores esperados dos riscos
nova aproveitament
risco novo impacto novo VE contingência VEco VEap
prob. o
69
Considerando os novos valores calculados, o novo VE do projeto com foco em custos seria
definido pela fórmula já demonstrada e então teria o seguinte valor:
Podemos observar que, antes das respostas, o VE desse projeto com foco em custos tinha
um valor de R$ 1.022.000. Após as ações planejadas de resposta, no entanto, o novo VE passou a
ser de R$ 940.050,00, o que mostra a efetividade do gerenciamento de riscos em diminuir o VE
de um projeto.
Agora, vejamos o caso em que o foco do projeto são os resultados e o valor de
R$ 1.000,000,00 representa o lucro esperado. Os sinais terão de ser invertidos, como vemos a
seguir:
De forma análoga ao que ocorreu no projeto com foco em custos, o VE anterior do projeto
com foco em resultados era de R$ 978.000,00, mas, após as respostas, passou a ser de
R$ 1.050,950,00. As estimativas de lucro do projeto foram então elevadas, o que demonstra, mais
uma vez, a efetividade do gerenciamento de riscos.
70
Figura 18 – Momentos de ativação dos riscos
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro
Risco
Risco
1
Risco
2
Risco
3
Risco
4
Risco
5
Risco
6
Risco
7
Risco
8
Risco
9
Risco
10
Gatilhos
Além dos momentos de resposta e dos responsáveis por implementá-los e monitorá-los, é
importante também definir alguns gatilhos, ou seja, eventos, fatos ou condições observáveis que,
literalmente, disparam os riscos.
71
Tomemos como exemplo um projeto de construção de uma casa que tem, entre as suas
entregas, a construção de um alicerce. Se soubermos que há probabilidade de chuva no dia da
concretagem desse alicerce, diversas informações podem ser registradas em relação a esse risco,
conforme podemos ver a seguir:
responsável pelo
Sr. José da Silva
monitoramento
72
MÓDULO V – IMPLEMENTAÇÃO DE RESPOSTAS
E MONITORAMENTO DOS RISCOS
Podemos notar que, a partir do planejamento inicial das respostas, é necessário observar se
existe alguma ação preventiva (contenção ou alavancagem) a ser realizada. Caso não exista, isso
significa que o risco foi aceito e que se deve partir para o seu monitoramento. Caso exista uma
74
resposta planejada, ela deve ser implementada e, em seguida, deve-se verificar se a ação foi efetiva.
Em caso positivo, realiza-se o registro do que foi feito e a atualização do status do risco, iniciando
então o seu monitoramento (caso não tenha sido eliminado ou provocado). Se a resposta não for
efetiva, será preciso observar se existe outra alternativa de resposta e, se necessário, implementá-la.
A partir do momento em que o risco está sendo monitorado, busca-se observar se ele
ocorreu ou não para que as respostas planejadas (contingência ou aproveitamento) sejam
implementadas. Em caso de não ocorrência do risco, não será necessária nenhuma ação, ou seja,
basta atualizar o Registro de Riscos. Caso o risco se manifeste, deve-se observar se há alguma ação
planejada a ser implementada. Caso não haja, uma ação de contorno pode ser considerada.
Mais uma vez, lembramos: após a implementação das ações, é importante observar a sua
efetividade. Em caso positivo, deve-se atualizar o Registro de Riscos; em caso negativo, deve-se buscar
identificar se existe algo mais a ser implementado para que os riscos tenham o seu gerenciamento
efetivamente concluído. Nesse ponto, o Registro de Riscos deve ser novamente atualizado.
Algumas das informações importantes a serem coletadas nesse processo são as seguintes:
conferir a efetividade das respostas aos riscos;
saber se a probabilidade de um risco foi alterada;
saber se o impacto previsto para um risco se modificou;
saber se novos riscos apareceram;
saber se algum risco identificado anteriormente deixou de existir;
saber se as respostas planejadas ainda fazem sentido;
saber se os responsáveis pelas respostas estão atualizados sobre o status dos riscos;
conferir o status das reservas e
saber se alguma ação complementar é necessária.
75
Para que essas informações possam ser colhidas e retransmitidas aos interessados, os
responsáveis por essas atividades precisam ser definidos anteriormente.
A coleta de informações de atualização dos riscos é feita por meio de mecanismos como
reuniões com especialistas, auditorias dos processos, observações e análises das reservas. Muitas das
informações estabelecidas nos planejamentos das outras áreas também precisam ser verificadas,
bem como o status das premissas e restrições, e o engajamento dos stakeholders. Por exemplo, se
uma premissa estabelecida em um planejamento não se concretizar, isso pode representar um sério
risco para o projeto. Nesse caso, é necessário informar o problema aos interessados para que ações
efetivas possam ser realizadas a tempo de não prejudicar o projeto.
Outra ação importante é o acompanhamento contínuo de elementos como o cronograma, a
parte financeira do projeto, o andamento do escopo, os requisitos de qualidade, etc. Todas essas
variáveis são importantes para que o status dos riscos e o seu registro possam ser atualizados,
tornando as informações disponíveis para os responsáveis.
Revisão periódica
Uma boa prática a ser executada no processo de monitoramento é a revisão periódica. Essa
revisão pode ser feita de acordo com as fases do projeto ou quando algo relevante acontecer.
Na figura a seguir, apresentamos um projeto fictício com três fases em momentos distintos.
Podemos observar que, em um primeiro momento (momento A), existem sete riscos
identificados, e o projeto de monitoramento de riscos está pronto para ser iniciado.
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No momento B, o projeto já foi iniciado e está no fim da primeira fase. Nesse ponto, já foi
possível observar se os riscos da fase 1 ocorreram, se as respostas foram efetivas, como está o status
das reservas e quais serão as lições aprendidas, todos elementos que devem ser inseridos no
Registro dos Riscos. Os riscos posteriores à fase 1 também precisam ser revisados nesse momento,
pois há informações mais atuais a serem obtidas. Por exemplo, na fase 2, o risco 4 deixou de
existir e um novo risco (risco 8) surgiu. Na fase 3, também temos um novo risco (risco 9). Essa
atualização deve ser feita para todas as fases posteriores à revisão que está sendo realizada.
No momento C, o projeto encontra-se no final da fase 2, quando mais uma atualização deve
ser feita no Registro de Riscos. Isso é necessário porque, assim como nos momentos anteriores,
diversas situações podem ter sofrido alterações ou mesmo surgido. Vejamos algumas possibilidades:
novos riscos podem ter surgido;
uma resposta anterior a um risco pode gerar riscos futuros;
uma resposta a um risco pode influenciar a probabilidade ou o impacto dos riscos
futuros;
uma resposta a um risco pode facilitar ou inviabilizar uma resposta futura;
um cenário futuro distinto pode demandar ações não previamente pensadas e
um cenário distinto pode demandar novas diretrizes, o que fará com que as estratégias
precisem ser trocadas para melhor adaptação do projeto ao contexto.
Para reafirmarmos o fato de que o monitoramento de riscos é algo dinâmico e, por isso,
precisa contar com revisões periódicas, vamos analisar um exemplo prático. Um projeto
hipotético, cuja moeda é o Dólar, encontra-se em um cenário de economia estável, não prevendo
uma mudança significativa no seu ambiente. Por conta disso, durante a avaliação inicial, os riscos
cambiais e de mercado foram aceitos sob a argumentação de que possuíam baixa probabilidade de
ocorrência e baixo impacto no projeto. Em um dado momento do projeto, no entanto, ocorre
uma mudança político-econômica no cenário internacional: é deflagrada uma guerra no Oriente
Médio. Os Estados Unidos resolvem então fortalecer a sua moeda para custear os armamentos
que serão utilizados em apoio à guerra, o que afeta obviamente a cotação do Dólar. Nesse caso, o
cenário do projeto será totalmente modificado e, agora, os riscos ambientais e econômicos deverão
ser considerados prioridades, pois são fundamentais para o sucesso do projeto. Em outras palavras,
um conjunto de ações rápidas deve ser colocado em prática para que o projeto seja replanejado e
redirecionado, de modo a alcançar os seus objetivos. Isso só é possível por meio de um efetivo
monitoramento dos riscos.
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Avaliação de alterações e atualizações importantes
No que se refere à participação do gerenciamento de riscos no processo de “realizar controle
integrado de mudanças”, é costume que os gerentes avaliem os impactos das solicitações de
mudança nas áreas de escopo, tempo, custo e, por vezes, qualidade. No entanto, avaliar se a
mudança pode provocar alguma alteração no Registro de Riscos é de fundamental importância.
Muitas vezes, uma alteração no escopo, por exemplo, pode gerar um risco, alterar uma
probabilidade, um impacto ou mesmo eliminar um risco da lista de riscos anteriormente
identificados. Dessa forma, como já vimos anteriormente, o Registro de Riscos precisa ser revisto,
pois é um documento vivo e precisa ser atualizado diante de cada mudança de cenário.
Outro aspecto importante é a atualização do valor esperado do projeto. Tomemos como
exemplo os dados fornecidos em tabelas anteriores, reapresentadas a seguir.
nova novo
risco novo VE contingência VEco aproveitamento VEap
prob. impacto
78
No entanto, se a ameaça 1 realmente ocorresse, esse VE teria de ser modificado, pois não
haveria mais o VE do risco específico (R$ 7.500,00), e o impacto seria materializado com o seu
valor real (R$ 150.000,00), e não com o esperado. Nesse caso, existiria a possibilidade de executar
uma ação de contingência a um custo de R$ 1.000,00, cujo objetivo seria diminuir o impacto do
risco. Se a contingência fosse utilizada, o VE da contingência também deveria sair do VE do
projeto e ser computado como custo real. Já o impacto do risco deveria ser reduzido, pois é para
isso que serve a ação de contingência.
Vamos supor então que a ameaça 1 tenha, de fato, ocorrido e que o impacto tenha sido,
realmente, de R$ 150.000,00. Vamos supor também que, com a ação de contingência, esse valor
tenha sido reduzido para R$ 100.000,00, em função da resposta ao risco que custou R$ 1.000,00.
Desse modo, o VE do projeto deveria ser calculado a partir dos seguintes dados:
VB = R$ 1.000.000,00;
CR = R$ 8.000,00 (respostas anteriores aos riscos) + R$ 1.000,00 (custo da contingência);
ameaça = R$ 100.000,00 (ameaça que ocorreu);
VE da ameaça = R$ 10.000,00 (ameaça ainda não ocorrida – A2);
VE das oportunidades = R$ 87.000,00 (oportunidades ainda não materializadas);
VEco = R$ 200,00 (contingência ainda não implementada da A2) e
VEap = R$ 1.300,00 (aproveitamentos ainda não implementados – op. 1 e op. 2).
Teremos, portanto:
Como pudemos observar, o valor do VE aumentou. Isso ocorreu por conta do impacto do
risco e dos custos de contingência.
Agora, vamos supor que a ameaça 2 não venha a ocorrer. O que aconteceria com o VE
do projeto?
Por definição, o VE da ameaça 2 (R$ 10.000,00) deveria sair do cálculo, bem como a
reserva de contingência (R$ 200,00), que não seria mais necessária. Também seria possível mantê-
la alocada ou, simplesmente, deslocá-la para outros fins. Supondo que a reserva de contingência
fosse alocada para outros fins, teríamos o seguinte VE para esse projeto:
79
Esses resultados comprovam como o valor esperado de um projeto é algo completamente
dinâmico e, por isso, merece um acompanhamento constante.
80
Na figura a seguir, vemos cada passo do processo de comunicação e podemos observar que
uma ou mais informações importantes precisam ser divulgadas a determinados agentes envolvidos
no processo.
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CONLUSÃO
BESNER, C.; HOBBS, B. The paradox of risk management: a project management practice
perspective. International Journal of Managing Projects in Business, v. 5, p. 230-247, 2012.
DICKINSON, G. Enterprise risk management: its origins and conceptual foundation. Geneva
Papers on Risk and Insurance: issues and practice, p. 360-366, 2001.
TELLER, J.; KOCK, A.; GEMÜNDEN, H. G. Risk management in project portfolios is more
than managing project risks: a contingency perspective on risk management. Project Management
Journal, 45(4), p. 67-80, 2014.
ZWIKAEL, O.; PATHAK, R. D.; SINGH, G.; AHMED, S. The moderating effect of risk on
the relationship between planning and success. International Journal of Project Management,
32(3), p. 435-441, 2014.
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PROFESSOR-AUTOR
Hélio Rodrigues Costa possui pós-doutorado pela Universidade de Quebec, em Montreal,
com pesquisa relacionada ao gerenciamento de riscos corporativos, é doutor em Engenharia de
Sistemas da Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com ênfase em
Gerenciamento de Riscos de Projetos, Programas e Portfólios, e especialista em Gerência de
Projetos pela Fundação Getulio Vargas (FGV), em Análise de Sistemas pelo Instituto Tecnológico
da Aeronáutica e em Gestão de Processos pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Ministra
cursos na FGV desde 2005 e foi premiado como melhor professor em Gerência de Projetos em
2009. A sua tese de doutorado em Gerenciamento de Riscos de Portfólio foi escolhida o melhor
projeto acadêmico do Brasil no ano de 2011, em concurso realizado pela Revista Mundo PM,
especializada em Gerenciamento de Projetos. A sua experiência profissional na área de projetos
inclui as funções de gerente de projetos e diretor técnico do Centro de Computação da
Aeronáutica, bem como de subdiretor de projetos da Diretoria de Tecnologia da Informação do
Comando da Aeronáutica. Já realizou consultorias relativas a gerenciamento de riscos em diversas
empresas, tais como WalMart, Zilor, Queiroz, Light, Funarte, Arlanxeo, Andrade Gutierrez,
TRE-MA, TRE-RJ, Klocner, Fundep, Nokia, CEMIG, Braskem, Odebrecht, Marinha do Brasil,
Cetex, Incopro, Oilstates e Petrobras. Possui diversos artigos publicados no Brasil e no exterior.
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