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IX SEMANA DE FILOSOFIA UNIRIO

Fernando da Conceição Neves


UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Filosofia – 6° Período
Bolsista de Iniciação Científica– FAPERJ
Orientador: Paulo Cesar Gil Ferreira Junior [Professor Adjunto Dep. Fil. UERJ]

O papel da filosofia do ponto de vista fenomenológico

Resumo
A proposta deste texto é apresentar um projeto filosófico que enuncia uma possibilidade
do papel da filosofia. Tal projeto possui como proposta fundamental a crítica e a
substituição de tendências infrutíferas no qual a filosofia é posta, que acaba culminando
no pôr em questão do “para quê” da filosofia: são elas o psicologismo e o naturalismo.

Isto não significa a apresentação ou a tentativa de um modo único e hegemônico de fazer


filosofia em prol de outros, e sim mostrar que a filosofia até então ganhou tarefas
adicionais, mas que o que dar a ela identidade histórica é um caráter específico.

O texto em questão defenderá que o papel da filosofia fenomenológica é dar base para o
conhecimento em geral, tanto como para as ciências em geral. A consequência disso é o
diálogo eterno e rico assim como o suporte que ela pode dar para qualquer modo de
conhecer. O importante é saber como a filosofia fenomenológica pode dar essa base e
com qual método. Farei isso brevemente apresentando o método e a meta de Edmund
Husserl em suas obras capitais, tais como: Investigações Lógicas, Ideias para uma
fenomenologia pura e uma filosofia fenomenológica e Filosofia como ciência rigorosa.

O texto terá como foco a apresentação do método analítico e descritivo, sem pressupostos
tal como proposto por Edmund Husserl como sendo o método da filosofia
fenomenológica. No fim, apresentarei brevemente como a filosofia pode dar suporte e
estar em diálogo com áreas como: psicologia, epistemologia, filosofia da mente e ciências
cognitivas.

Palavras-chave: Fundamentação; Filosofia; Conhecimento ; Fenomenologia ; Husserl.


Bibliografia

HUSSERL, Edmund. Investigações Lógicas: segundo Volume, parte 1. Investigações


para a Fenomenologia e Teoria do Conhecimento. Tradução de Pedro M.S. Alves. Rio
de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

_________________. Ideias para uma Fenomenologia Pura e uma filosofia


fenomenológica. Tradução de Carlos Alberto Ribeiro de Moura. São Paulo: Ideias e
Letras, 2006.

_________________. A crise das ciências europeias e a filosofia transcendental: uma


introdução à filosofia fenomenológica. Tradução: Diogo Falcão. Rio de Janeiro:
Forense universitária, 2012.

_________________. Philosophy as Rigorous Science. Traduzido de “Philosophie als


strenge Wissenschaft” in Logos. Internationale Zeitschrift für Philosophie der Kultur 1
(1910–11), 289–341 por Marcus Brainard.

DILTHEY, Wilhelm. Ideias para uma psicologia descritiva e analítica. Tradução de


Marco Antônio Casanova. Rio de Janeiro: Via Vérita, 2011.

MERLEAU-PONTY, M. O primado da percepção e suas consequências filosóficas.


Tradução de Sílvio Rosa Filho e Thiago Martins. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

ZAHAVI, D. The phenomenological mind. New York: Routledge, 2008.

___________. A fenomenologia de Husserl. Rio de Janeiro: Via Vérita, 2015.


17:21 Qual é o caráter específico da Filosofia? Como este caráter me possibilita
falar de um método específico?
No que diz respeito a discussão sobre o caráter histórico da filosofia, e apenas nisso,
aproveito-me do filósofo E, Tugendhat1: a filosofia está sempre em busca de novos
horizontes, por isso, não se compromete com nenhum método em específico que dê a ela
um ponto final. Contribuo, seu caráter incessante de questionabilidade até que se chegue
às bases de um tal problema, dá à ela a possibilidade das múltiplas abordagens, sua
diversidade e, consequentemente, o diálogo entre as partes.
Quanto à História da Filosofia, segundo o artigo de Tugendhat, a filosofia desde Sócrates
e Platão possui duas características em comum que são: a clarificação de conceitos e seu
atentar-se para o “todo”, que no artigo ele se refere aquelas estruturas que compõem o
todo de nossa compreensão (conceitos a priori, que pretendem dar conta das condições
de possibilidades), que ao contrário disso encontram-se as ciências que se comprometem
com regiões particulares, individualizadas (conceitos empíricos, que por serem a
posteriori, começam e são providos da experiência).
Diante disso, já que o caráter de questionabilidade que nos leva até os fundamentos, que
é característico da filosofia, é o que possibilita os múltiplos fazeres do filosofar, encontro-
me nesta esteira de me comprometer a contribuir para o fazer filosófico por meio de uma
filosofia em específico: a fenomenologia tal como foi desenvolvida por Edmund Husserl
e por seus alunos.

Método fenomenológico: princípio da ausência de pressupostos.


Algo de peculiar à fenomenologia, que eu gostaria de explicitar brevemente o seu motivo,
é o porquê desta área de investigação trabalhar com o princípio da ausência de
pressupostos. É tradicional na filosofia começar uma investigação comprometendo-se em
discutir os pressupostos metafísicos que darão possibilidade para investigações
epistemológicas, éticas, políticas, etc,. Ou em outros casos que seja preciso analisar
teoricamente condições fáticas de possibilidade, tais como, quais elementos psíquicos ou
neurais são necessários serem satisfeitos para que seja consumado uma experiência
qualquer.
Em certos ambientes tem seu lugar estas discussões, no entanto quando se quer abranger
aquelas estruturas fundamentais de possibilidade para todo e qualquer conhecimento,
inclusive o científico, entrar em questões metafísicas tais como a relação entre corpo e
mente, a separação entre ser e aparência, entre outras, dão lugar mais aporias e discussões
insolúveis do que propriamente um ponto de partida para uma investigação rigorosa.
Por outro lado, visto que o objetivo é fundamentar o conhecimento, partir das próprias
teorias pelo qual se quer fundamentar nos conduz para um contrassenso: se no interior
dessas próprias teorias encontramos problemas que alijam elas mesmas, tal como ocorre
com o psicologismo: reduzir as leis lógicas, assim como o objeto do pensamento, às
estruturas psíquicas, impossibilita a própria universalidade que essas leis possuem como

1
TUGENDHAT, Ernst. Reflexões sobre o método da filosofia do ponto de vista analítico. Revista
Problemata, João Pessoa, ano 1, n.1, p. 131-144, 1998.
próprio delas, visto que se uma lei lógica é parte da estrutura do psiquismo ou uma criação
dele, fica inviável sua comunicação à outra consciência2.
Por estes motivos que Husserl propõe o princípio da ausência de pressupostos nas
investigações epistemológicas, assim como ele diz na Introdução das Investigações
Lógicas:
Com esta teoria das teorias, a Teoria do Conhecimento formal que a elucida está antes de
toda e qualquer teoria empírica: portanto, antes de toda e qualquer ciência explicativa
real, antes da ciência da natureza física, de um lado, e da Psicologia de outro, e,
naturalmente, também antes de toda e qualquer Metafísica. Ela não quer explicar o
conhecimento, o acontecimento fático na natureza objetiva, no sentido psicológico ou
psicofísico, mas antes explicar a ideia de conhecimento segundo os seus elementos
constitutivos ou as suas leis; ela não quer perseguir as conexões reais de coexistência e
de sucessão em que os atos fáticos de conhecimento estão inseridos, mas antes
compreender o sentido ideal das conexões específicas em que a objetividade do
conhecimento se documenta; ela quer levar à clareza e distinção as formas e leis puras do
conhecimento, por meio do retorno à intuição adequadamente preenchente3.

Diante disso, o princípio no qual Husserl se refere nos diz que: deve ficar fora de circuito
toda e qualquer teoria ou pressuposto que não seja da ordem do fenomenológico 4, sejam
eles pressupostos ou teorias das ciências, sejam eles da Metafísica. Tal medida é adotada
para que o lema da fenomenologia: “às coisas elas mesmas” seja executado, que em outras
palavras significa: ir à experiência, descrevê-la tal como ela se dá, sem pressupostos
acerca de tal experiência que termina em obscurecê-la ao invés de esclarecê-la.
Método descritivo e analítico
Diante da ausência de pressupostos de juízos naturais, o próximo passo do método é
delinear seu modo de execução. Ao contrário do modelo em assunção no decorrer dos
séculos XIX e XX5 que consistia em a partir de uma hipótese acerca de um fenômeno e a
partir daí construir todas as explicações de seu ser, que é característico das ciências
naturais, o método fenomenológico se estrutura de modo totalmente oposto.
O método descritivo se realiza dependente do princípio acima exposto, e se diferencia ao
método explicativo. No que consiste o método explicativo? Como o próprio Husserl
aponta: “Explicar no sentido da teoria, é a conceitualização do singular a partir de leis
gerais, e estas, de novo, a partir da lei fundamental”6. Método descritivo no campo
husserliano designa: a conceitualização assim como a decomposição dos componentes da
experiência por meio do acompanhamento daquilo que se dá na experiência sem remissão
a nada além da experiência, o olhar que guia tal acompanhamento é o olhar ideativo, para
as essências, em contraposição ao olhar para realidade ou para fatos estacionados espaço
temporalmente referentes a homens e animais e suas capacidades finitas e delimitadas.
Isso inclui a rejeição de qualquer remissão a contextos genéticos, hipotéticos ou

2
Cf. Philosophy as Rigorous Science. Traduzido de “Philosophie als strenge Wissenschaft” in Logos.
Internationale Zeitschrift für Philosophie der Kultur 1 (1910–11), 289–341 por Marcus Brainard, pag.
254.
3
HUSSERL, E., 2012. Pág. 19.
4
HUSSERL, E., 2012. Pág. 17.
5
Cf. Introdução ao livro: Ideias para uma psicologia descritiva e analítica. Via Vérita: Rio de Janeiro,
2011. Tradução e Introdução por Marco Antônio Casanova.
6
HUSSERL, E., 2012. Pág. 19.
contingentes. Sem dúvidas, tal descrição só se consuma com a total ausência de
pressupostos.
A experiência que se quer acompanhar, decompor e analisar é a experiência de
consciência que pelo seu modo de ser se realiza em seus atos, termo que Husserl se utiliza
como sinônimo de vivências intencionais, que são por meio do qual todo conhecimento e
objeto se constituem, por isso a importância de descrevê-la com o fim de dar as bases
para o conhecimento.
Descrever e analisar rigorosamente essa experiência de consciência, ou seja, as vivências
intencionais ou atos eu seu aspecto puro e a priori, pelo qual se consumam os juízos
científicos, a constituição do conhecimento, nossa lida com objetos manifestos, no qual
ciências em particular, sejam elas experimentais ou humanas, assim como a lógica pura
se edificam, é tarefa da fenomenologia pura. 10min
Aplicação do método fenomenológico e sua contribuição para às ciências
Como pode uma investigação da descrição da experiência de consciência, ausente de
pressupostos científicos e metafísicos pode dar suporte ou servir às ciências em geral?
Posso sintetizar esta parte com um exemplo que eu dei em uma apresentação anterior em
que eu expus “o conceito de vivência na fenomenologia”. Como Husserl expõe na 5ª
investigação lógica, não se quer com tal conceito se referir ao que habitualmente temos
em uso que é o conceito de vivência como estar presente em um local tendo percepções,
sentimentos sobre coisas externas e então catalogando tais acontecimentos no acervo de
suas experiências vivenciadas. Em outras palavras, tomamos o termo vivência para
designar “que estávamos presentes quando algo aconteceu”. Quando se transpõe este
conceito para o fenomenológico, se exclui qualquer referência a acontecimento reais, ou
quaisquer referências externas.
Vivência em termos fenomenológicos diz respeito aquelas ocorrências a nível da
consciência, ou seja, que precisam ser manifestas, sem que se tenha qualquer
compromisso com a efetividade daquilo que se experimenta. O que se está em jogo em
uma vivência intencional é ela pertencer a nada mais que à relação da consciência com
seu objeto, pois fora dessa relação, nada há, ou nada se pode ajuizar.
Para ilustrar este contraste entre uma visão natural de vivência e outra fenomenológica
dei um exemplo: uma criança em seu berço posta para dormir ao olhar para o teto é
tomada por medo pois vê bichos voando no teto. Ao chorar e chamar a atenção de seus
pais delatando a presença dos bichos, eles percebem que não são bichos, e sim, brinquedos
realizando movimentos rotatórios que refletia o desenho de corpos no teto. Como a
fenomenologia descreveria e analisaria esta experiência? Em primeiro lugar, não é
fenomenologicamente correto afirmar que a criança não viu ratos voando no teto. Você
pode questionar a efetividade da experiência, mas não que ela viu o que viu. Analisar
fenomenologicamente significa olhar para esta vivência intencional, ou seja, para esta
percepção dotada de significado, no momento que ocorreu, sem fazer referência a
qualquer coisa para além dessa vivência. Como isso se deu? A criança olhou para o teto,
percebeu corpos voando, o seu ato perceptivo compõe-se por uma requisição de sentido
para aquilo e como correlato deste ato de requisição ela teve como significado “bichos
voando” que deu manifestação aquilo para o qual a percepção se dirigiu. No ato da
experiência a criança não tinha a crença que via o rato e em um segundo momento
descobriu que não eram ratos, sua primeira vivência foi de ratos voando. Que em outro
momento, os pais por um novo ato ou vivência de percepção puderam mostrar a criança
que não eram ratos e sim os brinquedos, dando a criança a preenchimento daquilo que ela
recebeu como correlato de sua primeira requisição.
Desta descrição fenomenológica podemos observar certos padrões estruturais de nossa
experiência:
- A consciência é intencional: como diz Zahavi muito bem “a intencionalidade é uma
característica onipotente da consciência”7. Só há consciência quando há execuções, atos,
que se dirigem para significados. Este dirigir para significados é o que possibilita aquilo
pelo qual ela se refere, se manifestar.
- Aquilo que se manifesta por meio deste movimento da consciência não tem nenhum
compromisso com coisas “reais”, “efetivas”, é o que nos mostram, por exemplo, as ilusões
e delírios.
- A consciência é infinitizadora: como as coisas precisam de seus atos para serem
manifestam, e a coisa não possui nenhuma verdade para além deste movimento, as coisas
podem se manifestar de diversas formas de acordo com certas circunstâncias: como
quando um indivíduo de uma cultura diversa lida de forma totalmente diferente com
objetos ou animais ou acontecimentos naturais.
A base conceitual, é o primeiro suporte que a fenomenologia pode dar às ciências: a
psicologia, como bem aponta Husserl, caracteriza sua própria ciência como “ciência das
vivências de consciência de indivíduos que vivenciam” ou como “ ciência dos conteúdos
de consciência”, estes termos “consciência”, “conteúdo”, “vivência” que quando
elucidados analiticamente de forma rigorosa podem modificar e enriquecer as propostas
experimentais.
Um psicólogo experimental pode colocar a teste quais os impactos que uma percepção
que foi descritivamente confundida com a fantasia ou imaginação, no caso da criança,
pode impactar na origem de seus traumas.

7
ZAHAVI, D. The phenomenological mind. New York: Routledge, 2008. Pág. 7.
“Pra que filosofia se ela não é mais a detentora da verdade, papel fundamentado pela
Ciência?”
Parto desta questão que interpreto com a seguinte questão: a ciência se autonomizou ao
ponto de a filosofia não ter mais papel? Qual é o papel da filosofia perante a ciência e a
experiência humana?
Quando eu resolvi relacionar o papel da filosofia, ou o seu para quê, me utilizando da
fenomenologia, meu objetivo é mostrar como estas descrições da experiência da
consciência pode ser frutífera para outras investigações que também possuem a meta de
dar conta da experiência humana.
Na Semana de Graduação em Filosofia da UERJ de 2018, eu apresentei “O conceito
popular e o fenomenológico de vivência na Filosofia”.
Em síntese: o conceito de vivência não é o habitual, no qual uma pessoa está
corporeamente presente em um local experimentando as coisas externas, para que então
estas coisas façam parte de seu conjunto de experiências catalogadas.
Pelo contrário, vivência implica nas nossas experiências com as coisas propriamente
falando; neste sentido, vivências são ocorrências do nível da consciência tais como as
percepções, imaginações, lembranças, que doando de significados, trazem a possibilidade
de algo se manifestar. Em outra palavra, o conceito de vivência, neste sentido, é idêntico
ao conceito de vivência intencional. Um exemplo: quando assisto um espetáculo cênico,
eu tenho múltiplas vivências, tais como a percepção que eu tenho dos atores, ou a
imaginação de que poderia ser eu ali atuando, assim como em casa eu posso ter uma
lembrança daquela mesma cena de mim mesmo sendo uma das personagens que
compõem a peça.
No decorrer do texto eu expus um exemplo: uma criança deitada no berço durante a
tentativa de sono abre os olhos e vê ratos voando no teto, causando nela medo e, portanto,
o impedimento do sono. Ao chorar e solicitar a presença dos pais, estes percebem que não
eram ratos, e sim, brinquedos que ao fazerem reflexo com a luz, e realizando um
movimento rotatório, formam imagens semelhante à de ratos voando em círculo.
O que a descrição fenomenológica frisa, é que, no ato de ver os ratos voando, a criança
percebeu os ratos voando. Não é fenomenológico afirmar que ela estava enganada, pois
a vivência que ela teve, foi da percepção de um rato, por mais que a efetividade deste
possa ser questionada. Depois que os pais verificam através de uma nova percepção, eles
adequam o conhecimento em novos graus, acendendo a luz, tocando nos objetos,
mostrando a criança que eram brinquedos, etc.
Isso mostra que na experiência de consciência há uma primazia com relação a qualquer
tentativa de se referir a realidade fora dessa relação da consciência com seus objetos.
Descrever e analisar esta relação é papel da filosofia fenomenológica, que através do
método que é característico desta investigação, dá as bases fundamentais que estruturam
nossa experiência com as coisas.
Neste sentido, o método proposto é por um lado um método descritivo e analítico que
parte do princípio de “ausência de pressupostos” que saem da esfera da fenomenologia,
são eles, os pressupostos psicológicos( tais como leis hipotéticas acerca da mente ),
naturalistas( pressupostos metafísicos acerca da constituição da realidade e sua ligação
com a mente), ou qualquer outro do âmbito tético e postulativo.
Por outro, e no mesmo nível as reduções fenomenológicas que trabalham na eliminação
tanto dos juízos tanto de referências à realidades naturais, humanas, tais como suas
capacidades, etc. Neste caso, a redução nos leva a considerar o objeto da investigação em
seu aspecto ideal, a priori e condicionante. Ou seja, iremos analisar os atos de consciência
e seus correlatos, sem realizar qualquer referência a pressupostos científicos acerca do ser
humano ou de animais não humanos.
Com isso, a atenção se volta diretamente para as coisas, tal como elas se dão na intuição
pura.
.
.
.

O exemplo que me referi de estar em um espetáculo cênico, tal como da criança, precisam
ser analisados neste sentido acima exposto, descritivamente e sem pressupostos, para que
as bases fundamentais da experiência de todo aquele que possui o caráter de consciência,
seja elucidado.
É neste sentido que a filosofia serve como fundamentação das ciências, pois os juízos,
tanto as bases para ida à experiência que é característico dessas ciências, são debitarias
dessa estrutura da consciência, que torna possível qualquer experiência em geral: em
outras palavras, digo que só há conhecimento, onde há consciência, pois é ela que abre a
possibilidade que fenômenos se dêem.

Como que uma investigação fenomenológica, a nível descritivo, poderia contribuir para
as ciências cognitivas, psicologia e/ou filosofia da mente?
Em primeiro lugar, analisando e desconstruindo certos conceitos fundamentais que estão
na base dessas investigações: tais como o conceito de consciência, de objeto, de conteúdo,
de aparência, etc. tais como são tão caros a essas ciências ou problemas como: a suposta
distinção entre ser e aparência, problemas oriundos e explicações psicologistas tais como
o problema do realismo entre a relação entre representação e coisa em si, etc.
Junto a isso, as descrições fenomenológicas dão chance para que proposições
experimentais e até hipóteses se dêem: como no caso da criança, o que podemos investigar
a partir da ideia de que a experiência de uma criança, em primeiro lugar, remonta a uma
experiência independente de sua vontade, por isso, uma imposição das coisas com relação
às situações pretensamente reais?
Como que atos de consciência que dão objeto como a percepção e a imaginação podem
ser opotunizadoras de experiências traumáticas?
A mente se relaciona com objetos interiores a ela mesma? Qual impacto para uma ciência
experimental ao estar diante de uma descrição que mostra que um ato cognitivo qualquer,
visto fenomenologicamente, infinitiza a possibilidade de experiência com objetos em
geral?

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