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Daí que é importante, antes de proceder à colheita das amostras, avaliar a uniformidade
do terreno de modo a saber o número de amostras necessárias. A avaliação consiste na
observação e distinção das diferenças existentes nas unidades de solo através da cor,
topografia, textura e tipo de vegetação.
Por exemplo se a área em causa apresenta uma topografia ondulada, os solos dos locais
mais baixos irão apresentar provavelmente cores mais escuras do que os solos do topo,
por isso, será necessário retirar amostras diferentes destas duas realidades. Por outro
lado, a área pode ser plana, contudo, com locais de vegetação abundante e noutros,
vegetação escassa, merecendo assim tratamento diferente.
Transecto 1
50 m
transecto 2
A colheita efectua-se, de preferência, com uma sonda, mas uma pá pode também ser
utilizada. Contudo, com a pá corre-se o risco de as profundidades de colheita das
amostras serem irregulares e haverá então necessidade de se abrir uma cova até à
profundidade desejada.
Uma interpretação correcta dos valores obtidos é essencial para tirar o máximo proveito
das análises do solo. Essa interpretação é obtida através de várias experiências de campo
com culturas e posteriores análises do solo.
Classe de fertilidade
em ppm Método
Nutriente Miuto Muito utilizado
baixa Baixa Média Alta alta
P <5 5-9 10-17 18-25 >25 (1)
K <50 50-100 100-175 175-300 >300 (2)
Mg <20 20-40 40-80 80-180 >180 (2)
Mn <24 24-90 91-360 361-1400 >1400 (3)
Fe <31 31-75 75-200 201-500 >500 (3)
Zn <0,6 0,6-1,5 1,6-5,0 5,1-15 >15 (3)
Cu <0,8 0,8-2,0 2,1-6,0 6,1-20 >20 (3)
Fonte: Menete e Chongo, 1999 citando IFA, 1992
Métodos de extracção:
(1) Método de Olsen
(2) Método de acetato de amónia a pH 7.
(3) Método de extracção com acetato de amónia e EDTA
Na tabela acima, não consta o azoto, porque a recomendação para a sua adubação
depende de ensaios de campo e não do seu conteúdo no solo.
Diagnóstico Visual
Uma boa produção e uma boa qualidade dos produtos agrícolas só podem ser
conseguidos através do fornecimento adequado de nutrientes à planta. Quando a
concentração do nutriente nos tecidos da planta for demasiadamente baixa ou
exageradamente elevada surgem habitualmente sintomas de deficiência ou excesso, nos
caules, nas folhas ou nos frutos. Por isso o diagnóstico visul serve como método de
avaliação do estado nutritivo das culturas se os sintomas estiverem perfeitamente
relacionados com as suas causas.
É preciso também saber que os sintomas só se manifestam quando a deficiência ou a
toxicidade atingem um certo limite. Assim, a planta poderá ter estado sujeita, durante um
período longo, à falta ou excesso de nutrientes e não apresentar sintomas. No entanto a
redução da produção ou alteração na qualidade de produtos serão um facto.
Diagnóstico laboratorial
A análise foliar constitui um método seguro para o diagnóstico do estado nutritivo das
culturas. Ela consiste, na análise química das folhas da planta.
A análise foliar, juntamente com a análise do solo permitem o monitoramento e
elaboração das estratégias de fertilização para a cultura em causa. Contudo, há casos em
que as análises do solo podem indicar suficiência de nutrientes e o diagnóstico visual e
foliar indicarem deficiência. Nestes casos, haverá outros factores que poderão estar a
dificultar a disponibilidade dos nutrientes. Estes factores poderão ser: humidade do solo,
aeração, luz, temperatura, práticas culturais, reacção do solo e pragas e doenças.
Como a composição química da planta varia com a idade e com a parte da folha
analisada, é fundamental seleccionar correctamente, para cada cultura, as folhas a serem
analisadas e dispor de valores padrões interpretativos para os diversos nutrientes.
FIGURA 6.
Finalmente, no caso duma adubação excessiva, a produção vai baixar por causa de
efeito tóxico ou deficiências relativas de outros elementos, trajecto E-F.
FIGURA 7. FIGURA 8.
Para julgar o estado nutritivo duma planta ou cultura não necessário conhecer todas as
razões entre os conteúdos de nutrientes em relação à produção. Uma análise do material
vegetal )principalmente das folhas num certo estado de vida da planta) já indica muito,
nomeadamente quando existem muitos dados sobre a relação entre produção e os
conteúdos de nutrientes para esta planta ou cultura.
Justus von Liebig (químico alemão do sec. IXX) assumiu uma relação linear entre a
produção e um factor de crescimento. A relação é mostrada na Figura 9.
FIGURA 9.
Quando se aplica o factor X em quantidade X1 a produção vai aumentar até o valor Y1, no
qual um outro (segundo) factor de crescimento se torna limitante (“em mínimo”). Depois
duma adição adequada do segundo factor, a aplicação adicional do primeiro factor X (X2)
vai iniciar um aumento adicional da produção (Y2) até um terceiro factor se tornar
limitante, etc. Uma outra imagem para ilustrar esta lei é o barril de von Liebig (Figura 10).
É impossível encher este barril mais do que o nível da tábua K (potássio) porque a água
transbordará. Depois da elevação da tábua K o barril pode ser cheio até ao nível da tábua
S..., etc.
Produção de grãos (YI) = função do nº de caules (y1), do nº de espigas por caule (y2), do nº
de grãos por espiga (y3) e do peso de grãos (y4). Veja as Figuras 11 e 12
(esquematicamente).
Para cada curva de produção (y1,…,y4) aplica-se a lei de von Liebig, mas a quantidade do
factor de crescimento para a produção máxima é diferente para cada caso.
Os vários factores estão interrelacionados. Este ponto, não considerado por von Liebig, é
importante mas é de difícil ilustração.
(dy/dx = 0 !)
FIGURA 13.
Integração da equação:
dy
= c( A − y ) (1)
dx
dy
= cdx
( A − y)
∫ dy = c ∫ dx
( A − y)
d ( A − y)
- ∫ ( A − y)
= c ∫ dx
- ln( A − y ) = cx + K y = A - ek (2)
Quando X = 0 Æ y = 0 ⇒ -ln A = K;
Substituição em (2):
− ln( A − y ) = cx − ln A
( A − y)
ln = − cx (3)
A
− cx
A − y = A*e
− cx
y = A(1 − e)
X = total do factor de crescimento aplicado; uma quantidade “b” pode já estar presente
no solo:
−0.434 ( cx + b )
y = A[1 − 10 ] (4)
Com a fórmula (3) é possível calcular a quantidade dum factor x que deve ser aplicado
para obter uma certa produção:
( A − y)
(3): cx = − ln
A
( A − y)
0.434cx = − log
A
quando o factor X é exprimido em unidades de 100 kg por hectare (de N, P2O5 e K2O); para
obter uma produção que corresponde a 90% da produção máxima (A) precisa-se de:
log10
P:x = = 1,67 unidades = 167 kg / ha
0,6
log10
K:x= = 2,5 unidades = 250 kg / ha
0,4
Para obter 99% da produção máxima são necessários 1000 kg de N, 333 kg de P2O5,e 500
kg de K2O respectivamente (verifique!). Estas quantidades, que são o resultado da
aplicação do modelo, são muito elevadas! Por isso muitos cientistas não aceitaram esta
teoria:
−0434 cx − kx 2
y = A(1 − 10 ) * 10
− kx 2
Em que k é uma outra constante. O factor 10 chama-se “factor de prejuízo”
(“schádigungsfaktor”). Veja figura 14a.
Y = a + bx + cx2 (c = negativo):
É uma parábola (Fig. 14b). Quando o valor de cx2 é pequeno (desprezível), pode se
escrever:
Y = a + bx
Esta função é uma linha recta (compare-a com a curva de von Liebig).
Algumas culturas têm variedades modernas que são adaptadas aos níveis de adubação
muito elevados. Por isso, estas variedades produzem menos em solos pobres porque elas
precisam de muito adubo. Nestas condições as variedades tradicionais geralmente
produzem mais.
Por exemplo, há duas variedades de arroz: uma variedade com palha curta e outra com
palha longa (Figura 15).
Aplicação elevada de N causa prejuízo para a variedade de “palha longa”, a cultura acama
facilmente.
Até agora falamos somente dum factor de produção: o adubo. Porém há outros factores
de produção como luz, água, temperatura, conteúdo de CO2 na atmosfera e de O2 do ar no
solo.
Figura 16. Para cacau há uma resposta positiva a maior intensidade de luz.
b) Água e adubação
Esta relação é importante nas regiões (semi)áridas, onde as culturas precisam de rega
para obter uma produção aceitável.
Figura 17
1. sem rega
2. com rega
3. com rega em
quantidade
excessiva
Temos uma mais forte resposta da cultura quando há rega; a aplicação óptima do N-
fertilizante é também maior (Figura 17).
Na situação “sem rega” (1) uma aplicação de N pode facilmente causar um abaixamento
na produção (efeito de salinidade!).
A situação “com rega” pode causar uma mais baixa produção do que a produção sem
rega se a água de rega for aplicada em quantidades tão excessivas que o nitrogénio já
presente no solo é lavado (situação 3).
Figura 18
1. sem rega
2. com rega
3. com rega, num solo rico
em fosfatos (o efeito de
adubação
com P é menos claro!)
Como para nitrogénio a resposta da cultura é mais forte quando há adubação com
irrigação (situação 2).
Este efeito positivo tem dois componentes: o efeito de maior fornecimento de água e
fósforo, mas também uma melhor disponibilidade do fósforo por causa do elevado
conteúdo de água no solo. Este melhoramento na disponibilidade ocorre porque a
solubilidade dos fosfatos de alumínio e ferro aumenta em condições de maior humidade
(ambiente químico de redução!) Este efeito pode ser tão grande que a produção (resposta
da cultura) torna-se inicialmente
maior do que a produção com adubação e irrigação (o efeito de adubação é menos claro).
Geralmente a adubação fosfatada em solos secos tem um efeito positivo sobre a
produção.
FIGURA 19
(metabólicas).
A figura mostra uma relação entre a produção (Y) (fotossíntese, em mm3 de O2/hora) e a
intensidade de luz às diferentes temperaturas.
Conteúdos elevados de CO2 no solo são prejudiciais – causam deficiência de oxigénio (O2),
que é necessário para as raízes na absorção de nutrientes. A deficiência de oxigénio pode
ocorrer nos solos alagados, em solos com camadas densas, e em solos de textura ligeira
em que uma crosta superficial se forma facilmente durante as chuvas (ou rega).
FIGURA 20.