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Direito Privado – Exercícios de Fixação

(Semana 6)

1) José, um trabalhador honrado, teve um sério problema com seu empregador e, com o objetivo
de garantir seus direitos, acabou recorrendo à Justiça. Após analisar o caso de José, o Juiz
decidiu que iria extinguir o processo sem julgar o mérito (sem decidir a questão), pois não havia
nenhuma lei que tratasse daquele assunto. Esta atitude está correta? Esclareça.
A atitude do juiz não se coaduna com as normas jurídicas em vigor. Segundo o Art. 140 do NCPC, o
“juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico”. Para
tanto deve lançar mão dos mecanismos de integração das normas jurídicas, conforme previsto no Art. 4º
da LINDB: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito”. Verifica-se, portanto, que o próprio sistema apresenta solução para
qualquer caso que esteja sub judice.

2) O que é ANALOGIA?
A analogia consiste na aplicação, ao caso não previsto, da norma legal concernente a uma hipótese
análoga já prevista, ou seja, tipificada. Tal dispositivo está no topo da hierarquia dos mecanismos de
integração uma vez que o direito brasileiro consagra a supremacia da lei escrita.

Consiste na possibilidade de o Juiz, na ausência de lei sobre determinado assunto, julgar o caso com
base em uma lei/norma feita para uma situação semelhante àquela que está sob julgamento.

3) No Direito, o que são os COSTUMES?


Costumes são as práticas uniformes, constantes, públicas e gerais de determinados atos, com a
convicção de suas necessidades. Essa convicção deve ser geral, cultivada por toda a sociedade ou
observada por parcela ponderável da comunidade, ou ao menos mantida por uma categoria especial de
pessoas. O costume é composto de dois elementos: o uso ou prática reiterada de um comportamento
(elemento externo ou material) e a convicção de sua obrigatoriedade (elemento interno ou psicológico).
Existem três espécies de costumes:
- secundum legem: quando se acha expressamente referido na lei. Como é reconhecido no direito
positivo, tem caráter de verdadeira lei;
- praeter legem: quando se destina a suprir a lei, nos casos omissos;
- contra legem: quando se opõe à lei. Entretanto, o costume contrário à aplicação da lei não tem o poder
de revogá-la.

4) O que são os Princípios Gerais do Direito?


Os princípios gerais de direito são constituídos de regras que se encontram insculpidas na consciência
dos povos e são universalmente aceitas, mesmo não estando escritas. Temos como exemplos de
princípios gerais que estão implícitos no nosso ordenamento jurídico a ideia de que “ninguém pode
valer-se de sua própria torpeza” e a “boa-fé se presume”.

5) A EQUIDADE pode ser considerada um mecanismo de integração da norma jurídica e pode ser
utilizada livremente pelo juiz em qualquer situação?
A equidade não constitui meio supletivo de lacuna na lei, sendo apenas um recurso auxiliar. Prescreve o
Art. 140 do NCPC que o juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. Tal instrumento está
previsto no art. 5º da LINDB quando recomenda ao juiz, na aplicação da lei, que atenda aos fins sociais
a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

6) O que significa SUBSUNÇÃO?


Subsunção é o enquadramento do caso concreto, o fato, no conceito abstrato da norma. Se tal
enquadramento não ocorre, o juiz deverá lançar mão dos mecanismos de integração das normas
jurídicas.

Subsunção consiste na perfeita adequação entre a norma e o fato concreto. Por isso dizemos que o juiz é
o intermediário entre o fato e a norma, pois é ele quem, ao julgar um caso concreto, encontra a norma
adequada para justificar sua decisão em cada situação.

7) O que é Hermenêutica?
Hermenêutica é a ciência da interpretação das leis.

8) No momento da interpretação da lei, para quais circunstâncias o intérprete deve estar sempre
atento?
De acordo com o art. 5º da LINDB, o juiz, no momento da aplicação da lei deve se atentar para os fins
sociais a que ela se destina e às exigências do bem comum, não permitindo, assim, que nenhum
interesse particular se sobreponha ao interesse e ao bem comum.

9) Considerando a FONTE (origem), como podem ser classificados os métodos de interpretação da


Lei? Discorra, brevemente, sobre cada um deles.
Os métodos de interpretação das leis, com relação às fontes ou origem, podem ser classificados em:
- interpretação autêntica ou legislativa: é a interpretação feita pelo próprio legislador através de outro
ato. Quando reconhece a ambiguidade da norma, vota uma nova lei destinada a esclarecer a sua
intenção.
- interpretação jurisprudencial ou judicial: é a interpretação fixada pelos tribunais, que, embora não
tenha força vinculante, influencia grandemente os julgamentos nas instâncias inferiores.
- interpretação doutrinária: é a interpretação realizada pelos estudiosos do direito, os jurisconsultos, que
fornecem subsídios, à luz dos conceitos inspiradores da norma, para que os operadores do direito
possam entender o seu sentido e alcance e melhor aplicá-las em suas atividades.
10) Considerando os MEIOS, como podem ser classificados os métodos de interpretação da Lei?
Discorra, brevemente, sobre cada um deles.
Os métodos de interpretação das leis, com relação aos meios, podem ser classificados em:
- interpretação gramatical ou literal: é o exame do texto normativo sob o ponto de vista linguístico,
sendo a primeira fase do processo interpretativo.
- interpretação lógica ou racional: procura-se apurar o sentido e a finalidade da norma, a intenção do
legislador, por meio de raciocínios lógicos, ou seja, o intérprete procura extrair as várias interpretações
possíveis eliminando as que possam parecer absurdas.
- interpretação sistemática: parte do pressuposto que a norma não existe isoladamente e deve ser
interpretada em conjunto com outras normas, ou seja, deve-se apurar o contexto em que se situam.
- interpretação histórica: é baseada na investigação dos antecedentes da norma, do processo legislativo,
a fim de descobrir o seu exato significado. Busca-se apurar a vontade do legislador e os objetivos que
visava atingir.
- interpretação sociológica ou teleológica: tem por objetivo adaptar o sentido ou finalidade da norma às
novas exigências sociais, conforme recomendação, presente no art. 5º da LINDB, dizendo que cabe ao
juiz, na aplicação da lei, atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum
É válido ressaltar que os métodos de interpretação não operam isoladamente, não se repelem
reciprocamente, mas se completam.

Bom trabalho! Bom estudo! 😃

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