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Lição 3 - Cristo e a tradição religiosa

12 a 19 de abril

Sábado à tarde

Ano Bíblico: 1Rs 5, 6

VERSO PARA MEMORIZAR:

"Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. E em vão Me
adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens" (Mt 15:8, 9).

Leituras da Semana:

Mt 23:1-7; Mt 15:1-6; Is 29:13; Mt 5:17-20; Rm 10:3

John Wesley, fundador da Igreja Metodista, sugeriu que a teologia de alguém é influenciada por
quatro fatores: fé, razão, Escrituras e tradição. No entanto, Ele não quis dizer que todos os
quatro aspectos tenham igual autoridade. Ele reconheceu que a Bíblia é fundamental, mas
também reconheceu que a fé, a capacidade de raciocinar e a tradição religiosa afetam a
maneira pela qual a Bíblia é interpretada. Se Wesley fosse trazido de volta à vida hoje, ficaria
chocado ao descobrir que muitos teólogos modernos na tradição Wesleyana (e em outras
tradições também) agora dão mais valor à razão, à tradição ou à opinião pessoal do que ao
claro ensino das Escrituras.
A lição desta semana estuda as tradições religiosas sobre as quais os escribas e fariseus
fundamentavam muitos dos seus ensinamentos. Os rabinos que originalmente escreveram
essas tradições respeitavam muito as Escrituras e não tinham intenção de que essas tradições
fossem elevadas à condição de Palavra de Deus. No entanto, alguns de seus zelosos discípulos
confundiram o método com a mensagem e, com isso, deslocaram o foco da divina revelação
escrita para a tradição humana.

Chegou o grande dia! Que Deus abençoe seu envolvimento no evangelismo da amizade!

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Domingo

Ano Bíblico: 1Rs 7, 8

A cadeira de Moisés

Embora os "escribas e fariseus" pareçam ser dois grupos distintos, que simplesmente foram
colocados no mesmo conjunto, os escribas provavelmente fossem um subgrupo dos fariseus (At
23:9). Os fariseus se tornaram um grupo notável durante o tempo do Império Grego. Acredita-
se que fossem os remanescentes de uma seita judaica piedosa, conhecida como Hasidim (Os
Piedosos), que ajudaram a combater na revolta dos Macabeus contra a Grécia.

O título fariseu é derivado do hebraico paras, que significa "separar". Numa época em que
muitos judeus haviam se tornado muito influenciados pelas culturas pagãs, os fariseus
entenderam que seu dever era garantir que a lei fosse ensinada a todos os homens judeus. Para
realizar essa tarefa, eles estabeleceram a função do rabino, que significa literalmente "meu
grande" ou "meu professor".
Ao dizer que "na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus", Jesus reconheceu
a posição deles como mestres do povo (Mt 23:2, 3). Afinal, pelo menos eles tinham assumido a
responsabilidade de assegurar que o povo fosse instruído no caminho da lei.

1. Leia Mateus 23:1-7. Qual foi um dos maiores problemas de Jesus com os escribas e fariseus?

A maioria das referências aos escribas e fariseus nos evangelhos é negativa. Considerando a
cumplicidade que muitos deles tiveram na morte de Jesus e na perseguição aos Seus
seguidores, esse negativismo foi bem merecido. Membros desses grupos pareciam estar à
espreita nas esquinas e se escondendo atrás das árvores, esperando que as pessoas
cometessem erros, para que eles pudessem aplicar a lei contra elas. Essa imagem do fariseu é
tão frequente nas Escrituras que essa palavra geralmente é usada como sinônimo de legalista.

Ao considerar atentamente esse texto, descobrimos que o grande problema de Jesus com os
fariseus não era seu desejo de que os outros guardassem a lei de Moisés, mas o fato de que
eles não a estavam guardando. Eles eram hipócritas, pois diziam uma coisa, mas faziam outra, e
até mesmo quando faziam as coisas certas, faziam isso pelas razões erradas.

Leia novamente o que Jesus disse sobre os escribas e fariseus. Será que temos as mesmas
atitudes dos fariseus? O que precisamos mudar?

Começa hoje o Evangelismo de Semana Santa: "Nos Passos do Mestre". Participe no seu
pequeno grupo!

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Segunda

Ano Bíblico: 1Rs 9, 10


Mandamentos humanos

Embora os escribas e fariseus se assentassem "na cadeira de Moisés", sua fonte de autoridade
para a instrução religiosa extrapolava o Antigo Testamento.

A lei que os fariseus utilizavam consistia em interpretações bíblicas dos principais rabinos. Essas
interpretações não tinham a intenção de substituir as Escrituras, mas de complementá-las. No
início, elas circulavam por via oral. Posteriormente, os escribas começaram a reuni-las em
livros.

A primeira publicação oficial da lei rabínica não apareceu até o fim do segundo século d.C.,
quando o rabino Yehuda Ha-Nasi (Judá, o Príncipe) publicou a Mishná. As leis registradas na
Mishná refletem cerca de quatro séculos de interpretação rabínica. Entre os rabinos que
contribuíram estão muitos que viveram na época de Jesus, sendo os mais notáveis Hillel e
Shammai. Houve também Gamaliel,

neto de Hillel e também professor de Paulo.

2. Leia Mateus 15:1-6. Qual foi a controvérsia nesse episódio? Qual erro Jesus procurou
corrigir?

Na lição um, aprendemos que as leis rabínicas eram chamadas halakah, cujo significado é
"caminhar". Os rabinos consideravam que, se uma pessoa andasse nos caminhos das leis
menores, acabariam cumprindo as leis mais importantes. No entanto, em algum lugar ao longo
do caminho, as leis menores começaram a assumir maior status, e depois de um tempo ficou
difícil distinguir o que era tradicional do que era bíblico.

Não parece que Jesus tivesse problema com a existência das regras dos fariseus. Para Jesus, o
problema era a elevação dessas regras à condição de "doutrina". Nenhum ser humano tem o
poder de criar restrições religiosas e elevá-las ao nível de mandamento divino. Mas isso não
quer dizer que os cristãos estejam proibidos de criar regulamentos que ajudem a governar o
comportamento da comunidade.

A instrução prática poderia ajudar muito as pessoas na observância da lei. No entanto, jamais
se deve permitir que a instrução assuma o lugar da própria lei.

Quais regras, tradições e costumes da nossa igreja nos ajudam a viver com mais fidelidade e
obediência à lei? Anote-os e comente com a classe. Qual é o papel dessas regras na sua
comunidade de fé?

Tema de hoje: Você já deu um passo de humilhação? Participe no Pequeno Grupo.

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Terça

Ano Bíblico: 1Rs 11, 12

Tradições dos anciãos

Como vimos, alguns dos rabinos prestavam tanta atenção às regras e tradições criadas para
auxiliar na observância da lei de Moisés que não conseguiam distinguir as diferenças entre elas.
Depois de algum tempo, as palavras dos rabinos ganharam status canônico. As pessoas
pensavam que elas eram tão obrigatórias quanto as Escrituras. Com toda a probabilidade,
quando os rabinos originalmente escreveram seus comentários, não tinham a intenção de
adicioná-los às páginas das Escrituras. No entanto, seus dedicados discípulos provavelmente
considerassem ser seu dever compartilhar essas interpretações únicas com a população em
geral.
3. Leia novamente Mateus 15:1, 2. Em qual texto dos primeiros cinco livros de Moisés essa
tradição estava fundamentada? Que lição podemos aprender com isso? Leia também Mc 7:3, 4;
Mt 15:11

Somos levados a procurar um texto bíblico que ordene: "Tu deves lavar as mãos antes de
comer". No entanto, essa ordem não teria surpreendido os escribas e fariseus quando eles
confrontaram Jesus, porque eles deixaram claro que os discípulos não estavam transgredindo a
lei mosaica, mas a "tradição dos anciãos". A intensidade com que eles fizeram a pergunta faz
parecer que, para os fariseus, essa era uma grave transgressão religiosa.

Os profissionais de saúde e os pais provavelmente gostariam de dar uma justificativa higiênica


ou psicológica para a aparente compulsão obsessiva dos fariseus com o ato de lavar as mãos.
No entanto, estudiosos acreditam que a questão fosse realmente a impureza cerimonial.
Aparentemente, a preocupação dos fariseus era que, enquanto as pessoas realizavam suas
tarefas diárias, tocariam em coisas que haviam sido contaminadas. Consequentemente, se
comessem sem lavar as mãos, seriam contaminadas cerimonialmente ao tocar no alimento.

Visto que eles acusaram os discípulos de Jesus, podemos concluir que o próprio Jesus não
transgrediu essa bem conhecida tradição (Mc 7:3). No entanto, Ele sabia muito bem que a
maior preocupação dos fariseus estava nas coisas secundárias.

Leia Isaías 29:13. Que princípios bíblicos importantes são revelados nessa passagem? Por que é
tão importante nos lembrarmos deles?

Ore por decisões durante a Semana Santa. Participe hoje da reunião no seu Pequeno Grupo.

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Quarta

Ano Bíblico: 1Rs 13, 14


Preceitos dos homens

"Não cessou ainda a substituição dos preceitos de Deus pelos dos homens. Mesmo entre os
cristãos acham-se instituições e costumes que não têm melhor fundamento que as tradições
dos pais. Essas instituições, fundamentadas em autoridade meramente humana, têm
suplantado as de indicação divina. Os homens se apegam às suas tradições e reverenciam seus
costumes, nutrindo ódio contra os que lhes procuram mostrar que estão em erro. [...] Em lugar
da autoridade dos chamados pais da Igreja, Deus pede que aceitemos a Palavra do Pai eterno, o
Senhor do Céu e da Terra" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 398).

4. Leia Mateus 15:3-6. Levando em conta o contexto de Êxodo 20:12, Deuteronômio 5:16,
Mateus 19:19 e Efésios 6:2, quais foram as duas graves acusações feitas por Jesus contra os
fariseus?

Quando os fariseus confrontaram Jesus a respeito do incidente relacionado à questão de lavar


as mãos, esperavam que Ele respondesse diretamente à sua acusação. No entanto, em Seu
estilo único, Jesus os confrontou com uma pergunta que era o verdadeiro cerne da questão.
Jesus queria que eles soubessem que o problema não era lavar as mãos nem a entrega do
dízimo, mas a elevação dos padrões humanos acima dos padrões divinos. Os fariseus podiam
apresentar uma explicação lógica para sua posição sobre o ato de lavar as mãos.
Provavelmente, eles também argumentassem que sua canalização de recursos para a causa de
Deus, e não para seus pais, era uma expressão de seu incomparável amor a Deus.

Embora os fariseus possam ter tido motivos lógicos para suas ações, Deus não espera que os
seres humanos O amem de acordo com a própria vontade humana. Era bom que eles
estivessem preocupados com disciplina e vida santa, mas essa preocupação jamais deveria
obscurecer a vontade de Deus. Os fariseus deveriam ter lembrado que as 613 leis registradas na
lei de Moisés eram harmoniosas e não contraditórias. Nenhuma das leis tinha por objetivo
suplantar as outras. No entanto, a insistência deles em seguir a "tradição dos anciãos"
invalidava a Palavra de Deus (Mt 15:6), pelo menos no que dizia respeito aos próprios fariseus.
Vendo a si mesmos como os protetores da lei, devem ter ficado chocados, e até escandalizados,
pela alegação de que estavam transgredindo e invalidando a lei, mediante as próprias tradições
que eles achavam que ajudavam as pessoas a observar fielmente a lei!

Convide um amigo para ir ao seu Pequeno Grupo orar e estudar a Bíblia.

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Quinta

Ano Bíblico: 1Rs 15, 16

Justiça excessiva (Mt 5:20)

5. Leia Mateus 5:17-20. De que maneiras podemos entender a advertência de Jesus em Mateus
5:20? Leia também Rm 10:3.

Se lido isoladamente, Mateus 5:20 poderia ser visto como um convite para exceder o farisaísmo
dos fariseus, isto é, fazer o que eles faziam, de modo mais intenso.

Mas era isso que Jesus estava dizendo? Felizmente, a resposta a essa pergunta está ao nosso
alcance. A lição de ontem mostrou que era comum os escribas e fariseus elevarem as regras da
tradição acima da lei de Deus. Jesus precisou dizer-lhes que as suas ações na realidade
invalidavam a clara Palavra de Deus. A lição de segunda-feira também mencionou que, embora
os escribas e fariseus provavelmente tivessem bom conteúdo em seu ensino, muitos deles
viviam de maneira hipócrita.
Nesse cenário, não é difícil perceber o verdadeiro sentimento por trás da declaração de Jesus.
Ele poderia muito bem estar se referindo àquilo sobre o que havia advertido em outra ocasião:
"Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos
homens, será considerado mínimo no reino dos Céus" (Mt 5:19). Os fariseus estavam tão
concentrados nas leis de origem humana que transgrediam abertamente a lei de Deus. A justiça
deles estava fundamentada em seus próprios esforços e, como tal, era defeituosa. Muito
tempo antes, Isaías havia declarado que a justiça humana não passa de "trapo da imundícia" (Is
64:6).

O tipo de justiça que Jesus promove começa no coração. No incidente relacionado à tradição de
lavar as mãos, Ele apontou o erro dos fariseus citando Isaías 29:13: "Este povo [...] com os seus
lábios Me honra, mas o seu coração está longe de Mim". A justiça que Deus procura é mais
profunda do que a ação visível.

Jesus pede uma justiça que exceda aquela que os fariseus julgavam possuir.

A justiça que conta não é obtida mediante a execução de cada item de uma lista de tarefas.
Podemos alcançá-la somente quando exercemos fé em Jesus Cristo e suplicamos Sua justiça
sobre nós. É uma justiça que provém de uma entrega total de si mesmo e da intensa percepção
de que precisamos de Jesus como nosso Substituto e Exemplo.

Leia Romanos 10:3. Como esse texto nos ajuda a ver o que significa a verdadeira justiça?

Amanhã, a Semana Santa acontecerá nos templos adventistas. Envolva-se no louvor, oração e
recepção.

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Sexta
Ano Bíblico: 1Rs 17–19

Estudo adicional

Para mais informações sobre o tema desta semana, leia, de Ellen G. White, O Desejado de
Todas as Nações, p. 395-398: "Tradição"; p. 610-620: "Ais Sobre os Fariseus"; leia também
Mateus 23.

"Que todos os que aceitam a autoridade humana, os costumes da igreja ou as tradições dos
Pais, atendam à advertência comunicada nas palavras de Cristo: "Em vão Me adoram,
ensinando doutrinas que são preceitos dos homens"

(Mt 15:9, RC; Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 398).

Perguntas para reflexão

1. Quais são as tradições seguidas pelos adventistas do sétimo dia? Por que é importante
reconhecê-las como tais? Por que são tradições importantes, e qual é o papel delas em nossa
comunidade? Quais delas têm significado universal, e quais se baseiam em fatores locais e
culturais?

2. "Permitiram os crentes, não raro, que o inimigo por meio deles opera se no próprio tempo
em que deveriam ter sido completamente consagrados a Deus e ao avanço de Sua obra.
Inconscientemente se têm extraviado para longe do caminho da justiça. Acalentando espírito
de crítica e censura, de piedade e orgulho farisaicos, entristeceram o Espírito de Deus e
retardaram grandemente a obra dos mensageiros divinos" (Ellen G. White, Testemunhos Para a
Igreja, v. 9, p. 125). Como alguém pode "inconscientemente" se extraviar para longe do
caminho da justiça? Que passos uma pessoa pode dar para evitar a atitude de justiça própria e
hipocrisia?
3. Pense na ordem do culto de adoração em sua igreja. Por que ela adota essa ordem
específica? Qual é o significado de cada item na liturgia (por exemplo, invocação, doxologia,
oração pastoral, etc.)? Que aspectos do culto da igreja revelam quanto a tradição está
entrelaçada à nossa fé? Pelo simples fato de ser tradição, significa que algo é ruim?

Respostas sugestivas: 1. Os fariseus eram hipócritas porque ensinavam e exigiam dos outros o
que eles não faziam. Suas obras eram feitas pelos motivos errados: queriam ser vistos pelas
pessoas. 2. Os discípulos não praticavam o ritual de lavar as mãos várias vezes antes de comer
pão, uma tradição dos anciãos. Jesus mostrou que os fariseus estavam colocando suas tradições
acima da lei dos Dez Mandamentos. 3. Essa tradição não estava fundamentada em nenhum dos
livros do Pentateuco, mas pode ter sido inspirada em alguma das cerimônias de purificação
ligadas ao santuário e ao povo no deserto. Mas era apenas uma tradição praticada de modo
exagerado, além da necessidade de higiene. Embora devamos cuidar da limpeza física, ela não
garante a pureza do coração. Da mesma forma, uma eventual imperfeição no aspecto da
limpeza física não impede a purificação espiritual produzida pela presença de Deus. 4. Os
judeus deixavam de ajudar os próprios pais sob o pretexto de dedicar seus recursos a Deus,
seguindo uma tradição. Essa atitude egoísta transgredia o mandamento que ordena honrar pai
e mãe, mais importante que as tradições dos anciãos. Os dois erros dos fariseus: cumprir
fielmente as tradições humanas e transgredir os mandamentos de Deus. 5. Jesus indicou que a
justiça dos fariseus era condenada, porque eles não eram verdadeiros. Não aceitavam a justiça
mediante a graça de Deus, mas tentavam estabelecer Sua justiça. A obediência deles não era
sincera. Eles colocavam as tradições acima da lei de Deus. Por isso, a obediência sincera e
humilde do seguidor de Jesus excederia a falsa justiça dos fariseus.

Vá a uma igreja adventista e ouça sobre o que Cristo fez para nos salva

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