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IMP Concursos - Manual Da Aprovao - Carreiras Legislativas PDF
IMP Concursos - Manual Da Aprovao - Carreiras Legislativas PDF
APRESENTAÇÃO
O IMP Online e a Faculdade Unyleya resolveram publicar uma série de e-books sobre a preparação para os
concursos das principais carreiras da Administração Pública. Por ser coordenador da Pós-Graduação em Direito
Legislativo e Consultor Legislativo do Senado Federal (desde 2012), tive a honra de ser convidado para redigir o
Manual da Aprovação – Carreiras Legislativas. Este é o resultado desse trabalho. Espero que seja útil para que
você garanta a vaga num dos postos mais concorridos do Brasil. Bons estudos!
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manual da aprovação - carreiras legislativas
SOBRE O AUTOR
João Trindade Cavalcante Filho, natural de João Pessoa-PB, mas
residente em Brasília desde 2005, é Consultor Legislativo do Senado
Federal, na área de Direito Constitucional, Administrativo, Eleitoral e
Processo Legislativo, tendo sido aprovado em primeiro lugar nessa área,
no concurso público de provas e títulos de 2012. Também é advogado, Sócio
do Trindade, Camara, Retes, Barbosa, Magalhães, Pinheiro – advogados
associados.
Antes, havia sido Analista (2010-2012) e técnico (2005-2010) do
Ministério Público da União, e técnico (2004-2005) da Universidade
Federal da Paraíba.
No âmbito acadêmico, é Mestre (2014) e Especialista (2011) em
Direito Constitucional pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP),
e atualmente cursa o Doutorado em Direito Constitucional (2018-2020)
na Universidade de São Paulo. É professor de Direito Constitucional
dos cursos de Graduação e Pós-Graduação do IDP, e dos cursos de Pós-
Graduação do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB/Senado Federal).
Ministra cursos de treinamento para órgãos públicos, especialmente
nas áreas de Direito Constitucional e Administrativo, mais especificamente
nas matérias de Responsabilidade Civil do Estado, Regime Jurídico dos
Servidores Públicos, Processo Administrativo, Processo Legislativo,
Direitos Fundamentais e Controle de Constitucionalidade.
É autor de diversas obras jurídicas, entre elas “Processo Legislativo
Constitucional” (Editora JusPodivm, 4ª edição), “Direito Constitucional
Objetivo” (Editora Alumnus, 7ª Edição), “O Discurso do Ódio na
Jurisprudência Alemã, Americana e Brasileira” (Editora Saraiva, 1ª Edição)
e “Manual Didático de Direito Administrativo” (em coautoria com Gustavo
Scatolino Silva, Editora JusPodivm, 7ª Edição).
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Manual da aprovação - Carreiras Legislativas
1. CONHECENDO A CARREIRA
1.1 Panorama
Chamamos genericamente de “carreiras legislativas” o conjunto dos diversos cargos de provimento efetivo (isto é,
nomeados apenas mediante aprovação prévia em concursos de provas, ou de provas e títulos, nos termos do inciso II
do art. 37 da Constituição Federal – CF) do Poder Legislativo, nas três esferas federativas. Logo, o aluno que escolhe
preparar-se para essa área pode concorrer aos cargos de nível médio ou superior (ou, ainda, de assessoramento
superior) do Legislativo municipal (Câmaras Municipais), estadual (Assembleias Legislativas), distrital (Câmara
Legislativa do Distrito Federal) e federal (Câmara dos Deputados e Senado Federal).
Trata-se de um conjunto de concursos que, geralmente, está entre os mais concorridos de cada esfera federativa,
seja em virtude do patamar remuneratório (geralmente, bem acima do Poder Judiciário e, especialmente, do Poder
Executivo), seja por conta do ambiente de trabalho (em regra, não tão exigente, em termos de horas de trabalho,
quanto os demais órgãos da Administração Pública).
Embora ainda existam, especialmente em alguns Municípios, cargos de auxiliar (em que se exige apenas o nível
fundamental), a maioria das Casas Legislativas hoje exige como formação o nível médio (para os cargos de técnico)
ou o nível superior (para os cargos de analista ou de assessoramento superior).
Na maioria das vezes, esse tipo de certame atrai candidatos mais preparados ou com nível mais avançado de
conhecimento. Não é incomum, por exemplo, ver pessoas que ocupam altos cargos na Administração Pública ou
na iniciativa privada desejarem preparar-se para esses certames, em busca, muitas vezes, de mais estabilidade
e de um trabalho mais aprazível/intelectual. Obviamente, existem muitos casos de estudantes que começaram
a jornada já por esses cargos do Legislativo, mas isso ainda constitui uma porcentagem menor: o mais comum é
mesmo que as carreiras legislativas representem o ponto máximo da “vida” de preparação para concursos.
A estrutura das carreiras (assim como a nomenclatura dos cargos) varia significativamente entre as várias Casas
Legislativas. Para fins de comparação, utilizaremos como base os dois órgãos do Legislativo Federal (Câmara
dos Deputados e Senado Federal) e um órgão estadual/distrital (a Câmara Legislativa do Distrito Federal). Nossa
comparação abrange as atribuições dos cargos e o nível de formação exigido, uma vez que as questões remuneratórias
serão tratadas mais à frente.
Senado Federal
Nível superior em
Assessoramento Consultor de Orçamento Assessorar na elaboração das leis orçamentárias
qualquer área
superior
Exercer a advocacia consultiva na área
Nível superior
Advogado de licitação e servidor público, e defender
em Direito
judicialmente o Senado Federal
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manual da aprovação - carreiras legislativas
Nível superior
Analista Legislativo – Exercer funções como engenheiro,
específico de
áreas especializadas médico, arquiteto, TI, etc
cada área
Técnico Legislativo –
Auxiliar no desempenho de funções administrativas Nível médio
área administração
Médio
Técnico Legislativo – Auxiliar nas diversas áreas especializadas
Nível médio
áreas especializadas (TI, áudio e vídeo, etc.)
(Analista Legislativo
Assessoramento Elaborar estudos, minutas de projetos e de Nível superior em
com Função de Confiança
superior pareceres, na sua área específica de conhecimento qualquer área
de Consultor)
Nível superior em
Consultor de Orçamento Assessorar na elaboração das leis orçamentárias
qualquer área
Na Câmara dos
Deputados, não há
advocacia: tais funções
são exercidas por
analistas (consultivo) ou
pela AGU (concencioso)
Superior
Analista Legislativo – Assessorar a Secretaria-geral da Mesa e as Nível superior em
área técnica legislativa comissões, especialmente em questões regimentais qualquer área
Analista Legislativo
Exercer funções administrativas, especialmente Nível superior em
– área material
nas áreas de licitações e contratos qualquer área
e patrimônio
Nível superior
Analista Legislativo – Exercer funções como engenheiro,
específico de
áreas especializadas médico, arquiteto, TI, etc
cada área
Técnico Legislativo –
Médio Auxiliar no desempenho de funções administrativas Nível médio
área administração
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manual da aprovação - carreiras legislativas
Câmara Legislativa do Distrito Federal
Nível superior
Consultor Técnico – áreas Exercer funções como engenheiro,
específico de
especializadas médico, arquiteto, TI, etc
cada área
Perceba que existe uma espécie de gradação entre os cargos de nível médio (patamar remuneratório e de
atribuições 1), de nível superior (patamar remuneratório e de atribuições 2) e de assessoramento superior (patamar
remuneratório e de atribuições 3). Em tese, os cargos de nível médio desempenham funções mais operacionais, ao
passo que os cargos de nível superior ficam com responsabilidades maiores (no Senado Federal, por exemplo, é
bastante comum que os cargos de Secretário de Comissões – uma espécie de conselheiro para questões regimentais
e diretor do setor – sejam ocupados por um analista legislativo). Já os cargos do patamar 3 são altamente
especializados: trabalham na sua área específica, mais com a parte do conteúdo das proposições.
Assim, no Senado Federal, as questões regimentais são geralmente respondidas pelos analistas, ao passo que
os consultores legislativos ficam mais focados no conteúdo da proposição.
Exemplo 1:
Se, numa reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, houver dúvida sobre a necessidade
ou não de turno suplementar para a votação de uma proposição, provavelmente a decisão será
tomada pelo presidente da Comissão, após ouvir os analistas (especialmente o Secretário, que
é cargo em comissão, mas geralmente um analista); já na dúvida sobre a constitucionalidade de
uma proposição, será chamado, se se julgar necessário, um consultor legislativo da área de direito
constitucional, para assessorar os senadores.
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manual da aprovação - carreiras legislativas
Exemplo 2:
Numa discussão sobre as emendas a um projeto que altera o código civil, a questão sobre a
possibilidade ou não de se apresentar uma subemenda naquela etapa será mais bem respondida
por um analista, geralmente, ao passo que a definição do conteúdo da emenda ficará a cargo de um
consultor legislativo da área de Direito Civil.
ATENÇÃO!
Entre os patamares 2 (nível superior) e 3 (assessoramento superior), não há propriamente
uma hierarquia, mas sim diferenciação de funções, sendo certo, porém, que os cargos de
assessoramento superior possuem um grau remuneratório em geral mais elevado.
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manual da aprovação - carreiras legislativas
1.3 Remuneração
Já que estamos falando de coisas boas, vamos então tratar do sistema remuneratório das carreiras legislativas. Tal
regramento obviamente varia de acordo com cada esfera federativa, mas, em geral, pode-se dizer que os valores de
remuneração (vencimento + vantagens) dos servidores do Poder Legislativo é substancialmente maior que os dos
seus equivalentes nos demais Poderes (especialmente no Executivo1 ). Este é, aliás, um dos (embora não o único)
atrativo das carreiras legislativas, especialmente para quem já é servidor público e deseja um patamar remuneratório
ainda melhor.
ATENÇÃO!
É preciso, porém, ter aqui dois cuidados.
Em primeiro lugar, é preciso sempre lembrar que a remuneração não deve ser o único fator
levado em conta na escolha de uma carreira. Afinal, não adianta nada ganhar bem e ser infeliz
com o trabalho que se vai desempenhar ao longo de décadas... São vários os casos de servidores
do Legislativo que infelizmente entram em depressão, inclusive por conta do fenômeno da
superqualificação (uma pessoa com doutorado passa para o cargo de técnico legislativo, que
ganha mais de 18 mil reais – no caso do Senado Federal – mas não quer desempenhar atribuições
operacionais, por exemplo).
Em segundo lugar, lembre-se de que a remuneração não é um prêmio, mas sim uma retribuição
paga pelo contribuinte pelo desempenho das funções do servidor: então nada de achar que,
ao ser aprovado numa carreira legislativa, você vai “por o burro na sombra”. Não! Lembre-se do
significado da palavra servidor público, e faça valer cada centavo da sua polpuda remuneração!
Pois bem, mas voltemos à parte boa. Você percebe que – sempre tomando como exemplo o Senado Federal – o
cargo de técnico é mais bem remunerado do que 95% dos cargos de nível superior da Administração Pública. Ademais,
há um escalonamento bastante nítido entre as carreiras de nível médio, de nível superior e de assessoramento
superior: o final de carreira do técnico chega próximo do início de carreira do analista, cujo teto se aproxima do início
de carreira dos consultores e advogados. Além disso, é de se notar que, em geral, as carreiras são curtas: as de
1
Apesar de isso ser, em tese, proibido pelo inciso XII do art. 37 da CF.
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manual da aprovação - carreiras legislativas
assessoramento superior, por exemplo, têm apenas cinco níveis (41 a 45); isso significa, na prática, que você chega
ao final da carreira em apenas cinco anos!
Como todas as carreiras do serviço público (isto é, conjuntos de cargos de provimento efetivos escalonados), as
carreiras legislativas têm uma série de vantagens e garantias asseguradas por lei ou pela CF. Dentre elas, podemos
citar:
a. Remuneração fixada por lei: isso significa que os valores das remunerações não podem ser alterados
unilateralmente pela Administração, salvo por meio da aprovação de um ato legislativo (aprovado pelo
Legislativo e sancionado pelo Executivo);
d. Regime próprio de previdência (CF, art. 40, na redação dada pela EC 103, de 2019): mesmo não tão atrativo
quanto em décadas anteriores, a previsão de um Regime Próprio de Previdência dos Servidores (RPPS),
distinto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) – ou seja, “fora do INSS” – ainda é uma vantagem,
especialmente pela possibilidade de se aderir a um plano de previdência complementar (Funpresp);
e. Independência técnica: ao contrário dos servidores titulares apenas de cargos em comissão, que precisam
estar alinhados com as diretrizes dos deputados e senadores, os servidores titulares de cargos de provimento
efetivo (exatamente pelo fato de possuírem estabilidade) não precisam desse “alinhamento”. Claro que é
necessário, ao se atuar numa casa política, ter habilidades mínimas de trato social e perspicácia para atender
ao solicitante, mas o fato de ser “concursado” serve inclusive como um “escudo” contra pressões indevidas,
por exemplo.
Ninguém entra na Faculdade de Direito e diz: quero ser consultor legislativo. Em primeiro lugar, porque a maioria
das pessoas sequer sabe da existência da carreira. A própria atividade legislativa quase não é estudada na Faculdade
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Texto originalmente publicado no JOTA, em 9 de fevereiro de 2016.
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manual da aprovação - carreiras legislativas
– aprendemos a redigir petições de ações que nunca serão ajuizadas (nunciação de obra nova?), mas não somos
ensinados a rascunhar um mísero projeto de lei. Além disso, a carreira é relativamente nova (no Senado Federal, o
primeiro concurso para consultor data de 1985).
Assim sendo, num primeiro momento, meu sonho era ser Procurador da República. Abandonei-o depois de
assessorar a Corregedoria-Geral do Ministério Público Federal (é difícil conhecer qualquer organismo pelas entranhas
sem um pouco de asco) e, principalmente, porque teria que sair de Brasília, onde já estávamos fixados eu e minha
família (até então, eu e minha esposa, já que a Júlia só nasceria um tempo depois).
Foi então que comecei a olhar com olhos mais bondosos aquele concurso, que acontecia a cada dez anos (1985,
1993, 2002… quando seria o próximo?) e que, diferentemente das carreiras “jurídicas”, não cobrava direito empresarial
nem tributário, mas sim a área específica escolhida (obviamente, de forma verticalizada).
Como o vencimento era (e felizmente ainda é) bastante atrativo, fui pesquisar mais sobre a atividade em si. Gostei
do que vi. Elaborar estudos, minutas de pareceres, projetos de lei, sob demanda de Senadores, mas sem subordinação
direta a eles, com independência técnica era (e é), a meu ver, o melhor dos mundos: conhecer a dinâmica do mundo
político, sem perder o caráter técnico-jurídico do trabalho.
Veio o concurso de 2012, para o qual já me preparava desde que fora aprovado para analista do Ministério Público
da União, em 2010. E aí veio a dúvida: qual área escolher? Penal, na qual trabalhava há sete anos? Ou Constitucional,
da qual dava aula há oito? Graças a Deus, ouvi o conselho do meu pai – que, além de professor de Direito, tem uma
experiência de vida incontável –: “faça para a área em que você quer trabalhar pelos próximos trinta anos”. Não havia
dúvida: era Constitucional.
Vieram as duas fases (prova objetiva de Português, Atualidades, Administração Pública, Raciocínio Lógico,
Constitucional, Administrativo, Eleitoral e Regimento Interno; depois, provas discursivas de dissertação sobre tema
geral, dissertação sobre tema da área, resumo, parecer, tradução do Inglês e tradução do Espanhol). Deu tudo certo,
hoje estou aqui, e feliz.
O trabalho de um consultor legislativo é basicamente subsidiar os Senadores e órgãos do Senado (comissões,
Secretaria-Geral da Mesa, etc.) de informações técnicas. Elaboramos, sob demanda ou por iniciativa nossa, estudos
(quando, no melhor dos mundos, somos pagos para estudar), minutas de pareceres, projetos de lei, propostas de
emenda à Constituição…
Também acompanhamos votações no Plenário do Senado e nas comissões, além de oferecer assessoria técnica em
projetos especiais, como Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPIs). Alguns dos trabalhos mais importantes de
que já participei foram o acompanhamento da Medida Provisória dos Portos (MP nº 595/12); o assessoramento às CPIs
da Petrobras (2014) e do CARF (2015); a elaboração de estudos, emendas e minutas do que vieram a ser as Emendas
Constitucionais nº 80/14 (autonomia da Defensoria Pública) e 86/15 (Orçamento Impositivo); e, principalmente, o
assessoramento em todas as fases do processo de impeachment de Dilma Rousseff (2016).
A semana passada foi especialmente corrida.
Segunda-feira
Era o dia de finalizar um pedido cujo prazo vencia naquela data: a elaboração de uma minuta
de Projeto de Decreto Legislativo (PDS), a fim de, nos termos do inciso V do art. 49 da CF, sustar
um Parecer Normativo da Advocacia-Geral da União (AGU) que, na visão do Senador (por nós
referendada), exorbitaria os limites do poder regulamentar.
A minuta não era muito complexa, mas a elaboração da justificação demandou ampla pesquisa
para saber: a) como a AGU estava aplicando a Lei; b) qual o entendimento do Supremo Tribunal
Federal (STF) sobre a constitucionalidade da lei; e c) qual a interpretação do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) sobre o dispositivo da lei.
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manual da aprovação - carreiras legislativas
Esse foi um caso bem interessante, em que pude trabalhar com a questão do controle de
constitucionalidade repressivo feito pelo Legislativo.
No final da tarde, fui chamado para uma consulta no gabinete de um Senador, para tratar sobre
o projeto de lei do abuso de autoridade (PLS nº 280, de 2016). Combinou-se que seriam feitas
solicitações de emendas ao PLS.
Terça-feira
Foi o dia de elaborar as emendas ao PLS do abuso de autoridade, como combinado no dia anterior.
Elaborei cinco emendas ao PLS. Os trabalhos são encaminhados via sistema informatizado e, em
caso de divergência do Consultor em relação ao solicitado, são acompanhados de uma espécie de
“registro de discordância”, chamado Nota Técnica. Não foi o caso, já que todas as emendas haviam
sido por mim sugeridas, e aceitas pelo Gabinete.
Ainda na terça, foi distribuída uma solicitação urgente de uma Liderança no Senado, a fim de
elaborar uma emenda à PEC nº 10, de 2013, que propõe extinguir o foro por prerrogativa de função, e
que seria apreciada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) no dia seguinte.
Pela manhã, já tinha exercido minha segunda profissão: como professor de cursos para concursos
e de pós-graduação, dei aula antes de ir ao Senado.
Quarta-feira
É o dia tradicionalmente mais corrido no Senado. Dia de acompanhar a reunião da CCJ, a partir
das 10h. Muitos temas importantes na pauta: PEC da extinção do foro por prerrogativa de função,
legalidade das vaquejadas…
Basicamente, o trabalho de um consultor no acompanhamento das comissões é assistir à
reunião e, se demandado por algum Senador, pela Secretaria da Comissão ou pelas assessorias,
sanar alguma dúvida sobre o conteúdo de algum projeto. Já fui demandado a redigir emendas, notas
informativas (uma espécie de parecer da Consultoria) e até pareceres na hora. Mas, dessa vez, tudo
correu sem atropelos.
Por falar em atropelo, a Câmara dos Deputados havia aprovado, às 5h da manhã, o Projeto das
chamadas “10 Medidas contra a Corrupção”, do MPF, desfigurando-o bastante. Após o almoço, foi o
momento de ler a redação final do texto da Câmara e começar a analisá-lo. Isso porque integro um
grupo de quatro consultores (dois de Constitucional e dois de Penal) que elaborou um Texto para
Discussão (publicação da Consultoria para o público externo) sobre o tema. Logo, temos uma espécie
de “prevenção” em relação ao tema. No fim do dia, já havia dois pedidos de notas informativas para
que avaliássemos o resultado do trabalho da Câmara.
Quinta-feira
Sessão Plenária de discussão do PLS nº 280, de 2016 (abuso de autoridade). Debates entre Sérgio
Moro, Gilmar Mendes e outros expoentes do assunto, no Plenário do Senado. Acompanhei in loco as
discussões, inclusive porque sabia que, após o almoço, choveriam pedidos de emendas ao projeto.
Dito e feito. Cinco emendas, para vários Senadores, feitas e entregues até o fim do dia. Dia corrido,
mas ainda deu tempo de dar aula à noite, numa turma de curso para concursos.
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manual da aprovação - carreiras legislativas
Sexta-feira
Tradicionalmente, um dia menos corrido. Dia para colocar em ordem o trabalho que foi ficando
prejudicado pelas urgências da semana. Dia de terminar uma nota informativa sobre o foro por
prerrogativa de função no direito comparado; de terminar de analisar o Projeto das “10 Medidas”,
na versão aprovada pela Câmara. Ao fim do dia, ministrei a primeira aula da disciplina “Teoria Geral
do Direito” do curso de pós-graduação em Análise de Constitucionalidade mantido pelo Instituto
Legislativo Brasileiro (ILB), o “braço” de treinamento do Senado.
Sábado e domingo
Dias de descansar e aproveitar a família. Outra vantagem da carreira de consultor: o trabalho é
pesado (engana-se muito quem pensa que não – apesar de que, como em qualquer lugar do serviço
público e em qualquer carreira, sempre há quem encontre um jeito, se não quiser trabalhar), mas,
pelo menos, dificilmente leva-se trabalho para casa.
À exceção de casos muito urgentes (como quando um Senador pediu uma nota informativa sobre
impeachment de governadores em todos os países que adotam a forma federativa – para o final da
mesma semana) ou muito importantes (como em algumas fases do impeachment), os dias livres são
realmente livres. Ainda bem, porque na segunda-feira recomeçam o Senado e as aulas.
2. ESTRATÉGIAS DE APROVAÇÃO
Você já optou por se preparar para as carreiras do Legislativo. Ótimo, essa primeira definição é fundamental para
evitar que você tente “atirar para todos os lados” e termine sem ser aprovado em concurso algum. Agora, no entanto,
é hora de ser mais específico, e definir para qual cargo especificamente você irá se preparar. Nessa escolha, você
deverá levar em conta, entre outros, os seguintes fatores:
a. Grau de formação: se você tem o nível médio, poderá, em regra, concorrer aos cargos de técnico (inclusive
policial, a depender da Casa Legislativa); por outro lado, se você possui formação superior, precisará escolher
se vai concorrer apenas aos cargos de nível superior e assessoramento superior, ou se vai também tentar os
cargos de nível médio; vale lembrar, que, em concursos do Legislativo, não existe certame fácil: mesmo em
concursos de nível médio, o nível dos concorrentes costuma ser altíssimo.
b. Afinidade com as atividades: se você não tem problema em desempenhar atividades mais operacionais,
pode tranquilamente focar em cargos de técnico (e, a depender da estrutura da Casa, mesmo em cargos de
nível superior); se, ao revés, o que atrai você é o desempenho de atividade mais intelectual, reflexiva, é o caso
de pensar nos cargos de assessoramento superior (ou de nível superior, a depender da estrutura da Casa).
c. Grau de preparação dos concorrentes: não é que se deva temer concorrência (especialmente em concursos
do Legislativo, em que o mais importante não é a quantidade dos concorrentes, mas o nível de preparação
deles), mas também é preciso ser realista; alguém que começou a estudar agora “aventurar-se” em concursos
do Legislativo já é um desafio, mas o fazer já em relação a cargos de topo talvez signifique se colocar um
desafio excessivamente exigente.
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manual da aprovação - carreiras legislativas
d. Afinidade com as matérias do concurso: as matérias cobradas – e especialmente o peso de cada uma delas
no resultado final – em concursos do Legislativo costumam ser bem diferentes. Tomemos como exemplo
o concurso do Senado Federal: a matéria de Informática costuma ser cobrada apenas para cargos de nível
médio, ao passo que o Regimento Interno e o Regimento Comum caem para a maioria dos cargos (mas com
pesos diferentes3); mesmo assim, Regimento costuma ter um peso decisivo no concurso para Analista, mas
não é tão prioritário no concurso para o cargo de consultor.
Exemplo pessoal: Um caso pessoal pode fazer você entender melhor essa situação: eu havia sido
aprovado no concurso de Analista (Processo Legislativo) do Senado em 2008,
mas não assumi por não estar formado ainda; no concurso seguinte (2012), resolvi
apostar minhas fichas no cargo de consultor (Direito Constitucional), mas fazer
também a prova para Analista (Processo Legislativo); para consultor, quase não
caía o Regimento Interno, mas, para Analista, essa era a matéria mais importante;
resultado: fui aprovado em primeiro lugar para consultor (na minha área, claro),
mas, para Analista, fiquei em 293º! Veja a diferença que uma matéria (Regimento)
pode fazer, em termos de desempenho de prova!
e. Possibilidade de fazer provas no mesmo dia: muitos concursos são estruturados de forma a que os
candidatos possam fazer provas para diferentes cargos em dias/turnos diferentes; nesse caso, tome
cuidado apenas para não enfrentar uma “maratona” de provas que inviabilize sua aprovação em qualquer
dos certames; se possível, escolha fazer primeiro a prova para a qual se sente mais preparado.
Observação!
» Apenas a título de conselho, é muito difícil ser competitivo fazendo concurso para mais
de dois cargos no mesmo ciclo de preparação.
» Se o seu foco principal for a prova da tarde, por exemplo, é de se pensar com cuidado
sobre as vantagens e desvantagens de fazer o concurso para o cargo cuja prova será
realizada na manhã do mesmo dia, porque você pode chegar exausto à prova da tarde
Você já definiu sua área (carreiras legislativas) e cargo, agora é hora de montar sua preparação de médio e
longo prazo (antes do edital). A propósito, vamos “dar a real” logo agora: ninguém (ou quase ninguém) passa
em concursos do Legislativo estudando apenas após a publicação do edital; qualquer fórmula mágica nesse
sentido, ou “relato” sobre tal situação tem uma probabilidade de 99,78% de ser falsa, mentirosa, ou, na melhor das
hipóteses, supervalorizada. Esqueça isso.
Para definir sua preparação de médio e longo prazo (muitas vezes, fica-se à espera da publicação do edital por
meses, e até anos), é preciso verificar as matérias principais de cada certame, e suas necessidades de estudo.
Na preparação anterior à publicação do edital, o ideal é que você foque nas matérias que são certeza de serem
cobradas, deixando em segundo plano aquelas que às vezes caem, às vezes não (essas podem ser priorizadas já
com o edital publicado, para evitar perdas de tempo).
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Comentaremos mais detalhadamente sobre o peso de cada matéria no próximo subitem.
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manual da aprovação - carreiras legislativas
Prioridade 1 Nesse primeiro grupo temos aquelas matérias em relação às quais você já deve estar 100%
preparado quando o edital for publicado.
A primeira matéria para a qual você deve atentar é Língua Portuguesa (Gramática, Texto,
Redação). É uma das matérias cobradas de forma mais aprofundada em concursos do Legislativo.
Muitos especialistas em cada área já foram reprovados em concursos do Senado por conta
de Português. Se você não é fera (isso mesmo, não basta ser bom, é preciso ser excelente) em
Português (ou se faz tempo que não estuda Gramática, por exemplo), pode separar um tempo bom
para estudar essa matéria com afinco.
Observação
Ler muito é condição necessária, mas não suficiente: algumas bancas (FGV, FCC, etc.)
costumam cobrar muita Gramática pura, então, não se confie apenas na sua carga de leitura.
Aqui temos matérias que você já deve ter estudado bem quando o edital for publicado, mas
sem necessidade de já estar em nível de excelência. Em outras palavras: você já deve estar muito
bom nelas, mas pode esperar até o edital sair para se tornar excelente.
Os Regimentos assumem um papel relevantíssimo em concursos do Legislativo. São,
geralmente, textos longos e complexos, por isso é praticamente impossível dominá-los
estudando-os apenas após a publicação do edital. Isso não quer dizer que você já precise estar
craque no Regimento quando o edital sair: como é uma matéria muito “decoreba”/letra da lei,
não adianta estar excelente nela 4 meses antes da prova, é preciso estar “na ponta dos cascos”
no dia da prova. Dito de outra forma: é uma matéria que você vai ter que estudar também após
a publicação do edital. No mundo perfeito, você terá conseguido fazer três leituras atentas do
Regimento:
3 leitura de consolidação/esquematização
faça esquemas das matérias, se esse for um jeito de estudar com o qual você está habituado; leia agora
atento aos detalhes de cada artigo, pensando especialmente no que a banca pode focar.
Em relação ao Direito Administrativo, temos uma matéria que até poderia estar na lista da
prioridade 1. Só não está lá porque a quantidade de questões geralmente é menor do que Direito
Constitucional, e porque o conteúdo cobrado varia bastante, então o melhor é focar no core da
matéria, e deixar legislações específicas para serem aprofundadas após a publicação do edital.
Estude bem a parte de Organização Administrativa, Atos Administrativos, Servidores Públicos
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manual da aprovação - carreiras legislativas
Prioridade 2 (inclusive, na esfera federal, a Lei nº 8.112/90), Responsabilidade Civil do Estado e Processo
Administrativo. Temas mais específicos, como Controle da Administração Pública, Serviços
Públicos e Licitações devem ser estudados, mas na mesma lógica do Regimento (você pode
esgotá-los após o edital).
Ainda temos, a depender do seu concurso, as matérias de Raciocínio Lógico e Informática. São
disciplinas praticamente impossíveis de se entender às pressas, por isso é importante que você
tenha com elas pelo menos um bom contato ainda antes do edital. Especialmente em relação à
primeira, mesmo que não venha a ser cobrada no seu concurso, ajudará na prova discursiva, com a
construção de ideias e argumentos. Não se preocupe, porém, em esgotá-las ainda antes do edital.
Finalmente, as matérias da sua parte específica (caso já não sejam algumas das anteriormente
citadas). Como são matérias com as quais você já tem contato, é bom manter-se atualizado em
relação a elas, priorizando os temas que você menos domina; mas, especialmente se você já
tiver bastante experiência com concursos da sua área, pode priorizar as outras disciplinas, por
enquanto. Mas atenção: não se pode negligenciar por completo as matérias específicas, inclusive
porque a maioria dos certames do Legislativo têm prova discursiva, na qual é preciso dominar com
profundidade temas relevantes da sua área.
Se for o caso do seu concurso, você também precisará estudar Língua Estrangeira (em geral,
Inglês ou Espanhol). Nesse caso, é bom exercitar muito a leitura, de preferência sobre questões
econômicas, políticas e ambientais (para já gerar sinergia com a matéria de Atualidades),
especialmente porque a maioria das questões de prova sobre essas matérias foca na interpretação
de texto, não na Gramática. Sites como El País, The Economist, New York Times, Financial Times,
etc., independentemente do viés de cada um, podem ser bastante úteis.
Prioridade 3
Essas são as matérias que você deve pincelar antes do edital, mas sem ter qualquer
preocupação em esgotá-las (ou porque são muito extensas, ou porque não se sabe se cairão
novamente, ou porque não se sabe quais partes serão cobradas num novo edital). É o caso de
Atualidades (ou Mundo Contemporâneo), Administração Pública (exceto, claro, para os cargos da
área de Administração) e outras matérias que às vezes são cobradas em concursos para os cargos
de assessoramento superior de assembleias estaduais (como Direito do Consumidor, Direito
Penitenciário e até Direito Civil).
A definição de uma rotina de estudos é algo extremamente pessoal, porque depende do tempo que você tem
disponível (que trabalha e estuda e/ou tem filhos naturalmente terá que otimizar o tempo), do seu nível de preparação
(quem já vem numa preparação para concursos em alto nível geralmente tem mais facilidade), da perspectiva de
publicação do edital, etc. O fundamental é que você mantenha a disciplina e a regularidade, principalmente antes de o
edital ser publicado.
Assim como nas atividades físicas, mais importante do que a quantidade de horas gasta nos
estudos é a intensidade deles e a regularidade. Assim, você deve montar uma rotina de estudos que
seja factível (nada de traçar metas muito ambiciosas), desafiadora (metas muito fáceis também
não valem) e repetível (isto é, que você consiga repetir ao longo dos dias, semanas, meses...).
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manual da aprovação - carreiras legislativas
Aqui vão algumas dicas sobre essa rotina de estudos a ser traçada:
a. Proporcionalidade
Isso significa que você deve dedicar um tempo proporcional à importância, complexidade e extensão de cada
matéria (por isso, inclusive, fiz aquele tabelamento de prioridades). Recomendo que você atribua um peso de 1 a 3 a
cada dos seguintes fatores:
Complexidade:
• matérias mais simples de se aprender – peso 1;
• matérias de grau mediano de dificuldade – peso 2;
• matérias muito complexas – peso 3
→ Claro que essa classificação depende também da sua percepção da disciplina, ou dificuldade
específica, mas ninguém discorda, por exemplo, que Raciocínio Lógico está no grau 3, né?
Extensão:
• matérias curtas têm peso 1;
• matérias muito extensas, peso 3;
• intermediárias, peso 2
→ Veja o caso, por exemplo, de Direito Constitucional – nos dois últimos concursos de Analista de
Processo Legislativo do Senado simplesmente foi cobrada toda a Constituição!;
Relevância
• as matérias com previsão de menos questões têm peso 1;
• as com quantidade média de questões, peso 2;
• as que são muito cobradas, peso 3.
De acordo com essa classificação, e levando em conta a dificuldade da média das pessoas com cada disciplina,
teríamos, por exemplo, para as matérias dos concursos de Analista e Técnico de Processo Legislativo do Senado a
seguinte divisão:
Constitucional 3 3 2 8 15%
Administrativo 2 2 2 6 11,3%
Português 3 3 2 8 15%
Informática 1 2 3 6 11,3%
Regimento 3 2 3 8 15%
Atualidades 1 3 1 5 9,4%
Inglês 1 2 3 6 11,3%
Veja que essa pontuação serve para você distribuir o tempo que será dedicado a cada disciplina. Obviamente, essa
é uma conta meramente estimativa, aproximada, mas ela tem uma grande serventia: evitar que você estude muito
uma matéria que já sabe, apenas porque é interessante (temos essa tendência a só estudar Direito Constitucional,
não é mesmo?).
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manual da aprovação - carreiras legislativas
b. Revisões
As revisões precisam fazer parte do seu ciclo de estudos, mesmo antes do edital. No estudo para concursos, é
preciso não apenas aprender a matéria, mas também fixá-la, para que ela esteja acessível quando for necessário
(isto é, na hora da prova). Claro que a frequência das revisões varia de acordo com a matéria e o estágio do estudo
(no pós-edital, então, algumas matérias estarão apenas sendo revistas!).
ATENÇÃO!
O ideal é que você consiga incluir uma janela de revisão pelo menos uma vez por semana (podem
ser um ou duas matérias por janela, por exemplo).
c. Exercícios/questões
Não tem jeito: quem passa em concurso tem que ter feito muitas questões de prova. Se seu concurso já tem
banca examinadora definida, o ideal é que você faça questões só dessa banca (quanto mais recentes, melhor, isso
geralmente é até mais importante do que fazer provas anteriores do seu próprio cargo, porque indica a tendência
atual da banca). É bem verdade que algumas bancas que não têm muitas questões vão exigir de você que faça
também exercícios de outros certames ou organizadoras.
Muita gente esquece, mas existem outras etapas, além da prova objetiva. Aqui vão algumas dicas de como se preparar
para elas:
ATENÇÃO: antes do edital, sua prioridade ainda é a prova objetiva, pois não adianta nada estar
com um monte de títulos e não se classificado, então uma coisa de cada vez
a. Prova discursiva:
Como disse, a maioria dos concursos do Legislativo têm provas discursivas, que podem ser redações, questões,
peças técnicas (proposições, pareceres, etc.) ou várias delas juntas. Vejamos alguns exemplos:
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Parecer (2)
CLDF – consultor legislativo
Proposição
Claro que, se a segunda fase for realizada algum tempo depois da primeira (como é costume acontecer para os
cargos de consultor), isso vai ter dar uma tranquilidade maior.
c. Prova de títulos
A prova de títulos é tradicionalmente prevista para os cargos de assessoramento superior (consultor e advogado)
e, às vezes, para cargos de nível superior (analista). Quando exigida, é uma incógnita: às vezes não influencia
na colocação final, em outras pode ser decisiva. Tudo depende do edital (quantos pontos estarão em jogo, quais
atividades serão pontuadas, etc.).
A própria definição de quais títulos serão considerados varia muito: algumas vezes, apenas cursos de pós-
graduação são aceitos (especialização, mestrado e doutorado, em ordem crescente de pontuação), mas em outras
oportunidades também há pontuação para outras atividades (docência, publicação de livros/artigos, aprovações
em outros concursos, etc.).
Claro que aqui temos um fator complicador: não dá pra esperar sair o edital pra fazer uma pós-graduação, por
exemplo. Nesse caso, o ideal é começar a se mover já quando se define que vai para as carreiras legislativas. Se
possível, inscreva-se logo numa pós-graduação (mas tem que ser em uma área conexa à futura atividade, hein, se
não não é pontuada!), especialmente se ela puder ser feita rapidamente (atualmente, há algumas pós-graduações
que podem ser concluídas em menos de 1 ano). Ah, e faça um bom curso, aproveite para aprofundar os temas que
são tratados, isso ajudará bastante, especialmente para a prova discursiva (falo por experiência própria!).
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O IMP Online e a Faculdade UnyLeya têm uma pós especialmente desenhada para quem vai fazer
Momento Merchan
carreiras legislativas: é a Pós-Graduação lato sensu (especialização) em Direito Legislativo. Nela você
vai, em um prazo mínimo de 5 meses, estudar Direito Constitucional, Direito Administrativo, Regimento,
Português, Raciocínio Lógico, Ciência Política, Atualidades e Direito Eleitoral, com professores focados
em concursos públicos (você mata dois coelhos com uma cajadada só!). A Faculdade UnyLeya é
certificada e reconhecida pelo MEC para oferecer pós-graduação a distância, então o curso é 100%
online (só a prova final precisa ser feita presencialmente, em vários lugares do Brasil), pode ser
concluído em 5 meses e, de acordo com as novas diretrizes do MEC, dispensa o trabalho de conclusão
de curso (TCC).
Se você tiver interesse, acesse www.imponline.com.br e saiba mais!
2.2.4 Bibliografia
Tenho alguma dificuldade em chancelar algum livro específico, mas muitos (muitos mesmo!!!) alunos me perguntam
sobre indicações de obras, então tomo a liberdade de indicar aqui alguns livros dos quais gosto e/ou que me ajudaram
na minha jornada (para isso, peço licença aos professores das matérias nas quais vou me “intrometer”).
a. Português
Gosto muito da Gramática Aplicada ao Texto do prof. Claiton Natal (Editora Alumnus) e das obras do prof. Décio
Sena (especialmente Português – FGV).
Para algo mais cotidiano, você pode recorrer aos livros do meu pai, João Trindade Cavalcante: A Língua no Bolso
(dicas) e Português Descontraído (artigos), ambos da Editora Alumnus.
b. Constitucional
Aqui sou suspeito, claro, mas vamos lá: para iniciar os estudos ou fazer revisão, você pode usar meu Direito
Constitucional Objetivo (Editora Alumnus).
Para uma base completa do Direito Constitucional, recomendo um dos seguintes livros: Nathalia Masson ou
Marcelo Novelino ou Pedro Lenza ou Juliano Taveira Bernardes e Olavo Viana. O melhor jeito de escolher? Vá a uma
livraria, leia alguns trechos, e veja a qual deles você se adapta mais.
Para aprofundar, é indispensável ler alguns capítulos do livro de Gilmar Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco
(especialmente direitos fundamentais, Poder Legislativo e, se for o caso, controle de constitucionalidade) e um livro
sobre Processo Legislativo. Especificamente sobre o Processo Legislativo, temos algumas opções:
• Processo Legislativo Constitucional, de minha autoria, Editora JusPodivm;
• Processo Constitucional de Formação das Leis, excelente livro de José Afonso da Silva, que abrange o
processo legislativo constitucional e regimental;
• Do Processo Legislativo, livro clássico de Manoel Gonçalves Ferreira Filho;
• Técnica Legislativa, livro de Kildare Gonçalves Carvalho que abrange toda a parte do Poder Legislativo na
Constituição e também a Lei Complementar nº 95/98 (lei de Técnica Legislativa);
• Curso de Direito Legislativo, excepcional obra de Sérgio Valladão Ferraz, cujo único defeito é não ter edição
mais atual que a de 2007.
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c. Administrativo
Para uma primeira leitura, recomendo Manual Didático de Direito Administrativo (Editora JusPodivm), de autoria
do prof. Gustavo Scatolino Silva, com quem tive a honra de colaborar. Outra opção é o livro do prof. Matheus
Carvalho, da mesma editora.
Para aprofundamento, o ideal é José dos Santos Carvalho Filho ou Marçal Justen Filho, ou, ainda, Lucas Rocha
Furtado. Para temas específicos, pode ser útil consultar a obra de Maria Sylvia Zanella Di Pietro e o livro de Direito
Público do prof. Carlos Ari Sundfeld.
d. Regimento Interno
Em relação ao Regimento Interno, o necessário é estudar a letra seca; se você quiser contextualizar, o ideal é
acompanhar (pode ser pela TV) as sessões plenárias e as reuniões das comissões.
Em termos de livros, recomendo as obras de Gabriel Dezen Júnior (Editora Alumnus) e de Mário Elesbão (Editora
JusPodivm), sobre o Regimento Interno do Senado Federal. Para o Regimento Interno da Câmara dos Deputados,
há uma publicação oficial da Casa, que pode ser acessada gratuitamente no link a seguir: http://bd.camara.gov.br/
bd/handle/bdcamara/19519. Para as outras Casas Legislativas, em geral não há obras específicas de comentários,
infelizmente.
e. Raciocínio Lógico
O único livro que realmente conheço – e que me foi muito útil – é o do prof. Antonio Geraldo Pinto Maia Júnior
(editora Alumuns).
f. Atualidades
O ideal é acompanhar as questões econômicas, políticas, literárias e ambientais por intermédio de veículos de
comunicação confiáveis, nacionais (Folha de São Paulo, Estadão, G1, etc.) ou internacionais (New York Times, El País,
BBC, etc.).
Encare como uma preparação para correr uma prova; você se preparou para ela o ano inteiro,
agora é hora de intensificar os treinos e testar seu desempenho na realidade da competição.
Primeira coisa: leia o edital atentamente. Parece óbvio, mas a maioria dos concursandos, por preguiça ou
ansiedade, não o faz. Leia com cuidado as informações sobre a prova, sobre o conteúdo programático, as etapas do
concurso, o peso de cada disciplina. Com base nessas informações, refaça seu cronograma de estudos (inserindo
ou excluindo matérias, por exemplo).
Também é hora de aumentar o ritmo de estudos. Serão necessárias mais horas para revisão e para resolver
questões. Se você tiver essa alternativa, tente destinar mais tempo aos estudos (assim como um atleta passa a
treinar mais, quanto mais se aproxima a prova): se trabalha, e é possível, tire férias; se tem família morando com
você, converse com eles sobre esse sacrifício bastante temporário que será preciso fazer.
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Mas cuidado com o overtraining: assim como atletas que treinam em excesso podem se lesionar
e nem disputar a prova, você também tem que ter cuidado para não exagerar.
Mesmo após o edital, é preciso reservar um tempo para não “pirar”: tempo para conviver com a família, ver um
filme, praticar uma atividade física... nem que sejam algumas horinhas por semana, mas é importante.
Ah, e agora é o momento de revisar as matérias, resolver questões da banca e participar de simulados
(organizados por cursinhos ou, simplesmente, resolver por completo provas anteriores do cargo para o qual você
vai concorrer). Enfim, é a hora de intensificar a preparação que já vinha sendo feita, de ganhar intensidade e ritmo
de prova. Certamente, será o ponto mais cansativo da sua preparação, mas é também o mais decisivo estágio dela,
então, força!
3. MOTIVAÇÃO
Penso que a maior motivação que você pode ter é a necessidade de dar uma vida melhor para você e para sua família.
Porém, pode acontecer de, em algum momento, você se sentir cansado, desanimado, descrente. Nesse momento,
pense em uma das questões a seguir:
a. Remuneração – sempre funciona; apesar de a remuneração não poder ser jamais o único motivo para
escolher uma carreira, a tentação de ver o salário a que você fará jus pelo seu trabalho, após a aprovação,
sempre é um fator de estímulo
b. Qualidade de vida – lembre-se de que está fazendo um grande sacrifício agora, em prol de uma maior
qualidade de vida, inclusive para sua família, num futuro não muito distante
c. Todos ficam desanimados em algum momento – você não é tão diferente dos outros; todos nós, inclusive
os que “venceram”, já se sentiram descrentes, desanimados, acharam que não iriam conseguir; a diferença é
que eles não desistiram
d. Pare de sentir pena de si mesmo e de criar desculpas – quanto mais você criar desculpas para si mesmo, mais
longe estará da aprovação; simplesmente pare; todos nós passamos por dificuldades, inclusive os que foram
aprovados, então pare com isso e (re)comece a estudar!
e. A evolução às vezes é lenta – especialmente quando você já está num nível mais avançado; como os
concursos do Legislativo geralmente atraem um público mais avançado, calejado de preparações, é natural
que a evolução nos estudos e no desempenho se dê de forma mais gradual, isso não deve ser motivo para
desânimo; quando se começa a estudar, a evolução é muito rápida; quanto mais se estuda, mais se tem a
impressão de ter estagnado, mas é importante (e fundamental) continuar;
f. Outros irão desistir, você não – muitas pessoas ficam pelo caminho porque simplesmente desistem; muitas
pessoas, inclusive, desistem quando estavam já à beira da aprovação; não será seu caso, não é mesmo? Até
porque não tentar é a pior forma de derrota.
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4. DICAS FINAIS
Na preparação para concursos do Legislativo, geralmente se tem uma quantidade de matérias menor do que em
outros certames com igual dificuldade. Por outro lado, as disciplinas tendem a ser cobradas (especialmente na prova
discursiva) de forma muito mais aprofundada.
Sendo assim, a melhor estratégia é aprofundar, verticalizar as matérias, apesar de que, antes, você precisa ter
uma visão panorâmica. É a teoria jocosamente conhecida como “casca de cebola”: antes de chegar no âmago de uma
disciplina, é preciso ter completado um nível homogêneo nas outras matérias.
Pense nisso, e seja desde já muito bem-vindo(a) aos quadros do Poder Legislativo brasileiro!
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