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DE RISCOS PROFISSIONAIS E
A GUIA DÉPARIS
Prof. J. Malchaire
1
Agradecimentos
Este documento foi preparado graças ao apoio financeiro do Fundo Social
Europeu (FSE) e o Serviço Público Federal, Emprego e Trabalho da BUE (SPF
ETCS).
Foi traduzido em português graças à colaboração de Paulo Cidade.
2
Estratégia SOBANE de Gestão de riscos profissionais e A Guia Déparis 1
1. Prefácio ......................................................................................... 6
2. Conceitos e definições ........................................................................ 8
2.1. Situação de trabalho vs Posto de trabalho ............................................. 8
2.2. Os conselheiros em prevenção e os peritos ............................................ 8
2.3. Os fatores de risco .......................................................................... 9
2.4. A exposição................................................................................... 9
2.5. A gravidade do dano .......................................................................10
2.6. A possibilidade de ocorrência do dano durante a exposição ......................10
2.7. O risco ........................................................................................11
2.8. A prevenção e a proteção individual ...................................................11
2.9. A participação ..............................................................................12
3. Os princípios básicos .........................................................................15
3.1. A globalidade dos problemas ............................................................15
3.2. A complementaridade das competências disponíveis relativas às situações de
trabalho ............................................................................................16
3.3. A diferença entre Multidisciplinaridade e Interdisciplinaridade ..................17
3.4. O trabalhador ator e não objeto da prevenção ......................................19
3.5. A prevenção versus a avaliação dos riscos ............................................20
3.5.1. Os métodos de análise do risco .......................................................20
3.5.2. O método Kinney ........................................................................20
3.5.3. A tendência a quantificação e as medições ........................................22
3.6. A visão preventiva versus a visão legalista ............................................24
3.7. As particularidades das pequenas e médias empresas (PME) ......................25
4. A estratégia SOBANE [26] ....................................................................28
4.1. Nível 1, Pré-diagnóstico ..................................................................31
4.2. Nível 2, Observação .......................................................................32
4.3. Nível 3, Análise .............................................................................34
4.4. Nível 4, Expertise ..........................................................................35
5. O instrumento de Pré-diagnóstico Déparis..............................................36
5.1. Os critérios de concepção do instrumento ............................................36
5.2. A guia de diagnóstico Déparis ...........................................................37
5.3. A lista de verificação complementar dos grandes riscos ...........................41
6. Os métodos de Observação e de Análise .................................................43
7. As diferentes etapas de intervenção: a gestão dinâmica dos riscos ...............44
8. As condições do processo participativo ..................................................46
8.1. A introdução da estratégia SOBANE na empresa .....................................46
8.2. A posição da Direção [13, 18, 49] ...........................................................49
8.3. A participação e comprometimento da linha hierárquica [13, 18, 49] ...............50
8.4. A participação e comprometimento dos representantes dos trabalhadores [6, 43,
48
] ...................................................................................................51
8.5. A participação do trabalhador em especial ...........................................52
8.5.1. Problemas no que diz respeito a ele mesmo .......................................52
3
8.5.2. Problemas no que diz respeito aos colegas .........................................53
8.6. O conselheiro em prevenção - facilitador [33] .......................................54
9. A aposta na aplicação da estratégia SOBANE ...........................................57
9.1. A empresa tem 'um problema' ...........................................................57
9.2. Um conselheiro em prevenção é chamado a intervir ...............................58
9.3. A estratégia SOBANE é apresentada à Direção .......................................59
9.4. A estratégia SOBANE é apresentada ao Comitê Interno de Prevenção e
Proteção ...........................................................................................60
9.5. A Direção informa as suas intenções ...................................................60
9.6. Uma situação de trabalho é definida...................................................60
9.7. Um coordenador é designado com o acordo dos trabalhadores. ..................61
9.8. O coordenador adapta a guia de diálogo Déparis à situação de trabalho .......62
9.9. Um 'grupo Déparis' deve ser formado. .................................................62
9.10. Uma reunião do grupo Déparis é organizada. .......................................64
9.11. O coordenador anima a reunião .......................................................66
9.11.1. Introdução da reunião .................................................................66
9.11.2. O secretariado ..........................................................................67
9.11.3. A apresentação dos temas da guia de diálogo Déparis .........................67
9.11.4. O alcance das discussões .............................................................68
9.11.5. A ordem das discussões ...............................................................68
9.11.6. As discussões ............................................................................69
9.12. Após a reunião, o coordenador redige a síntese ....................................69
9.13. Esta síntese é apresentada aos participantes .......................................70
9.14. A síntese é finalizada e apresentada ao Comitê de prevenção e proteção ao
trabalho ............................................................................................71
9.15. É dado prosseguimento para os problemas não resolvidos .......................71
9.16. Os planos de ação a curto, médio e longo prazos são decididos e aplicados .71
9.17. A empresa se apropria plenamente da estratégia .................................71
9.18. Periodicamente, a operação deve ser repetida ....................................72
9.19. A vigilância da saúde é organizada ....................................................73
9.20. Rastreabilidade ...........................................................................73
10. A validade operacional da guia Déparis .................................................74
11. As vantagens do processo participativo .................................................76
11.1. O custo do processo participativo .....................................................77
11.2. A variabilidade dos resultados .........................................................78
11.3. A avaliação das vantagens e repercussões do processo participativo ..........79
12. Bibliografia ...................................................................................80
13. A guia de diálogo Déparis ..................................................................85
13.1. Convite .....................................................................................85
Do que se trata? ..................................................................................85
O que se espera de você?.......................................................................86
O que isso vai lhe trazer? .......................................................................86
13.2. Procedimento de utilização ............................................................90
13.3. A guia de diálogo .........................................................................92
13.4. Balanço ................................................................................... 110
4
13.5. Inventário das propostas de melhorias e dos estudos complementares a serem
realizados ....................................................................................... 110
14. Exemplo de utilização .................................................................... 111
14.1. Estudo Déparis num atelier de tipografia .......................................... 111
14.2. Síntese das melhorias propostas e dos aspectos a estudar mais em detalhe 112
15. Lista de verificação dos grandes riscos ............................................... 122
15.1. Procedimento de utilização .......................................................... 122
15.2. Lista de verificação .................................................................... 124
15.3. Síntese dos comentários:.............................................................. 128
5
1. Prefácio
1
Em conformidade com estes mesmos dizeres está a Norma Regulamentadora 17,
que por sua vez nomeia como elemento máximo, a segurança, o conforto, a saúde
assim como a participação do trabalhador na identificação destes
6
O objetivo do documento é trazer elementos que permitem evitar, resolver
ou minimizar estes problemas.
Após a definição dos termos, o documento reflete acerca de princípios
básicos da gestão de riscos em todas as empresas e em especial as
pequenas e médias empresas (PME). Em seguida, descreve a estratégia
geral de gestão dos riscos SOBANE que permite a prevenção dos riscos de
maneira progressiva e eficaz, com a intervenção oportuna e adequada dos
conselheiros em prevenção.
Este documento é dirigido não só aos consultores que são os médicos do
trabalho, engenheiros de segurança, ergonomistas, mas . . . aos chefes de
empresas responsáveis pela implementação da prevenção, os trabalhadores
que vivem esta prevenção, seus técnicos, os representantes do Comitê de
prevenção e proteção.
7
2. Conceitos e definições
8
específico: eletricidade, toxicologia, acústica, carga mental e outros
problemas relacionados.
2.4. A exposição
Um fator de risco existe para o trabalhador apenas na medida em que
este é exposto.
No caso de um fator de risco ligado à segurança, a exposição pode ser
avaliada em termos de duração ou de freqüência à qual o trabalhador é
exposto;
No caso dos agentes químicos e físicos, freqüentemente é recomendado
quantificar a exposição por medições do nível médio equivalente de
exposição: concentração média sobre 8 horas, nível pessoal de
exposição sonora [21, 46, 47] que leva em consideração, a duração e a
intensidade da exposição.
9
A tendência é pensar que esta quantificação é necessária ou mesmo
indispensável à prevenção. A maior parte dos livros de higiene são
essencialmente, e por vezes exclusivamente, dedicados a esses
métodos de quantificação.
Na maioria dos casos, contudo, estas quantificações não conduzem mais
direta e seguramente à prevenção que a simples avaliação da duração e
da frequência.
Este ponto será discutido em detalhe a seguir no capítulo 3 dedicado
aos princípios básicos.
10
Intervêm, por conseguinte, outros parâmetros da situação de trabalho (a
natureza e a confiabilidade dos equipamentos de proteção coletiva, as
condições climáticas, a qualidade dos instrumentos) que determinam a
possibilidade de ocorrer este dano durante a exposição.
Esta possibilidade é também função de certas características do
trabalhador: idade, estatura, sensibilidade pessoal. Estas características
não são fatores de risco em si já que não podem provocar danos. Contudo,
são suscetíveis de agravar o risco quando existem. É, por conseguinte,
lógico e explícito, chamá-los de 'cofatores de risco'.
2.7. O risco
O 'risco' é a probabilidade (potencialidade) de um dano de certa
gravidade, tendo em conta a exposição a um fator de risco e a
possibilidade de ocorrer este dano durante esta exposição.
É a probabilidade de morte por queda, tendo em conta o estado da
escada e desta ação acontecer 10 vezes por dia a uma altura de 3
metros do solo e o trabalhador permanecer durante 20 minutos
nesta altura e nesta tarefa;
É a probabilidade de uma contaminação manipulando um produto
biológico de classe 2 durante 2 horas por dia, tendo em conta que o
trabalho é realizado em circuito fechado, sob fluxo laminar.
O 'risco residual' é como o seu nome indica o risco que subsiste quando as
medidas de prevenção já foram tomadas.
Tendo em conta estas definições e a fim de evitar qualquer confusão entre
interlocutores, certas expressões devem ser evitadas, como 'risco perigoso',
'risco ocasional', 'risco potencial' ou ainda 'análise dos riscos e os danos'.
11
As medidas de prevenção são, por conseguinte, essencialmente suscetíveis
de:
Eliminar o fator de risco: substituição de um produto químico,
supressão do uso de escada, mudança no processo industrial, etc;
Limitar a exposição dos trabalhadores: realocação das operações
ruidosas, modificações de certos procedimentos de trabalho, etc;
Ou diminuir a possibilidade de ocorrência de dano durante a exposição:
ventilação, enclausurar máquinas ruidosas, melhoria dos instrumentos e
ferramentas, etc.
A 'proteção individual' faz referência aos equipamentos individuais usados
pelo trabalhador para reduzir a gravidade do dano eventual: sapatos de
segurança, óculos, luvas, cintos, protetores auditivos, máscaras.
2.9. A participação
A Organização Mundial da Saúde [50] e a Organização Internacional do
Trabalho [9 ]recomendam há muito tempo a participação dos trabalhadores
na política de segurança, em saúde e bem-estar da empresa. A diretiva de
EU 89/391/CEE sobre o bem-estar no trabalho trata igualmente esta
necessidade [2] 2
Trata-se de uma evolução da sociedade em geral, favorecendo a
participação nas organizações [18, 43]. No desenvolvimento mais recente da
gestão da qualidade total a participação dos trabalhadores é o elemento
fundamental. Assim de acordo com Deming [12],
“Não haverá lugar para as direções que não sabem como trabalhar
com o seu pessoal para produzir bens de qualidade ao melhor
preço. Alta confiabilidade não pode ser assegurada sem
colaboração dos trabalhadores.
No mundo competitivo do futuro, as empresas que não colocarem
na prática estas idéias desaparecerão simplesmente. Não haverá
nenhuma desculpa! “
Por conseguinte, não se trata de moda, mas de uma necessidade tanto
econômica como humana.
Ainda é necessário saber o que se entende por participação e o que isto
implica.
2
Assim como a Norma Regulamentadora 17 - Manual Aplicação NR 17 pagina 5,
11, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20, 24, 26, 27, 28, 29, 30, 33, 34, 35, 36, 39, 44, 45, 49,
56, 57 e 59.
12
Em numerosas empresas, observa-se claramente que os trabalhadores ea
gerência são apenas 'consultados' através de questionários, por exemplo,
durante estudos iniciados e organizados por
especialistas. Nestes casos, é melhor falar de
'consulta' ao invés de participação.
Sintetizando os trabalhos de diferentes autores [17, 18,
25, 34, 41
], poderemos definir participação como:
“Colaboração Ddireta,
iálogoativa e igualitária entre os
trabalhadores e a linha hierárquica da empresa,
com informações e poder suficientes para
instaurar e manter um estado ótimo de saúde, de
segurança e de bem-estar para as pessoas e de
saúde técnica e econômica para a empresa”. Consulta
Esta definição sublinha que:
A participação tem um
objetivo preciso: melhorar as
condições de vida dos
trabalhadores e a saúde
econômica das empresas;
Os trabalhadores e seus
supervisores técnicos
envolvidos nesta participação
estão em pé de igualdade.
Dialogo
O tipo de participação aqui em
discussão é o que conduz às decisões e ações resultantes de um consenso
negociado que integra os imperativos temporais e financeiros. Deveríamos
antes falar de 'processo participativo' [39, 40], ou seja, concretamente, da
seqüência contínua e pragmática de operações que asseguram e mantém a
mudança no tempo.
Este processo deve referir-se ao conjunto do sistema de trabalho e se
dar sobre a revisão de todos os componentes técnicos, organizacionais e
psicossociais da situação de trabalho, e não limitar-se a um produto ou
um posto de trabalho para uma modificação específica;
Deve tratar-se de um processo contínuo integrado a gestão diária da
empresa e não uma operação pontual e ocasional;
Deve ser voluntário: os trabalhadores e seus supervisores técnicos
devem participar conforme a vontade destes, com conhecimento
13
de causa e não porque são obrigados, como exemplo por um
sistema de certificação (círculos de qualidade);
Deve ser direto: os trabalhadores e seus supervisores técnicos
devem ser colocados a frente neste processo e não apenas nos
Comitês de prevenção e proteção ao trabalho por representantes
permanentes eleitos;
Deve ser por último ativo: as pessoas participam de grupos de
trabalho locais e se tornam propulsores da saúde, da segurança e o
bem-estar na situação de trabalho.
14
3. Os princípios básicos
Qualquer processo de análise de uma situação de trabalho se apóia
implícita ou explicitamente sob certos princípios básicos. A estratégia
participativa de gestão dos riscos SOBANE apresentada neste documento se
apóia explicitamente nos sete princípios desenvolvidos a seguir.
Estes princípios são:
1. A globalidade dos problemas;
2. A complementaridade das competências disponíveis relativas às
situações de trabalho;
3. A diferença entre multidisciplinaridade e interdisciplinaridade;
4. O trabalhador ator e não somente objeto da prevenção
5. A prevenção versus a avaliação dos riscos;
6. A visão preventiva ao oposto da visão legalista;
7. As particularidades das pequenas e médias empresas.
15
3.2. A complementaridade das competências
disponíveis relativas às situações de trabalho
Onde estão às competências e quais são no mundo do trabalho?
É incontestável que o conhecimento do que se passa realmente na situação
de trabalho vai diminuindo do trabalhador ao perito:
O trabalhador sabe o que faz e o que vive (trabalho real);
A Supervisão imediata e a direção da empresa, sabem o que o
trabalhador deve fazer (trabalho prescrito) e pensam saber o que ele
vive;
O conselheiro em prevenção interno da empresa conhece apenas os
aspectos da situação de trabalho (geralmente os aspectos de segurança)
que teve tempo de estudar;
O médico do trabalho sabe o que pede e o que entende (queixas)
quando encontra os trabalhadores e, em geral, o que vê, sente,
entende (ruído) quando visita a empresa e no momento desta visita;
O conselheiro em prevenção
externa chamado para um ponto
preciso sabe o que lhe dizem e, de
novo, o que vê, sente, escuta
durante as 2 horas ou mesmo os
dois dias quando está na empresa;
O perito sabe apenas o que
interessa para o problema pontual
da sua competência e para o que
esta sendo chamado.
16
O perito é geralmente especializado em determinada matéria sem
conhecimento de muitas outras.
Parece lógico, por conseguinte, de considerar que os dois conjuntos de
conhecimentos, da situação de trabalho e dos princípios do bem-estar,
completem-se e sejam utilizados em conjunto.
Multidisciplinaridade
Justa Inter
Nissani
17
O grau de interdisciplinaridade depende designadamente de três fatores
[36]:
O número de disciplinas, entre a medicina do trabalho, as ciências da
engenharia, a psicologia do trabalho, a ergonomia e a higiene do
trabalho (não confundir com a toxicologia);
A distância entre estas disciplinas: a engenharia e a medicina estão
certamente mais distante do que a engenharia e a higiene do trabalho;
O grau de integração entre os parceiros.
As condições para interdisciplinaridade dependem que várias disciplinas
estejam lado a lado, completem-se e trabalhem em equipe.
Este trabalho requer um espírito de equipe que não se adquire por uma
proximidade. A experiência mostra que, quando se limita a colocar juntas
as pessoas das diferentes disciplinas, emergem freqüentemente conflitos
de interesse e uma compartimentação das disciplinas (justa-
disciplinaridade).
Este espírito de equipe pode ser obtido somente através de uma análise
exaustiva e um esclarecimento claro e não ambíguo de:
Valores comuns: integridade, justiça, equidade, igualdade e
transparência;
Os objetivos comuns: o bem-estar dos trabalhadores;
Os objetivos pessoais;
As complementaridades;
Os meios.
Análise efetuada em um clima de confiança e de respeito mútuo.
Um sistema deve ser concebido desde o inicio e aceito por todos para
controlar o funcionamento diário, confrontá-lo aos valores e objetivos e
tirar as lições para uma jurisprudência adequada.
A estratégia de gestão dos riscos SOBANE apresentada a seguir propõe um
modelo para articular estas complementaridades e estes meios, e elaborar
uma abordagem realmente interdisciplinar.
O que precede não é completo na medida em que outro grupo de pessoas
tem as suas características próprias dos mesmos conceitos, mesmas
capacidades e mesmas metodologias. São os trabalhadores e a Supervisão
imediata que, no contexto da prevenção, devem ser vistos como outra
'disciplina' integralmente.
18
3.4. O trabalhador ator e não objeto da prevenção
O trabalhador é, por conseguinte, o único detentor de um saber
indispensável à prevenção.
Pode ter dificuldades de expressar, mas é o único que pode fazê-lo e, uma
vez que o objetivo é manter ou melhorar o seu bem-estar (e é sempre o
caso!), qualquer ação relevante não pode ser realizada sem o
conhecimento deste .
Desta forma os estudos realizados por um conselheiro em
prevenção ou um especialista de fora, no dia que lhe convém, sobre
um problema pontual inseridos dentro do contexto, em geral, têm
muito pouco impacto. Eles podem até ter um impacto negativo, ao
perder a oportunidade de uma ação mais coerente.
A prevenção necessita não somente de compreender a situação de
trabalho, mas conhecer o trabalho.
O trabalhador deve, por conseguinte, ser o 'ator' principal - e não apenas o
'objeto' ' da prevenção – e deve ser considerado como tal por todos os
intervenientes, os conselheiros em prevenção.
O trabalhador já não é apenas a fonte de dados para os que,
competentemente, se encarregam de ouvir, compreender o seu trabalho,
analisar, interpretar e tirar as conclusões e as medidas de prevenção. É
reconhecido como aquele que sabe não somente que 'vive', mas igualmente
o que 'quer' [18].
Estando no centro da sua prevenção, o conselheiro em prevenção oferece-
lhe em função das necessidades, as competências específicas necessárias
para tornar esta prevenção mais eficaz e para melhorar a sua educação em
segurança e a saúde.
Seria, contudo, utópico e demagógico crer que os trabalhadores e a sua
Supervisão imediata tenham um conhecimento suficiente dos riscos
incorridos e que este conhecimento e os seus pareceres são suficientes e
não podem ser questionados. Este conhecimento é função da educação em
segurança e saúde que têm até então recebido. Deve-se constatar que,
para muitos dos trabalhadores e, sobretudo para os novos admitidos, os
estagiários e os trabalhadores temporários, este conhecimento das
condições de trabalho não é nem íntimo, nem confiável. É igualmente
conhecido que, em certos setores - e em especial o da construção, esta
educação em saúde freqüentemente é limitada.
Retornaremos posteriormente a falar sobre as condições do processo
participativo e sobre a importância da educação à saúde dos trabalhadores.
É inegável que o trabalhador procura influenciar a sua situação de trabalho
19
para trabalhar melhor, mais confortável e mais rapidamente. Dar-lhe a
possibilidade de exprimir-se e pô-lo ao centro conduz a fazer-lhe 'pensar' a
sua situação de trabalho e desenvolver esta educação à saúde. O
trabalhador torna-se então requerente, em vez de recebedor, de uma
formação complementar porque vê a pertinência direta para a melhoria da
sua vida diária na sua situação de trabalho.
20
que é certamente muito desejável - mas freqüentemente negligenciando a
reflexão sobre os elementos que definem estes riscos, sobre a causa destes
riscos e como melhorar. A quantificação torna-se então o fim desejado e
não a prevenção ou a eliminação.
Um método utilizado para esse efeito é o método chamado de Kinney-
Wiruth [22] que propõe escalas para quantificar a exposição (E) ao fator de
risco, a possibilidade (P) de ocorrência do dano durante a exposição e a
gravidade do dano (G) e avalia o risco (R) pela expressão seguinte:
R=E. P. G
Esta expressão tem um grande interesse conceitual e concretiza a definição
do risco tal como foi dado previamente. Permite igualmente visualizar os
fatores sobre os quais é possível agir:
A exposição (E), pela organização do trabalho
A possibilidade de ocorrido durante a exposição (P), pela prevenção
coletiva
A gravidade do dano (G), pela proteção individual.
Propomos ainda enriquecer conceitualmente esta expressão agregando o
termo formação (F), sugerindo que o risco pode ser igualmente reduzido
pela formação profissional e pela participação dos trabalhadores e de seus
supervisores técnicos.
R=E. P. G. F
Outra vantagem incontestável desta definição e de técnicas como o
método Kinney é permitir comparar diferentes riscos pouco comparáveis
(fratura da perna ao cair de um andaime, lombalgia manipulando materiais
de construção…). O método permite assim classificar os riscos, definir
prioridades, comparar diferentes soluções. . .
A validade destas prioridades ou destas decisões é evidentemente em
função da validade das estimativas dos parâmetros G, E e P. Estas
estimativas, aparentemente muito simples, requerem recolher
informações, a visita dos lugares, a discussão com os trabalhadores sobre a
natureza exata das atividades. Um estudo dos riscos realizado uma tarde,
em um escritório, em uma folha de cálculos informatizada, tem portanto
tendência a ser fortemente subjetivo, confuso e não válido.
Do fato que a análise dos riscos é realizada por uma única pessoa, os
resultados sao forçosamente função de como esta pessoa conhece e vê a
situação de trabalho. Se este conhecimento for falso ou parcial, será
inevitavelmente do mesmo modo o estudo dos riscos. A participação dos
21
trabalhadores, os únicos a saber exatamente como o trabalho é realizado,
é portanto indispensável.
Além disso, a prevenção consiste em procurar os meios mais eficazes para
reduzir o risco agindo sobre um ou vários de seus componentes: redução
das durações de exposição ou o aumento da confiabilidade do sistema de
trabalh. É, por conseguinte, essencial que a análise dos riscos não seja
simplesmente uma constatação e uma avaliação rápida dos componentes
para chegar a calcular o risco R, mas que consista numa reflexão exaustiva
sobre as razões desta exposição, desta possibilidade, desta gravidade e
desta formacão e sobre os meios mais relevantes e razoavelmente
praticáveis para reduzir o risco.
A avaliação final e quantitativa do risco é portanto secundária. O
importante é o estudo dos componentes e os detalhes sobre os quais é
possível agir.
Em resumo, a experiência mostra que, num bom número de análises
quantitativas dos riscos realizadas através do método como Kinney:
A lista dos riscos considerados é em função do observador e, por
conseguinte, distorcida;
As estimativas numéricas são demasiado subjetivas e, por conseguinte,
não confiáveis;
A quantificação torna-se o próprio objetivo, esquecendo as razões das
quotas atribuídas;
A reflexão sobre o porquê e os meios de melhorias são esquecidos;
As prioridades levantadas não são confiáveis.
Então não é recomendado utilizar um método como Kinney, nem para a
quantificação dos riscos ou a avaliação de prioridades, nem, por
conseguinte, para a prevenção.
Pelo contrário, o método presta-se bem a uma utilização pontual para
chegar a um número provável para convencer um decisor.
22
“A quantificação conduz às soluções”:
A experiência mostra que, pelo contrário, a quantificação do
conjunto (nível de exposição diário, por exemplo) pode prejudicar a
uma compreensão dos detalhes e sobre qual deles é possível agir
para eliminar ou reduzir o risco. 0 quanto' substitui
freqüentemente 'o como e 'o porquê, e a quantificação termina em
constatações estéreis.
“As medições são necessárias para objetivar, autenticar as
queixas subjetivas dos trabalhadores”:
Esta opinião amplamente compartilhada é tingida com um pouco de
condescendência, um sentimento de superioridade benevolente
misturado com desprezo pelos trabalhadores cujos pareceres são
'subjetivos', ou seja, em última análise, não confiáveis. Ora para
reconhecer os trabalhadores como atores e não como assistidos, é
preciso reconhecer, a priori, explicitamente a sua competência e
a sua boa fé. Certamente esta competência é parcial e, como em
qualquer grupo, interesses pessoais podem às vezes dominar, mas, a
priori, os pareceres testemunham da verdade da vida na situação de
trabalho. É necessário, igualmente repetir que as medições muitas
vezes têm o risco de não ser representativas porque são
influenciadas pela 'subjetividade' da pessoa que realiza.
O nosso objetivo é aqui fazer refletir aos conselheiros em prevenção que
medem sistematicamente e os empregadores que as solicitam, do interesse
real destas medições, à sua validade, o seu custo e incitá-los a quantificar
melhor e mais legitimamente, quando é realmente necessário e em função
de objetivos precisos.
A quantificação dos riscos permanece útil e é necessária em certos casos.
Pode ser necessária para conhecer melhor a fonte de um problema a
fim de encontrar as soluções de prevenção mais adequada;
Pode ser útil, mais tarde, no caso de desenvolvimento de certas
patologias por certas pessoas, por exemplo, para uma demanda de
indenização por doença profissional;
Permitir comparar diferentes situações de trabalho;
É indispensável quando de um estudo epidemiológico que procura
determinar as relações entre a exposição ao fator de risco e os efeitos
sobre a saúde;
É o instrumento indispensável aos pesquisadores para desenvolver
recomendações que, em seguida, poderão ser utilizadas imediatamente
nas empresas.
23
A discussão acima visa somente desencorajar a quantificação sistemática,
que é suscetível de desviar do objetivo principal, a prevenção. Em cada
caso, pertence, por conseguinte, ao conselheiro em prevenção determinar
se deve ou não proceder a uma quantificação dos riscos e as razões
(epidemiológicas, técnicas ou políticas…) para as quais devem ser
solicitadas.
A quantificação dos riscos não é, por conseguinte, sempre necessária [42].
A quantificação sistemática e imediata, defendida por certas pessoas e
instituições que fizeram fortuna com esta prática, nos parece ser
necessária combater. Prejudica a prevenção consumindo meios financeiros
de início já limitados e atrasando-a sistematicamente. Contribui por outro
lado para manter em todos os envolvidos e em especial os empregadores, a
idéia falsa que os problemas de saúde e de segurança são tecnicamente
complexos, devendo ser tratados apenas por especialistas e requererem
soluções sempre muito dispendiosas [4].
Assim como certos autores como Blackler e Brown [5], pensamos que as
intervenções tradicionais que consistem em reconhecer um risco,
quantificá-lo com mais ou menos rigor e redigir um longo relatório com
recomendações cientificamente argumentadas, mas pouco ancoradas sobre
as realidades do chão de fábrica, contribuíram para a falta de evolução da
saúde e a segurança em geral em muitas empresas.
Como o exprime Goelzer [14] da OMS, “Não é incomum ver mais atenção
sendo dada à vigilância e a avaliação da exposição que à prevenção dos
riscos. A fascinação exercida por equipamentos sofisticados e os números
é maior que o interesse em encontrar soluções pragmáticas para reduzir
esta exposição”.
24
existe acima de certo limiar (25 kg, 80 dB (A) em média sobre 8 horas, 100
ppm em média…), e que abaixo, o risco é inexistente. Esta é a posição
'legalista', ou seja, 'estar em acordo com a Lei'.
É necessário opôr a isto a visão 'preventiva', que não faz nenhuma
diferença entre 83 dBA e 87 dBA porque o risco é praticamente o mesmo e
que deve-se procurar melhorar a situação de trabalho tanto quanto
possível.
Esta distinção entre visão preventiva e visão legalista é fundamental no
contexto da prevenção duradoura:
Uma visão legalista pede uma abordagem quantitativa, conduzida por
pessoas capacidas para esse fim, para determinar quando o limiar legal
é atingido: o trabalhador, pouco ou nada capacitado a estes métodos
quantitativos é eventualmente consultado, mas não é o ator principal.
A visão preventiva procura o estado ótimo de saúde e de bem-estar
para os trabalhadores, e de saúde técnica e econômica para a empresa:
o trabalhador é aqui inevitável e se torna o ator principal.
A abordagem legalista procura simplesmente pôr as coisas em conformidade
com os regulamentos em vigor. A visão preventiva em contrapartida
procura instaurar e manter o estado geral ótimo do trabalhador e da
empresa, além dos limites da lei.
O objetivo da abordagem preventiva é reduzir o mais rapidamente possível
os problemas. Pede, portanto, minimizar as análises prévias e integrar-se
nas preocupações maiores com eficácia, produtividade, qualidade de vida
humana e laboral de modo que as recomendações possam ser pragmáticas,
concretas, adequadas e 'vendáveis' [23].
25
Em diversos países foram organizados serviços externos de prevenção e de
proteção para ajudar as empresas e cumprir as missões que não poderiam
legitimamente ser realizadas internamente.
Os conselheiros em prevenção destes serviços externos são ou deveriam ser
generalistas de segurança-saúde no trabalho dado que são confrontados às
vezes com problemas de segurança numa garagem, às vezes a problemas
de doenças profissionais em uma pequena fábrica de produtos de limpeza a
seco e às vezes ainda a problemas de stress num escritório de serviços.
Dispõem em geral apenas de um material básico para medições
estereotipadas.
Os métodos a serem desenvolvidos devem dirigir-se antes de tudo a estas
PME, tendo em conta que os meios e habilidades das PME são mais
limitados a priori.
As forças - ou fraquezas - das PME são principalmente os seguintes fatos [4]:
Uma única pessoa é em geral responsável de todas as decisões técnicas,
comerciais, de gestão de saúde, segurança e bem-estar no trabalho. O
tempo que dedica a estes diferentes aspectos é em função das
necessidades imediatas em vez de longo prazo.
Finanças, investimentos, vendas e prazos têm uma incidência muito
mais direta e mais imediata sobre a vida da empresa. As prioridades
estão na sobrevivência da empresa.
A média geral nas PME é de um acidente com ausência de mais de um
dia para 10 trabalhadores. Numa pequena empresa com 40 empregados
são esperados, por conseguinte, quatro acidentes por ano, mas um
acidente a cada 2 anos se houver apenas cinco trabalhadores. O risco
de um acidente do trabalho que ameaça a empresa é assim fraco em
relação a outros riscos. Mas ainda que numa grande empresa que seja
confrontada às despesas recorrentes devidas aos acidentes, a PME
colocará estes últimos como azar, inaptidão, 'riscos do ofício'. O custo
do acidente ocasional tem menor repercussão do que outros aspectos
financeiros aos quais é confrontada diariamente, como: os clientes
maus pagadores ou as dívidas. Segue-se pouco da 'memória' do
acidente e pouca consciência da sua importância.
Pouco e frequentemente não informado sobre estes problemas durante a
sua formação, pouco ou não apresentado à pressão das autoridades e dos
sindicatos, pouco ou não motivado para dedicar tempo de ler ou consultar
a informação escrita administrativa, pouco ou não enquadrado pelo seu
Serviço de Prevenção e de Proteção, o responsável da PME adota portanto
uma posição principalmente legalista: procura estar de acordo com a lei
26
para evitar qualquer aborrecimento e qualquer contato com as
autoridades.
Admitindo esta análise, pode-se sublinhar as características que deve ter
uma estratégia orientada para as PME [4]:
Quebrar o seu isolamento favorecendo os contatos contratuais, as
associações setoriais, as relações entre co-parceiros, a fim de favorecer
a transmissão de informações verbais baseadas em experiências vividas;
Falar sobre benefícios ao invés de custos e vincular as noções de saúde,
de segurança, de motivação, de produtividade, de desenvolvimento, de
criatividade, de reputação, de qualidade e de competitividade;
Consequentemente, abordar os aspectos de saúde e de segurança não
para eles mesmos, mas por ocasião de um exame exaustivo da vida ao
trabalho, não para pôr-se em regra, mas, como já dito e repetido, para
procurar um estado ótimo de saúde e de bem-estar para os
trabalhadores e de saúde técnica e econômica para a empresa;
Não somente procurar alterar a forma como a PME percebe os aspectos
de saúde e de segurança, mas também alterar as atitudes das
inspeções, dos consultores, dos serviços de saúde do trabalho que
consideram frequentemente esta PME como uma grande empresa de
escala reduzida e se comportam da mesma maneira qualquer que seja a
dimensão da empresa;
Conduzir, por conseguinte, estes últimos a adotar outros métodos e
outros comportamentos, melhor adaptados à flexibilidade e a
diversidade das PME.
27
4. A estratégia SOBANE [26]
A eliminação dos riscos ou a sua redução até um limiar aceitável em uma
primeira abordagem da situação de trabalho pode ser feita apenas se todas
as competências e todos os meios estiverem disponíveis.
Contudo, o número de fatores de risco e o número de situações de trabalho
são tão grandes que seria utópico e impossível querer estudar todos e
todas, em detalhe.
Em certos casos quando as soluções evidentes forem postas em ação, um
estudo detalhado pode provar-se necessário, e apenas em alguns casos
particularmente complexos é que a intervenção de peritos será
indispensável.
Isto é o que, logicamente, se realiza de maneira espontânea nas empresas:
Após uma queixa ou uma visita de rotina (Pré-diagnóstico), o problema
é examinado mais detalhadamente (Observação);
Se as etapas anteriores não solucionarem o problema, um conselheiro
em prevenção é chamado (Análise);
Nos casos extremos e onde o problema ainda não foi solucionado,
torna-se indispensável o auxílio de um perito para resolver um aspecto
bem específico (Expertise).
Este procedimento espontâneo permanece, contudo, pouco sistemático e
pouco eficaz devido:
A falta de instrumentos eficientes para guiar estes Pré-diagnósticos e
Observações;
Ao freqüente abandono dos problemas pelas pessoas da operação
(trabalhadores e o seu quadro técnico) aos conselheiros em prevenção e
aos peritos e/ou ao fato destas ultimos assumirem totalmente os
problemas, sem que as competências respectivas se completem.
Trata-se, por conseguinte, de elaborar estas ferramentas de Pré-
diagnóstico e de Observação para aplicação pelas pessoas da empresa e de
assegurar a complementaridade das partes envolvidas. Este é o objetivo da
estratégia de gestão de riscos descrito a seguir.
A estratégia é constituída de quatro níveis progressivos de intervenção:
Pré-diagnóstico, Observação, Análise e Expertise. Esta estratégia,
chamada SOBANE (Screening, Observation, Analysis, Expertise), obedece
ao esquema seguinte e aos critérios definidos no quadro 1.
28
Trata-se de uma estratégia no sentido que envolve ferramentas, métodos,
e meios progressivamente mais especializados em função das necessidades.
A cada nível, soluções de melhoria das condições de trabalho são
pesquisadas e se Recorre ao nível seguinte apenas se, mesmo com as
melhorias sugeridas, a situação de trabalho permanece inaceitável.
29
Quadro 1: Características dos quatro níveis da estratégia SOBANE
30
A estratégia permite igualmente situar os diferentes participantes das
intervenções:
As pessoas da empresa para efetuar os níveis de Pré-diagnóstico e de
Observação;
O recurso a uma ajuda geralmente externa, o conselheiro em
prevenção, para a Análise;
E eventualmente um perito para a Expertise.
Pr
Objetivo ou costo do
ev
enfoque Expertise
en
Trata-se aqui apenas de identificar os
çã
Análise
o
problemas principais e de remediar os
Observação
erros flagrantes como buracos no solo,
recipientes abandonados contendo Pré-diagnóstico
solvente, um monitor voltado para uma Número de situações de trabalho
ou número de fatores de risco
janela, etc.
Atores
Esta identificação deve ser realizada de maneira interna, por pessoas da
empresa que conheçam perfeitamente as situações de trabalho, ainda que
tenham noções superficiais no que refere a problemas de segurança, de
fisiologia ou de ergonomia. Serão, por conseguinte, os próprios
trabalhadores, os seus supervisores técnicos, o próprio empregador nas
pequenas empresas ou um conselheiro em prevenção interno com os
trabalhadores nas empresas médias ou grandes.
Método
Para tal, necessitam um instrumento simples e rápido como uma guia de
diálogo estabelecida para o seu setor de atividade. 3
Esta fase não requer um uso rigoroso dos termos risco, dano, possibilidade
de ocorrido, etc. Os problemas serão então tratados de forma geral e com
termos na linguagem corrente.
Um grupo formado por alguns trabalhadores e supervisores técnicos (com
um conselheiro em prevenção se disponível) irão refletir sobre os principais
fatores de risco e vão procurar as ações imediatas de melhoria de prevenção
indentificando o que é necessário estudar mais detalhadamente.
3
Esta solicitação no método com o envolvimento do trabalhador esta nominado no
manual de aplicação da NR 17. No estabelecimento de um pré-diagnóstico: ele
deve ser explicitado às várias partes envolvidas, após o que será validado ou
abandonado como hipótese explicativa para problema, pagina 24)
31
Uma pessoa na empresa, que será denominado coordenador Déparis, é
designado para conduzir este Pré-diagnóstico e coordenar a implementação
das soluções imediatas e a continuação do estudo (nível 2, Observação) para
os pontos a aprofundar.
O método no nível 1, Pré-diagnóstico, deve procurar identificar os
problemas da situação de trabalho em todas as circunstâncias, durante a
jornada ou ano e não em um instante preciso. A guia de diálogo Déparis
(Pré-diagnóstico participativo dos riscos) apresentado no capítulo
seguinte deste documento procurará responder a esses critérios.
Neste primeiro nível, certos problemas poderão já ser resolvidos e outros
serão identificados. Eles serão objeto de estudo no nível 2, Observação.
Pr
ou costo do
Objetivo
ev
enfoque Expertise
en
çã
Os problemas não resolvidos no nível 1, Pré- Análise
o
diagnóstico, são discutidos de maneira mais Observação
exaustiva para identificar soluções a priori
mais evidentes. Pré-diagnóstico
Número de situações de trabalho
Atores ou número de fatores de risco
32
Por último, numa empresa de grande porte, toda a gestão terá a
tendência e interesse de ser feita internamente.
Método
O método deve permanecer simples de entender e de implementar, rápido
e pouco dispendioso, de maneira a poder ser utilizado o mais
sistematicamente possível pelos trabalhadores e seus supervisores técnicos,
e eventualmente com a colaboração dos conselheiros internos em
prevenção. O essencial é conduzir as pessoas a refletir sobre as suas
condições de vida no trabalho, focalizando-se sobre o aspecto específico
que apresenta problemas (o ruído, as máquinas, os TME…) e identificar o
mais depressa possível soluções de prevenção.
Outra vez um coordenador (preferencialmente o mesmo) é designado para
efetuar este nível de Observação e coordenar a execução das ações para
soluções imediatas e a efetuar a continuação do estudo (nível 3, Análise)
para os pontos de maior complexidade.
Um grupo (preferencialmente o mesmo) de trabalhadores e supervisores
técnicos (com um conselheiro em prevenção, se disponivel) observa mais
em detalhe as condições de trabalho a fim de identificar as soluções menos
imediatas e determinar por que o auxilio de um conselheiro em prevenção
mais especializado e em geral externo à empresa é indispensável.
Na impossibilidade de poder reunir tal grupo de discussão, o coordenador
realiza sozinho a Observação recolhendo junto aos trabalhadores,
principalmente, as informações necessárias.
As conclusões são:
Quais fatores parecem evidenciar um risco importante e devem ser
tratados antes de qualquer coisa?
Quais fatores são a priori satisfatórios e devem ser mantidos?
Medições podem ser realizadas se quem realiza a intervenção tiver
conhecimento e meios de realizá-las. Contudo, o método não deve
requerer nenhuma quantificação e, por conseguinte, nenhuma destas
medições, de maneira a permanecer aplicável mesmo quando estes
conhecimentos e estas técnicas não estão disponíveis.
33
4.3. Nível 3, Análise Complexidade
Pr
ou costo do
Objetivo
ev
enfoque Expertise
en
çã
Quando os níveis de Pré-diagnóstico e de Análise
o
Observação não permitem trazer o risco Observação
a um valor aceitável ou se uma dúvida
persiste, é necessário ir à Análise de seus Pré-diagnóstico
34
4.4. Nível 4, Expertise Complexidade
Pr
ou costo do
ev
Este nível 4, Expertise, é necessário enfoque Expertise
en
quando, no fim ou durante o nível 3,
çã
Análise
o
Análise, aspectos muito específicos e muito Observação
especializados pedem uma investigação. O
estudo deve ser realizado pelas mesmas Pré-diagnóstico
pessoas da empresa que trouxeram o Número de situações de trabalho
ou número de fatores de risco
programa até aqui, trabalhadores,
supervisores técnicos e conselheiros em prevenção, somando a estes a
assistência suplementar de um ou vários peritos especializados sobre este
aspecto específico. Refere-se a problemas particularmente complexos e
que requerem, eventualmente, medições especiais.
35
5. O instrumento de Pré-diagnóstico
Déparis.
4
Conforme manual de aplicação da NR 17, Estabelecimento de um pré-
diagnóstico: ele deve ser explicitado às várias partes envolvidas, após o que será
validado ou abandonado como hipótese explicativa para o problema, pagina 24
36
Permitir a condução de planos de ação a curto, médio e longo prazo e
um plano eficaz de intervenções posteriores por conselheiros em
prevenção mais especializados;
Ser concebido no âmbito da estratégia geral de prevenção SOBANE da
qual deve constituir o primeiro nível. A relação deve ser estabelecida
entre as conclusões deste Pré-diagnóstico e os níveis posteriores de
intervenção onde os aspectos oriundos dos problemas serão
aprofundados com o objetivo, outra vez, de encontrar às soluções mais
eficazes.
37
17. Relações de trabalho do pessoal e com a hierarquia
18. Ambiente psicossocial
A ordem destes temas foi estudada de maneira a corresponder o melhor
possível na forma de como o trabalhador se aproxima fisicamente de uma
situação de trabalho, indo do geral ao particular, considerando a
organização geral (n°1 e 2) antes da segurança (n°3 e 4) e do que se passa
diretamente nos postos de trabalho (os instrumentos, as posturas, etc. )
(n°5 a 8).
Os fatores de ambiente (n°9 a 13), frequentemente abordados em primeiro
lugar, foram afastados deliberadamente na lista a fim de lutar contra este
hábito e chamar a atenção sobre os primeiros pontos.
Os fatores psico-organizacionais (n°14 a 18) foram deixados para o final,
como na maior parte dos métodos anteriores, por duas razões essenciais:
De maneira pragmática, não se pode negar a reserva persistente de
certos meios industriais a abordar estes aspectos fundamentais;
Durante uma reunião, a discussão deve ser lançada sobre assuntos
técnicos mais 'neutros' e a confiança deve estabelecer-se, antes que
estes assuntos mais sensíveis sejam abordados.
A guia Déparis propõe para cada tema uma seqüência de pontos a discutir
e, para cada um esboça em poucas palavras o que é desejável. As
palavras-chave, em negrito, servirão para guiar a discussão, enquanto as
recomendações, em letras menores, ajudarão a procurar às ações de
melhoria mais concretas e mais adequadas.
TEMA
A discutir Quem pode fazer o que de
As zonas de trabalho concreto e quando?
Suficientemente espaçosas. . .
38
Quem é mais indicado para concretizar estas medidas de melhoria (o
que) e em qual prazo isto pode ser realizado (quando);
As implicações financeiras destas medidas: embora isto seja difícil e
nem sempre viável, os participantes são convidados a refletir sobre o
custo das soluções propostas e o impacto que podem ter sobre a
qualidade do produto e sobre a produtividade. São também convidados
a efetuar um julgamento rápido com relação a três critérios: custo
direto, qualidade do trabalho e produtividade, nestes termos:
Sem custo, ou custo muito baixo (0): as medidas poderiam ser
tomadas diretamente;
Pouco dispendioso (+): os orçamentos atuais poderiam permitir
concretizar estas medidas num curto prazo;
Razoavelmente dispendiosos (++): um orçamento especial deverá
ser previsto e as medidas poderiam ser efetuadas em médio prazo.
Muito dispendiosos (+++): as medidas pedem investimentos que
poderão ser consentidos apenas em longo prazo.
O interesse destas avaliações não reside somente nas estimativas dos
custos e de quem vai implementar as soluções, mas, mais sutilmente,
no fato de tomar estes critérios econômicos e de viabilidade em conta.
O grupo Déparis aprende assim a gerir as suas propostas de maneira
realista e concreta e as propostas não parecem aspirações sem
esperança de realização.
Certos autores [8] emitiram a hipótese que a discussão das implicações
financeiras poderia conduzir a uma forma de autocensura na
investigação de soluções. A experiência com Déparis mostra que estas
considerações conduzem os participantes a propor, além de soluções
mais dispendiosas apenas realizáveis em longo prazo, soluções mais
imediatas que permitem melhorar já substancialmente a situação de
trabalho. Abordar estas implicações financeiras parece assim
indispensável, de modo que as soluções propostas sejam concretas e
que o procedimento faça evoluir a situação de trabalho.
No terceiro quadro de cada tema, o coordenador Déparis anotará os
aspectos que necessitam um estudo mais exaustivo (nível de Observação)
para colocar em prática as soluções levantadas nas discussões.
Por exemplo:
Reexaminar sistematicamente e de maneira mais exaustiva os
problemas de utilização dos produtos químicos;
Reexaminar a disposição geral dos postos de trabalho e as posturas
(com a escolha de uma sede específica, por exemplo);
Reexaminar a divisão das responsabilidades e otimizar o conteúdo do
trabalho de cada trabalhador.
39
Por último, o conjunto do grupo que conduz o estudo faz um julgamento
global (indicador final) sobre a prioridade com a qual as modificações
devem ser feitas. A apreciação é realizada de acordo com um sistema
figurativo intuitivo em três níveis de cores e sorrisos:
Vermelho: estado insatisfatório, melhorar o mais breve possível;
Amarelo: estado médio e comum, melhorar assim que possível;
Verde: estado completamente satisfatório.
Um sistema que contabiliza de forma numérica foi evitado
deliberadamente, pois a experiência mostra que conduz às discussões e
interpolações inúteis. Um sistema com três níveis foi preferido para evitar
a abordagem dicotômica (2 níveis: bem e mal, regulamentar ou não, etc. )
ou, pelo contrário, a investigação de matizes inúteis (mais de 3 níveis).
No fim dos 18 temas, os resultados são sintetizados em dois quadros:
Um quadro sinóptico que retoma os julgamentos para os 18 temas:
este quadro dá uma visão global do estado da situação de trabalho e
permite a comparação rápida e visual de um estado atual e um estado
anterior, do estado de diferentes situações de trabalho da mesma
empresa ou ainda do estado de uma situação de trabalho tal como foi
vista por diferentes equipes de trabalho;
Um quadro sumário das ações e estudos complementares propostos
durante a discussão com a determinação de Quem, O Que e Quando e
das incidências financeiras correspondentes. Este quadro conduzirá ao
plano de ação a curto, médio e longo prazo para a situação de trabalho.
Existe uma redundância parcial entre diversos temas. Isto foi evitado na
medida do possível a fim de chegar a temas complementares. Contudo,
todas as separações não foram possíveis, nem é desejável, dado que, como
discutido anteriormente, a situação de trabalho constitui um todo e é
vivida pelos trabalhadores desta forma onde os diferentes aspectos se
interagem, reforçam-se, neutralizam-se.
A guia de diálogo Déparis é apresentada em capítulo 13 com um exemplo
detalhado de utilização junto com os quadros de síntese.
A guia apresentada aqui é geral, e devida a este caráter, pode servir de
base ao Pré-diagnóstico na maioria das situações de trabalho. Na verdade,
as 18 rubricas devem contemplar quase todos os casos, mas uma situação
de trabalho no setor hospitalar é bastante diferente de outra como um
canteiro de obras ou no setor terciário.
A guia deve, por conseguinte, ser adaptada às particularidades dos
diferentes setores.
40
5.3. A lista de verificação complementar dos grandes
riscos
Como veremos em detalhe abaixo, a participação é um processo que
começa pouco a pouco e não termina nunca e numerosas condições devem
ser seguidas para que ela ocorra de maneira adequada: envolvimento da
Direção e da linha hierárquica; formação dos protagonistas ao diálogo
social e ao uso da guia Déparis. . .
O processo melhora gradualmente este envolvimento, a formação, a
confiança . . . .
Mas é normal que no início do processo, os resultados sejam parciais.
Ora, podem existir, na situação de trabalho, riscos de uma gravidade tal
que não é aceitável esperar o sucesso do diálogo. Certos aspectos, como
os riscos elétricos ou de incêndio, também podem ser completamente
esquecidos durante as reuniões de diálogo se não tiverem influência direta
sobre as condições de vida no trabalho.
É, por conseguinte, necessário que, ao lado do processo participativo,
exista um sistema de verificação de riscos técnicos maiores. Este consiste
geralmente numa visita da situação de trabalho por um conselheiro em
prevenção utilizando uma guia de diagnostico.
Qualquer lista de verificação que cubra os aspectos mais importantes da
saúde e a segurança na situação de trabalho pode ser utilizada. Contudo, o
conselheiro em prevenção que realiza esta inspeção complementar a guia
Déparis tem interesse de utilizar uma lista de verificação que lhe é
próxima. Pode ser a própria guia Déparis. Quando se trata de verificar os
pontos essenciais, o conselheiro em prevenção poderá utilizar, contudo,
uma versão curta da guia de diagnostico Déparis. Esta lista de verificação
é apresentada no capítulo 15. Retoma essencialmente os mesmos itens
que a guia Déparis para os seguintes aspectos:
Os acidentes de trabalho: (tema 3 de Déparis)
Os riscos elétricos, incêndio e explosões: (tema 4 de Déparis)
Riscos químicos e biológicos: (tema 11 de Déparis)
As ferramentas e as máquinas: (tema 6 de Déparis)
As duas abordagens são bem complementares. Esta visita aos locais de
trabalho não pode ser feita sobre o passado, mas unicamente sobre o que
se vê, sente-se, entende-se, mede-se diretamente no dia em que é
realizada a visita.
Progressivamente com a evolução do processo participativo, o papel
realizado por esta lista de verificação deveria diminuir e tornar-se uma
41
auditoria do sistema e um instrumento de gestão para o conselheiro em
prevenção - facilitador cujo papel vamos definir no capítulo 8.
Deve, contudo, ser compreendido claramente que:
A lista de verificação não é para ser utilizada unicamente, mas como
um complemento para a guia de diálogo Déparis;
Deve ser utilizada preferencialmente pelo conselheiro em prevenção
que supervisiona a aplicação da estratégia SOBANE e em especial a
utilização da guia de diálogo Déparis para esta situação de trabalho.
Em nenhum caso as informações recolhidas devem servir para limitar os
aspectos da situação de trabalho que serão discutidos durante a reunião
do diálogo com a guia Déparis.
A lista de verificação não é concebida de maneira a satisfazer às
exigências legais em matéria de visitas anuais aos locais de trabalho.
42
6. Os métodos de Observação e de Análise
43
7. As diferentes etapas de intervenção:
a gestão dinâmica dos riscos
Como vimos anteriormente, todos os problemas são ligados, tudo está em
tudo e não é realista nem possível resolver tudo de uma só vez.
Assim como um lingote de metal é laminado em chapa fina em várias
passagens pelo laminador, os problemas de saúde, de segurança e de bem-
estar podem ser resolvidos apenas por passagens sucessivas do desbaste e
acabamento. O processo é dinâmico.
A Primeira ação consiste em substituir um instrumento defeituoso,
nivelar o solo, melhorar uma ventilação, cumprir um plano de trabalho,
alterar horários de trabalho. Embora indispensável, esta etapa é
insuficiente porque as razões pelas quais o instrumento era defeituoso,
a ventilação era degradada, os horários eram inadaptados não foram
estudados e a situação de trabalho voltará cedo ou tarde para o estado
inicial. O processo deve ter continuidade.
A Segunda ação consiste talvez em reexaminar a organização geral do
trabalho, as relações e comunicações entre pessoas, à disposição das
áreas de trabalho. . .
Uma terceira referir-se-á talvez à formação do pessoal: formação
profissional à execução do seu trabalho, educação ao seu bem-estar,
que conduz a reconhecer ele mesmo os problemas e a geri-lo
diretamente, conduzindo-o a um grau de autogestão da sua saúde, a
sua segurança e o seu bem-estar ao trabalho.
Um quarto, quinto…, alterando talvez mesmo a 'cultura' da empresa,
conduzirá a integração das preocupações de bem-estar a partir das
encomendas, nas compras, na gestão da empresa.
Tal intervenção não teria sido certamente possível no início quando os
pisos eram defeituosos, que os processos de trabalho não eram
adequados ou que as relações entre pessoas eram conflituosas.
Este processo não tem fim como discutiremos abaixo.
A imagem do laminador se junta a uma parte do esquema da melhoria da
qualidade de Deming [12], ou seja, o declive sobre a qual pouco a pouco se
cria a roda do progresso.
44
As competências requeridas dos
protagonistas evoluem durante o
processo. Durante as primeiras fases, os
conhecimentos indispensáveis referem-se
principalmente ao dia a dia do trabalho:
qual é a ferramenta, quais são os agentes
químicos para evacuar, como se efetua
realmente o trabalho. Os conhecimentos em saúde, em segurança e bem
estar no trabalho são certamente desejáveis, mas mais dispensáveis. Esta
primeira fase, o primeiro nível, Pré-diagnóstico dentro da estratégia
SOBANE será certamente a mais importante e a guia de diálogo Déparis
será o instrumento principal, enquanto que os métodos dos níveis de
Observação e sobretudo de Análise e de Avaliação serão utilizados apenas
ocasionalmente.
O processo melhora-se de maneira contínua[16, 54] e fica mais claro para os
parceiros. A confiança entre parceiros e no processo desenvolve-se a
medida que virem que estão realmente em condições de melhorar a
situação de trabalho. As pessoas no início indecisas, críticas ou
desconfiadas juntam-se ao grupo. Os parceiros tornam-se requisitantes de
informações e de formação que lhes permita abordar a organização do
trabalho. A análise torna-se mais fina e a situação de trabalho evolui tanto
sobre o plano técnico como no plano da motivação, da satisfação.
À estas fases da evolução das preocupações de segurança, saúde e bem-
estar, a guia de diálogo Déparis guarda o seu valor para consolidar o
adquirido e garantir que a situação não regrida (a cunha da roda na teoria
de Deming). Mas as guias de Observação e de Análise tomam cada vez mais
importância por fazer evoluir o sistema para um estado superior de saúde e
de bem-estar para os trabalhadores, de saúde técnica e econômica para a
empresa.
Esta evolução é lógica e se faz de acordo com o próprio ritmo da empresa.
Este ritmo não deve ser demasiado lento, sob pena de perder a motivação
que resulta dos progressos anteriores. Não pode também ser demasiado
rápido. Deve-se abordar um problema fácil em primeiro lugar e o sucesso
inicial é muito importante para construir a confiança e abordar
posteriormente os aspectos mais complexos [13].
O processo participativo deve seguir e apoiar-se de maneira a regular a
velocidade da evolução, a relançar o processo no momento oportuno. Será
o papel motor do conselheiro em prevenção-facilitador descrito mais em
detalhe ulteriormente.
45
8. As condições do processo participativo
8.1. A introdução da estratégia SOBANE na empresa
A abordagem da estratégia SOBANE se resume em:
Fazer realizar os estudos aos níveis de Pré-diagnóstico e de Observação
essencialmente pelos trabalhadores e seus supervisores técnicos que
têm um conhecimento íntimo da situação de trabalho dia após dia ( se
possível, mas não de maneira indispensável com a presença de um
conselheiro em prevenção);
Recorrer à assistência indispensável de conselheiros em prevenção e
peritos, quando é absolutamente necessário, nos níveis de Análise e
Expertise.
Esta abordagem conduz a alguns temores fundamentais:
Não é utópico contar com os trabalhadores e o seus supervisores
técnicos para gerir a prevenção?
Se não for totalmente, como começar o processo de Pré-diagnóstico
numa pequena empresa?
Se este processo for executado, não se arrisca com estes métodos de
Observação de privilegiar os aspectos técnicos pontuais sem uma visão
mais ergonômica da situação de trabalho?
Neste mesmo caso, não se corre o risco que os conselheiros em
prevenção nunca sejam chamados para intervir, quando as pessoas que
realizam a intervenção nos níveis 1 e 2 subetimam os problemas a
ponto de se julgar erroneamente capazes de resolver?
Por último, como assegurar a qualidade do processo e assegurar que os
problemas serão bem tratados a curto e a longo prazo?
Somos forçados a constatar, de maneira realista e pragmática, que as
preocupações da saúde e, a priori, bem-estar no trabalho nas empresas
permanecem fracas e que poucas ações são efetuadas de forma espontânea
e direta pelos empregadores e trabalhadores. Isto é infelizmente
verdadeiro em todas as empresas, mas em especial nas PME às quais temos
interesse especial
Em sua defesa, no entanto, devemos reconhecer que os métodos que lhes
são propostos, (quando existem!) desencorajam-nos a empreender
qualquer coisa: demasiado longos, não adaptados às suas caraterísticas,
46
orientados para a quantificação, sem sugestões de medidas preventivas ou
ainda redigidos num estilo incompreensível.
Parece demasiado cedo, portanto para concluir que uma gestão dos
problemas pela própria empresa é utopia: as experiências foram mal
realizadas e não são conclusivas.
Nas grandes e médias empresas, onde existe um serviço de prevenção e de
proteção interno, os problemas são objeto de uma atenção bastante
constante e são tratados diretamente. Em contrapartida, nas pequenas
empresas, no estado atual da organização da saúde do trabalho, o único
contato sistemático com estes aspectos é a visita anual do médico do
trabalho
Estas visitas são e permanecem indispensáveis para detectar certos
problemas essenciais de segurança e de saúde suscetíveis de escapar à
percepção dos trabalhadores e de seus supervisores técnicos. Contudo,
frequentemente, esta visita se realiza num tempo relativamente curto e
não dispõem de um instrumento de Pré-diagnóstico adaptado ao setor de
atividade da empresa, seguindo um protocolo padrão e estereotipado. As
informações recolhidas se referem essencialmente ao que se vê, entende-
se ou sente-se e, seu impacto sobre a melhoria das situações de trabalho
permanece limitado.
A estratégia apresentada aqui quer ser pragmática. Começa a partir deste
fato e propõe aos médicos do trabalho ou aos conselheiros em prevenção
que realizem estas visitas nas pequenas e médias empresas com um
instrumento complementar de Pré-diagnóstico, mais adaptado, dando mais
informações e assegurando uma primeira etapa para uma Observação mais
detalhada dos problemas específicos quer sejam eles químicos,
organizacionais ou psicossociais.
Nas condições atuais e para as PME, ou seja, para 60% da população
empregada, o médico do trabalho e estes conselheiros em prevenção serão,
provavelmente, as pessoas melhor indicadas para lançar a utilização da
guia de diálogo Déparis, sensibilizar os empregadores e os empregados a
utilizar a guia eles mesmos e começar assim o processo. Nas grandes
empresas este papel será do conselheiro em prevenção interno.
Qualquer outra via de ajuda ao processo deve ser explorada: sindicatos,
associações setoriais, jornais sindicais ou patronais, cartazes, etc., mas a
entrada de tais métodos continuará dependendo das vias discutidas acima.
Os terceiro e quarto temores acima foram considerados explicitamente na
elaboração dos documentos de trabalho da estratégia. Os documentos de
nível 1, Pré-diagnóstico, e de nível 2, Observação, são ao mesmo tempo:
Suficientemente detalhados e ricos para permitir encontrar soluções;
47
Mais globais possiveis, não levando somente em consideração os fatores
técnicos diretos (alturas, posições, forças, etc. ), mas igualmente os
fatores mais indiretos (organizacionais, relacionais, e pessoais);
Educativos, explicando quais são as conseqüências possíveis sobre a
segurança e a saúde (os danos potenciais);
Cuidadosos, mostrando que quando existe a necessidade de se recorrer
a um conselheiro em prevenção especializado, é porque as
conseqüências são graves, os problemas são difíceis de compreender e
de analisar ou ainda, porque as soluções propostas são difíceis de serem
postas em prática.
A maior parte dos métodos existentes não responde a estas exigências de
equilíbrio.
Da qualidade destes métodos decorre evidentemente a qualidade das
soluções.
Também era indispensável que estes métodos de nível 2, Observação,
fossem redigidos por conselheiros em prevenção e peritos capazes de
assegurar esta qualidade. A dificuldade foi seguidamente 'traduzir'
realmente o documento numa linguagem compreensível a todos os níveis
da empresa.
O maior temor refere-se ao acompanhamento das ações.
A responsabilidade pela aplicação prática destas medidas de prevenção
retorna, em todos os casos, ao empregador e aos gestores da empresa.
Prova-se, contudo, que soluções sugeridas pelos trabalhadores com seus
supervisores técnicos e discutidas nas reuniões têm muito mais
possibilidade de serem concretizadas do que o descrito no fim de um
relatório, de 10 a 50 páginas, realizado por um conselheiro em prevenção
que seria o único a levar em consideração o problema. O processo de ação
participativo centrado nas pessoas implicadas conduzirá a resultados
melhores, mais corretos e acertados que a intervenção de um consultor
que age sozinho.
Este estado é imutável?
É necessário esperar que não, e a estratégia proposta permitirá contribuir
para isto.
Aqui, um outro elemento poderia igualmente acelerar esta mudança.
Trata-se da imposição para as empresas de comportarem-se a respeito das
situações de trabalho da mesma maneira como em relação a garantia de
qualidade dos seus produtos. A Organização Mundial da Saúde [51] e o
Escritório Internacional do Trabalho [9] têm cada um publicado uma
recomendação sobre à qualidade na gestão dos riscos. Sistemas de
48
auditoria já são impostos em certos países. Estes sistemas de qualidade
vão demandar que as relações entre a empresa e os conselheiros em
prevenção externos sejam organizadas.
A estratégia SOBANE poderia ser a base da organização destas relações.
A participação será ainda mais rica se o 'clima' da empresa é favorável, ou
seja se [18]:
As estruturas na empresa estão abertas;
O ambiente social é sereno e pouco ameaçado economicamente;
As relações sociais estão definidas por canais de comunicação bem
estabelecidos;
Os parceiros têm o sentido das responsabilidades e o espírito de equipe;
Um espírito de abertura existe com respeito e confiança mútua;
Os parceiros têm uma formação voltada à comunicação.
Poucas são as empresas onde o clima é realmente favorável. Na maioria
dos casos, a participação evolui, as estruturas se abrem, as relações
tornam-se mais claras, desenvolve-se o sentido das responsabilidades e o
espírito de equipe, aprofunda-se o respeito e a confiança e as regras do
jogo tornam-se mais precisas.
Trata-se, por conseguinte, de começar o processo participativo com
honestidade, diplomacia e tato [20] tendo em conta a realidade do 'clima'.
49
Certos recursos financeiros sejam planejados para iniciar as medidas de
melhoria recomendadas;
Estas medidas sejam implementadas rapidamente;
O valor das contribuições sejam reconhecidos;
O bom funcionamento da participação seja recompensado de alguma
maneira.
É, por conseguinte, essencial que a política da Direção seja coerente, ou
seja, que uma reflexão seja efetuada explicitamente de modo que os seus
objetivos em matéria de segurança, saúde e bem-estar sejam compatíveis
com os seus objetivos econômicos e que estes dois objetivos,
frequentemente conflituosos, sejam integrados.
Tal estado de espírito ideal não existe no início e portanto deve ser criado.
Este será um dos papéis do conselheiro em prevenção ( facilitador do
processo participativo), cujo papel definiremos mais precisamente abaixo.
Ele deverá retirar do empregador o temor de que será submetido a uma
onda de perguntas que o embaracem, que sejam necessárias medidas
dispendiosas, ou ainda, o temor de que a escala de competências e as
responsabilidades na empresa serão questionadas. Como descrevem Martin
e Baradat [33], a participação pode, com efeito, conduzir “a recomposição
cultural da gestão”.
Este risco de recomposição cultural é obviamente muito maior que o 'clima'
como temos descrito acima
Os pontos mais importantes a gerir pela Direção são:
A coerência da sua política social e econômica;
A passagem desta política para toda a linha hierárquica;
Uma informação clara, completa e no momento certo para os
trabalhadores de maneira a evitar os rumores, a incompreensão, a
desconfiança e as oposições.
50
Estes gestores vão estar envolvidos diretamente, concretamente e
pessoalmente na organização dos debates, na elaboração de medidas de
prevenção, na apresentação à Direção e na sua aplicação.
Quando a posição da Direção é coerente, a experiência mostra que a
resistência dos gestores de nível intermediário é a causa principal dos
malogros.
As atitudes negativas traduzem-se pela utilização do processo participativo
para fins pessoais de poder, a utilização da sua autoridade formal para
impôr o seu ponto de vista e apagar qualquer iniciativa ou qualquer
sugestão, ou ainda, pela recusa total de participar com medo de perderem
o seu prestígio, o seu status, as suas prerrogativas e o seu poder.
Novamente, retorna ao conselheiro em prevenção como facilitador para
neutralizar estes temores e atitudes, a responsabilidade de fazer perceber
o processo participativo como um meio para aproximar-se dos
trabalhadores e para desenvolver relações humanas mais propícias ao bem-
estar ideal físico, humano e econômico da empresa.
Ao conselheiro em prevenção ( facilitador ) caberá também a tarefa de
capacitar os gestores para ouvir, dialogar e sintetizar.
51
A nossa experiência com a prática da guia de Pré-diagnóstico Déparis
mostra que estes temores são de novo infundados e desaparecem
rapidamente. A posição então inverte-se, o representante sindical traz a
sua visão global da empresa. O processo contribui então indiretamente
para alterar a atitude do sindicato no que diz respeito aos seus próprios
membros e aumenta a sua representatividade.
Qualquer que seja a posição das organizações sindicais, nenhum processo
participativo pode ser eficaz se negligenciar e ultrapassar o Comitê de
prevenção e proteção que coordenam as ações de saúde, de segurança e
bem-estar ao nível global da empresa. Tal atitude é um erro grave tanto
do ponto de vista ético como estratégico: reforça a impressão que a
Direção deseja 'dividir para reinar' e priva a experiência da visão geral pelo
conjunto dos trabalhadores do processo participativo de toda a empresa.
Deve ficar claro que a estratégia SOBANE e a guia de diálogo Déparis
ambicionam apenas ser instrumentos a disposição das empresas, das
direções, das organizações sindicais, para permitir-lhes facilitar e acelerar
o desenvolvimento de ações concretas e de políticas duradouras em
matéria de segurança, saúde e bem-estar.
52
Razões estruturais, quando o trabalhador percebe que o campo de
participação permanece muito limitado e que as decisões permanecem
tomadas unilateralmente e em outros locais;
Razões relacionais, uma má comunicação com os seus gestores;
Razões pessoais, o trabalhador pode temer que a responsabilidade
esteja acima dos seus meios [33], que o pedido esteja além das suas
capacidades [18].
Numerosos estudos indicaram que o trabalhador conhece efetivamente os
problemas e tem idéias concretas de soluções, mas que tem
frequentemente dificuldades para exprimir estes conhecimentos,
esclarecer suas idéias para soluções, fazer-se entender com suas palavras,
argumentar [13, 18].
Para a maior parte dos trabalhadores, a participação é nova e ainda
desconhecida. De novo, trata-se de um processo interativo e seguro, a
confiança e a motivação assim como o comprometimento crescem se uma
primeira ação for coroada de sucessos.
8.5.2. Problemas no que diz respeito aos colegas
Além destas dificuldades pessoais, a participação coloca em questão a
posição do trabalhador dentro do seu grupo. Colocado em evidência,
poderia ser ignorado [18], invejado, contestado, tido como responsável
pelos resultados insuficientes ou inadequados.
É essencial que o processo de seleção seja claro e aceito pelo trabalhador.
Os dois ou três trabalhadores que fazem parte do grupo devem ser
trabalhadores-chaves, ou seja, pessoas com:
Uma experiência exaustiva das diferentes circunstâncias de trabalho e,
por conseguinte, certa antiguidade;
Representativos, ou seja, reconhecidos pela liderança e seriedade
pelos seus colegas;
E sempre falando em nome do grupo e não em seu próprio nome .
Estas condições são difíceis de cumprir se o processo de escolha não for
'aconselhado' pelo conselheiro em prevenção – facilitador, do qual
falaremos abaixo. Este último terá também como tarefa evitar os
bloqueios dos que não puderam participar e as recusas de algumas pessoas
ou certos grupos de participar. Deverá igualmente atenuar rivalidades
individuais e fazer com que os participantes não sejam identificados como
uma elite de privilegiados, ou mesmo colaboradores e excluídos do grupo.
Na prática da condução da guia de diálogo Déparis, os trabalhadores que
estão participando pela primeira vez frequentemente são escolhidos pela
53
direção em função das disponibilidades. Existe efetivamente um risco [33]
que os critérios de seleção não correspondam aos definidos para o
trabalhador–chave. Pode tratar-se, com efeito, de um trabalhador julgado
de menor produtividade e, por conseguinte, menos indispensável à
produção, ou mais disponível no momento ou ainda de alguém que não seja
critico ou contestador.
Na maioria dos casos, dado que a empresa aceitou utilizar um método
participativo, às vezes com certa prudência, ela joga o jogo, o fenômeno
se inicia, e a escolha dos participantes se confirma ou melhora de acordo
com desenvolvimento das reuniões.
Esta segunda diligência não pode ser iniciada demasiado cedo enquanto as
ações decididas ainda não tenham sido feitas, nem demasiado tarde
quando a situação começou a degradar-se.
Qualidade da
situació
situación do
trabajo
Tempo
54
O processo deve ser supervisionado permanentemente para determinar o
correto follow up de reativação do processo participativo.
A energia necessária para começar e manter o processo é representada
pelas flechas.
A inércia é importante no início devido à incompreensão, a falta de
confiança, da resistência as mudanças, o medo do desconhecido, da
procrastinação, da lassidão ou a preguiça.
Uma vez lançado o processo, torna-se cada vez mais fácil de manter este
ciclo.
A energia necessária para lançar, observar e relançar o processo pode vir
apenas de uma pessoa com conhecimento do processo participativo, capaz
de ter uma visão global dos problemas de saúde, de segurança, de bem-
estar, de produtividade, podendo observar a situação de trabalho com
maior recuo e suscetível de pesar mais moralmente do que
hierarquicamente sobre o processo.
Por conseguinte, só pode ser efetuado por um conselheiro em prevenção
[22] que chamamos conselheiro em prevenção - facilitador [33, 43, 52] para
distingui-lo dos conselheiros em prevenção uni-disciplinares mais propensos
de intervir em segunda linha (nível 3, Análise) para aprofundar um ponto
específico e isolado da situação de trabalho.
Este conselheiro em prevenção – facilitador é o propulsor do processo
participativo. Seu papel é de:
Sensibilizar a Direção e conduzi-la a adotar a posição acordada;
Sensibilizar e envolver os gestores;
Aliviar eventuais temores das organizações sindicais;
Coordenar as primeiras reuniões e formar os coordenadores Déparis;
Informar e formar os participantes sobre os meios para interagir nas
reuniões;
Dominar as falsas esperanças, os temores, as desconfianças, as
decepções;
Ajudar os parceiros a reconhecer os seus limites;
Identificar o momento oportuno para reiniciar o processo;
Manter o processo vivo…
A eficácia do conselheiro em prevenção - facilitador dependerá muito das
características da empresa: o tipo de gestão, a experiência da empresa no
diálogo social, o 'clima'.
Dependerá igualmente das características pessoais: [7, 13, 18], sendo mais
indispensável se as características da empresa são desfavoráveis:
55
A sua personalidade e o seu poder de influência sem ser dominante ou
intimidador;
A sua experiência e a sua credibilidade;
A sua equidade e a sua independência, reconhecida por todos;
Os seus conhecimentos em saúde, em segurança e bem-estar do
trabalho, atualizados periodicamente de maneira a seguir a evolução
dos conhecimentos, dos métodos, dos regulamentos;
A sua capacidade de ouvir, mas também dirigir uma discussão, de fazer
avançar sem manipular, de pôr um ponto final sobre um aspecto
específico sintetizando as propostas emitidas;
A sua presença na empresa e o seu conhecimento do clima social;
A sua aptidão para lidar com a informação necessária e suscitar nos
parceiros a necessidade de informações e de formações
complementares;
A sua capacidade de determinar o momento para reiniciar o processo.
É conveniente lembrar que o conselheiro em prevenção é efetivamente
'facilitador' e não 'responsável' pelo processo participativo e o seu
sucesso. O seu papel permanece externo: contornar os problemas, educar
as pessoas para que elas assumam com integral responsabilidade o
processo, fazer de modo que os parceiros se encarreguem
progressivamente e sejam responsáveis conjuntamente pelos seus
problemas.
Se este conselheiro em prevenção é o facilitador da participação na
situação de trabalho, é também o facilitador da relação entre a empresa e
os conselheiros em prevenção e consultores externos. Para assegurar a
coerência das ações de assistência a empresa, é importante que dados e
ações possam passar sempre pelo facilitador. Torna-se assim o
coordenador das assistências externas, abandonando à estas pessoas a
tarefa de fornecer estas assistências especializadas. Ocupa, por
conseguinte, uma posição-chave na supervisão da evolução da empresa e
assegura o recurso às assistências externas quando necessário. O objetivo
maior do processo participativo e da estratégia SOBANE como já dito é não
gastar com conselheiros de prevenção especialistas e experts, mas envolve-
los no momento certo.
56
9. A aposta na aplicação da estratégia
SOBANE
Entre todos os autores descritos na bibliografia sobre os processos
participativos, poucos descrevem como na prática a reunião deve ser
organizada, com quem, onde e quanto tempo. Estes detalhes práticos
condicionam, contudo, o sucesso do processo e será abordado
essencialmente com base na experiência da utilização da guia de diálogo
Déparis.
Descrevendo os princípios básicos, os componentes da estratégia SOBANE e
as condições da participação, tentamos descrever aqui como, idealmente e
de maneira pragmática, esta estratégia pode ser implementada para
'orquestrar' o desenvolvimento do estado de segurança, saúde e bem-estar
no trabalho.
Descrevemos aqui os aspectos específicos da realização de uma reunião de
consulta Déparis.
Uma empresa pode querer imediatamente assegurar a sua gestão dinâmica
dos riscos profissionais seguindo os princípios e colocando em prática os
instrumentos da estratégia SOBANE. Contudo, a maior parte do tempo,
este processo é conduzido progressivamente quando surge um problema.
A seqüência de acontecimentos que conduzem à introdução da estratégia
SOBANE é relatada a seguir.
57
A causa pontual do acidente, a doença, a indisposição… terá sido
identificada e uma solução pontual terá sido encontrada provavelmente.
Permanece, contudo, que o problema, qualquer que seja, mas sobretudo se
for recorrente, tem raízes mais indiretas e que as soluções pontuais
arriscam não o ter resolvido na base e de maneira definitiva.
O problema foi então discutido de maneira mais abrangente, conforme o
caso, no Comitê de Prevenção e de Proteção ao Trabalho ou com a
delegação sindical ou ainda com os trabalhadores diretamente nas PME, e a
decisão foi tomada de fazer algo para resolvê-lo na fonte.
Permanece a saber o que fazer!
58
Os concensos eventuais:
A fim de facilitar o sucesso da estratégia SOBANE na empresa, o
conselheiro em prevenção – facilitador deve 'escolher' como primeira
aplicação um caso favorável, ou seja, uma situação sem conflitos abertos,
onde já exista certo compromisso da direção e da hierarquia, onde existem
algumas possibilidades de melhorias concretas…
Se esta primeira aplicação for frutífera, por 'contágio' será mais fácil em
seguida abordar casos mais difíceis.
6
CIPA
60
Parece excluído na prática, pelo menos a curto prazo, que todas as
situações de trabalho tais como foram definidas sejam objeto de uma
reunião de diálogo Déparis. Será necessário, por conseguinte, escolher, em
especial nas primeiras utilizações, situações de trabalho 'representativas',
ou seja, cujos resultados podem ser utilizados em outro lugar, mediante
certas adaptações de detalhes
61
Velará, contudo, pela sua atitude e sua autoridade, que a experiência
permaneça a do grupo e não se torne, como dito acima, um jogo externo.
62
Em todos os casos, é essencial que a escolha e a representatividade dos
participantes sejam aceitas, tanto do lado dos trabalhadores como do lado
da hierarquia.
A experiência indica que o grupo de trabalho deve ser local e compreender
trabalhadores que vivem o cotidiano da situação de trabalho.
A presença e a participação de representantes dos trabalhadores do
Comitê de Prevenção e Proteção ou membros da delegação sindical são
desejáveis, mas não em detrimento da participação e trabalhadores-
chave da situação de trabalho mesma. Estes representantes são com
efeito susceptíveis de trazer em complemento o seu conhecimento mais
geral da empresa e de assegurar a coerência entre as diferentes
intervenções deste tipo na empresa.
Do mesmo modo, a participação de trabalhadores recém-contratados
ou de trabalhadores temporários pode ser enriquecedora, mas não se
pode fazer em detrimento de pessoas que conhecem perfeitamente a
situação de trabalho, em todas as suas variações e falando em nome do
conjunto dos trabalhadores.
A presença de alguém acima na hierarquia, como o Diretor ou
responsável dos recursos humanos, deve em geral ser evitada para não
intimidar o grupo e prejudicar a reunião [13].
Por último, o conselheiro – facilitador deve 'equilibrar' o grupo de
trabalho evitando reunir pessoas manifestantes em conflito aberto. Isto
é um ponto bastante delicado que pode prejudicar a representatividade
do grupo. Melhor adiar um pouco a reunião e tentar atenuar estes
antagonismos do que arriscar que a reunião se transforme em campo de
batalha ou que os resultados sejam rejeitados por não ser
representativos. Em certos casos extremos, o processo pode
permanecer bloqueado e a reunião impossível. Raros são estes casos e
uma reunião entre pessoas de 'boa vontade' vai ajudar a levantar as
ambiguidades, resolver os conflitos e estabelecer um novo espírito.
Os concensos eventuais:
Na prática, quando da primeira utilização a título de ensaio, os
trabalhadores participantes frequentemente são designados pelo
responsável local em função da sua disponibilidade de tempo e de tarefas.
A experiência mostra que não é o ideal, mas também não leva a situações
de conflitos e que estes trabalhadores aceitam a responsabilidade de falar
em nome do conjunto dos seus colegas.
63
9.10. Uma reunião do grupo Déparis é organizada.
O coordenador planifica com cuidado a reunião do grupo Déparis.
A data da reunião deve fixar-se de acordo com todas as partes de
maneira a não interferir o menos possível com a produção: deverá, por
conseguinte, ser fixada fora dos piques de produção ou nos períodos
com pouco pessoal.
Uma convocação nominativa é enviada a todos os participantes bem
antes da reunião, com a data, e lugar e uma recordação sucinta dos
objetivos da reunião e do procedimento. Um exemplo de carta convite
é dado no capítulo 13. Esta carta contém a lista dos diferentes
aspectos da situação de trabalho que poderão ser discutidos durante a
reunião.
A reunião deve ser organizada em uma sala calma perto dos lugares de
trabalho a fim de poder eventualmente visitar os locais durante a
discussão para estudar no próprio lugar as modificações técnicas
eventuais. Uma reunião afastada da situação de trabalho deve ser
evitada. A sala é arranjada para ser mais convivial possível.
Uma duração de duas horas deve ser prevista para a reunião de
maneira a percorrer o conjunto de temas da guia de diálogo Déparis.
Esta duração de 2 horas deve ser respeitada, ainda que os diferentes
pontos ou aspectos não forem abordados. Além de 2 horas, o cansaço
aumenta, o rendimento da reunião diminui consideravelmente e a reunião
começa a parecer exageradamente dispendiosa aos olhos da Direção e da
linha hierárquica. Pode-se também pensar que os aspectos discutidos
durante estas 2 horas são mais importantes de modo que a continuação da
reunião não seja indispensável.
Instaurar no início do processo participativo a regra de 2 horas significa
igualmente uma vontade dos parceiros de trabalhar de maneira organizada
e eficaz.
Os concensos eventuais:
Põe-se na prática o problema da disponibilidade das pessoas durante as
horas de trabalho ou da possibilidade de pagar horas extras.
A falta de tempo é frequentemente sinônimo de falta de motivação, o
benefício imediato do trabalho considerado como superior ao benefício a
curto e em longo prazo da reunião. Trata-se de um problema frequente
quando do lançamento do processo participativo na empresa, problema
que desaparecera quando os primeiros resultados mostrarem o interesse
das reuniões e fizerem mover a balança dos benefícios.
64
1. Na prática e em especial quando da primeira utilização da guia de
diálogo, pode ser difícil parar o trabalho rotineiro de 4 a 8 pessoas e a
reunião contará talvez com 1, 2 ou três pessoas. A impossibilidade de
reunir a totalidade do grupo não deve ser considerada como um
obstáculo absoluto, desde que os diferentes parceiros estejam ali
representados.
2. Em certos casos, a reunião deverá ser efetuada enquanto as pessoas
trabalham. Isto só será possível se o trabalho não exigir a atenção
constante ou intervenções contínuas dos trabalhadores e se os
supervisores técnicos aceitarem participar. O conselheiro - facilitador
deverá necessariamente se contentar, na esperança de chegar a
resultados suficientes para provar a pertinência do procedimento e
incentivar no futuro uma colaboração mais importante.
3. Em certos casos ainda, a duração atribuída poderá ser inferior às 2
horas. Três atitudes são então possíveis:
1. Percorrer o conjunto da guia parando-se à simples constatações,
esperando poder em uma segunda reunião buscar as soluções;
2. Ou percorrer somente certos temas procurando soluções para estes
aspectos;
3. Ou ainda, repassar todos os temas pesquisando as soluções.
O objetivo deve ser iniciar algo que pode seduzir pela sua eficácia e sua
simplicidade. Também, pensamos que:
1. A primeira atitude é a pior: corresponde ao que é frequentemente
efetuado: os problemas são levantados, mas não é encontrado
nenhum esboço de solução. Uma segunda reunião nunca acontece e
a diligência provocou apenas expectativas vãs e decepções.
2. A segunda atitude não é preferível: os problemas são vistos de
maneira parcial e o grupo não pode exprimir-se sobre o conjunto
que vive no trabalho. Uma vantagem essencial da guia Déparis
então é perdida: a globalização dos problemas.
3. A terceira atitude parece ser o melhor concenso: a guia então terá
sido preparada para reter mais ou menos todos os temas e, cada
um, os pontos mais essenciais.
O fato que o tempo atribuído seja limitado, testemunha
indiretamente que a empresa não está pronta para abordar o
conjunto dos fatores psicossociais. Os cinco últimos não devem,
contudo, ser suprimidos, mas podem ser reduzidos
significativamente.
65
4. Em certos casos, uma reunião pode mostrar-se impossível ou
prematura. O conselheiro em prevenção que deseja introduzir a guia
de diálogo Déparis na empresa então é conduzido a utilizá-lo sozinho,
tentando recolher os pareceres e as propostas dos trabalhadores. O
que deverá, por conseguinte, ser feito necessariamente nos locais de
trabalho.
A utilização é então participativa no sentido mais tradicionalmente
dado a este termo: o trabalhador é consultado pelo conselheiro em
prevenção que conduz o estudo.
Este último não terá outras escolhas que se contentar, esperando que,
com base nos resultados, a empresa (direção, linha hierárquica,
trabalhadores) descobrirá o interesse de um processo mais
participativo e desejará no futuro dar à abordagem o tempo necessário
para desenvolver o seu potencial.
Independentemente das adaptações feitas ao processo, é necessário ser
muito vigilante, de modo que o estudo leve a soluções de melhorias
concretas (ou seja, detalhadas e diretamente realizáveis) e não apenas a
constatações e desejos vagos, de maneira a provar a eficácia da abordagem
e incitar a Direção e os trabalhadores a recomeçar a experiência em
melhores em condições.
Conduzindo à simples constatações, a guia não se diferenciaria das análises
clássicas de risco do qual a empresa tem-se utilizado durante muito tempo.
66
Expõe a guia que vai ser utilizado, como vai passar-se a reunião e a
duração prevista;
Garante o anonimato e pede a confidencialidade dos debates.
Informa do tipo de relatório que será preparado.
Informa sequências que serão dadas ao relatório: apresentação aos
participantes, à Direção e ao Comitê de Prevenção e Proteção.
Confirma a vontade da Direção e da linha hierárquica em levar em
consideração os resultados.
Recorda que medições e uma quantificação dos riscos serão
consideradas posteriormente se forem necessárias, depois que medidas
simples de melhorias já tiverem sido tomadas.
Precisa claramente o seu papel e a maneira como vai conduzir a
reunião.
Assegura que todos efetivamente compreendam os objetivos e o
procedimento, e estejam de acordo com a participação ativa e
proativa.
9.11.2. O secretariado
Podem ser difíceis para a mesma pessoa conduzir a discussão e ao mesmo
tempo anotar as recomendações, as avaliações de custos e o que faz que e
quando.
Quando da primeira reunião, a discussão será organizada pelo conselheiro –
facilitador e o coordenador interpretará o papel de secretário, adquirindo
assim certa experiência na gestão da reunião.
Quando de uma reunião posterior, o coordenador deverá assegurar a gestão
da discussão e fazer-se ajudar na medida do possível para o papel de
secretário por um membro do grupo que demonstra esta habilidade. O
relatório final deverá, contudo, ser redigido pelo coordenador ele mesmo e
sob a sua responsabilidade, diretamente após a reunião e retomar as
sínteses feitas oralmente durante a reunião.
9.11.3. A apresentação dos temas da guia de diálogo Déparis
O animador propõe seguidamente um após o outro os pontos a discutir.
Cada participante dispõe da lista dos aspetos susceptíveis de ser discutido
que lhe foi entregue com o convite para participar da reunião. A
experiência mostra que certos participantes vêm à reunião já olhando
diferentemente a sua situação de trabalho e discutindo com os seus
colegas: a reunião encontra-se enriquecida.
O animador começa por mencionar os aspectos a serem considerados
servindo-se das palavras-chaves escritas em negrito na guia de diálogo.
67
Quando a discussão se dá sobre um destes aspectos, menciona
eventualmente as recomendações indicadas em pequenos carácteres de
maneira a facilitar a investigação de soluções de melhoria.
É desaconselhado ler integralmente o conteúdo de cada tema, que arrisca
tomar demasiado tempo da reunião, em detrimento da discussão.
É desaconselhado igualmente distribuir a guia completa, para que os
participantes não o considerem como uma lista de verificação e sejam
tentados a tomar notas, retardando ou perdendo consequentemente a
dinâmica da reunião.
9.11.4. O alcance das discussões
Os 18 temas que cobrem o conjunto das condições de trabalho são passados
em revista um por um. Insistir no fato que a discussão não deve ser
interrompida para contabilizar, mas para determinar o que fazer simples,
direta e concretamente (com os detalhes de realização) para tornar a
situação mais flexível, mais eficaz e mais agradável e o que deverá ser
aprofundado durante uma reunião de nível 2, Observação.
O documento escrito serve de apoio à discussão, mas não é o objetivo. O
objetivo é estruturar e fazer progredir o debate, não de preencher
quadros.
A discussão visa pesquisar quem poderia melhor concretizar as soluções
propostas, como e em qual prazo e, na medida do possível, estima as
implicações financeiras destas soluções (custo direto, qualidade do
trabalho, produtividade) de acordo com os critérios indicados (Zero, +,
++, +++).
Um ponto importante, ao mesmo tempo para os resultados diretos da
reunião e para o processo participativo, é a distinção entre o que o
grupo pode gerir (as soluções concretas) e o que não pode gerir (os
pontos pelos quais estudos mais exaustivos são necessários). O grupo
deve, por conseguinte, conhecer os seus limites e reconhecer que não
pode resolver tudo [33]. Quando das primeiras reuniões decisivas, é o
papel do conselheiro em prevenção - facilitador se fazer reconhecer.
9.11.5. A ordem das discussões
Durante a discussão, o coordenador é conduzido a gerir o fato de que vários
aspectos são abordados ao mesmo tempo. Assim, o debate a propósito de
uma máquina pode abranger aspectos de encomendas, instrumentos,
material de trabalho, ruído, vibrações, ou mesmo os problemas de divisão
de responsabilidade. Recusar tratar estes aspectos para se deter
restritamente à seqüência dos temas seria provavelmente um erro.
68
Contrariamente é necessário tratar os diferentes aspectos de maneira
organizada. A experiência do coordenador conduzirá a:
Aceitar que o ponto seja abordado;
Anotá-lo sob o tema que ele se refere mais precisamente;
Assinalar que será abordado em detalhe quando as discussões chegarem
a este tema;
E trazer a discussão sobre os pontos do tema tratado atualmente.
9.11.6. As discussões
Quando das primeiras utilizações da guia Déparis, o grupo, em geral pouco
habituado a discutir livremente sobre o que vai bem ou não e a formular
propostas de melhoria, pode ter certas reservas para comprometer-se
numa reunião construtiva, ter medo de que “aquilo recaia sobre a sua
cabeça”. É a razão pela qual a presença de pessoas demasiado distante da
situação de trabalho ou tendo um papel hierárquico demasiado elevado
deve ser evitado. Cabe ao conselheiro - facilitador sentir estes momentos
e agir em consequência.
Estes temores começam a se manifestar a partir das primeiras rubricas da
guia, enquanto que os aspectos são essencialmente técnicos e, por
conseguinte, bastantes neutros e que não implicam diretamente a
responsabilidade de alguém especifico. O terreno prepara-se
progressivamente, a confiança instala-se, as pessoas começam a falar, de
modo que o debate permanece concreto mesmo quando os últimos temas
que tratam dos aspectos mais pessoais são abordados.
Quando de utilizações em grupos muito pouco habituados a dialogar, as
pessoas não começam a falar durante a primeira reunião. Pensamos,
contudo, que a experiência não é perdida. Um primeiro passo foi dado, a
roda de Deming girou uma primeira vez e, ainda que os resultados sejam
muito fracos, o processo foi iniciado. Será necessário relançá-lo e mantê-
lo.
69
capítulos fixos de 'introdução', 'metodologia', 'resultados', 'recomendações' e
'conclusões'.
Pelo contrário, por “síntese”, sugerimos um documento compacto de 2 a 3
páginas, resumindo de maneira operacional, preferivelmente sob a forma
de quadros, os resultados e em especial as recomendações de:
O que deve ser feito?
Quando deverá ser feito?
Como deverá ser feito
Quem ira fazer?
Quanto custa fazer?
Esta síntese pode ser acompanhada de uma parte que retoma o relatório
tradicional com os detalhes metodológicos e os detalhes dos resultados.
Esta síntese é preparada de forma bem clara e simples e inclui:
O quadro sinóptico dos temas com os julgamentos globais (smiles);
O quadro das soluções propostas e os pontos a serem estudados mais
em detalhe, com a indicação de quem faz o que e quando e as
incidências financeiras;
Os temas utilizados, contendo as informações detalhadas que surgem
da reunião.
A experiência da guia mostra que um dos interesses principais da técnica
reside no fato que esta síntese é curta, concreta e legível, de modo que os
responsáveis, a Direção, os membros do Comitê de Prevenção e Proteção
possam tomar conhecimento rapidamente e que as ações possam ser
decididas diretamente.
70
9.14. A síntese é finalizada e apresentada ao Comitê de
prevenção e proteção ao trabalho
As medidas propostas são discutidas e avaliadas em função do bem coletivo
da empresa. A decisão é tomada de prosseguir o estudo para certos pontos
que devem ser aprofundados, através das guias de nível 2, Observação, da
estratégia SOBANE.
71
coordenador, os participantes e a empresa nesta utilização. Não pode, na
maioria dos casos, e, sobretudo, nas PME, continuar indefinidamente neste
papel por razões práticas, mas igualmente para não prolongar esta relação
de assistência e fazer de modo que os parceiros e a empresa se
encarreguem.
A abordagem desenvolve plenamente os seus efeitos somente quando a
empresa decide assumir internamente e diretamente as suas
responsabilidades na gestão dinâmica dos riscos.
O conselheiro - facilitador ajuda a adaptar a guia no seu vocabulário e no
seu conteúdo às particularidades da empresa. As reservas, temores e
outras resistências foram levantados. Os parceiros 'provaram' os resultados
diretos e indiretos. Pertence agora à direção escolher a via que deseja
adotar para fazer evoluir as suas situações de trabalho, e aos
coordenadores e os grupos Déparis de cumprir o seu papel, com, como já
foi dito, os seus sucessos e os seus erros.
72
9.19. A vigilância da saúde é organizada
Se o estudo começar por uma seqüência de queixas concretas de certos
trabalhadores, deve-se certamente ocupar-se concretamente destas
pessoas, de modo que se recuperem e possam retornar o mais rapidamente
possível as condições de vida e condições de trabalho normais.
É conveniente atrair a atenção sobre o fato de que condições de trabalho
podem ser aceitáveis para um trabalhador, mas permanecer perigosas para
outro. A recuperação pode encontrar-se retardada ou, em certos casos, os
problemas podem continuar a agravar-se. Não se trata, por conseguinte,
de recolocar diretamente no trabalho as pessoas com problemas de saúde
logo que as condições de trabalho forem melhoradas.
9.20. Rastreabilidade
Todos os documentos de trabalho que serviram aos diferentes níveis devem
conservar-se na empresa a fim de servir de ponto de referência quando de
modificações dos postos ou quando necessitar a concepção de novas
condições de trabalho.
73
10. A validade operacional da guia Déparis
A validação da guia de diálogo Déparis consistiu em verificar que os
trabalhadores e os técnicos compreendam o espírito e o conteúdo da guia,
que uma reunião de 2 horas é suficiente para percorrê-lo e que conduz a
resultados suscetíveis de incitar a empresa a recomeçar a experiência.
40 empresas foram contatadas por conselheiros em prevenção externos e
aceitaram tentar esta experiência:
6 do setor terciário,
8 do setor químico (pinturas, tipografias…),
8 do setor metálico (ateliers, garagens…),
6 do setor dos cuidados de saúde,
7 com trabalhos repetitivos (farmácias, embalagem…)
5 de empresas independentes (padeiros …).
Foram 13 pequenas (< 50 trabalhadores), 12 médias (50 a 200) e 14 grandes
empresas. Não eram requerentes de uma ação anterior, que influencia
naturalmente o seu comportamento.
Os resultados podem ser resumidos do seguinte modo:
A pessoa de contato foi o conselheiro em prevenção interno (72%) ou o
empregador (28%);
456 homens e 378 mulheres foram envolvidos nas situações de trabalho
estudadas;
123 pessoas (62% homens e 38% mulheres) de todas as idades e tempo
de empresa participaram ativamente às reuniões. 15% delas faziam
parte do CPPT;
A reunião Déparis raramente realizou-se próximo aos postos de trabalho
(16 casos), mas com a possibilidade de ir facilmente aos postos em 31
casos, o que ocorreu em 17 casos;
Foi liderada geralmente pelo conselheiro em prevenção externa (24
casos) e pelo coordenador em 16 casos (com a assistência do
conselheiro em prevenção);
A discussão conduziu a investigação de melhorias;
A ordem dos temas pôde ser respeitada (95%);
Os 18 temas puderam ser percorridos num tempo médio ligeiramente
menor que duas horas em praticamente todos os casos;
74
Os objetivos da reunião Déparis foram atingidos dado que 417 medidas
de prevenção foram propostas, em cerca de 10 medidas por reunião;
Aparte o tema vibrações que se referiam apenas em 20 empresas, todos
os temas foram julgados importantes por mais da metade dos
participantes, os últimos aspectos, psicossociais, foram julgados
importantes por mais de 70% dos participantes, e 8 temas foram
julgados diferentemente pelos homens e pelas mulheres;
Somente 33% das propostas já eram conhecidas;
45% eram específicos às situações de trabalho encontradas;
49% suficientemente concretas para serem postas em ação
imediatamente;
A designação de quem faz o que e quando não tomou demasiado tempo
(94%); pareceu interessante (77%), confiável (87%) e teve um papel na
investigação de soluções em 32% dos casos;
Do mesmo modo, a estimativa dos custos não atrasou o processo (91%),
pareceu interessante (73%) razoavelmente confiável (61%). Influenciou
à investigação de soluções em 32% dos casos;
A separação das soluções concretas e os aspectos de estudos com
maiores detalhes apareceram interessante (70%) e confiável (76%),
assim como muito interessante (94%) e confiável (77%);
A participação foi honesta em 95% das reuniões e certa indisposição aos
aspectos foram sentidos em apenas 9% dos casos;
40% das soluções propostas foram sem custo; 36% pouco dispendiosos;
16% dispendiosos; 8% muito dispendiosos.
75
11. As vantagens do processo participativo
Todos os autores mencionam benefícios do processo participativo. Estes
benefícios são diretos e indiretos. A participação permite suprimir as
diferenças entre a forma como a linha hierárquica vê o trabalho e a forma
como é realmente realizado [23]. As soluções são, portanto concretas e
com maior relevância [37]. No que diz respeito aos trabalhadores, o fato
de ter participado ao estudo de sua situação de trabalho, ao
desenvolvimento das soluções e se possível da aplicação das soluções, gera
um sentimento de ser proprietário da solução e, por conseguinte, um
grande compromisso para utilizar estas soluções [7, 18]. A participação
conduz assim a uma redução importante da resistência à mudança [13]. A
participação altera igualmente a imagem que o trabalhador tem dele
mesmo e da empresa, melhorando:
13
O sentimento de maior controle do seu ambiente de trabalho [ ];
O sentimento de maior valor pessoal devido a ser entendido e ouvido
[45];
Maior conhecimento sobre como o seu trabalho se integra na empresa e
como se situa em relação às outras atividades [18, 42].
Altera consequentemente os relatórios sociais na empresa.
Melhoria da comunicação entre trabalhadores e o empregador e
igualmente da coordenação entre trabalhadores e entre
departamentos;
Relações novas com as diferentes atividades e com as outras pessoas da
empresa [39].
Desenvolve a curiosidade, a capacidade de desafio, a inteligência
construtiva [39], e a busca por mais informações e formação [15]. O
interesse e a compreensão do processo participativo propagam-se na
empresa com novas iniciativas e o processo generaliza-se [11]. As pessoas
ficam cada vez mais capazes de adaptar-se às novas condições de trabalho
e de utilizar os seus conhecimentos em outras condições de trabalho [20].
Insiste-se ainda que não se trata de uma evolução brutal, mas progressiva:
melhoria dos conhecimentos da organização, aprendizagem mais rápida e
mais profunda de um novo sistema [8, 24, 53] e modificação do clima da
empresa. Contrariamente ao que em geral é considerada, esta evolução
não atinge somente os trabalhadores, mas também a linha hierárquica, e
até mesmo os projetista e os especialistas técnicos [44].
76
Certos autores chamam a atenção sobre os perigos e limitações do processo
participativo: terreno para reivindicação antes do diálogo, onda de
recomendações que submergem os responsáveis, soluções unicamente
técnicas e superficiais [43]. Estas críticas ou lamentações testemunham
uma falta de paciência. Parece-nos normal, como descrito quando falamos
das etapas do processo, que os trabalhadores que nunca tiveram a palavra
pensam em primeiro lugar melhorar os elementos técnicos com os quais
estão em contato direto e que em geral lhes são impostos: instrumentos,
máquinas. . . Quando estes elementos foram alterados favoravelmente e a
confiança instalou-se, os aspectos de organização e de comunicação serão
abordados. A fortiori, os aspectos psicossociais serão tratados em detalhes
mais tarde, na sequência de uma evolução mais profunda das atitudes [8,
16
].
Seria, contudo, uns erros não discutem-los, nem que seja superficialmente,
timida e aparentemente inutilmente, no início do processo participativo,
de maneira a mostrar a preocupação de melhorar todas as componentes da
situação de trabalho (e não somente os aspectos técnicos) e permitir aos
parceiros refletir progressivamente.
É, contudo, imperativo que os instrumentos que permitem guiar a discussão
durante as reuniões integrem desde o começo a dimensão psicossocial.
77
11.2. A variabilidade dos resultados
Os resultados das reuniões são variáveis, de acordo com a forma como o
coordenador Déparis liderou a reunião e de acordo com a 'cultura' da
empresa.
Em certos casos, os participantes se limitam a uma constatação,
discutindo essencialmente se tal aspecto foi satisfatório ou
insatisfatório. Constata-se às vezes uma tendência dos trabalhadores
auto limitarem-se nas suas apreciações;
Em outros casos, a discussão leva realmente ao por que das coisas, mas
soluções gerais são formuladas no condicional: 'seria necessário. . .
Poderia... Deveria. . Reorganizar o trabalho, reexaminar os ciclos';
Em numerosos casos, contudo, o objetivo foi atingido: soluções
concretas são formuladas: novo lay-out do espaço, deslocamento de
máquinas, distribuições diferentes entre os trabalhadores, modos de
trabalho diferentes.
O quadro final das ações imediatas (quem faz o que, quando) e temas sobre
os quais devem ser efetuadas as Observações complementares é então
muito concreto, permite conduzir a prioridades e definir planos de ação a
curto e longo prazo.
Como salientado anteriormente, quando de uma utilização ulterior, a
eficácia torna-se mais importante, a participação dos trabalhadores é mais
concreta, demonstrando já na primeira reunião um olhar melhor da
situação de trabalho.
Seja como for, a guia de diálogo Déparis e em geral a aplicação da
estratégia SOBANE provam conduzir a resultados totalmente diferentes que
com listas de verificação de segurança-saúde ou outros métodos [1], pelo
fato principal que:
As propostas são pensadas pelas pessoas interessadas e são concretas;
Pela mesma razão, são espontaneamente melhor aceitas e postas em
ação;
São hierarquizadas graças a apreciação, aproximativa, ou seja, das
implicações financeiras;
Decorre um plano de ação a curto, médio e longo prazo, em especial
graças ao quadro de resumo 'Quem faz o que e quando' e, por
conseguinte, um plano dinâmico de gestão dos riscos;
O método permite a auto formação dos trabalhadores, estes
conduzidos a procurar informações em função das suas necessidades,
78
ao contrário dos programas decididos por conselheiros em prevenção e
fornecidas aos trabalhadores que são apenas os requerentes.
79
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84
13. A guia de diálogo Déparis
13.1. Convite
Você está convidado a participar de uma reunião Déparis
Do que se trata? O que se espera de você? O que isso vai lhe trazer?
Do que se trata?
Os regulamentos exigem que uma análise de "risco" seja realizada para
todas as situações de trabalho e que um plano de ação seja estabelecido
para progressivamente atingir e manter um estado ideal de bem-estar para
todos os parceiros destas situações de trabalho (empregados, contratados,
direção).
É possível um conselheiro de prevenção resolver sozinho coisas
como, por exemplo, perigos de incêndio.
Não lhe é possível sozinho assegurar as condições do seu bem-
estar.
Seu bem-estar pode ser assegurado apenas por VOCÊ.
Uma reunião Déparis (Diagnóstico participativo de riscos) é uma reunião de
algumas pessoas da situação de trabalho (pessoal, supervisão imediata,
serviços técnicos ...) durante a qual todos os aspectos da vida relacionados
ao trabalho são revistos. Uma guia de diálogo foi elaborada para guiar esta
discussão para que se cubram todos os aspetos técnicos, organizacionais e
relacionais que fazem com que a vida diária na sua situação de trabalho é
mais ou menos fácil, eficaz e agradável.
O objectivo não é constatar nem quantificar as imperfeições, dificuldades,
problemas. É encontrar o que pode ser feito concretamente, à curto,
médio e longo prazo de modo que, o trabalho seja mais eficaz e mais
agradável.
Durante a reunião, será possível para alguns pontos, determinar o que
reorganizar ou mudar e como, na prática, reorganizar ou alterá-lo.
Para outros aspectos, estudos complementares serão realizados
seguidamente.
A Direcção compromete-se em desenvolver um plano de ação para
responder melhor ao que será discutido.
85
O que se espera de você?
No passado, estudos, investigações foram realizadas e / ou solicitações já
foram formuladas. Porém, ações talavez não tenham sido tomadas..
Durante a reunião Déparis, queremos começar do zero, e reexaminar de
maneira organizada e sistemática todos os aspetos da vida no trabalho.
É esperado que você viesse à reunião com um espírito construtivo e
confiante.
Se Você é um membro da direção ou da supervisão, não é questão de
acusar-vos da alguma coisa, mas de ver o que podeser feeito para melhorar
a vida.
Se Você é um representante de um membro de um serviço de manutenção,
de compras... É necessário ver com você a maneira ideal para melhorar
estes problemas, tendo em conta as contingências técnicas.
Se você é um representante dos trabalhadores, Você deve descrever os
problemas e as dificuldades encontradas por você e seus colegas e
explorar como a situação de trabalho pode ser melhorada.
O que isso vai lhe trazer?
A empresa escolheu conscientemente utilizar a guia Déparis como uma
ferramenta de diagnóstico participativo de riscos. A direção se
comprometeu a levar em conta os resultados das discussões e as propostas
de melhoria que serão formuladas.
É, por conseguinte a oportunidade de rever toda a situação de trabalho e
trabalhar para melhorar de forma gradual, todas as condições de vida ao
trabalho. A experiência mostrou que todos ganham: qualidade da vida,
satisfação pessoal e profissional, trabalha mais agradável, mais eficaz,
melhor relações de trabalho...
86
Que aspectos serão abordados durante a discussão?
87
7. Posições de trabalho 11. Ambientes térmicos
Quem pode fazer o que de concreto e Quem pode fazer o que de concreto e
quando? quando?
A repetição dos mesmos gestos A temperatura
As posições de trabalho: A umidade
A altura do plano de trabalho Os correntes de ar
O trabalho sentado ou sentado /em pé As fontes de frio, calor ou umidade.
Ajudas A vestimenta de trabalho
Roupas de proteção especiais
8. Esforços e manuseios de carga As bebidas
Quem pode fazer o que de concreto e
quando? 12. Higiene atmosférica
Gestos e esforços Quem pode fazer o que de concreto e
Os esforços das mãos quando?
As cargas Os riscos químicos e biológicos
As ajudas mecânicas A capacitação
A capacitação do pessoal Os procedimentos
A fadiga no final da jornada laboral A rotulagem:
O armazenamento
9. Iluminação As poeiras, fragmentos, óleos,
Quem pode fazer o que de concreto e vapores…
quando? Os lixos químicos e biológicos
Iluminação nos locais de trabalho A sinalização:
Sombra, reflexo, ofuscamento sobre o As proteções coletivas:
trabalho. Os EPIs
A uniformidade da iluminação As pessoas com maior
A vista para o exterior susceptibilidade
As luminárias As vacinas
O trabalho com monitores de vídeo A higiene
A renovação do ar
Os locais para fumantes
10. Ruído
Quem pode fazer o que de concreto e quando?
Na fábrica,facilidade para falar 13. Vibrações
Quem pode fazer o que de concreto e
Os EPIs quando?
Nas oficinas Os veículos de transporte
Nenhum incômodo ou distração: As máquinas e ferramentas
A localização dos postos de trabalho vibratórias As ferramentas, discos. . .
Os meios de comunicação A capacitação
As máquinas ou instalações ruidosas
Buracos, orifícios
88
14. Autonomia e 17. Relações de trabalho com
responsabilidades individuais colegas e superiores
Quem pode fazer o que de concreto e Quem pode fazer o que de concreto e
quando? quando?
As ordens ou expectativas As comunicações durante o trabalho
O grau de iniciativa A distribuição do trabalho
A autonomia A ajuda entre trabalhadores
A liberdade de contato O consenso no trabalho
O nível de atenção A hierarquia
As decisões As relações com a hierarquia
As responsabilidades As sugestões e críticas dos
Os erros trabalhadores
As avaliações
15. Conteúdo do trabalho
Quem pode fazer o que de concreto e 18. Ambiente psicossocial
quando? Quem pode fazer o que de concreto e
O interesse do trabalho quando?
As capacidades As promoções
Informação e capacitação As discriminações
A carga emocional O emprego
Os salários
16. Presões de tempo A conciliação social dentro da
empresa
Quem pode fazer o que de concreto e
quando?
Os problemas psicossociais
Os horários e escalas de trabalho As condições de vida dentro da
empresa
O ritmo de trabalho
A autonomia do grupo de trabalho
As interrupções no trabalho
As pausas para descansos
89
SOBANE
7
A CIPA
90
SOBANE
12. Continuação do estudo para os problemas não resolvidos, fator por
fator, através dos métodos de nível 2, Observação, da estratégia
SOBANE.
91
SOBANE
2. Organização do trabalho
Para discutir Quem pode fazer o que de concreto e quando?
A organização do Trabalho
Clara e satisfatório
Permite trabalhar em segurança
Planificação adequada do tempo e espaço
Procedimentos de trabalho claros, conhecidos e atualizados.
As circunstancias de trabalho
O local de trabalho as ferramentas, materiais, estoques,
Imprevistos, pedidos externos, tempo.
Permite aplicar procedimentos de trabalho normais e fazer um
trabalho com qualidade
O abastecimento dos postos
Com estoques intermediários nem demasiado grandes, nem
demasiados pequenos.
A independência dos postos vizinhos: suficiente
As interações e comunicações dos operários durante o trabalho
Sem dificuldades e livremente
Os meios de comunicação
Oral, escrito, por telefone, computadores, . . .
Adequados e agradaveis
Aspectos a estudar com mais detalhes:
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3. Acidentes de trabalho
Para discutir Quem pode fazer o que de concreto e quando?
Os uniformes de trabalho e Equipamentos de Proteção
Individual (EPI)
Disponíveis, adaptados, utilizados, com manutenções e
conservação.
Produtos perigosos: máscara, óculos, luvas;
Máquinas: óculos (contra projeções), luvas.
Trabalho em altura: capacete com jugular, cintos de segurança…
As quedas de altura
Guarda-corpo, estruturas de fixação, andaimes seguros, acesso das
equipes de trabalho em altura…
As quedas de mesmo nível
Estado do piso, ordem, limpeza…
A queda ou projeção de objetos
Segurança das operações, organização das ferramentas e do
material. . .
Os riscos mecânicos
Batidas, prensamento, cortes, picadas, queimaduras... Devido à
ausência ou neutralização de meios seguros na utilização de
seringas, bisturi, fontes de calor...
Os procedimentos em caso de acidente
Claros, conhecidos e aplicados.
As análises dos acidentes de trabalho
Sistemáticas, detalhados, divulgados.
Os primeiros socorros
Local da enfermaria, caixas de primeiros-socorros… bem localizadas
e adequadas.
Socorristas treinados em número suficiente a demanda.
Aspectos a estudar com mais detalhes:
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5. Comandos e sinais
Para discutir Quem pode fazer o que de concreto e quando?
Os documentos descrevendo o trabalho a realizar
Manuais de funções, listas de tarefas… claros e completos.
Os sinais visuais (visores, lâmpadas…) e os comandos.
(botões, manivelas, pedais…).
Próximos e em frente do trabalhador, nem muito baixo nem muito
alto... Em bom estado
Bem organizados sobre os painéis de comando, (número, nomes e
cores dos botões, lâmpadas…).
Sistema de parada de emergência (botões, cabos. . . ) presentes e
facilmente acessíveis
Suas características
Respeito dos estereótipos: agulhas móveis da esquerda para a
direita, verde = funcionando… vermelho = parada, sentido dos
comandos…
Nível sonoro, ou intensidade luminosa adequada.
O tamanho: as formas e as dimensões (botões, vistosos…)
A força
Nenhuma força excessiva de pressão do dedo e ou do pé. …
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7. Posições de trabalho
Para discutir Quem pode fazer o que de concreto e quando?
A repetição dos mesmos gestos: não são contínuos
As posições de trabalho: confortáveis
Tronco ereto: sem flexões, nem torções.
Cabeça reta: sem flexões, extensões, nem rotações.
Ombros relaxados: sem elevação
Braços próximos do corpo: sem estar afastados do corpo ou elevados
Mãos em posição normal: sem flexões excessivas
Pés sobre o piso ou sobre um suporte para os pés confortável
Nem de cócoras, nem curvado.
Caso contrário, joelheiras, almofadas de espuma...
Disponível
Nenhuma posição desfavorável prolongada ou freqüente
A altura do plano de trabalho (Mesas, escrivaninhas, estantes,
máquinas, ferramentas…) permitindo uma posição confortável.
O trabalho sentado ou sentado /em pé
De preferência
Assentos de qualidade, estáveis, giratórios e confortáveis.
Com possibilidade de apoio do antebraço sobre a superfície de
trabalho ou sobre os braços da cadeira com ajuste de altura
Sem problemas para as pernas, com espaço suficiente abaixo da
superfície de trabalho.
Se existe trabalho em pé
Com facilidade de movimentação
Posições confortáveis dos quadris e/ou dos braços sobre a superfície
de trabalho a boa altura
Ajudas
Escadas… disponíveis para o trabalho em altura
Estáveis, sólidas, fáceis de utilizar com segurança
Aspectos a estudar com mais detalhes:
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9. Iluminação
Para discutir Quem pode fazer o que de concreto e quando?
Iluminação nos locais de trabalho
Nem excessiva, nem insuficiente: suficiente para ver os detalhes do
trabalho,
Nenhuma sombra sobre o trabalho
Nenhum reflexo, nem ofuscamento.
Sobre as mesas, as superfícies metálicas ou vidro, das janelas, nos
monitores…
Em particular pelo sol: janelas com cortinas, persianas ou quebra-
sol
Nenhuma visão direta das fontes luminosas
A uniformidade da iluminação
Das áreas de trabalho, dos corredores (escadas…)
A vista para o exterior
Iluminação natural através de janelas limpas
As luminárias
Limpeza e manutenção regular
Lâmpadas e/ou (fluorescente) tubos defeituosos substituídos
rapidamente
O trabalho com monitores de vídeo
O trabalhador não fica nem de frente, nem de costas para as
janelas ou alguma fonte luminosa.
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10. Ruído
Para discutir Quem pode fazer o que de concreto e quando?
Na fábrica
Existe facilidade para falar: normalmente a uma distância de
1 metro
Os EPI (tampões, conchas...): disponíveis e utilizados quando es
necessário
Nas oficinas
Nenhum incômodo ou distração: tráfico, telefones, ar
condicionado, fotocopiadoras, conversações…
A localização dos postos de trabalho
O mais longe possível das fontes de ruído
Os meios de comunicação
Previstos levando em conta o ruído ambiente
As máquinas ou instalações ruidosas
Com boa manutenção e fechadas
Buracos, orifícios
Nas paredes que separam os locais, as fendas debaixo das portas
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13. Vibrações
Para discutir Quem pode fazer o que de concreto e quando?
Os veículos de transporte monta-cargas, elevadores…
Adequados para o trabalho a realizar
O piso, as vias de circulação, os pneus, a suspensão, os assentos
estão em bom estado.
As máquinas e ferramentas vibratórias: brocas, polidoras,
serras.
Adequados para o trabalho a realizar
Não muito pesadas e sem vibração
Em bom estado e com manutenção
As ferramentas, discos... Em bom estado e adequado
A capacitação
Máquinas, veículos, aparatos e ferramentas vibrantes bem utilizadas
Posições de trabalho, forças exercidas, trabalham com uma ou duas
mãos…
Aspectos a estudar com mais detalhes:
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13.4. Balanço
Anote aqui as apreciações gerais dos aspectos avaliados,
Colorindo a carinha de verde , de amarelo ou de vermelho
Situação de trabalho:
1. Locais de trabalho
2. Organização do trabalho
3. Riscos de acidentes
4. Riscos elétricos e de incendio
5. Comandos e sinais
6. Material de trabalho, ferramentas, máquinas
7. Posições de trabalho
8. Esforços e os manuseios de carga
9. Iluminação
10. Ruido
11. Higiene atmosférica
12. Ambientes térmicos
13. Vibrações
14. Autonomia e as responsabilidades individuais
15. Conteúdo do trabalho
16. Pressões de tempo
17. Relações de trabalho com colegas e superiores
18. Ambiente psicossocial
Quando?
N° Quem? Pode fazer o que de concreto e quando Custo Progra- Reali-
mado zada
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14.2. Síntese das melhorias propostas e dos aspectos a estudar mais em detalhe
QUANDO?
N° QUEM? O QUE? Custo
Projet Realiz
ado ado
1 Trabalhadores Retirar as caixas, páletes, carros 0 -/ -/
2 Trabalhadores Organizar a zona de trabalho todos os dias 0 -/ -/
3 Trabalhadores Colocar a pálete de papel de reserva do outro lado do corredor 0 -/ -/
4 Entrevista Recuar o armário para aumentar a passagem para de 70 cm 0 -/ -/
5 Trabalhadores Elevar a reserva de papel à 2 páletes para satisfazer às 0 -/ -/
necessidades de um dia inteiro
6 Aconselhar P Determinar o tipo e o volume do extintor 0 a aprofundar
7 Trabalhadores Pequenas fugas de poeiras e pós quando da recarga: aspirar mais 0 -/ -/
frequentemente e limpar a sala.
8 Direção Determinar prioridades nas tarefas. Qual é urgente 0 a aprofundar
Organizar e sistematizar as encomendas por correio eletrônico a
9 Direção 0 a aprofundar
partir de fichas informatizadas
10 Direção Esclarecer as responsabilidades de cada um mantendo ao mesmo 0 a aprofundar
tempo a polivalência
11 Direção Reexaminar o sistema de encomendas e fixar critérios que 0 a aprofundar
permitam determinar as prioridades
12 Direção Reexaminar as delegações de responsabilidades 0 a aprofundar
13 Direção Prever um concenso a fim de melhorar as relações no grupo 0 a aprofundar
14 Direção Informar sobre o sistema de avaliação 0 a aprofundar
15 Direção Reexaminar a gestão das licenças 0 a aprofundar
16 Direção Instaurar uma informação sistemática e completa 0 a aprofundar
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Aspirar e limpar a zona de trabalho pelo menos no fim de cada
17 Trabalhadores
série de produção para retirar as poeiras e os resíduos
+ -/ -/
18 Manutenção Reparar o piso, os ladrilhos e o revestimento do solo. + -/ -/
19 Direção Prever um avental a mais por pessoa e limpá-lo todas as semanas + -/ -/
Instalar um bloco de borracha sobre o canto antes dae esquerda
20 Manutenção
da copiadora sobre o qual choca-se-facilmente
+ -/ -/
21 Conselheiro P Prever luvas para evitar cortar-se manipulando o papel + -/ -/
22 Conselheiro P Prever um porta lâmina retrátil automática + -/ -/
23 Conselheiro P Prever um estojo de arranjo do novo estilete fixado na parede . + -/ -/
Aumentar a bandeja de alimentação das duas fotocopiadoras de
24 Manutenção
30 cm de maneira a não precisar inclinar-se
+ -/ -/
Prever uma prateleira de 70 cm em vez de 45 cm para localizar
25 Manutenção os monitores ou comprar monitores planos menos incômodos de + -/ -/
maneira a poder instalar mais facilmente o teclado e o mouse
26 Manutenção Fazer controlar anualmente transpalette. + -/ -/
27 Manutenção Os tubos são de cores diferentes: harmonizá-los + -/ -/
28 Direção Organização da zona de trabalho + a aprofundar
Centralizar as encomendas e organizá-lo por um cartão de
29 Direção
encomenda obrigatório
+ a aprofundar
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exatamente à esquerda das fotocopiadoras
Instalar um extintor suplementar sobre a parede da direita
35 Conselheiro P
exatamente entre as janelas
++ -/ -/
Prever um carro com rodízios de 60 cm de parte superior para
36 Direção
facilitar a retirada dos produtos impressos
++ -/ -/
37 Manutenção Renovar o recobrimento do solo ++ -/ -/
38 Conselheiro P Reexaminar sistematicamente as proteções individuais ++ a aprofundar
39 Conselheiro P Prever um assento “sentados-de pé” ++ a aprofundar
Prever um aparelho de iluminação suplementar acima de cada
40 Conselheiro P
posto de trabalho
++ a aprofundar
41 Direção Reexaminar os salários ++ a aprofundar
42 Conselheiro P ESTUDAR A maneira de reduzir o ruído . +++ a aprofundar
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2. A organização do trabalho
O que fazer de concreto para melhorar a situação?
Elevar a reserva de papel à 2 páletes para satisfazer às necessidades de um dia inteiro
Aspectos a estudar mais em detalhe:
Determinar prioridades nas tarefas. O que é urgente
Centralizar as encomendas e organizá-las através de um cartão de encomenda obrigatório
Organizar e sistematizar as encomendas por correio eletrônico a partir de fichas s informatizadas
3. Os acidentes de trabalho
O que fazer de concreto para melhorar a situação?
Prever um avental a mais por pessoa e limpá-lo todas as semanas
Instalar um bloco de borracha sobre o canto esquerdo da copiadora sobre o qual choca-se facilmente
Fornecer sapatos de segurança com biqueira reforçada
Prever luvas para evitar cortar-se manipulando o papel
Prever um estilete à lâmina retrátil automática
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Aspectos a estudar mais em detalhe:
Reexaminar sistematicamente as proteções individuais
5. Os comandos e sinais
O que fazer de concreto para melhorar a situação?
Nada a assinalar
Aspectos a estudar mais em detalhe: -.
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7. As posições de trabalho
O que fazer de concreto para melhorar a situação?
Aumentar a bandeja de alimentação das duas fotocopiadoras de 30 cm de maneira a não necessitar
inclinar-se
Prever uma prateleira de 70 cm em vez de 45 cm para localizar os monitores ou comprar monitores planos
menos incômodos de maneira a poder instalar mais facilmente o teclado e o mouse
Aspectos a estudar mais em detalhe:
O trabalho efetua-se essencialmente em posição de pé, prever um assento “sentado-em pé”
Reexaminar a posição dos monitores para poder trabalhar sentado
8. Os esforços e as movimentações
O que fazer de concreto para melhorar a situação?
Efetuar controle anual da transpalette.
Prever um carro com rodízios de 60 cm na parte superior para facilitar a evacuação dos produtos impressos
Aspectos a estudar mais em detalhe: -
9. A iluminação
O que fazer de concreto para melhorar a situação?
Os tubos são de cores diferentes: harmonizá-los
A iluminação geral é insuficiente
Aspectos a estudar mais em detalhe:
Prever um aparelho de iluminação suplementar acima cada posto de trabalho
10. O ruído
O que fazer de concreto para melhorar a situação?
13. As vibrações
O que fazer de concreto para melhorar a situação?
Nada a assinalar
Aspectos a estudar mais em detalhe: -
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Aspectos a estudarmais em detalhe:
Reexaminar a gestão das licenças
Reexaminar os salários
Instaurar uma informação sistemática e completa
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Julgamento global NA
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Julgamento global NA
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Julgamento global NA
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Julgamento global NA
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Balanço:
Reportar aqui as apreciações gerais das rubricas,
colorindo em verde , amarelo ou vermelho .
Situação de trabalho:
Os acidentes de trabalho: (rubrica 3 de Déparis) NA
Os riscos elétricos, incêndio e explosões: (rubrica 4 de Déparis) NA
As ferramentas e as máquinas: (rubrica 6 de Déparis) NA
Riscos químicos e biológicos: (rubrica 11 de Déparis) NA
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