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IMIGRANTES E NATIVOS DIGITAIS: UM DILEMA OU DESAFIO NA

EDUCAÇÃO?

SANTOS, Marisilvia dos – PUCPR


marisilviaeu@hotmail.com

SCARABOTTO, Suelen do Carmo dos Anjos – PUCPR


suu.anjos@gmail.com

MATOS, Elizete Lucia Moreira – PUCPR


elizete.matos@gmail.com

Eixo Temático: Comunicação e Tecnologias


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O presente artigo apresenta a complexidade de entender como um indivíduo residente na era


digital utiliza os recursos que as tecnologias da informação e da comunicação disponibilizam.
Conceitua os termos nativos digitais e imigrantes digitais e discute suas características, com
base nos autores Palfrey e Gasser (2011). Autores como: Guerreiro (2006), Guzzi (2010) e
Tori (2010) denotam a emergência de se infiltrar e adequar às novas exigências do século
XXI. Exigências que demandam uma educação da qual as tecnologias reduzem as distâncias
de ensino e aprendizagem e impulsiona a utilização de tecnologia inovadora. Tem como
objetivo propor uma reflexão crítica sobre a era digital e sua influência na formação de
professores. Plantou-se como problema de pesquisa: Como se caracteriza o grupo de
professores matriculados na disciplina Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica e
como se articulam com os nativos digitais? O estudo insere-se numa abordagem qualitativa e
quantitativa de pesquisa, tipo pesquisa-ação, da qual realizou-se uma observação e um
questionário, aplicado a 17 professores, sendo mestrandos, doutorandos e outros especialistas
que se encontram no processo de formação de professores da Pontifícia Universidade Católica
do Paraná, cursando a disciplina Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica. Os
resultados revelaram que 6% se situa como nativo digital e 88% como imigrante digital e se
articulam com os nativos digitais de forma, ainda, tímida.

Palavras-chave: Educação. Nativos digitais. Imigrantes digitais. Formação de professores.

Introdução

O mundo digital em que vivemos transformou o modo de vida das pessoas, facilitando
o acesso à informação e viabilizando a expansão da cultura digital. Em meio às
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transformações, atualmente há os cidadãos digitais que já nasceram nesta “era digital” e os


que acompanharam sua criação e expansão.
O termo “nativos digitais” foi adotado por Palfrey e Gasser no livro Nascidos na era
digital. Refere-se àqueles nascidos após 1980 e que tem habilidade para usar as tecnologias
digitais. Eles se relacionam com as pessoas através das novas mídias, por meio de blogs, redes sociais,
e nelas se surpreendem com as novas possibilidades que encontram e são possibilitadas pelas novas
tecnologias.
Porém, aqueles que não se enquadram nesse grupo precisam conviver e interagir com
esses nativos e, além disso, precisam aprender a conviver em meio a tantas inovações
tecnológicas, são os chamados imigrantes digitais (PALFREY; GASSER, 2011).
Quando pensamos no impacto que as inovações oriundas da sociedade da informação
ou era digital causam na educação, é possível perceber que os estudantes hoje têm acesso a
uma infinidade de recursos tecnológicos, os quais influenciam o seu modo de estudar, de
aprender, pesquisar e perceber sua cultura e seu mundo.
O professor, nesse contexto, enfrenta o desafio ou o dilema de apropriar-se desses
recursos e utilizá-los de forma significativa no processo ensino aprendizagem; além disso, há
aqueles que ainda não estão inseridos nesse universo tecnológico.
Essa nova realidade fomenta pesquisas acerca da temática. Dessa forma, este estudo
tem como objetivo propor uma reflexão crítica sobre a era digital e sua influência na formação
de professores. Diante disso, buscamos discutir autores como Palfrey e Gasser (2011),
Guerreiro (2006), Guzzi (2010) e Tori (2010), visando caracterizar o grupo de professores que
frequentaram a disciplina Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica no primeiro
semestre de 2011, bem como sua articulação com os nativos digitais.

Problemática

Os docentes vivem os dilemas e desafios de um tempo em transição. Eles foram


formados na cultura oralista e presencial, acostumados a olhar o outro e interagir no mesmo
meio físico de forma síncrona. Segundo Prensky (2001), os professores que atuam na escola e
possuem mais de vinte anos são imigrantes no ciberespaço1. Ou seja, nasceram em outro meio
e aprenderam a construir conhecimento de forma diferente do que esta geração denominada

1
Indica os meios materiais de comunicação digital, mas, sobretudo o universo de informações e interações
humanas (LEVY, 1999).
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de “nativos” o faz. Borba (2001, p.46) sugere que “os seres humanos são constituídos por
técnicas que estendem e modificam seu raciocínio e, ao mesmo tempo, esses mesmos seres
humanos estão constantemente transformando essas técnicas”.
Dessa forma podemos compreender que a forma de trabalho do professor imigrante
difere e muito da forma como seus alunos percebem o conhecimento e sua produção. Muitos
docentes reclamam que seus alunos lêem pouco, que são desmotivados para as atividades em
sala de aula e possuem dificuldade de trabalhar em grupo. No entanto observa-se o mesmo
grupo de alunos interagindo com seus colegas no Orkut, MSN e desfrutando dos recursos da
internet de forma criativa e imersiva. Este fenômeno acontece não apenas nos alunos com
mais idade. Ele ocorre em crianças com pouca idade.
Refletindo sobre essa realidade decidiu-se pesquisar os professores inseridos numa
disciplina de formação continuada que discute paradigmas educacionais. Para atingir o
objetivo proposto, plantou-se a seguinte pergunta: Como se caracteriza o grupo de
professores matriculados na disciplina Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógicas
e como se articulam com os nativos digitais?

Metodologia

A investigação foi realizada na Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR,


Curitiba – Brasil, com dezessete participantes que frequentaram o Programa de Pós-
Graduação em Educação - Mestrado e Doutorado, da PUCPR, cursantes da disciplina de
Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica, no primeiro semestre de 2011. Os
participantes da pesquisa são professores de diversas áreas do conhecimento (humanas,
exatas, tecnológicas, jurídicas e biomédicas) incluindo mestrandos, doutorandos e professores
que cursam a disciplina como matéria isolada2.
A coleta de dados realizou-se por meio de uma pesquisa de cunho qualitativo e
quantitativo. A pesquisa qualitativa, segundo Bogdan e Biklen (1994) considera o ambiente
natural como fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento,
preocupando-se, principalmente, com o processo e não com o produto. Silva (2001) evidencia
que a pesquisa quantitativa envolve o processo de traduzir opiniões e informações em
números, de modo a ser possível classificá-las e analisá-las. Como duas das pesquisadoras

2
Disciplina especial cursada por pessoas que não são do Programa de Pós-Graduação da PUCPR.
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também fizeram a disciplina referenciada, acima, o estudo configurou-se em uma pesquisa-


ação. Para Tripp (2005), esse tipo de pesquisa na área educacional é uma estratégia para o
desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas
pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos.
O estudo foi realizado nos quinze encontros da disciplina Paradigmas Educacionais na
Prática Pedagógica. Para as aulas teóricas exploratórias dessa disciplina utilizava-se recursos
como slides, filmes, músicas, entre outros, ampliando os subsídios para os debates e
discussões. Durante o processo de pesquisa foi possível observar a concepção de nativo e
imigrante digital para cada participante. E, ainda verificar os pressupostos dos nativos para os
participantes bem como sua influência na educação.
Durante todo o semestre observou-se como os participantes deste estudo interagiam
com as tecnologias educacionais. Lankshear e Knobel (2008, p. 153) relatam que “os dados
observados são peças de informação coletadas por meio da observação sistemática de pessoas
vivendo seu cotidiano ou de eventos”. Os dados observados em sala incluíram: relatos de
experiência com as tecnologias digitais, utilização de ferramentas digitais, registros de
discussão baseados na internet.
Foi aplicado um questionário que, segundo Silva (2001) esse instrumento envolve o
processo de traduzir opiniões e informações em números, de modo a ser possível classificá-las
e analisá-las. O questionário contou com questões abertas e fechadas e buscava conceituar
nativos e imigrantes digitais, bem como a articulação de ambos na sociedade atual. Os
participantes preencheram o questionário no último dia de aula do semestre.

Nativos e Imigrantes Digitais

A revolução tecnológica contemporânea, com a qual convivemos, modificou e


continua modificando e influenciando o modo de vida das pessoas, e interfere diretamente em
todos os setores da sociedade, em especial na educação.
A era digital, segundo Guzzi (2006, p. 26), transformou os setores da vida individual e
da sociedade ao ponto em que ampliou, principalmente, através das redes virtuais o acesso à
informação e diminuiu as barreiras da comunicação, o que possibilitou a globalização. Por
outro lado, diante dessas conexões muitos conceitos rapidamente tornam-se desatualizados.
Os termos nativos digitais e imigrantes digitais foram criados por Prensky (TORI,
2010 p.218). Aqueles nascidos depois de 1980, quando iniciava o domínio das tecnologias
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digitais são chamados “nativos digitais”, conforme Palfrey e Gasser (2011, p. 11). Possuem
acesso e habilidades para lidar com as novas tecnologias. Cada vez mais precocemente os
jovens e crianças dominam as TICs3, desse modo eles interagem através de uma cultura
comum e de um modo bem diferente de antigamente.
Essa nova geração de nativos digitais possui uma identidade virtual, pois passam a
maior parte do tempo conectados através das redes sociais, blogs, jogos online, em meio às
inovações tecnológicas. Nesses espaços socializam, se expressam criativamente e
compartilham ideias e novidades. Desse modo, muitos nativos digitais não distinguem o
online do offline e diante dessa realidade virtual aparecem as preocupações, em especial, dos
pais e professores referente à segurança e privacidade dos nativos no ciberespaço.
Entre os pais e professores que buscam aprender a lidar com esses novos desafios
impostos pela transformação na era digital, localizamos muitos “colonizadores digitais” e
“imigrantes digitais”.
Os autores Palfrey e Gasser (2011, p. 13) caracterizam os colonizadores digitais como
pessoas mais velhas, as quais estão desde o início da era digital, mas cresceram em um mundo
analógico e vem contribuíndo para a evolução tecnológica, continuam conectados e
sofisticados no uso das tecnologias, porém baseados nas formas tradicionais e analógicas da
interação. Como exemplo é possível citar Bill Gates, criador de um dos maiores softwares
utilizados, porém nascido antes da década de 80, ou seja, não pode ser caracterizado como
nativo digital conforme definição dos autores, acima citados.
Os imigrantes digitais são definidos por Palfrey e Gasser (2011, p.13) como menos
familiarizados com o ambiente digital, os quais aprenderam ao longo da vida a utilizar as
tecnologias como e-mails e redes sociais.
Os imigrantes nasceram em outro meio, não dominado pelas tecnologias digitais, seu
modo de aprender foi outro. Dessa forma a convivência entre nativos e imigrantes pode ser
conflitante. A formação do professor imigrante diverge da forma como seus alunos, nativos
digitais, percebem o conhecimento e o meio em que vivem.
Tori (2010, p.18) ao descrever o posicionamento de Prensky (2001) sobre nativos e
imigrantes digitais relata que os estudantes, nativos digitais, são ensinados por professores

3
Tecnologia da Informação e Comunicação
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imigrantes, os quais advém de uma cultura pré-internet e muitas vezes não valorizam ou
trabalham as características dos nativos.

O cérebro dos “nativos” se desenvolveu de forma diferente em relação às gerações


pré-internet. Eles gostam de jogos, estão acostumados a absorver (e descartar)
grande quantidade de informações, a fazer atividades em paralelo, precisam de
motivação e recompensas frequentes, gostam de trabalhar em rede e de forma não
linear (TORI, 2010 p. 218).

Para trabalhar com os criativos nativos digitais, de modo a prender sua atenção na
construção do conhecimento de maneira significativa, em meio a tantas inovações e
informações que a era digital proporciona, é um desafio para o professor que não domina
essas tecnologias.
A web 2.0, conhecida como a nova versão da web, reformulou o mundo virtual.
Segundo Tori (2010, p.217) “As aplicações da web 2.0 vem se disseminado com muita
rapidez e criando uma nova cultura. Os estudantes já estão usufruindo dessa tecnologia
cotidianamente”, ou seja, há a ampliação do acesso às informações, o que permite que os
nativos cheguem à sala de aula conectados às tecnologias e as escolas e professores
encontram-se desafiados a conviver com essa nova realidade.
Compreendemos que as exigências da educação frente à era digital tornam-se mais
complexas e envolvem mudanças no paradigma individual de cada professor e também das
instituições.
Considerando que o momento exige uma quebra de paradigmas dentro do contexto
educacional, cabe a contribuição de Behrens (2007, p.41) a qual leva à reflexão que as
concepções que os professores apresentam sobre a visão de mundo, de sociedade, de homem e
da própria prática pedagógica que desenvolvem em sala de aula será determinante no
desenvolvimento do processo ensino aprendizagem na era digital.
Adaptar-se às novas e complexas demandas educacionais originárias das novas
tecnologias, exige do professor inovação. Segundo Guerreiro (2006, p.99) “inovação é a
capacidade de ver de outro modo, com outro olhar, o objeto já observado e descrito por
muitos”, que exige criatividade e mudança de paradigmas no processo de formação e de
trabalho do professor.
Diante dessa era digital, depara-se com a problemática de interagir tanto com os
nativos digitais quanto com a exclusão digital. Para Guerreiro (2006, p. 203) “a inclusão
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digital é uma necessidade caracterizada pelo fato da maior parte da sociedade mundial não ter
acesso aos benefícios tecnológicos difundidos na sociedade de informações”. Essa realidade é
difundida pelos meios de comunicação social e pesquisas já realizadas, entre elas de autores
como Palfrey e Gasser (2011), as quais revelam que nem todos os nascidos a partir da década
de 80 têm acesso às tecnologias digitais.

Análise dos Resultados

Durante as observações em sala de aula foi possível constatar:


• os recursos tecnológicos utilizados pela professora na disciplina Paradigmas
Educacionais na Prática Pedagógica fomentaram uma reflexão da prática pedagógica
do professor na sala de aula;
• pouco envolvimento dos professores participantes com as tecnologias educacionais;
• dificuldade de domínio das novas tecnologias inseridas em seus contextos escolares;
As características dos participantes foram obtidas por meio do questionário aplicado e
compreendia os seguintes itens:
1- Qual a sua idade?
2- Onde você se localiza nesse contexto em relação às tecnologias?

Idade dos Participantes

6% 0%
20 a 31 anos
35%
32 a 41 anos
42 a 51 anos
59% mais de 51 anos

Figura 1 – Gráfico da idade dos participantes


Fonte: Autoras

Entre os dezessete professores que responderam as questões 0% têm entre 20 a 31


anos. Os professores apresentam um média etária de 32 a 51 anos, sendo a maior idade entre
32 a 41 anos. Este gráfico evidencia que, dos respondentes, nenhum nativo digital frequentou
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a disciplina Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica, visto que não nasceram a partir
da década de 1980.
As questões sobre imigrantes digitais compreenderam:
1- O que você entende como imigrante digital?
2- Os imigrantes digitais nasceram a partir de qual década?

Definição Imigrantes Digitais


66.7
70
60
50
40
30 22.2
20
5.6 5.6
10 0.0
0
Nascidos a Nascidos a Não tem Utilizam as Outros
partir da partir da facilidade tecnologias
década de década de com novas com muita
70 80 tecnologias facilidade
Figura 2 – Gráfico da interpretação de imigrantes digitais
Fonte: Autoras

Com a análise das respostas foi dado a saber que, em sua maioria, os participantes não
têm facilidade para utilizar as novas tecnologias da informação e da comunicação, o que
corresponde a 66,7%. Alguns ainda não sabem a partir de qual década se configura o nativo
digital, correspondendo a 5,6%.
Sobre os nativos digitais perguntou-se:
1- O que você entende como nativo digital?
2- A partir de qual década nasceram os nativos digitais?
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Definição Nativos Digitais

70 58.8
60
50
40
%

30
17.6 17.6
20
5.9
10 0.0
0
Nascidos a Nascidos a Não tem Utilizam as Outros
partir da partir da facilidade tecnologias
década de 70 década de 80 direta com com muita
novas facilidade
tecnologias

Figura 3 – Gráfico da interpretação de nativos digitais


Fonte: Autoras

As respostas desse item permitiram constatar que a maioria dos participantes, 58,8%,
sabe quem são os nativos digitais. Por outro ângulo, contradizem ao dizer que os nativos não
têm facilidade com a utilização das novas tecnologias.
O gráfico, abaixo, revela ainda que alguns participantes, 5,9%, se declaram estar em
processo de transição, de imigrante para nativo digital. Esta constatação denota que, embora
os participantes tenham caracterizado o nativo digital de maneira correta, ainda há aqueles
que se situam de maneira incorreta no contexto.

Onde se localiza

5,9
5,9

Imigrantes
Nativos
Em
processo

88,2

Figura 4– Localização do nativo digital


Fonte: Autoras
15849

Outro item constante no questionário fazia a seguinte indagação?


1- Você já contribuiu para inclusão digital de alguém na sua comunidade? Como?

Já contribuiu com a Inclusão Digital?

11,8

41,2 Sim
Não
Não
respondeu

47,1

Figura 5- Contribuição do professor na comunidde


Fonte: Autoras

A figura apresentada revela que os professores participantes deste estudo, em sua


maioria, 47,1%, ainda não contribuíram para uma efetiva inclusão digital em sua comunidade.
Os participantes que disseram contribuir, 41,2%, destacaram suas contribuições:
Quando auxilio os que menos sabem, a utilizar as tecnologias
disponíveis no cotidiano. (Participante 1).

Projetos de uso de internet e novas mídias. Edição de vídeos em uma


casa acolhida de jovens. (Participante 2).

Doando computador. (Participante 3).

Capacitação e orientação diária às professoras da escola.


(Participante 4).

Socializando meus conhecimentos, ensinando-os e inserindo-os no


universo digital. (Participante 5).

Possibilitando o acesso com sugestões de leituras, informações,


contribuindo para o conhecimento. (Participante 6).
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Considerações Circunstanciais

O estudo apresentado caracterizou os professores que cursaram a disciplina


Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógicas como imigrantes digitais, visto que os
mesmos encontram-se na média etária acima de 32 anos. Conforme Marc Prensky, o mundo é
divido pelos nativos e os imigrantes digitais. Os nativos já nasceram em um mundo submerso
pelas novas TICs e os imigrantes são as pessoas que nasceram em um período anterior ou no
início do surgimento das novas tecnologias.
Os professores pesquisados, imigrantes digitais, acabam por se adaptar neste mundo, porém
ainda encontram algumas dificuldades ou não possuem todos os hábitos para sobreviver no
mundo digital. Ao contrário dos professores, os seus alunos nativos digitais encaram o
mundo digital de maneira diferente: conseguem fazer várias atividades simultâneas com o
computador, encaram o mundo "virtual" com uma extensão do mundo "real" conseguem ler
diretamente na tela do computador, consideram e confiam na Internet como uma fonte segura
de informações. Os nativos constroem os conhecimentos de maneira totalmente diferente dos
imigrantes. Imigrantes aprendem de forma linear (começo, meio e fim). Já os nativos, por
causa do uso constante da internet e da navegação pelos hipertextos, aprendem de forma não
linear. Por isso, é importante que os professores pensem novos modelos metodológicos de
ensino-aprendizagem que atendam a demanda dos nativos, já que o modelo tradicional se
torna incompatível com o perfil deste.
O professor não domina a linguagem digital, ao contrário, sua prática é oral e
presencial. Enfrenta o desafio de conviver e adicionar os novos recursos à sua prática.
Aprender e aplicar novos conhecimentos por meio das tecnologias com os alunos é fator
desafiador para o docente.
Os resultados indicaram que a articulação entre estes professores e seus alunos,
nativos digitais, ocorre de maneira ainda tímida, fato observado devido às limitações que os
mesmos apresentam no uso dos recursos tecnológicos no contexto educacional.
Por outro lado, há entre estes alunos aqueles que não têm acesso às novas tecnologias,
e neste caso, o professor necessita oportunizar condições de acesso e inclusão na escola.
A disciplina Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica enfatizou que o uso pelo
uso da tecnologia não será capaz de construir aprendizagens mais significativas, por isso, faz-
se necessário criar condições para desenvolver competências para o uso de ferramentas
digitais, com visão crítica e contextualizada.
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REFERÊNCIAS

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BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sári. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à


teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994.

BORBA, Marcelo de Carvalho; PENTEADO, Miriam Godoy. Informática e Educação


Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

GUERREIRO, Evandro Prestes. Cidade digital: infoinclusão social e tecnologia em rede.


São Paulo: Editora Senac São Paulo: 2006.

GUZZI, Drica. Web e participação: a democracia no século XXI. São Paulo: Editora Senac
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LANKSHEAR, Colin; KNOBEL, Michele. Pesquisa Pedagógica: do projeto à


implementação. Porto Alegre: Artmed, 2008.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora 34, 1999.

PALFREY, John; GASSER, Urs. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração
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PRENSKY, Marc. Disponível em http://www.marcprensky.com/writing Acesso em 01 ago.


2011 (texto publicado na sua primeira versão em 2001).

SILVA, E.L.da. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3.ed. Florianópolis:


Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001.

TORI, Romero. Educação sem distância: as tecnologias interativas na redução de distância


em ensino e aprendizagem. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010.

TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São


Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005. Tradução de Lólio Lourenço de Oliveira.

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