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Smart Electrician

A Internet das Coisas para electricistas

Está aberta
a temporada
da
IoT
Revista Smart Electrician | 2016 EDIÇÃO N.º1

A Internet das Coisas


— o que é e o que pode vir a ser

Uma introdução à
IoT Industrial
O que é que a Internet das Coisas
vem acrescentar à iluminação?

Os líderes do sector discutem


a revolução da IoT
O plano da Apple para tentar
dominar o mercado da domótica

Demografia global obrigará


a mudança de foco para
cidades inteligentes e IoT

Dispositivos pessoais no trabalho


— boa ou má ideia?

Philips Hue: Lâmpadas LED que


funcionam com Nest, da Google
Junte-se à (r)evolução
Se a internet nos liga uns aos outros, a Internet das
Coisas (IoT) está, sem sombra de dúvida, a redefinir
o paradigma do que significa estar conectado.

Actualmente, e cada vez mais no futuro, não serão apenas


as pessoas a estar ligadas em rede, mas também os objectos
que equipados com componentes electrónicos, sensores e
software permitirão a troca de informações entre os próprios
objectos, entre estes e os seus proprietários e/ ou fabricantes
incrementando, dessa forma, as suas funcionalidades e
potencialidades. De facto, são inúmeros os benefícios para
a população geral e as oportunidades de negócio geradas,
entre outros, para distribuidores, empreiteiros, instaladores e
fabricantes de produtos eléctricos inteligentes.

Perante a generalização desta revolução da tecnologia


“inteligente” a nível mundial, começam a surgir cada vez mais
debates que se focam não só nas vantagens, mas também
nas preocupações que a Internet das Coisas suscita – novas
formas e métodos de trabalho, de modelos de produção
industriais, de perda de privacidade e de segurança. Se
tudo é digital e interligado como será o nosso amanhã?
Como vamos pensar as relações que temos uns com os
outros, com os objectos e com o trabalho? Como será
a nossa noção de privacidade e do que estaremos
dispostos a abdicar? De que forma será impactante a
IoT no sector eléctrico em que todos trabalhamos?

A Smart electrician é a revista digital lançada agora pela Voltimum e que se centra não só nos novos produtos
lançados no mercado no âmbito da Internet das Coisas, mas também nas problemáticas dela decorrentes. O
nosso objectivo com este novo meio é o de sempre – trazer informação qualitativa aos profissionais do sector!
Esperemos que se torne um fiel leitor já desde o nosso primeiro número!

A equipa da Voltimum
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A Internet das Coisas Demografia global obrigará a mudança Uma introdução à IoT Industrial
- o que é e o que pode vir a ser de foco para cidades inteligentes e IoT

Porque é que haveríamos de querer que Charbel Aoun, da Schneider Electric, O consumidor final não será o único a
a nossa cama “falasse” com as luzes do deixa-nos a sua visão sobre a influência sentir o rápido crescimento da Internet
tecto? E que benefícios traz a IoT para o das novas gerações naquele que das Coisas. O seu impacto na indústria
profissionais do sector da electricidade? poderá ser o maior foco tecnológico será igualmente profundo. Fique a
do futuro: as smart cities e a Internet das conhecer a Internet das Coisas Industrial.
Coisas.

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O que é que a Internet das Coisas vem Estudo comprova benefícios da IoT Philips Hue: Lâmpadas LED que
acrescentar à iluminação? e crescente procura pelo comércio funcionam com Nest, da Google
electrónico
Os kits de iluminação conectada Lightify A Google e a Philips Lighting deram
da Osram compõem um portfolio de Por toda a Europa, os profissioinais do as mãos rumo ao futuro e, com esta
produtos de iluminação interior e exterior sector eléctrico admitem que os produ- iniciativa, os produtos Nest têm agora
com custos altamente eficientes. E pode tos inteligentes são o futuro da indústria capacidade para controlar as lâmpadas
controlá-los ou automatizá-los através e que as vendas acompanharão a LED Philips Hue através da internet.
de uma app no seu telemóvel ou tablet. procura crescente que se projecta.

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Smart cities — uma oportunidade Os líderes do sector discutem a Como aquecer casas e edifícios com
(e um desafio) de biliões de euros revolução da IoT “Energia Nerd”

Prevê-se que, em 2050, o número de Numa mesa redonda organizada pela Omnipresentes e de uma presença vital,
habitantes em cidades ascenda a Voltimum, discutiram-se vários assuntos os servidores informáticos são o coração
três quartos da população mundial. de interesse sobre a IoT. Desde de da internet. Porém estes são maiores e
Com o tempo, estes centros urbanos que forma esta pode falhar até as geram mais calor do que o que seria
de crescimento acelerado tenderão a preocupações de segurança, passando desejável. Mas haverá maneira de tirar
tornar-se ‘smart cities’. pelo boom de dispositivos conectados. proveito deste “subproduto” da internet
e dos centros de dados?

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O plano da Apple para tentar dominar Dispositivos pessoais no trabalho
o mercado da domótica — boa ou má ideia?

A gigante de Califórnia pretende investir Muitas empresas vêem a IoT como uma
em protocolos para casas inteligentes das maiores dificuldades na gestão dos
e, com isso, conseguir atraír produtos seus funcionários. A tendência destes
de terceiros para o ecossistema iPhone. para utilizar os seus próprios dispositivos
Dessa forma, a Apple espera conseguir tenderá a piorar ou a melhorar a
revolucionar a IoT e a domótica. situação?

MARKETING E PUBLICIDADE REDACÇÃO E TRADUÇÃO PAGINAÇÃO E IMAGEM


Ana Vargas João Cruz
e: ana.vargas@voltimum.com e: joao.cruz@@voltimum.com
Soraia Antunes
t: +351 935 548 829 e: soraia.antunes@voltimum.com

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A Internet das Coisas
- o que é e o que pode vir a ser

Porque razão havemos de querer que exploraremos a seu tempo). conectados nos mais diversos contextos,
que a nossa cama “fale” com as os profissionais do sector
nossas luzes? E o que é a internet das Para conseguir tais funcionalidades, cada eléctrico têm
coisas (ou “IoT”, da sigla em inglês) objecto — seja um LED, uma luminária, aqui uma
pode trazer de novo à população um termostáto, um controlador industrial,
em geral e, concretamente, aos etc. — deve ter uma identificação única
profissionais do sector eléctrico? dentro da rede e, ao mesmo tempo, ser
capaz de funcionar em harmonia com
A esta altura do campeonato, uma rede pré-existente. E são muitos
certamente já ouviu falar da IoT. Afinal os objectos existentes com esta
— para além de toda a exposição sobre característica.
a temática nos media tradicionais —
aqui na Voltimum o destaque tem sido Esta tecnologia já existe há
extensivo no último ano. Por isso, já deve uma série de anos, ainda que
ter pelo menos algumas noções básicas apenas agora o seu potencial
sobre a Internet das Coisas. seja mais aparente, sendo
cada vez mais utilizada.
Se não for o caso, deixamos uma Com a tecnologia que
pequena introdução: uma das definições actualmente existe, o
da IoT é a de uma rede que conecta limite está, agora, na
vários objectos físicos (ou “coisas”, daí imaginação das pessoas
a origem do nome) através da internet. e das organizações
Cada um desses objectos está equipado que desenvolvem estas
com componentes electrónicos, soluções.
software, sensores e/ou capacidade
de conectividade que, tudo somado,
permitem o intercâmbio de informação Por norma, a IoT segue
entre fabricante, operador e/ou outros vários protocolos, estando
objectos, conferindo maior valor e mais presente em diversos
funcionalidades. domínios e apresentando
várias aplicações. Deve ainda,
Outra forma de olhar para a IoT é oferecer uma conectividade
interpretá-la como sendo uma enorme avançada de dispositivos, sistemas
rede de “coisas” que estão ligadas e de serviços para que estes possam
entre si através de dispositivos embutidos ir além de uma simples comunicação
que estão conectadas à internet. Estes máquina-máquina.
“nódulos” da rede — assim se chamam —
podem receber e enviar informação sem A interconectividade de tais dispositivos
qualquer tipo de intervenção humana. E permite ainda aplicações avançadas
podem, ainda, ser ajustadas a acessórios como as smart grids. Está a perguntar- oportunidade
de animais (para os localizar, por se de que forma tudo isto é relevante para expandir o
exemplo) ou mesmo às roupas de todos para si, enquanto instalador eléctrico? seu negócio e desbravar
nós (com uma infinidade de aplicações Com a popularização de dispositivos um mercado que ainda está a dar os

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primeiros passos. melhorar a qualidade do seu sono, de acordo com esquemas pré-definidos
interagir com sistemas de iluminação, ou segundo as necessidades detectadas
E que benefícios ligando-os e desligando-os ou alterando pelos termostatos interiores.
pode a IoT o seu brilho, a cor ou mesmo o tom. E
trazer isto são apenas exemplos que não o
obrigam a sair da cama! Ainda que as A implementação destes aparelhos
estimativas variem, tudo aponta para inteligentes equipados com Wi-Fi e com
que haja entre 50 a 200 mil milhões de capacidade para intercomunicação
dispositivos conectados em 2020. E promoverá eficiência, trazendo
os exemplos actuais são fáceis de vantagens tanto para empresas como
encontrar, com aplicação para o para utilizadores finais. Será mais fácil
utilizador final: os termóestatos monitorizar e reportar dados sobre o
da Nest — comprada pela consumo, tornando-o mais transparente.
Google por um valor superior
a 3 mil milhões de dólares —, Há ainda a Industrial Internet of Things
os frigoríficos e máquinas (IIoT) que, como o nome indica, aplica
de lavar equipados com este conceito ao sector industrial.
Wi-Fi, ou os sistemas de Apesar de, em determinados casos, a
iluminação conectada barreira inicial de aprendizagem poder
como o Lightify da obrigar a formação dos funcionários, as
Osram ou o Hue da possibilidades e os benefícios são vastos.
Philips. Sem mencionar
os automóveis que Todas estas vantagens trarão enormes
se conduzem ou vantagens para distribuidores,
estacionam a si próprios. empreiteiros, instaladores e fabricantes
de productos eléctricos que sejam smart,
O mesmo se aplica em ou que funcionem em conjunto com
aplicações industriais, estes.
onde o número de sensores
ou de dispositivos de controlo Alguns instaladores eléctricos — entre os

ligados à rede é cada vez quais alguns utilizadores Voltimum — já

mais elevado. Estes dispositivos manifestaram a sua preocupação com a

de comunicação podem ser eventual dificuldade ou elevado tempo

controlados de forma remota e de instalação destes dispositivos de IoT. No

ainda responder automaticamente entanto, se estes obedecerem aos padrões

a determinadas alterações, como às e normas em vigor, a sua instalação será

condições climatéricas ou aos preços tão simples como a de qualquer outro

da energia eléctrica (evitando picos de dispositivo plug and play já existente.

para consumo, por exemplo).


a
Mas nem tudo é um mar de rosas no mundo
população em Um sistema de ar condicionado da Internet das Coisas. Num mundo onde
geral? Os dispositivos equipado com Wi-Fi pode, por exemplo, a existência de dispositivos que detectam,
captam e registam os nossos movimentos
actualmente existentes conseguem ajustar-se conforme a necessidade
é cada vez mais comum, a perda de
monitorizar a sua actividade corporal, térmica, ser programado remotamente privacidade é uma preocupação bastante

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As preocupações com normas, privacidade e segurança
surgem a uma velocidade maior que a própria IoT

acutilante. em conta que os dispositivos IoT estarão fins lucrativos com objectivos similares
conectados a serviços tão sensíveis aos da já mencionada AllSeen Alliance
Para além disso, existe ainda um sério e fundamentais como smart grids, — anunciou recentemente ter concluído
risco de perda de segurança. Se tudo se instalações de água e gás, distribuições toda a documentação e especificações
torna digital e cada vez mais interligado, de energia, organização de transporte, necessárias para os protocolos IP de
a existência de tentativas de hacking entre tantos outros exemplos. Sem ligação em rede sem fios para dispositivos
aumenta, bem como a probabilidade esquecer que cada contador inteligente domésticos de baixa tensão.
de estas serem bem sucedidas. doméstico estará directamente
conectado às empresas que produzem Estes são apenas alguns dos exemplos de
Por essa razão, a Online Trust Alliance e fornecem energia eléctrica. preocupações com a interoperabilidade
(OTA) estabeleceu uma lista de entre os vários dispositivos conectados
recomendações que identificam os Vendo as coisas desta perspectiva, e da IoT para evitar potenciais
factores que cada organização deve é fácil compreender o risco a que dificuldades. É nesse sentido que
ter em conta para garantir a segurança potencialmente estaremos sujeitos, trabalham organizações como o Institute
e fiabilidade dos seus produtos, apps quer aconteça por acidente, intrusão of Electrical and Electronics Engineers
ou dispositivos na IoT. As primeiras duas de vírus or por actividade maliciosa. (IEEE), o Industrial Internet Consortium (IIC)
são a segurança e a privacidade, e a Se não forem tomadas as medidas ou o projecto European IoT-A (Internet
terceira —, usualmente negligenciada, de segurança adequadas e de forma of Things – Architecture), entre tantos
segundo a OTA — é a sustentabilidade. atempada, existe sério risco de ocorrer outros, no sentido de arquitectar bases
dano generalizado às infraestruturas de comuns que definam a relação entre
Os autores destas linhas mestras definem que nos servimos. os vários dispositivos e domínios da IoT,
“sustentabilidade” como o ciclo de bem como os esquemas de segurança
vida do suporte de um dispositivo e Olhando para os padrões já existentes, correspondentes.
a protecção da informação por si é notório que este é um dos tópicos
processada até ao fim do período de IoT mais importantes — ainda que Qualquer que seja o ângulo por onde se
garantia. divisivo — para todos os envolvidos. aborde o tema, é evidente que há ainda
Afinal, como poderão os dispositivos muito trabalho pela frente no que toca
Craig Spiezle, o director executivo da ser conectados entre si se não houver à definição e adopção de padrões. Seja
OTA, adianta: “Ainda existem lacunas padrões compatíveis entre todos? Mas, do lado dos fabricantes ou do lado do
de privacidade e segurança por ainda assim, os dispositivos actuais público final, estes são apenas alguns
resolver. Por exemplo, se uma pessoa funcionam segundo uma série de dos pontos a ser trabalhados e discutidos
decide vender uma casa com um padrões que não apresentam completa antes de se conseguir a derradeira
termóstato ‘inteligente’, como podemos interoperabilidade entre si. implementação da Internet das Coisas,
certificar-nos de que os seus utilizadores para um completo aproveitamento de
anteriores deixam de ter acesso a estes A AllSeen Alliance — organização open- todo o seu potencial. ■
dispositivos?” source da qual fazem parte múltiplas
empresas de toda a indústria e que visa
E pergunta ainda: “De que forma podem uniformizar o mercado da Internet das
os fabricantes precaver-se contra Coisas — defende que não é possível
intrusões em televisões inteligentes ou alcançar o completo potencial da IoT
contra roubo de dados obtidos através até que seja garantida uma completa
de câmaras ou microfones?” interoperabilidade entre todos os
fabricantes.
Há cenários potencialmente ainda
mais graves. Os especialistas em Num recente estudo levado a cabo
segurança advertem que, à medida pela ON World Inc., ficou patente que
que a aceitação dos dispositivos IoT por o padrão ZigBee de comunicação sem
parte do público aumenta, aumenta fios continua a aumentar a sua fatia
também o risco de serem alvos de nos mercados de IEEE 802 e de lares
ataques de crime informático. Tanto que inteligentes. Os dados apontam para
as preocupações com segurança têm que, em 2020, os padrões ZigBee sejam
vindo a surgir a um ritmo mais acelerado utilizados por 8 em cada 10 dispositivos
do que a própria Internet das Coisas. com o chipset 802.15.4.

Tal é ainda mais evidente se tivermos O grupo Thread — uma fundação sem

Como poderão os dispositivos funcionar em


conjunto sem padrões de interoperabilidade?

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Demografia global obrigará a mudança
de foco para cidades inteligentes e IoT
Charbel Aoun, da Schneider Electric, nós. Quando foi a última vez que passou fáceis, baratas e simples sem carros.
deixa-nos a sua visão sobre a influência algum tempo sem acesso a qualquer
das novas gerações naquele que poderá tipo de tecnologia? Sem internet, Todas as cidades querem atrair esta
ser o maior foco tecnológico do futuro: as telefones, computadores ou televisão? nova geração de millennials e, consigo,
smart cities e a Internet das Coisas. Acha que sentiria perfeitamente o seu talento e as suas empresas. Para
confortável numa situação destas? conseguir isso, têm que “falar a mesma
“A evolução demográfica global revela Como se sentiria? Alguns dos nossos linguagem” que eles e ser capazes de
uma tendência que, por si só, pode leitores seguramente considerarão isto captar o seu interesse. O uso inteligente
virtualmente garantir que o caminho a um exagero, mas a possibilidade de da tecnologia poderá desempenhar um
seguir é o das smart cities e da Internet estar constantemente ligado à internet papel chave neste aspecto.
das Coisas. encaminha-se para ser um requisito
fundamental para o ser humano. Desengane-se quem pensa que eles
Esqueçamos, por um momento, todos querem viver da mesma forma — ou
os desafios que ainda estão por resolver O mundo onde as nossas crianças estão a com as mesmas condições — que os
em relação a esta temática. Foquemo- crescer é um lugar bem mais próximo do seus antepassados. Os baby boomers e a
nos, antes, nos movimentos das “placas que aquele onde os nossos pais viveram. geração X tipicamente viviam segundo
tectónicas” da nossa população global. As gerações Y e Z podem ficar na o mantra “as coisas boas são para quem
História por herdarem países em declínio sabe esperar”, mas as gerações Y e Z
Actualmente, mais de 50% população juntamente com uma situação de pensam “as coisas boas são para quem
mundial tem menos de 25 anos. Esta instabilidade devido a condicionamento sabe agir”.
nova geração — apelidada “millenials”, de recursos.
pelo facto de atingirem a sua maioridade O crescimento de cidadãos inteligentes
já no novo milénio — é globalmente Estas alterações demográficas — às em cidades igualmente inteligentes
orientada, extremamente diversa, quais acrescem os desafios económicos pode ser visto como uma guerra de
tecnologicamente dotada e tem a visão e ambientais da actualidade — podem paradigmas. As cidades pretendem
política mais progressiva de sempre. ser um poderoso catalisador para que se cumprir de forma eficiente e fazer “menos
consiga melhorar a qualidade de vida por mais”. No entanto, têm de fazê-lo
E são estes jovens que estão a liderar nas nossas cidades, de forma sustentável. num mundo habituado a actualizações
a incorporação da tecnologia no dia- Estes tecnológico-letrados esperam em tempo real, o que obriga a uma
a-dia de todos nós, de diversas formas que as cidades onde decidem viver alteração da ordem anterior das coisas.
que consideraríamos inimagináveis há lhes permitam fazê-lo de forma aberta,
apenas uma década. transparente e sem obstáculos. Porque as gerações Y e Z vão viver nas (e
liderar as) cidades de amanhã, há que
Antes, o conceito de computadores Constantemente em contacto incluí-los no processo e garantir que estão
pessoais era algo ao qual dávamos Nenhuma cidade se pode dar ao luxo de no centro de todo o desenvolvimento.
bastante valor. Mas estas pessoas estar alheia das necessidades dos seus A junção entre uma rápida evolução
cresceram com a internet e com os cidadãos. Sendo que 75% dos millenials da tecnologia, a radical alteração
smartphones. Por terem nascido com têm actividade em redes sociais, a demográfica e a necessidade de gerir
dispositivos electrónicos nas mãos, estes tecnologia é fundamental para as suas os recursos limitados são os ingredientes
nativos digitais continuam a redefinir a relações sociais. E isto já se faz sentir na deste caldo que nos guiará a um futuro
forma como o ser humano vive com a indústria automóvel, onde se nota que onde as cidades inteligentes e a IoT são
tecnologia. os jovens estão mais desinteressados em inevitáveis. ■
É evidente que a tecnologia está cada conduzir do que nunca. Para eles, os
vez mais no centro da vida de muitos de media sociais e a vida urbana são mais

2016 | EDIÇÃO 01 Smart Electrician 7


Uma introdução à
IoT Industrial
A Internet das Coisas cresce a um ritmo acelerado e são já muitas as
pessoas cujas vidas beneficiam das vantagens que traz consigo.
No entanto, não são só os consumidores finais que se servem da IoT.
Quando aplicada à indústria — contexto no qual recebe o nome
de Industrial Internet of Things (ou IIoT) —, apresenta benefícios para
os sectores do retalho e doméstico, bem como para profissionais
electrotécnicos e para fabricantes.

Ainda não sabe o que é a IIoT?


No mais recente relatório da Accenture, o Industrial Internet of Things
Positioning Paper Report (2015), define-se a Internet Industrial das Coisas
como sendo “uma rede entre objectos físicos, sistemas, plataformas e
aplicações com tecnologia embutida que permite comunicar e partilhar
informação entre si, com o ambiente exterior ou com as pessoas“.

A IIoT conecta máquinas (tornando-as “inteligentes”), dispositivos e


pessoas por forma a optimizar e simplificar os processos industriais.
Actualmente, a IIoT permite aumentar a produtividade, reduzir os custos
operacionais e melhorar a segurança para os funcionários. O referido
relatório destaca ainda que “ao contrário do que se pensa em relação
à ‘ameaça‘ das máquinas inteligentes, na verdade a IIoT tornará o
trabalho das pessoas mais cativante e mais produtivo”.

Mas… de que forma se pode avaliar resultados?


A quantidade de oportunidades de negócio que surgem com a IIoT
é enorme. Não apenas com novos produtos, mas também com o
surgimento de serviços e mercados completamente novos.

Para que se tenha uma ideia do impacto que a IIoT pode ter na economia
global, a Accenture estima que, se as projecções se mantiverem, a
IIoT fará com que o PIB das 20 maiores economias mundiais suba em
1% até 2030. De forma colectiva, o Brasil, a Rússia, a Índia e a China
terão incrementos médios anuais de 0,2% nos seus PIB e, com melhor
investimento e medidas de implementação, tal valor pode ascender aos
0,5%.

Contrariando algumas preocupações que surgem quando se fala em


automatização da indústria, cerca de 87% dos líderes empresariais
entrevistados no âmbito deste relatório afirmam acreditar que a Internet
Industrial das Coisas resultará num aumento real do número de postos de
trabalho existentes.

Quão preparados estamos?


Com o decorrer da implementação da IIoT, governos, centros de
investigação e empresas alinham as suas estratégias por forma a
acelerar o processo. Segundo a Accenture, a larga maioria (84%) destas

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entidades acredita ter capacidade para criar novos serviços
ou produtos graças à implementação da IIoT. No entanto, 73%
admitem ainda não ter feito qualquer investimento concreto e
apenas 7% afirma já ter desenvolvido uma estratégia concreta,
tendo investido de acordo com as linhas definidas.

De igual modo, apenas uma minoria dos executivos de topo


inquiridos sente que os membros sénior das suas empresas têm
uma perfeita noção do que é a IoT. O número sobe de larga
maneira (para 57%) quando o nível de conhecimento desce para
“algum”.

Cabe então às empresas encontrar a forma certa capaz de


acelerar o processo. E são três as medidas que, segundo a
Accenture, as empresas devem ter em conta se querem acelerar
uma implementação generalizada da IIoT a toda a indústria e a
toda a economia:

Reinventar modelos industriais:


“Se todos os produtos estão conectados e possibilitam um novo
serviço, reinventar as práticas da indústria e os modelos de negócio
torna-se vital.” Existem algumas questões a que a indústria tem
que responder a curto prazo. Por exemplo, onde é que a empresa
pode ganhar valor acrescido? Seria ao fornecer os seus próprios
dados a um ecossistema de parceiros? Ou servindo-se dos dados
de terceiros para melhorar os seus próprios serviços?”

Capitalizar o valor dos seus dados:


“Os dados, por si só, não são úteis até que sejam analisados e
convertidos em informação. Para tal, são necessários grandes
investimentos em análise de megadados. Para além de estas
análises requerem novos conhecimentos técnicos e de gestão.
Por isso, as empresas devem criar modelos financeiros e de
administração que tirem proveito do uso comum de dados.”

Preparar para o futuro do trabalho:


“A utilização de produtos inteligentes e da robótica terá um
grande impacto no conjunto de capacidades necessárias
para singrar no mercado de trabalho do futuro.” A IIoT estará
envolvida na emergência de novos tipos de emprego e de novas
funções em cada empresa. Tais companhias devem reavaliar as
suas estruturas organizacionais e de operações para conseguir
acompanhar o processo.

Um sector em mudança:
O sector da IIoT/IoT é muito dinâmico, estando constantemente
focado na inovação e na investigação que conduza a novas
oportunidades, tanto para profissionais como para consumidores.
Para as empresas, a IoT apresenta novas oportunidades de
inovação, bem como novas fontes de receita. Por isso, afirma a
Accenture, “os executivos de topo estão de olho no prémio”.

A questão é antes, se as empresas conseguem encarar o desafio e


identificar novas oportunidades neste novo sector em formação.

2016 | EDIÇÃO 01 Smart Electrician 9


O que é que a
Internet das Coisas
vem acrescentar à iluminação?

2016 | EDIÇÃO 01 Smart Electrician 10


Uma das maiores mudanças levadas A tecnologia LED, por si só, permite
a cabo pela Internet das Coisas será a grande eficiência energética. Quando
forma como as pessoas vão interagir e se faz acompanhar por um sistema de
utilizar as instalações onde trabalham e gestão de iluminação, torna-se ainda
onde vivem, através da tecnologia. melhor.

A experiência será muito mais Colorir ou embranquecer?


personalizada nos lares de cada um. O OSRAM Lightify está disponível nas
Passará a ser possível, por exemplo, gamas Home e Profissional, dispondo
definir que a cafeteira se acenda de luminárias LED, fitas LED, luzes de
quando o alarme toca pela manhã; exteriores ou lâmpadas interiores.
que a água do banho comece a Estão disponíveis em dois modelos: as
aquecer quando se está a voltar da RGBW, que suportam até 16 milhões
ida ao ginásio; ou que as luzes de casa de cores diferentes; e as brancas, com
de acendam automaticamente ao temperaturas de cor entre os 2700 e os
pôr do sol. Estes são apenas alguns dos 6500K. Tudo depende da utilização que
exemplos e a iluminação é o caso mais se queira dar às lâmpadas. De notar
visível de todos. também que a oferta de diferentes


casquilhos será continuamente
Mas não se trata alargada no decorrer deste ano.
A nossa análise de mercado apenas do controlo

confirma a chegada de uma fase da iluminação — ligar


e desligar, alterar a De que forma se pode melhorar ainda
entusiasmante para o sector da cor ou definir o brilho mais este sistema de iluminação?

electricidade, à medida que as das lâmpadas —, pois


a IoT trará consigo Conseguir controlar a iluminação
empresas continuam a abraçar a potenciais benefícios tradicional permite ainda maiores

revolução da IoT. de poupança de níveis de poupança de energia. Por


energia. isso, uma das novas funcionalidades
apresentadas pela OSRAM são os
Os kits de iluminação conectada inovadores interruptores de parede.
Lightify, da OSRAM, fazem parte de Estes são equipados com o protocolo
uma gama de produtos de iluminação ZigBee, comunicam entre si e podem
interior e exterior a custos eficientes. ainda ser utilizados de forma simples
Tal iluminação pode ser controlada e intuitiva. Esta tecnologia está a ser
e automatizada através de uma app posta nas mãos do utilizador para que
no telemóvel ou tablet, no sentido de as suas tarefas sejam cada vez mais
poupar energia, melhorar o conforto ou simplificadas e esta facilidade de
personalizar um dado ambiente. utilização é verdadeiramente vital.

Os sistemas de iluminação digital, no Tudo isto é apenas possível graças aos


qual a gama Lightify se insere, utilizam recentes avanços no campo da Internet
tecnologia LED. Tal confere-lhes maior das Coisas, com todas as vantagens
flexibilidade, disponibilizando luz branca que apresenta e que temos vindo a
ou colorida que pode ser adaptada descrever. ■
às necessidades dos seus utilizadores. E
as alterações podem ser programadas
antecipada e remotamente, à distância
de um clique no telemóvel.

11 Smart Electrician EDIÇÃO 01 | 2016


12 Smart Electrician ISSUE 01 | 2015
Por toda a Europa, os profissionais Quando instados a prever quais mais indicadas são todas online.
electrotécnicos acreditam que seriam os produtos inteligentes com As análises de produto em sites
o futuro da indústria passa pelos potencial para maior impacto, os da especialidade (76%) e os sites
produtos inteligentes, apostando destaques foram para sistemas de de comparação de preços (67%)
numa produção que vai de monitorização através da internet são os canais mais comummente
encontro à procura existente. (74%), dispositivos que possam ser utilizados.
controlados através de apps nos
O recente boom de dispositivos smartphones (73%) e em sistemas de Apesar desta tendência crescente
conectados nos locais de trabalho domótica (71%). do comércio online, é esperado
será o futuro da indústria eléctrica. que os distribuidores tradicionais
No entanto, segundo um estudo O preço NÃO é a prioridade dos continuem a ser o principal canal
levado a cabo pela Voltimum, profissionais do sector eléctrico de vendas na indústria eléctrica,
existe um árduo caminho a seguir quando fazem compras online nos próximos dois anos. Tal é
no sentido de ajudar os profissionais corroborado por quase dois terços
a capitalizar a oportunidade e a O comércio electrónico é tido (63%) dos respondentes, que
melhor conseguir vender os seus como um mercado com um futuro mostram intenção de continuar a
produtos. francamente optimista. 85% diz comprar nos canais tradicionais,
esperar que as compras online ainda que o crescimento do
Os produtos inteligentes e aumentem ou se mantenham comércio online tenha subido 36%
conectados serão o futuro das constantes no futuro, com 50% a nos últimos dois anos.
instalações eléctricas afirmar a intenção de comprar
online mais frequentemente nos Wolfgang Schickbauer, CEO da
O estudo, que envolveu 7151 próximos dois anos. Voltimum, conclui: “O nosso estudo
profissionais electrotécnicos em destaca a chegada de um período
toda a Europa, teve por objectivo Outra das conclusões que se muito promissor e entusiasmante
entender a percepção da indústria podem extrapolar deste estudo para o sector eléctrico, à medida
sobre a temática da Internet das é que para os profissionais que que este abraça a revolução da
Coisas. 71% mostrou-se confiante compram em lojas online, o preço Internet das Coisas. A indústria
de que, no futuro, as instalações baixo não é uma prioridade que está a mover-se cada vez mais
eléctricas se centrarão em torno de privilegiem. Mais do que preços para o online e é evidente que
produtos conectados e inteligentes. baixos ou descontos adicionais, os agentes envolvidos vêem o
os profissionais dão importância à enorme potencial dos dispositivos
No entanto, os obstáculos parecem facilidade de compra e à rapidez conectados. No entanto, é
prender-se com a dificuldade em de entrega (74%). necessário um esforço acrescido
comercializar estes produtos junto por parte dos fabricantes — e das
do cliente final — de acordo com A tendência para optar por serviços suas equipas de vendas — para
59% dos inquiridos —, bem como a online reflecte-se também nas que consigam acompanhar o
falta de um bom suporte comercial fontes de informação utilizadas ritmo, se querem aproveitar esta
por parte dos fabricantes (48%). pelos inquiridos: as cinco fontes oportunidade da melhor forma.” ■

2016 | EDIÇÃO 01 Smart Electrician 13


Philips Hue: Lâmpadas LED que
funcionam com Nest, da Google
Era inevitável! A Google e a Philips Lighting deram as mãos rumo ao Sendo compatíveis com os produtos Nest, é agora possível
futuro e, com esta iniciativa, os produtos Nest têm agora capacidade desligar automaticamente todas as luzes em caso de fumo
para controlar as lâmpadas LED Philips Hue através da internet. em casa. Ou alterar a luz para vermelho — por exemplo — em
caso de detecção de monóxido de carbono. Tudo para uma
A Nest — comprada pelo gigante americano em 2014 por 3,2 segurança acrescida do utilizador.
mil milhões de dólares — orgulha-se de “pegar nos produtos
mal-amados da nossa casa e transformá-los em algo simples e Sendo um dos líderes no fabrico de tecnologia de iluminação
atraente, mas funcional e relevante”. Ainda que as jóias da coroa LED, a Philips trilha o caminho do futuro com esta parceria com
sejam os termostatos inteligentes e os alarmes conectados — a Nest da Google. Esta iniciativa deve abrir as portas a novos
que, aliás, foram os catalisadores do enorme crescimento inicial modelos de negócio ao gigante holandês da iluminação. Mais
da empresa —, chegam novas adições à lista de produtos que ainda porque as lâmpadas LED têm uma durabilidade muito
“Funcionam com Nest”: as lâmpadas LED Philips Hue. elevada e é do interesse da empresa encontrar outras fontes
de inovação para um negócio sustentável. A título de exemplo,
As Philips Hue dão aos seus utilizadores um controlo a Philips tem vindo a estudar a maneira como a cor e o tom
total sobre a iluminação, permitindo-lhes definir da luz afectam a percepção que se tem da temperatura.
cenários capazes de melhorar a qualidade de vida Dessa forma, existe potencial de poupança em custos de
de cada habitante da casa. Com um espectro aquecimento, ventilação e ar condicionado. E é precisamente
completo de cores à sua disposição — bem como nessas vantagens acrescidas que a Philips Lighting espera
uma paleta variável de brancos —, é possível descobrir novas oportunidades.
personalizar tudo à distância de um simples toque no
telemóvel ou no tablet, de forma quase instantânea. Como é que tudo funciona?
O “Funciona com Nest” é essencialmente uma colectânea de
Consiga um ambiente veranil em tons azul turquesa dispositivos IoT detidos por marcas de terceiros, mas dotados
ou imite um belíssimo cor-do-sol rosado, ajuste de capacidade de interacção com os dispositivos Nest. O selo
intensidades e brilho remotamente ou defina a “Funciona com Nest” atesta o funcionamento correcto entre
pulsação da luz com ritmos de voz — tudo a partir os vários produtos, tanto dentro como fora de casa. Entre
do seu dispositivo móvel. termostatos, detectores de incêndio e de fumo, os dispositivos
operam “nos bastidores” para garantir conforto, segurança e
A gama Nest inclui termostátos e vários dispositivos poupança de energia.
de domótica que se conectam sem fios a vários
outros produtos da sua casa: caldeiras, portas, Mas as possibilidades são inúmeras. Pode, por
iluminação, máquinas de lavar, smartphones e até exemplo, ligar (ou desligar) o aquecimento
frigoríficos. E as possibilidades são quase ilimitadas! das divisões ao passar pelas portas; ou ligar
a máquina de lavar quando está a
Assim, a marca está no centro da — ainda jovem, mas caminho de casa, depois do trabalho.
cada vez maior e mais abrangente — Internet Tudo com o objectivo último de conferir
das Coisas, na qual dispositivos mais saúde, qualidade de vida e sensação
físicos comunicam sem de bem-estar, potencialmente
fios entre si e com melhorando a felicidade dos seus
as pessoas, tanto a utilizadores.
nível local como por todo o
mundo. Com a chegada de lâmpadas LED
acessíveis ao mercado, a indústria da
Novos modelos de negócio? iluminação viveu uma autêntica revolução
No rol de ofertas da Nest já se encontram nomes ao longo da última década. Agora,
muito interessantes como a Pebble, a Jawbone ou numa altura em que o efeito novidade
as câmaras de vigilância Dropcam, também esta começa a desaparecer para muitos, chega a
propriedade da Google. Mas são cada vez mais hora de aproveitar as novas e entusiasmantes
as marcas que se juntam a esta oferta, nas quais se potencialidades da Internet das Coisas. ■
inclui agora a Philips.

14 Smart Electrician EDIÇÃO 01 | 2016


15 Smart Electrician ISSUE 01 | 2015
Smart cities
uma oportunidade (e um desafio)
de biliões de euros

Convidámos Paul Reeve, director significativamente o tempo de viagem. de redes sociais.


da ECA, Associação de Empreiteiros
Electrotécnicos, a traçar as linhas gerais • Serviços públicos inteligentes: O desenvolvimento de smart cities traz
do conceito de “smart cities” — e de Iluminação urbana flexível; medidas mais do que oportunidades. Consigo,
que forma oferecem oportunidades de segurança inovadoras (através de traz também obstáculos:
a toda a cadeia de distribução de vigilância inteligente ou análise de
produtos eléctricos. vídeo); informação sobre o estado do • Megadados: tratamento de
  tempo ou dos transportes; entre muitos enormes e crescentes quantidades de
“Mais de metade das pessoas vive outros. informação.
actualmente em cidades. Em 2050
prevê-se que tal número deva • Água inteligente: • Longevidade e segurança das TIC.
ascender a três quartos da população Poupança energética e redução
mundial que, já de si, será ainda maior. de perdas ao longo da rede de • Largura de banda: capacidade
Com o tempo, muitos destes centros distribuição; sistemas de gestão para suportar os pesados requisitos de
urbanos de crescimento acelerado avançados de detecção de poluição, internet sem fios.
tenderão a tornar-se ‘smart cities’, o de fugas ou de prevenção de
que abrirá oportunidades em diversas catástrofes naturais. • Migração de antigos sistemas para
áreas: • Integração inteligente: outros mais actuais.
Conectividade entre vários sistemas
• Energia inteligente: operativos para que forneçam as • Conhecimento técnico específico.
Poupança energética significativa em ferramentas necessárias a uma melhor
todo o tipo de sistemas de distribuição qualidade de serviços; fornecimento • Gestão complexa de projectos.
eléctrica e de gás. Tal é conseguido de informação de alta qualidade para
através de uma automação de topo habitantes, visitantes e organizações • Obstáculos de regulação: leis de
e de gestão de informação em tempo colectivas. protecção de dados apertadas,
real. podendo estas variar localmente.
Mas esta promissora lista de vantagens
• Edifícios inteligentes: depende de ligações sem fios à • Retorno de capital em investimentos
Gestão energética e de segurança de internet de qualidade, bem como justificados.
alta qualidade, através de painéis com a outras eventuais tecnologias da
controlos activos para casas e outros Internet das Coisas que ainda possam • Protocolos e padrões concordantes.
edifícios. vir a surgir.
Quais os tipos de negócios que
• Mobilidade inteligente: Para além disso, numa cidade podem beneficiar especialmente
Sistemas de controlo de trânsito e inteligente, serão geradas quantidades com as oportunidades oferecidas
tráfego com informação em tempo- massivas de dados que terão de ser pelo desenvolvimento de smart cities?
real sobre toda a rede de transporte; entregues — sem fios — a pessoas, Destaco cinco:
infrastructuras eficientes e seguras para autoridades urbanas e prestadores de
carregamento de veículos eléctricos; serviços. Informação oportuna terá • Prestadores de serviço capazes de
sistemas inteligentes de portagens que ainda de ser tornada pública através oferecer pacotes com plataformas
evitem congestionamentos e reduzam dos vários canais, nomeadamente até, inteligentes integradas.

16 Smart Electrician EDIÇÃO 01 | 2016


• Operadores capazes de fornecer a valer vários biliões de euros. E para No futuro, terão de ser os cidadão e
serviços colaborativos em rede, de além das oportunidades adjacentes as empresas a decidir se a cidade é
análise de dados e outros tipos de à implementação da Internet of suficientemente inteligente para lidar
soluções relevantes. Things, há ainda as associadas à sua com todos os desafios que se espera
manutenção e actualização. que venha a enfrentar. Cabe a todos
•Vendedores de produtos conectados Tudo isto sugere que existirão enormes encarar os desafios como inestimáveis
como sensores inteligentes, interruptores oportunidades para empreendedores oportunidades para apetrechar as
automáticos, controladores ou competentes, em especial para os que cidades, melhorar a vida das pessoas e
reguladores de tensão. estejam envolvidos em comunicação aumentar significativamente os ganhos
de dados sem fios ou actuem com das suas empresas.” ■
•Instaladores de produtos inteligentes. produtos/serviços inteligentes.

•Gestores de serviços: empresas de O conceito de “cidade inteligente”


terceiros capazes de supervisionar a é algo que pode significar várias
gestão e operação de serviços ou coisas para outras tantas pessoas.
soluções smart, oferecendo suporte, E, ainda que haja vários projectos-
monitorização e gestão 24 horas por piloto a decorrer, ainda não é possível
dia. encontrar casos onde o verdadeiro
potencial esteja a ser completamente
A consultora Frost & Sullivan prevê que explorado.
o mercado global das smart cities virá

2016 | EDIÇÃO 01 Smart Electrician 17


Os líderes do sector discutem
a revolução da IoT
Num evento decorrido em Londres, de levar a IoT às massas. O painel foi consensual ao considerar
a Voltimum juntou os maiores nomes que os padrões são de uma importân-
do sector para debater o futuro da Compreender e prevenir riscos cia vital para que o mercado progrida
Internet das Coisas. Numa conversa de forma segura. E discutiram even-
animada, debateram-se temas como A mesa redonda arrancou com um tuais preocupações de segurança em
a preocupação com a segurança debate sobre o que acontece quando torno da revolução IoT. Timon Rupp, da
devido ao boom recente de dispositivos a Internet das Coisas falha e o que se OSRAM, afirma que está nas mãos da
conectados; o que acontece em caso pode fazer para garantir que os padrões própria indústria educar todos os agen-
de falha da IoT; ou como gerir a enorme utilizados garantem o funcionamento tes envolvidos.
quantidade de dados que serão criados. desta tecnologia emergente.

Kai Garrells, da ABB, delineou três pontos


74% considera que a
Sendo a maior plataforma mundial existência de métodos de envio
de profissionais do sector eléctrico, a chave que devem ser assegurados pelos
convenientes é a principal razão
Voltimum tem vindo a discutir com os padrões: função e protecção, para
para comprar online. O preço é
seus parceiros — assim com os mais de garantir que as máquinas e as instalações
apenas a terceira prioridade.
400 mil membros da sua comunidade — são seguras; segurança a nível das
sobre o impacto que a IoT terá nos seus TI, garantindo que o funcionamento Rupp disse: “A IoT continua a ser a inter-
negócios. net e está construída sobre os mesmos
Mais de 50% dos instaladores pilares e as mesmas tecnologias de
E foi precisamente no seguimento desse compraram produtos de encriptação. Na qualidade de fabri-
debate que a Voltimum juntou, na capital cantes, estaria errado da nossa parte se
iluminação online no último ano
londrina, os vários líderes do sector. disséssemos às pessoas que é tudo com-
Como nos podemos preparar para a correcto de edifícios vitais como pletamente seguro. Cabe-nos indicar
revolução que temos à porta? centrais eléctricas está salvaguardado; às pessoas o que é e o que não
O evento foi moderado por Alun Lewis, e conectividade que garanta que os é seguro, como utilizar a
comentador especialista em Internet utilizadores podem navegar na rede IoT e quais os riscos
das Coisas e colaborador em inúmeras sem ter que depender de configurações que se correm.
crípticas ou ferramentas desnecessárias. Esta edu-
cação
Mais de 70%dos instaladores Do lado da Schneider Electric, Tanuja
Randery afirma que ainda há muito
deve
estão convencidos de que o
trabalho pela frente no sentido de uni-
futuro passa pelos dispositivos
formizar a indústria. “Há o risco de exis-
inteligentes e pela Internet das
tirem demasiados padrões e há exemp-
publicações sobre a temática. Juntou los de outros sectores que sofreram com
ainda Tanuja Randery (presidente da isso.” disse. E pergunta: “Nesta altura,
Schneider Electric para o Reino Unido e num período em que ainda estamos a
a Irlanda), Timon Rupp (Innoventure CEO evoluir e há imensos padrões a aparec-
na OSRAM), Gerry O’Donnell (director er, como é que podemos consolidá-
estratégico e de negócios estatais da los em apenas um ou dois que sejam
Philips), Kai Garrels (responsável de pa- verdadeiramente incontornáveis? Com
dronização e de relações industriais da o número de dispositivos conectados
ABB), Tony Greig (CEO Legrand no Reino que se espera que existam, teremos
Unido e Irlanda). O CEO da Voltimum, que encontrar uma forma de adoptar
Wolfgang Schickbauer, fechou a lista um protocolo aberto — e quanto mais
de ilustres intervenientes nesta discussão aberto, melhor.”
que procurou descobrir a melhor forma

18 Smart Electrician EDIÇÃO 01 | 2016


partir de nós, em vez de deixarmos isso conectados é a enorme quantidade eficiência. Mas no fim de contas, há
nas mãos das pessoas para que descu- de dados que serão criados. O painel alguém a programar o algoritmo ou a
bram por si próprias da pior maneira.” concorda que há a responsabilidade analisar os dados. Porque os robos não
de garantir que a tecnologia criada conseguem fazê-lo. São precisos pelo
IoT para as massas é suportada por centros de dados menos 4,5 milhões de programadores só
eficientes. Especialmente porque as para a IoT. Por isso acredito que, mesmo
À medida que os dispositivos ligados estimativas apontam para que a IoT que os nossos funcionários se tornem
à internet se tornam cada vez mais aumente em 750% a necessidade de redundantes, haverá sempre como
populares — e com empresas consultoras armazenamento de informação centros encontrar trabalho para eles.”
a prever que o mercado contará com 25 de dados. Por isso a indústria tem que
mil milhões de dispositivos até 2020 —, é encontrar a forma mais eficiente de lidar Foi ainda discutido o cenário a curto
apenas uma questão de tempo até que com este aumento. prazo para os electricistas e de que forma
estes produtos estejam disponíveis em podem beneficiar com a adopção de
massa para consumo da população. No entanto, segundo Tony Greig, tecnologia inteligente em lares e edifícios
da Legrand, este fluxo de dados em geral. Greg refere que “como em
Gerry O’Donnell, da Philips, mostrou-se pode ter um impacto financeiro qualquer outro mercado, há os agentes
preocupado com a preparação das profundamente positivo. Greig adianta: que inovam e os que se limitam a seguir.
entidades reguladoras para o elevado “Todos precisamos destes dados para Há muitos profissionais na calha para
fluxo de dispostivos que aparecerão. E demonstrar os benefícios financeiros adoptar esta nova tecnologia, enquanto
deu como exemplo as apps: “Estamos daquilo que vendemos. Quer queiramos outros não o farão e acabarão por
perante uma proliferação tal de novas ou não, há um retorno de investimento cair no esquecimento. Começamos
apps que os governos reconhecem não em tudo e os nosso clientes pedem- a ver ‘casas inteligentes’ que surgem
ser capazes de as regular. Todos os dias nos tal informação, principalmente porque os empreiteiros se aproximam
surgem mais apps do que as que se os agentes investidores. Os dados dos construtores e têm a iniciativa de
conseguem suportar e a sua investigação podem também desempenhar um mostrar quais as opções disponíveis. E
é cronicamente adiada. Isto para não papel excepcionalmente importante com a tendência para que os preços
falar de que a procura por estas apps no sector da saúde. Será possível, por desçam e se tornem cada vez mais
cresce sempre exponencialmente. exemplo, monitorizar a actividade de acessíveis, cabe-lhes estar a par do que
É uma situação curiosa, pois esta um lar de idosos e registar qualquer passa, desenhar pacotes interessantes
enchente de novas apps surge a uma registo anormal que ocorra. Desta forma, e promovê-los junto dos seus clientes.”
velocidade que excede a capacidade haverá o benefício financeiro de prevenir
de regulação de quem quer que seja.” o envio desnecessário de ambulâncias A importância de garantir o suporte à
e priorizar os envios de acordo com comunidade electrotécnica
Como gerir o grande boom de dados o nível de urgência. Para tal, é
necessário obter acesso a megadados.” Wolfgang Schickbauer sumariza: “na
Outra preocupação qualidade de líderes no sector eléctrico,
patente com este A Internet das Coisas criará novas os accionistas da Voltimum são os
crescimento oportunidades de trabalho responsáveis por alicerçar a Internet
no uso de das Coisas, colocando-a ao serviço de
dispositivos Uma preocupação inerente à empresas, indústrias, cidades e qualquer
disseminação da IoT é a aparente comunidade pelo mundo fora. Pela
ameaça da automação que, segundo sua posição privilegiada na vanguarda
nomes como Elon Musk ou Stephen do sector, a Voltimum sabe que, no
Hawking, criará redundâncias em massa sentido de maximizar o potencial da IoT,
por todo o mundo. Randery volta a é necessário dar apoio à comunidade
intervir: “A revolução IoT vai alterar o de profissionais do sector. Ajudá-los a
paradigma de como funcionamos, entender quais as oportunidades que
tanto individualmente como enquanto a digitalização lhes oferece e como é
organizações e empresas. Temos de que se podem integrar na perfeição.”
descobrir novos ângulos onde investir Em jeito de conclusão do evento,
os nossos recursos, por isso não estou remata: “Esta primeira mesa redonda
de acordo com a afirmação de que da Voltimum foi um verdadeiro sucesso.
haverá redundâncias.” E acrescenta: Deu-nos uma visão fascinante sobre qual
“Acredito piamente que tem de haver o estado actual da IoT e quais os passos a
algum tipo de intervenção humana. dar no sentido de nos prepararmos para
Podemos automatizar os processos e, a enchente de dispositivos conectados
com isso, conseguir níveis exigentes de à internet, graças a vós, algumas das

2016 | EDIÇÃO 01 Smart Electrician 19


Como aquecer casas e edifícios
com ‘ energia nerd ‘
Omnipresentes e de uma presença aproveitado para aquecer a casa onde avultadas em sistemas de refrigeração
vital, os servidores informáticos são o o servidor esteja instalado, tornando o topo de gama. Tanto que mais de 30%
coração da internet. O que o público processo totalmente eficiente. da factura eléctrica de um data center
em geral não sabe é que estes são se deve a gastos com sistemas de ar
maiores e geram mais calor do que o Mas as vantagens não ficam por aí. Para condicionado e outras tecnologias de
que seria desejável. De facto, grande além de aproveitar de forma eficiente refrigeração. Um enorme desperdício
parte dos custos associados à operação o calor, há ainda a particularidade de de energia que se torna cada vez mais
dos servidores provém da eliminação os gastos eléctricos associados serem insustentável.
deste calor. Mas haverá maneira de tirar suportados pela Nerdalize. Dessa
proveito deste “subproduto” da internet forma, após pagar uma pequena taxa E é aí que entra a Nerdalize que,
e dos centros de dados? para instalação do equipamento em em parceria com um dos maiores
casa, estará a aquecer a sua casa ou fornecedores de energia dos Países
É calor gratuito e pode mesmo dizer-se escritório de forma totalmente grátis. Baixos, a Eneco, desenvolveu o
que é sustentável. Foi-lhe dado o nome radiador-servidor “alimentado com
de “Energia Nerd” e é um conceito Este radiador-servidor demora mais energia nerd”, o Eneco eRadiator.
que teve origem nas mentes férteis dos tempo a aquecer que um aparelho
fundadores da empresa holandesa convencional — cerca de uma hora. Como funciona
Nerdalize. Mas de que forma podemos E há que ter em conta que um único
captar e servir-nos deste calor? radiador pode não ser suficiente para Em termos práticos, este sistema é um
aquecer uma divisão no pico do data center distribuído por várias
Resumidamente, este inovador produto inverno. Mas é gratuito. casas residenciais e empresas,
pode ser visto simultaneamente como todas interligadas através de
um aquecedor (ou radiador) e um Imensa energia dissipada que pode vir a cabos de fibra óptica.
servidor ligado à internet. E enquanto ser aproveitada
servidor, é capaz de realizar cálculos e Ao colocar servidores de
processamento de dados tal como num Estima-se que os servidores consumam alta performance em
centro de dados distribuído. Ao realizar cerca de 1,5% da energia eléctrica localizações dispersas,
essas operações — particularmente global. E é bom notar que, para evitar a Nerdalize cria uma
recorrentes em investigação académica que os servidores convencionais cloud altamente
ou médica —, o calor dissipado é sobreaqueçam, são investidas quantias

20 Smart Electrician EDIÇÃO 01 | 2016


distribuída, sem os custos associados com discos solid-state drive (SSD) e 32GB algumas preocupações se levantam,
com o arrendamento de espaços físicos de RAM para cada CPU. principalmente do lado do servidor.
ou com soluções de centros de dados Tarefas que exijam o processamento
convencionais. Desta forma, a Nerdalize disponibiliza célere de quantidades extraordinárias
aos seus clientes uma performance de dados são mais eficientemente
Esta solução resulta numa vantagem dos servidores altamente eficiente realizadas por servidores instalados em
tripla: consegue-se um elevado poder que empresas e instituições paralelo na mesma localização física,
de processamento de dados de forma académicas podem aplicar da como numa solução mais tradicional.
sustentável; aquecem-se gratuitamente melhor forma. Actualmente, é já
lares e empresas que adiram ao serviço; utilizada para investigação médica E, à imagem de todas as outras soluções
e as emissões de CO2 são drasticamente com transcodificação de vídeo, conectadas e da crescente Internet
reduzidas. modelos complexos de engenharia e das Coisas — da qual a “energia nerd”
várias outras formas de computação também faz parte —, existem riscos
Tal permite à empresa oferecer poder científica, provando ser particularmente de segurança. A empresa holandesa
de computação até 55% mais barato, útil em análises genéticas e proteicas garante que os seus radiadores-
quando comparado com os principais exaustivas. servidores são à prova de interferências
competidores do mercado. externas. Para além de encriptarem
E o que acontece quando não se quer toda a informação processada, estão
Resumidamente, obtém-se o sistema de aquecimento a funcionar? instalados sensores e protecções — tanto
computação acessível e aquecimento Na verdade, o servidor pode continuar a nível de software como de hardware
gratuito. O que a torna, segundo a a funcionar. O aquecimento resultante — que limpam remotamente os dados
Nerdalize, uma solução altamente é simplesmente transferido para um em caso de detecção de tentativas
sustentável com resultados de exaustor montado no exterior do de intromissão. Ainda assim, muitos
processamento igualmente de topo. edifício. E se a ligação à internet cair — argumentam que há processamento de
ou mesmo se não existir processamento dados demasiado críticos para serem
a ser realizado — mas se quer que o realizados no interior das casas das
O servidor central do sistema é aquecimento continue a funcionar? pessoas.
ainda suportado por uma fácil Mais uma vez, o sistema é inteligente.
integração com soluções Começará automaticamente a fazer Todas as preocupações têm que ser
de alojamento na cloud processamento fictício, gerando a abordadas e, idealmente, resolvidas
pré-existentes. Para quantidade normal de calor que da melhor maneira. Ainda assim, o
uma performance resultaria da computação real. conceito parece ter todo o potencial
acrescida, todos necessário para ser mais uma solução
os radiadores- Algumas limitações que nos permitirá seguir o caminho da
servidores estão sustentabilidade. ■
equipados com Evidentemente existem limitações e

Smart Electrician EDIÇÃO 01 | 2016 21


O plano da Apple para tentar
dominar o mercado da domótica
Com a entrada no negócio das casas inteligentes, a
Apple espera atrair uma série de produtos e dispositivos
de terceiros para o ecossistema iPhone para, dessa
forma, revolucionar a IoT e a domótica.

22 Smart Electrician EDIÇÃO 01 | 2016


A domótica está em alta, graças ao uso global de • Emparelhar a app e o iPhone através de um simples código.
smartphones e tablets cada vez mais acessíveis. E a ideia E já está!
da Internet of Things casa na perfeição com o conceito
da domótica, levando os peritos a prever que a IoT global O dispositivo pode depois ser controlado através da Siri
será constituída por 50 mil milhões de objectos em 2020. — a assistente digital da Apple, operada por comandos
de voz — ou pela app Home para iOS. A Siri será, então,
Ainda que em acelerada expansão, o mercado teve um efectivamente capaz de comunicar com uma grande oferta
arranque lento. Muito por culpa do elevado número de de equipamentos, tornando-se como que num mordomo
empresas de domótica (ou de dispositivos por si fabricados) virtual numa única plataforma.
que foram surgindo e desaparecendo com regularidade nas
últimas décadas. O que leva também ao surgimento de vários Será possível personalizar zonas ou divisões pré-definidas
padrões de comunicação sem fios, incompatíveis entre si. — “todas as divisões do primeiro andar” ou “os quartos das
crianças” — ou mesmo agrupar um conjunto de acções
Como consequência, fazer com que estes dispositivos desencadeadas ao mesmo tempo. Imagine um cenário de
comunicassem entre si era um quebra-cabeças tanto para “bom dia” que o acordasse suavemente ao abrir os estores
utilizadores como para fabricantes. O que é que mudou e as cortinas, que ligasse a rádio na sua estação preferida e
entretanto? que acendesse o aquecimento da casa de banho antes do
seu duche matinal.
No centro da alteração deste
paradigma está a introdução A ideia é permitir que, independentemente da divisão,
do HomeKit da Apple, uma dispositivo ou marca escolhida, consiga conectá-los todos
recente e inovadora solução de através de uma plataforma comum. Pouco a pouco, irá
domótica. Desde ligar e desligar montado a sua própria Internet das Coisas.
as luzes até trancar as portas,
tudo a partir do seu iPhone. A casa inteligente idealizada pela Apple permitiria aos
seus utilizadores determinar, moldar e desenhar acções de
O HomeKit está aqui para servi-lo controlo para os seus dispositivos através do sistema operativo
A intenção da Apple é de que o do iPhone. Este modelo de plataforma única apenas será
HomeKit seja uma plataforma de exequível se os fabricantes desenharem os seus dispositivos
comunicação e controlo entre para que sejam compatíveis com o HomeKit.
todos os dispositivos conectados na casa de um utilizador.
O utilizador não poderá conectar dispositivos que já
Actualmente, cada dispositivo de domótica existente tenha anteriormente na sua casa a menos que compre
no mercado tem a sua própria app, com protocolos de equipamento adicional, tal como sensores. Por isso, a Apple
comunicação e mecanismos de segurança proprietários. terá que convencer os principais fabricantes do mercado a
Com o HomeKit, a Apple pretende acrescentar alguma adaptar os seus produtos ao HomeKit, para que se certifique
racionalidade a este processo, uniformizando o mercado. o seu funcionamento com o iPhone. Tal obrigaria a um
investimento avultado por parte de algumas empresas que já
Para tal, o HomeKit serve-se de uma linguagem comum beneficiam de uma posição confortável no mercado, daí que
criada pela Apple que permite que qualquer dispostivo seja expectável que haja alguma resistência a tal adopção.
consiga interpretar e suportar, qualquer que seja o fabricante. Por agora, existem mais de duas dezenas de marcas que já
Para que cada fabricante possa desenvolver os seus produtos suportam os dispositivos Apple, entre as quais nome pesados
neste sentido, a Apple desenvolveu toda a documentação como a OSRAM, a Philips, a General Electric ou a Honeywell.
necessária, entretanto publicada. Entre iluminação, fechaduras, campainhas ou termómetros,
são já algumas a funcionalidades suportadas pela plataforma.
Do ponto de vista do utilizador, o funcionamento do HomeKit
não podia ser mais simples. Uma das desvantagens deste sistema é que, caso esteja
longe de casa e pretenda controlar algum dos dispositivos,
• Comprar um dispositivo compatível com o não o poderá fazer. Tal deve-se ao facto de muitas das
HomeKit. interacções do HomeKit se realizarem através de Wi-Fi ou
• Fazer o download da app associada. de Bluetooth. Por isso, se pretender interagir com os seus
aparelhos remotamente, apenas o poderá fazer com uma
Apple TV, que funcionará como uma plataforma para a sua
casa inteligente e, sem a qual, a Siri não poderá conectar-se
aos seus equipamentos.

2016 | EDIÇÃO 01 Smart Electrician 23


Uma ameça iminente?
Olhando para a oferta de iDevices disponíveis, encontraremos os que obtiveram a certificação “Made
for iPhone” (MFi) e outros que se conectam por Bluetooth. Ainda que estes últimos se sirvam de uma
tecnologia rádio aberta a praticamente todos os smartphones, as conexões MFi utilizam hardware
especial tipicamente reservado a dispositivos Apple. Até aqui, esta política funcionava muito como uma
máquina de fazer dinheiro — por se tratar de tecnologia proprietária —, que a Apple soube aproveitar
muito bem. No entanto, quando aplicada a tecnologias de domótica, a vantagem está no elevado nível
de segurança que propicia.

Isto porque os acessórios de domótica com chips de certificação MFi pela Apple oferecem encriptação
end-to-end. Trocando por miúdos, basta o utilizador dizer à Siri que “abra a porta” e a ordem é encriptada
pelo telefone, passando pela rede e depois chegando à fechadura, sendo então desencriptada.
Este comando apenas pode ser interpretado ao nível do hardware, o que o

Ao entrar no
torna potencialmente mais seguros contra hackers do que com outros sistemas
concorrentes.

mercado da Infelizmente para a marca californiana, os chips que lhe conferem uma vantagem
competitiva estão, eles próprios, a empatar o HomeKit. Isto porque a Apple tem sido

domótica, a muito rigorosa na certificação de acessórios, dificultando a sua adesão. Por isso,
a maioria dos produtos do mercado ainda não são completamente compatíveis

Apple tem com a iniciativa Apple para casas inteligentes. Alguns serão compatíveis com o
iPhone — podendo ser controlados pelas suas respectivas apps —, mas a Siri não

objectivos de reconhecerá os comandos de voz.

longo prazo
Não obstante, é provável que haja alguns que possam ser actualizados para
que suportem a estrutura do HomeKit. Por exemplo, se tiver algumas lâmpadas

que lhe dão


conectadas (que, por norma, necessitam de um núcleo que as ligue à rede Wi-Fi
da sua casa), substituir o núcleo por outro compatível com o HomeKit fará com

margem de
que possam ser reaproveitadas com a Siri. O mesmo não acontecerá se tiver um
termostáto inteligente. A menos que o seu fabricante o substitua por um com chip

manobra para
MFi, a Siri não o detectará e o propósito perde-se.

Com 25 milhões de Apple TVs vendidas apenas no ano transacto, a empresa

que vá definindo parece ter avançado nesta corrida às casas completamente automatizadas. No
entanto, a prioridade deverá estar na certificação e instalação dos chips MFi no

as regras pelo maior número de produtos de domótica, sem os quais falar com a Siri é o mesmo
que falar com uma parede.

caminho. Espera-se que novas empresas se especializem em criar software e/ou hardware
para uma experiência de smart homes unificada no ambiente HomeKit, o que
aumentaria a concorrência no mercado. No entanto, por serem marcas pouco conhecidas do grande
público, pode surgir alguma estranheza por parte dos utilizadores, acabando por dificultar a sua
penetração no mercado. Especialmente quando falamos de algo de que a segurança e integridade
dos utilizadores depende, como termostátos, sistemas de vigilância ou fechaduras. É evidente que o
reconhecimento da marca e a confiança dos utilizadores é uma vantagem real para que as empresas se
desmarquem dos demais concorrentes.

A relativamente baixa oferta de acessórios existentes que suportem o HomeKit ainda não é satisfatória,
mas estamos seguros de que isso mudará num futuro próximo. Por agora, os consumidores apenas podem
comprar estes produtos em lojas dedicadas ou com a ajuda de profissionais/serviços mais dispendiosos. No
entanto, se o HomeKit conseguir estabelecer-se como uma a referência de mercado, a sua popularidade
e a adesão dos fabricantes conseguirá torná-lo mais acessível ao consumidor final.

Ao entrar no mercado da domótica, a Apple tem objectivos de longo prazo que lhe dão margem de
manobra para que vá definindo as regras pelo caminho. Seja como for, sabemos que o mercado das
casas inteligentes e da Internet das Coisas é extremamente promissor e este é certamente o plano da
Apple para conseguir capitalizar esta oportunidade tão auspiciosa. ■

24 Smart Electrician EDIÇÃO 01 | 2016


Dispositivos pessoais no trabalho
— boa ou má ideia?

Muitas empresas vêem a Internet das Coisas como sendo um


grande obstáculo à correcta gestão do pessoal. Afinal, a política
de “traga o seu próprio dispositivo” (“Bring Your Own Device”,
ou BYOD) é algo que beneficia ou prejudica as empresas?
Com o recente aumento de dispositivo” (“Choose Your Own Device” (“Bring Your Own Phone” ou BYOP);
popularidade de acessórios ou CYOD); “dispositivo comercial sem “traga o seu computador” (“Bring Your
tecnológicos, os serviços de gestão personalização” (“Commercial Off Own PC” ou BYOPC); ou o já referido
de dispositivos móveis (“Mobile Device The Shelf” ou COTS); “escolha o seu BYOD.
Management” ou MDM) estão a tornar- dispositivo” com gestão da empresa
se mais complexos do que nunca. E (“Managed Bring Your Own Device” Com diferentes aplicações e maneiras
estamos apenas no início. ou MBYOD); “fornecido pela empresa, de gerir, estas siglas — aparentemente
gerido pelo funcionário” (“Company- complicadas — vão trazer alterações
Os gestores de sistemas informáticos têm Issued, Personally Enabled” ou COPE); profundas na maneira como as
agora que conhecer e considerar vários “traga a sua app” (“Bring Your Own empresas e os funcionários trabalham. E
tipos de políticas como “escolha o seu App” ou BYOA); “traga o seu telemóvel” para dificultar ainda mais, temos o facto

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de a Internet das Coisas estar a sofrer evitando conflitos de informação e
uma rápida transformação, dividindo-se Ajudando as empresas a alcançar facilitando processos de execução,
em categorias distintas: os seus objectivos de planeamento ou mesmo de
pagamentos.
Estruturas IoT: Sistemas de distribuição Que de forma é que este conceito se
de água, de exploração mineira, de traduz para as empresas e para os Com o BYOD, passaria a existir uma
iluminação pública, de distribuição de seus departamentos de informática? maior possibilidade de decisão em
energia, de transportes, redes de smart É vantajoso encorajar os funcionários tempo real e tal pode vir a alterar os
cities, monitorização do meio ambiente a trabalhar com os seus próprios processos em que algumas empresas
e contra desastres, segurança pública, dispositivos? assentam.
gestão de aeroportos e de edifícios. Se tem poder de decisão numa
empresa onde os funcionários possam Mas as vantagens não se ficam por aí.
Dispositivos IoT para o consumidor final: trabalhar remotamente ou que viagem Para além de as empresas evitarem
iWatch e HomeKit da Apple, FitBit e com alguma frequência, o ideal é gastos com a compra e actualização
Google Glass. precisamente que o ambiente de de ferramentas digitais para os seus
trabalho seja com base em ferramentas funcionários, estes sentiriam ainda a
Dispositivos IoT para empresas: Sistemas mais móveis. Neste caso, os benefícios responsabilidade acrescida de manter
de comunicação, de apoio técnico, de da adopção de uma política BYOD são e preservar os seus dispositivos. Para
logística e de supervisão de activos. demasiado evidentes. além de que passariam a ter acesso
aos seus documentos não apenas
Cada uma destas categorias terá, Obviamente, alguns sectores em qualquer lugar, mas também
naturalmente, um impacto diferente apresentam vantagens acrescidas, em qualquer altura, mesmo fora dos
na forma como gerimos a nossa carga como são exemplo os que obrigam seus horários tradicionais das 9 às 5.
diária de trabalho. a um trabalho “no terreno”. E com a
tendência actual de integrar cada Os problemas que a BYOD levanta
Uma nova forma de trabalhar vez mais ferramentas de trabalho em
sistemas integrados, há que adoptar Com tantas vantagens para a empresa
A BYOD é uma política que, ainda que formas de trabalho mais dinâmicas e onde trabalha, pergunta-se por
não seja recente, é cada vez mais flexíveis. Por isso a BYOD pode ajudar que razão o seu patrão ainda não
abordada. A ideia é que os funcionários empresas a reduzir custos ao permitir implementou a BYOD? Pode ser por sua
tragam os seus próprios telemóveis, que os funcionários trabalhem em culpa. Ou antes, culpa das expectativas
tablets ou portáteis para que se sirvam movimento. Em vez de serem obrigados culturais existentes. Como funcionário,
deles no local de trabalho. a deslocar-se a um local de trabalho é comum que espere que seja a sua
físico, podem simplesmente submeter a entidade patronal a providenciar-lhe
E esta política vem alterando a relação devida informação no local, poupando todo o equipamento que necessita
entre o utilizador e a tecnologia utilizada tempo e despesas de deslocação. para trabalhar.
na empresa onde trabalha. Não é
novidade que são muitas as pessoas Um responsável de projecto numa obra Outro entrave é saber definir as normas
que preferem utilizar os seus próprios pode, por exemplo, chegar ao local e, de utilização associadas à BYOD — isto
dispositivos móveis para desempenhar a partir de um tablet, definir todas as em empresas que tenham a clareza
total ou parcialmente as suas variáveis desse mesmo projecto, seja a de saber que devem implementar
actividades profissionais. Afinal, quem nível de mão-de-obra, ferramentas ou tais regras. Quando os funcionários
é que quer andar com dois telemóveis equipamento. Toda a informação desse são confrontados com as regras,
atrás? Há ainda a vantagem de que projecto pode ser facilmente distribuída pode ser-lhes pedido que alterem
os telemóveis e computadores dos entre vários grupos, cada um com a as suas expectativas de privacidade
funcionários já estarem personalizados sua responsabilidade associada — ou que dediquem algum espaço de
ao seu gosto, com o sistema operativo e como os agentes logísticos, de gestão armazenamento nos seus dispositivos —
as ferramentas de e-mail com que estes de equipamento e de pessoal, por para a instalação do software dedicado
preferem trabalhar e com as quais se exemplo. à gestão do sistema da empresa. O
sentem mais confortáveis. Desta forma, que, evidentemente diminui o interesse
a sua interacção com o dispositivo Neste exemplo concreto, todos os de adopção da BYOD por parte dos
acontece de forma natural e sem envolvidos seriam capazes de fazer funcionários.
qualquer dificuldade, o que permite actualizações de gastos em tempo Há ainda o risco de exposição
poupar tempo — e tempo é dinheiro! real a partir dos seus dispositivos, inadvertida de dados quando estão
— que, de outra forma, perderiam dando origem a uma visão completa alojados em dispositivos móveis. Com
a adaptar-se a um novo aparelho e unificada do projecto. Assim, cada a quantidade registada de furtos de
disponibilizado pela empresa. etapa do projecto estaria registada, telemóveis — dados da Consumer

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Reports indicam que foram roubados departamento de TI, ficando este A BYOD está a conseguir fazer
mais de 3 milhões de dispositivos com a responsabilidade de garantir o impacto global significativo no tecido
mundialmente, apenas no decorrer do funcionamento do sistema, mas limita a empresarial. Cerca de 75% dos
ano de 2013 —, existe o sério risco de escolha dos funcionários. Por sorte, não funcionários de países com economias
que informação pessoal e corporativa é difícil encontrar utilizadores dispostos em crescimento acentuado, como
possa chegar a mãos alheias. Nestes a trabalhar com os produtos da Apple. o Brasil ou a Rússia. Em países com
casos, quais seriam as implicações Se a sua empresa lhe der um iPhone mercados mais estabelecidos o valor
para a empresa ou para o funcionário novo para trabalhar, porque quereria desce para 44%, sendo, ainda assim, um
cujas palavras-passe ou informações trabalhar com o seu próprio telemóvel? número bastante assinalável. Qual será
confidenciais fossem obtidas por a tendência em Portugal num futuro
estranhos? Até que ponto o facto de Quem é que está a alinhar neste jogo? próximo?
permitir uma poupança inicial de custos
é suficientemente vantajoso para De acordo com um estudo realizado À medida que os dispositivos móveis
justificar a adopção de uma política de pela IDC Europe, mais de metade dos se tornam a principal ferramenta
BYOD? directores de informática das empresas para aceder a sistemas e a dados
europeias admitem não ter adoptado corporativos, é necessário que os
De mencionar ainda que a poupança uma política de BYOD e que será pouco departamentos de TI saibam preparar
de custos nem sempre é garantida. provável que o façam no futuro próximo. o terreno para que possam acolher
É possível que a empresa tenha Nos Estados Unidos esta política revelou- a BYOD. É necessário precaverem
gastos associados à instalação de se um sucesso, mas as empresas do o acesso à rede da empresa, bem
um dado dispositivo a um sistema já Velho Continente não parecem estar como a palavras-passe e a ficheiros
implementado. tão entusiasmadas com a ideia. com informação sensível. Todas estas
considerações têm que ser bem
Outros obstáculos podem ainda surgir Segundo as estatísticas recolhidas, os estudadas e analisadas de modo a
para as equipas de TI que gerem países estudados pela IDC mostram que evitar danos para a empresa e para os
esses sistemas. Há que ter em conta a adopção é, de facto, muito lenta. Em seus funcionários.
a diversidade e complexidade de 2013, as empresas foram inquiridas sobre Se tem uma empresa, o nosso conselho
tecnologias existentes no mercado, a sua inclinação para adoptar uma é que defina um plano estratégico para
havendo a necessidade que todas política BYOD e apenas 26% afirmaram a BYOD para que consiga aproveitar
sejam suportadas. A plataforma já ter uma política formal implementada. os benefícios deste movimento. Somos
configurada pode ser compatível com 31% prevêem vir a criar uma, mas 44% da opinião de que o melhor é saber
os dispositivos utilizados por quase todos admitem que não tencionam fazê-lo, adaptar-se a ele, em lugar de ignorá-lo
os funcionários, mas e se uma pequena pelo menos, nos próximos 18 meses. ou tentar proibir os seus funcionários de
minoria opta por utilizar um sistema No ano seguinte, a percentagem de utilizarem os seus dispositivos no local de
operativo ou uma app que disponha de empresas com BYOD subiu para 36%, trabalho.
menos suporte técnico? 23% esperam vir a implementar uma
A resposta pode estar na já mencionada e o número de empresas relutantes Dessa forma, conseguirá garantir o
CYOD (“choose your own device”, rondava os 41%. cumprimento das regras da empresa
relembramos) que permitiria aos durante o horário laboral, mesmo
funcionários escolher o seu dispositivo A ilação que podemos tirar é a de que quando utilizam os seus próprios
de uma lista limitada, mas com as empresas que já apresentavam dispositivos. Pese os prós e contras e
garantia de suporte nas plataformas interesse em adoptar uma política decida qual é o caminho que, no seu
existentes. Veja-se o caso da parceria de BYOD têm feito progressos, mas o entender, mais beneficia o negócio mas
estabelecida entre a IBM e a Apple, na grupo desinteressado parece continuar também a produtividade e motivação
qual a primeira promove o alinhamento convicto nas suas intenções. Daí que a dos seus colaboradores. ■
com dispositivos iOs para melhor adopção da BYOD tenha estagnado.
integração vertical em empresas.
Estas parcerias beneficiam as marcas Preparar o futuro
fabricantes de dispositivos móveis na
obtenção de contratos com empresas É quase impossível evitar que os
interessadas em usar os seus produtos funcionários utilizem dispositivos pessoais
para fins corporativos. no local de trabalho. Daí que, com a
BYOD à porta, a tendência será que
Ao estabelecer parcerias destas, a as empresas tenham que deixar as
Apple garante que há mais produtos suas reticências de lado e que saibam
seus a figurar em listas de CYOD, cada abraçar a oportunidade e aproveitá-la
vez mais populares por essa Europa da melhor maneira.
fora. A vantagem maior é para o

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