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Sumário

Resumo

Palavras-chave: Nigéria, Constituição, Federalismo, Presidencialismo,


Sociedade Civil.
Introdução

O presente trabalho tem como objectivo principal, analisar o sistema político da


Nigéria, visto que hoje a título de exemplo, os países para que se afirmem tanto
a nível regional, quanto a nível mundial dependem muito daquilo são as
estratégias governamentais.

Oficialmente República Federal da Nigéria, é uma república constitucional


federal que compreende 36 estados e o Território da Capital Federal. O país
está localizado na África Ocidental e faz fronteira terrestre com a leste com o
Chade e Camarões; República do Benim a oeste e com o Níger ao norte. Sua
costa encontra-se ao sul, no Golfo da Guiné, no Oceano Atlântico.

A Nigéria é o país mais populoso do continente africano e um dos maiores


exportadores de petróleo do mundo, cuja capital é Abuja, uma cidade planejada
que se situa na região central. Apesar da permanência de alguns problemas, o
país avança no caminho da institucionalização democrática e é ¼ dos
expoentes do actual ciclo de desenvolvimento africano. (Lopes e Nascimento,
2019, p.367).

O país é dividido ao meio entre cristãos, que em sua maioria vivem no sul e
nas regiões centrais, e muçulmanos, concentrados principalmente no norte.
Uma minoria da população pratica religiões tradicionais e locais, tais como as
religiões igdo e yoruba.
Geografia e população

A Nigéria tem uma superfície de 923.000km² e se situa no Golfo da Guiné. O


país se caracteriza por uma grande rede hidrográfica, cujos rios mais
importantes são o Níger e o Benue. As planícies centrais, cobertas por
savanas, são pouco povoadas. A região sul, com terras mais baixas e
chuvosas, com clima tropical, tem densas selvas e abriga a maior parte da
população. Ao leste se concentra a população Igbo. Ao sudeste se concentra a
produção petroleira e diversas etnias como a Ibibio, Kalabari, entre outras. No
oeste, em torno de Lagos e Ibadan, se concentra a actividade industrial, e
predomina a população Yoruba.

A Nigéria possui uma população de 140 milhões de habitantes (densidade de


159 hab/km²) e é o oitavo país mais populoso do mundo. Em seu território
existem aproximadamente 250 grupos étnicos, mas a maior parte destes
pertence a quatro grandes grupos: os Hausa e os Fulani, que predominam no
norte, são maioritariamente muçulmanos, e compõem aproximadamente 29%
da população do país; os Yorubas, no sudoeste, que seguem a religião
tradicional Yoruba, mas também tem populações cristãs e muçulmanas, e
compõem 21% da população do país; e os Igbos, no sudeste,
predominantemente cristãos, representando 18% da população da Nigéria. As
línguas mais faladas são hausa, fulani, igbo, yoruba, e inglês, que é a língua
oficial. 68% da população é alfabetizada (Lopes e Nascimento, 2019: 398).

O sistema político de governo.

Incialmente, a Nigéria segiu o padrão da Commonwealth, com um governador-


geral cerimonial nomeado pelo monarca britânico. Em 1963, a estrutura formal
foi redesenhada como uma república, com Nnamdi Azikiwe como presidente
com poderes maioritariamente cerimoniais; o sistema parlamentar foi mantido,
com um primeiro-ministro como chefe de governo. Contudo, na década de
1970 os redatores da nova constituição decidiram que o modelo parlamentar de
Westminster (herdado da ex-colónias britânicas), promoveu o regime
maioritário com poucos fresis e contrapesos, o que alienou grande parte da
população da Nigéria (Bingham, 2014: 652).

A República Federativa da Nigéria possui o sistema federal presidencialista,


instaurado em 1999, assim como um legislativo bicameral com a Câmara de
Representantes e o Senado. Desde então, ocorrem eleições a cada quatro
anos, contudo somente as duas últimas votações (2011 e 2015) foram
consideradas justas e livres, sendo confiáveis e, portanto, demonstrando que o
país é uma democracia eleitoral. Outrossim, a Nigéria atravessou diversas
repúblicas e ditaduras, e houve, ao longo do tempo, grandes mudanças nos
perfis dos partidos, que imediatamente após a independência tinham caráter
étnico-regional, enquanto na actual IV República os partidos apresentam
carácter mais ideológico.

O partido dominante da IV República é o Partido Democrático Popular, que se


propõe a ser um partido centrista. Outro partido significativo é o conservador
Partido do Povo de Toda a Nigéria, e o partido progressista Aliança para
Democracia era um dos principais na oposição até 2006, quando se fundiu com
outros partidos de oposição para formar o partido Acção Congresso (Lopes e
Nascimento, 2019: 378).

De acordo com a Organização Freedom House1, a Nigéria é considerada


parcialmente livre (4,5 de 7, sendo que, quanto menor o valor, mais livre é
considerado o país). Isso representa um aumento de 0,5 pontos desde 2011, e,
portanto, uma piora no índice, como pode-se observar na Tabela 2: 3 O índice
Freedom House consiste em pontuações, classificações e status. No nível de

1
A Freedom House  ("Casa da Liberdade", em inglês) é uma organização sem fins lucrativos sediada
em Washington, D.C., capital dos Estados Unidos, com cinco escritórios de trabalho em
aproximadamente uma dúzia de países. Foi fundada em 1941.
O trabalho da Freedom House inclui uma série de pesquisas, defesas e publicações para promover
os direitos humanos, a democracia, a economia de livre mercado, o estado de direito, meios de
comunicação independentes e o comprometimento dos Estados Unidos da América no exterior. Fundada
há 60 anos por Eleanor Roosevelt, Wendell Willkie e outros estadunidenses preocupados com os
inúmeros tratados de paz e democracia.
A entidade é membro fundadora do Intercâmbio Internacional de Liberdade de Expressão, uma rede
global de mais de 70 organizações não-governamentais que monitora violações à liberdade de imprensa e
de expressão no mundo e faz campanha para defender jornalistas, escritores, usuários de Internet e outras
vítimas de perseguição por exercerem direito a expressão. (Lopes e Nascimento, 2019, p.453).
pontuação, o país pode obter de 0 a 4 pontos em cada um dos 25 indicadores,
totalizando um máximo de 100 pontos. Esses indicadores são agrupados em 7
categorias, cada uma com no máximo 12 a 16 pontos. As primeiras 3
subcategorias são de Direitos Políticos, e as últimas 4 de Liberdades Civis. Um
país recebe a classificação de 7 a 1 baseado em sua pontuação. A média das
classificações de Direitos Políticos e Liberdades Civis é chamada a
Classificação de Liberdade, determinando o status do país: Livre (1,0 a 2,5),
Parcialmente Livre (3,0 a 5,0) ou Não Livre (5,5 a 7,0). (Lopes e Nascimento,
2019: 333).

Entretanto, na pontuação agregada, que considera de forma mais detalhada os


direitos políticos e liberdade civis, o país recebeu a pontuação de 48 de 100,
estando abaixo da média mundial, 58,66 pontos e da média dos países com a
mesma classificação de liberdade (parcialmente livre), 53,81 pontos. Contudo,
a pontuação do país demonstrou uma melhora de 5 pontos em relação ao ano
de 2015, sendo considerado positivo, o que tornou a Nigéria um dos 5 países
com maiores aumentos registados pela Organização Freedom House
(FREEDOM HOUSE, 2016a; FREEDOM HOUSE, 2016b).

O primeiro factor de risco que foi considerado para essa dimensão é o da


estabilidade política do país, ou seja, a capacidade do governo de se manter e
de conduzir acções. Embora o país tenha vários partidos, somente dois se
destacam de forma relevante – All Progressive Congress (APC) e People’s
Democratic Party (PDP). Enquanto o primeiro tem como base de apoio o norte
do país, de maioria muçulmana, o segundo tem como base a população da
parte sul, de maioria cristã.

Na política externa, destacam-se alguns princípios fundamentais.


Primeiramente, a prioridade da política externa nigeriana é a África. Seus
princípios são a promoção da unidade e independência africana, a solução
pacífica de disputas internacionais, o não-alinhamento, a não-interferência nos
assuntos internos de outras nações e a cooperação e desenvolvimento
económico regional (Lopes e Nascimento, 2019: 368).

Importa realçar que a Nigéria nasceu como entidade política em 1914,


constituída pelos Protectorados Britânicos do Norte e Sul, tendo obtido a
independência a 1 de Outubro de 1960. Três anos mais tarde, a 1 de Outubro
de 1963, foi proclamada República. A história da Nigéria pós-independência foi
marcada por vários golpes e contra-golpes militares e uma guerra civil. Só em
1999 foi adoptada uma nova Constituição, a qual deu origem às primeiras
eleições democráticas no País.

Actualmente, a Nigéria é uma potência dominante na África Ocidental. Teve um


papel fundamental na criação da Comunidade Económica da África Ocidental
(ECOWAS) em 1975 e, no âmbito desta organização, liderou a resolução de
conflitos na África Ocidental, enviando militares para a Libéria e Serra Leoa.
Tem também desempenhado um papel importante noutros conflitos: Sudão e
Costa do Marfim. Um dos principais problemas da Nigéria são as tensões
étnicas e religiosas. O país é composto por mais de 250 grupos étnicos e os
conflitos entre cristãos e muçulmanos são frequentes. A principal fonte de
receitas continua a ser o petróleo (95% das receitas em divisas e 80% das
receitas orçamentais). No entanto a corrupção e a má gestão destas receitas
tem impedido o desenvolvimento da Nigéria. Cerca de 70% da população vive
da agricultura. Em 2007 foi eleito, pela primeira vez na sua história, um
Presidente civil, (Doc. GABINETE DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E
PROTOCOLO- República Federal da Nigéria, p.1.).

Sistema partidário.

Sistema Judicial.

O sistema legal da Nigéria é baseado na lei básica inglesa, na lei islâmica e na


lei tradicional nigeriana. Importa destacar que a Nigéria chegou à
independência com um sistema jurídico bem estabelecido que incluia um
sistema judicial e uma profissão próspera na tradição britânica. Os tribunais
federais e estaduais são integrados em um único sistema de tribunais de
julgamento e apelação. A Constituição de 1999 fornece ao Supremo Tribunal,
ao Tribunal de Apelação e aos tribunais superiores estaduais e federais
jurisdições originais e de apelação. Por sua vez as autoridades tradicionais
mantêm sua maior influência em seus poderes judiciais, pois os estados podem
explicitamente constituir tribunais consuetudinários e shariá (lei do Alcorão
muçulmano), originais e de apelação. Uma dúzia de estados do norte matém
tribunais shariá, um ponto de discórdia entre as autoridades muçulmanas e
aqueles que vêem tal reconhecimento oficial como devisivo (Bingham, 2014:
657).

Vale também referir que a lei básica é a que predomina, governando a maioria
das transacções de negócios, sendo que a Corte Alta Federal tem jurisdição
sobre assuntos relacionados à receita, sistema bancário, câmbio e outras
questões fiscais e monetárias. Ainda em relação ao sistema judicial, este é
caracterizado por não ter uma estrutura adequada e sistemas digitalizados de
processamento de documentos, além de salários baixos para juízes e outros
funcionários de tribunais, o que, embora não implique em julgamentos
imparciais, aumenta a corrupção e prejudica a execução das sentenças
(ABDULAZEEZ, 2016: 20).

Situação política

A política da Nigéria realiza-se numa combinação de uma República Federativa


Democrática representativa Presidencial, pelo qual o presidente da Nigéria
Muhammadu Buhari é tanto chefe de estado como chefe do governo, e de um
sistema de pluripartidarismo. O poder executivo é exercido pelo governo. O
poder legislativo é investido em ambos os governos e as duas câmaras da
legislatura, a Câmara dos Representantes e do Senado. O Senado da Nigéria é
a Câmara Alta da casa legislativa, enquanto a Câmara dos Representantes é a
Câmara Baixa, em conjunto eles compõem o corpo legislativo na Nigéria
chamada a Assembleia Nacional. A mais alta magistratura do governo é a
Suprema Corte da Nigéria. A Nigéria também pratica, a teoria da separação
dos poderes do Barão de Montesquieu. A Assembleia Nacional funciona como
um guardião para os excessos do ramo executivo do governo.
Sociedade civil.

Normas e Valores Democráticos

No artigo intitulado Politics in Nigeria, Carl LeVan, adianta que desde 1960 o
activismo politico na Nigéria enfrenta sérios problemas uma vez que à medida
que os partidos individuais ganham controle em cada região, os mesmos eram
tratados pelo governo de maneira grosseira, contrantando bandidos armados
no sentido de interromper as suas reuniões e atacar seus líderes. Importa
salientar que o assédio da oposição política por parte do governo ainda ocorre,
e os titulares usam suas posições para obter vantagens injustas (Bingham,
2014: 646)

O Papel Político das Mulheres

Devido à diversidade étinica da Nigéria, a posição das mulheres varia


consideravelmente. Em Igbo, Yoruba e outras tradições do sul da Nigéria, as
mulheres tinham um controle considerável sobre os próprios assuntos.
Contudo, os estudiosos da história colonial afirmam que as mulheres perderam
a maior parte de sua autonomia sob o colonialismo, porque os costumes
britânicos da época davam às mulheres menos controle sobre seus próprios
assuntos do que as sociedades africanas que controlavam (LeVan, 2014: 646)

No norte, o costume islâmico restringe muito o papel das mulheres na


sociedade. Embora as mulheres Hausa tenham consideravelmente mais
liberdade do que suas contrapartes no Oriente Médio, incluindo papeis
significativos na produção e no comércio local, geralmente não era permitido
um papel poliítico activo no momento da independência. As mulheres do norte
votaram pela primeira vez em 1979.

Actualmente o envolvimento das mulheres na liderança política é semelhante


ao de muitos países; na maior parte do país, as mulheres nigerianas votam em
número igual ao dos homens, mas geralmente são sub-representadas na
política (LeVan: 646). Os modestos ganhos que as mulheres obtiveram
inicialmente nos primeiros anos após a transição tiveram alguns contratempos.

As eleições de 2007 levaram 26 mulheres à Câmara dos Deputados, com 360


cadeiras, e nove mulheres ao Senado (das 109 cadeiras). Após as eleções de
2011, esses números caíram para apenas doze na Câmara e sete no Senado.
Os homens detêm uma grande maioria (talvez até 90%) dos cargos eleitos e
nomeados. Parafraseando LeVan, as mulheres estão ainda mais mal
representadas nos governos estaduais e existem acentuadas disparidades
regionais. Por exemplo, o facto é que nenhuma mulher foi eleita para as
assembleias estaduais em nenhum dos seis Estados do noroeste da Nigéria.

Grupos associativos (Bingham p. 658)

A história incial de grande parte das associações voluntárias na Nigéria, está


entrelaçada com os movimentos nacionalistas, enquanto sua história moderna
está intimamente relacionada a um movimento social pela democracia dos
anos 90. Organizações profissionais – como a Ordem dos Advogados, a
Associação Médica e a União Nigeriana de Jornalistas – eram frequentemente
perseguidas durante a era do regime militar, e isso contribuía para a politização
e as crecentes demandas por democracia.

Os sindicatos têm desempenhado um papel na política nigeriana desde o


período colonial. Estudantes e professores universitários foram alguns dos
primeiros críticos do revime militar.

Greves dos funcionários e estudantes permanecem comuns hoje. Certos


sectores da força de trabalho tendem e ter um impacto desproporcional na
política quando compreendem uma acção trabalhista. Em particular, os
sindicatos que respresentam os trabalhadores do pretóleo têm grande
influência, porque o petróleo é muito importante para a economia nacional.
Greves do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Petroleo e Gás
(NUPENG) e da Associação dos Funcionários Seniores em Petróleo e Gás
Natural (PENGASSAN) foram fundamentais para pressionar o governo militar
em 1994.

Outras acções trabalhsitas são organizadas colectivamente através do


Congresso do Trabalho da Nigéria (NLC) e seus sindicatos afiliados. Desde
1999, o NLC lidera proptestos por melhores salários e condições de trabalho, e
tem sido um crítico presistente das tentativas recorrentes do governo de
eliminar um subsídio que mantém artificialmente o preço do combustível.

Grupos da sociedade civil como a Coalizão Nacional Democrática (NADECO) e


o CD estavam na vanguarda da luta pela democracia. Após a morte de
Abacha, em 1998, uma nova coalizão, o Grupo de Monitoramento da Transição
(TMG), emergiu como um defensor contra a fraude eleitoral. Durante cada uma
das recentes eleiçoes, ele treinou milhares de monitores eleitorais que se
espealharam pelas secções eleitorais para informar sobre a qualidade das
eleições. As vezes, eles prepararam relatórios criticando o histórico de
governação do presidente ou oferencendo recomendações para a reforma de
políticas.

Forma de Estado

A Nigéria é um país é bastante vasto e complexo, onde muitas decisões


políticas não são tomadas em nível nacional. No prelúdio para alcance da
independência, em 1954 estabeleceu-se naquele país um sistema federal.
Cada constituição desde então adoptou o federalismo em princípio como um
meio de tranquilizar os muitos interesses étinicos e regionais da nação (LeVan:
653). Diante do federalismo formal, no entanto, existe uma condição fiscal que
questiona o cenceito federal: todos os níveis de governo derivam a maior parte
de suas receitas do petróleo, distribuído pelo cogerno nacional. Além desses
facto fiscal da vida os militares governam a Nigéria durante a maior parte do
tempo desde a independência: 29 anos desde 1960.

A poliítica ao nível do estado tem sido frequentemente dominada por


rivalidades étinicas locais, pois os estados são chamados a resolver disputas
de limites do governo local e a decidir sobre a competência de várias
instituições tradicionais. Pressões análogas às do nivel local levaram a uma
expansão do número de estados. As três regiões coloniais, que se tornaram os
estados da Nigéria federal, rapidamente se tornaram quatro.

Com o início fa guerra civil em 1967, o país foi dividido em doze estados, um
número que foi aumentado para dezanove em 1976, para trinta em 1991 e para
trinta e seis em 1996 (mais o território da Capital Federal). O número de áreas
do gocerno local dentro dos estados também aumentou progressivamente, com
diferentes grupos étinicos ou sub-étinicos disputando respresentação.

O carácter federal é uma ferramenta para lidar com essas tensoões aos níveis
nacional e local, pois garante a vários grupos étinicos uma parcela proporcional
dos cargos no serviço público. Esta é uma aplicação do modelo consocial, uma
solução comum em que os países estão profundamente divididos por religião
ou etnia. Se as nomeadções fossem feitas apenas por competência, a
vantegem educacional das populações mais ao sul resultaria em uma
proporção desproporcional de empregos no serviço público. O carácter federal
é, portanto, amplamente aceito como um meio de integrar o governo e criar
confiança entre grupos díspares (Bingham, 2014: 653).

A constituição estabelece um deferalismo de três níveis. Em outras grandes


federações como os Estados Unidos, Candá e Austrália, a constituição
concentram-se na relação estado-federação, com o governo local
principalmente no domínio do estado ou província. O facto das constituições
nigerianas terem especificado uma estrutura uniforme e funções comuns para o
governo local é bastante incomum. Embora não haja dúvida de vantagens
nessa uniformidade de estrutura e função, ela não permite que os governos
locais reflictam a diversidade de culturas locais oresentes no país, nem é
possível a experimentação do tipo que produziu os sistemas de gerente e
comissão ao nível local dos Estados Unidos. Importa referir que desde os
tempos coloniais, o governo local tem sido pouco mais que a administração
local da política federal, uma situação improvável de mudar até que os
governos locais adquiram fontes indpenendentes de receita.
Conclusão

Ao longo da nossa abordagem referimo-nos da Nigéria como sendo um grande


e populoso país africano rico em petróleo, organizado politicamente em uma
federação comportando 36 estados. Quanto ao sistema de governo adopta a
República e o presidencialismo, respectivamente. Um outro elemento de
destaque é que a Constituição da República Federal da Nigéria (1999)
estabelece a separação entre os três poderes (Executivo, Legislativo e
Judiciário). O presidente é eleito por sufrágio universal directo, para mandato
de quatro anos e a luz da referida Constituição o chefe de Estado é reeleito
apenas uma vez.

Relativamente a Assembleia Nacional vimos que a mesma é bicameral: o


Senado é composto por 109 membros, ao passo que a Câmara de
Representantes conta com 360 deputados. Os parlamentares são eleitos por
sufrágio universal directo para mandato de quatro anos. Apesar dos esforços
do governo nigeriano, a corrupção ainda é considerada sistémica e
generalizada pela maioria dos analistas e perpassa diferentes níveis da
administração pública, o que gera certa insatisfação popular com a classe
política.

O país, estrategicamente situado no Golfo da Guiné, é caracterizado pela


divisão entre o Sul – mais desenvolvido e de maioria cristã – e o Norte – região
mais pobre e de maioria muçulmana. Além das diferenças regionais, há um
complexo cenário étnico: o país é habitado por mais de 500 grupos étnicos,
entre os quais os principais são os Yorubas, que ocupam, sobretudo, o
sudoeste do país; os Haussa, nortistas e muçulmanos; e os Igbo, que vivem
principalmente no sudeste e são cristãos.

O sistema federativo, raro no continente africano, tem favorecido a integridade


territorial nigeriana, na medida em que alivia demandas que, em um Estado
unitário, poderiam se desdobrar em conflitos secessionistas mais graves.
Salienta-se, ainda, a presença do grupo terrorista muçulmano Boko Haram,
que continua a perpetrar atentados, principalmente no norte do país.
Referências

ABDULAZEEZ, Medinat. Note Nigéria: The Boko Haram insurgency and


internal displacement. Sem, 2016. Disponível em: Acesso em 1 de
outubro de 2016
POWELL, G. Bingham et all, Comparative Politics Today – A World View,
Eleventh Edition by Pearson Education, United States, 2014.
Documentos do GABINETE DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E
PROTOCOLO- República Federal da Nigéria, p.1.).

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