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FLÁVIA SANTANA E SANTANA

ANÁLISE FÍLMICA: UMA PROVA DE AMOR

Salvador
2020
FLÁVIA SANTANA E SANTANA

ANÁLISE FÍLMICA: UMA PROVA DE AMOR

Trabalho solicitado pela professora Suzane


Bandeira de Magalhães, para obtenção de
nota parcial a disciplina Estágio Específico
I.

Salvador
2020
Sinopse

“Sara e Brian Fitzgerald são informados que Kate, sua filha, tem leucemia e
possui poucos anos de vida. O médico sugere aos pais que tentem um procedimento
médico ortodoxo, gerando um filho de proveta que seja um doador compatível com
Kate. Disposto a tudo para salvar a filha, eles aceitam a proposta. Assim nasce Anna,
que logo ao nascer doa sangue de seu cordão umbilical para a irmã. Anos depois, os
médicos decidem fazer um transplante de medula de Anna para Kate. Ao atingir 11
anos, Anna precisa doar um rim para a irmã. Cansada dos procedimentos médicos aos
quais é submetida, ela decide enfrentar os pais e lutar na justiça por emancipação
médica, de forma a que tenha direito a decidir o que fazer com seu corpo. Para defendê-
la ela contrata Campbell Alexander, um advogado que cuidará de seus interesses.”

O núcleo familiar é comporto por cinco pessoas: a mãe, Sara; o pai, Brian; Jesse
o irmão mais velho, Kate a filha com diagnóstico de leucemia desde a infância; e Ana a
filha caçula.

Análise Fílmica

O filme “Uma prova de amor” coloca em questão sob os pontos de vista da


filosofia e da psicologia , que abordam conceitos como a vida e a morte, e todo o
processo que ocorre nesse período, e que estão presentes no filme a todo momento; que
tem por questão analisar o comportamento dos personagens perante uma sociedade e
como uma família.

Algo muito presente no filme é o processo de morte e de como é interpretado de


forma diferente por cada indivíduo, onde é possível identificar alguns dos estágios
como: negação e isolamento; raiva; barganha; depressão; e aceitação.

Outro ponto muito presente no filme é o amor incondicional da mãe por sua filha
,uma vez que ela é capaz de dar a vida de outra filha sua para salvar a de Kate, e não
consegue aceitar de forma alguma que sua filha está em estado terminal, e que pode
falecer a qualquer momento, então ela fecha seus olhos para a realidade e cria a sua
própria realidade, onde ela vai salvar a vida de Kate a qualquer custo. A família também
passa pelos mesmos estágios que o paciente e no caso da família Fitzgerald quem
passou mais intensamente pelos estágios foi a mãe Sara, que muitas vezes passou pela
negação, não aceitando o que estava acontecendo com sua filha e lutou todo instante
para que Kate fosse salva.

Sara também passou muitas vezes pela raiva, raiva pela doença, raiva de Ana por
negar ajuda a irmã, raiva de Brian por tirar Kate do hospital, raiva do médico, enfim, ela
não conseguia aceitar a doença da filha. Sara estava sempre entristecida por ver o
sofrimento da filha, tentando fazer de tudo para vê-la bem, alegre. Podemos identificar
que Sara não permite que o desapego acontecesse, pelo contrário, ocorria o apego a
esperança de que sua filha sobreviveria e se recuperaria, apesar de se ter ciência e a
medicina dar poucas chances de cura. A elaboração ocorreu de forma brusca, quando foi
revelada a vontade que Kate tinha de partir, de finalmente descansar, sendo que esse foi
um processo mais doloroso do que teria sido se ocorresse a longo prazo.

Uma das reflexões presentes no filme sobre o quanto o significado da vida é algo
questionado por todo ser humano, podemos analisar, por dois diferentes pontos de vista,
esse questionamento: no caso de Anna, pode se pensar “qual é o valor de sua vida?”,
uma vez que ela foi planejada e gerada para salvar a vida de outra pessoa, no caso sua
irmã; e no caso de Kate, que leva esse questionamento como “qual foi o valor de sua
existência?”, pois a mesma não pode levar uma vida normal.

Kate demostra outro sentimento em relação a sua doença, mesmo sendo uma
paciente terminal de leucemia, onde ela é capaz de se conformar com a sua própria
morte, mas não aceitar que sua irmã sofra tanto por ela. Além disso, pode-se destacar
também o amor que se fortalece por Taylor, também paciente terminal de câncer, que
foi conhecido em um de seus dias de tratamento. É bonita a relação de Kate e Taylor
pois ambos vivem cada momento juntos como se fosse o último de suas vidas, se
importando apenas em serem felizes na companhia de outra pessoa, sem se preocupar
com o futuro, que na verdade não existirá para ambos.

Cada pessoa enxerga e encara o adoecer de diversas formas , seja qual for a
doença, de forma individual e muito pessoal e quando precisa de hospitalização, se faz
necessário atentar para a subjetividade, pois não apenas a terapia medicamentosa deve
ter importância, mas sim o paciente com um todo, ou seja, o tratamento deverá ser
humanizado, individualizado em torno do biopsicossocial do paciente/cliente sendo
também muito importante o papel da família nesse processo.
A Psico-Oncologia é a especialidade que procura oferecer ao doente, à família e
à equipe o suporte emocional para o enfrentamento da doença. Em sua prática, o Psico-
Oncologista visa o bem-estar emocional do paciente, contribuindo assim para uma boa
qualidade de vida em todos os estágios do tratamento, por isso faz-se necessário a
presença deste profissional no cuidado a pacientes oncológicos, o que favorece a
comunicação médico-paciente e a adesão ao tratamento.

O psicólogo hospitalar nesse caso desempenharia um importante papel em todo


esse contexto no qual acompanharia Kate e sua família em seu processo de doença e
ajudando a enfrentar este momento delicado de sua vida e na compreensão do que vira
acontecer , fazendo que o processo de aceitação seja adquirido e que dessa forma o
paciente possa expressar seus desejos a família e a equipe.

Podemos acompanhar no decorrer do filme a constante luta de Sara para ajudar


na cura de sua filha, porém a negação era muito presente como sentimento de não
querer perder sua filha que não acreditava as filha encontrava-se num estado avançado
da doença e que não havia nada que pudesse ser feito pela medicina para salva-la. Neste
momento cabe ao psicólogo nesse contexto auxiliar a família dando-lhes suporte para
que possam falar sobre seus sentimentos, fazendo com que o processo de luto seja mais
aceitado e a família sinta-se acolhida neste momento difícil e assim possa dar mais
firmeza para ajudar o paciente. O acompanhamento familiar deve ser realizado no
momento do diagnostico, no processo de tratamento e posterior a morte do paciente,
fazendo com que a família possa passar pelo processo de luto de uma forma mais
acolhedora.

Outro questionamento proporcionado pelo filme e a forma como o médico dar a


notícia a família sobre o estado de Kate, informando que ela possui pouco tempo de
vida. Podemos avaliar a importância da intervenção do psicólogo junto a equipe de
saúde neste momento, onde o mesmo agiria de forma multidisciplinar fazendo com que
a equipe entendesse a questão da fragilidade da doença para Kate e sua família e os
comunicaria a situação de uma forma mais acolhedora , proporcionando melhor
entendimento de todo contexto de sua doença, para que dessa forma possam definir
como seria enfrentada as próximas etapas.

Conclusão
Diante de todos os questionamentos apresentados pelo filme, pode-se entender a
importância da atuação do psicólogo no contexto hospitalar e no processo de
enfrentamento do luto , pois a presença do psicólogo neste momento facilita a mediação
de todo processo pelo qual o individuo passa desde o diagnóstico, o tratamento e o
processo de luto enfrentado pelo paciente e pela família . O processo psicoterápico não
está focado na cura do paciente, nem em alongar a vida, mas sim em tentar proporcionar
uma qualidade de vida e auxiliar na comunicação e expressão de sentimentos.

Referências

 O papel da Psico-Oncologia no processo de enfrentamento do câncer


Publicado em 28/01/2019 .Câncer, HAM, Hospital Aristides Maltez,
Oncologia, Psico-Oncologia, Psicologia.https://aristidesmaltez.org.br/psico-
oncologia-no-processo-de-enfrentamento-do-cancer/. Acesso em 31 de maio
de 2020
 Sette, Catarina Possenti, & Gradvohl, Silvia Mayumi Obana. (2014).
Vivências emocionais de pacientes oncológicos submetidos à quimioterapia.
Revista de Psicologia da UNESP, 13(2), 26-31. Recuperado em 31 de maio
de 2020, http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1984-90442014000200003&lng=pt&tlng=pt

 Scannavino, Camila Saliba Soubhia, Sorato, Daniela Batista, Lima,


Manuela Polidoro, Franco, Anna Helena Junqueira, Martins, Mariana
Paschoal, Morais Júnior, Joel Carlos, Bueno, Priscila Regina Torres,
Rezende, Fabiana Faria, & Valério, Nelson Iguimar. (2013). Psico-
Oncologia: atuação do psicólogo no Hospital de Câncer de
Barretos. Psicologia USP, 24(1), 35-53. https://dx.doi.org/10.1590/S0103-
65642013000100003

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