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DISCIPLINAS DE POORTUGUES PARA ESTUDO

NIVEIS DE LINGUAGEM NA MODALIDADE ORAL E ESCRITA

A língua é um código de que se serve o homem para elaborar mensagens, para se comunicar.

Existem basicamente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas funcionais:

1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta ou língua-padrão, que compreende a


língua literária, tem por base a norma culta, forma lingüística utilizada pelo segmento mais
culto e influente de uma sociedade. Constitui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de
comunicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas, painéis, anúncios,
etc.), cuja função é a de serem aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colaborando
na educação, e não justamente o contrário;

2) a língua funcional de modalidade popular; língua popular ou língua cotidiana, que apresenta
gradações as mais diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.

Norma culta:

A norma culta, forma lingüística que todo povo civilizado possui, é a que assegura a unidade da
língua nacional. E justamente em nome dessa unidade, tão importante do ponto de vista
político-cultural, que é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas.

Sendo mais espontânea e criativa, a língua popular se afigura mais expressiva e dinâmica.
Temos, assim, à guisa de exemplificação:

Estou preocupado. (norma culta)

Tô preocupado. (língua popular)

Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)

Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; urge conhecer a língua popular,
captando-lhe a espontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para viver; urge
conhecer a língua culta para conviver.

Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das normas da língua culta.

O conceito de erro em língua:

Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos casos de ortografia. O que normalmente
se comete são transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num momento íntimo do
discurso, diz: "Ninguém deixou ele falar", não comete propriamente erro; na verdade,
transgride a norma culta.
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, transgride tanto quanto um indivíduo
que comparece a um banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa praia, vestido de
fraque e cartola.

Releva considerar, assim, o momento do discurso, que pode ser íntimo, neutro ou solene.

O momento íntimo é o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre amigos,
parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas perfeitamente normais construções do
tipo:

Eu não vi ela hoje.

Ninguém deixou ele falar.

Deixe eu ver isso!

Eu te amo, sim, mas não abuse!

Não assisti o filme nem vou assisti-lo.

Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.

Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a norma culta, deixando mais livres os
interlocutores.

O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que é a língua da Nação. Como forma de


respeito, tomam-se por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou seja, a norma
culta. Assim, aquelas mesmas construções se alteram:

Eu não a vi hoje.

Ninguém o deixou falar.

Deixe-me ver isso!

Eu te amo, sim, mas não abuses!

Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.

Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.

Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos de comunicação de massa (rádio,


televisão, jornal, revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgressões da
norma culta na pena ou na boca de jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve
refletir serviço à causa do ensino, e não o contrário.

O momento solene, acessível a poucos, é o da arte poética, caracterizado por construções de


rara beleza.

Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. Como tal, qualquer transgressão, ou
chamado erro, deixa de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o comete,
passando, assim, a constituir fato lingüístico registro de linguagem definitivamente consagrado
pelo uso, ainda que não tenha amparo gramatical.

Exemplos:

Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)

Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)

Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos dispersar e Não vamos dispersar-nos.)

Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de sair daqui bem depressa.)

O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no seu posto.)

Têxtil, que significa rigorosamente que se pode tecer, em virtude do seu significado, não
poderia ser adjetivo associado a indústria, já que não existe indústria que se pode tecer. Hoje,
porém, temos não só como também o operário têxtil, em vez da indústria de fibra têxtil e do
operário da indústria de fibra têxtil.

As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos impedir, despedir e desimpedir,


respectivamente, são exemplos também de transgressões ou "erros" que se tornaram fatos
lingüísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu tais verbos como derivados de pedir,
que tem, início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as formas
então legítimas impido, despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem
coragem de usar.

Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário escolar palavras como corrigir e correto,
quando nos referimos a frases. "Corrija estas frases" é uma expressão que deve dar lugar a
esta, por exemplo: "Converta estas frases da língua popular para a língua culta".

Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a uma frase "errada"; é, na verdade, uma
frase elaborada conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a norma culta.

Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem:

A língua escrita, estática, mais elaborada e menos econômica, não dispõe dos recursos
próprios da língua falada.
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação (melodia da frase), as pausas (intervalos
significativos no decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, olhares, piscadas, etc.,
fazem da língua falada a modalidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e natural,
estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e a evoluções.

Nenhuma, porém, se sobrepõe a outra em importância. Nas escolas principalmente, costuma


se ensinar a língua falada com base na língua escrita, considerada superior. Decorrem daí as
correções, as retificações, as emendas, a que os professores sempre estão atentos.

Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mostrando as características e as vantagens


de uma e outra, sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade ou inferioridade,
que em verdade inexiste.

Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na língua falada. A nenhum povo interessa a
multiplicação de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de dialetos, conseqüência
natural do enorme distanciamento entre uma modalidade e outra.

A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-elaborada que a língua falada, porque é a
modalidade que mantém a unidade lingüística de um povo, além de ser a que faz o
pensamento atravessar o espaço e o tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida
será possível sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo, se processam
lentamente e em número consideravelmente menor, quando cotejada com a modalidade
falada.

Importante é fazer o educando perceber que o nível da linguagem, a norma lingüística, deve
variar de acordo com a situação em que se desenvolve o discurso.

O ambiente sociocultural determina. O nível da linguagem a ser empregado. O vocabulário, a


sintaxe, a pronúncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não fala com uma
criança como se estivesse dizendo missa, assim como uma criança não fala como um adulto.
Um engenheiro não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível de fala, para colegas e
para pedreiros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e
na sala de aula.

Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre esses níveis, se destacam em


importância o culto e o cotidiano, a que já fizemos referência.

A gíria:

Ao contrário do que muitos pensam, a gíria não constitui um flagelo da linguagem. Quem, um
dia, já não usou bacana, dica, cara, chato, cuca, esculacho, estrilar?

O mal maior da gíria reside na sua adoção como forma permanente de comunicação,
desencadeando um processo não só de esquecimento, como de desprezo do vocabulário
oficial. Usada no momento certo, porém, a gíria é um elemento de linguagem que denota
expressividade e revela grande criatividade, desde que, naturalmente, adequada à mensagem,
ao meio e ao receptor. Note, porém, que estamos falando em gíria, e não em calão.

Ainda que criativa e expressiva, a gíria só é admitida na língua falada. A língua escrita não a
tolera, a não ser na reprodução da fala de determinado meio ou época, com a visível intenção
de documentar o fato, ou em casos especiais de comunicação entre amigos, familiares,
namorados, etc., caracterizada pela linguagem informal.

FENOMENOS SE MANTICOS

A semântica estuda o significado das palavras.

Conhecer o significado das palavras é importante, pois só assim o falante ou escritor


será capaz de selecionar a palavra certa para construir a sua mensagem.

Por esta razão, é importante conhecer fatos lingüísticos como: sinônimos, antônimos,
homônimos, parônimos, polissemia, denotação, conotação, figuras e vícios de
linguagem.

SINONÍMIA (sinônimos): palavras que possuem significados iguais ou semelhantes.

ANTONÍMIA (antônimos): palavras que possuem significados diferentes.

PALAVRAS HOMÔNIMAS: são iguais no som e/ou na escrita, mas possuem


significados diferentes. Dividem-se em: homônimas perfeitas, homônimas
homógrafas, homônimas homófonas.

- HOMÔNIMAS PERFEITAS
São palavras que possuem a mesma pronúncia, a mesma grafia, porém as classes
gramaticais são diferentes. Exemplos:

- Caminho (substantivo) – Caminho (verbo caminhar)


- O caminho para a minha casa é muito movimentado.
- Eu caminho todos os dias.

- Cedo (Advérbio) – Cedo (verbo ceder)


- Eu cedo livros para a biblioteca.
- Levantou cedo para estudar.

- HOMÔNIMAS HOMÓGRAFAS
São palavras que possuem a mesma grafia, porém a pronúncia é diferente.

- Colher (substantivo) – Colher (verbo colher)


- Eu comprei uma colher de prata.
- Chamei minha vizinha para colher frutas na horta da fazenda.
- Começo (substantivo) – Começo (verbo)
- O começo do filme foi muito legal.
- Eu começo a entender este livro.

HOMÔNIMAS HOMÓFONAS
São palavras que possuem a mesma pronúncia , porém a grafia e o sentido são
diferentes.

Serrar – Cerrar
serrar: cortar
cerrar: fechar

Cassar – Caçar
cassar: anular
caçar: procurar (alimento);

LISTA COM ALGUNS HOMÔNIMOS


Acender: pôr fogo
Ascender: subir

Coser: costurar
Cozer: cozinhar

Cheque: ordem de pagamento


Xeque: lance de jogo de xadrez

Espiar: observar, espionar


Expiar: sofrer castigo

Cessão: ato de ceder


Seção: divisão
Sessão: reunião

PALAVRAS PARÔNIMAS
São palavras parecidas na pronúncia e na grafia, mas com significados diferentes.

Discriminar – Descriminar
Discriminar: separar, listar
Descriminar: inocentar

Desapercebido – Despercebido
Desapercebido: desprovido, quem não está ciente, quem não tomou consciência (é
derivado do verbo aperceber-se, que significa tomar ciência).

Despercebido: não percebido (é derivado do verbo perceber).

LISTA COM ALGUNS PARÔNIMOS

Absolver: perdoar
Absorver: sorver
Incidente: episódio
Acidente: desastre

Ratificar: confirmar
Retificar: corrigir

Destratar: tratar mal, insultar


Distratar: romper um trato, desfazer

POLISSEMIA
A mesma palavra apresenta significados diferentes que se explicam dentro de um
contexto.

- O menino queimou a mão. (parte do corpo)


- Dei duas mãos de tinta na parede. (camadas)
- Ninguém deve abrir mão de seus direitos. (deixar de lado, desistir)
- A decisão está em suas mãos. (responsabilidade, dependência)

POLISSEMIA E HOMÔNIMOS PERFEITOS

Polissemia: é resultante dos diferentes significados que uma palavra foi adquirindo
através dos tempos.

Homônimos perfeitos: grafia e som iguais, porém as classes gramaticais são diferentes.

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

As palavras podem ser usadas com o seu significado original, real (denotação) ou com
um significado novo, diferente do original (conotação).

- O gato da minha vizinha sempre brinca comigo. (denotação – animal de estimação)

- Eu acho aquele ator o maior gato. (conotação – bonito)

Quando usamos a linguagem em seu sentido figurado, estamos fazendo uso das diversas
figuras de linguagem que existem (metáfora, metonímia, prosopopéia, hipérbole, etc).

Certas vezes, o falante desconhece algumas normas gramaticais e comete alguns erros,
em outras ocasiões, ele simplesmente é descuidado e acaba (ao falar ou escrever) unindo
sílabas que formam um som desagradável ou obsceno.

Todos estes desvios são chamados vícios de linguagem.

Os principais são: barbarismo, solecismo, cacofonia, ambigüidade e redundância.

BARBARISMO: são desvios na grafia, na pronúncia ou na flexão.

- Pograma (em vez de programa)


- Rúbrica (em vez de tonificar o – bri -, rubrica)
- Etmologia (em vez de etimologia, com – i -)
- Quando eu pôr o vestido. (o certo seria – Quando eu puser o vestido)
O policial interviu. (O certo seria interveio)

Observação: quem abusa das palavras estrangeiras grafando-as como na língua


original, também comete barbarismo.

Abajur: e não “abat-jur”.


Coquetel: e não “cocktail”.

SOLECISMO: Desvio na sintaxe.

Exemplo: “Houveram eleições para representante de turma.”

O certo é “Houve….” (erro de concordância)

- Assisti esse filme no cinema.

O certo é “Assisti a esse…..” (erro de regência)

CACOFONIA: Som desagradável ou obsceno.

- Hilca ganhou um prêmio.


- A boca dela está sangrando.

AMBIGÜIDADE: Duplo sentido.

- O cachorro do seu irmão avançou na minha amiga. (cachorro pode ser o animal (cão),
ou uma qualidade (vagabundo, assanhado) para irmão

REDUNDÂNCIA : é a repetição de idéias.

- Maria subiu lá em cima para ver o balão.


- José inventou novos brinquedos para o filho.

OBS: Não há redundância em “intrometer-se no meio” e “voltar-se para trás”.

Uma pessoa pode intrometer-se no início, meio ou fim de uma conversa, assim como
alguém pode voltar-se para o lado.

Coerência Textual
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Coerência é a ligação em conjunto dos elementos formativos de um texto. É o


instrumento que o autor vai usar para conseguir dar um sentido completo a ele. 

Em uma redação, para que a coerência ocorra, as idéias devem se completar. Uma deve
ser a continuação da outra. Caso não ocorra uma concatenação de idéias entre as frases,
elas acabarão por se contradizerem ou por quebrarem uma linha de raciocínio. Quando
isso acontece, dizemos que houve um quebra de coerência textual. 

A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto com


relação ao mundo. Ela é também auxiliada pela coesão textual, isto é, a compreensão de
um texto é melhor capturada com o auxílio de conectivos, preposições, etc. 

A incoerência de um texto pode ser observada por um falante da língua, mas não é tão
fácil identificá-la quando estamos escrevendo. 

Pode-se dizer que um texto é incoerente quando o entendimento deste é comprometido.


Na maioria das vezes esta pessoa está certa ao fazer esta afirmação, mas não podemos
achar que as dificuldades de organização das idéias se resumem à coerência ou a
coesão. É certo que elas facilitam bastante esse processo, mas não são suficientes para
resolver todos os problemas.

O que é coesão textual?


As técnicas ou mecanismos de coesão têm por objetivo dar consistência ao
texto, interligando suas partes para que tenha uma unidade de sentido,
evitando a repetição de palavras.

Existem basicamente dois mecanismos de coesão textual:

Coesão léxica: é obtida através de relações de sentido entre as palavras, ou


seja, do emprego de sinônimos.

Coesão gramatical: é obtida a partir do emprego de artigos, pronomes,


adjetivos, advérbios, conjunções e numerais.

Para mais informações sobre o assunto, acesse o curso gratuito:

Técnicas para uma boa redação

COESÃO E COERENCIA
Uma das propriedades que distingue um texto de um amontoado de palavras ou frases é o
relacionamento existente entre si. De que trata, então, a coesão textual? Da ligação, da
relação, da conexão entre as palavras de um texto, através de elementos formais, que
assinalam o vínculo entre os seus componentes.

Uma das modalidades de coesão é a remissão. E a coesão pode desempenhar a função


de (re)ativação do referente. A reativação do referente no texto é realizada por meio da
referenciação anafórica ou catafórica, formando-se cadeias coesivas mais ou menos
longas.

A remissão anafórica (para trás) realiza-se por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa
(retos e oblíquos) e os demais pronomes; também por numerais, advérbios e artigos.
Exemplo: André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são
diferentes. Este não briga com quem torce para outro time; aquele o faz.

Explicação: O termo isso retoma o predicado são fanáticos torcedores de futebol;


este recupera a palavra Pedro; aquele , o termo André; o faz, o predicado briga com
quem torce para o outro time – são anafóricos.

A remissão catafórica (para a frente) realiza-se preferencialmente através de pronomes


demonstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio
das demais espécies de pronomes, de advérbios e de numerais. Exemplos:

Exemplo: Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara
de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que
sabíamos dele, o professor, gordo e silencioso, de ombros contraídos.

Explicação: O pronome possessivo seu e o pronome pessoal reto ele antecipam a


expressão o professor – são catafóricos.

De que trata a coerência textual ? Da relação que se estabelece entre as diversas partes
do texto, criando uma unidade de sentido. Está, portanto, ligada ao entendimento, à
possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.

Modelo de questão: coesão e coerência (AFRF-2003)

As questões de números 01 e 02 têm o texto abaixo como base.

Falar em direitos humanos pressupõe localizar a realidade que os faz emergir no


contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo contraditório de criação das
sociedades. Implica, em suma, desvendar, a cada momento deste processo, o que venha
a resultar como direitos novos até então escondidos sob a lógica perversa de regimes
políticos, sociais e econômicos, injustos e comprometedores da liberdade humana.

Este ponto de vista referencial determina a dimensão do problema dos direitos humanos
na América Latina.

Neste contexto, a fiel abordagem acerca das condições presentes e dos caminhos futuros
dos direitos humanos passa, necessariamente, pela reflexão em torno das relações
econômicas internacionais entre países periféricos e países centrais.

As desarticulações que desta situação resultam não chegam a modificar a base estrutural
destas relações: a extrema dependência a que estão submetidos os países periféricos,
tanto no que concerne ao agravamento das condições de trabalho e de vida (degradação
dos salários e dos benefícios sociais), quanto na dependência tecnológica, cultural e
ideológica.

(Núcleo de estudos para a Paz e Direitos Humanos, UnB in: Introdução Crítica ao
Direito, com adaptações)

01. Assinale a opção que não estabelece uma continuidade coerente e


gramaticalmente correta para o texto
a) Nesta parte do mundo, imensas parcelas da população não têm minimamente
garantida sua sobrevivência material. Como, pois, reivindicar direitos fundamentais se a
estrutura da sociedade não permite o desenvolvimento da consciência em sua razão
plena?

b) Por conseguinte, a questão dos Direitos tem significado político, enquanto realização
histórica de uma sociedade de plena superação das desigualdades, como organização
social da liberdade.

c) Assim, pois, a opressão substitui a liberdade. A percepção da complexidade da


realidade latino-americana remete diretamente a uma compreensão da questão do
homem ao substituí-lo pela questão da tecnologia.

d) Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humanos engloba e unifica em um
mesmo momento histórico, atual, a reivindicação dos direitos pessoais.

e) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que marcou profundamente


nossas estruturas sociais, configurou o sistema político imprescindível para a
manutenção e reprodução dessa dependência.

DICAS: esse tipode questão exige a capacidade de seleção das informações básicas do
texto e de percepção dos elementos de coesão constitutivos do último período e sua
interligação com o parágrafo subseqüente; nesse caso, a opção que será marcada.

O texto trata dos direitos humanos – a realidade no contexto sócio- político e histórico
estrutural – processo de criação das sociedades; “as relações econômicas
internacionais entre países periféricos( a sua dependência) e países centrais”.

O gabarito assinala a altern. C.

Justificativa: o comando da questão pede “a opção que não estabelece uma


continuidade...” , a alternativa C inicia, estabelecendo relação de conclusão ( “Assim,
pois,a opressão...”) utilizando-se de elementos que não são citados no texto: opressão –
liberdade – tecnologia, caracterizando incoerência textual.Nas demais alternativas há
expressões que fazem menção às idéias do texto. Serão grifadas as palavras ou
expressões relacionadas ao texto:

*na altern.a)”... nessa parte do mundo...” (países periféricos),

* na altern.b)”... a questão dos Direitos tem significado político...” (parte inicial do


texto),

*na altern. d) “Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humano...”

* na altern.e)”... o sistema político imprescindível para a manutenção e reprodução


dessa dependência.” (tanto a letra d) quanto a e) fazem referência às informações
básicas do texto.

02. Assinale a opção em que, no texto, a expressão que antecede a barra não
retoma a idéia da segunda expressão que sucede a barra.
a) "realidade" (l.2) / " contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo" (l.2 e 3)

b) "deste processo" (l.6) / " Processo contraditório de criação das sociedades" (l.3 e 4)

c) "Este ponto de vista referencial" (l.11) / "idéias expressas no primeiro parágrafo.

d) "Neste contexto" (l.14) / discussão sobre os direitos humanos na América Latina.

e) "desta situação" (l.20) / relações econômicas internacionais entre países periféricos e


países centrais.

GABARITO:A

DICAS: essa questão é típica de coesão textual que trata dos elementos anafóricos-
aqueles que retomam um elemento referencial(anterior). O objetivo do comando é “a
expressão que antecede a barra não retoma a idéia da segunda expressão. Se se observar
com atenção, a palavra “realidade” da altern. a) vem citada antes, no texto, que a
expressão "contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo", portanto
corresponde ao que se pede. Daí, o gabarito apontar a altern a) como a indicada.

FIGURAS DE LINGUAGEM

São recursos que tornam mais expressivas as mensagens. Subdividem-se em figuras de


som, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de palavras.

Figuras de som

a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.


“Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”

b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.


“Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”

c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de


significados distintos.
“Eu que passo, penso e peço.”

Figuras de construção

a) elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.


“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de havia)

b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes.


Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro)

c) polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou


elementos do período.
“ E sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito (...)”

d) inversão: consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase.


“De tudo ficou um pouco.
Do meu medo. Do teu asco.”

e) silepse: consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se
subentende, com o que está implícito. A silepse pode ser:

• De gênero
Vossa Excelência está preocupado.

• De número
Os Lusíadas glorificou nossa literatura.

• De pessoa
“O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha
verde e mole que se derrete na boca.”

f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre


porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa.

g) pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.


“E rir meu riso e derramar meu pranto.”

h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.


“ Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”

Figuras de pensamento

a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem


pelo sentido.
“Os jardins têm vida e morte.”

b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se,


com isso, efeito crítico ou humorístico.
“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”

c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese,
procura-se suavizar alguma afirmação desagradável.
Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou)

d) hipérbole: trata-se de exagerar uma idéia com finalidade enfática.


Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede)
e) prosopopéia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos
que são próprios de seres animados.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

f) gradação ou clímax: é a apresentação de idéias em progressão ascendente (clímax) ou


descendente (anticlímax)
“Um coração chagado de desejos
Latejando, batendo, restrugindo.”

g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma coisa


personificada).
“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!”

Figuras de palavras

a) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com


base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A
metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica
subentendido.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”

b) metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja,


uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro
significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços
de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica
entre os termos. Observe:
Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa)

c) catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um


conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais
se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.
O pé da mesa estava quebrado.

d) antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o


identifique com facilidade:
...os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beatles)

e) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes


órgãos do sentido.
A luz crua da madrugada invadia meu quarto.

Vícios de linguagem

A gramática é um conjunto de regras que estabelece um determinado uso da língua,


denominado norma culta ou língua padrão. Acontece que as normas estabelecidas pela
gramática normativa nem sempre são obedecidas, em se tratando da linguagem escrita. 
O ato de desviar-se da norma padrão no intuito de alcançar uma maior expressividade,
refere-se às figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não conhecimento da
norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.

a) barbarismo: consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a


norma culta.
pesquiza (em vez de pesquisa)
prototipo (em vez de protótipo)

b) solecismo: consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática.


Fazem dois meses que ele não aparece. (em vez de faz ; desvio na sintaxe de
concordância)

c) ambiguidade ou anfibologia: trata-se de construir a frase de um modo tal que ela


apresente mais de um sentido.
O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda ou do suspeito?)

d) cacófato: consiste no mau som produzido pela junção de palavras.


Paguei cinco mil reais por cada.

e) pleonasmo vicioso:  consiste na repetição desnecessária de uma ideia. 


O pai ordenou que a menina entrasse para dentro imediatamente.
Observação: Quando o uso do pleonasmo se dá de modo enfático, este não é
considerado vicioso.

f) eco: trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.


O menino repetente mente alegremente.

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