Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Site: www.caifcom.com.br
Professora Orientadora:
Aluno:
Resumo: O presente estudo tem como objetivo verificar se Campos Morfogenéticos são
responsáveis pelo processo de fazer a Roda de Terapia Comunitária Integrativa rodar, a fim de
facilitar a condução das Rodas e aplicar a Metodologia, possibilitando que a TCI possa ocupar
outros espaços. Com base nas teorias de Carl Gustav Jung (Inconsciente Coletivo), Rupert
Sheldrake (Campos Morfogenéticos) e de Adalberto Barreto (Terapia Comunitária Integrativa),
investigou-se a ação dos campos morfogenéticos na realização da Roda de TCI, através de
análise qualitativa de 140 (cento e quarenta) depoimentos significativos de Rodas. A TCI,
alicerçada em seus pilares, configura-se numa terapia breve, de baixo custo, com alta taxa de
assertividade, capaz de aliviar a dor da alma das pessoas, torna-se no cenário apropriado à
convivência harmônica das Teorias da Psicologia Analítica de Jung e dos Campos
Morfogenéticos de Sheldtrake. O processo de cura da dor da alma já pode ter início na formação
de uma mandala com cadeiras, como se fosse um grande reset na psique adoecida. Através dos
depoimentos significativos analisados, foram encontradas evidências capazes de apontar a
influência dos Campos Morfogenéticos nas Rodas de TCI, possibilitando que a roda rode como
tem que rodar.
Abstract: The present study aims to verify if the Morphogenetic Fields are responsible for the
process of making an Integrated Community Therapy to wheels, in order to conducting the
Wheels and an application of the Methodology, allowing a TCI to be capable of occupying other
spaces.Based on the theories of: Carl Gustav Jung (Collective Unconscious), Rupert Sheldrake
(Morphogenetic Fields) and Adalberto Barreto (Integrative Community Therapy), was
investigated the action of morphogenetic fields in the execution of the TCI Wheel, through
qualitative analysis of 140 (one hundred and forty) significant testimonials from Wheels . The
TCI, anchored on its pillars, is set up in brief therapy, low-cost therapy with a high rate of
assertiveness, capable of alleviating the pain of people's souls. It is therefore in accordance with
theories of Jung's Theories of Analytical Psychology and Sheldtrake's Morphogenetic Fields.
The healing process of soul pain can already begin in the formation of a mandala with chairs, as
it were a significant reset in the sick psyche. Through the important statements analyzed, some
evidence, capable of showing the influence of Morphogenetic Fields on TCI Wheels, were
found, it allows the wheel to rotate as it has to rotate.
1
José Ubirajara de Castro, Pedagogo, Especialista em Orientação Educacional e Gestão Pública, Mestre Reiki,
Terapeuta Comunitário Integrativo, Aluno do Curso de Formação em Constelações Familiares Sistêmicas.
3
1. Introdução
Com base nas teorias de Carl Gustav Jung do Inconsciente Coletivo, de Rupert Sheldrake
dos Campos Morfogenéticos e de Adalberto Barreto da Terapia Comunitária Integrativa,
investigou-se a ação dos campos morfogenéticos na realização da Roda de TCI, através de
análise qualitativa de 140 (cento e quarenta) depoimentos significativos de Rodas, conduzidas
pelo terapeuta comunitário José Ubirajara de Castro, ABRATECOM nº 1414, em 25 (vinte e
cinco) locais, na região da grande Porto Alegre – RS, de outubro de 2017 a março de 2019 (com
base no site do CAIFCOM).
A busca pela resposta ao curumim que todos têm em si, encontra ressonância neste
escrito: “(...) despertou o índio que morava em mim e que a universidade queria senão banir,
pelo menos abafar.” (Adalberto Barreto, 2014), constatando de que há possibilidade da
convivência pacífica entre o saber científico e o saber popular.
2. Desenvolvimento
4
Segundo Barreto (2010), a TCI pode ser definida como um espaço comunitário onde o
ser busca partilhar as experiências de vida e os saberes da comunidade de forma horizontal e
circular (na Roda), onde cada pessoa torna-se terapeuta de si mesmo, com base na escuta de
lindas e, por vezes, doloridas histórias de vida e de superação ali relatadas. Num ambiente
acolhedor, como um colo de mãe, as pessoas se irmanam e tornam-se corresponsáveis na busca
de soluções e superações dos desafios do cotidiano.
ser o corpo físico como o corpo social, pois o ser reflete as desigualdades cada vez mais
acentuadas na sociedade brasileira, principalmente no atual cenário nacional.
Foi realizado um estudo de impacto nos anos de 2005 e 2006, através de um convênio
entre a UFCE, a Secretaria Nacional Antidrogas e o Projeto Quatro Varas, quando foram
6
capacitados cerca de 900 (novecentos) terapeutas comunitários com ênfase em álcool e outras
drogas. Foram distribuídos 12 (doze) mil questionários, objetivando descobrir quais os temas
mais frequentes, bem como as estratégias de enfrentamento aos mesmos. Após análise desses,
foi observado que 88,5% (oitenta e oito, vírgula cinco) dos problemas tiveram resolução nas
próprias rodas de terapia comunitária integrativa e que apenas 11,5% (onze, vírgula cinco) teve
necessidade de ser encaminhado para os especialistas nos postos de saúde, podendo ser
verificada a grande assertividade da TCI.
Conforme o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (2002), criador da psicologia analítica, o
inconsciente coletivo é constituído pelos materiais que foram herdados, nele residem os traços
funcionais, tais como imagens virtuais, que seriam comuns a todos os seres humanos. O
inconsciente coletivo também tem sido compreendido como a base de arquétipos cujas
influências se expandem para além da psiquê humana.
Segundo artigo do site Psicoativo (2018), para Jung, o objetivo da vida era ver a
individualização do self (aquilo que define a pessoa na sua individualidade e subjetividade, isto
é, a sua essência). Uma espécie de união da mente consciente e inconsciente de uma pessoa de
modo que seu original possa ser constituído, podendo ser capaz de integrar os opostos dentro de
si – as mentes consciente e inconsciente, possibilitando que o indivíduo se torne o que sempre
foi em potencial, para poder bem cumprir seu propósito original (sua missão). Este processo
pode ser comparado como uma viagem turbulenta.
Jung aponta para muitos mitos que mostram como seguir um caminho possível para
transcender a razão. O self pertence ao inconsciente pessoal e coletivo, enquanto o ego se
relaciona apenas à mente consciente. Os seres humanos são expressões de uma camada mais
profunda da consciência universal. Na busca da compreensão da singularidade de cada pessoa,
faz-se necessário ir além do ego pessoal, sendo possível o entendimento do funcionamento de
uma profunda sabedoria coletiva.
Os arquétipos são formas imateriais nas quais os fenômenos mentais tendem a se moldar,
primeiramente no sonho e em seguida, nas construções das personalidades. Eles possibilitam a
expressão do inconsciente coletivo, sendo formas-pensamentos universais ou imagens mentais
capazes de influenciar sentimentos e ações do sujeito. Um recém-nascido não é uma tábula rasa,
uma folha em branco, mas vem pronto para perceber certos padrões e símbolos arquetípicos.
7
Neste aspecto, explica-se o motivo das crianças fantasiarem tanto. Logo, Jung sugere que as
mesmas não tinham experiência suficiente da realidade para cancelar a satisfação de imagens
arquetípicas da sua mente.
Em sua obra, Jung destacou uma série de arquétipos, incluindo a anima, a mãe, a sombra,
a criança, o velho sábio, os espíritos dos contos de fadas, a figura do malandro encontrado em
mitos e histórias, a mandala de cura. Para o presente estudo, serão enfocadas apenas as
mandalas, imagens estampadas abstratas, cujo nome em sânscrito significa círculo. Quando um
sujeito desenha ou pinta uma mandala, inclinações ou desejos inconscientes estão expressos em
seus padrões, símbolos e formas. Estas têm a possibilidade de redução da confusão na psique
instantaneamente, como se tivessem um efeito mágico, conforme pode ser verificado por Jung
em sua prática terapêutica. Pelas características do inconsciente, este é um reino livre. Logo, o
que tenha sido escondido, colocado de lado, tirado do alcance da consciência, chega à superfície.
Através de forma de ovais, um sol, uma estrela, algum animal, construções, faces, olhos, etc,
que venham sem nenhum motivo aparente, na verdade, refletem ou extraem processos que estão
acontecendo nas profundezas do pensamento consciente de uma pessoa. Quando Jung se tornou
um estudioso capaz de interpretar os significados das imagens, percebeu que estas marcavam o
início da cura psicológica, ou seja, um grande passo no processo de individuação.
A respeito da comunidade científica, Jung (2002) afirma: - “O céu tornou-se para nós o
espaço cósmico dos físicos (…) ‘mas o coração brilha’, e uma agitação em segredo corrói as
raízes de nosso ser”. O sujeito moderno vive com um imenso hiato espiritual, outrora
preenchido pela mitologia ou pela religião. Faz-se necessária uma psicologia renovada, que
possa reconhecer a psique e suas nuances e seja capaz de ajudar o ser a encontrar a paz.
Os campos mórficos podem ser entendidos como: laços afetivos entre pessoas, grupos
de animais (como bandos de pássaros, cães, gatos, peixes) e entre pessoas e animais. Não é algo
fisiológico, mas se insere em outro aspecto - o afetivo. São afinidades que surgem entre os
animais e as pessoas com quem eles convivem, as quais são responsáveis pela comunicação.
Segundo Hoffmann (2005), para Sheldrake a natureza tem memória, portanto, suas leis
são como hábitos sob a influência da seleção natural e da ressonância mórfica. A exemplo, em
uma floresta de coníferas, é gerado o hábito de estender as raízes mais profundamente para
absorver mais nutrientes. O campo morfogenético da conífera assimila e armazena esta
informação que é herdada não só por exemplares no seu entorno, mas em florestas de coníferas
em todo o planeta por efeitos da ressonância mórfica, bem como trazem influências de gerações
anteriores desta espécie.
Na prática, a influência dos campos morfogenéticos pode ser verificada quando um cão
demonstra saber quando seu dono vai chegar em casa. Independente do horário, começa a dar
sinal da sua aproximação antes da chegada do mesmo, como se fosse avisado por um sistema
imperceptível.
Neste cenário, a roda de TCI configura-se num ambiente propício para a cura das dores
da alma de uma pessoa, assumindo a disposição de cadeiras colocadas em círculo uma dimensão
muito maior do que apenas oportunizar que todos se olhem com facilidade. Portanto, a cura já
pode ter início na formação de uma mandala com cadeiras, como se fosse um grande reset na
psique adoecida.
10
2.5 Metodologia
O presente trabalho configura-se, segundo Minayo (2001), como qualitativo por buscar
responder uma questão muito particular, com um nível de realidade que não pode ser
quantificado, encontrada num cenário muito singular, não podendo ser reduzida à
operacionalização de variáveis.
O público das rodas em tela foi bem diversificado, com idade entre 12 (doze) e 77
(setenta e sete) anos, distribuídos da seguinte forma: alunos do curso de formação de TCI, jovens
em vulnerabilidade social, equipes de saúde da família, pessoas em situação de rua, usuários do
serviço de saúde mental, alunos do ensino fundamental de escola pública, participantes da
pastoral da mulher, participantes de grupo de jovens cristão, internos em comunidade terapêutica
para recuperação de dependência química, familiares de internos em comunidade terapêutica
para recuperação de dependência química, moradores de instituição de longa permanência para
idosos, funcionários da justiça federal, estudantes universitários, membros da Ordem dos
Advogados do Brasil e usuários do serviço de saúde da Força Aérea Brasileira.
significativo a seguir, expressa que este anseio se faz presente nas Rodas de TCI: - “Nasci, vivo
e morrerei me conhecendo. Sinto necessidade da busca de um olhar holístico para o tudo que
me cerca. É necessário vencer meu lado sombra e me conectar com a amorosidade - pulsão de
vida”. (Porto Alegre, 10/03/2018).
“Os campos mórficos também ligam partes de um sistema que parecem ser separados,
embora ninguém saiba ainda como estão relacionados à não-localidade quântica. Esses
campos são a base das interligações não apenas no espaço como também no tempo”.
(Sheldrake, 1999). A capacidade dos campos mórficos de serem aglutinadores de partes, que
podem até parecer totalmente desconexas, pode ser vista na afirmação: - “Impressionante, pois
o tema escolhido hoje tem tudo a ver com a homilia do Bispo na missa de ontem, onde minha
força está alicerçada em minha fé, sinto que esta Roda foi na medida certa para mim”. (Canoas,
11/02/2019).
“Indivíduos podem ser separados de tal maneira que não consigam se comunicar
através de meios sensoriais normais. Se a informação ainda assim puder ser transferida entre
um e outro, isso sugeriria a existência de elos ou interligações do tipo proporcionado por
campos mórficos”. (Sheldrake, 1999). Fundamentado na ação dos campos morfogenéticos, foi
possível um participante de uma Roda ter insights antes mesmo da ocorrência da mesma,
conforme pode ser verificado: “Percebi que esta Roda já começou ontem, pois pensei em coisas
que hoje vocês comentaram aqui, o melhor com estratégias de enfrentamento que nunca tinha
pensado”. (Canoas, 21/01/2019).
Para Sheldrak (1999), o desenvolvimento dos seres vivos pode ser entendido como
moldado por campos organizadores invisíveis, os quais são compostos de hábitos ancestrais. Por
meio desses campos, hábitos adquiridos podem ser herdados e espalhados rapidamente, como
resultado da ressonância mórfica como se dependessem apenas da transferência de genes
12
mutantes dos pais para os filhos. Fato que pode ser percebido na seguinte fala: - “Ao abandonar
velhas ideias, foi como trocar as lentes dos meus óculos, pois passei a ver o mundo com outros
matizes. Esta roda foi na medida certa para mim, estou saindo daqui aliviada, as lágrimas
foram libertadoras”. (Gravataí, 29/01/2019).
Para Sheldrake (1999), para se entender que a orientação animal, afetos a migração e da
capacidade de encontrar o caminho de casa, está intimamente dependente da existência de
campos invisíveis, na verdade elásticos invisíveis, que os ligam aos seus destinos. O ser humano
também está sujeito à ação deste campo invisível, o qual, no cotidiano, o liga a algo que lhe se
seja necessário, como pode ser observado no depoimento a seguir: - “Passei um final de semana
complicado, estava muito triste, ao escutar a fala de vocês, tomei uma injeção de ânimo, estou
outra pessoa, eu realmente precisava muito vir aqui hoje”. (Canoas, 25/03/2019).
A importância da ação das pessoas pode ser verificada em: - "A ressonância mórfica
tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou mau. Por isso, cada um de nós é
mais responsável do que imagina. Pois nossas ações podem influenciar os outros e serem
repetidas". (Sheldrake, apud Galileu, 2018). A prática de terapia comunitária integrativa é capaz
de transformar a vida das pessoas, de uma maneira extremamente abrangente: - “Esta
experiência de hoje me mostrou que a roda de TCI é para mim um amor incondicional da
comunidade, um colo de mãe, um bálsamo para minha alma”. (Canoas, 18/02/19).
3. Conclusão
A prosa, estabelecida entre Jung, Sheldrake e Adalberto Barreto neste artigo, indica a
possibilidade de uma amigável relação entre as teorias do Inconsciente Coletivo e dos Campos
Morfogenéticos, que, através da Ressonância Mórfica, propaga o conteúdo do primeiro, onde as
Rodas de Terapia Comunitária Integrativa podem ser o campo para a observação desta
associação. A TCI, alicerçada em seus pilares, configura-se numa terapia breve, de baixo custo,
13
com alta taxa de assertividade, capaz de aliviar a dor da alma das pessoas, configura-se no
cenário apropriado à convivência harmônica das teorias da Psicologia Analítica e dos Campos
Morfogenéticos. O processo de cura da dor da alma já pode ter início na formação de uma
mandala com cadeiras, como se fosse um grande reset na psique adoecida.
Faz-se necessário estar de corpo, alma e coração, bem como fundamentado nos pilares
da TCI e norteado pelo protocolo da metodologia, em todas as rodas para fazer com que a “roda
rode”, pois cada uma é única, tem o seu ritmo e vibração, que independe do querer das pessoas
envolvidas. No final tudo sempre dá certo, ou seja, acontece como tem que ser e, com isso, a
grande Roda da Vida vai rodando, exatamente, da maneira como deve ser.
Constatar as forças que fazem com que a “Roda Rode” não só tranquiliza a práxis de um
curumim curioso e sonhador, mas também o deixa com mais vontade de alçar outros voos na
senda do conhecimento, a fim de capacitá-lo mais e melhor para continuar vivendo maravilhosas
Rodas.
14
4. Referências