Você está na página 1de 9

Polo Presencial Disciplina: Legislação Civil e Empresarial

Ibiá
Professor: Diego Marlon

PESSOA JURÍDICA

 Conceito

Relembrando o conceito do primeiro artigo do Código Civil, objeto do presente


estudo, a referencia de “Pessoa” engloba as pessoas jurídicas, capazes de adquirirem direitos e
contrair obrigações, caráter autônomo de personalidade, foi criada para que fosse possível
oferecer segurança jurídica nas relações civil.

Na visão de FIGUEIREDO (2019, p.173), “pessoa jurídica é a soma de esforços


humanos (corporação) ou patrimoniais (fundação), tendente a uma finalidade lícita, específica
e constituída na forma da lei”.

As pessoas jurídicas não se confundem com seus membros, sendo essa regra inerente a
própria concepção da pessoa jurídica. Assim, um negócio jurídico realizado na sua pessoa,
será ela responsável e não o a pessoa natural que impulsionou o negócio, podendo
futuramente fazer valer o direito de regresso.1

Destaco o fato de que nem sempre quem possui um CNPJ pressupõe a existência de
uma pessoa jurídica, lembrando que há a existência do empresário individual, pessoa física,
que também dota de CNPJ.

Assim, pessoas jurídicas são um conjunto de membros ou de bens que tem como
objetivo o exercício específico.

 Surgimento da Pessoa Jurídica

Nos termos do Artigo 45 do Código Civil: “Começa a existência legal das pessoas
jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro,
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do poder executivo, averbando-se
no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo”. Ainda segundo o artigo em
tela, agora no seu parágrafo único, “Decai em três anos o direito de anular a constituição das
pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da
publicação de sua inscrição no registro”,

1
Direito de Regresso é o direito de ser ressarcido de um prejuízo causado por terceiro em juízo.
Legislação Civil e Empresarial 2
Pessoa Jurídica

O que se leva ao registro são os atos constitutivos das pessoas jurídicas, os quais se
dividem em: (i) Estatuto – destinado às fundações de direito privado, associações civil,
cooperativas e sociedade anônimas, (ii) Contrato Social – utilizado pelas sociedades em geral,
como regra.

Há casos, ainda, em que após o registro será necessária a apresentação dos atos
constitutivos em outro órgãos, para fins de cadastro e reconhecimento, a exemplo dos Partidos
Políticos (art. 17, § 2º, da CF/88), que demandam registro também no Tribunal Superior
Eleitoral.

Desprovido de registro, não passa a pessoa jurídica de um ente despersonalizado, uma


mera sociedade de fato ou irregular. Por analogia, seria um nascituro, que já foi concebido,
mas só adquirirá personalidade depois do nascimento com vida – no caso da pessoa jurídica,
quando do registro.

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as
alterações por que passar o ato constitutivo.

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas
jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da
publicação de sua inscrição no registro.

 Requisitos do Ato Constitutivo

Art. 46. O registro declarará:


I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando
houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio,
nesse caso.

Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Campus Patrocínio/MG - Polo Ibiá/MG


Professor Diego Marlon Assunção – E-mail: diegocartorioibia@hotmail.com
Legislação Civil e Empresarial 3
Pessoa Jurídica

 Pessoa Jurídica de Direito Público e Direito Privado

Conforme o Artigo 40 do CC/02, as Pessoas Jurídicas são divididas em Pessoas


jurídicas de Direito Público e Pessoas Jurídicas de Direito Privado, tendo como objetivo
oferecer, dependendo da finalidade, o melhor enquadramento para prestação funcional do
exercício.

As Pessoas Jurídicas de Direito Público são subdividas em Internas e Externas, sendo


as Pessoas Jurídicas de Direito Público Internas os entes Federativos, as autarquias,
associações públicas e demais entidades de caráter publico criadas por lei.

Os Entes federativos são a União, Estados, Distrito Federal e os Munícipios, entes com
características de jurídicas, possuem personalidade jurídica passíveis de obrigações e
reservados seus direitos. Os entes federativos, como as pessoas naturais, realizam
negociações, assumem obrigações, são responsabilizadas juridicamente caso não cumpram
com seus deveres. A título de exemplo segue me Anexo o registro do Município de Ibiá/MG.

Já as Autarquias2 e as empresas públicas, são empresas que indiretamente sofre


influem do governo, prestam serviço aos cidadãos sob fiscalização e diretrizes do Estado tem
como finalidade a prática de uma Ato e um fim específico. A títulos de Exemplos podemos
citar a Agência do INSS o IBAMA ou como exemplo de empresas públicas a Ordem dos
Advogados do Brasil ou o Conselho Federal de Contabilidade.

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:

I - a União;

II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III - os Municípios;

IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;

V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha
dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste
Código.

2
Autarquias: são órgãos que integram a administração indireta, criadas por meio de lei com a finalidade de
executar uma atribuição específica. Ex. Agência do INSS, IBAMA etc.

Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Campus Patrocínio/MG - Polo Ibiá/MG


Professor Diego Marlon Assunção – E-mail: diegocartorioibia@hotmail.com
Legislação Civil e Empresarial 4
Pessoa Jurídica

As Pessoas Jurídicas de Direito Externo são os Estados estrangeiros e todas as pessoas


protegidas pelo direito internacional público.

Já as Pessoas Jurídicas Privadas, elencadas no Artigo 44 do CC/02, já possuem outras


finalidades, distanciando a influência do Estado, mas diante de sua supervisão.

O artigo 44 do Código Civil faz referência como Pessoa Jurídica de Direito Privado as
Associações, Fundações, as organizações religiosas, os partidos políticos, as empresas
individuais de responsabilidade limitada.

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações;

II - as sociedades;

III - as fundações.

IV - as organizações religiosas;

V - os partidos políticos.

VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.

§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o


funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público
negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários
ao seu funcionamento.

§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se


subsidiariamente às sociedades que são objeto do

§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o


disposto em lei específica.

 Das Associações

Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Campus Patrocínio/MG - Polo Ibiá/MG


Professor Diego Marlon Assunção – E-mail: diegocartorioibia@hotmail.com
Legislação Civil e Empresarial 5
Pessoa Jurídica

As Associações são entidades de direito privado, formadas pela união de indivíduos


com o propósito de realizar atividades com fins não econômicos, organizados mediante
estatutos.

É possível que uma associação tenha renda, gere lucro. Entretanto, o que a legislação
proíbe é a repartição desta renda, que somente poderá ser utilizada de modo revertido à
própria finalidade ideal da associação. Justo por isso é plenamente possível que a associação
desenvolva atividade produtiva, desde que não haja finalidade lucrativa.

Logo, não há vedação ao lucro das associações. Elas podem, e devem, dar lucro. O
que não pode ser feito, todavia, é a repartição de lucros entre associados. Os valores porém,
servem para custear remunerações de empregados, prestadores, aluguel de espaço, compra de
maquinários etc.

A Associação organiza-se mediante estatuto, o qual há de conter, sob pena de


nulidade, todos os requisitos e elementos referidos no art. 54 do Código Civil, quais sejam:

I- A denominação, os fins e a sede da associação;


II- Os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III- Os direitos e deveres dos associados;
IV- As fontes de recursos para sua manutenção;
V- O modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;
VI- As condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução;
VII- A forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.

A Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73, art. 114, inciso I), exige que o ato
constitutivo da aludida associação – ou seja, seu estatuto – seja levado ao registro no
cartório das pessoas jurídicas. Como já sabemos, a teor da teoria da realidade técnica
prevista no art. 45 do Código Civil, a existência da pessoa jurídica se dá apenas mediante seu
registro.

Na associação não á sócios e sim associados. Estes não possuem relação jurídica entre
si. Como visto, não há de se falar em direitos e deveres entre associados.

A Associação é formada por um: I) Conselho deliberativo; II) um conselho fiscal; III)
uma presidência; e IV) a assembleia geral de associados.

Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Campus Patrocínio/MG - Polo Ibiá/MG


Professor Diego Marlon Assunção – E-mail: diegocartorioibia@hotmail.com
Legislação Civil e Empresarial 6
Pessoa Jurídica

 Das Sociedades
São pessoas jurídicas de direito privado, formadas pela união de indivíduos, que se
organizam por meio de um contrato social, visando à partilha lucros. A finalidade lucrativa é o
principal traço distintivo para as associações.
As sociedades se divide em simples e empresárias e para distingui-las é necessário analisar
dois critérios:
a) Local do Registro;
b) Atividade Exercida.

Sociedade Simples, são as pessoas jurídicas que embora persigam proveito


econômico, não empreendem atividade empresarial, prestando serviços, usualmente técnicos
ou científicos. Devem ser identificadas pelo critério da exclusão, ou seja, são todas as demais
pessoas jurídicas que não sejam sociedades empresariais. São registradas em Cartório de
Registro das Pessoas Jurídicas, na forma do art. 121 da Lei de Registros Públicos (Lei
6.015/77) e do art. 998 do Código Civil. Exemplo: Médicos que unem para formar uma
clínica, sociedade de dentistas, advogados, contadores etc.

Sociedade Empresariais, objetiva o exercício de atividade própria de empresário, ou


seja: atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços
(art. 966 do CC).Tais sociedades são registradas no Registro Público de Empresas (Junta
Comercial).

Uma questão importante que deve ser analisada nas Sociedades Empresariais é a
confusão entre as relações empresariais e matrimoniais. Levando em consideração que um
sócio é casado sob o regime de comunhão universal de bens, o produtos da empresa também é
da esposa e indiretamente ela detém, em função do regime matrimonial, a propriedade de 50%
dos bens que o marido é proprietário na empresa.

 Fundações

Inicialmente, é importante advertir que a disciplina legal das fundações sofreu fortes
mudanças em decorrência do advento da Lei Federal nº 13.151/15. A título de exemplo,
observe que as fundações agora, de acordo com o texto de lei, poderão ter finalidade de
assistência social, cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico, educação,
saúde, segurança alimentar e nutricional, defesa, preservação e conservação do meio

Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Campus Patrocínio/MG - Polo Ibiá/MG


Professor Diego Marlon Assunção – E-mail: diegocartorioibia@hotmail.com
Legislação Civil e Empresarial 7
Pessoa Jurídica

ambiente, promoção do desenvolvimento sustentável, pesquisa científica, desenvolvimento de


tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgarão de
informações e conhecimentos técnicos e científicos, promoção da ética, da cidadania, da
democracia, dos direitos humanos e finalmente, atividades religiosas.

Os arts. 62 a 69 do Código Civil disciplinam as fundações privadas, sua organização,


instituição e fiscalização pelo Ministério Público Estadual. Curioso também atentar sobre a
existência de uma regra específica de transição para as fundações, prevista nos arts. 2.031 e
2.032 do Código Civil. A Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73), em seu artigo 114, inciso
I, prevê que as fundações privadas, como assim as associações, devem ser registradas no
registro civil das pessoas jurídicas.

o Da Instituição

A teor do art. 62 do Código Civil “Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por
escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando a fim a que se
destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

Interfere-se, assim, que a instituição em vida, necessariamente, será por escritura


pública, enquanto a mortis causa será mediante testamento, podendo ser público ou particular.

 Empresas Individuais de Responsabilidade LTDA

Com o advento da Lei Federal 12.441/2011, passou a ser previsto no Código Civil
Brasileiro a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), na forma dos art. 44
e 980-A. Na visão de Fávio Tartuce (2019, p. 900) “tais entidade não constituem sociedades
na sua formação, pelo fato de serem constituídas apenas por uma pessoa”.

A matéria é tratada pelo Direito Empresarial, conteúdo que será estuda a frente, mas
que merece considerações importantes para melhor compreensão em nosso estudo.

De qualquer modo, o Conselho da Justiça Federal já se manifestou sobre a EIRELI,


apresentado à comunidade jurídica seis enunciados em jornada de Direito Civil, a quinta,
publicada em dezembro de 2011, a saber:

a) A empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser constituída por


pessoa natural (Enunciado 468);

Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Campus Patrocínio/MG - Polo Ibiá/MG


Professor Diego Marlon Assunção – E-mail: diegocartorioibia@hotmail.com
Legislação Civil e Empresarial 8
Pessoa Jurídica

b) A empresa individual de responsabilidade limitada não é sociedade, mas novo ente


jurídico personificado (Enunciado 469);
c) O patrimônio da empresa individual de responsabilidade limitada responderá pelas
dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o patrimônio da pessoa natural
que a constitui, sem prejuízo da aplicação do instituo da desconsideração d
personalidade jurídica (Enunciado 470);
d) Os Atos constitutivos da empresa individual de responsabilidade limitada devem ser
arquivados no registro competente para fins de aquisição de personalidade jurídica. A
falta de arquivamento ou de registro de alterações dos atos constitutivos configura
irregularidade superveniente. (Enunciado 471);
e) É inadequada a utilização da expressão “social” para empresas individuais de
responsabilidade limitada (Enunciado 472).

O fato é que o Código Civil passou a chamar de pessoa jurídica (art. 44, VI) as
empresas individuais de responsabilidade limitada que, a teor do art. 980-A será constituída
“por uma única pessoa” titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado e que
“não será inferior a cem vezes o maior salário mínimo vigente no país”.

Ademais, as regras das sociedades limitadas serão aplicadas, no que couber, às


empresas individuais, pois é isso o que determina o Código Civil, não se aplicando, contudo,
a EIRELI para os casos de sócio remanescente, mesmo na hipótese de concentração de todas
as cotas sociais, como adverte o art. 1033, parágrafo único, do Código Civil, observando o
disposto nos arts. 1.113 a 1.115 do mesmo Diploma.

Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Campus Patrocínio/MG - Polo Ibiá/MG


Professor Diego Marlon Assunção – E-mail: diegocartorioibia@hotmail.com
Legislação Civil e Empresarial 9
Pessoa Jurídica

ANEXO

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

CADASTRO NACIONAL DA PESSOA JURÍDICA

NÚMERO DE INSCRIÇÃO COMPROVANTE DE INSCRIÇÃO E DE SITUAÇÃO DATA DE ABERTURA


18.584.961/0001-56 CADASTRAL 30/12/1974
MATRIZ

NOME EMPRESARIAL
MUNICIPIO DE IBIA

TÍTULO DO ESTABELECIMENTO (NOME DE FANTASIA) PORTE


IBIA GABINETE PREFEITO DEMAIS

CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA PRINCIPAL


84.11-6-00 - Administração pública em geral

CÓDIGO E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS SECUNDÁRIAS


Não informada

CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA


124-4 - Município

LOGRADOURO NÚMERO COMPLEMENTO


AV TANCREDO NEVES 663

CEP BAIRRO/DISTRITO MUNICÍPIO UF


38.950-000 CENTRO IBIA MG

ENDEREÇO ELETRÔNICO TELEFONE

ENTE FEDERATIVO RESPONSÁVEL (EFR)


MUNICÍPIO DE IBIA

SITUAÇÃO CADASTRAL DATA DA SITUAÇÃO CADASTRAL


ATIVA 22/10/2005

MOTIVO DE SITUAÇÃO CADASTRAL

SITUAÇÃO ESPECIAL DATA DA SITUAÇÃO ESPECIAL


******** ********

Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Campus Patrocínio/MG - Polo Ibiá/MG


Professor Diego Marlon Assunção – E-mail: diegocartorioibia@hotmail.com

Você também pode gostar