Necessidades de conforto do doente idoso crónico em contexto hospitalar

Autores

Patrícia Cruz Pontífice Sousa Valente Ribeiro*, Maria Arminda Mendes Costa

Apresentadores

Patrícia Cruz Pontífice Sousa Valente Ribeiro*

Introdução: O conforto, aparece na profissão de Enfermagem como foco de intenção da prática de cuidados,
acção/intervenção de cuidar e necessidade humana básica(Nightingale,1969; Morse, 1983;Kolcaba, 2003;). Os
cuidados de enfermagem centram-se nas pessoas, cujas necessidades não são satisfeitas por causa da doença,
podendo ser agravadas em situações de internamento, mas só ganharão o verdadeiro sentido, quando forem
revestidos de um carácter intencional, reflectido e guiado pelo conhecimento das necessidades/desejos de
conforto das pessoas (Kolcaba, 2003; Mary e Wilby, 2005; Silva,2006).
Objectivos: Perceber e atender as necessidades de conforto do doente idoso crónico que vive uma situação de
internamento leva-nos a uma melhor compreensão do fenómeno do conforto da pessoa idosa hospitalizada,
considerando-a como um ser fragilizado, com especificidades decorrentes do envelhecimento, merecendo ser
estudada enquanto grupo diferenciado. Assim foi objectivo: identificar as necessidades de conforto do doente
idoso crónico hospitalizado, no contexto cultural de um serviço de medicina.
Metodologia: Trata-se de um estudo de natureza descritiva de abordagem qualitativa - orientado pelo método
etnográfico. Realizaram-se entrevistas semi-estruturadas, audio-gravadas e submetidas a análise de conteúdo
(Huberman e Miles 1991), a 15 doentes, intencionalmente escolhidos, internados num serviço de Medicina de um
Hospital Central de Lisboa e fez-se observação participante de modo a compreender as vivências situacionais,
(Spradley, 1980), com base em guiões previamente estruturados.A observação aconteceu durante os meses de
Janeiro a Outubro de 2010 e as entrevistas durante os meses de Setembro de 2010 a Fevereiro de 2011.
Resultados: A maioria dos doentes era do sexo feminino (73,3%) com idades compreendidas entre 65 e 88. A
escolariedade variava entre 4 e 12 anos, e todos referiram ser católicos. Em relação ao estado civil, 8 eram
casados, 4 solteiros e 3 viúvos, sendo que 2 residiam sozinhos, 1 vivia num Lar, e os restantes moravam com
seus cônjuges e filhos. Todos os entrevistados referiram ter mais que um internamento nesse serviço, sendo
que 6 apresentam polipatologias. Da análise, emergiram algumas necessidades de conforto dos doentes idosos
crónicos hospitalizados enquadradas em 5 grandes temas: Necessidades relacionadas com o processo de
doença (dor,desconforto,respiração tranquila), com a situação de hospitalização (ambiente, alimentação,
privacidade fisica, individualidade/privacidade territorial); com atitudes dos semelhantes, familiares e amigos
(presença), atitude em relação a si mesmo e à vida (sentimentos e emoções, autonomia, apoio espiritual,
promoção da esperança, ter controle), atitudes da equipa de saúde (dar informação/esclarecimento, estar com,
conversa, carinho,massagens corporais).
Conclusões: Neste estudo, as necessidades de conforto situam-se na “sombra― do desconforto,
relacionando-se a diferentes experiências/manifestações de desconforto em momentos particulares e
modos/formas de as aliviar. Reconhecidas como uma dimensão importante do cuidado, constituem elementos
para alcançar o conforto, caracterizando-se pela satisfação, possibilidade e expectativa, de se poder obter o
desejado em qualquer momento, mediante acções e intenções de várias pessoas. Os resultados justificam a
necessidade de uma conceptualização holística do conforto, o reconhecimento da individualidade do sofrimento
da pessoa humana, e uma avaliação específica das necessidades de conforto para uma intervenção de
enfermagem holística e abrangente.
Palavras Chave: Necessidades de conforto, doente idoso crónico, hospitalização, manifestações de desconforto,
individualidade do sofrimento, metodologia qualitativa.

* Universidade Católica Portuguesa, Instituto de Ciências da Saúde [patriciapontificesousa@gmail.com]