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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE DE TETE


CURSO DE LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

AVALIAÇÃO DE NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS UTENTES EM RELAÇÃO A


DIETA HOSPITALAR OFERECIDA NA MEDICINA II DO HOSPITAL
PROVINCIAL DE TETE, 2022-2023

Yolanda

Tete, 2023
Yolanda

AVALIAÇÃO DE NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS UTENTES EM RELAÇÃO A


DIETA HOSPITALAR OFERECIDA NA MEDICINA II DO HOSPITAL
PROVINCIAL DE TETE, 2022-2023

Protocolo apresentado a Universidade Zambeze-


Faculdade de Ciências de Saúde com requisito
Parcial para obtenção do grau académico de
Licenciatura em Nutrição, sob orientação do: Phd.
Rito Pereira

Tete, 2023
Índice

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO..................................................................................................1

1.1. Contextualização..................................................................................................................1

1.2. Delimitação do Tema...........................................................................................................2

1.3. Problematização...................................................................................................................2

1.4. Objectivos............................................................................................................................3

1.4.1. Geral..................................................................................................................................3

1.4.2. Específicos........................................................................................................................3

1.5. Questões de Pesquisa...........................................................................................................4

1.6. Justificativa..........................................................................................................................4

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................5

2.1. Definição de Conceito..........................................................................................................5

2.1.1 Alimentação.......................................................................................................................5

2.1.2. Nutrição.............................................................................................................................5

2.1.3. Dieta Alimentar.................................................................................................................5

2.1.3.1. Dieta Hospitalar.............................................................................................................6

2.1.1.1. Tipos de Dietas Hospitalares.........................................................................................7

2.2. Aspectos Preponderantes da Dieta Hospitalar nos Serviços de Saúde................................9

CAPÍTULO III: METODOLOGIA DA PESQUISA...............................................................11

3.1. Tipo de Pesquisa................................................................................................................11

3.1.1. Quanto ao objectivo........................................................................................................11


3.1.2. Quanto à Abordagem......................................................................................................11

3.1.3. Quanto ao Procedimento.................................................................................................11

3.2. Método de Pesquisa...........................................................................................................12

3.2.1. Método de Abordagem...................................................................................................12

3.2.2. Método de Procedimento................................................................................................12

3.3. Técnica e Instrumento de Recolha de Dados.....................................................................12

3.3.1. Entrevista........................................................................................................................12

3.3.2. Observação Sistemática..................................................................................................13

3.4. Participantes do Estudo......................................................................................................13

3.5. Técnicas de Análise de Dados...........................................................................................14

4. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES E ORÇAMENTO..................................................15

4.1. Cronograma de Actividades...............................................................................................15

4.2. Orçamento..........................................................................................................................15

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................16
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

O acto de se alimentar é parte da identidade dos seres humanos que é construída nas relações
sociais e possui vários significados simbólicos que demonstram as relações entre as pessoas e
o ambiente em que vivem e que geralmente é o oposto daquele experimentado no ambiente
intra-hospitalar por determinado período.

A comida de hospital comummente é alvo de críticas, pois é percebida pelos pacientes e pela
população em geral como insossa, sem gosto, fria e cheia de restrições (Coloço; Holanda;
Porteromclellan, 2009). Entretanto, por restrições económicas algumas unidades hospitalares
vêm diminuindo os gastos com a aquisição de alimentos, e a utilização de técnicas
gastronómicas poderá ser uma alternativa para melhorar os aspectos sensoriais das refeições e
reduzir os custos pela diminuição do desperdício alimentar.

A preocupação com indicadores do estado nutricional do indivíduo hospitalizado tem sido


crescente, uma vez que a desnutrição intra-hospitalar continua sendo a causa mais frequente
do aumento da morbimortalidade na internação. Garcia (2006) argumenta que, entre os
factores causais atribuídos à desnutrição hospitalar, a alimentação é considerada um factor
circunstancial em razão das mudanças alimentares, troca de hábitos e horários alimentares

Os hospitais são estruturas complexas e dispendiosas, que têm sido alvo de reflexão para se
adequarem a novas demandas. Definida por prover leitos, alimentação e cuidados de
enfermagem constantes, circunscritos numa terapia médica, a instituição hospitalar tem por
objectivo recuperar a saúde do paciente.

Poulain (1990) consideram que um alimento, para ser capaz de manter a vida, não deve ter
somente qualidades nutricionais, expressas pelas quantidades de glicínios, lipídeos, proteínas,
vitaminas e minerais. É necessário que ele seja conhecido e/ou aceito pelo indivíduo e pelo
grupo social, e que a alimentação apresente quatro funções essenciais: nutricional, higiénica,
hedónica e convivial. Assim, aspectos como o gosto, a cor, a forma, o aroma e a textura, além
da temperatura das refeições, o horário de distribuição, o ambiente onde se dá a refeição,
dentre outros elementos, são componentes que precisam ser considerados na abordagem
nutricional

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1.2. Delimitação do Tema

O estudo será efectuado tendo como base o seguinte tema: Avaliação do Nível de Satisfação
dos Utentes em Relação a Dieta Hospitalar Oferecida na Medicina II do Hospital
Provincial de Tete, 2022-2023. Far-se-á um estudo profundo e exaustivo de modo a avaliar o
nível de satisfação dos utentes em relação ao cumprimento da dieta hospitalar para os
internados.

A escolha do Hospital Provincial de Tete como sendo o nosso campo de estudo deve-se
especificamente por ser a unidade hospital maior a nível da província e recebe vários
indivíduos de diferentes cantos da província. A escolha de 2022 à 2023 como balizas
cronológicas deve-se pelo facto de ser a época que a pesquisadora tomou conhecimento sobre
a existência do problema e procurará de se deslocar para apurar a veracidade dos factos.

1.3. Problematização

Segundo Carvalho, Luz e Prado (2011), a nutrição deve ser uma intervenção obrigatória,
adequada e individualizada para que haja uma melhoria na sintomatologia e redução da
morbidade e mortalidade, pois muitos pacientes vêem sua estadia em hospital com olhos ruins
e detém de certo preconceito quanto à alimentação servida, a qual é tida como de baixa
qualidade.

A incidência de desnutrição em cuidados hospitalares está entre 10 – 60 %. Além disso, existe


também uma proporção notável de doentes hospitalizados em risco nutricional, que pioram o
seu estado no período de internamento, ficando desnutridos (Tsaousi et al., 2014; Huang et
al., 2014).

Um grande número de pacientes hospitalizados apresenta estado nutricional inadequado,


decorrente da malnutrição pré-hospitalar, que pode agravar-se no período de internamento.
Uma das principais causas da malnutrição e agravamento do estado nutricional dos pacientes,
que se verifica em meio hospitalar, é o facto de as refeições oferecidas nestas instituições
serem muitas vezes rejeitadas pelos pacientes, que consequentemente ficam muitos dias com
uma deficiente ingestão energética e nutricional (Coloço, Holanda e Portero, 2009).

A dieta hospitalar é importante por garantir o aporte de nutrientes ao paciente internado e,


assim, preservar seu estado nutricional, pelo seu papel co-terapêutico em doenças crónicas e
agudas e também por ser uma prática que desempenha um papel relevante na experiência de

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internação, uma vez que, atendendo a atributos psicossensoriais e simbólicos de
reconhecimento individual e colectivo, pode atenuar o sofrimento gerado por esse período em
que o sujeito está separado de suas actividades e papéis desempenhados na família, na
comunidade e nas relações de trabalho e encontra-se ansioso dado o próprio adoecimento, e
pela disciplina e procedimentos hospitalares, muitas vezes pouco compreendidos (Poulin JP,
1990).

O problema de estudo cinge-se especificamente pelo facto dos utentes internados na medicina
II do Hospital Provincial de Tete e os seus familiares estarem a reclamar sobre a dieta
alimentar oferecida, as reclamações vão desde a forma de confeccionar os alimentos até ao
não cumprimento do programa alimentar.

Acredita-se que nas unidades sanitárias no geral, esquecem-se que para além dos cuidados
médicos e medicamentosa, é necessário garantir uma dieta alimentar condigna que permite
uma rápida recuperação dos doentes internados. Perante estas contradições, surge-nos a
seguinte pergunta de partida:

 Qual é o Nível de Satisfação dos Utentes em Relação a Dieta Hospitalar Oferecida


na Medicina II do Hospital Provincial de Tete?

1.4. Objectivos

1.4.1. Geral

 Avaliar o Nível de Satisfação dos Utentes em Relação a Dieta Hospitalar Oferecida na


Medicina II do Hospital Provincial de Tete.

1.4.2. Específicos

 Caracterizar os Procedimentos adoptados na Dieta Hospitalar Oferecida na Medicina


II;
 Descrever as Concepções dos Utentes e Profissionais da Saúde sobre a Importância da
Dieta Hospitalar;
 Identificar o Nível de Satisfação dos Utentes em Relação a Dieta Hospitalar Oferecida
na Medicina II do Hospital Provincial de Tete;

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1.5. Questões de Pesquisa

 Quais são os Procedimentos adoptadas na Dieta Hospitalar Oferecida na Medicina II?


 Quais são as Concepções dos Utentes e Profissionais da Saúde sobre a Importância da
Dieta Hospitalar?
 Qual é o Nível de Satisfação dos Utentes em Relação a Dieta Hospitalar Oferecida na
Medicina II do Hospital Provincial de Tete?

1.6. Justificativa

O interesse pelo presente estudo surge no âmbito da visita pessoal que a pesquisadora
efectuou na medicina II do Hospital Provincial de Tete, onde observou o nível baixo de
satisfação dos utentes sobre a alimentação oferecida aos doentes internados naquele ponto
hospitalar. Doutro lado, o estudo encontrou inspiração no âmbito académico, devido a varias
discussões efectuadas sobre a importância da dieta alimentar para a redução da morbidade e
mortalidade dos utentes internados.

No âmbito pessoal, o estudo esta relacionado ao alto nível de curiosidade para pesquisadora
por ser estudante do curso de nutrição, e acredita que seja uma temática pouco explorada
dentro do nosso contexto. E ainda, a pesquisa vai articular o conhecimento teórico aprimorado
nas diferentes cadeiras leccionadas no curso de nutrição e a prática do dia-a-dia.

No âmbito social, a pesquisa reveste-se de fundamental importância porque o bom tratamento


aos utentes faz parte dum dos princípios de responsabilização social, a qual os hospitais foram
criados para garantir a saúde dos indivíduos. Neste caso, a alimentação saudável é
fundamental para garantir uma rápida recuperação dos utentes.

O estudo reveste-se de capital importância no âmbito académico visto que no país em geral, e
em particular na província de Tete, existem escassos estudos que visam promover a dieta
alimentar nas unidades sanitárias de modo a garantir uma rápida recuperação dos doentes.
Não só, como também, o resultado desta pesquisa, irá constituir uma base teórica para estudos
subsequentes na área de nutrição.

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CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Toda pesquisa precisa estar fundamentada em alguma teoria ou caso não seja possível
identificá-la, prepara-se uma revisão de literatura. Esta etapa consiste na discussão de
principais conceitos teóricos necessários ao desenvolvimento de um trabalho, é o suporte
teórico para os estudos, análise e reflexões, sobre os dados e/ou informações colectadas.

2.1. Definição de Conceito

2.1.1 Alimentação

A alimentação é o domínio do apetite, do desejo, do prazer, mais também da desconfiança, da


incerteza e da ansiedade (Fischler 1995 citando Amélia e Renata, 2017, p. 10). Para Sanches e
Smith (2014, p. 10) a alimentação é o processo que inclui a escolha, preparação e ingestão dos
alimentos, e também a mastigação e deglutição que constituem um conjunto coordenado de
actos voluntários.

Conhecida pela sua função vital para a sobrevivência humana a alimentação é essencial para a
promoção, manutenção e reestabelecimento da saúde dos indivíduos enfermos.

2.1.2. Nutrição

Nutrição é a ciência da alimentação e como os alimentos são usados pelo nosso corpo para o
crescimento, actividade física, funcionamento normal dos órgãos e tecidos, resistência às
doenças, e para a manutenção da saúde e da vida (Cristina Sanches e Maria Smith 2014, p.
10).

2.1.3. Dieta Alimentar

Dieta tem origem do latim “diaeta”, que vem do grego “díaita”, que significa “modo de
vida”. Dieta é o conjunto de alimentos consumidos por uma pessoa e que constituem seu
comportamento nutricional. Uma dieta balanceada deve conter a quantidade de alimentos
correta para garantir as necessidades nutricionais.

De acordo com Santos (2010) a dieta é encarada de acordo com a sua função principal: de
medicamento, necessário à prevenção e cura de doenças e à manutenção da saúde reduzida à
sua dimensão biológica.

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A dieta é um dos comportamentos mais comuns autorregulados na sociedade ocidental
contemporânea (Ohana 2019), ou seja, refere-se a uma experiência comum que requer
resistências à tentação e o prazer existente na alimentação. “Neste sentido, ao longo dos anos,
sacrificar o prazer que o alimento proporciona em prol da saúde a longo prazo, vem
caracterizando as decisões acerca da alimentação” (idem 2019, p. 18).

No entanto dieta segundo a (OMS 2017) é um ponto de acesso fundamental das políticas de
combate a todas as formas de má nutrição desde a subnutrição persistente até ao sobrepeso e a
obesidade.

2.1.3.1. Dieta Hospitalar

O conceito das dietas hospitalares consiste também em um aporte nutricional de qualidade,


através de refeições que despertem o desejo do paciente em se alimentar, contando com
variedade de cores, texturas e sabores. Dessa forma, é possível proporcioná-los uma
recuperação mais rápida, evitando uma longa estadia hospitalar, afinal, todo esse processo
desencadeia uma pressão psicológica por estar fora do seu ambiente habitual, além de reduzir
desperdícios alimentares. Fazendo-se necessário a compreensão da importância da junção
entre a gastronomia e a dietoterapia (Souza; Molero; Molina, 2021).

Os tipos de dietas utilizadas em hospitais são as dietas de rotina, conhecidas como dieta geral,
branda, pastosa, leve e líquida, além das dietas de rotina modificadas que são classificadas em
dieta laxativa, dietas com restrição de sódio, hipercalórica e hiperproteica, hipoproteica,
hipossódica e hipocalêmica, dieta para diabetes, dieta hipocalórica, dentre outras (Molinari,
2018).

A alimentação saudável e de qualidade é o que geralmente as instituições hospitalares prezam,


visto que o paciente depende da alimentação oferecida para assim se ter uma recuperação
mais rápida e eficaz, reduzindo sua estada no ambiente e diminuindo o custo que
consequentemente a instituição terá nesse processo (Leoni; Soares, 2013).

A dieta hospitalar é importante por garantir o fornecimento de nutrientes ao paciente


internado e, assim, preservar ou recuperar seu estado nutricional. Também é importante por
atenuar o sofrimento gerado nesse período em que o indivíduo está separado de suas
actividades e papéis desempenhados na família, na comunidade e nas relações de trabalho,

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além de encontrar-se ansioso dado o próprio adoecimento e aos procedimentos hospitalares,
muitas vezes, pouco compreendidos (Garcia, 2006).

Actualmente, a visão da dieta hospitalar está sendo ampliada e adaptada às tendências da


gastronomia, e a busca de aliar a prescrição dietética e as restrições alimentares a refeições
atrativas e saborosas é um desafio que exige aprimoramento técnico e assistência nutricional
individualizada. A combinação da dietoterapia com a gastronomia é chamada de gastronomia
hospitalar, que deve servir de instrumento para que a dietoterapia seja realizada de forma
agradável, principalmente aos olhos e ao paladar.

2.1.1.1. Tipos de Dietas Hospitalares

Refeições equilibradas, preparadas com alimentos de qualidade e em quantidades adequadas


às necessidades energéticas, nutricionais e fisiológicas dos indivíduos são imprescindíveis ao
bom funcionamento do organismo, sobretudo, dos pacientes hospitalizados que, por estarem
debilitados, necessitam receber alimentação adequada para, além de evitar a desnutrição,
recuperar e preservar a saúde (Simon, 2014).

Entre as alterações que costumam ocorrer nas refeições destinadas aos pacientes
hospitalizados, estão aquelas de natureza física, que são caracterizadas pela alteração na
consistência da comida. As dietas podem ser classificadas como dieta normal, geral ou livre,
dieta branda, dieta pastosa, dieta líquida-pastosa, dieta líquida, dieta líquida completa e dieta
líquida restrita (Garcia, 2004).

 Dieta normal, geral ou livre

Neste tipo de dieta, não há qualquer restrição alimentar ou nutricional, podendo ser
empregados, na sua composição, diferentes consistências, técnicas de cocção, modos de
preparo e alimentos. Costumam ser ofertadas às pessoas cujas refeições não precisem sofrer
modificações dietoterápicas específicas.

 Dieta branda

Etapa de transição entre a dieta pastosa e a dieta normal, a dieta branda é caracterizada pelo
abrandamento, mecânico ou por cocção, das fibras alimentares, como celulose e tecido
conjuntivo das carnes, a fim de facilitar o processo digestivo. É indicada para pacientes com
baixa dificuldade de mastigação e de deglutição, com doenças gastrointestinais e aqueles em
período pós-operatório.

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 Dieta pastosa

Transição entre a dieta líquida-pastosa e a dieta branda, nesta etapa, os alimentos passam por
abrandamento da textura, com o intuito de facilitar os processos de mastigação e de
deglutição. Também é indicada para pessoas acometidas por doenças neuromotores,
distúrbios gastrointestinais e estado grave de doenças crónicas.

Como os alimentos precisam estar bem cozidos e serem de fácil mastigação e deglutição, as
preparações devem estar nas formas liquidificadas, de purês, cremes, papas, massas bem
cozidas, suflés, carnes moídas ou desfiadas, ovos, mingau, pudins, gelatinas e sorvetes, pães,
biscoitos e bolo.

 Dieta leve, semilíquida ou líquida-pastosa

É recomendada para pacientes na fase pós-operatória, com função gastrointestinal


comprometida e dificuldade na mastigação e deglutição de alimentos mais sólidos. No ciclo
de progressão alimentar, é a etapa de transição entre as dietas líquida e pastosa. Aqui, os
alimentos devem ser líquidos ou liquidificados, cremosos e homogéneos, com a finalidade de
favorecer a ingestão e a digestão.

 Dieta líquida ou líquida completa

Nesta etapa de transição entre a dieta líquida restrita e dieta líquida-pastosa, as refeições
devem ser ofertadas na forma integralmente líquida ou conter alimentos que liquefazem na
boca, podendo conter lactose e sacarose, tendo como objectivo hidratar, facilitar a deglutição
e a digestão. A indicada para pacientes que realizaram cirurgia de cabeça e pescoço, no pós-
operatório, em casos graves de infecção, no comprometimento gastrointestinal, preparo de
exames e que apresentam dificuldade na mastigação e deglutição.

 Dieta líquida restrita, cristalina ou líquidos claros

Esta dieta costuma ser administrada pacientes nas fases pré e pós-operatória, com trato
gastrointestinal debilitado, com infecções e diarreia graves e em preparação para realização de
exames, com o propósito de fornecer nutrientes e electrólitos, prevenir a desidratação e
reduzir a quantidade de resíduos no intestino (Souza, 2011).

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2.2. Aspectos Preponderantes da Dieta Hospitalar nos Serviços de Saúde

Os hospitais desempenham um importante papel na alimentação, devido ao seu grande poder


de compra, uso de recursos e geração de resíduos. Os sistemas alimentares hospitalares
incluem serviço de alimentação para nutrição dos pacientes, bem como serviço de
alimentação para funcionários e acompanhantes. Dependendo de sua condição, alguns
pacientes podem receber, além de refeições, suplementos de nutrição oral e alimentos
entéricos ou parenterais exclusivamente ou em combinação. E por esse fato, os serviços de
alimentação hospitalares podem afetar negativamente o ambiente em quaisquer fases da
cadeia de abastecimento alimentar (produção / aquisição, distribuição, preparação gestão,
consumo e gestão/ eliminação de resíduos) (Carino, Porter, Malekpour, & Collins, 2020).

Um dos objectivos do serviço de nutrição hospitalar é fornecer a cada paciente refeições com
qualidade, que sejam nutritivas e adaptadas à sua condição de saúde. Contudo, qualidade não
é um conceito fácil de concretizar. Para o serviço de alimentação de um hospital, a qualidade
pode ser definida como a aptidão para atender às necessidades nutricionais dos pacientes. No
entanto, os pacientes avaliam a qualidade de serviço de alimentação com base noutros
factores, como o sabor, temperatura, tamanho da porção, a hora da refeição e variedade da
ementa (Kim e Lee, 2010).

É importante que a dieta hospitalar seja avaliada sempre que possível, para assim melhorar a
satisfação dos pacientes, descobrindo os fatores negativos relacionados à dieta e modificando
para não ocorra o comprometimento do estado fisiológico e nutricional (Ribas; Pinto;
Rodrigues, 2013).

A apresentação, o local onde se realiza a refeição e a variedade de alimentos são os factores


principais que contribuem para a percepção do utente e para a sua atitude em relação às
refeições fornecidas pelas instituições e hospitais. A imagem negativa da refeição hospitalar é
generalizada e, por isso, na maioria das vezes os pacientes antes de provarem os alimentos já
recusam a sua ingestão (Diez, Padilha e Sanches, 2012).

A aceitação da dieta hospitalar é fundamental para suprir as necessidades nutricionais do


paciente e contribuir para a recuperação e/ou manutenção do seu estado nutricional. No
entanto, o ambiente hospitalar pode influenciar de forma negativa a aceitação da dieta pelos
pacientes, por ser hostil e impessoal, com rotinas de trabalho que não têm em conta as
necessidades específicas dos pacientes (Coloço, Holanda e Portero, 2009).

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Tendo em conta que o sector da saúde está a tornar-se cada vez mais competitivo e os
pacientes são mais exigentes com a qualidade dos alimentos que lhes são fornecidos, tem sido
exigido aos nutricionistas proporcionar refeições de alta qualidade, embora com recursos
limitados (Kim e Lee, 2010).

É importante manter a satisfação dos pacientes, uma vez que determina em grande parte a sua
adesão ao tratamento, aumentando a sua eficácia. Por isso, as informações obtidas a partir de
estudos de satisfação são muito importantes para a melhoria dos serviços de alimentação de
qualquer organização de saúde (Sarkar e Chatterjee, 2011).

De acordo com Stanga e colaboradores (2003) e Diez-garcia e colaboradores (2012), uma


alimentação hospitalar de qualidade contribui para a melhora do estado nutricional do
paciente, reduzindo o seu tempo de internação e os custos das instituições.

2.3. Problema da Desnutrição Hospitalar

Desnutrição é um termo amplamente difundido, que pode ser definido como um estado de
nutrição no qual a deficiência de energia, proteína ou outros macros e micronutrientes causa
efeitos indesejáveis ao organismo, com consequências clínicas e funcionais (Borges, 2009).

A ocorrência da desnutrição em pacientes hospitalizados é um problema de saúde pública que


tem sido descrito há muito tempo, e seu impacto no curso das doenças é considerado um
problema clínico significativo. A prevalência da desnutrição em ambiente hospitalar varia de
20% a 50% em diferentes estudos, conforme critérios utilizados. Os pacientes podem estar
desnutridos no momento da admissão ao hospital e muitos desenvolvem a desnutrição durante
a hospitalização. Isso pode ser prevenido se uma atenção especial for dada ao estado
nutricional dos pacientes (Garcias, 2006).

A desnutrição hospitalar está associada ao aumento significativo da morbidade e mortalidade,


do tempo e do custo da hospitalização. Diferentes factores colaboram para a desnutrição em
pacientes hospitalizados. Enquanto alguns casos são consequências das doenças, outros
decorrem da ingestão inadequada, devida à perda de apetite, inabilidade de ingestão de
alimentos ou má-absorção, em casos de doenças que afectam os órgãos digestivos. Um longo
período, ou mesmo um curto período sem a ingestão adequada de alimentos, pode causar
danos de funções orgânicas.

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CAPÍTULO III: METODOLOGIA DA PESQUISA

Metodologia do trabalho é uma etapa fundamental numa pesquisa científica, porque é através
das técnicas e métodos que os objectivos são materializados. Sendo assim, o presente capítulo
versa especificamente sobre o tipo de pesquisa, método de pesquisa, técnicas e instrumentos
de recolha de dados, amostra, técnicas de tratamento de dados e aspectos éticos da pesquisa.

3.1. Tipo de Pesquisa

3.1.1. Quanto ao objectivo

Quanto ao objectivo, a pesquisa será do tipo Exploratória. A pesquisa será do tipo


exploratória porque a pesquisadora deslocar-se-á ao campo de estudo de modo a fazer uma
avaliação profunda sobre o Nível de Satisfação dos Utentes em Relação a Dieta Hospitalar
Oferecida na Medicina II do Hospital Provincial de Tete. A pesquisa será exploratória ainda
porque a proponente relacionará diferentes técnicas e métodos a fim de avaliar o nível de
satisfação dos utentes.

3.1.2. Quanto à Abordagem

Quanto a abordagem, a pesquisa será qualitativa. A pesquisa será qualitativa porque a


pesquisadora tem como preocupação fundamental colher informações, opiniões e
sensibilidades dos participantes e não necessitará de quantificar os dados. Com a informação
que será colhida, pretende-se apenas avaliar o nível de qualidade da dieta nutricional
oferecida no HPT. A pesquisadora será elemento central da pesquisa, e os dados serão
apresentados indutivamente.

3.1.3. Quanto ao Procedimento

Quanto ao procedimento a pesquisa será dupla, isto é, pesquisa de campo e bibliográfica em


simultâneo. Segundo Gil (2008,), “as pesquisas do campo são aquelas em que o pesquisador
entra em contacto directo com a realidade de pesquisa, com vista a familiarizar-se em
manifesto, com o fenómeno a pesquisar”. De acordo com Marconi e Lakatos (2003), pesquisa
bibliográfica abrange toda bibliografia publicada em relação ao estudo, desde publicações
avulsas, boletim, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico,
até meios de comunicação orais (fontes secundárias).

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A pesquisa será do campo porque a pesquisadora irá deslocar-se ao HPT, especificamente na
medicina II, de modo a entrar em contacto directo com sujeitos que vivem directamente com
o problema acima indicado. A pesquisadora necessitará de se deslocar ao terreno para avaliar
o Nível de Satisfação dos Utentes em Relação a Dieta Hospitalar Oferecida na Medicina II do
Hospital Provincial de Tete.

3.2. Método de Pesquisa

3.2.1. Método de Abordagem

No que concerne ao método de abordagem, esta pesquisa recorrerá ao método indutivo. A


indução considera que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta
princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de
casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de
generalizações, (Marconi e Lakatos, 1991).

O método indutivo nesta pesquisa consistirá em apresentar conclusões gerais através de dados
e depoimentos particulares dos participantes do estudo. Através das respostas fornecidas pelos
nutricionistas, enfermeiros e utentes internados na medicina II, formular-se-á conclusão
generalizada para todo o HPT.

3.2.2. Método de Procedimento

O método de procedimento será Monográfico. Este método é relevante porque para além de se
concentrar em um aspecto, ele abrange o conjunto de actividades de um grupo social
particular. Através dos resultados desta pesquisa, podemos apresentar generalizações para
estudos similares na área da nutrição de modo a melhorar este cenário nas Unidades
Sanitárias.

3.3. Técnica e Instrumento de Recolha de Dados

3.3.1. Entrevista

As entrevistas a serem usadas nesta pesquisa serão do tipo semi-abertas e semi-estruturadas de


modo a facilitar ao participante em responder de forma sincrónica, obedecendo a gestão do
tempo. Este tipo de entrevista permitirá que a pesquisadora adicione novas questões no
decurso da entrevista de modo a explorar amplamente as questões de pesquisa. Esta técnica
foi direccionada aos nutricionistas, enfermeiros, e utentes internados na medicina II.

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3.3.2. Observação Sistemática

Segundo Gil (2008) “a observação sistemática é aquela que obedece um planeamento, ou seja,
os objectivos e as metas são predeterminados tendo em conta o foco da pesquisa”. Este
método é utilizado para compreender como funciona uma determinada actividade ou tarefa.

A observação sistemática será a técnica secundária de recolha de dados, que será


materializada pela presença física da pesquisadora no local do estudo, em que a visão será o
órgão preponderante para obtenção de dados, ou seja, irá observar todo pormenor relacionado
a dieta alimentar oferecida naquele Hospital.

3.4. Participantes do Estudo

A pesquisa contará com um total de 14 elementos, na qual serão subdivididos em categoria de


informação, ou seja, Categoria (A) - 2 nutricionista; Categoria (B) – Enfermeiros; Categoria
(C)- 10 Utentes internados. O tipo de amostra para esta pesquisa será aleatório estratificado,
visto que existira diferenciação no tratamento dos participantes no âmbito de recolha e análise
dos dados.

Serão excluídos da pesquisa todos nutricionistas, enfermeiros e utentes internados que não
estão na medicina II, e serão incluídos da amostra nutricionistas, enfermeiros e utentes
internados da medicina II.

Tabela 1: Participantes do Estudo

No Categoria Elementos Amostra Técnicas de Recolha de Dados

1 A Nutricionista 2 Entrevista e Analise Documental

2 B Enfermeiros 2 Entrevista

3 C Utentes Internados 10 Entrevista

Total 14

Fonte: Autora, 2023.

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3.5. Técnicas de Análise de Dados

Como técnica de análise de dados para este estudo teremos a análise dos conteúdos. Bardin
(1977) afirma que a análise de conteúdo possui duas funções básicas: função heurística, que
aumenta a prospecção à descoberta, enriquecendo a tentativa exploratória e função de
administração da prova, em que, pela análise, buscam-se provas para afirmação de uma
hipótese.

Portanto, o tratamento analítico dos dados colectados a partir do trabalho de campo obedecerá
a análise de conteúdo. A análise de conteúdo permitirá a pesquisadora estabelecer
previamente as categorias de análise com base em um modelo de verificação e reverificação
do conteúdo.

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4. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES E ORÇAMENTO

4.1. Cronograma de Actividades

N Actividade Maio Junho Julho Agosto Set

1 Elaboração do tema e Levantamento


de literatura

2 Elaboração do projecto de pesquisa

3 Entrega do Projecto de Pesquisa

4 Recolha de dados

5 Categorização e Tratamento e dados

6 Elaboração da Monografia

7 Revisão Linguística

8 Entrega do trabalho final

4.2. Orçamento

Nº Descrição Quantidade P. Unitário P. Total


1 Impressão 200 2,0 400,00
2 Papel A4 (resma). 2 350,00 700,00
3 Caneta 2 15,00 30,00
4 Lápis 2 15,00 30,00
5 Borracha 1 10,00 10,00
6 Transporte 20 15,00 300,00
7 Internet/crédito 2 1000,00 2000,00
………. TOTAL …………….. …………… 4070,00

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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