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São Paulo:
Memória Jurídica Editora, 2004, tomo I.
Excerto da obra.
1
“Assistência Litisconsorcial”. In: Da Sentença Liminar à Nulidade da Sentença. Rio de Janeiro:
Forense, 2001, p. 24.
2 a
Comentários ao Código de Processo Civil, 3 ed.. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 75, tomo
II.
3
Confira-se: Ovídio Araújo Baptista da Silva, “Assistência Litisconsorcial”. In: Da Sentença
Liminar à Nulidade da Sentença. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 24; Comentários ao Código
de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 272, vol. I; José Carlos Barbosa
Moreira, “Substituição das Partes, Litisconsórcio, Assistência e Intervenção de Terceiros”. In:
Estudos sobre o Novo Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Liber Juris, 1974, p. 78.
4
A notícia histórica é de Adolf Wach, Manual de Derecho Procesal Civil. Buenos Aires: Ejea,
1977, p. 453, nota de rodapé n. 1, vol. II.
instituição5. Ademais, dentro da tradição luso-brasileira não se desconhece a
distinção ensaiada por Manuel de Almeida e Sousa de Lobão a propósito do
instituto da assistência, sugerindo duas conformações distintas para esta: “não
só póde assistir na causa aquelle que tem um direito auxiliante do A. ou R.,
mas aquelle que tem um direito proprio e primario, occorrendo a que na causa
entre outros se lhe não machine, ou d’ella não lhe resulte algum prejuizo
conseqüente”6.
5
Sobre o assunto, na doutrina brasileira, Genacéia da Silva Alberton, Assistência
Litisconsorcial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994, pp. 29/31; na doutrina italiana, vide
Camillo Giardina, “L’Origine Italiana dell’Intervento Litisconsortile”. In: Rivista di Diritto
Processuale Civile. Padova: Cedam, 1936, pp. 266/276, vol. 13, parte I.
6
Segundas Linhas sobre o Processo Civil. Lisboa: Imprensa Nacional, 1868, p. 41, parte I.
direito, com a parte contrária ao assistido (conflito de interesses) no objeto do
processo, apesar de a decisão, a ser aí proferida, atingi-la no seu teor,
prejudicialmente, ao grau máximo”7. Note-se bem: nada obstante não
considere Sérgio Ferraz o assistente litisconsorcial um verdadeiro litisconsorte
da parte, tampouco estime possível que a situação material de vantagem que
invoque reste enquadrada dentro do objeto litigioso, a decisão proferida no
processo atinge-o, prejudicialmente, “ao grau máximo”.
7
Assistência Litisconsorcial no Direito Processual Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1979, pp. 92/93.
8 a
Intervenção de Terceiros, 10 ed.. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 128.
9 a
Intervenção de Terceiros, 10 ed.. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 129.
10 a
Litisconsórcio, 2 ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1986, p. 31.
11 a
Litisconsórcio, 2 ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1986, p. 28.
tabelião que assiste o comprador do imóvel, na ação em que é pedida a
pronúncia da nulidade da compra e venda por vício da escritura12.
12 a
Litisconsórcio, 2 ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1986, p. 27.
13 a
Comentários ao Código de Processo Civil, 11 ed.. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 221,
vol. I.
14 a
Comentários ao Código de Processo Civil, 11 ed.. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 222,
vol. I.
15
Afirmando ser parte, Comentários ao Código de Processo Civil, 3a ed.. Rio de Janeiro:
Forense, 1998, pp. 65, 69; de outro lado, reconhecendo não se tratar de parte, pp. 64, 70, 72,
todas constantes do tomo II.
16 a
Comentários ao Código de Processo Civil, 3 ed.. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 71, tomo
II.
Alvim17. Em duas outras oportunidades, este mesmo egrégio Tribunal estimou
que se verifica a assistência litisconsorcial “quando o direito em litígio, sendo
também do assistente, dá a este legitimação para discuti-lo sozinho ou em
litisconsórcio com outros seus co-titulares. Ou, ainda, quando esse direito está
sendo discutido por um substituto processual”18. Portanto, segundo entende o
Superior Tribunal de Justiça, o direito em litígio deve também ser do assistente,
tendo a sentença, necessariamente, de influir em sua esfera jurídica19.
17 a
1 Seção, EmbDeclMS n. 5.930/DF, rel. Min. Franciulli Netto, j. em 12.12.2001, DJ 10.06.02,
p. 132.
18 a
4 Turma, REsp. n. 26.845/RJ, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. em 25.10.1994, DJ
a
05.12.1994, p. 33.561. Nessa linha, 2 Turma, REsp. n. 205.249/MG, rel. Min. Francisco
Peçanha Martins, j. em 20.03.2001, DJ 04.06.2001, p. 92.
19 a
STJ, 1 Seção, MS 6.768/DF, rel. Min. José Delgado, j. em 26.10.2000, DJ 18.12.2000, p.
150.
qualificada quando a decisão da causa possa produzir efeitos imediatos sôbre
a relação jurídica de que é sujeito o terceiro. Por exemplo: a sentença que
julgue procedente ação do locador para resilir o contrato de locação determina,
por si só, a resolução da sublocação (Código Civil, art. 1.203); o sublocatário,
portanto, tem interêsse jurídico – mais relevante que o do tabelião, no exemplo
anterior – em participar do processo, já que, embora não se vá discutir neste a
relação de sublocação, êle sofreria pessoalmente os efeitos da coisa julgada.
Mas atente-se bem: sofreria tais efeitos não porque o seu direito houvesse de
ser discutido e negado no processo – onde a controvérsia, òbviamente, se
circunscreveria à locação -, senão por via de conseqüência, em virtude da
regra de direito material que condiciona a subsistência da relação jurídica entre
locatário e sublocatário à subsistência da relação jurídica entre locador e
locatário. Ainda na chamada assistência qualificada, pois, o assistente não
pede para si, nem introduz no debate um temo nôvo, distinto daquele que
constitui o primitivo objeto da ação”20. Concluiu José Carlos Barbosa Moreira
àquele tempo: “por mais que do litisconsórcio se aproxime a assistência
qualificada, vê-se, assim, que entre ambos resta sempre uma distância
apreciável. Se a posição jurídica de uma pessoa é tal que lhe permita pedir de
outrem algo para si, ou que permita a outrem pedir algo dela – em suma: se a
sua posição é tal que se haja de deduzir em juízo relação jurídica de que ela
mesma seja titular -, não tem sentido apontar-lhe, para o ingresso na causa, a
porta da assistência. A única porta adequada – se alguma existe – é a da
intervenção litisconsorcial”21.
20
José Carlos Barbosa Moreira, “Intervenção Litisconsorcial Voluntária”. In: Direito Processual
Civil (Ensaios e Pareceres). Rio de Janeiro: Borsoi, 1971, p. 26.
21
“Intervenção Litisconsorcial Voluntária”. In: Direito Processual Civil (Ensaios e Pareceres).
Rio de Janeiro: Borsoi, 1971, p. 26.
intervenção litisconsorcial, voluntária, no curso do processo. Porque este
interveniente, ao contrário do que sucede com o assistente simples, vai obter,
no processo, uma sentença que disciplinará diretamente a relação jurídica da
qual ele próprio é titular, como se vê pela parte final do artigo 54. A sentença
vai influir na relação jurídica entre ele, assistente, e o adversário da parte
assistida. Há, portanto, um paralelismo de relações jurídicas, quase um feixe
de relações jurídicas, no plano do direito material, entre a parte contrária e o
assistido, e entre a parte contrária e o assistente. E ambas essas relações
jurídicas vão ser, diretamente, imediatamente, disciplinadas pela sentença, que
vier a ser proferida. Desse modo, a posição que vai ser ocupada no processo
pelo ‘assistente litisconsorcial’, para usarmos a expressão da lei, na realidade é
uma posição totalmente equiparada, e não apenas do ponto-de-vista formal,
mas também do substancial, à de um verdadeiro litisconsorte”22.
22
“Substituição das Partes, Litisconsórcio, Assistência e Intervenção de Terceiros”. In: Estudos
sobre o Novo Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Liber Juris, 1974, pp. 78/79.
23
Manual de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1984, p. 113, vol. I. Neste
sentido, na doutrina espanhola, confira-se Maria Encarnación Dávila, Litisconsorcio Necesario
– Concepto y Tratamiento Procesal. Barcelona: Bosch, 1975, pp. 31/ 34; Juan Montero Aroca,
La Intervención Adhesiva Simple – Contribución al Estudio de la Pluralidad de Partes en el
Proceso Civil. Barcelona: Editorial Hispano Europea, 1972, pp. 161/167.
formular pedidos o dito assistente litisconsorcial24. Acrescentaríamos, ademais,
que, ao se entender esta verdadeira intervenção litisconsorcial voluntária
ulterior como mera assistência (ainda que estranhamente adjetivada de
litisconsorcial), preserva-se a incolumidade do princípio da estabilidade
subjetiva e objetiva do processo (arts. 41 e 264, CPC), mantendo-se, desta
banda, a harmonia do sistema desenhado pelo Código.
Que influência que a sentença pode exercer sobre a esfera jurídica do dito
“assistente” litisconsorcial? Duas opções há: ou se trata de influir como eficácia
direta (natural) da sentença ou se trata de influir como coisa julgada. Não
existe, ao nosso juízo, outra alternativa. Como bem refere Ovídio, “não há
qualquer zona intermediária em que possa haver uma espécie de influência
que não seja nem efeito natural da sentença e nem coisa julgada”25. Entre as
duas possibilidades, resolvemo-nos pela segunda: a sentença dada na relação
processual em que participa o “assistente” litisconsorcial atinge sua situação
jurídica material posta em jogo com a qualidade de coisa julgada, porque
justamente se a coloca em juízo como objeto do officio iudicium. Discorrendo
sobre o ponto, Pontes de Miranda assinalava que “a assistência litisconsorcial
é de estruturação germânica recente (século XIX), mas de preforma italiana.
Supõe relação dependente da relação litigiosa ou de relação ou relações
necessariamente coordenadas à relação litigiosa. Daí ser sujeito à coisa
julgada eventual entre as partes. (...) Na assistência litisconsorcial, a eficácia
da decisão atinge a relação jurídica entre o assistente e a parte contrária”26
(grifos nossos). Outra não é a opinião de Ovídio Araújo Baptista da Silva27, de
Luiz Fux28, nem, parece-nos, a de Alfredo de Araújo Lopes da Costa29. Como já
24
Confira-se: Comentários ao Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2000, p. 293, vol. I; “Assistência Litisconsorcial”. In: Da Sentença Liminar à Nulidade da
Sentença. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 51.
25
Comentários ao Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 293,
vol. I.
26 a
Comentários ao Código de Processo Civil, 3 ed.. Rio de Janeiro: Forense, 1998, pp. 75/76,
tomo II.
27
“Assistência Litisconsorcial”. In: Da Sentença Liminar à Nulidade da Sentença. Rio de
Janeiro: Forense, 2001, p. 47; Comentários ao Código de Processo Civil. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2000, p. 293, vol. I.
28
Intervenção de Terceiros – Aspectos do Instituto. São Paulo: Saraiva, 1990, p. 10, nota de
rodapé n. 16.
29
Da Intervenção de Terceiros no Processo. São Paulo: C. Teixeira & Cia Editores, 1930, p.
113.
assinalamos, observe-se que aqueles terceiros que ficam tão-somente
expostos aos efeitos diretos da sentença, concorrendo as demais condições
pertinentes, legitimam-se à assistência e não à intervenção litisconsorcial.
30
Neste sentido, Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, Manual do Processo de
a
Conhecimento, 2 ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 201.
31
“Assistência Litisconsorcial”. In: Da Sentença Liminar à Nulidade da Sentença. Rio de
Janeiro: Forense, 2001, p. 53.