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ABSTRACT
This work highlights policy discussions of school curriculum, in particular for teaching
of Portuguese Language in the initial years of elementary school. It aims to highlight
processes of (re) contextualizations curriculum in the context of practice. Aims to
understand such recontextualizations, investigate teaching practices regarding
curricular perspectives (reading official documents, talk with the teachers).
Understands teacher as producer of policy in any context where it is, whether in the
classroom, whether in the secretariat or elsewhere that the policy be made of
curriculum.
Keywords: Policy Cycle; Teaching of Portuguese Language; Context of Practice.
DOI: 10.21920/recei720184108599
http://dx.doi.org/10.21920/recei720184108599
1
Doutora em Educação pela universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ. Professora Adjunta da Faculdade
de Educação da UERN. E-mail: tabuleiro1970@yahoo.com.br
2
Pedagoga, Especialista em Educação (UERN). Professora na Secretaria Municipal de Educação/Mossoró/RN.
E-mail: valeriavogla@hotmail.com
OLIVEIRA, M.B.; ANDRADE, V. F. Políticas de currículo para o ensino de língua portuguesa nos 85.
anos iniciais do ensino fundamental: (re) contextualizações no/do contexto da prática. Revista
Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar. Mossoró, v. 4, n. 10, pp. 85-99, 2018.
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INTRODUÇÃO
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similaridades e também as diferenças e singularidades entre seus sujeitos, como também entre
os objetivos e o objeto de estudo.
Corroborando com o pensamento desses autores, Laville e Dionne (1999, p.87)
afirmam que “a pesquisa qualitativa destina-se, a princípio, a aumentar a soma dos saberes
disponíveis, mas que poderão em algum momento, ser utilizados com a finalidade de contribuir
para a solução de problemas postos pelo meio social”. Assim caracterizado, poderemos
construir uma maior compreensão dos dados, sendo isso relevante para atingirmos os objetivos
pretendidos.
Quanto aos procedimentos metodológicos, inicialmente, estudamos o objeto de estudo
em discussão (políticas de currículo, ciclo de políticas, dentre outros), selecionamos autores, tais
como Lopes e Macedo (2011a; 2011b), Mainardes (2006), dentre outros que dialogam sobre a
temática para podermos por seguinte fundamentar nosso estudo.
Organizamos os passos e os procedimentos (momento para coleta de dados e
agendamento com os atores sociais da investigação) para desenvolvermos a pesquisa em
campo. Logo depois, elaboramos o questionário, (construído a partir dos referenciais adotados
e da análise de procedimentos necessários a realizar o estudo), o qual foi utilizado como
instrumento para coletar os dados a respeito da investigação que pretendíamos fazer. Sampiere,
Collado e Lúcio (2006) citam que o questionário é um instrumento de coleta que permite à
pesquisa sofrer uma menor distorção acerca das respostas elucidadas, possibilitando ainda um
detalhamento dependendo do tipo de questão a ser utilizada.
Com o intuito de viabilizar o estudo, de modo que este contribua qualitativamente para
com a investigação, reportamo-nos às conversas com os atores sociais envolvidos como
instrumento principal de coleta dos dados. Contudo, tomamos como base ideias defendidas
por Sampiere, Collado e Lúcio (2006), os quais abordam que através dessa perspectiva de
pesquisa poderemos conseguir uma riqueza de informações, sem haver necessariamente
grandes dificuldades para os investigadores.
Entendemos que os investigadores qualitativos em educação estão continuamente a
questionar os sujeitos da investigação, com o intuito de perceber aquilo que eles experimentam,
o modo como eles interpretam as suas experiências. As estratégias, os procedimentos e os
instrumentos de coleta utilizados são preponderantes para estabelecerem o sentido do que
almejam conhecer (BOGDAN e BIKLEN, 1994).
As conversas com os atores da investigação enfatizaram além dos objetivos principais da
pesquisa, outros elementos que se encontram interligados à função profissional do sujeito
pesquisado, com o propósito de esclarecer e reconhecer a multidimensionalidade que se
entrelaça ao fazer prático do docente e sua maneira de compreender a temática presente.
Com a utilização das conversas/entrevistas objetivamos compreender processos de
recontextualização do ensino de Língua Portuguesa nos anos iniciais do ensino fundamental, no
contexto da prática de professores dos 4º e 5º anos desse nível de ensino, através do qual
consideramos pontos que para nós traduzem e clarificam os objetivos destacados na proposta
de estudo.
Para iniciarmos a investigação definimos, e por seguinte, justificamos alguns pontos
essenciais na realização do trabalho, entre eles estão os objetivos do estudo, a saber:
compreender recontextualizações dos professores dos anos iniciais quanto ao Ensino de Língua
Portuguesa; investigar práticas docentes quanto às perspectivas curriculares (leitura de
documentos oficiais e conversas com professoras), para assim, tentarmos desmistificar a ideia
estadocêntrica na/da produção de políticas de currículo. Compreendemos o professor como
produtor de política em qualquer contexto onde ele se encontra, seja na sala de aula, seja na
secretaria ou em outros lugares que se faça a política de currículo.
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política que ocorre nas escolas” (Ball, Bowe e Gold, 1992, apud MAINARDES; FERREIRA;
TELLO, 2011, p. 19).
A partir desse ciclo, desses contextos que estão inter-relacionados, podemos perceber
como as escolas atuam politicamente em se tratando do seu currículo; também perceber como
os conteúdos escolhidos para essas práticas curriculares acontecerem de fato. Mainardes
(2006), nos possibilita conhecer o ciclo de políticas de Ball e nos aponta esses três contextos
principais: O primeiro contexto é o contexto de influência onde normalmente as políticas
públicas são iniciadas e os discursos políticos são construídos. Nesse contexto,
O contexto de influência tem uma relação simbiótica, porém não evidente ou simples,
com o segundo contexto, apontado por Mainardes (2006) como o contexto da produção de
texto. Os textos políticos representam a política, sendo tomada de várias formas como textos
legais e oficiais e textos políticos, pronunciamentos oficiais, vídeos, etc.
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representação política que dá origem a textos híbridos que serão reescritos no contexto da
prática” (LOPES; MACEDO, 2011b, p. 262).
De acordo com a Coordenadora da Secretaria de Educação de Mossoró (SEMECE), os
professores e os supervisores pedagógicos utilizam a Matriz de Referência para elaborarem o
planejamento; porém, todas as escolas têm o seu Projeto Político Pedagógico (PPP) o qual
pode ser modificado, situação em que os professores dessas escolas têm autonomia para
trabalhar outros conteúdos para além daqueles previstos e/ou previamente definidos pela
referida matriz. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental (BRASIL, 2013), “o projeto político-pedagógico, nomeado na LDB como
proposta ou projeto pedagógico, é um dos meios de viabilizar a escola democrática e autônoma
para todos, com qualidade social” (BRASIL, 2013, pág. 47).
Apesar de não estar definido na matriz, nem no planejamento da própria secretaria, a
coordenadora pedagógica da SEMECE afirmou que existe uma certa “obrigatoriedade” em se
trabalhar, por exemplo, com os temas transversais em sala, encontrados nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), especificamente no PCN de Língua Portuguesa. Entende-se
que a escola segue o planejamento da matriz de referência que a secretaria faz diante da
reconfiguração da Matriz Curricular proposta pelas Diretrizes Curriculares, e que os
professores devem trabalhar todos os conteúdos propostos de Língua Portuguesa, podendo ser
acrescentados através dos PCNs.
Com o objetivo de entender como o professor de Língua Portuguesa desenvolve essas
habilidades no ensino fundamental, e partindo do princípio que os professores ressignificam
conteúdos propostos/previstos na Matriz de referência em questão, questionamos: como tais
conteúdos são ressignificados e quais dificuldades os professores encontram no momento de
elaborar o seu planejamento mesmo que eles tenham participado da elaboração dessa matriz
proposta pela Secretaria? Essas e outras questões serão exploradas a seguir. Para compreender
um pouco sobre os conteúdos abordados de Língua Portuguesa nos 4º e 5º anos, destacamos
algumas interpretações sobre alguns documentos prescritos pelo MEC e outras instâncias
políticas.
Documentos ‘ditos oficiais’ e suas pretensas ‘prescrições’ para o ensino de Língua Portuguesa
para os anos iniciais do Ensino Fundamental
Mais recentemente, o parágrafo primeiro desse artigo foi modificado pela redação dada pela
Medida Provisória nº 746, de 2016, assim determinando:
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Tendo como base o teor do artigo 27 da LDB, pode-se entender que o processo
didático em que se realizam as aprendizagens fundamenta-se na diretriz que assim delimita o
conhecimento para o conjunto de atividades:
Percebe-se então, que a proposta dos currículos segundo a LDB é flexível, visto que
esse currículo deve abranger, obrigatoriamente o ensino da língua portuguesa e matemática,
podendo ser complementada a partir da realidade regional e local dos educandos, como
também a sua cultura e economia, tornando os conteúdos abordados no currículo,
especificamente o ensino de língua portuguesa, fundamentais aos direitos e deveres das
crianças.
Uma breve leitura do Plano Nacional de Educação (PNE 2014- 2024) (BRASIL, 2014),
nos faz saber que, apesar de abordar questões importantíssimas nas várias modalidades de
ensino, a busca nesse documento nos faz perceber que ele não referencia especificamente a
Língua Portuguesa nos anos iniciais do ensino fundamental. Portanto, não temos o que destacar
nesse sentido, quanto a esse documento.
A organização curricular, assim concebida por alguns professores, supõe outra forma de
trabalho na escola, que consiste na seleção adequada de conteúdos e atividades de
aprendizagem, de métodos, procedimentos, técnicas e recursos didático-pedagógicos. No que
diz respeito às Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental – DCN (BRASIL,
2013), a perspectiva da articulação interdisciplinar é voltada para o desenvolvimento não apenas
de conhecimentos, mas também de habilidades, valores e práticas (BRASIL, 2013). Seguindo
essa organização “prescrita” pela DCN, a Secretaria de Educação de Mossoró desenvolveu a
sua Matriz de Referência para nortear o planejamento dos professores, destacando os
conteúdos essenciais de aprendizagem a cada ano do ensino fundamental.
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É possível perceber que esses objetivos definidos pelos PCNs também estão inseridos
dentro das habilidades que cada eixo deve contemplar na Matriz de Referência da Secretaria de
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[...] o aluno, é o sujeito da ação de aprender, aquele que age sobre o objeto de
conhecimento. O segundo elemento, o objeto de conhecimento, é a Língua
Portuguesa, tal como se fala e se escreve fora da escola, a língua que se fala
em instâncias públicas e a que existe nos textos escritos que circulam
socialmente. E o terceiro elemento da tríade, o ensino, é, neste enfoque
teórico, concebido como a prática educacional que organiza a mediação entre
sujeito e objeto do conhecimento. Para que essa mediação aconteça, o
professor deverá planejar, implementar e dirigir as atividades didáticas, com o
objetivo de desencadear, apoiar e orientar o esforço de ação e reflexão do
aluno. (BRASIL, 1997, p. 25)
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A partir das leituras iniciais que passamos a fazer com base na perspectiva do ciclo de
políticas de Ball, temos nos questionado, como forma de um possível direcionamento a
investigação que ora se apresenta: será que os conteúdos abordados pelos professores seguem
tal qual o MEC ou as Secretarias orientam? Como esses profissionais (re) significam esse
currículo, especificamente o ensino de Língua Portuguesa no Fundamental, mais precisamente
4º e 5º anos em sala de aula? É sobre isso que trataremos a seguir.
Recorremos a Lopes e Macedo (2011a, p. 257) quando afirmam que “o ciclo contínuo
de políticas tem como preocupação central a recontextualização que ocorre nas escolas.
Corroborando a abordagem já destacada por Mainardes, essas autoras destacam o referido
ciclo como um modelo analítico que, em sua versão inicial é composto de três contextos inter-
relacionados entendidos como um conjunto de arenas públicas e privadas de ação: contexto de
influência, contexto de produção do texto político e contexto da prática”.
O pensar das professoras sobre como elas compreendem e (re) contextualizam na prática as
orientações curriculares para o ensino de língua portuguesa
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do contexto da prática. A prática é, assim, o lugar em que as “consequências ‘reais’ [dos textos] [...] são
experenciadas [...], a arena a qual a política se refere e para a qual é endereçada”.
Quando perguntamos às professoras como elas interagem/interagiam com esses
documentos ditos oficiais e\ou materiais pré-definidos por órgãos considerados superiores,
obtivemos a seguinte resposta da professora do 4º ano: “Selecionamos os conteúdos de cada
área conforme a matriz sugere”. Já a professora do 5º ano destaca que, “[Eu] particularmente,
não tenho dificuldade [em lidar com os ditos documentos] e nem acho ruim. Uso normal
como qualquer ferramenta de uso pedagógico. Acho até interessante, pois a cada ano existe um
roteiro de conteúdos a seguir. E essas ferramentas só facilitam o trabalho do professor”.
Para as professoras, o planejamento através do documento, no caso a matriz de
referência adotada pela SEMECE, é mais fácil pois facilita o trabalho, a divisão dos conteúdos e
a definição do que se quer/deve trabalhar. Para nós, é possível perceber que a referida matriz
de referência, enquanto texto coletivo, texto político (matriz/diretrizes) “é produto de acordos
realizados em diferentes esferas, envolvendo, inclusive, a troca constante de sujeito de autores”
(LOPES; MACEDO, 2011b, p. 259), e que acabam, por vezes, sendo os únicos referenciais
considerados norteadores da definição dos conteúdos nas escolas.
Perguntarmos às professoras se elas utilizavam outras fontes de materiais ou referencias
para o planejamento das aulas, e pedimos que justificassem caso a resposta fosse afirmativa.
Perguntamos ainda o que elas consideravam importante nesses materiais; se elas consideravam
os documentos como muito restritos. A professora do 4° ano disse que utiliza, “sim, os livros
didáticos, PCN, internet, por que nos enriquecem com informações necessárias”. A professora
do 5° ano, por sua vez, enfatiza:
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próprio currículo da escola, dificultando com isso o planejamento por parte dessa professora.
Já a professora do 5º ano afirma não sentir dificuldades para planejar suas aulas de língua
portuguesa e justifica que, mesmo não encontrando no livro os conteúdos que busca para o seu
planejamento, é fácil achar em outros materiais e/ou documentos. Sendo assim, consideramos,
a partir de Lopes e Macedo (2011a, p.41), que os conteúdos “não são um repertório de
sentidos dos quais alguns serão selecionados para compor o currículo. São a própria produção
de sentidos que se dá em múltiplos momentos e espaços, um dos quais denominamos
currículo”.
Por fim, perguntamos se elas conseguem/conseguiam desenvolver todos os conteúdos
de Língua Portuguesa estabelecidos pela matriz curricular em sala de aula, e pedimos que
justificassem suas respostas; pedimos ainda que dissessem, caso a resposta fosse positiva, como
elas sistematizam esses conteúdos; e, se não, como selecionam os conteúdos que consideram
como “mais importantes” para realizar em sala de aula. A professora do 4° ano respondeu que
“não, seleciono os conteúdos mais importantes”. A professora do 5° ano falou que “não, por
falta de tempo. Procuro ver o que o aluno já sabe e dou continuidade, se necessário, faço
revisão. Procuro selecionar os conteúdos de maior importância para o conhecimento do aluno,
como também sua aprendizagem”.
Para Ball e Bowe (1992, apud MAINARDES, 2006, p. 53), as políticas não são
simplesmente implementadas, mas estão sujeitas à interpretação e, então, a serem recriada.
CONCLUSÃO
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Destacamos, ainda, o pensar das professoras sobre como elas compreendem e (re)
contextualizam na prática as orientações curriculares para o ensino de língua portuguesa a partir
de suas falas. Uma delas destacou que nem todos os professores da rede municipal de ensino
participam da elaboração da Matriz Curricular, seja por falta de convite da própria secretaria ou
instituição que o professor trabalha, seja por iniciativa própria, e que os livros didáticos
adotados pela SEMECE nem sempre abordam conteúdos específicos dentre os selecionados
pela matriz de referência da rede municipal de ensino, o que na opinião das entrevistadas, por
vezes dificulta o planejamento escolar, tendo que recorrer a outras fontes de pesquisa.
Ao mesmo tempo, outra professora afirma não sentir dificuldades para planejar suas
aulas de Língua Portuguesa e justifica que, mesmo não encontrando no livro os conteúdos que
busca para o seu planejamento, é fácil achar tais conteúdos em outros materiais e/ou
documentos. Assim, percebemos ações docentes diferenciadas frente ao que elas consideram
como decisões tomadas no contexto da prática. São ações como essas que podemos considerar
como recontextualizações curriculares nesse contexto.
Enfatizamos que ao concluir a pesquisa buscamos construir uma reflexão sobre
compreender recontextualizações dos professores dos anos iniciais quanto ao ensino de Língua
Portuguesa; investigar práticas docentes quanto às perspectivas curriculares (leitura de
documentos oficiais, planos de aulas, práticas efetivas). Fica o convite para que nós professores
compreendamos o nosso papel ativo no fazer política nos campos educacionais, seja na sala de
aula ou fora dela.
REFERÊNCIAS
_______. Plano Nacional de Educação (2014-2024). Brasília: Câmara dos Deputados, Edições
Câmara, 2014.
LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth. Teorias de currículo. São Paulo: Cortez,
2011a.
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_______; FERREIRA, Márcia dos Santos Ferreira; TELLO, César. Análise de políticas:
fundamentos e principais debates teórico-metodológicos. In BALL, Sthepen J; MAINARDES,
Jefferson (Org.). Políticas educacionais: questões e dilemas. São Paulo, 2011.
OLIVEIRA, M.B.; ANDRADE, V. F. Políticas de currículo para o ensino de língua portuguesa nos 99
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