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Estrangeiro em terra natal

É no mínimo estranho ver brasileiros falando sobre outros “brasileiros” na 3ª pessoa. Isso não é
recente, como diziam meus pais, tios e avós: “desde que me conheço por gente” eu vejo isso
acontecendo. Eu mesmo já cometi esse engano por várias vezes. Quem nasceu nesse país
maravilhoso sabe do que estou falando. Ah, “o brasileiro” é isso, “o brasileiro” é aquilo, como se
fossemos estrangeiros em terra natal, que observam por mera curiosidade o comportamento de um
povo. Quem assim o faz está dizendo em outras palavras que não é brasileiro, ou não se sente nativo,
não se identifica com o comportamento daquele que generaliza. "O brasileiro", entendido dessa
forma, fica parecendo uma espécie de alienígena que invadiu a nossa terra e tomou o nosso espaço.

Se você é brasileiro e não se identifica com “o brasileiro”, seguramente está em conflito existencial.
Quem não se identifica com sua terra e o seu povo, está sabotando a sua existência. Devemos olhar
para o nosso país como nossa legítima terra natal e não termos vergonha disso. Aos nossos
conterrâneos devemos tratá-los como irmãos, para juntos aprendermos a cuidar daquilo que é nosso.
Assim, com esse olhar de pertencimento, o sentimento de identidade nascerá e “o brasileiro” da 3ª
pessoa deixará de existir para dar lugar a pessoas reais, de carne e osso e com muitas histórias para
contar.

O Brasil só se tornará um país independente no dia em que a mente de colonizador/colonizado for


extinta. A escravidão é um estado de consciência que se expressa através de palavras e ações. A
educação legítima e a cultura regional é que irá nos libertar da crise existencial que por ora resiste. O
dia em que aprendermos a valorizar a nossa família, os nossos amigos, os nossos vizinhos, o nosso
bairro, a nossa cidade, a nossa cultura local, a nossa religiosidade, o aprendizado que surgirá daí se
estenderá por todo o país. A revolução verdadeira é pacífica e acontece de dentro para fora, com
amor e cuidado. Qualquer coisa contrária a isso, precisa ser imposta.

Para se afirmar como brasileiro, não precisamos insultar o resto do mundo, sejamos apenas quem
somos, é simples e não necessita nenhum esforço, pois que já estamos prontos. Sejamos autênticos!
Precisamos despertar o orgulho, mas não aquele orgulho que fere e se sobrepõe ao outro, falo
daquele que faz você crescer e a todos à sua volta. A era na qual para se expressar precisávamos
exterminar o outro, denegrir o outro, punir o outro, debochar do outro, desmerecer o outro, pisotear o
outro, maltratar o outro, ridicularizar o outro, chegou ao fim. A era dos fracos acabou, chegou a hora
dos fortes se expressarem. E por serem fortes, não precisam machucar ninguém, a força que possuem
será utilizada para ajudar o outro a se expressar na sua essência. Isso só se constrói juntos, porque
separados somos capengas demais...

Eu aprendi a ser brasileiro com uma pessoa especial e que ama esse país! Ele se reconhece como o
chileno mais brasileiro do Brasil!

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