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Relatório do Debate em Sala de Aula

(Texto de Apoio 1)

Explique os conceitos de texto e norma: Isso sempre foi o grande problema do


Direito: confusão do “ius” com a “lex”, ou seja, você achar que o Direito está no texto
das leis, porém o último materializa-se através das normas de decisão, que só ocorrem
no processo de significação dos textos de lei. Por isso os dois conceitos “significantes” e
“significados”.
O Direito que “é” é aquele que está escrito no texto, porém o Direito que “vem a
ser” é aquele que diferencia texto de norma. Há três níveis da construção lingüística:
sintático (proposições jurídica – Kelsen), semântico (há texto) e pragmático (é
necessário saber se as regras resolvem).
Segundo Adeodato, o caso concreto só pode ser resolvido por uma norma, mas
para se obter a norma é preciso definir quais são os textos significantes, para poder
significar e criar a norma. Para definir os textos tem que se observar a um meta-nível
jurídico que, por sua vez, dê os critérios de definição do texto.
Adeodato quer mostrar que o texto é apenas uma referência. O que é difícil
atualmente é definir a legitimidade, não há um critério. Daí vai para regra prática e a
maioria vence. O jurista teórica fornece critérios de definição do texto, os práticos do
Direito vão entendendo suas funções.
Diferencie os conceitos de texto sobre condutas e textos sobre textos: o Direito
da modernidade está baseado em: há condutas empíricas que precisam ser trabalhadas
segundo textos sobre condutas, produzidos pelo legislador. E a doutrina jurídica cria os
textos sobre texto (critérios que serão usados para definir os casos concretos). Só há
uma forma de corrigir o Direito Positivo Humano: com o Direito Natural Extra-
Humano, porém para a modernidade não há extra-humano.
Textos sobre condutas é uma referência de como se resolver casos concretos,
juridicamente relevantes. Mas há dezenas desses textos daí tem que procurar a doutrina:
textos sobre textos. Se o indivíduo for adepto ao jusnaturalismo, há um terceiro nível:
observar se a resposta dada pelo Direito Natural ao Direito Humano respeita as normas
do Direito Natural. Se “sim”, aplica-se; se “não” não se aplica. Mas atualmente não
ocorre assim, como todos sabemos, não há mais jusnaturalismo, o resultado do processo
tem a ver com forças políticas. Todo jurista contemporâneo sabe que não há uma
resposta certa.
Explique as idéias de regras éticas de base do ordenamento jurídico: a crítica é
que na modernidade, ao contrário da pré-modernidade, não há um meta-critério no nível
3 para dizer que a norma que foi construída é boa, é justa ou é certa... O positivismo
então trabalha que seu texto é apenas norma e que a regra é fixada por quem tiver mais
força. Exemplificando isso, Pablo fala do Caso de Chicão, onde o certo seria os avôs
maternos ficarem com o filho de Cássia Éller.

Texto de Apoio 2

Indique como se relaciona os conceitos de Historicismo e Humanismo com o


conceito de tolerância: Nessa questão, primeiramente, faz-se uma análise sobre o
Humanismo, afirmando que o mesmo é uma filosofia que estuda o homem, que é uma
criação do Cristianismo, pois Deus vê todos como igual, pois são filhos de Deus. O
homem deve ser respeitado, porque é homem, somente. Essa idéia interage com o
Historicismo quando percebemos que o Homem nem sempre foram tratados igualmente,
desde Roma. Exemplificando isso, pelas diferenças entre romanos e bárbaros.
Afirma que atualmente o Estado é laico. Esse e o problema da modernidade,
afirmando isso com uma frase: “Deus perdeu importância e o cachorrinho ganhou
importância”, porque Deus é abstrato. Não há regras de proteção para Deus, isso é que
se chama de Relativismo Ético.
Historicismo trabalha com contexto histórico. Daí uma postura é considerada
intolerante em sentido histórico, dependendo do mesmo. Exemplo: falar de escravidão
da Grécia ou Roma é um ato comum, porém atualmente esse tema não seria tolerado.
Indique como o Historicismo percebe as posturas intolerantes: o Historicismo vê
uma postura intolerante quando descontextualizada, e o contexto contemporâneo é
heterogêneo, de diferenças. Qualquer postura intolerante está descontextualizada. Na
sociedade não há espaço para pessoas intolerantes, por isso que o Estado pune. Porém a
Igreja ainda continua com atitudes intolerantes.
Explique a diferença entre ser humana proteu e ser humano ontológico: O ser
humano proteu tem dificuldade em perceber sua essência. Pablo ilustra sua afirmação
com uma frase de Sócrates, um ontólogo: “conhece-te a ti mesmo”: o homem precisa
conhecer sua essência para entender porque é homem, qual o seu papel no mundo. A
contemporaneidade e a modernidade abdicaram dessa idéia. O melhor filósofo que
representa o ser humano proteu é Sartre, ele diz: “terce-te a ti mesmo”: o ser humano
não tem ou é uma essência, ele se perfaz. E esse perfazer nada garante que o indivíduo
será melhor, pois quando se perfaz tenta se melhorar. Para ilustrar ainda mais o debate,
Pablo divulga que os sofistas eram proteus, a mudança era a regra. Motivo que
justificou a briga de Heráclito e Parmênides. ´
Então essa é a característica do ser humano da modernidade ou
contemporaneidade: ele não se entende como sendo algo, mas ele se entende como se
constituindo (homem sartriano).
Indique qual a contribuição jurídica para o conceito de tolerância: nesse momento
Pablo lança uma “dica” aos alunos, afirmando ser a resposta dessa questão, a diferença
entre forma e conteúdo. Enquanto texto o Direito tem forma, o texto é apenas o
significante, ou seja, que é só forma, ele pode absorver qualquer conteúdo. A forma
jurídica é conteúdo, porque traz ou constrói um significado para o significante.
Significado este, oriundo das brigas de forças entre as opiniões de autor de réu. Então
por isso que o Direito é tolerante, porque ele não impõe, desde as suas fontes um
conteúdo prefixado, ele dá a chance para que as disputas políticas de ideologia diferente
fixem em cada caso.
O Direito se torna um espaço público comum para o embate entre as ideologias
diferenciais. Na modernidade e contemporaneidade o Direito é casuístico, ele se resolve
caso a caso.
Explique o “paradoxo da tolerância”: Pablo responde a essa questão com outra
pergunta “Tolerância pode levar à intolerância?”, ou seja, uma postura de tolerância
pode levar a uma postura de intolerância? Pablo, após um tempo de debate com os
alunos, enfim responde conforme o resumo do texto: “A tolerância pode levar a
indiferença por um dos lados”, isso é indiferença, o indivíduo não é indiferente.
Tolerância é suportar as diferenças, mas o risco é transformar-se em cego; outro risco é
a covardia: eu ser tolerante, porque a maioria da população mostra-se tolerante, isso é
uma tolerância maquiada; internamente há intolerância. Por isso que a tolerância deve
ser constantemente criticada.
Explique a sobrecarga ética do Direito: O Direito, a moral, a religião são ordens
éticas. Porém o Direito se sobrecarrega nesse contexto histórico porque o Direito é a
única ordem que consegue impor a sua vontade. A moral é autônoma e a religião é
questão de fé. Então o Direito passa a ser o único meio de conflito numa sociedade
complexa. Ele é heterônimo.

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