Luta

Outubro 2006 Boletim da Associação

Socialde Classe Interprofissional nº20
www.acinterpro.org acinterpro@gmail.com http://luta-social.blogspot.com

CRÓNICA DA DESMASCARAR BOLONHA

GUERRA DE
CLASSES Tudo tem sido dito sobre educação.
Porém, há alguns marcos que importa sublinhar.
Sexta-feira, Outubro 20
Um é o célebre acordo do GATS (General Agreement on Tariffs and Services) no
Tarifas da Electricidade: o âmbito da OMC. Neste acordo a educação é assimilada a um «serviço», portanto
governo recuou...
mercantilizável, sujeita às «regras do mercado», etc.
[...]a tal «autoridade Outro é o chamado «processo de Bolonha», que dentro da «agenda de Lisboa»(*)
reguladora» tem como pretende igualizar as licenciaturas e outros graus permitindo uma circulação mais
objectivo principal fácil de estudantes e de cientistas.
(atribuído pelo governo,
Ambos os processos estão ligados e estão relacionados também com o que se passa
claro), de tornar rentável
dentro das fronteiras de cada Estado.
para os privados (leia-se
grandes empresas de O acordo do GATS abre as portas a uma privatização da educação em que a função
capital espanhol) se estatal deixa de ser encarada como factor estruturante (como até agora, na Europa)
meterem no mercado da para ter uma função meramente supletiva. Ou seja, onde o privado falha, estará o
distribuição da energia Estado vocacionado para colmatar as deficiências da oferta privada. Mas, em face de
eléctrica ao consumidor oferta privada, o Estado deve apagar-se, não deve entrar em concorrência com esta.
particular, em Portugal. Já
estão metidos na
distribuição às empresas
(grandes, sobretudo).
Os representantes em
Portugal de Iberdrolas etc...
já fizeram saber que
«assim, não interessa» ...
sem os quase 16% de
aumento: o verdadeiro
objectivo era tornar o
negócio apetecível para as
privadas.
Quinta-feira, Outubro 19 No caso do processo de Bolonha, os curricula não apenas são uniformizados, como
Governo responsável o são de acordo com os critérios que prevalecem nos grandes meios de negócios e
pela aceleração da de indústrias.
inflação Os cursos «não rentáveis» são impiedosamente extintos ou relegados para um
canto. Os cursos «rentáveis» são moldados em termos de empregabilidade, o que
Depois do Secretário de
Estado adjunto Castro quer dizer em linguagem clara, que os conteúdos vão obedecer estritamente aquilo
Guerra, ter vindo a público que os patrões das diversas indústrias acham que os alunos universitários deverão
«acusar» os consumidores aprender.
pelo aumento das tarifas Além disso, os diplomas de mestrado e doutoramento serão contingentados, o que
de electricidade para o tornará apenas num «bacharelato» qualquer licenciatura de três anos e
consumo doméstico (mais provavelmente, pois isso corresponde ao interesse dos empregadores, um mero
 «bacharelato melhorado» as actuais licenciaturas de 4 e 5 anos.
15% !) , é a agora a vez do
Ministro da Economia se
«emocionar» com o De futuro, quem quiser obter um emprego de nível elevado deverá formar-se numa
aumento, da universidade privada, pagando as propinas correspondentes (a não ser que tenha
responsabilidade do seu acesso a uma bolsa) e ter um grau de mestre ou de doutor. Abaixo disso, só
próprio governo. empregos desvalorizados sobrarão.
[...]
Quarta-feira, Outubro 18
A derrocada dos direitos
mais elementares
continua: Serviço Nacional
de Saúde.

[...]O ministro da Saúde,

Correia de Campos, vem
anunciar a criação de taxas
de internamento, algo que
contradiz o carácter de
gratuitidade e
universalidade do SNS
contemplado na
Constituição e constitui
uma medida de grande
injustiça social que poderá
enviar para casa aqueles
que não têm meios para
pagar as ditas taxas.
[...]
Segunda-feira, Outubro 16
Porto: 40 manifestantes
ocupam o teatro Rivoli
contra a privatização do
espaço
Cerca de 40 pessoas
passaram a noite e
continuam esta manhã no
interior do teatro Rivoli, no
Porto, onde estão a realizar
uma "ocupação
simbólica".[...]
Quarta-feira, Outubro 18
Medicamentos mais
baratos... sim, mas para
quem????
Será esta uma «descida»
idêntica à do ano passado,
que terá como resultado
prático um aumento do
peso global da despesa
com medicamentos para
muitos utentes?[...]
Conclusão: quando o
governo anuncia uma
«descida» de
A educação pública vai ser transformada na «educação dos pobrezinhos» com
algumas excepções (que funcionarão como «montras» para inglês ver) e o conjunto
dos docentes do sistema público serão os mais mal pagos, os que terão condições
de trabalho mais precárias, mais deficientes em equipamentos, etc.
No fundo, será como já é realidade nos países do cone sul da América, veja-se o
Brasil - com milhões de analfabetos e a educação de qualidade confinada a colégios
e universidades detidas pela Igreja Católica e outras instituições não estatais - ou o
Chile onde, desde Pinochet, o ensino foi considerado como assunto de «indústria
privada» , tendo a rede estatal uma dimensão muito pequena e havendo um largo
sector privado, mas subvencionado pelo erário público...
Se não sacudimos o jugo da dominação capitalista na era da sua globalização, os
nossos filhos e netos viverão num mundo cada vez mais injusto, mais desigual, mais
pobre, mais violento...
Manuel Baptista
_____________
(*) na cimeira da UE, de Lisboa, em 2000 foi definido um programa para que o
espaço europeu atinja o nº1 na inovação científica e técnica no decurso da próxima
década
O ATAQUE AO SISTEMA PÚBLICO DE EDUCAÇÃO
É demitir-se o estado das suas competências, abandonando os
jovens à sua sorte fazendo-lhes crer que se as coisas não lhes
correm bem é porque ou não são dotados, ou lhes falta o mérito.
São uns falhados.
E, deste modo trabalhando e actuando na consciência de cada aluno
e do pai/mãe de forma oculta, estes não sentem que são vítimas
duma política cega ou que cega, que quer a todo o custo manter os
privilégios dos já privilegiados. […]
NUNO FREITAS
medicamentos é preciso
ver se não está a ir ao VIDA DA ASSOCIAÇÃO
nosso bolso, pois ele
anuncia realmente que há
uma descida para os cofres
públicos, não para o
utente.
Quinta-feira, Outubro 12
GM Portugal pagará uma
indemnização
correspondente a dois
meses de salário base por Realizou-se a 16 de Setembro passado a Assembleia Geral de Sócios (Extraordinária) da Associação de Classe
cada ano de trabalho Interprofissional (AC-Interpro), nas instalações do C.E.L., em Lisboa. Foram discutidos e aprovados os seguintes
documentos(*): Plataforma Reivindicativa Geral e Declaração de Princípios. Foi também confirmado o programa
Segunda-feira, Outubro 09 das Jornadas Interprofissionais e tomadas decisões relativamente ao site Internet.
Operários da Johnson de
Portalegre avançam para No dia 13 de Outubro passado ocorreu a Primeira Sessão das Jornadas Interprofissionais (**) subordinada ao
greve de quatro dias tema «precariedade laboral e social». A discussão animada contou com a presença de algum público, tendo
também contado com a interessante e fraterna participação de Eládio Villanueva, Secretário da CGT de Espanha.
«Os operários da Johnson Antes e durante o debate, montámos uma banca com materiais (livros, dvds, cds, revistas e jornais) que nos
Controls de Portalegre foram gentilmente oferecidos pela CGT:
decidiram hoje avançar
Reunimos no Porto, dia 14 de Outubro passado, com alguns militantes, na sede do Musas Futebol Clube:
para uma greve de quatro
falámos da organização do Núcleo Regional do Norte da Associação, assim como de outros assuntos.
dias, com início a 17 de
Outubro, contra as Está marcada nova AGS (extraordinária) para dia 27 de Outubro pelas 17h., na Biblioteca-Museu da República e
intenções da multinacional Resistência tendo como ponto único da Ordem de trabalhos «Aprovação das alterações aos Estatutos com vista
de encerrar a fábrica em ao processo de legalização da AC-Interpro na qualidade de sindicato»
2007.»
(*) Ver os referidos documentos em http://www.acinterpro.org
[...]
Quinta-feira, Outubro 05
(**) JORNADAS INTERPROFISSIONAIS da AC-INTERPRO: Biblioteca-Museu da
Sindicatos rejeitam nova República e Resistência, Rua Alberto de Sousa, 10-A, Zona B do Rego, Lisboa
proposta para Estatuto da
Carreira Docente
Sexta 13 de Outubro, 18:30.
«Perante as propostas
Debate: Precariedade Laboral e Social
avançadas pelo Ministério
da Educação, as 13 Sexta 27 de Outubro, 18:30.
organizações sindicais Debate: Privatização da Educação
mantêm a marcha nacional Dom. 29 de Out., 10:00. (encontro: Rossio)
de protesto de amanhã, na Visita a locais sindicalistas de Lisboa
qual esperam uma adesão Sexta 10 de Nov., 18:30.
de cerca de 15 mil Debate: Acidentes de trabalho, que prevenção?
docentes». Quarta 29 de Nov., 18:30.
Segunda-feira, Outubro 02 Debate: Globalizando a luta de classes em Portugal
Proposta de «justiça
social» do Governo:
aumento da taxa de ADSE Comemorações do centenário do nascimento do
Segundo proposta do sindicalista libertário Emídio Santana
Governo, os aposentados O jornal A Batalha / Centro de Estudos Libertários promovem um ciclo de sessões
da Função Pública, antes comemorativas do centenário do nascimento de Emídio Santana (1906-2006).
isentos, passam a pagar Uma educação para a liberdade e a cidadania, a 28/10, às 15 h., no Espaço Josefa
taxa de 1% (excepto os de Óbidos (Junta de Freguesia da Graça)
que têm menos de 579 Lutar pela emancipação, 11/11, às 15 h. no Museu da República e Resistência
euros de reforma). Os
Estrada de Benfica, nº 419, Lisboa
trabalhadores no activo
passam a descontar 1,5% Entreajuda e cooperação na base da sociedade 26/11, às 15 h. na Casa António
Sérgio – Travessa Moínho de Vento, à Lapa, nº 4, Lisboa
(antes descontavam 1%).
O Ministro das Finanças
vem - com desplante -
chamar a este
agravamento dum imposto
para os funcionários, de
«justiça social».
[...]
Terça-feira, Setembro 26
Fábricas da Johnson
Controls em Portalegre e
Nelas fecham no final de
2007
Fim de 875 postos de
trabalho
«A multinacional norte-
americana Johnson
Controls anunciou hoje o
encerramento definitivo das
suas unidades fabris em
Portalegre e Nelas no final
de 2007, deixando no
desemprego 875
trabalhadores. A unidade
de Palmela, em Setúbal,
vai continuar a laborar.»
Bem podemos agradecer
ao actual presidente da
república (quando era
primeiro ministro) o modelo
de trabalho assalariado de
baixo custo e a captação
de multinacionais para
operar aqui, explorando
essa mão de obra e as
condições muito favoráveis
em muitos outros
aspectos.[...]
Terça-feira, Setembro 26
Hipotecando o Futuro.
Governo reduz
drasticamente despesas
com educação. [...]
O desenvolvimento destas
e doutras notícias pode ser
lido na nossa edição diária
do Boletim «Luta Social»
em: http://luta-social.blogspot.com
COMUNICADO :
greves dias 8 e 9 na função pública
Aos/às trabalhadores/as da função pública, das autarquias
locais e aos/às trabalhadores/as em geral
Para os dias 8 e 9 de Novembro foram marcadas greves da Função Pública pelos
os sindicatos da CGTP e da UGT.
Nós, Associação de Classe Interprofissional, organização fundada a 1 de Julho
deste ano, temos a dizer, sobre a greve, o seguinte:
Nós pensamos que esta greve é uma ajuda ao governo de Sócrates/PS, para ele
tirar o país do "défice permanente" em que nos encontramos, e pensamos que
esta greve não vai alterar nada daquilo que nós pretendemos, porque ela parte de
premissas falsas e coloca reivindicações sem sentido.
Há 30 anos que andamos a perder com estes sindicatos, porque todos os anos o
governo faz o que quer, sem que os sindicatos façam nada. O que os governos e
sindicatos andaram a fazer este tempo todo foi dividir-nos em categorias e mais
categorias, escalões e mais escalões. O leque salarial é cada vez mais injusto
com aumentos percentuais e sempre abaixo da inflação.
Nós queremos diminuir o leque salarial com aumentos de 50 euros, iguais para
todos, queremos rever as categorias como assistentes administrativos, contínuos,
cantoneiros, jardineiros, etc. numa só categoria em que o lema «a trabalho igual,
salário igual» seja norma.
Queremos que a idade de reforma seja reduzida para as categorias de grande
desgaste (cantoneiros e categorias operárias, etc.) para 30 anos de serviço ou 53
anos de idade e os outros trabalhadores 33 anos de serviço ou 57 de idade com a
reforma por inteiro.
Queremos também fazer frente ao governo Sócrates em relação aos
supranumerários, que são uma autêntica injustiça aos trabalhadores da FP.
Precisamos do vosso apoio activo para levar por diante estas nossas
reivindicações.
De Vós, trabalhadores de outros sectores de actividade, também precisamos da
vossa solidariedade, porque a solidariedade é a arma dos trabalhadores.
Por isso, contacta-nos para: acinterpro@gmail.com