Flow é uma palavra da língua inglesa que significa fluxo. É, também, um
conceito da psicologia positiva de capital importância para o líder e sua empresa. O professor de psicologia Mihaly Csikszentmihalyi, que desenvolveu o conceito, o define como o modo mais poderoso de colocar as emoções a serviço da performance e do aprendizado. Segundo ele,
o flow é um estado otimizado de motivação
intrínseca que contribui para o desenvolvimento de competências e a elevação da performance. Contribui, também, para o aumento dos níveis de prazer, felicidade e bem- estar. As empresas também estão percebendo – e capitalizado – os benefícios do flow, que, aliás, já está se tornando uma força transformadora no mundo dos negócios. Grandes organizações, como Microsoft e Toyota, estão introduzindo técnicas para gerar o flow no ambiente profissional – e com isso elevar os resultados e o nível de satisfação dos funcionários.
Talvez a melhor maneira de compreender o flow seja por meio da
invocação de momentos nos quais você experimentou esse estado. O flow ocorre quando, ao realizarmos determinada atividade, mergulhamos em uma sensação de foco energizado, envolvimento total e fluidez no processo de realização. É como se os limites do corpo e da mente fossem expandidos para realizar algo que é, ao mesmo tempo, desafiador e recompensador. Quando estamos em flow, as emoções não são apenas contidas e canalizadas. São, também, positivas, energizadas e alinhadas com a tarefa que estamos executando. Simultaneamente, somos tomados por uma sensação de alegria espontânea – ou até mesmo de elevação – durante a performance. O foco no que estamos fazendo é tão profundo que todo o resto parece ficar em segundo plano – nem sequer sentimos a passagem do tempo, e até mesmo necessidades fisiológicas como fome ou sede nos passam despercebidas.
A relevância do flow no ambiente profissional está, entre outros aspectos,
em sua forte correlação com o desenvolvimento de competências. Quando alguém está em flow, está, também, trabalhando para desenvolver a excelência na atividade em questão. Ocorre que, para estar em flow, é necessário que o grau de desafio oferecido pela atividade seja compatível com o grau de competência atual da pessoa. O desafio estimula o desenvolvimento que competências que, por sua vez, ao se desenvolverem, exigirão um nível mais elevado de desafio para que o flow possa voltar a ocorrer.
Outro aspecto que chama a atenção para a questão do flow no ambiente
profissional é o fato de, embora esse estado possa ocorrer em diferentes situações – por exemplo, praticando algum hobby ou esporte –, pesquisas revelam que sua frequência é maior no trabalho do que no tempo livre. O motivo é que, de modo geral, o trabalho propicia algumas das condições- chave para que o flow aconteça, a saber:
o Conjunto de metas/objetivos claros e definidos;
o Regras de performance claramente estabelecidas; o Desafios à altura de nossas habilidades; o Feedback – pode advir do fato de você saber que o trabalho foi benfeito, de indicadores preestabelecidos ou do retorno dado por um supervisor; o Ambiente que encoraja a concentração.
Até mesmo atividades que, para muitas pessoas, conduzem ao tédio e à
apatia – por exemplo, trabalhar em uma linha de montagem – podem gerar flow. Nas atividades cujo desafio é muito baixo, o segredo consiste em aumentar por conta própria o grau de dificuldade, estabelecendo metas cada vez mais elevadas que exijam um aumento progressivo do nível de habilidades necessárias para atingi-las. Trata-se, em resumo, de um autodesafio, isto é, de desafiar a si mesmo. O autodesafio parte de perguntas como: “O que eu posso fazer para tornar essa tarefa mais interessante?”, “Como posso utilizar minhas forças para melhorar meu desempenho?” O autodesafio pode, por si, transformar-se em uma ação intrinsecamente motivada, transmutando uma tarefa entediante em uma atividade capaz de satisfazer nosso anseio por novidades, conquistas e autodesenvolvimento – e, é claro, abrindo espaço para que o flow aconteça.