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Câmara dos
Deputados
LEGISLAÇÃO SOBRE
MEIO AMBIENTE
6ª EDIÇÃO
CLIMA E ÁGUA
INCLUI
Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima
Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC)
Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio)
Tratado da Antártida
Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro
Política Nacional para Assuntos Antárticos
Política Marítima Nacional (PMN)
Política Nacional para os Recursos do Mar (PNRM)
Política Nacional de Recursos Hídricos
edições
câmara
Câmara dos
Deputados
LEGISLAÇÃO SOBRE
MEIO AMBIENTE
6ª EDIÇÃO
CLIMA E ÁGUA
Câmara dos Deputados
56ª Legislatura | 2019-2023
1º Vice-Presidente Diretoria-Geral
Marcos Pereira Sergio Sampaio Contreiras de Almeida
1º Suplente
Rafael Motta
2ª Suplente
Geovania de Sá
3º Suplente
Isnaldo Bulhões Jr.
4º Suplente
Assis Carvalho
Câmara dos
Deputados
LEGISLAÇÃO SOBRE
MEIO AMBIENTE
6ª EDIÇÃO
CLIMA E ÁGUA
Roseli Senna Ganem (organizadora)
Ilidia da Ascenção Garrido Martins Juras
Mauricio Boratto Viana
edições
câmara
Editora responsável: Luzimar Gomes de Paiva
Preparação de originais: Seção de Revisão
Revisão: Seção de Revisão
Projeto gráfico: Leandro Sacramento e Luiz Eduardo Maklouf
Diagramação: Giselle Sousa, Luiz Eduardo Maklouf e Patrícia Weiss
Nota do editor: as normas legais constantes desta publicação foram consultadas no Sistema de Legis-
lação Informatizada (Legin) da Câmara dos Deputados. Esta edição agrupou dois volumes da legislação
sobre meio ambiente, a saber Legislação brasileira sobre meio ambiente: clima e ecossistemas costeiros
e marinhos e Legislação brasileira sobre meio ambiente: recursos hídricos.
Título até a 5ª edição: Legislação brasileira sobre meio ambiente: clima e ecossistemas costeiros e mari-
nhos e Legislação brasileira sobre meio ambiente: recursos hídricos.
2009, 1ª edição; 2010, 2ª edição (e-book), 3ª edição; 2013, 4ª edição; 2015, 5ª edição; 2019, 6ª edição.
Série
LEGISLAÇÃO
n. 142 e-book
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
Coordenação de Biblioteca. Seção de Catalogação.
Bibliotecária: Débora Machado de Toledo – CRB1- 1303
Legislação sobre meio ambiente [recurso eletrônico] : clima e água / Roseli Senna Ganem (organizadora);
Ilidia da Ascenção Garrido Martins Juras, Maurício Boratto Viana. – 6. ed. – Brasília : Câmara dos
Deputados, Edições Câmara, 2019.
207 p. – (Série legislação ; n. 142 E-book)
Versão E-book.
Modo de acesso: livraria.camara.leg.br
Disponível, também, em formato impresso.
“Edição atualizada até 22/5/2019”.
ISBN 978-85-402-0742-4
1. Ecossistema, legislação, Brasil. 2. Meio ambiente, legislação, Brasil. I. Ganem, Roseli Senna, org. II.
Juras, Ilidia da Ascenção Garrido Martins. III. Viana, Maurício Boratto. IV. Série.
CDU 504(81)(094)
CLIMA���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 9
Ilidia da Ascenção Garrido Martins Juras
Roseli Senna Ganem
ACORDO DE PARIS�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������29
TRATADO DA ANTÁRTIDA������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������61
CLIMA
1 Bióloga, mestre em oceanografia biológica e doutora em Ciências pelo Instituto Oceanográfico da Universi-
dade de São Paulo (USP). Consultora legislativa aposentada que atuava na área XI (meio ambiente e direito
ambiental, organização territorial, desenvolvimento urbano e regional) da Câmara dos Deputados. Contato:
ilidia.juras@camara.leg.br.
2 Bióloga, mestre em ecologia, doutora em gestão ambiental pelo Centro de Desenvolvimento Ambiental, da
Universidade de Brasília (UnB). Consultora legislativa com atuação na área XI (meio ambiente e direito am-
biental, organização territorial, desenvolvimento urbano e regional) da Câmara dos Deputados. Contato:
roseli.ganem@camara.leg.br.
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de efeito estufa na atmosfera, o forçamento radiativo positivo e o aquecimento
observado (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE, 2013);
3) as emissões contínuas de gases de efeito estufa causarão mais aqueci-
mento e novas mudanças em todos os componentes do sistema climático. Para
conter essas alterações, será necessário reduzir, substancialmente e de forma
sustentável, as emissões de gases de efeito estufa (INTERGOVERNMENTAL PANEL
ON CLIMATE CHANGE, 2013);
4) existem vários caminhos de mitigação que provavelmente limitarão
o aquecimento a menos de 2°C em relação aos níveis pré-industriais, os quais
exigem reduções substanciais, nas próximas décadas, de emissões de dióxido
de carbono e de outros gases de efeito estufa de longa duração, bem como emis-
sões próximas de zero até o final do século. A implementação de tais reduções
impõe grandes avanços tecnológicos, econômicos, sociais, bem como desafios
institucionais (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE, 2014).
A segunda decisão importante foi a adoção da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima, aberta para assinaturas durante a Con-
ferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD),
a Rio-92. A convenção entrou em vigor em 21 de março de 1994 e conta com
adesão de cerca de 180 países, além da Comunidade Europeia. No Brasil, foi
ratificada por meio do Decreto Legislativo nº 1/1994.
Da Convenção-Quadro, originou-se o Protocolo de Quioto, com base na
3ª Conferência das Partes (COP) da convenção, realizada em Quioto, no Japão,
em 1997. O texto do protocolo foi aprovado no Brasil pelo Decreto Legislativo
nº 144/2002.
O protocolo estabeleceu metas quantitativas legalmente obrigatórias de
limitação ou redução de emissões de gases de efeito estufa apenas às nações
que são partes do anexo I (países desenvolvidos), vigentes até 2012. Assim, de
2008 a 2012, durante o primeiro período de cumprimento do protocolo, essas
nações deveriam reduzir suas emissões em torno de 5%, com base nos níveis de
1990. Mas, de fato, tais metas não foram cumpridas.
De 2013 a 2020, um segundo período de compromissos do Protocolo de
Quioto foi acordado; porém, os países que se comprometeram com a extensão
das metas respondem por apenas 15% das emissões globais. Estados Unidos,
Japão, Canadá, Rússia e países em desenvolvimento não se submeteram aos
novos compromissos, o que fragilizou muito o alcance dos objetivos da con-
venção (COMISSÃO MISTA PERMANENTE SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS, 2013).
Na 21ª Conferência das Partes da convenção (COP 21), foi adotado um
novo pacto, denominado Acordo de Paris. O compromisso assumido na oca-
sião foi manter o aumento da temperatura média global em bem menos de
2°C acima dos níveis pré-industriais e envidar esforços para limitar o aumento
da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Para tanto, as partes
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CLIMA
3 Sigla em inglês.
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c) implementação de medidas para promover a adaptação à mudança
do clima;
d) conservação dos recursos ambientais, com particular atenção aos
grandes biomas naturais tidos como patrimônio nacional;
e) consolidação e expansão das áreas legalmente protegidas e incen-
tivo aos reflorestamentos e à recomposição da cobertura vegetal em áreas
degradadas.
Como diretrizes da PNMC, constam, entre outras:
a) os compromissos assumidos pelo Brasil na Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima e demais documentos sobre mudança
do clima dos quais é signatário;
b) as ações de mitigação da mudança do clima em consonância com o
desenvolvimento sustentável, que sejam, sempre que possível, mensuráveis
para sua adequada quantificação e verificação a posteriori;
c) as medidas de adaptação para reduzir os efeitos adversos da mudança
do clima e a vulnerabilidade dos sistemas ambiental, social e econômico;
d) a promoção e o desenvolvimento de pesquisas científico-tecnológicas
e a difusão de tecnologias, processos e práticas orientados a mitigar a mudança
do clima, reduzir as incertezas nas projeções nacionais e regionais futuras da
mudança do clima, identificar vulnerabilidades e adotar medidas de adaptação
adequadas;
e) a utilização de instrumentos financeiros e econômicos para promover
ações de mitigação e adaptação à mudança do clima;
f) o estímulo à manutenção e à promoção de práticas, de atividades e de
tecnologias de baixas emissões de gases de efeito estufa e de padrões sustentá-
veis de produção e consumo.
Entre os instrumentos da PNMC, figuram o Plano Nacional sobre
Mudança do Clima; o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, criado pela Lei
nº 12.114/2009; os planos de ação para prevenção e controle do desmatamento
nos biomas e os mecanismos financeiros e econômicos referentes à mitigação
da mudança do clima e à adaptação aos seus efeitos.
A Lei nº 12.187/2009 prevê, ainda, o estabelecimento de planos setoriais
de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas para consolidação de uma
economia de baixo consumo de carbono. Foram contemplados os seguintes
setores: geração e distribuição de energia elétrica; transporte público urbano
e sistemas modais de transporte interestadual de cargas e passageiros; indús-
trias de transformação e de bens de consumo duráveis, de química fina e de
base, de papel e celulose, e de construção civil; mineração; serviços de saúde;
e agropecuária.
12
CLIMA
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fundiária; conservação e uso sustentável da biodiversidade e recuperação de
áreas desmatadas.
Para disponibilizar os dados de contabilização de emissões, foi insti-
tuído o Sistema de Registro Nacional de Emissões (Sirene), por meio do Decreto
nº 9.172/2017, implantado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC).
Por fim, foi aprovada a Lei nº 13.576/2017, que institui a Política Nacional
de Biocombustíveis (RenovaBio). Entre seus objetivos, incluem-se: contribuir
para o atendimento aos compromissos do país, no âmbito do Acordo de Paris,
e promover a adequada expansão da produção e do uso de biocombustíveis na
matriz energética nacional. Apesar de seu vínculo com as metas de redução de
emissões, a RenovaBio traz preocupações com o risco de expansão do cultivo
da cana-de-açúcar em áreas de vegetação nativa.
A legislação brasileira sobre mudança do clima é muito nova para que
se faça uma avaliação de seus reais impactos na sociedade. No entanto, a exis-
tência de uma política específica endereçada ao tema é, por si, extremamente
positiva. Contudo, um aspecto que merece reparos é o da timidez das ações
propostas, uma vez que praticamente todas, de alguma forma, já estavam em
execução. O compromisso nacional voluntário foi considerado tímido, pois não
implicava esforços adicionais do Brasil. O financiamento também é uma questão
que preocupa, tendo em vista que os recursos orçamentários destinados à área
ambiental são escassos e, o que é pior, foram substancialmente reduzidos nos
últimos anos (SILVA; JURAS; SOUZA, 2013).
Referências
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Acordo de Paris. Disponível em: <http://www.
mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/acordo-de-paris>. Acesso em: 30 abr.
2018.
COMISSÃO MISTA PERMANENTE SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Relatório final. 2013.
Disponível em: <http://legis.senado.leg.br/comissoes/comissao?2&codcol=1450>.
Acesso em: 30 abr. 2018.
INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE. Climate Change 2013: the physical
science basis, summary for policymakers. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/pdf/
assessment-report/ar5/wg1/WG1AR5_SPM_FINAL.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2018.
_______. Climate Change 2014: synthesis report. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/
news_and_events/docs/ar5/ar5_syr_headlines_en.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2018.
JURAS, I. A. G. M. Legislação brasileira sobre mudança do clima. Brasília: Câmara dos
Deputados, Consultoria Legislativa, 2010. 5 p. (Nota Técnica). Disponível em: <http://
bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/6045>. Acesso em: 14 mar. 2012.
______; SCHWINGEL, A.C.F. Mudança do clima: de Rio a Rio e mais além. Cadernos Aslegis,
n. 45, p. 73-93, jan./abr. 2012.
SILVA, Eduardo Fernandez; JURAS, Ilidia da Ascenção Garrido Martins; SOUZA,
Stephania Maria de. A política do meio ambiente como ela é. In: MIRANDA, Roberto
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CLIMA
Sugestões de leitura
DESAFIOS do clima. Plenarium, Brasília, v. 5, p. 1-343, 2008.
INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE. Fifth assessment report: climate
change, 2014. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/home_languages_main_spanish.
shtml>. Acesso em: 30 abr. 2018.
JURAS, I. A. G. M. Mudança do clima. Brasília: Câmara dos Deputados, Consultoria
Legislativa, 2009. 15 p. (Estudo). Disponível em: <http://bd.camara.leg.br/bd/handle/
bdcamara/3963>. Acesso em: 30 abr. 2018.
______. Política nacional de mudanças climáticas: a opção pelo futuro. In: THEODORO,
Suzi Huff (Org.). Os 30 anos da Política Nacional do Meio Ambiente: conquistas e
perspectivas. Rio de Janeiro: Garamond, 2011. p. 167-195.
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CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES atividades sob sua jurisdição ou controle não cau-
UNIDAS SOBRE MUDANÇA DO CLIMA sem dano ao meio ambiente de outros Estados ou
(Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 1 de 1994 e de áreas além dos limites da jurisdição nacional,
promulgado pela Decreto nº 2.652, de 1º/7/1998) Reafirmando o princípio da soberania dos Es-
tados na cooperação internacional para enfrentar
As Partes desta convenção,
a mudança do clima,
Reconhecendo que a mudança do clima da Terra
Reconhecendo que os Estados devem elaborar
e seus efeitos negativos são uma preocupação
legislação ambiental eficaz, que as normas am-
comum da humanidade,
bientais, objetivos administrativos e prioridades
Preocupadas com que atividades humanas
devem refletir o contexto ambiental e de desen-
estão aumentando substancialmente as concen-
volvimento aos quais se aplicam e que as normas
trações atmosféricas de gases de efeito estufa,
aplicadas por alguns países podem ser inadequa-
com que esse aumento de concentrações está
das e implicar custos econômicos e sociais injus-
intensificando o efeito estufa natural e com que
tificados para outros países, particularmente para
disso resulte, em média, aquecimento adicional
os países em desenvolvimento,
da superfície e da atmosfera da Terra e com que
Lembrando os dispositivos da resolução 44/228
isso possa afetar negativamente os ecossistemas
da Assembleia Geral, de 22 de dezembro de 1989,
naturais e a humanidade,
sobre a Conferência das Nações Unidas Sobre
Observando que a maior parcela das emissões
Meio Ambiente e Desenvolvimento, e as resolu-
globais, históricas e atuais, de gases de efeito es-
ções 43/53 de 6 de dezembro de 1988, 44/207 de
tufa é originária dos países desenvolvidos, que 22 de dezembro de 1989, 45/212 de 21 de dezem-
as emissões per capita dos países em desenvol- bro de 1990 e 46/169 de 19 de dezembro de 1991
vimento ainda são relativamente baixas e que a sobre a proteção do clima mundial para as gera-
parcela de emissões globais originárias dos paí- ções presentes e futuras da humanidade,
ses em desenvolvimento crescerá para que eles Lembrando também as disposições da resolu-
possam satisfazer suas necessidades sociais e de ção 44/206 da Assembleia Geral, de 22 de dezem-
desenvolvimento, bro de 1989, sobre os possíveis efeitos negativos
Cientes do papel e da importância dos sumidou- da elevação do nível do mar sobre ilhas e zonas
ros e reservatórios de gases de efeito estufa nos costeiras, especialmente zonas costeiras de baixa
ecossistemas terrestres e marinhos, altitude, e as disposições pertinentes da resolu-
Observando que as previsões relativas à mu- ção 44/172 da Assembleia Geral, de 19 de dezem-
dança do clima caracterizam-se por muitas incer- bro de 1989, sobre a execução do Plano de Ação
tezas, particularmente no que se refere a sua evo- de Combate à Desertificação,
lução no tempo, magnitude e padrões regionais, Lembrando ainda a Convenção de Viena sobre a
Reconhecendo que a natureza global da mu- Proteção da Camada de Ozônio, de 1985, e o Pro-
dança do clima requer a maior cooperação possí- tocolo de Montreal sobre Substâncias que Des-
vel de todos os países e sua participação em uma troem a Camada de Ozônio, de 1987, conforme
resposta internacional efetiva e apropriada, con- ajustado e emendado em 29 de junho de 1990,
forme suas responsabilidades comuns mas dife- Tomando nota da Declaração Ministerial da Se-
renciadas e respectivas capacidades e condições gunda Conferência Mundial sobre o Clima, ado-
sociais e econômicas, tada em 7 de novembro de 1990,
Lembrando as disposições pertinentes da De- Conscientes do valioso trabalho analítico sobre
claração da Conferência das Nações Unidas sobre mudança do clima desenvolvido por muitos Es-
o Meio Ambiente Humano, adotada em Estocolmo tados, das importantes contribuições da Organi-
em 16 de junho de 1972, zação Meteorológica Mundial, do Programa das
Lembrando também que os Estados, em confor- Nações Unidas para o Meio Ambiente e de outros
midade com a Carta das Nações Unidas e com os órgãos, organizações e organismos do sistema das
princípios do Direito Internacional, têm o direito Nações Unidas, bem como de outros organismos
soberano de explorar seus próprios recursos se- internacionais e intergovernamentais, para o in-
gundo suas políticas ambientais e de desenvol- tercâmbio de resultados de pesquisas científicas
vimento e a responsabilidade de assegurar que e para a coordenação dessas pesquisas,
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CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇA DO CLIMA
4 A descrição dos títulos dos artigos foi incluída com a finalidade exclusiva de orientar o leitor.
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8) “Sumidouro” significa qualquer processo, cas e medidas adotadas para enfrentar a mudança
atividade ou mecanismo que remova um gás de do clima devem ser eficazes em função dos cus-
efeito estufa, um aerossol ou um precursor de um tos, de modo a assegurar benefícios mundiais ao
gás de efeito estufa da atmosfera. menor custo possível. Para esse fim, essas políti-
9) “Fonte” significa qualquer processo ou ati- cas e medidas-devem levar em conta os diferen-
vidade que libere um gás de efeito estufa, um tes contextos socioeconômicos, ser abrangentes,
aerossol ou precursor de gás de efeito estufa na cobrir todas as fontes, sumidouros e reservatórios
atmosfera. significativos de gases de efeito estufa e adapta-
ções, e abranger todos os setores econômicos. As
Artigo 2 – Objetivo
partes interessadas podem realizar esforços, em
O objetivo final desta convenção e de quaisquer
cooperação, para enfrentar a mudança do clima.
instrumentos jurídicos com ela relacionados que
adote a Conferência das Partes é o de alcançar, 4) As partes têm o direito ao desenvolvimento
em conformidade com as disposições pertinentes sustentável e devem promovê-lo. As políticas e
desta convenção, a estabilização das concentra- medidas para proteger o sistema climático con-
ções de gases de efeito estufa na atmosfera num tra mudanças induzidas pelo homem devem ser
nível que impeça uma interferência antrópica pe- adequadas às condições específicas de cada parte
rigosa no sistema climático. Esse nível deverá ser e devem ser integradas aos programas nacionais
alcançado num prazo suficiente que permita aos de desenvolvimento, levando em conta que o de-
ecossistemas adaptarem-se naturalmente à mu- senvolvimento econômico é essencial à adoção
dança do clima que assegure que a produção de de medidas para enfrentar a mudança do clima.
alimentos não seja ameaçada e que permita ao 5) As partes devem cooperar para promover
desenvolvimento econômico prosseguir de ma- um sistema econômico internacional favorável
neira sustentável. e aberto conducente ao crescimento e ao desen-
volvimento econômico sustentáveis de todas as
Artigo 3 – Princípios partes, em especial das partes países em desen-
Em suas ações para alcançar o objetivo desta volvimento, possibilitando-lhes, assim, melhor
convenção e implementar suas disposições, as enfrentar os problemas da mudança do clima. As
partes devem orientar-se inter alia, pelo seguinte: medidas adotadas para combater a mudança do
1) As partes devem proteger o sistema climático clima, inclusive as unilaterais, não devem consti-
em benefício das gerações presentes e futuras da
tuir meio de discriminação arbitrária ou injustificá-
humanidade com base na equidade e em confor-
vel ou restrição velada ao comércio internacional.
midade com suas responsabilidades comuns mas
diferenciadas e respectivas capacidades. Em de- Artigo 4 – Obrigações
corrência, as partes países desenvolvidos devem 1) Todas as partes, levando em conta suas respon-
tomar a iniciativa no combate à mudança do clima sabilidades comuns mas diferenciadas e suas prio-
e a seus efeitos negativos. ridades de desenvolvimento, objetivos e circuns-
2) Devem ser levadas em plena consideração tâncias específicos, nacionais e regionais, devem:
as necessidades específicas e circunstâncias es- a) elaborar, atualizar periodicamente, publicar
peciais das Partes países em desenvolvimento, e por à disposição da Conferência das Partes, em
em especial aqueles particularmente mais vulne- conformidade com o Artigo 12, inventários nacio-
ráveis aos efeitos negativos da mudança do clima, nais de emissões antrópicas por fontes e das remo-
e das Partes, em especial partes países em desen- ções por sumidouros de todos os gases de efeito
volvimento, que tenham que assumir encargos estufa não controlados pelo Protocolo de Montreal,
desproporcionais e anormais sob esta convenção. empregando metodologias comparáveis a serem
3) As partes devem adotar medidas de precau- adotadas pela Conferência das Partes;
ção para prever, evitar ou minimizar as causas da b) formular, implementar, publicar e atualizar
mudança do clima e mitigar seus efeitos negati- regularmente programas nacionais e, conforme o
vos. Quando surgirem ameaças de danos sérios caso, regionais, que incluam medidas para mitigar
ou irreversíveis, a falta de plena certeza científica a mudança do clima, enfrentando as emissões an-
não deve ser usada como razão para postergar trópicas por fontes e remoções por sumidouros de
essas medidas, levando em conta que as políti- todos os gases de efeito estufa não controlados
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CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇA DO CLIMA
pelo Protocolo de Montreal, bem como medidas h) promover e cooperar no intercâmbio pleno,
para permitir adaptação adequada à mudança do aberto e imediato de informações científicas, tec-
clima; nológicas, técnicas, socioeconômicas e jurídicas
c) promover e cooperar para o desenvolvimento, relativas ao sistema climático e à mudança do
aplicação e difusão, inclusive transferência de clima, bem como às consequências econômicas
tecnologias, práticas e processos que controlem, e sociais de diversas estratégias de resposta;
reduzam ou previnam as emissões antrópicas de i) promover e cooperar na educação, treina-
gases de efeito estufa não controlados pelo Proto- mento e conscientização pública em relação à
colo de Montreal em todos os setores pertinentes, mudança do clima, e estimular a mais ampla par-
inclusive nos setores de energia, transportes, in- ticipação nesse processo, inclusive a participação
dústria, agricultura, silvicultura e administração de organizações não governamentais; e
de resíduos; j) transmitir à Conferência das Partes informa-
d) promover a gestão sustentável, bem como ções relativas à implementação, em conformi-
promover e cooperar na conservação e fortaleci- dade com o Artigo 12.
mento, conforme o caso, de sumidouros e reser- 2) As partes países desenvolvidos e demais par-
vatórios de todos os gases de efeito estufa não tes constantes do Anexo I se comprometem espe-
controlados pelo Protocolo de Montreal, incluin- cificamente com o seguinte:
do a biomassa, as florestas e os oceanos como a) Cada uma dessas partes deve adotar políti-
também outros ecossistemas terrestres, costei- cas nacionais5 e medidas correspondentes para
ros e marinhos; mitigar a mudança do clima, limitando suas emis-
e) cooperar nos preparativos para a adaptação sões antrópicas de gases de efeito estufa e prote-
aos impactos da mudança do clima; desenvolver gendo e aumentando seus sumidouros e reserva-
e elaborar planos adequados e integrados para tórios de gases de efeito estufa. Essas políticas e
a gestão de zonas costeiras, recursos hídricos e medidas demonstrarão que os países desenvolvi-
agricultura, e para a proteção e recuperação de dos estão tomando a iniciativa no que se refere a
regiões, particularmente na África, afetadas pela modificar as tendências de mais longo prazo das
seca e desertificação, bem como por inundações; emissões antrópicas em conformidade com o ob-
f) levar em conta, na medida do possível, os fa- jetivo desta convenção, reconhecendo que con-
tores relacionados com a mudança do clima em tribuiria para tal modificação a volta, até o final
suas políticas e medidas sociais, econômicas e da presente década, a níveis anteriores das emis-
ambientais pertinentes, bem como empregar mé- sões antrópicas de dióxido de carbono e de ou-
todos adequados, tais como avaliações de impac- tros gases de efeito estufa não controlados pelo
tos, formulados e definidos nacionalmente, com Protocolo de Montreal; e levando em conta as di-
vistas a minimizar os efeitos negativos na econo- ferentes situações iniciais e enfoques, estruturas
mia, na saúde pública e na qualidade do meio am- econômicas e fontes de recursos dessas partes, a
biente, provocados por projetos ou medidas apli- necessidade de manter um crescimento econô-
cadas pelas partes para mitigarem a mudança do mico vigoroso e sustentável, as tecnologias dis-
clima ou a ela se adaptarem; poníveis e outras circunstâncias individuais, bem
g) promover e cooperar em pesquisas científi- como a necessidade de que cada uma dessas Par-
cas, tecnológicas, técnicas, socioeconômicas e ou- tes contribua equitativa e adequadamente ao es-
tras, em observações sistemáticas e no desenvol- forço mundial voltado para esse objetivo. Essas
vimento de bancos de dados relativos ao sistema partes podem implementar tais políticas e medi-
climático, cuja finalidade seja esclarecer e reduzir das juntamente com outras partes e podem auxi-
ou eliminar as incertezas ainda existentes em re- liar essas outras partes a contribuírem para que se
lação às causas, efeitos, magnitude e evolução no alcance o objetivo desta convenção e, particular-
tempo da mudança do clima e as consequências mente, desta alínea;
econômicas e sociais de diversas estratégias de b) A fim de promover avanço nesse sentido,
resposta; cada uma dessas partes deve apresentar, em
5 Incluem-se aqui as políticas e medidas adotadas por organizações regionais de integração econômica.
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conformidade com o artigo 12, dentro de seis me- II. identificar e examinar periodicamente suas
ses da entrada em vigor para si desta convenção, próprias políticas e práticas que possam estimular
e periodicamente a partir de então, informações atividades que levem a níveis de emissões antró-
pormenorizadas sobre as políticas e medidas a picas de gases de efeito estufa não controlados
que se refere a alínea a acima, bem como sobre pelo Protocolo de Montreal mais elevados do que
a projeção de suas emissões antrópicas residuais normalmente ocorreriam;
por fontes e de remoções por sumidouros de ga- f) Conferência das Partes deve examinar, no
ses de efeito estufa não controlados pelo Protoco- mais tardar até 31 de dezembro de 1998, informa-
lo de Montreal no período a que se refere a alínea ções disponíveis com vistas a adoção de decisões,
a acima, com a finalidade de que essas emissões caso necessário, sobre as emendas às listas dos
antrópicas de dióxido de carbono e de outros ga- Anexos II e III, com a aprovação da parte interes-
ses de efeito estufa não controlados pelo Proto- sada;
colo de Montreal voltem, individual ou conjunta- g) Qualquer parte não incluída no Anexo I pode,
mente, a seus níveis de 1990. Essas informações em seu instrumento de ratificação, aceitação,
serão examinadas pela Conferência das Partes em aprovação ou adesão, ou posteriormente, notifi-
sua primeira sessão e periodicamente a partir de car o depositário de sua intenção de assumir as
então, em conformidade com o artigo 7; obrigações previstas nas alíneas a e b acima. O de-
c) Os cálculos de emissões por fontes e de re- positário deve informar os demais signatários e
partes de tais notificações.
moções por sumidouros de gases de efeito estufa
3) As partes países desenvolvidos e demais par-
para os fins da alínea b acima devem levar em
tes desenvolvidas incluídas no Anexo II devem
conta o melhor conhecimento científico disponí-
prover recursos financeiros novos e adicionais
vel, inclusive o da efetiva capacidade dos sumi-
para cobrir integralmente os custos por elas con-
douros e as respectivas contribuições de tais gases
cordados incorridos por partes países em de-
para a mudança do clima. Em sua primeira sessão
senvolvimento no cumprimento de suas obriga-
e periodicamente a partir de então, a Conferência
ções previstas no artigo 12, parágrafo I. Também
das Partes deve examinar e definir metodologias
devem prover os recursos financeiros, inclusive
a serem empregadas nesses cálculos;
para fins de transferência de tecnologias, de que
d) Em sua primeira sessão, a Conferência das
necessitam as partes países desenvolvimento
Partes deve examinar a adequação das alíneas
para cobrir integralmente os custos adicionais por
a e b acima. Esse exame deve ser feito à luz das
elas concordados decorrentes da implementação
melhores informações e avaliações científicas dis-
de medidas previstas no parágrafo I deste artigo
poníveis sobre a mudança do clima e seus efei-
e que sejam concordados entre uma parte país
tos, bem como de informações técnicas, sociais e em desenvolvimento e a entidade ou entidades
econômicas pertinentes. Com base nesse exame, internacionais a que se refere o artigo II, em con-
a Conferência das Partes deve adotar medidas formidade com esse artigo. Para o cumprimento
adequadas, que podem contemplar a adoção de desses compromissos deve ser levada em conta a
emendas aos compromissos previstos nas alíneas necessidade de que o fluxo de recursos seja ade-
a e b acima. Em sua primeira sessão, a Conferência quado e previsível e a importância de distribuir os
das Partes deve também adotar decisões sobre cri- custos entre as partes países desenvolvidos.
térios para a implementação conjunta indicada na 4) As partes países desenvolvidos e demais par-
alínea a acima. Um segundo exame das alíneas a e tes desenvolvidas incluídas no Anexo II devem
b deve ser feito no mais tardar até 31 de dezembro também auxiliar as partes países em desenvolvi-
de 1998 e posteriormente em intervalos regulares mento, particularmente vulneráveis efeitos nega-
determinados pela Conferência das Partes, até que tivos da mudança do clima, a cobrirem os custos
o objetivo desta convenção seja alcançado; de sua adaptação a esses efeitos negativos.
e) cada uma dessas partes deve: 5) As partes países desenvolvidos e outras par-
I. coordenar-se, conforme o caso, com as de- tes desenvolvidas incluídas no Anexo II devem
mais partes indicadas a respeito de instrumen- adotar todas as medidas possíveis para promover,
tos econômicos e administrativos pertinentes facilitar e financiar, conforme o caso, a transferên-
visando a alcançar o objetivo desta convenção; e cia de tecnologias e de conhecimentos técnicos
20
CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇA DO CLIMA
ambientalmente saudáveis, ou o acesso aos mes- e) nos países com regiões sujeitas à seca e de-
mos a outras partes, particularmente às partes sertificação;
países em desenvolvimento, a fim de capacitá-las f) nos países com regiões de alta poluição at-
a implementar as disposições desta convenção. mosférica urbana;
Nesse processo, as partes países desenvolvidos g) nos países com regiões de ecossistemas frá-
devem apoiar o desenvolvimento e a melhoria das geis, inclusive ecossistemas montanhosos;
capacidades e tecnologias endógenas das partes h) nos países cujas economias dependem for-
países em desenvolvimento. Outras partes e or- temente da renda gerada pela produção, proces-
ganizações que estejam em condições de fazê-lo samento, exportação e/ou consumo de combus-
podem também auxiliar a facilitar a transferência tíveis fósseis e de produtos afins com elevado
dessas tecnologias. coeficiente energético; e
6) No cumprimento de seus compromissos i) nos países mediterrâneos e países de trânsito.
previstos no parágrafo 2 acima a Conferência das Ademais, a Conferência das Partes pode adotar
Partes concederá certa flexibilidade às partes em as medidas, conforme o caso, no que se refere a
processos de transição para uma economia de este parágrafo.
mercado incluídas no Anexo I, a fim de aumentar a 9) As partes devem levar plenamente em conta
capacidade dessas partes de enfrentar a mudança as necessidades específicas e a situação especial
do clima, inclusive no que se refere ao nível his- dos países de menor desenvolvimento relativo em
tórico, tomado como referência, de emissões an- suas medidas relativas a financiamento e transfe-
trópicas de gases de efeito estufa não controlados rência de tecnologia.
pelo Protocolo de Montreal. 10) Em conformidade com o artigo 10, as partes
7) O grau de efetivo cumprimento dos compro- devem levar em conta, no cumprimento das obri-
missos assumidos sob esta Convenção das Partes gações assumidas sob esta convenção, a situação
países em desenvolvimento dependerá do cum- das partes países em desenvolvimento, cujas eco-
primento efetivo dos compromissos assumidos nomias sejam vulneráveis aos efeitos negativos
sob esta Convenção pelas Partes países desen- das medidas de resposta à mudança do clima. Isto
volvidos, no que se refere a recursos financeiros e aplica-se em especial às partes cujas economias
transferência de tecnologia, e levará plenamente sejam altamente dependentes da renda gerada
em conta o fato de que o desenvolvimento eco- pela produção, processamento, exportação e/ou
nômico e social e a erradicação da pobreza são do consumo de combustíveis fósseis e de produ-
as prioridades primordiais e absolutas das partes tos afins com elevado coeficiente energético e/ou
países em desenvolvimento. da utilização de combustíveis fósseis cuja substi-
8) No cumprimento dos compromissos previs- tuição lhes acarrete sérias dificuldades.
tos neste artigo, as partes devem examinar ple- Artigo 5 – Pesquisa e Observação Sistemática
namente que medidas são necessárias tomar sob Ao cumprirem as obrigações previstas no artigo
esta convenção, inclusive medidas relacionadas 4, parágrafo 1, alínea g, as partes devem:
a financiamento, seguro e transferência de tec- a) apoiar e promover o desenvolvimento adicio-
nologias, para entender as necessidades e preo- nal, conforme o caso, de programas e redes ou or-
cupações específicas das partes países em desen- ganizações internacionais e intergovernamentais
volvimento resultantes dos efeitos negativos da que visem a definir, conduzir, avaliar e financiar
mudança do clima e/ou do impacto da implemen- pesquisas, coletas de dados e observação siste-
tação de medidas de resposta, em especial: mática, levando em conta a necessidade de mini-
a) nos pequenos países insulares; mizar a duplicação de esforços;
b) nos países com zonas costeiras de baixa al- b) apoiar os esforços internacionais e intergo-
titude; vernamentais para fortalecer a observação siste-
c) nos países com regiões áridas e semiáridas, mática, as capacidades e recursos nacionais de
áreas de floresta e áreas sujeitas à degradação de pesquisa científica e técnica particularmente nos
florestas; países em desenvolvimento, e promover o acesso
d) nos países com regiões propensas a desas- e o intercâmbio de dados e análises obtidas em
tres naturais; áreas além dos limites da jurisdição nacional; e
21
c) levar em conta as preocupações e necessida- da experiência adquirida em sua implementação
des particulares dos países em desenvolvimento e da evolução dos conhecimentos científicos e
e cooperar no aperfeiçoamento de suas capacida- tecnológicos;
des e recursos endógenos para que eles possam b) promover e facilitar o intercâmbio de informa-
participar dos esforços a que se referem as alíneas ções sobre medidas dotadas pelas Partes para en-
a e b acima. frentar a mudança do clima e seus efeitos, levando
em conta as diferentes circunstâncias, responsabi-
Artigo 6 – Educação, Treinamento e
lidades e capacidades das Partes e suas respectivas
Conscientização Pública
obrigações assumidas sob esta convenção;
Ao cumprirem suas obrigações previstas no ar-
c) facilitar, mediante solicitação de duas ou
tigo 4, parágrafo 1, alínea i, as partes devem:
mais partes, a coordenação de medidas por elas
a) promover e facilitar, em níveis nacional e,
adotadas para enfrentar a mudança de clima e
conforme o caso, sub-regional e regional, em con-
seus efeitos, levando em conta as diferentes cir-
formidade com sua legislação e regulamentos na-
cunstâncias, responsabilidades e capacidades das
cionais e conforme suas respectivas capacidades:
Partes e suas respectivas obrigações assumidas
I. a elaboração e a execução de programas edu-
sob esta convenção;
cacionais e de conscientização pública sobre a
d) promover e orientar, de acordo com os ob-
mudança do clima e seus efeitos;
jetivos e disposições desta convenção, o desen-
II. o acesso público a informações sobre mu-
volvimento e aperfeiçoamento periódico de me-
dança do clima e seus efeitos;
todologias comparáveis, a serem definidas pela
III. a participação pública no tratamento da mu-
Conferência das Partes para, entre outras coisas,
dança do clima e de seus efeitos e na concepção
elaborar inventários de emissões de gases de
de medidas de resposta adequadas; e
efeito estufa por fontes e de remoções por sumi-
IV. o treinamento de pessoal científico, técnico
douros e avaliar a eficácia de medidas para limitar
e de direção;
as emissões e aumentar a remoção desses gases;
b) cooperar, em nível internacional e, conforme
e) avaliar com base em todas as informações
o caso, por meio de organismos existentes, nas se-
tornadas disponíveis em conformidade com as
guintes atividades, e promovê-las:
disposições desta convenção, sua implementa-
I. a elaboração e o intercâmbio de materiais
ção pelas partes, os efeitos gerais das medidas
educacionais e de conscientização pública sobre
adotadas em conformidade com esta convenção,
a mudança do clima e seus efeitos; e
em particular os efeitos ambientais, econômicos e
II. a elaboração e a execução de programas edu-
sociais, assim como seus impactos cumulativos
cacionais e de treinamento, inclusive o fortaleci-
e o grau de avanço alcançado na consecução do
mento de instituições nacionais e o intercâmbio
objetivo desta convenção;
ou recrutamento de pessoal para treinar especia-
f) examinar e adotar relatórios periódicos sobre
listas nessa área, em particular para os países em
a implementação desta convenção e garantir sua
desenvolvimento.
publicação;
Artigo 7 – Conferência das Partes g) fazer recomendações sobre quaisquer assun-
1) Uma Conferência das Partes é estabelecida tos necessários à implementação desta conven-
por esta convenção. ção;
2) Como órgão supremo desta convenção, a h) procurar mobilizar recursos financeiros em
Conferência das Partes manterá regularmente conformidade com o artigo 4, parágrafos 3, 4 e 5
sob exame a implementação desta convenção e e com o artigo 11;
de quaisquer de seus instrumentos jurídicos que i) estabelecer os órgãos subsidiários considera-
a Conferência das Partes possa adotar, além de dos necessários à implementação desta conven-
tomar, conforme seu mandato, as decisões ne- ção;
cessárias para promover a efetiva implementação j) examinar relatórios apresentados por seus ór-
desta convenção. Para tal fim, deve: gãos subsidiários e dar-lhes orientação;
a) examinar periodicamente as obrigações das k) definir e adotar, por consenso, suas regras
partes e os mecanismos institucionais estabele- de procedimento e regulamento financeiro, bem
cidos por esta convenção à luz de seus objetivos, como os de seus órgãos subsidiários;
22
CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇA DO CLIMA
partes países em desenvolvimento podem deles 5) Cada parte país desenvolvido e cada uma das
beneficiar-se. demais partes incluídas no Anexo I deve apresen-
tar sua comunicação inicial dentro de seis meses
Artigo 12 – Transmissão de Informações
da entrada em vigor desta convenção para essa
Relativas à Implementação
parte. Cada parte não incluída deve apresen-
1) Em conformidade com o artigo 4, parágrafo
tar sua comunicação inicial dentro de três anos
1, cada parte deve transmitir à Conferência das
da entrada em vigor desta convenção para essa
Partes, por meio do secretariado, as seguintes in-
parte ou a partir da disponibilidade de recursos
formações:
financeiros de acordo com o artigo 4, parágrafo 3.
a) inventário nacional de emissões antrópicas
As partes que forem países de menor desenvolvi-
por fontes e de remoções por sumidouros de todos
mento relativo podem apresentar sua comunica-
os gases de efeito estufa não controlados pelo Pro-
ção inicial quando o desejarem. A frequência das
tocolo de Montreal, dentro de suas possibilidades,
comunicações subsequentes de todas as partes
usando metodologias comparáveis desenvolvidas
deve ser determinada pela Conferência das Par-
e aprovadas pela Conferência das Partes;
tes, levando em conta o cronograma diferenciado
b) descrição geral das medidas tomadas ou
previsto neste parágrafo.
previstas pela parte para implementar esta con-
6) As informações relativas a este artigo apre-
venção; e
sentadas pelas partes devem ser transmitidas
c) qualquer outra informação que a parte consi- pelo secretariado, tão logo possível, à Conferên-
dere relevante para a realização do objetivo desta cia das Partes e a quaisquer órgãos subsidiários
convenção e apta a ser incluída em sua comunica- interessados. Se necessário, a Conferência das
ção, inclusive, se possível, dados pertinentes para Partes pode reexaminar os procedimentos para a
cálculos das tendências das emissões mundiais. transmissão de informações.
2) Cada parte país desenvolvido e cada uma das 7) A partir de sua primeira sessão, a Conferência
demais partes citadas no Anexo I deve incluir as das Partes deve tomar providências, mediante so-
seguintes informações em sua comunicação: licitação, no sentido de apoiar técnica e financei-
a) descrição pormenorizada das políticas e me- ramente as partes países em desenvolvimento na
didas por ela adotadas para implementar suas compilação e apresentação de informações rela-
obrigações assumidas sob o artigo 4, parágrafo 2, tivas a este artigo, bem como de identificar neces-
alíneas a e b; e sidades técnicas e financeiras relativas a projetos
b) estimativa específica dos efeitos que as po- propostos e medidas de resposta previstas no ar-
líticas e medidas mencionadas na alínea a acima tigo 4. Esse apoio pode ser concedido por outras
terão sobre as emissões antrópicas por fontes e partes, por organizações internacionais compe-
remoções por sumidouros de gases de efeito es- tentes e pelo secretariado, conforme o caso.
tufa durante o período a que se refere o artigo 4, 8) Qualquer grupo de partes pode, sujeito às
parágrafo 2, alínea a. diretrizes adotadas pela Conferência das Par-
3) Ademais, cada parte país desenvolvido e tes e mediante notificação prévia à Conferência
cada uma das demais partes desenvolvidas cita- das Partes, apresentar comunicação conjunta no
das no Anexo II deve incluir pormenores de me- cumprimento de suas obrigações assumidas sob
didas tomadas em conformidade com o artigo 4, este artigo, desde que essa comunicação inclua
parágrafos 3, 4 e 5. informações sobre o cumprimento, por cada uma
4) As partes países desenvolvidos podem, volun- dessas partes, de suas obrigações individuais no
tariamente, propor projetos para financiamento, âmbito desta convenção.
inclusive especificando tecnologias, materiais, 9) As informações recebidas pelo secretariado,
equipamentos, técnicas ou práticas necessários à que sejam classificadas como confidenciais por
execução desses projetos, juntamente, se possível, uma parte, em conformidade com critérios a
com estimativa de todos os custos adicionais, de serem estabelecidos pela Conferência das Partes,
reduções de emissões e aumento de remoções devem ser compiladas pelo secretariado de modo
de gases de efeito estufa, bem corno estimativas a proteger seu caráter confidencial antes de serem
dos benefícios resultantes. colocadas à disposição de quaisquer dos órgãos
25
envolvidos na transmissão e no exame de infor- 4) Toda nova declaração, todo aviso de revo-
mações. gação ou a expiração da declaração não devem
10) De acordo com o parágrafo 9 acima, e sem afetar, de forma alguma, processos pendentes na
prejuízo da capacidade de qualquer parte de, a Corte Internacional de Justiça ou no tribunal de
qualquer momento, tornar pública sua comuni- arbitragem, a menos que as partes na controvér-
cação, o secretariado deve tornar públicas as co- sia concordem de outra maneira.
municações feitas pelas partes em conformidade 5) De acordo com a aplicação do parágrafo 2
com este artigo no momento em que forem apre- acima, se, doze meses após a notificação de uma
sentadas a Conferência das Partes. parte por outra de que existe uma controvérsia
entre elas, as partes envolvidas não conseguirem
Artigo 13 – Solução de Questões Relativas à
solucionar a controvérsia, recorrendo aos meios a
Implementação da Convenção
que se refere o parágrafo 1 acima, a controvérsia
Em sua primeira sessão, a Conferência das Par-
deve ser submetida à conciliação mediante soli-
tes deve considerar o estabelecimento de um me-
citação de qualquer das partes em controvérsia.
canismo de consultas multilaterais, ao qual pode-
6) Mediante solicitação de uma das partes na
rão recorrer as partes mediante solicitação, para
controvérsia, deve ser criada uma comissão de con-
a solução de questões relativas à implementação
ciliação, composta por um número igual de mem-
desta convenção.
bros designados por cada parte interessada e um
Artigo 14 – Solução de Controvérsias presidente escolhido conjuntamente pelos mem-
1) No caso de controvérsia entre duas ou mais bros designados por cada parte. A comissão deve
partes no que respeita à interpretação ou aplica- emitir decisão recomendatória, que deve ser con-
ção desta convenção, as partes envolvidas devem siderada pelas partes em boa fé.
procurar resolvê-las por meio de negociação ou 7) A Conferência das Partes deve estabelecer, o
qualquer outro meio pacífico de sua própria es- mais breve possível, procedimentos adicionais em
colha. relação à conciliação, em anexo sobre conciliação.
2) Ao ratificar, aceitar, ou aprovar esta conven- 8) As disposições deste artigo aplicam-se a
ção ou a ela aderir, ou em qualquer momento quaisquer instrumentos jurídicos pertinentes que
posterior, qualquer parte que não seja uma orga- a Conferência das Partes possa adotar, salvo se de
nização de integração econômica regional pode outra maneira disposto nesse instrumento.
declarar, por escrito ao depositário, que reco- Artigo 15 – Emendas à Convenção
nhece como compulsório ipso facto, e sem acordo 1) Qualquer parte pode propor emendas a esta
especial, com respeito a qualquer controvérsia convenção.
relativa à interpretação ou a aplicação desta con- 2) As emendas a esta convenção devem ser ado-
venção e em relação a qualquer parte que aceite tadas em sessão ordinária da Conferência das Par-
a mesma obrigação: tes. O texto de qualquer emenda proposta a esta
a) submissão da controvérsia à Corte Interna- convenção deve ser comunicado às partes pelo
cional de Justiça e\ou; secretariado pelo menos seis meses antes da ses-
b) arbitragem, de acordo com os procedimentos são na qual será proposta sua adoção. Propostas
a serem estabelecidos pela Conferência das Partes, de emenda devem também ser comunicadas pelo
o mais breve possível, em anexo sobre arbitragem. secretariado aos signatários desta convenção e ao
Uma parte que seja uma organização de inte- depositário, para informação.
gração econômica regional pode fazer uma decla- 3) As partes devem fazer todo o possível para
ração com efeito similar em relação à arbitragem chegar a acordo por consenso sobre as emendas
em conformidade com os procedimentos mencio- propostas a esta convenção. Uma vez exauridos
nados na alínea b acima. todos os esforços para chegar a um consenso sem
3) Toda declaração feita de acordo com o pará- que se tenha chegado a um acordo, a emenda deve
grafo 2 acima permanecerá em vigor até a data de ser adotada, em última instância, por maioria
expiração nela prevista ou, no máximo, durante de três quartos das partes presentes e votantes
três meses após o depósito, junto ao depositário, nessa sessão. As emendas adotadas devem ser
de um aviso por escrito de sua revogação. comunicadas pelo secretariado ao depositário,
26
CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇA DO CLIMA
que deve comunicá-las a todas as partes para 5) Se a adoção de um anexo ou de uma emenda
aceitação. a um anexo envolver uma emenda a esta Conven-
4) Os instrumentos de aceitação de emendas ção esse anexo ou emenda a um anexo somente
devem ser depositados junto ao depositário. As deve entrar em vigor quando a emenda à conven-
emendas adotadas em conformidade com o pará- ção estiver em vigor.
grafo 3 acima devem entrar em vigor para as par-
Artigo 17 – Protocolos
tes que a tenham aceito no nonagésimo dia após
1) Em qualquer uma das sessões ordinárias, a
o recebimento, pelo depositário, de instrumentos
Conferência das Partes pode adotar protocolos
de aceitação de pelo menos três quartos das par-
a esta convenção.
tes desta convenção.
2) O texto de qualquer proposta de protocolo
5) As emendas devem entrar em vigor para
deve ser comunicado às partes pelo secretariado
qualquer outra parte no nonagésimo dia após a
pelo menos seis meses antes dessa sessão da Con-
parte ter depositado seu instrumento de aceita-
ferência das Partes.
ção das emendas.
3) As exigências para a entrada em vigor de
6) Para os fins deste artigo, “partes presentes e
qualquer protocolo devem ser estabelecidas por
votantes” significa as partes presentes e que emi-
tam voto afirmativo ou negativo. esse instrumento.
4) Somente partes desta convenção podem ser
Artigo 16 – Adoção de Anexos e Emendas aos partes de um protocolo.
Anexos da Convenção 5) As decisões no âmbito de qualquer protocolo
1) Os anexos desta convenção constituem parte devem ser exclusivamente tomadas pelas partes
integrante da mesma e, salvo se expressamente desse protocolo.
disposto de outro modo, qualquer referência a
esta convenção constitui ao mesmo tempo refe- Artigo 18 – Direito de Voto
rência a qualquer de seus anexos. Sem prejuízo 1) Cada parte desta convenção tem direito a um
do disposto no artigo 14, parágrafo 2, alínea b e voto, à exceção do disposto no parágrafo 2 acima.
parágrafo 7, esses anexos devem conter apenas 2) As organizações de integração econômica
listas, formulários e qualquer outro material des- regional devem exercer, em assuntos de sua com-
critivo que trate de assuntos científicos, técnicos, petência, seu direito de voto com um número de
processuais ou administrativos. votos igual ao número de seus Estados-Membros
2) Os anexos desta convenção devem ser pro- partes desta convenção. Essas organizações não
postos e adotados de acordo com o procedimento devem exercer seu direito de voto se qualquer de
estabelecido no artigo 15, parágrafos 2, 3 e 4. seus Estados-Membros exercer esse direito e vi-
3) Qualquer anexo adotado em conformidade ce-versa.
com o parágrafo 2 acima deve entrar em vigor Artigo 19 – Depositário
para todas as partes desta convenção seis meses
O secretário-geral da Nações Unidas será o de-
após a comunicação a essas partes, pelo deposi-
positário desta convenção e de protocolos adota-
tário, da adoção do anexo, à exceção das partes
dos em conformidade com o artigo 17.
que notificarem o depositário, por escrito e no
mesmo prazo, de sua não aceitação do anexo. Artigo 20 – Assinatura
O anexo deve entrar em vigor para as partes que Esta convenção estará aberta, no Rio de Janeiro,
tenham retirado sua notificação de não aceitação à assinatura de Estados-Membros das Nações Uni-
no nonagésimo dia após o recebimento, pelo de- das ou de quaisquer de seus organismos especia-
positário, da retirada dessa notificação. lizados, ou que sejam partes do Estatuto da Corte
4) A proposta, adoção e entrada em vigor de Internacional de Justiça e de organizações de in-
emendas aos anexos desta convenção devem tegração econômica regional, durante a realização
estar sujeitas ao mesmo procedimento obedecido da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
no caso de proposta, adoção e entrada em vigor Ambiente e Desenvolvimento, e posteriormente
de anexos desta convenção, em conformidade na sede das Nações Unidas em Nova York de 20
com os parágrafos 2 e 3 acima. de junho de 1992 a 19 de junho de 1993.
27
Artigo 21 – Disposições Transitórias 3) Em seus instrumentos de ratificação, aceita-
1) As funções do secretariado, a que se refere ção, aprovação ou adesão, as organizações de in-
o artigo 8, devem ser desempenhadas provisoria- tegração econômica regional devem declarar o
mente pelo secretariado estabelecido pela Assem- âmbito de suas competências no que respeita a
bleia Geral das Nações Unidas em sua resolução assuntos regidos por esta convenção. Essas orga-
45/212 de 21 de dezembro de 1990, até que a Con- nizações devem também informar ao depositário
ferência das Partes conclua sua primeira sessão. de qualquer modificação substancial no âmbito de
2) O chefe do secretariado provisório, a que se suas competências, o qual, por sua vez, deve trans-
refere o parágrafo 1 acima, deve cooperar estrei- mitir essas informações às partes.
tamente com o Painel Intergovernamental sobre
Artigo 23 – Entrada em Vigor
Mudança do Clima, a fim de assegurar que esse
1) Esta convenção entra em vigor no nonagési-
painel preste assessoramento científico e técnico
mo dia após a data de depósito do quinquagésimo
objetivo. Outras instituições científicas pertinen-
instrumento de ratificação, aceitação, aprovação
tes também podem ser consultadas. ou adesão.
3) O Fundo para o Meio Ambiente Mundial, do 2) Para cada Estado ou organização de integra-
Programa das Nações Unidas para o Desenvol- ção econômica regional que ratifique, aceite ou
vimento, do Programa da Nações Unidas para o aprove esta convenção ou a ela adira após o depó-
Meio Ambiente e do Banco Internacional para a sito do quinquagésimo instrumento de ratificação,
Reconstrução e o Desenvolvimento, será a enti- aceitação, aprovação ou adesão, esta convenção
dade internacional encarregada provisoriamente entra em vigor no nonagésimo dia após a data de
do funcionamento do mecanismo financeiro a depósito do instrumento de ratificação, aceitação,
que se refere o artigo 11. Nesse contexto, o Fundo aprovação ou adesão desse Estado ou organiza-
para o Meio Ambiental Mundial deve ser adequa- ção de integração econômica regional.
damente reestruturado e sua composição univer- 3) Para os fins dos parágrafos 1 e 2 deste artigo,
salizada para permitir-lhe cumprir os requisitos o instrumento depositado por uma organização
do artigo 11. de integração econômica regional não deve ser
Artigo 22 – Ratificação, Aceitação, Aprovação considerado como adicional àqueles depositados
ou Adesão por Estados-Membros dessa organização.
1) Esta convenção está sujeita a ratificação, acei- Artigo 24 – Reservas
tação, aprovação ou adesão de Estados e organi- Nenhuma reserva pode ser feita a esta conven-
zações de integração econômica regional. Estará ção.
aberta a adesões a partir do dia seguinte à data
em que a convenção não mais esteja aberta a as- Artigo 25 – Denúncia
sinaturas. Os instrumentos de ratificação, aceita- 1) Após três anos da entrada em vigor da con-
venção para uma parte, essa parte pode, a qual-
ção, aprovação ou adesão devem ser depositados
quer momento, denunciá-la por meio de notifica-
junto ao depositário.
ção escrita ao depositário.
2) Qualquer organização de integração eco-
2) Essa denúncia tem efeito um ano após à
nômica regional que se torne parte desta conven-
data de seu recebimento pelo depositário, ou
ção, sem que seja parte nenhum de seus Estados-
em data posterior se assim for estipulado na noti-
-Membros, deve ficar sujeita a todas as obrigações
ficação de denúncia.
previstas nesta convenção. No caso de um ou mais
3) Deve ser considerado que qualquer parte
Estados-Membros dessas organizações serem
que denuncie esta convenção denuncia também
parte desta convenção, a organização e seus Es-
os protocolos de que é parte.
tados-Membros devem decidir sobre suas respec-
tivas responsabilidades para o cumprimento de Artigo 26 – Textos Autênticos
suas obrigações previstas nesta convenção. Nes- O original desta convenção, cujos textos em
ses casos, as organizações e os Estados-Membros árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo
não podem exercer simultaneamente direitos es- são igualmente autênticos, deve ser depositado
tabelecidos pela convenção. junto ao secretário-geral das Nações Unidas.
28
ACORDO DE PARIS
2. A estrutura de transparência deve fornecer Clima e acordadas pela Conferência das Partes na
flexibilidade às Partes países em desenvolvimento qualidade de reunião das Partes deste Acordo; e
que assim necessitem, à luz de suas capacidades, b) Informações necessárias para acompanhar o
na implementação das disposições deste Artigo. progresso alcançado na implementação e conse-
As modalidades, os procedimentos e as diretrizes cução de sua contribuição nacionalmente deter-
a que se refere o parágrafo 13 deste Artigo deverão minada nos termos do Artigo 4º.
refletir essa flexibilidade. 8. Cada Parte deverá também fornecer informa-
3. A estrutura de transparência deve tomar ções relacionadas aos impactos e à adaptação à
como base e fortalecer os arranjos de transparên- mudança do clima, nos termos do Artigo 7º, con-
cia sob a Convenção, reconhecendo as circuns- forme o caso.
tâncias especiais dos países de menor desenvol- 9. As Partes países desenvolvidos devem forne-
vimento relativo e pequenos Estados insulares em cer, e outras Partes que prestam apoio deverão
desenvolvimento, ser implementada de maneira fornecer, informações sobre o apoio prestado em
facilitadora, não intrusiva e não punitiva, respei- matéria de financiamento, transferência de tecno-
tando a soberania nacional, e evitar impor ônus logia e capacitação às Partes países em desenvol-
desnecessário às Partes. vimento nos termos dos Artigos 9º, 10 e 11.
4. Os arranjos de transparência sob a Conven- 10. As Partes países em desenvolvimento deve-
ção, incluindo comunicações nacionais, relatórios rão fornecer informações sobre o apoio do qual
necessitam e que tenham recebido em matéria de
bienais e relatórios de atualização bienais, avalia-
financiamento, transferência de tecnologia e ca-
ção e revisão internacionais e consulta e análise
pacitação nos termos dos Artigos 9º, 10 e 11.
internacionais, deverão fazer parte da experiên-
11. As informações apresentadas por cada Parte
cia a ser aproveitada para o desenvolvimento das
nos termos dos parágrafos 7º e 9º deste Artigo
modalidades, dos procedimentos e das diretrizes
devem ser submetidas a um exame técnico de
previstos no parágrafo 13 deste Artigo.
especialistas, em conformidade com a decisão 1/
5. O propósito da estrutura para a transparên-
CP.21. Para aquelas Partes países em desenvolvi-
cia de ação é propiciar uma compreensão clara da
mento que assim necessitem, à luz de suas capa-
ação contra a mudança do clima à luz do objetivo
cidades, o processo de exame incluirá assistência
da Convenção, conforme definido no seu Artigo
para identificar as necessidades de capacitação.
2º, incluindo maior clareza e acompanhamento do
Além disso, cada Parte deve participar de uma
progresso obtido no alcance das contribuições na-
análise facilitadora e multilateral do progresso al-
cionalmente determinadas individuais das Partes
cançado nos esforços empreendidos nos termos
previstos no Artigo 4º, e ações de adaptação das
do Artigo 9º, bem como da implementação e con-
Partes previstos no Artigo 7º, incluindo boas prá- secução de sua respectiva contribuição nacional-
ticas, prioridades, necessidades e lacunas, para mente determinada.
subsidiar a avaliação global prevista no Artigo 14. 12. O exame técnico de especialistas nos ter-
6. O propósito da estrutura para transparência mos deste parágrafo considerará o apoio prestado
de apoio é propiciar clareza sobre o apoio prestado pela Parte, conforme pertinente, e a implementa-
e o apoio recebido das diferentes Partes no con- ção e consecução da sua respectiva contribuição
texto das ações contra a mudança do clima, nos nacionalmente determinada. O exame também
termos dos Artigos 4º, 7º, 9º, 10 e 11, e, na medida identificará, para a Parte relevante, áreas sujeitas
do possível, proporcionar um panorama geral do a aperfeiçoamento, e verificará a coerência das
apoio financeiro agregado prestado, a fim de sub- informações com as modalidades, os procedi-
sidiar a avaliação global prevista no Artigo 14. mentos e as diretrizes definidas nos termos do pa-
7. Cada Parte deve fornecer periodicamente as rágrafo 13 deste Artigo, levando em conta a flexibi-
seguintes informações: lidade concedida à Parte nos termos do parágrafo
a) Um relatório do inventário nacional de emis- 2º deste Artigo. O exame prestará especial atenção
sões antrópicas por fontes e remoções por sumi- às respectivas capacidades e circunstâncias nacio-
douros de gases de efeito estufa, preparado com nais das Partes países em desenvolvimento.
base em metodologias para boas práticas aceitas 13. A Conferência das Partes na qualidade de
pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do reunião das Partes deste Acordo, em sua primeira
37
sessão, adotará modalidades, procedimentos e Artigo 16
diretrizes comuns, conforme o caso, para a trans- 1. A Conferência das Partes, órgão supremo da
parência de ação e apoio, com base na experiência Convenção, deve atuar na qualidade de reunião
dos arranjos de transparência sob a Convenção e das Partes deste Acordo.
especificando as disposições neste Artigo. 2. As Partes da Convenção que não sejam Partes
14. Será prestado apoio aos países em desenvol- deste Acordo poderão participar como observado-
vimento para a implementação deste Artigo. ras das deliberações de qualquer sessão da Confe-
15. Será também prestado apoio de forma con- rência das Partes na qualidade de reunião das Par-
tínua para o fortalecimento das capacidades das tes deste Acordo. Quando a Conferência das Partes
Partes países em desenvolvimento em matéria de atuar como a reunião das Partes deste Acordo, as
transparência. decisões no âmbito deste Acordo serão tomadas
somente pelas Partes deste Acordo.
Artigo 14
3. Quando a Conferência das Partes atuar na
1. A Conferência das Partes na qualidade de
qualidade de reunião das Partes deste Acordo,
reunião das Partes deste Acordo fará periodica-
qualquer membro da mesa diretora da Conferên-
mente uma avaliação da implementação deste
cia das Partes representando uma Parte da Con-
Acordo para determinar o progresso coletivo na
venção mas, nessa ocasião, não uma Parte deste
consecução do propósito deste Acordo e de seus
Acordo, deve ser substituído por um outro mem-
objetivos de longo prazo (denominada “avaliação
bro escolhido entre as Partes deste Acordo e por
global”), a ser conduzida de uma maneira abran-
elas eleito.
gente e facilitadora, examinando a mitigação, a
4. A Conferência das Partes na qualidade de
adaptação e os meios de implementação e apoio,
reunião das Partes deste Acordo deve manter a
e à luz da equidade e do melhor conhecimento
implementação deste Acordo sob revisão perió-
científico disponível.
dica e tomar, dentro de seu mandato, as decisões
2. A Conferência das Partes na qualidade de reu-
necessárias para promover a sua implementação
nião das Partes deste Acordo fará a sua primeira
efetiva. Deve executar as funções a ela atribuídas
avaliação global em 2023 e a cada cinco a partir de
por este Acordo e deve:
então, a menos que decida de outra forma.
a) Estabelecer os órgãos subsidiários considera-
3. O resultado da avaliação global subsidiará as
dos necessários à implementação deste Acordo; e
Partes para que atualizem e fortaleçam, de ma-
b) Desempenhar as demais funções necessárias
neira nacionalmente determinada, ações e apoio
à implementação deste Acordo.
em conformidade com as disposições pertinentes
5. As regras de procedimento da Conferência
deste Acordo, bem como para que intensifiquem
das Partes e os procedimentos financeiros apli-
a cooperação internacional para a ação climática.
cados sob a Convenção devem ser aplicados mu-
Artigo 15 tatis mutandis sob este Acordo, exceto quando
1. Fica estabelecido um mecanismo para facili- decidido de outra forma por consenso pela Con-
tar a implementação e promover o cumprimento ferência das Partes na qualidade de reunião das
das disposições deste Acordo. Partes deste Acordo.
2. O mecanismo previsto no parágrafo 1º deste 6. A primeira sessão da Conferência das Partes
Artigo consistirá de um comitê que será composto na qualidade de reunião das Partes deste Acordo
por especialistas e de caráter facilitador, e funcio- deve ser convocada pelo secretariado juntamente
nará de maneira transparente, não contenciosa e com a primeira sessão da Conferência das Partes
não punitiva. O comitê prestará especial atenção programada para depois da data de entrada em
às respectivas capacidades e circunstâncias nacio- vigor deste Acordo. As sessões ordinárias subse-
nais das Partes. quentes da Conferência das Partes na qualidade
3. O comitê funcionará sob as modalidades e de reunião das Partes deste Acordo devem ser rea-
os procedimentos adotados na primeira sessão da lizadas em conjunto com as sessões ordinárias da
Conferência das Partes na qualidade de reunião Conferência das Partes, a menos que decidido de
das Partes deste Acordo, à qual apresentará infor- outra forma pela Conferência das Partes na quali-
mações anualmente. dade de reunião das Partes deste Acordo.
38
ACORDO DE PARIS
de denúncia, ou em data posterior se assim nela III – recursos decorrentes de acordos, ajustes,
for estipulado. contratos e convênios celebrados com órgãos e
3. Deve ser considerado que qualquer Parte entidades da administração pública federal, esta-
que denuncie a Convenção denuncia também dual, distrital ou municipal;
este Acordo. IV – doações realizadas por entidades nacionais
e internacionais, públicas ou privadas;
Artigo 29
V – empréstimos de instituições financeiras na-
O original deste Acordo, cujos textos em árabe,
cionais e internacionais;
chinês, inglês, francês, russo e espanhol são igual-
VI – reversão dos saldos anuais não aplicados;
mente autênticos, deve ser depositado junto ao
VII – recursos oriundos de juros e amortizações
Secretário-Geral das Nações Unidas.
de financiamentos.
FEITO em Paris, aos doze dias de dezembro de
dois mil e quinze. Art. 4º O FNMC será administrado por um Comitê
EM FÉ DO QUE, os abaixo assinados, devida- Gestor vinculado ao Ministério do Meio Ambiente,
mente autorizados para esse fim, firmam este que o coordenará, cuja competência e composi-
Acordo. ção serão estabelecidos em regulamento, assegu-
rada a participação de 6 (seis) representantes do
LEI Nº 12.114, DE 9 DE Poder Executivo federal e 5 (cinco) representantes
DEZEMBRO DE 2009 do setor não governamental.
(Publicada no DOU de 10/12/2009 e retificada no DOU de Art. 5º Os recursos do FNMC serão aplicados:
11/12/2009) I – em apoio financeiro reembolsável mediante
Cria o Fundo Nacional sobre Mudança do concessão de empréstimo, por intermédio do
Clima, altera os arts. 6º e 50 da Lei nº 9.478, de agente operador;
6 de agosto de 1997, e dá outras providências.
II – em apoio financeiro, não reembolsável, a
O presidente da República projetos relativos à mitigação da mudança do
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e clima ou à adaptação à mudança do clima e aos
eu sanciono a seguinte Lei: seus efeitos, aprovados pelo Comitê Gestor do
Art. 1º Esta Lei cria o Fundo Nacional sobre Mu- FNMC, conforme diretrizes previamente estabe-
dança do Clima (FNMC), dispondo sobre sua na- lecidas pelo Comitê.
tureza, finalidade, fonte e aplicação de recursos e § 1º Cabe ao Comitê Gestor do FNMC definir,
altera os arts. 6º e 50 da Lei nº 9.478, de 6 de agosto anualmente, a proporção de recursos a serem
de 1997, que dispõe sobre a Política Energética aplicados em cada uma das modalidades previs-
Nacional, as atividades relativas ao monopólio do tas no caput.
petróleo, institui o Conselho Nacional de Política § 2º Os recursos de que trata o inciso II do caput
Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá podem ser aplicados diretamente pelo Ministério
outras providências. do Meio Ambiente ou transferidos mediante con-
vênios, termos de parceria, acordos, ajustes ou
Art. 2º Fica criado o Fundo Nacional sobre Mu-
outros instrumentos previstos em lei.
dança do Clima (FNMC), de natureza contábil,
§ 3º Até 2% (dois por cento) dos recursos do
vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, com
FNMC podem ser aplicados anualmente:
a finalidade de assegurar recursos para apoio a
I – no pagamento ao agente financeiro;
projetos ou estudos e financiamento de empreen-
II – em despesas relativas à administração do
dimentos que visem à mitigação da mudança do
Fundo e à gestão e utilização dos recursos.
clima e à adaptação à mudança do clima e aos
§ 4º A aplicação dos recursos poderá ser desti-
seus efeitos.
nada às seguintes atividades:
Art. 3º Constituem recursos do FNMC: I – educação, capacitação, treinamento e mobi-
I – até 60% (sessenta por cento) dos recursos lização na área de mudanças climáticas;
de que trata o inciso II do § 2º do art. 50 da Lei nº II – Ciência do Clima, Análise de Impactos e Vul-
9.478, de 6 de agosto de 1997; nerabilidade;
II – dotações consignadas na lei orçamentária III – adaptação da sociedade e dos ecossistemas
anual da União e em seus créditos adicionais; aos impactos das mudanças climáticas;
41
IV – projetos de redução de emissões de gases Parágrafo único. Os agentes financeiros man-
de efeito estufa (GEE); terão o Comitê Gestor do FNMC atualizado sobre
V – projetos de redução de emissões de carbono os dados de todas as operações realizadas com
pelo desmatamento e degradação florestal, com recursos do Fundo.
prioridade a áreas naturais ameaçadas de destrui-
Art. 9º O Conselho Monetário Nacional, sem pre-
ção e relevantes para estratégias de conservação
juízo de suas demais atribuições, estabelecerá
da biodiversidade;
normas reguladoras dos empréstimos a serem
VI – desenvolvimento e difusão de tecnologia
concedidos pelo FNMC no que concerne:
para a mitigação de emissões de gases do efeito
I – aos encargos financeiros e prazos;
estufa;
II – às comissões devidas pelo tomador de fi-
VII – formulação de políticas públicas para solu-
nanciamento com recursos do FNMC, a título de
ção dos problemas relacionados à emissão e miti-
administração e risco das operações.
gação de emissões de GEE;
[...]
VIII – pesquisa e criação de sistemas e metodo-
logias de projeto e inventários que contribuam Art. 12. O Poder Executivo regulamentará o dis-
para a redução das emissões líquidas de gases posto nesta Lei.
de efeito estufa e para a redução das emissões de Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
desmatamento e alteração de uso do solo; blicação.
IX – desenvolvimento de produtos e serviços
Art. 14. Fica revogado o § 3º do art. 50 da Lei nº
que contribuam para a dinâmica de conservação
9.478, de 6 de agosto de 1997.
ambiental e estabilização da concentração de
gases de efeito estufa; Brasília, 9 de dezembro de 2009; 188º da
Independência e 121º da República.
X – apoio às cadeias produtivas sustentáveis;
XI – pagamentos por serviços ambientais às co- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Guido Mantega
munidades e aos indivíduos cujas atividades com- Miguel Jorge
provadamente contribuam para a estocagem de Edison Lobão
carbono, atrelada a outros serviços ambientais; Carlos Minc
XII – sistemas agroflorestais que contribuam
para redução de desmatamento e absorção de LEI Nº 12.187, DE 29 DE
carbono por sumidouros e para geração de renda; DEZEMBRO DE 2009
XIII – recuperação de áreas degradadas e res- (Publicada no DOU de 29/12/2009)
tauração florestal, priorizando áreas de Reserva Institui a Política Nacional sobre Mudança do
Legal e Áreas de Preservação Permanente e as Clima (PNMC) e dá outras providências.
áreas prioritárias para a geração e garantia da O presidente da República
qualidade dos serviços ambientais. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e
Art. 6º O financiamento concedido com recursos eu sanciono a seguinte Lei:
do FNMC terá como garantia os bens definidos a Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional sobre
critério do agente financeiro. Mudança do Clima (PNMC) e estabelece seus prin-
Art. 7º O FNMC terá como agente financeiro o cípios, objetivos, diretrizes e instrumentos.
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Art. 2º Para os fins previstos nesta Lei, entende-
e Social (BNDES). -se por:
Parágrafo único. O BNDES poderá habilitar o I – adaptação: iniciativas e medidas para reduzir
Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e ou- a vulnerabilidade dos sistemas naturais e huma-
tros agentes financeiros públicos para atuar nas nos frente aos efeitos atuais e esperados da mu-
operações de financiamento com recursos do dança do clima;
FNMC, continuando a suportar os riscos perante II – efeitos adversos da mudança do clima: mu-
o Fundo. danças no meio físico ou biota resultantes da
Art. 8º A aprovação de financiamento com recur- mudança do clima que tenham efeitos deleté-
sos do FNMC será comunicada imediatamente ao rios significativos sobre a composição, resiliên-
Comitê Gestor do FNMC. cia ou produtividade de ecossistemas naturais e
42
LEI Nº 12.187, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2009
manejados, sobre o funcionamento de sistemas II – serão tomadas medidas para prever, evitar
socioeconômicos ou sobre a saúde e o bem-estar ou minimizar as causas identificadas da mudança
humanos; climática com origem antrópica no território na-
III – emissões: liberação de gases de efeito es- cional, sobre as quais haja razoável consenso por
tufa ou seus precursores na atmosfera numa área parte dos meios científicos e técnicos ocupados
específica e num período determinado; no estudo dos fenômenos envolvidos;
IV – fonte: processo ou atividade que libere na III – as medidas tomadas devem levar em consi-
atmosfera gás de efeito estufa, aerossol ou precur- deração os diferentes contextos socioeconômicos
sor de gás de efeito estufa; de sua aplicação, distribuir os ônus e encargos de-
V – gases de efeito estufa: constituintes gasosos, correntes entre os setores econômicos e as popula-
naturais ou antrópicos, que, na atmosfera, absor- ções e comunidades interessadas de modo equita-
vem e reemitem radiação infravermelha; tivo e equilibrado e sopesar as responsabilidades
VI – impacto: os efeitos da mudança do clima individuais quanto à origem das fontes emissoras
nos sistemas humanos e naturais; e dos efeitos ocasionados sobre o clima;
VII – mitigação: mudanças e substituições tec- IV – o desenvolvimento sustentável é a condição
nológicas que reduzam o uso de recursos e as para enfrentar as alterações climáticas e conciliar
emissões por unidade de produção, bem como o atendimento às necessidades comuns e particu-
a implementação de medidas que reduzam as
lares das populações e comunidades que vivem
emissões de gases de efeito estufa e aumentem
no território nacional;
os sumidouros;
V – as ações de âmbito nacional para o enfren-
VIII – mudança do clima: mudança de clima
tamento das alterações climáticas, atuais, presen-
que possa ser direta ou indiretamente atribuída à
tes e futuras, devem considerar e integrar as ações
atividade humana que altere a composição da at-
promovidas no âmbito estadual e municipal por
mosfera mundial e que se some àquela provocada
entidades públicas e privadas;
pela variabilidade climática natural observada ao
VI – (Vetado)
longo de períodos comparáveis;
IX – sumidouro: processo, atividade ou meca- Art. 4º A Política Nacional sobre Mudança do
nismo que remova da atmosfera gás de efeito es- Clima (PNMC) visará:
tufa, aerossol ou precursor de gás de efeito estu- I – à compatibilização do desenvolvimento eco-
fa; e nômico-social com a proteção do sistema climá-
X – vulnerabilidade: grau de suscetibilidade e tico;
incapacidade de um sistema, em função de sua II – à redução das emissões antrópicas de gases
sensibilidade, capacidade de adaptação, e do ca- de efeito estufa em relação às suas diferentes fon-
ráter, magnitude e taxa de mudança e variação do tes;
clima a que está exposto, de lidar com os efeitos III – (Vetado)
adversos da mudança do clima, entre os quais a IV – ao fortalecimento das remoções antrópicas
variabilidade climática e os eventos extremos. por sumidouros de gases de efeito estufa no ter-
Art. 3º A PNMC e as ações dela decorrentes, execu- ritório nacional;
tadas sob a responsabilidade dos entes políticos V – à implementação de medidas para promo-
e dos órgãos da administração pública, observa- ver a adaptação à mudança do clima pelas 3 (três)
rão os princípios da precaução, da prevenção, da esferas da Federação, com a participação e a cola-
participação cidadã, do desenvolvimento susten- boração dos agentes econômicos e sociais interes-
tável e o das responsabilidades comuns, porém sados ou beneficiários, em particular aqueles es-
diferenciadas, este último no âmbito internacio- pecialmente vulneráveis aos seus efeitos adversos;
nal, e, quanto às medidas a serem adotadas na VI – à preservação, à conservação e à recupe-
sua execução, será considerado o seguinte: ração dos recursos ambientais, com particular
I – todos têm o dever de atuar, em benefício das atenção aos grandes biomas naturais tidos como
presentes e futuras gerações, para a redução dos Patrimônio Nacional;
impactos decorrentes das interferências antrópi- VII – à consolidação e à expansão das áreas
cas sobre o sistema climático; legalmente protegidas e ao incentivo aos
43
reflorestamentos e à recomposição da cobertura VIII – a identificação, e sua articulação com a Po-
vegetal em áreas degradadas; lítica prevista nesta Lei, de instrumentos de ação
VIII – ao estímulo ao desenvolvimento do Mer- governamental já estabelecidos aptos a contribuir
cado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE). para proteger o sistema climático;
Parágrafo único. Os objetivos da Política Na- IX – o apoio e o fomento às atividades que efeti-
cional sobre Mudança do Clima deverão estar em vamente reduzam as emissões ou promovam as re-
consonância com o desenvolvimento sustentável moções por sumidouros de gases de efeito estufa;
a fim de buscar o crescimento econômico, a erra- X – a promoção da cooperação internacional no
dicação da pobreza e a redução das desigualda- âmbito bilateral, regional e multilateral para o fi-
des sociais. nanciamento, a capacitação, o desenvolvimento,
Art. 5º São diretrizes da Política Nacional sobre a transferência e a difusão de tecnologias e pro-
Mudança do Clima: cessos para a implementação de ações de mitiga-
I – os compromissos assumidos pelo Brasil na ção e adaptação, incluindo a pesquisa científica,
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mu- a observação sistemática e o intercâmbio de in-
dança do Clima, no Protocolo de Quioto e nos de- formações;
mais documentos sobre mudança do clima dos XI – o aperfeiçoamento da observação sistemá-
quais vier a ser signatário; tica e precisa do clima e suas manifestações no ter-
II – as ações de mitigação da mudança do clima ritório nacional e nas áreas oceânicas contíguas;
em consonância com o desenvolvimento susten- XII – a promoção da disseminação de informa-
tável, que sejam, sempre que possível, mensurá- ções, a educação, a capacitação e a conscientiza-
veis para sua adequada quantificação e verifica- ção pública sobre mudança do clima;
ção a posteriori; XIII – o estímulo e o apoio à manutenção e à
III – as medidas de adaptação para reduzir os promoção:
efeitos adversos da mudança do clima e a vulne- a) de práticas, atividades e tecnologias de bai-
rabilidade dos sistemas ambiental, social e eco- xas emissões de gases de efeito estufa;
nômico; b) de padrões sustentáveis de produção e con-
IV – as estratégias integradas de mitigação e sumo.
adaptação à mudança do clima nos âmbitos local,
Art. 6º São instrumentos da Política Nacional
regional e nacional;
sobre Mudança do Clima:
V – o estímulo e o apoio à participação dos
I – o Plano Nacional sobre Mudança do Clima;
governos federal, estadual, distrital e municipal,
II – o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima;
assim como do setor produtivo, do meio acadê-
mico e da sociedade civil organizada, no desenvol- III – os Planos de Ação para a Prevenção e Con-
vimento e na execução de políticas, planos, pro- trole do Desmatamento nos biomas;
gramas e ações relacionados à mudança do clima; IV – a Comunicação Nacional do Brasil à Conven-
VI – a promoção e o desenvolvimento de pes- ção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
quisas científico-tecnológicas, e a difusão de tec- Clima, de acordo com os critérios estabelecidos
nologias, processos e práticas orientados a: por essa Convenção e por suas Conferências das
a) mitigar a mudança do clima por meio da Partes;
redução de emissões antrópicas por fontes e do V – as resoluções da Comissão Interministerial
fortalecimento das remoções antrópicas por su- de Mudança Global do Clima;
midouros de gases de efeito estufa; VI – as medidas fiscais e tributárias destinadas
b) reduzir as incertezas nas projeções nacionais a estimular a redução das emissões e remoção
e regionais futuras da mudança do clima; de gases de efeito estufa, incluindo alíquotas di-
c) identificar vulnerabilidades e adotar medidas ferenciadas, isenções, compensações e incentivos,
de adaptação adequadas; a serem estabelecidos em lei específica;
VII – a utilização de instrumentos financeiros e VII – as linhas de crédito e financiamento espe-
econômicos para promover ações de mitigação cíficas de agentes financeiros públicos e privados;
e adaptação à mudança do clima, observado o VIII – o desenvolvimento de linhas de pesquisa
disposto no art. 6º; por agências de fomento;
44
LEI Nº 12.187, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2009
zoito meses após a entrada em vigor das metas quantificação e contabilização, das emissões
previstas no art. 6º desta Lei. de gases de efeito estufa, de acordo com as diretri-
Brasília, 26 de dezembro de 2017; 196º da zes de elaboração dos inventários nacionais pre-
Independência e 129º da República. vistas em decisão da Convenção-Quadro das Na-
MICHEL TEMER ções Unidas sobre Mudança do Clima;
Henrique Meirelles II – Estimativas Anuais de Emissões de Gases de
Esteves Pedro Colnago Junior Efeito Estufa no Brasil – relatórios das estimativas
de emissões previstas no parágrafo único do art.
DECRETO Nº 9.172, DE 17 11 do Decreto nº 7.390, de 9 de dezembro de 2010;
DE OUTUBRO DE 2017 III – inventário organizacional – levantamento,
(Publicado no DOU de 18/10/2017)
para fins de quantificação e contabilização, das
Institui o Sistema de Registro Nacional de emissões por fontes e remoções por sumidouros
Emissões (Sirene), dispõe sobre os instrumen- de gases de efeito estufa de empreendimentos
tos da Política Nacional sobre Mudança do
realizados e submetidos ao Sirene, de acordo com
Clima a que se refere o inciso XIII do caput
do art. 6º da Lei nº 12.187, de 29 de dezembro critérios e procedimentos definidos neste Decreto
de 2009, e altera o Decreto nº 7.390, de 9 de e em seu regulamento;
dezembro de 2010, que regulamenta a refe- IV – organização inventariante – organização
rida Política. legalmente constituída e reconhecida pela legis-
O presidente da República, no uso das atribui- lação brasileira, responsável pela realização e pela
ções que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV e VI, submissão ao Sirene do seu inventário organiza-
alínea a, da Constituição, e tendo em vista o dis- cional; e
posto no art. 6º, caput, inciso XIII, da Lei nº 12.187, V – organismos de verificação – organizações
de 29 de dezembro de 2009, decreta: competentes acreditadas pelo Instituto Nacional
de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro),
Art. 1º Fica instituído o Sistema de Registro Nacio-
que poderão certificar inventários organizacio-
nal de Emissões (Sirene), com o objetivo de dispo-
nais, conforme as especificações de norma da As-
nibilizar os resultados do Inventário Brasileiro de
sociação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), de
Emissões Antrópicas por Fontes e Remoções por
acordo com a regulamentação vigente.
Sumidouros de Gases de Efeito Estufa não Contro-
lados pelo Protocolo de Montreal e de outras ini- Art. 3º O Sirene será mantido com dados referen-
ciativas de contabilização de emissões, tais como tes a emissões e remoções de gases de efeito es-
as Estimativas Anuais de Emissões de Gases de tufa, de acordo com as estimativas previstas nos
Efeito Estufa no Brasil. seguintes documentos:
§ 1º O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inova- I – Comunicação Nacional do Brasil e outros
ções e Comunicações será responsável pela im- relatórios elaborados para a Convenção-Quadro
plementação e pela manutenção do Sirene, con- das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, de
forme o disposto no inciso XIII do caput do art. 6º acordo com os critérios estabelecidos por aquela
da Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009. Convenção-Quadro e por suas Conferências das
§ 2º O Sirene tem por missão conferir seguran- Partes, que incluam o Inventário Nacional de
ça e transparência ao processo de confecção do In- Emissões Antrópicas por Fontes e Remoções por
ventário Brasileiro de Emissões Antrópicas por Fon- Sumidouros de Gases de Efeito Estufa não Contro-
tes e Remoções por Sumidouros de Gases de Efeito lados pelo Protocolo de Montreal;
Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal, II – Estimativas Anuais de Emissões de Gases de
e servir de insumo à tomada de decisão nas ações Efeito Estufa no Brasil, de que trata o art. 11 do
governamentais relativas à mudança do clima. Decreto nº 7.390, de 2010; e
Art. 2º Para os fins do disposto neste Decreto, con- III – inventários organizacionais previstos no
sidera-se: art. 4º.
I – Inventário Brasileiro de Emissões Antrópi- Art. 4º As organizações inventariantes que reali-
cas por Fontes e Remoções por Sumidouros de zem inventários organizacionais, nos termos deste
Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Pro- Decreto e de seu regulamento, poderão promover
tocolo de Montreal – levantamento, para fins de sua inserção, de forma voluntária, no Sirene.
51
Art. 5º O Ministério da Ciência, Tecnologia, Ino- pecíficos para o País, atualizados e pertinentes ao
vações e Comunicações divulgará, anualmente, exercício da metodologia a ser aplicada na elabo-
os resultados consolidados dos dados coletados ração das estimativas de emissões e de remoções
pelo Sirene, relativos à mensuração, ao relato e à de gases de efeito estufa.
verificação de emissões de gases de efeito estufa.
Art. 8º O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inova-
Parágrafo único. O Sirene disponibilizará resul-
ções e Comunicações editará os atos necessários
tados de emissões desagregados, à medida que
para o cumprimento do disposto neste Decreto,
a obtenção dos dados e a preservação do sigilo
visando a garantir padronização e qualidade dos
industrial permitirem.
dados, especialmente em relação:
Art. 6º As estimativas de emissões e de remoções I – à definição das metodologias a que se refere
antrópicas de gases de efeito estufa a que se refere o art. 6º;
o art. 3º serão disciplinadas em ato do Ministro de II – às características e à forma de funciona-
Estado da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comu- mento do Sirene;
nicações, a quem caberá: III – aos parâmetros de integração de dados
I – propor, definir e revisar as metodologias para entre as organizações inventariantes, os organis-
estimar emissões por fontes e remoções por sumi- mos de verificação e o Sirene;
douros de gases de efeito estufa, em consulta aos IV – ao cronograma para apresentação, aos pro-
demais Ministérios e órgãos pertinentes; cedimentos para inclusão no Sirene e às diretrizes
II – divulgar os fatores de emissão de dióxido de verificação dos inventários organizacionais de
de carbono para energia elétrica distribuída pelo que trata o art. 4º;
Sistema Interligado Nacional; V – às orientações e aos requisitos de avaliação
III – articular e harmonizar diretrizes e premis- dos inventários organizacionais por organismos
sas para elaboração e relato de inventários sub- de verificação; e
nacionais de emissões de gases de efeito estufa; VI – a outros aspectos técnicos que considerar
IV – elaborar as estimativas de que trata o in- pertinentes.
ciso II do caput do art. 3º; [...] (A alteração expressa no art. 9º foi compilada no De-
V – aprimorar a metodologia de cálculo da pro- creto nº 7.390, de 9/12/2010, constante desta publicação)
jeção de emissões; e
VI – propor a revisão da legislação pertinente, Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de
quando necessário. sua publicação.
Brasília, 17 de outubro de 2017; 196º da
Art. 7º Para garantir a confiabilidade e a atualiza-
Independência e 129º da República.
ção periódica dos dados de atividades e de fatores
MICHEL TEMER
de emissão adequados para o País, serão consi-
Gilberto Kassab
deradas as informações geradas pelas seguintes
fontes:
DECRETO Nº 6.527, DE 1º DE
I – Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas AGOSTO DE 2008
(PBMC); (Publicado no DOU de 4/8/2008)
II – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Dispõe sobre o estabelecimento do Fundo
(IBGE);
Amazônia pelo Banco Nacional de Desenvol-
III – Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS); vimento Econômico e Social (BNDES).
IV – Agência Nacional de Aviação Civil (Anac);
O presidente da República, no uso da atribui-
V – Empresa de Pesquisa Energética (EPE);
ção que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea a, e
VI – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
tendo em vista o disposto no art. 225, caput e § 4º,
(Inpe);
ambos da Constituição, decreta:
VII – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá-
ria (Embrapa); Art. 1º Fica o Banco Nacional de Desenvolvimento
VIII – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Econômico e Social (BNDES) autorizado a destinar
Recursos Naturais Renováveis (Ibama); e o valor das doações recebidas em espécie, apro-
IX – outras instituições que possam fornecer priadas em conta específica denominada Fundo
dados de atividades e de fatores de emissão es- Amazônia, para a realização de aplicações não
52
DECRETO Nº 6.527, DE 1º DE AGOSTO DE 2008
ção dada pelo Decreto nº 8.773, de 11/5/2016) Brasília, 1º de agosto de 2008; 187º da
§ 2º O Cofa zelará pela fidelidade das iniciativas Independência e 120º da República.
do Fundo Amazônia ao PPCDAM e à ENREDD+ e LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Miguel Jorge
Carlos Minc
54
ECOSSISTEMAS MARINHOS E COSTEIROS
6 Bióloga, mestre em oceanografia biológica e doutora em ciências pelo Instituto Oceanográfico da Universidade
de São Paulo (USP). Consultora legislativa aposentada que atuava na área XI (meio ambiente e direito ambiental,
organização territorial, desenvolvimento urbano e regional) da Câmara dos Deputados. Contato: ilidia.juras@
camara.leg.br.
55
estima que aproximadamente 70% dos estoques pesqueiros mundiais estão
completamente explorados, sobre-explorados ou deplecionados.
A imensa extensão da costa brasileira é sobejamente alardeada. Mas qual
é exatamente a extensão do mar sob jurisdição nacional? A Lei nº 8.617/1993
define mar territorial, zona contígua, zona econômica exclusiva e plataforma
continental.
Consoante essa lei, o mar territorial brasileiro compreende uma faixa de
12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral
continental e insular. A soberania do país estende-se ao mar territorial, ao espaço
aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo.
A faixa compreendida entre 12 e 24 milhas marítimas constitui a zona con-
tígua, a qual é sobreposta pela Zona Econômica Exclusiva (ZEE), que se estende
das 12 às 200 milhas marítimas. Na ZEE, o Brasil tem direitos de soberania, para
fins de exploração e aproveitamento, de conservação e gestão dos recursos
naturais, vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito
do mar e seu subsolo, e também no que se refere a outras atividades com vistas
à exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos. Nessa zona, o
país também tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação científica
marinha, a proteção e preservação do meio marítimo, bem como a construção,
operação e uso de ilhas artificiais, instalações e estruturas.
A plataforma continental compreende o leito e o subsolo das áreas
submarinas que se estendem além do mar territorial, em toda a extensão do
prolongamento natural de território terrestre, até o bordo exterior da margem
continental, ou até uma distância de 200 milhas marítimas, nos casos em que o
bordo exterior da margem continental não atinja essa distância. Na plataforma
continental, o Brasil tem soberania para explorar os recursos naturais, ou seja,
os recursos minerais e outros não vivos do leito do mar e subsolo, bem como os
organismos vivos pertencentes a espécies sedentárias.Também na plataforma
continental, o país tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação cien-
tífica marinha, a proteção e preservação do meio marinho, bem como a cons-
trução, a operação e o uso de ilhas artificiais, instalações e estruturas. Além disso,
o governo brasileiro tem o direito exclusivo de autorizar e de regulamentar as
perfurações na plataforma continental, quaisquer que sejam os seus fins.
No contexto da preocupação com os oceanos, a zona costeira (ZC) merece
atenção especial, dada a influência mútua e as interfaces entre esses ambientes.
A ZC brasileira estende-se, na sua porção terrestre, por mais de 8.500 km e
abrange 17 estados e mais de 400 municípios, os quais estão distribuídos do
norte equatorial ao sul temperado do país, incluindo ainda o mar territorial.
Os sistemas ambientais costeiros no Brasil são extraordinariamente
diversos. Nosso litoral é composto por águas frias, no Sul e Sudeste, e por
águas quentes, no Norte e Nordeste. Isso dá suporte a uma grande variedade de
56
ECOSSISTEMAS MARINHOS E COSTEIROS
7 Cf. artigos da Constituição Federal transcritos em Legislação sobre meio ambiente: fundamentos constitucionais
e normas básicas.
57
legislação específica. Não é permitida a urbanização ou qualquer forma de uti-
lização do solo na ZC que impeça ou dificulte o acesso às praias.
A primeira versão do PNGC (PRATES, 2010) foi aprovada em 1990, tendo
sido posteriormente revisada entre 1995 e 1997 e finalmente regulamentada
pelo Decreto nº 5.300/2004. Por esse decreto, a faixa marítima da ZC coincide
com o mar territorial já definido. A faixa terrestre, por sua vez, é conceituada
como “espaço compreendido pelos limites dos municípios que sofrem influência
direta dos fenômenos ocorrentes na zona costeira”. Conforme o IBGE, 395 muni-
cípios encontram-se nessa faixa.
A Lei nº 7.661/1988 prevê que o PNGC seja aplicado com a participação da
União, dos estados e dos municípios. Não há, contudo, previsão de repasse de
recursos federais, nem fundo especial para que estados e municípios desempe-
nhem suas funções relacionadas ao gerenciamento costeiro. É notória a carência,
em especial dos municípios, de meios materiais e humanos capazes de permitir
o cumprimento de suas atribuições ambientais de forma geral.
Com a finalidade de fixar as diretrizes essenciais à promoção da inte-
gração do mar territorial, da plataforma continental e da ZEE ao espaço brasileiro
e ao aproveitamento sustentável dos recursos do mar, foi instituída, em 1980, a
PNRM. Diante das mudanças no cenário nacional e internacional, em relação aos
mares, oceanos e zonas costeiras, particularmente em decorrência da entrada
em vigor da Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito do Mar em 1994 (rati-
ficada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 5/1987), considerou-se necessária a
revisão da PNRM, o que ocorreu por meio do Decreto nº 5.377/2005.
Conforme a PNRM, recursos do mar são todos os recursos vivos e não
vivos existentes nas águas sobrejacentes ao leito do mar, no leito do mar e seu
subsolo, bem como nas áreas costeiras adjacentes, cujo aproveitamento sus-
tentável seja relevante sob os pontos de vista econômico, social e ecológico. Os
recursos vivos do mar são os pesqueiros e a diversidade biológica, incluindo os
genéticos ou qualquer outro componente da biota marinha de utilidade biotec-
nológica ou de valor para a humanidade. Os recursos não vivos do mar com-
preendem os minerais existentes nas águas sobrejacentes ao leito do mar, no
leito do mar e seu subsolo, e os energéticos advindos dos ventos, das marés, das
ondas, das correntes e dos gradientes de temperatura. A PNRM considera, ainda,
as potencialidades do mar para as atividades de aquicultura marinha, turísticas,
esportivas e de recreação, mas não contempla o transporte marítimo de cargas,
objeto de políticas e de normas legais específicas.
Entre os princípios da PNRM, dois são relativos ao meio ambiente, a saber:
a adoção do princípio da precaução na exploração e aproveitamento sustentável
dos recursos do mar e a proteção da biodiversidade e do patrimônio genético
existente nas áreas marinhas sob jurisdição nacional e ZC adjacente.
58
ECOSSISTEMAS MARINHOS E COSTEIROS
59
Um dos objetivos do Brasil é prosseguir com o Programa Antártico Brasi-
leiro e ampliá-lo, para: obter maior conhecimento científico da região, incluindo
a identificação dos recursos econômicos vivos e não vivos, obter dados sobre
as possibilidades de seu aproveitamento; propiciar avanços tecnológicos apli-
cáveis às condições fisiográficas e ambientais no continente antártico e área
marinha adjacente; e participar da exploração e aproveitamento de recursos
vivos marinhos e de recursos minerais antárticos. A execução desse programa é
descentralizada e desempenhada por universidades, órgãos de pesquisa e enti-
dades públicas e privadas, de acordo com o planejamento elaborado pela CIRM.
Por fim, deve-se registrar que o Brasil aderiu à Convenção sobre a Con-
servação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos – ratificada pelo Decreto Legis-
lativo nº 33/1985 – e é membro da Comissão para a Conservação dos Recursos
Vivos Marinhos Antárticos.
Referência
PRATES, Ana Paula Leite; GONCALVES, Marco Antonio; ROSA, Marcos Reis. Panorama
da conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos no Brasil. Brasília: MMA, 2010.
Disponível em: <https://www.marinha.mil.br/secirm/sites/www.marinha.mil.br.secirm/
files/mma-205_publicacao27072011042233.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2018.
Sugestões de leitura
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Macrodiagnóstico da zona costeira e marinha do
Brasil. Brasília: MMA, 2008.
_______. Programa ReviZEE: textos para consulta. Disponível em: <http://www.mma.
gov.br/biodiversidade/biodiversidade-aquatica/zona-costeira-e-marinha/programa-
revizee/item/7606>. Acesso em: 30 abr. 2018.
FERREIRA, B.P.; MAIDA, M. Monitoramento dos recifes de coral do Brasil. Brasília,, 2006.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidade-aquatica/
zona-costeira-e-marinha/recifes-de-coral>. Acesso em: 30 abr. 2018.
GIANESELLA, S. M. F.; SALDANHA-CORREA, F. M. P. Sustentabilidade dos oceanos. São
Paulo: Blucher, 2010. 199 p. (Serie Sustentabilidade; v. 7).
MILLENIUM Ecosystem Assessment. Washington, DC: Island Press, 2005. Disponível em:
<https://www.millenniumassessment.org/documents/document.356.aspx.pdf>. Acesso
em: 30 abr. 2018.
SECRETARIAT OF THE CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY. Marine biodiversity: one
ocean, many worlds of life. Montreal: CDB, 2012. Disponível em: <https://www.cbd.int/
idb/doc/2012/booklet/idb-2012-booklet-en.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2018.
60
TRATADO DA ANTÁRTIDA
continente antártico unicamente para fins pacífi- ciadas dos recursos vivos marinhos antárticos e
cos e evitar a sua transformação em cenário ou a restauração das populações reduzidas ao nível
objeto de discórdias internacionais; definido na alínea a acima; e
Reconhecendo, à luz do que precede, que é c) prevenção de modificações ou minimização
desejável estabelecer um mecanismo adequado do risco de modificações no ecossistema mari-
para recomendar, promover, determinar e coor- nho que não sejam potencialmente reversíveis
denar medidas e estudos científicos necessários no curso de duas ou três décadas, levando em
para assegurar a conservação de organismos consideração o nível de conhecimento disponí-
vivos marinhos antárticos; vel sobre o impacto direto e indireto da captura,
Concordaram no seguinte: sobre o efeito da introdução de espécies exóge-
Artigo I nas, sobre os efeitos de atividades conexas no
1) Esta convenção se aplica aos recursos vivos ecossistema marinho e sobre os efeitos das alte-
marinhos antárticos da área ao sul de 60 graus de rações ambientais, com o objetivo de possibilitar
latitude sul e aos recursos vivos marinhos antárti- a conservação continuada dos recursos vivos ma-
cos da área compreendida entre aquela latitude e rinhos antárticos.
a convergência antártica que fazem parte do ecos- Artigo III
sistema marinho antártico. As Partes Contratantes, sejam elas partes do
2) “Recursos vivos marinhos antárticos” sig- Tratado da Antártida ou não, concordam em que
nifica as populações de peixes com nadadeiras,
não desenvolverão quaisquer atividades na área
moluscos, crustáceos e todas as demais espécies
de aplicação do Tratado da Antártida que sejam
de organismos vivos incluindo pássaros, encon-
contrarias as princípios e propósitos daquele tra-
trados ao sul da convergência antártica.
tado e que, em seu relacionamento reciproco,
3) “Ecossistema marinho antártico” significa
estão vinculadas pelas obrigações constantes dos
o complexo das relações dos recursos marinhos
artigos I e V do Tratado da Antártida.
antárticos entre eles e com o seu meio ambiente
físico. Artigo IV
4) A convergência antártica será considerada 1) No que concerne à área de aplicação do Tra-
como uma linha que une os seguintes pontos ao tado da Antártida, todas as Partes Contratantes,
longo dos paralelos de latitude e meridianos de sejam elas ou não partes do Tratado da Antártida,
longitude: 50°S, 0°; 50°S, 30°E; 45°S, 30°E; 45°S, estão obrigadas pelos Artigos IV e VI do Tratado da
80°E; 55°S, 80°E; 55°S, 150°E; 60°S, 150°E; 60°S, Antártida em seu relacionamento mútuo.
50°W; 50°S, 50°W; 50°S, 0°. 2) Nada na presente convenção e nenhum ato
Artigo II ou atividade que ocorra enquanto a presente con-
1) O objetivo desta convenção é a conservação venção estiver em vigor:
de recursos vivos marinhos antárticos. a) constituirá base para proclamar, apoiar ou
2) Para os fins desta convenção, o termo “con- contestar reivindicação sobre soberania territorial
servação” inclui utilização racional. na área de aplicação do Tratado da Antártida ou
3) Toda captura e atividades conexas na área à para criar direitos de soberania na área de aplica-
qual se aplica a presente convenção serão condu- ção do Tratado da Antártida;
zidas de conformidade com os seguintes princí- b) será interpretado como renúncia ou dimi-
pios de conservação: nuição, por qualquer Parte Contratante, ou ainda
a) prevenção da diminuição do volume de como sendo prejulgamento de qualquer direito
qualquer população explorada a níveis inferio- ou reivindicação ou base de reivindicação para
res àqueles que garantam a manutenção de sua o exercício de jurisdição de Estado costeiro con-
capacidade de renovação. Para esse fim, não se forme o direito internacional dentro da área à qual
deverá deixar seu volume cair abaixo de um nível se aplica a presente convenção;
próximo daquele que garante o máximo cresci- c) será interpretado como prejulgando a posi-
mento liquido anual; ção de qualquer Parte Contratante quanta ao reco-
b) manutenção das relações ecológicas entre nhecimento ou não reconhecimento por ela de tal
as populações capturadas, dependentes e asso- direito ou reivindicação ou base de reivindicação;
65
d) prejudicará o disposto no parágrafo 2 do ar- rante o período em que a mesma parte aderente
tigo IV do Tratado da Antártida, segundo o qual esteja engajada em atividades de pesquisa ou cap-
nenhuma nova reivindicação ou ampliação de tura relacionadas com os recursos vivos marinhos
reivindicação existente relativa a soberania terri- aos quais se aplica a presente convenção;
torial na Antártida será apresentada enquanto o c) cada organização regional de integração eco-
Tratado da Antártida estiver em vigor. nômica que tenha aderido à presente convenção
de conformidade com o artigo XXIX terá direito de
Artigo V
ser membro da comissão durante o período em
1) As Partes Contratantes que não são partes do
que os seus Estados-Membros tiverem tal direito;
Tratado da Antártida reconhecem as obrigações
d) uma Parte Contratante que deseje partici-
especiais e as responsabilidades das partes con-
par dos trabalhos da comissão de conformidade
sultivas do Tratado da Antártida quanto à prote-
com as alíneas b e c acima notificará o depositá-
ção e preservação do meio ambiente na área de
rio dos fundamentos sobre os quais deseja tornar-
aplicação do Tratado da Antártida.
-se membro da comissão e de sua disposição de
2) As Partes Contratantes que não são partes do
aceitar as medidas de conservação em vigor. O de-
Tratado da Antártida concordam em que, nas suas
positário comunicará a cada membro da comis-
atividades na área de aplicação do Tratado da An-
são a referida notificação e informações anexas.
tártida, observarão, se e quando apropriado, as
Dentro de dois meses após o recebimento dessa
medidas acordadas para a Conservação da Fauna comunicação do depositário, qualquer membro
e da Flora Antárticas e demais medidas que te- da comissão poderá solicitar que se realize uma
nham sido recomendadas pelas partes consulti- reunião especial da comissão para considerar o
vas do Tratado da Antártida no cumprimento de assunto. Ao receber essa solicitação o depositário
sua responsabilidade quanto à proteção do meio convocará tal reunião. Caso não haja solicitação
ambiente antártico em relação a todas as formas para uma reunião, a Parte Contratante que apre-
de interferência humana danosa. sentou a notificação será considerada como tendo
3) Para os fins da presente convenção, “Partes preenchido os requisitos para tornar-se membro
Consultivas do Tratado da Antártida” significa da comissão.
as Partes Contratantes do Tratado da Antártida 3) Cada membro da comissão será represen-
cujos representantes participam de reuniões que tado por um delegado, que poderá fazer-se acom-
se realizem nos termos do artigo IX do Tratado da panhar de suplentes e assessores.
Antártida.
Artigo VIII
Artigo VI A comissão terá personalidade jurídica e gozará,
Nada na presente convenção derrogará os di- no território de cada um dos Estados-Partes, a ca-
reitos e obrigações nas Partes Contratantes nos pacidade legal que seja necessária para desem-
termos da Convenção Internacional para a Regu- penhar sua função e alcançar os objetivos da pre-
lamentação da Caça à Baleia e da Convenção para sente convenção. Os privilégios e as imunidades
a Conservação de Focas Antárticas. a serem gozados pela comissão e seu pessoal no
Artigo VII território de um Estado-Parte serão determinados
1) As Partes Contratantes, pela presente con- par acordo entre a comissão e o Estado-Parte in-
venção estabelecem e concordam em manter a teressado.
Comissão para a Conservação dos Recursos Vi- Artigo IX
vos Marinhos Antárticos (aqui doravante referida 1) A função da comissão será a de efetivar o ob-
como “Comissão”). jetivo e os princípios definidos no artigo II da pre-
2) A composição da comissão será a seguinte: sente convenção. Para esse fim, ela deverá:
a) cada Parte Contratante que participou da a) facilitar a pesquisa e estudos abrangentes so-
reunião na qual foi adotada a presente conven- bre os recursos vivos marinhos antárticos e sobre
ção será membro da comissão; o ecossistema marinho antártico;
b) cada Estado-Parte que tenha aderido à pre- b) compilar dados sobre o estado e alterações
sente convenção de conformidade com o artigo das populações de recursos vivos marinhos an-
XXIX terá o direito de ser membro da comissão du- tárticos e sobre fatores que afetam a distribuição,
66
CONVENÇÃO SOBRE A CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS VIVOS MARINHOS ANTÁRTICOS
abundância e produtividade das espécies captu- rias para a consecução do objetivo da presente
radas e das espécies ou populações dependentes convenção, incluindo medidas relativas aos efei-
ou associadas; tos da captura e de atividades correlatas sobre ou-
c) assegurar a obtenção de estatísticas sobre a tros componentes do ecossistema marinho além
pesca e as atividades empreendidas no que con- das populações capturadas.
cerne as populações capturadas; 3) A comissão publicará e manterá um registro
d) analisar, difundir e publicar as informações de todas as medidas de conservação em vigor.
indicadas nas alíneas b e c acima e os relatórios 4) No exercício das funções de conformidade
do comitê científico; com o parágrafo 1 acima, a comissão levará ple-
e) identificar as necessidades em matéria de
namente em consideração as recomendações e a
conservação e analisar a eficácia das medidas
assessoria do comitê científico.
de conservação;
5) A comissão levará plenamente em conside-
f) elaborar, adotar e revisar medidas de conser-
ração qualquer medida ou regulamentos rele-
vação com base nas melhores indicações científi-
vantes estabelecidos ou recomendados pelas re-
cas disponíveis, de conformidade com o disposto
uniões consultivas realizadas conforme o artigo
no parágrafo 5 do presente artigo;
IX do Tratado da Antártida ou por comissões de
g) efetivar o sistema de observação e inspeção
estabelecido de acordo com o artigo XXIV da pre- pesca existentes que se ocupem de espécies que
sente convenção; possam penetrar na área de aplicação desta con-
h) realizar outras atividades que sejam neces- venção, de modo que não haja incompatibilidade
sárias para cumprir os objetivos da presente con- entre os direitos e as obrigações de uma Parte
venção. Contratante em decorrência de tais medidas ou
2) As medidas de conservação a que se refere a regulamentos e as medidas de conservação que
alínea f do parágrafo 1 acima incluem as seguintes: possam ser adotadas pela comissão.
a) a determinação da quantidade de cada espé- 6) As medidas de conservação adotadas pela
cie que pode ser capturada na área de aplicação comissão de conformidade com a presente con-
da presente convenção; venção deverão ser efetivadas pelos membros da
b) a designação de regiões e sub-regiões com comissão da seguinte forma:
base na distribuição de populações de recursos a) a comissão notificará as medidas de conser-
vivos marinhos antárticos; vação a todos os membros da comissão;
c) a determinação da quantidade das popula- b) as medidas de conservação tornar-se-ão
ções de regiões e sub-regiões que pode ser cap- obrigatórias para todos os membros da comissão
turada; cento e oitenta dias após a referida notificação,
d) a designação de espécies protegidas; com exceção do disposto nas alíneas c e d abaixo;
e) a designação do tamanho, da idade e, quan-
c) se, dentro de noventa dias após a notificação
do for apropriado, do sexo das espécies cuja cap-
referida na alínea a, um membro da comissão in-
tura é permitida;
formar a comissão de que não pode aceitar, em
f) a determinação de períodos abertos ou fecha-
parte ou em sua totalidade, a medida de conser-
dos à captura;
vação, esta não será obrigatória para o referido
g) a determinação da abertura e do fechamento
membro na medida par ele declarada;
de áreas, regiões ou sub-regiões para fins de es-
d) no caso de qualquer membro da comissão
tudo científico ou de conservação, incluindo áreas
especiais destinadas à proteção e ao estudo cien- invocar o procedimento estabelecido na alínea c
tífico; acima, a comissão se reunirá a pedido de qualquer
h) a regulamentação dos meios utilizados e membro da comissão para examinar a medida de
dos métodos de captura incluindo equipamento conservação. Por ocasião da referida reunião e
de pesca, a fim de, inter alia, evitar uma concen- dentro dos trinta dias seguintes a reunião, qual-
tração indevida de captura em qualquer região ou quer membro da comissão terá o direito de de-
sub-região; clarar que já não está em condições de aceitar a
i) a adoção de quaisquer outras medidas de medida de conservação, caso em que o membro
conservação que a comissão considere necessá- não estará mais obrigado por tal medida.
67
Artigo X Artigo XIII
1) A comissão deverá chamar a atenção de todo 1) A sede da comissão será estabelecida em
Estado que não seja parte desta convenção para Hobart, Tasmânia, Austrália.
qualquer atividade empreendida por seus nacio- 2) A comissão realizará uma reunião anual regu-
nais ou seus navios que, na opinião da comissão, lar. Outras reuniões serão também realizadas a pe-
afete a consecução do objetivo da presente con- dido de um terço de seus membros e de conformi-
venção. dade com outras condições previstas na presente
convenção. A primeira reunião da comissão será
2) A comissão deverá chamar a atenção de
realizada dentro de três meses após a entrada em
todas as Partes Contratantes para qualquer ativi-
vigor da presente convenção, desde que entre as
dade que na opinião da comissão afete a realiza-
Partes Contratantes haja pelo menos dois Estados
ção por uma Parte Contratante do objetivo da pre-
que desenvolvem atividades de captura na área
sente convenção ou o cumprimento por aquela
de aplicação da presente convenção. A primeira
Parte Contratante de suas obrigações nos termos reunião, de qualquer forma, será realizada dentro
da presente convenção. de um ano após a entrada em vigor da presente
Artigo XI convenção, desde que as Partes Contratantes haja
A comissão procurará cooperar com as Partes pelo menos dois Estados que desenvolvem ativi-
Contratantes que possam exercer jurisdição em dade de captura na área de aplicação da presente
convenção. A primeira reunião, de qualquer forma
áreas marinhas adjacentes a área de aplicação
será realizada dentro de um ano após a entrada em
desta Convenção a respeito da conservação de
vigor da presente convenção. O depositário consul-
qualquer população ou populações de espécies
tará os Estados signatários sobre a primeira reu-
associadas que se encontrem tanto dentro daque-
nião da comissão, levando em consideração que
las áreas quanto da área de aplicação da presente
uma ampla representação de tais Estados é neces-
Convenção, com vistas a harmonizar as medidas sária para o funcionamento efetivo da comissão.
de conservação adotadas com relação a tais po- 3) O depositário convocará a primeira reunião
pulações. da comissão na sede da comissão. A partir de
Artigo XII então, as reuniões da comissão serão realizadas
1) As decisões da comissão sobre assuntos de na sua sede, a menos que a comissão decida de
outra forma.
fundo serão tomadas par consenso. A questão
4) A comissão elegerá dentre os seus membros
de se considerar um assunto como sendo de
um presidente e um vice-presidente, cada um dos
fundo será tratada como um assunto de fundo.
quais terá mandato de dois anos e poderá ser ree-
2) As decisões sobre assunto que não os refe-
leito para um mandato adicional. O primeiro pre-
ridos no parágrafo 1 acima serão tomadas por
sidente, porém, será eleito para um mandato ini-
maioria simples dos membros da comissão pre- cial de três anos. O presidente e o vice-presidente
sentes e votantes. não poderão ser representantes da mesma Parte
3) Quanto ao exame pela comissão de qualquer Contratante.
questão que requeira uma decisão, será deixado 5) A comissão adotará e emendará, conforme
claro se uma organização regional de integração necessária, as regras de procedimento para a con-
econômica participará da tomada da decisão e, dução de suas reuniões, exceto no que concerne
em caso afirmativo, se qualquer dos seus Estados- às questões tratadas no artigo XII da presente con-
-Membros deverá também participar. O numero venção.
de Partes Contratantes que assim participem não 6) A comissão poderá estabelecer os órgãos
excederá o número de Estados-Membros da orga- subsidiários que sejam necessários para o desem-
nização regional de integração econômica que são penho de suas funções.
membros da comissão. Artigo XIV
4) Na tomada de decisões, nos termos do pre- 1) As Partes Contratantes estabelecem pela pre-
sente artigo, uma organização regional de integra- sente convenção o comitê científico para a Con-
ção econômica terá apenas um voto. servação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos
68
CONVENÇÃO SOBRE A CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS VIVOS MARINHOS ANTÁRTICOS
(aqui doravante referido como “Comitê Cientí- as atividades científicas realizadas no âmbito do
fico”), que será um órgão consultivo da comissão. Tratado da Antártida.
O comitê científico reunir-se-á normalmente na
Artigo XVI
sede da comissão, a não ser que o comitê cientí-
1) A primeira reunião do comitê científico será
fico decida de outra forma. realizada dentro de três meses após a primeira
2) Cada membro da comissão será membro do reunião da comissão. O comitê científico reunir-
comitê científico e designará um representante -se-á daí em diante com a frequência necessária
com as qualificações científicas apropriadas o para o desempenho de suas funções.
qual poderá fazer-se acompanhar de outros es- 2) O comitê científico deverá adotar e emen-
pecialistas e assessores. dar, conforme necessário, suas regras de pro-
3) O comitê científico poderá solicitar a opinião cedimento. As regras e quaisquer emendas a
de outros especialistas e assessores na medida elas deverão ser aprovadas pela comissão. As re-
em que possa ser necessária em caráter ad hoc. gras deverão incluir procedimentos para a apre-
sentação de relatórios de minoria.
Artigo XV
3) O comitê científico poderá estabelecer, com
1) O comitê científico constituirá um foro para
a aprovação da comissão, os órgãos subsidiários
consulta e cooperação sobre a coleta, estudo e
que sejam necessários ao desempenho de suas
intercâmbio de informação a respeito dos recur-
funções.
sos vivos marinhos a que a presente convenção
se aplica. Deverá estimular e promover coopera- Artigo XVII
ção no campo da pesquisa científica a fim de se 1) A comissão nomeará um secretário execu-
ampliar o conhecimento sobre os recursos vivos tivo para servir a comissão e o comitê científico
marinhos do ecossistema antártico marinho. segundo os procedimentos e nos termos e condi-
2) O comitê científico conduzirá as atividades ções que a comissão determinar. O seu mandato
de que for incumbido pela comissão, de conformi- será de quatro anos e poderá ser renovado.
dade com os objetivos desta convenção, e deverá: 2) A comissão autorizará a composição do pes-
a) estabelecer critérios e métodos a serem usa- soal do secretariado conforme necessário e o
dos para determinações concernentes às medidas secretário executivo nomeará, dirigirá e supervi-
de conservação referidas no artigo IX da presente sionará o pessoal de acordo com as regras e os
convenção; procedimentos e nas condições que a comissão
determinar.
b) avaliar periodicamente o estado e as tendên-
3) O secretario executivo e o secretariado exer-
cias das populações de recursos vivos marinhos
cerão as funções a eles confiadas pela comissão.
antárticos;
c) analisar dados sobre os efeitos diretos e indi- Artigo XVIII
retos da captura sobre as populações de recursos As línguas oficiais da comissão e do comitê cien-
vivos marinhos antárticos; tífico serão o espanhol, o francês, o inglês e o russo.
d) avaliar os efeitos de alterações propostas nos Artigo XIX
métodos ou nos níveis de captura e nas medidas 1) Em cada reunião anual, a comissão deverá
de conservação propostas; adotar, por consenso, o seu orçamento e o orça-
e) encaminhar a comissão avaliações, análi- mento do comitê científico.
ses, relatórios e recomendações sobre medidas 2) Um projeto de orçamento para a comissão e
e pesquisa para efetivar o objetivo da presente para o comitê científico e quaisquer órgãos subsi-
convenção conforme solicitado ou por sua pró- diários será preparado pelo secretário executivo e
pria iniciativa; submetido aos membros da comissão no mínimo
f) formular propostas para a realização de pro- sessenta dias antes da reunião anual da comissão.
gramas de pesquisa nacionais, ou internacionais 3) Cada membro da comissão contribuíra para o
sobre os recursos vivos marinhos antárticos. orçamento. Até a expiração de um prazo de cinco
3) No desempenho de suas funções, o comitê anos a contar da entrada em vigor desta conven-
científico levará em conta o trabalho de outras ção, a contribuição de cada membro será igual.
organizações técnicas e científicas relevantes e A partir de então, a contribuição será determinada
69
segundo dois critérios: a quantidade de captura nos termos do parágrafo 1 acima, inclusive sobre
efetuada e uma participação igual de todos os a aplicação de sanções por qualquer infração.
membros da comissão. A comissão fixará, por
Artigo XXII
consenso, a proporção na qual os dois critérios
1) Cada Parte Contratante se compromete a em-
serão aplicados.
preender esforços apropriados compatíveis com
4) As operações financeiras da comissão e do
a Carta das Nações Unidas, a fim de que ninguém
comitê científico serão conduzidas de acordo com
desenvolva qualquer atividade contrária ao obje-
regulamentos financeiros adotados pela comis-
tivo da presente convenção.
são e estarão sujeitas a uma auditoria anual par
2) Cada Parte Contratante devera notificar a
auditores externos escolhidos pela comissão.
comissão de qualquer atividade desse tipo que
5) Cada membro da comissão cobrirá suas pró-
chegue a seu conhecimento.
prias despesas decorrentes da participação em
reuniões da comissão e do comitê científico. Artigo XXIII
6) Um membro da comissão que deixar de pagar 1) A comissão e o comitê cientifico cooperarão
as suas contribuições por dois anos consecutivos com as Partes Contratantes do Tratado da Antár-
não terá direito de participar da tomada de deci- tida nos assuntos que são da competência destas.
sões da comissão até haver pago suas contribui- 2) A comissão e o comitê cientifico cooperarão,
ções em atraso. conforme apropriado, com a Organização das Na-
Artigo XX ções Unidas para a Alimentação e a Agricultura e
1) Os membros da comissão comunicarão com outros organismos especializados.
anualmente à comissão e ao comitê cientifico, na 3) A comissão e o comitê cientifico procurarão
maior medida possível, os dados estatísticos, bio- desenvolver relações de trabalho cooperativas
lógicos e outros e as informações de que a comis- conforme apropriado, com organizações intergo-
são e o comitê científico possam necessitar para vernamentais e não-governamentais que possam
o exercício de suas funções. contribuir para os seus trabalhos, inclusive com
2) Os membros da comissão comunicarão, na o Comitê Científico de Pesquisa Antártica, com o
forma e com a frequência que sejam prescritas Comitê Cientifico de Pesquisa Oceânica e com a
informações sobre as suas atividades de captura, Comissão Internacional da Caça à Baleia.
inclusive sobre as áreas de pesca e os navios, de 4) A comissão poderá concluir acordos com as
maneira a possibilitar a compilação de estatísticas organizações referidas no presente Artigo e com
confiáveis sobre a captura e os meios empregados. outras organizações conforme apropriado. A co-
3) Os membros da comissão comunicarão a co- missão e o comitê científico poderão convidar tais
missão, com a frequência que seja prescrita infor- organizações a enviar observadores para as suas
mações sobre as medidas tomadas para efetivar as reuniões e para reuniões dos seus órgãos subsi-
medidas de conservação adotadas pela comissão. diários.
4) Os membros da comissão concordam em que Artigo XXIV
em quaisquer de suas atividades de captura será 1) As Partes Contratantes concordam em esta-
feito pleno uso das oportunidades que se apre- belecer um sistema de observação e de inspeção
sentarem para a coleta de dados necessários à para promover o objetivo e assegurar a observân-
avaliação do impacto decorrente da captura. cia das disposições da presente convenção.
Artigo XXI 2) O sistema de observação e inspeção será
1) Cada Parte Contratante deverá tomar medi- elaborado pela comissão com base nos seguintes
das apropriadas, dentro dos limites de sua com- princípios:
petência, para assegurar o cumprimento das dis- a) as Partes Contratantes cooperarão entre si
posições da presente convenção e das medidas para assegurar a execução efetiva do sistema de
de conservação adotadas pela comissão, às quais observação e inspeção, levando em conta as práti-
a parte esta obrigada nos termos do artigo IX da cas internacionais existentes. Este sistema incluirá,
presente convenção. inter alia, procedimentos de visita a bordo e ins-
2) Cada Parte Contratante deverá transmitir a peção por observadores e inspetores designados
comissão informações sobre medidas tomadas pelos membros da comissão e procedimentos
70
CONVENÇÃO SOBRE A CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS VIVOS MARINHOS ANTÁRTICOS
relativos aos processos impetrados e às sanções 3) No caso em que a controvérsia for encami-
aplicadas ao Estado de bandeira com base em pro- nhada à arbitragem, o tribunal arbitral será cons-
vas resultantes de tais visitas a bordo e inspeções. tituído de conformidade com as disposições do
Um relatório de tais processos e sanções impostas anexo à presente convenção.
deverá ser incluído nas informações a que se re-
Artigo XXVI
fere o artigo XXI da presente convenção;
1) A presente convenção será aberta à assina-
b) a fim de verificar o cumprimento das medi-
tura em Camberra de 1º de agosto a 31 de dezem-
das adotadas nos termos da presente convenção,
bro de 1980 pelos Estados participantes da Con-
a observação e a inspeção serão efetuadas a bordo
ferência sobre a Conservação dos Recursos Vivos
de embarcações engajadas em pesquisa cientifica
Marinhos Antárticos realizada em Camberra, de 7
ou na captura de recursos vivos marinhos na área
a 20 de maio de 1980.
de aplicação da presente convenção, por meio de
2) Os Estados que assim assinarem serão os Es-
observadores e inspetores designados pelos mem-
tados signatários originais da Convenção.
bros da comissão que atuarão conforme os termos
e condições estabelecidas pela comissão; Artigo XXVII
c) os observadores e inspetores designados per- 1) A presente convenção está sujeita à ratifica-
manecerão sujeitos à jurisdição da Parte Contra- ção, aceitação ou aprovação dos Estados signatá-
tante de que sejam nacionais. Eles apresentarão rios.
seu relatório ao membro da comissão pelo qual 2) Os instrumentos de ratificação, aceitação ou
foram designados, o qual, por sua vez, informará aprovação serão depositados junto ao governo da
a comissão. Austrália, que fica designado depositário.
3) No período que preceder ao estabelecimento Artigo XXVIII
do sistema de observação e inspeção, os mem- 1) A presente convenção entrará em vigor no
bros da comissão procurarão estabelecer enten- trigésimo dia após a data de depósito do oitavo
dimentos provisórios para designar observadores instrumento de ratificação, aceitação ou aprova-
e inspetores e tais observadores e inspetores de- ção por Estados referidos no § 1 do art. XXVI da
signados estarão habilitados a efetuar inspeção presente convenção.
de acordo com os princípios estipulados no pa- 2) Para cada Estado ou cada organização re-
rágrafo 2 acima. gional de integração econômica que, após a data
Artigo XXV de entrada em vigor da presente convenção, de-
1) Se ocorrer qualquer controvérsia entre duas positar um instrumento de ratificação, aceitação,
ou mais das Partes Contratantes sobre a inter- aprovação ou adesão, a convenção entrará em
pretação ou a aplicação da presente convenção, vigor no trigésimo dia subsequente a tal depósito.
aquelas Partes Contratantes farão consultas entre Artigo XXIX
si com vistas à solução da controvérsia por meio 1) A presente convenção está aberta a adesão
de negociação, investigação, mediação, concilia- por qualquer Estado interessado em atividades
ção, arbitragem, decisão judicial ou outros meios de pesquisa ou de captura com relação aos recur-
pacíficos de sua própria escolha. sos vivos marinhos aos quais se aplica a presente
2) Qualquer controvérsia dessa natureza que convenção.
não encontrar solução pelos meios indicados 2) A presente convenção está aberta a adesão
deverá, com o consentimento, em cada caso, de de organizações regionais de integração econô-
todas as partes envolvidas na controvérsia, ser en- mica constituídas de Estados soberanos, que
caminhada para decisão da Corte Internacional de incluam entre seus membros um ou mais Es-
Justiça ou para arbitragem; contudo, a impossibi- tados-Membros da comissão e para a qual os Esta-
lidade de se chegar a um acordo sobre encami- dos-Membros da organização tenham transferido
nhamento à Corte Internacional de Justiça ou a no todo ou em parte competências com relação
arbitragem; não dispensará as Partes envolvidas às questões de que trata a presente convenção.
na controvérsia da obrigação de continuar a pro- A adesão de tais organizações regionais de inte-
curar uma solução por qualquer dos meios pacífi- gração econômica será objeto de consultas entre
cos indicados no parágrafo 1 acima. os membros da comissão.
71
Artigo XXX autênticos, será depositada junto ao governo da
1) A presente convenção poderá ser emendada Austrália, que enviará cópias devidamente auten-
em qualquer momento. ticadas dos mesmos a todas as partes signatárias
2) Se um terço dos membros da comissão solici- e aderentes.
tar uma reunião para discutir a emenda proposta, 2) A presente convenção será registrada pelo de-
o depositário deverá convocar tal reunião. positário de conformidade com o art. 102 da Carta
3) Uma emenda entrará em vigor quando o de- das Nações Unidas.
positário tiver recebido de todos os membros da Feita em Camberra, aos vinte dias do mês de
comissão os instrumentos de ratificação, aceita- maio do ano de mil novecentos e oitenta.
ção ou aprovação da referida emenda. Em fé do que, os abaixo assinados, estando
4) Tal emenda a partir de então entrará em vigor devidamente autorizados, assinaram a presente
com relação a qualquer outra Parte Contratante Convenção.
quando notificação de ratificação, aceitação ou
Anexo
aprovação por ela tenha sido recebida pelo depo-
TRIBUNAL ARBITRAL
sitário. Qualquer Parte Contratante, da qual não
tiver sido recebida nenhuma notificação no prazo 1) O tribunal arbitral a que se refere o pará-
de um ano a contar da data de entrada em vigor da grafo 3 do artigo XXV será composto de três árbi-
emenda, conforme o § 3 acima, será considerada tros, que serão designados da seguinte forma:
como tendo se retirado da presente Convenção. a) a parte que deu início ao processo comuni-
cara o nome de um árbitro à outra parte a qual,
Artigo XXXI par sua vez, num prazo de quarenta dias a contar
1) Qualquer Parte Contratante poderá retirar- dessa comunicação, comunicara o nome do se-
-se da presente convenção no dia 30 de junho de gundo árbitro. As partes deverão, num prazo de
qualquer ano, mediante entrega de notificação sessenta dias a contar da designação do segundo
par escrito, até no mais tardar o dia 1º de janeiro árbitro, designar um terceiro árbitro, que não po-
do mesmo ano, ao depositário, o qual, ao rece- derá ser nacional de qualquer das duas partes
ber tal notificação, deverá comunicá-la imediata- e não poderá ser da mesma nacionalidade que
mente as demais Partes Contratantes. qualquer dos primeiros dois árbitros. O terceiro
2) Qualquer outra Parte Contratante poderá, no árbitro presidirá o tribunal;
prazo de sessenta dias a contar do recebimento b) se o segundo árbitro não tiver sido designado
de uma cópia de tal notificação comunicada pelo no prazo determinado ou se as partes não logra-
depositário, entregar notificação par escrito ao ram acordo dentro do prazo determinado sobre a
depositário sobre sua retirada. Nesse caso, a con- designação do terceiro árbitro, esse árbitro será
venção deixará de estar em vigor, no dia 30 de designado, a pedido de qualquer urna das partes,
junho do mesmo ano, para a Parte Contratante pelo secretário-geral da Corte Permanente de Ar-
que entregar tal notificação. bitragem, dentre personalidades de reputação
3) A retirada da presente convenção de qualquer internacional que não sejam nacionais de um Es-
membro da comissão, não afetará suas obrigações tado que seja parte da presente convenção.
financeiras nos termos da presente convenção. 2) O tribunal arbitral decidirá onde sua sede
será localizada e adotará suas próprias regras de
Artigo XXXII
procedimento.
O depositário notificará todas as Partes Contra-
3) O laudo do tribunal arbitral será proferido por
tantes:
uma maioria de seus membros, os quais não po-
a) das assinaturas da presente convenção e do
derão se abster de votar.
depósito dos instrumentos de ratificação, aceita-
4) Qualquer Parte Contratante que não é parte
ção, aprovação ou adesão;
da controvérsia poderá intervir no processo com
b) da data de entrada em vigor da presente con-
o consentimento do tribunal arbitral.
venção e da data de qualquer emenda a ela.
5) O laudo do tribunal arbitral será irrecorrível
Artigo XXXIII e será obrigatório para todas as partes na con-
1) A presente convenção, cujos textos em es- trovérsia e para todas as partes que intervierem
panhol, francês, inglês e russo são igualmente no processo, e devera ser cumprida sem delonga.
72
LEI Nº 7.661, DE 16 DE MAIO DE 1988
para o traçado da linha de base, a partir da qual seu subsolo, e no que se refere a outras atividades
será medida a extensão do mar territorial. com vistas à exploração e ao aproveitamento da
Art. 2º A soberania do Brasil estende-se ao mar zona para fins econômicos.
territorial, ao espaço aéreo sobrejacente, bem Art. 8º Na zona econômica exclusiva, o Brasil, no
como ao seu leito e subsolo. exercício de sua jurisdição, tem o direito exclusivo
de regulamentar a investigação científica marinha,
Art. 3º É reconhecido aos navios de todas as na-
a proteção e preservação do meio marítimo, bem
cionalidades o direito de passagem inocente no
como a construção, operação e uso de todos os
mar territorial brasileiro.
tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas.
§ 1º A passagem será considerada inocente
Parágrafo único. A investigação científica mari-
desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem
nha na zona econômica exclusiva só poderá ser
ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua
conduzida por outros Estados com o consenti-
e rápida.
mento prévio do Governo brasileiro, nos termos
§ 2º A passagem inocente poderá compreender
da legislação em vigor que regula a matéria.
o parar e o fundear, mas apenas na medida em
que tais procedimentos constituam incidentes co- Art. 9º A realização por outros Estados, na zona
muns de navegação ou sejam impostos por moti- econômica exclusiva, de exercícios ou manobras
vos de força ou por dificuldade grave, ou tenham militares, em particular as que impliquem o uso
por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aero- de armas ou explosivas, somente poderá ocorrer
naves em perigo ou em dificuldade grave. com o consentimento do Governo brasileiro.
§ 3º Os navios estrangeiros no mar territorial Art. 10. É reconhecidos a todos os Estados o gozo,
brasileiro estarão sujeitos aos regulamentos es- na zona econômica exclusiva, das liberdades de
tabelecidos pelo Governo brasileiro. navegação e sobrevoo, bem como de outros usos
CAPÍTULO II do mar internacionalmente lícitos, relacionados
DA ZONA CONTÍGUA com as referidas liberdades, tais como os ligados
à operação de navios e aeronaves.
Art. 4º A zona contígua brasileira compreende
uma faixa que se estende das doze às vinte e qua- CAPÍTULO IV
tro milhas marítimas, contadas a partir das linhas DA PLATAFORMA CONTINENTAL
de base que servem para medir a largura do mar Art. 11. A plataforma continental do Brasil com-
territorial. preende o leito e o subsolo das áreas submarinas
Art. 5º Na zona contígua, o Brasil poderá tomar as que se estendem além do seu mar territorial, em
medidas de fiscalização necessárias para: toda a extensão do prolongamento natural de seu
I – evitar as infrações às leis e aos regulamentos território terrestre, até o bordo exterior da mar-
aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários, no gem continental, ou até uma distância de duzen-
seu territórios, ou no seu mar territorial; tas milhas marítimas das linhas de base, a partir
II – reprimir as infrações às leis e aos regulamen- das quais se mede a largura do mar territorial, nos
tos, no seu território ou no seu mar territorial. casos em que o bordo exterior da margem conti-
nental não atinja essa distância.
CAPÍTULO III Parágrafo único. O limite exterior da plataforma
DA ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA
continental será fixado de conformidade com os
Art. 6º A zona econômica exclusiva brasileira com- critérios estabelecidos no art. 76 da Convenção
preende uma faixa que se estende das doze às du- das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, cele-
zentas milhas marítimas, contadas a partir das li- brada em Montego Bay, em 10 de dezembro de
nhas de base que servem para medir a largura do 1982.
mar territorial.
Art. 12. O Brasil exerce direitos de soberania sobre
Art. 7º Na zona econômica exclusiva, o Brasil a plataforma continental, para efeitos de explora-
tem direitos de soberania para fins de explora- ção dos recursos naturais.
ção e aproveitamento, conservação e gestão dos Parágrafo único. Os recursos naturais a que se
recursos naturais, vivos ou não-vivos, das águas refere o caput são os recursos minerais e outros
sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e não-vivos do leito do mar e subsolo, bem como os
75
organismos vivos pertencentes a espécies seden- que compõem o que se convencionou chamar de
tárias, isto é, àquelas que no período de captura sistema do Tratado da Antártida, composto dos
estão imóveis no leito do mar ou no seu subsolo, seguintes elementos:
ou que só podem mover-se em constante contato a) o Tratado da Antártida;
físico com esse leito ou subsolo. b) as reuniões previstas no artigo IX do tratado,
Art. 13. Na plataforma continental, o Brasil, no conhecidas como reuniões consultivas;
exercício de sua jurisdição, tem o direito exclusivo c) as recomendações adotadas nas reuniões
de regulamentar a investigação científica marinha, consultivas aprovadas por todos os Estados par-
a proteção e preservação do meio marinho, bem ticipantes;
como a construção, operação e o uso de todos os d) a Convenção para Conservação de Focas An-
tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas. tárticas;
§ 1º A investigação científica marinha, na pla- e) a Convenção sobre a Conservação dos Recur-
taforma continental, só poderá ser conduzida por sos Vivos Marinhos Antárticos;
outros Estados com o consentimento prévio do f) o Comitê Científico de Pesquisa Antártica
Governo brasileiro, nos termos da legislação em (SCAR), organização não governamental, filiada
vigor que regula a matéria. ao Conselho Internacional das Uniões Científicas.
§ 2º O Governo brasileiro tem o direito exclu- 3) Durante o ano de 1982, foi elaborado o Pro-
sivo de autorizar e regulamentar as perfurações grama Antártico Brasileiro, cujas diretrizes gerais
na plataforma continental, quaisquer que sejam foram aprovadas pela Comissão Nacional para
os seus fins. Assuntos Antárticos.
Art. 14. É reconhecido a todos os Estados o direito 4) Como resultado da execução do Programa
de colocar cabos e dutos na plataforma continen- Antártico Brasileiro, o Brasil, em 12 de setembro
tal. de 1983, teve reconhecido seu direito de partici-
§ 1º O traçado da linha para a colocação de tais par plenamente das reuniões consultivas durante
cabos e dutos na plataforma continental depen- todo o tempo em que mantiver atividades cientí-
derá do consentimento do Governo brasileiro. ficas na Antártida, tornando-se, assim, o que se
§ 2º O Governo brasileiro poderá estabelecer convencionou chamar de Parte Consultiva do Tra-
condições para a colocação dos cabos e dutos tado da Antártida.
que penetrem seu território ou seu mar territorial. 5) Em 1º de outubro de 1984, o Brasil foi admi-
tido como membro do Comitê Científico de Pes-
Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
quisa Antártica.
blicação.
6) Em 28 de janeiro de 1986, o Brasil depositou
Art. 16. Revogam-se o Decreto-Lei nº 1.098, de instrumento de adesão à Convenção sobre a Con-
25 de março de 1970, e as demais disposições em servação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos
contrário. e foi admitido como membro pleno da Comissão
Brasília, 4 de janeiro de 1993; 172º da para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos
Independência e 105º da República. Antárticos, em 8 de setembro de 1986.
ITAMAR FRANCO
II. Conceito
Fernando Henrique Cardoso
7) “A Política Nacional para Assuntos Antárticos
POLÍTICA NACIONAL PARA visa à consecução dos objetivos do Brasil na An-
ASSUNTOS ANTÁRTICOS tártida, levando em consideração os compromis-
(Aprovada pelo Decreto nº 94.401, de 3/6/1987) sos assumidos no âmbito do Sistema do Tratado
da Antártida”.
I. Introdução
1) O Decreto nº 75.963, de 11 de julho de 1975, III. Princípios Básicos
promulgou o Tratado da Antártida e determinou 8) São princípios fundamentais para o Brasil que:
que ele “seja executado e cumprido tão inteira- a) a Antártida seja utilizada somente para fins
mente como nele se contém”. pacíficos e que não se tomem ali quaisquer medi-
2) A partir de então, o governo brasileiro cuidou das de natureza militar, consoante as disposições
de integrar o país aos instrumentos e mecanismos do Tratado da Antártida;
76
POLÍTICA NACIONAL PARA ASSUNTOS ANTÁRTICOS
b) se mantenha a liberdade de pesquisa cientí- Política Nacional para Assuntos Antárticos se com-
fica e que se promova a cooperação entre os paí- patibiliza com as linhas mestras e os objetivos da
ses ativos na Antártida ou que tenham interesse política externa brasileira.
sobre a Antártida;
IV. Objetivos Brasileiros Principais
c) se mantenha a proibição quanto a explosões
10) Os interesses do Brasil na Antártida tradu-
nucleares na Antártida e quanto ao lançamento
zem-se concretamente, inter alia, nos seguintes
ali de lixo ou resíduos radioativos;
objetivos:
d) o meio ambiente da Antártida seja especial-
a) participação em todos os atos internacionais
mente protegido e que se envidem esforços para
e instituições que compõem o sistema do Tratado
conservar os ecossistemas antárticos;
e) o Tratado da Antártida e os atos internacio- da Antártida;
nais multilaterais com ele relacionados sejam ob- b) prosseguimento e ampliação do Programa
servados e fortalecidos. Antártico Brasileiro, que é fundamento da inclusão
9) As posições do Brasil sobre a Antártida, na do Brasil entre as Partes Consultivas, objetivando:
área de aplicação do Tratado da Antártida, e as i. maior conhecimento científico da região an-
atividades brasileiras em relação à Antártida ba- tártica em todos os seus aspectos, por meio do
seiam-se nos seguintes fatores: desenvolvimento das atividades brasileiras na An-
a) na área de aplicação do Tratado da Antártida tártida, com envolvimento crescente de cientistas
o Brasil tem interesses múltiplos e diretos expres- brasileiros;
sos pela política nacional e seus desdobramentos; ii. identificação dos recursos econômicos vivos
por esse motivo as linhas mestras e os objetivos e não vivos e obtenção de dados sobre as possibi-
da Política Nacional para Assuntos Antárticos de- lidades de seu aproveitamento;
verão procurar compatibilizar esses interesses iii. propiciamento de avanços da tecnologia na-
com os dos demais signatários do tratado; cional aplicável às condições fisiográficas e am-
b) o Brasil não formulou reivindicações de so- bientais no continente antártico e da área mari-
berania territorial na Antártida antes da entrada nha adjacente, bem como a eventual exploração
em vigor do Tratado da Antártida e pautará sua e o aproveitamento de recursos vivos e não-vivos;
conduta de conformidade com as disposições do c) participação na exploração e aproveitamento
tratado, durante sua vigência; de recursos vivos marinhos e de recursos minerais
c) o Brasil reserva-se o direito de proteger seus antárticos e, se esta ocorrer, participação igual-
interesses diretos e substanciais na Antártida, ora mente em condições que compensem a condição
protegidos pelo Tratado da Antártida, caso venha de país em desenvolvimento.
a ser revisto o funcionamento do tratado e con-
V. Mecanismos de Aplicação
forme os resultados da eventual revisão;
11) A Comissão Nacional para Assuntos Antárti-
d) as reivindicações de soberania territorial for-
muladas antes da entrada em vigor do Tratado da cos cumpre assessorar o presidente da República
Antártida não podem interferir no cumprimento na formulação, consecução e atualização da Polí-
de seus dispositivos nem podem constituir obs- tica Nacional para Assuntos Antárticos, propondo-
táculo para eventuais atividades de cunho econô- -lhe diretrizes e medidas específicas segundo suas
mico que se realizem sob a égide do tratado ou de atribuições legais.
outros atos internacionais com ele relacionados e 12) A elaboração do Programa Antártico Bra-
aceitos por todas as partes consultivas; sileiro (Proantar) a ser submetido à aprovação
e) a situação do Brasil como país em desenvolvi- da Comissão Nacional para Assuntos Antárticos
mento deve ser levada em conta para facilitar-lhe (Conantar), e a implementação do programa apro-
as atividades no contexto do Tratado da Antártida vado competem à Comissão Interministerial para
e, notadamente, sua participação nas atividades os Recursos do Mar (Cirm), nos termos da legisla-
referentes a recursos econômicos antárticos; ção em vigor.
f) as atividades antárticas são regidas pelo Tra- 13) A execução do Programa Antártico Brasileiro
tado da Antártida, por atos internacionais mul- é descentralizada e desempenhada por universida-
tilaterais a ele relativos e por medidas tomadas des, órgãos de pesquisa e entidades públicas e pri-
consoante esses instrumentos; por esse motivo, a vadas, de acordo com o planejamento elaborado
77
pela Comissão Interministerial para os Recursos líticas, planos e programas federais, estaduais e
do Mar, nos termos da legislação em vigor. municipais.
Brasília 3 de junho de 1987. Art. 2º Para os efeitos deste Decreto são estabele-
cidas as seguintes definições:
DECRETO Nº 1.265, DE 11 I – colegiado estadual: fórum consultivo ou deli-
DE OUTUBRO DE 1994 berativo, estabelecido por instrumento legal, que
(Publicado no DOU de 13/10/1994) busca reunir os segmentos representativos do go-
verno e sociedade, que atuam em âmbito estadual,
Aprova a Política Marítima Nacional (PMN).
podendo abranger também representantes do go-
O presidente da República, no uso das atribuições verno federal e dos Municípios, para a discussão
que lhe conferem o incisos IV e VI do art. 84 da e o encaminhamento de políticas, planos, progra-
Constituição, decreta: mas e ações destinadas à gestão da zona costeira;
Art. 1º É aprovada, nos termos do documento que II – colegiado municipal: fórum equivalente ao
com este baixa, a política Marítima Nacional. colegiado estadual, no âmbito municipal;
III – conurbação: conjunto urbano formado por
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua
uma cidade grande e suas tributárias limítrofes
publicação.
ou agrupamento de cidades vizinhas de igual im-
Art. 3º Fica revogado o Decreto nº 89.331, de 25 de portância;
janeiro de 1984, e demais disposições em contrário. IV – degradação do ecossistema: alteração na
Brasília, 11 de outubro de 1994; 173º da sua diversidade e constituição física, de tal forma
Independência e 106º da República. que afete a sua funcionalidade ecológica, impeça
ITAMAR FRANCO a sua autorregeneração, deixe de servir ao desen-
Ivan da Silveira Serpa volvimento de atividades e usos das comunidades
humanas ou de fornecer os produtos que as sus-
DECRETO Nº 5.300, DE 7 DE tentam;
DEZEMBRO DE 2004 V – dunas móveis: corpos de areia acumulados
(Publicado no DOU de 8/12/2004)
naturalmente pelo vento e que, devido à inexis-
Regulamenta a Lei nº 7.661, de 16 de maio tência ou escassez de vegetação, migram conti-
de 1988, que institui o Plano Nacional de Ge- nuamente; também conhecidas por dunas livres,
renciamento Costeiro (PNGC), dispõe sobre
dunas ativas ou dunas transgressivas;
regras de uso e ocupação da zona costeira e
estabelece critérios de gestão da orla marí- VI – linhas de base: são aquelas estabelecidas
tima, e dá outras providências. de acordo com a Convenção das Nações Unidas
sobre o Direito do Mar, a partir das quais se mede
O presidente da República, no uso da atribuição
a largura do mar territorial;
que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição,
VII – marisma: terrenos baixos, costeiros, panta-
e tendo em vista o disposto no art. 30 e no § 4º do
nosos, de pouca drenagem, essencialmente alaga-
art. 225 da Constituição, no art. 11 da Lei nº 7.661,
dos por águas salobras e ocupados por plantas ha-
de 16 de maio de 1988, no art. 5º da Lei nº 6.938,
lófitas anuais e perenes, bem como por plantas de
de 31 de agosto de 1981, nos arts. 1º e 2º da Lei
terras alagadas por água doce;
nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993, no Decreto Le-
VIII – milha náutica: unidade de distância usada
gislativo nº 2, de 1994, no inciso VI do art. 3º da
em navegação e que corresponde a um mil, oito-
Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, nos arts. 4º
centos e cinquenta e dois metros;
e 33 da Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998, e no
IX – região estuarina-lagunar: área formada em
art. 1º do Decreto nº 3.725, de 10 de janeiro de
função da inter-relação dos cursos fluviais e lagu-
2001, decreta:
nares, em seu deságue no ambiente marinho;
CAPÍTULO I X – ondas de tempestade: ondas do mar de gran-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS de amplitude geradas por fenômeno meteorológico;
Art. 1º Este Decreto define normas gerais visando XI – órgão ambiental: órgão do poder execu-
a gestão ambiental da zona costeira do País, es- tivo federal, estadual ou municipal, integrante do
tabelecendo as bases para a formulação de po- Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama),
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responsável pelo licenciamento ambiental, fisca- III – não defrontantes com o mar, contíguos às
lização, controle e proteção do meio ambiente, no capitais e às grandes cidades litorâneas, que apre-
âmbito de suas competências; sentem conurbação;
XII – preamar: altura máxima do nível do mar IV – não defrontantes com o mar, distantes até
ao longo de um ciclo de maré, também chamada cinquenta quilômetros da linha da costa, que con-
de maré cheia; templem, em seu território, atividades ou infraes-
XIII – trecho da orla marítima: seção da orla ma- truturas de grande impacto ambiental na zona cos-
rítima abrangida por parte ou todo da unidade teira ou ecossistemas costeiros de alta relevância;
paisagística e geomorfológica da orla, delimitado V – estuarino-lagunares, mesmo que não dire-
como espaço de intervenção e gestão; tamente defrontantes com o mar;
XIV – trecho da orla marítima de interesse es- VI – não defrontantes com o mar, mas que te-
pecial: parte ou todo da unidade paisagística e nham todos os seus limites com Municípios refe-
geomorfológica da orla, com existência de áreas ridos nos incisos I a V;
militares, tombadas, de tráfego aquaviário, insta- VII – desmembrados daqueles já inseridos na
lações portuárias, instalações geradoras e trans- zona costeira.
missoras de energia, unidades de conservação, § 1º O Ministério do Meio Ambiente manterá lis-
reservas indígenas, comunidades tradicionais e tagem atualizada dos Municípios abrangidos pela
remanescentes de quilombos; faixa terrestre da zona costeira, a ser publicada
XV – unidade geoambiental: porção do territó- anualmente no Diário Oficial da União.
rio com elevado grau de similaridade entre as ca- § 2º Os Estados poderão encaminhar ao Minis-
racterísticas físicas e bióticas, podendo abranger tério do Meio Ambiente propostas de alteração da
diversos tipos de ecossistemas com interações relação dos Municípios abrangidos pela faixa ter-
funcionais e forte interdependência. restre da zona costeira, desde que apresentada a
devida justificativa para a sua inclusão ou retirada
CAPÍTULO II da relação.
DOS LIMITES, PRINCÍPIOS, OBJETIVOS,
§ 3º Os Municípios poderão pleitear, junto aos
INSTRUMENTOS E COMPETÊNCIAS
DA GESTÃO DA ZONA COSTEIRA Estados, a sua intenção de integrar a relação dos
Municípios abrangidos pela faixa terrestre da zona
Seção I costeira, justificando a razão de sua pretensão.
Dos Limites
Seção II
Art. 3º A zona costeira brasileira, considerada pa- Dos Princípios
trimônio nacional pela Constituição de 1988, cor-
Art. 5º São princípios fundamentais da gestão da
responde ao espaço geográfico de interação do ar,
zona costeira, além daqueles estabelecidos na Po-
do mar e da terra, incluindo seus recursos reno-
lítica Nacional de Meio Ambiente, na Política Na-
váveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e
cional para os Recursos do Mar e na Política Nacio-
uma faixa terrestre, com os seguintes limites:
nal de Recursos Hídricos:
I – faixa marítima: espaço que se estende por
I – a observância dos compromissos internacio-
doze milhas náuticas, medido a partir das linhas
nais assumidos pelo Brasil na matéria;
de base, compreendendo, dessa forma, a totali-
II – a observância dos direitos de liberdade de
dade do mar territorial;
navegação, na forma da legislação vigente;
II – faixa terrestre: espaço compreendido pelos
III – a utilização sustentável dos recursos costei-
limites dos Municípios que sofrem influência di-
ros em observância aos critérios previstos em lei
reta dos fenômenos ocorrentes na zona costeira.
e neste Decreto;
Art. 4º Os Municípios abrangidos pela faixa terres- IV – a integração da gestão dos ambientes ter-
tre da zona costeira serão: restres e marinhos da zona costeira, com a cons-
I – defrontantes com o mar, assim definidos em trução e manutenção de mecanismos participa-
listagem estabelecida pela Fundação Instituto tivos e na compatibilidade das políticas públicas,
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); em todas as esferas de atuação;
II – não defrontantes com o mar, localizados nas V – a consideração, na faixa marítima, da área de
regiões metropolitanas litorâneas; ocorrência de processos de transporte sedimentar
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e modificação topográfica do fundo marinho e da- V – a produção e difusão do conhecimento para
quela onde o efeito dos aportes terrestres sobre os o desenvolvimento e aprimoramento das ações
ecossistemas marinhos é mais significativo; de gestão da zona costeira.
VI – a não fragmentação, na faixa terrestre, da
Seção IV
unidade natural dos ecossistemas costeiros, de Dos Instrumentos
forma a permitir a regulamentação do uso de seus
Art. 7º Aplicam-se para a gestão da zona costeira
recursos, respeitando sua integridade;
os seguintes instrumentos, de forma articulada e
VII – a consideração, na faixa terrestre, das áreas
integrada:
marcadas por atividade socioeconômico-cultural
I – Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro
de características costeiras e sua área de influên-
(PNGC): conjunto de diretrizes gerais aplicáveis
cia imediata, em função dos efeitos dessas ativi-
nas diferentes esferas de governo e escalas de
dades sobre a conformação do território costeiro;
atuação, orientando a implementação de políti-
VIII – a consideração dos limites municipais,
cas, planos e programas voltados ao desenvolvi-
dada a operacionalidade das articulações neces-
mento sustentável da zona costeira;
sárias ao processo de gestão;
II – Plano de Ação Federal da Zona Costeira
IX – a preservação, conservação e controle de
(PAF): planejamento de ações estratégicas para
áreas que sejam representativas dos ecossistemas
a integração de políticas públicas incidentes na
da zona costeira, com recuperação e reabilitação
zona costeira, buscando responsabilidades com-
das áreas degradadas ou descaracterizadas;
partilhadas de atuação;
X – a aplicação do princípio da precaução tal
III – Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro
como definido na Agenda 21, adotando-se medi-
(PEGC): implementa a Política Estadual de Geren-
das eficazes para impedir ou minimizar a degrada-
ciamento Costeiro, define responsabilidades e
ção do meio ambiente, sempre que houver perigo
procedimentos institucionais para a sua execução,
de dano grave ou irreversível, mesmo na falta de
tendo como base o PNGC;
dados científicos completos e atualizados;
IV – Plano Municipal de Gerenciamento Cos-
XI – o comprometimento e a cooperação entre
teiro (PMGC): implementa a Política Municipal
as esferas de governo, e dessas com a sociedade,
de Gerenciamento Costeiro, define responsabili-
no estabelecimento de políticas, planos e progra-
dades e procedimentos institucionais para a sua
mas federais, estaduais e municipais.
execução, tendo como base o PNGC e o PEGC, de-
Seção III vendo observar, ainda, os demais planos de uso
Dos Objetivos e ocupação territorial ou outros instrumentos de
Art. 6º São objetivos da gestão da zona costeira: planejamento municipal;
I – a promoção do ordenamento do uso dos re- V – Sistema de Informações do Gerenciamento
cursos naturais e da ocupação dos espaços costei- Costeiro (Sigerco): componente do Sistema Nacio-
ros, subsidiando e otimizando a aplicação dos ins- nal de Informações sobre Meio Ambiente (Sinima),
trumentos de controle e de gestão da zona costeira; que integra informações georreferenciadas sobre
II – o estabelecimento do processo de gestão, de a zona costeira;
forma integrada, descentralizada e participativa, VI – Sistema de Monitoramento Ambiental da
das atividades socioeconômicas na zona costeira, Zona Costeira (SMA): estrutura operacional de
de modo a contribuir para elevar a qualidade de coleta contínua de dados e informações, para o
vida de sua população e a proteção de seu patri- acompanhamento da dinâmica de uso e ocupação
mônio natural, histórico, étnico e cultural; da zona costeira e avaliação das metas de quali-
III – a incorporação da dimensão ambiental nas dade socioambiental;
políticas setoriais voltadas à gestão integrada dos VII – Relatório de Qualidade Ambiental da Zona
ambientes costeiros e marinhos, compatibilizan- Costeira (RQAZC): consolida, periodicamente, os
do-as com o Plano Nacional de Gerenciamento resultados produzidos pelo monitoramento am-
Costeiro (PNGC); biental e avalia a eficiência e eficácia das ações
IV – o controle sobre os agentes causadores de da gestão;
poluição ou degradação ambiental que ameacem VIII – Zoneamento Ecológico-Econômico Cos-
a qualidade de vida na zona costeira; teiro (ZEEC): orienta o processo de ordenamento
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será compensada por averbação de, no mínimo, ponsabilizando-se por sua implantação, no prazo
uma área equivalente, na mesma zona afetada. máximo de dois anos, contados a partir da publi-
§ 1º A área escolhida para efeito de compensa- cação deste Decreto; e
ção poderá se situar em zona diferente da afetada, III – nos imóveis rurais, condomínios e quais-
desde que na mesma unidade geoambiental, me- quer outros empreendimentos à beira mar, o pro-
diante aprovação do órgão ambiental. prietário será notificado pelo Poder Público Mu-
§ 2º A área averbada como compensação po- nicipal, para prover os acessos à praia, com prazo
derá ser submetida a plano de manejo, desde que determinado, segundo condições estabelecidas
não altere a sua característica ecológica e sua qua- em conjunto com o órgão ambiental.
lidade paisagística. § 2º A Secretaria do Patrimônio da União, o
órgão ambiental e o Poder Público Municipal de-
Art. 18. A instalação de equipamentos e o uso de
cidirão os casos omissos neste Decreto, com base
veículos automotores, em dunas móveis, ficarão
na legislação vigente.
sujeitos ao prévio licenciamento ambiental, que
§ 3º As áreas de domínio da União abrangidas
deverá considerar os efeitos dessas obras ou ati-
por servidão de passagem ou vias de acesso às
vidades sobre a dinâmica do sistema dunar, bem
praias e ao mar serão objeto de cessão de uso em
como à autorização da Secretaria do Patrimônio
favor do Município correspondente.
da União do Ministério do Planejamento, Orça-
§ 4º As providências descritas no § 1º não impe-
mento e Gestão quanto à utilização da área de
dem a aplicação das sanções civis, administrativas
bem de uso comum do povo.
e penais previstas em lei.
Art. 19. A implantação de recifes artificiais na
CAPÍTULO IV
zona costeira observará a legislação ambiental e DOS LIMITES, OBJETIVOS,
será objeto de norma específica. INSTRUMENTOS E COMPETÊNCIAS
Art. 20. Os bancos de moluscos e formações cora- PARA GESTÃO DA ORLA MARÍTIMA
líneas e rochosas na zona costeira serão identifi- Seção I
cados e delimitados, para efeito de proteção, pelo Dos Limites
órgão ambiental. Art. 22. Orla marítima é a faixa contida na zona
Parágrafo único. Os critérios de delimitação das costeira, de largura variável, compreendendo uma
áreas de que trata o caput deste artigo serão ob- porção marítima e outra terrestre, caracterizada
jeto de norma específica. pela interface entre a terra e o mar.
Art. 21. As praias são bens públicos de uso comum Art. 23. Os limites da orla marítima ficam estabe-
do povo, sendo assegurado, sempre, livre e franco lecidos de acordo com os seguintes critérios:
acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sen- I – marítimo: isóbata de dez metros, profundi-
tido, ressalvados os trechos considerados de inte- dade na qual a ação das ondas passa a sofrer in-
resse da segurança nacional ou incluídos em áreas fluência da variabilidade topográfica do fundo ma-
protegidas por legislação específica. rinho, promovendo o transporte de sedimentos;
§ 1º O Poder Público Municipal, em conjunto II – terrestre: cinquenta metros em áreas urbani-
com o órgão ambiental, assegurará no âmbito zadas ou duzentos metros em áreas não urbaniza-
do planejamento urbano, o acesso às praias e ao das, demarcados na direção do continente a partir
mar, ressalvadas as áreas de segurança nacional da linha de preamar ou do limite final de ecossis-
ou áreas protegidas por legislação específica, con- temas, tais como as caracterizadas por feições de
siderando os seguintes critérios: praias, dunas, áreas de escarpas, falésias, costões
I – nas áreas a serem loteadas, o projeto do lo- rochosos, restingas, manguezais, marismas, lagu-
teamento identificará os locais de acesso à praia, nas, estuários, canais ou braços de mar, quando
conforme competências dispostas nos instrumen- existentes, onde estão situados os terrenos de ma-
tos normativos estaduais ou municipais; rinha e seus acrescidos.
II – nas áreas já ocupadas por loteamentos à § 1º Na faixa terrestre será observada, comple-
beira mar, sem acesso à praia, o Poder Público mentarmente, a ocorrência de aspectos geomor-
Municipal, em conjunto com o órgão ambiental, fológicos, os quais implicam o seguinte detalha-
definirá as áreas de servidão de passagem, res- mento dos critérios de delimitação:
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I – falésias sedimentares: cinquenta metros a ções na zona costeira, a fim de disciplinar o uso e
partir da sua borda, em direção ao continente; ocupação do território.
II – lagunas e lagoas costeiras: limite de cin-
Seção III
quenta metros contados a partir do limite da praia, Dos Instrumentos
da linha de preamar ou do limite superior da mar-
gem, em direção ao continente; Art. 25. Para a gestão da orla marítima será ela-
III – estuários: cinquenta metros contados na di- borado o Plano de Intervenção, com base no re-
reção do continente, a partir do limite da praia ou conhecimento das características naturais, nos
da borda superior da duna frontal, em ambas as tipos de uso e ocupação existentes e projetados,
margens e ao longo delas, até onde a penetração contemplando:
da água do mar seja identificada pela presença de I – caracterização socioambiental: diagnóstico
salinidade, no valor mínimo de 0,5 partes por mil; dos atributos naturais e paisagísticos, formas de
IV – falésias ou costões rochosos: limite a ser uso e ocupação existentes, com avaliação das
definido pelo plano diretor do Município, estabe- principais atividades e potencialidades socioeco-
lecendo uma faixa de segurança até pelo menos nômicas;
um metro de altura acima do limite máximo da II – classificação: análise integrada dos atributos
ação de ondas de tempestade; naturais com as tendências de uso, de ocupação
V – áreas inundáveis: limite definido pela cota ou preservação, conduzindo ao enquadramento
mínima de um metro de altura acima do limite da em classes genéricas e à construção de cenários
área alcançada pela preamar; compatíveis com o padrão de qualidade da classe
VI – áreas sujeitas à erosão: substratos sedimen- a ser alcançada ou mantida;
tares como falésias, cordões litorâneos, cabos ou III – estabelecimento de diretrizes para inter-
pontais, com larguras inferiores a cento e cin- venção: definição do conjunto de ações articu-
quenta metros, bem como áreas próximas a de- ladas, elaboradas de forma participativa, a partir
sembocaduras fluviais, que correspondam a es- da construção de cenários prospectivos de uso e
truturas de alta instabilidade, podendo requerer ocupação, podendo ter caráter normativo, geren-
estudos específicos para definição da extensão da cial ou executivo.
faixa terrestre da orla marítima. Parágrafo único. O Plano de Intervenção de que
§ 2º Os limites estabelecidos para a orla marí- trata o caput será elaborado em conformidade
tima, definidos nos incisos I e II do caput deste com o planejamento federal, estadual e munici-
artigo, poderão ser alterados, sempre que justifi- pal da zona costeira.
cado, a partir de pelo menos uma das seguintes
Art. 26. Para a caracterização socioambiental,
situações:
classificação e planejamento da gestão, a orla ma-
I – dados que indiquem tendência erosiva, com
rítima será enquadrada segundo aspectos físicos e
base em taxas anuais, expressas em períodos de
processos de uso e ocupação predominantes, de
dez anos, capazes de ultrapassar a largura da faixa
acordo com as seguintes tipologias:
proposta;
I – abrigada não urbanizada: ambiente prote-
II – concentração de usos e de conflitos de usos
gido da ação direta das ondas, ventos e correntes,
relacionados aos recursos ambientais existentes
com baixíssima ocupação, paisagens com alto
na orla marítima;
grau de originalidade natural e baixo potencial
III – tendência de avanço da linha de costa em
de poluição;
direção ao mar, expressa em taxas anuais; e
II – semiabrigada não urbanizada: ambiente
IV – trecho de orla abrigada cujo gradiente de
parcialmente protegido da ação direta das ondas,
profundidade seja inferior à profundidade de dez
ventos e correntes, com baixíssima ocupação, pai-
metros.
sagens com alto grau de originalidade natural e
Seção II baixo potencial de poluição;
Dos Objetivos III – exposta não urbanizada: ambiente sujeito à
Art. 24. A gestão da orla marítima terá como ob- alta energia de ondas, ventos e correntes com bai-
jetivo planejar e implementar ações nas áreas xíssima ocupação, paisagens com alto grau de ori-
que apresentem maior demanda por interven- ginalidade natural e baixo potencial de poluição;
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IV – de interesse especial em áreas não urba- residente, paisagens modificadas pela atividade
nizadas: ambientes com ocorrência de áreas mili- humana, multiplicidade de usos e alto potencial
tares, de tráfego aquaviário, com instalações por- de poluição sanitária, estética e visual;
tuárias, com instalações geradoras de energia, de XI – exposta com urbanização consolidada: am-
unidades de conservação, tombados, de reservas biente sujeito a alta energia de ondas, ventos e
indígenas, de comunidades tradicionais ou re- correntes, com médio a alto adensamento de
manescentes de quilombos, cercados por áreas construções e população residente, paisagens
de baixa ocupação, com características de orla modificadas pela atividade humana, multiplici-
exposta, semiabrigada ou abrigada; dade de usos e alto potencial de poluição sanitá-
V – abrigada em processo de urbanização: am- ria, estética e visual;
biente protegido da ação direta das ondas, ventos XII – de interesse especial em áreas com ur-
e correntes, com baixo a médio adensamento de
banização consolidada: ambientes com ocor-
construções e população residente, com indícios
rência de áreas militares, de tráfego aquaviário,
de ocupação recente, paisagens parcialmente mo-
com instalações portuárias, com instalações
dificadas pela atividade humana e médio poten-
geradoras e transmissoras de energia, de uni-
cial de poluição;
dades de conservação, tombados, de reservas
VI – semiabrigada em processo de urbaniza-
indígenas, de comunidades tradicionais ou re-
ção: ambiente parcialmente protegido da ação
manescentes de quilombos, cercados por áreas
direta das ondas, ventos e correntes, com baixo a
de médio a alto adensamento de construções e
médio adensamento de construções e população
residente, com indícios de ocupação recente, pai- população residente, com características de orla
sagens parcialmente modificadas pela atividade exposta, semiabrigada ou abrigada.
humana e médio potencial de poluição; Art. 27. Para efeito da classificação mencionada
VII – exposta em processo de urbanização: am- no inciso II do art. 25, os trechos da orla marítima
biente sujeito à alta energia de ondas, ventos e serão enquadrados nas seguintes classes genéri-
correntes com baixo a médio adensamento de cas:
construções e população residente, com indícios I – classe A: trecho da orla marítima com ativida-
de ocupação recente, paisagens parcialmente mo- des compatíveis com a preservação e conservação
dificadas pela atividade humana e médio poten- das características e funções naturais, possuindo
cial de poluição; correlação com os tipos que apresentam baixís-
VIII – de interesse especial em áreas em pro- sima ocupação, com paisagens com alto grau de
cesso de urbanização: ambientes com ocorrência
conservação e baixo potencial de poluição;
de áreas militares, de tráfego aquaviário, com ins-
II – classe B: trecho da orla marítima com ati-
talações portuárias, com instalações geradoras de
vidades compatíveis com a conservação da qua-
energia, de unidades de conservação, tombados,
lidade ambiental ou baixo potencial de impacto,
de reservas indígenas, de comunidades tradicio-
possuindo correlação com os tipos que apre-
nais ou remanescentes de quilombos, cercados
sentam baixo a médio adensamento de cons-
por áreas de baixo a médio adensamento de cons-
truções e população residente, com indícios de
truções e população residente, com característi-
ocupação recente, paisagens parcialmente mo-
cas de orla exposta, semiabrigada ou abrigada;
IX – abrigada com urbanização consolidada: dificadas pela atividade humana e médio poten-
ambiente protegido da ação direta das ondas, cial de poluição;
ventos e correntes, com médio a alto adensa- III – classe C: trecho da orla marítima com ati-
mento de construções e população residente, pai- vidades pouco exigentes quanto aos padrões de
sagens modificadas pela atividade humana, mul- qualidade ou compatíveis com um maior poten-
tiplicidade de usos e alto potencial de poluição cial impactante, possuindo correlação com os
sanitária, estética e visual; tipos que apresentam médio a alto adensamento
X – semiabrigada com urbanização consolida- de construções e população residente, com pai-
da: ambiente parcialmente protegido da ação di- sagens modificadas pela atividade humana, mul-
reta das ondas, ventos e correntes, com médio a tiplicidade de usos e alto potencial de poluição
alto adensamento de construções e população sanitária, estética e visual.
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Art. 28. Para as classes mencionadas no art. 27 b) exclusivamente industrial, representado por
serão consideradas as estratégias de ação e as distritos ou complexos industriais;
formas de uso e ocupação do território, a seguir c) industrial e diversificado, representado por
indicadas: distritos ou complexos industriais;
I – classe A: estratégia de ação preventiva, rela- d) militar, representado por complexos militares;
tiva às seguintes formas de uso e ocupação: e) exclusivamente portuário, com terminais e
a) unidades de conservação, em conformidade marinas;
com o Sistema Nacional de Unidades de Conser- f) portuário, com terminais e atividades indus-
vação da Natureza (SNUC), predominando as ca- triais;
tegorias de proteção integral; g) portuário, com terminais isolados, marinas
b) pesquisa científica; e atividades diversas (comércio, indústria, habi-
c) residencial e comercial local em pequenas tação e serviços); e
vilas ou localidades isoladas; h) turismo e lazer, representado por complexos
d) turismo e lazer sustentáveis, representados turísticos.
por complexos ecoturísticos isolados em meio a Art. 29. Para execução das ações de gestão na orla
áreas predominantemente nativas; marítima em áreas de domínio da União, poderão
e) residencial e lazer em chácaras ou em parce- ser celebrados convênios ou contratos entre a Se-
lamentos ambientalmente planejados, acima de cretaria do Patrimônio da União e os Municípios,
cinco mil metros quadrados; nos termos da legislação vigente, considerando
f) rural, representado por sítios, fazendas e de- como requisito o Plano de Intervenção da orla ma-
mais propriedades agrícolas ou extrativistas; rítima e suas diretrizes para o trecho considerado.
g) militar, com instalações isoladas;
h) manejo sustentável de recursos naturais; Seção IV
Das Competências
II – classe B: estratégia de ação de controle re-
lativa às formas de uso e ocupação constantes da Art. 30. Compete ao Ministério do Meio Ambiente,
classe A, e também às seguintes: em articulação com o Ibama e os órgãos estaduais
a) unidades de conservação, em conformidade de meio ambiente, por intermédio da Coordena-
com o SNUC, predominando as categorias de uso ção do PEGC, preparar e manter atualizados os
sustentável; fundamentos técnicos e normativos para a gestão
b) aquicultura; da orla marítima, provendo meios para capacita-
c) residencial e comercial, inclusive por popu- ção e assistência aos Municípios.
lações tradicionais, que contenham menos de Art. 31. Compete aos órgãos estaduais de meio
cinquenta por cento do seu total com vegetação ambiente, em articulação com as Gerências Regio-
nativa conservada; nais de Patrimônio da União, disponibilizar infor-
d) residencial e comercial, na forma de lotea- mações e acompanhar as ações de capacitação e
mentos ou balneários horizontais ou mistos; assistência técnica às prefeituras e gestores locais,
e) industrial, relacionada ao beneficiamento de para estruturação e implementação do Plano de
recursos pesqueiros, à construção e reparo naval Intervenção.
de apoio ao turismo náutico e à construção civil;
Art. 32. Compete ao Poder Público Municipal ela-
f) militar;
borar e executar o Plano de Intervenção da Orla
g) portuário pesqueiro, com atracadouros ou
Marítima de modo participativo com o colegiado
terminais isolados, estruturas náuticas de apoio
municipal, órgãos, instituições e organizações da
à atividade turística e lazer náutico; e
sociedade interessados.
h) turismo e lazer;
III – classe C: estratégia de ação corretiva, rela- CAPÍTULO V
tiva às formas de uso e ocupação constantes da DAS REGRAS DE USO E OCUPAÇÃO
classe B, e também às seguintes: DA ORLA MARÍTIMA
a) todos os usos urbanos, habitacionais, comer- Art. 33. As obras e serviços de interesse público
ciais, serviços e industriais de apoio ao desenvol- somente poderão ser realizados ou implantados
vimento urbano; em área da orla marítima, quando compatíveis
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com o ZEEC ou outros instrumentos similares de Decreto serão aplicadas pelos respectivos órgãos
ordenamento do uso do território. competentes.
Art. 35. Para efeito de integração da gestão da Art. 38. Compete ao Ministério do Meio Ambiente,
zona costeira e da orla marítima, os estudos e di- em articulação com o Ibama, definir a metodologia
retrizes concernentes ao ZEEC serão compatibili- e propor ao Conama normas para padronização
zados com o enquadramento e respectivas estra- dos procedimentos de monitoramento, tratamen-
tégias de gestão da orla, conforme disposto nos to, análise e sistematização dos dados para elabo-
Anexos I e II e nas seguintes correlações: ração do RQA-ZC, no prazo de trezentos e sessenta
I – as zonas 1 e 2 do ZEEC têm equivalência de dias a partir da data de publicação deste Decreto.
características com a classe A de orla marítima; Art. 39. Compete ao Ministério do Meio Ambiente,
II – as zonas 3 e 4 do ZEEC têm equivalência de em articulação com o Ibama, elaborar e encami-
características com a classe B de orla marítima; nhar ao Conama proposta de resolução para regu-
III – a zona 5 do ZEEC tem equivalência de carac- lamentação da implantação de recifes artificiais
terísticas com a classe C de orla marítima. na zona costeira, no prazo de trezentos e sessenta
Parágrafo único. Os Estados que não utilizaram dias a partir da data de publicação deste Decreto.
a mesma orientação para o estabelecimento de Art. 40. Este Decreto entra em vigor na data de
zonas, deverão compatibilizá-la com as caracterís- sua publicação.
ticas apresentadas nos referidos anexos. Brasília, 7 de dezembro de 2004; 183º da
Art. 36. As normas e disposições estabelecidas Independência e 116º da República.
neste Decreto para a gestão da orla marítima apli- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
José Alencar Gomes da Silva
cam-se às ilhas costeiras e oceânicas.
Nelson Machado
Parágrafo único. No caso de ilhas sob juris- Marina Silva
dição estadual ou federal, as disposições deste Walfrido Silvino dos Mares Guia
Anexo I
Quadro orientador para obtenção do zoneamento
ZONAS CRITÉRIOS DE ENQUADRAMENTO DE ÁREAS METAS AMBIENTAIS
yy ecossistema primitivo com funcionamento
íntegro
Zona que mantém os ecos- yy cobertura vegetal íntegra com menos de 5%
sistemas primitivos em pleno de alteração
equilíbrio ambiental, ocorrendo yy ausência de redes de comunicação local, yy manutenção da integridade
uma diversificada composição acesso precário com predominância de trilhas, e da biodiversidade dos ecos-
funcional capazes de manter, de habitações isoladas e captação de água indi- sistemas
1
forma sustentada, uma comuni- vidual yy manejo ambiental da fauna
dade de organismos balanceada, yy ausência de cultura com mais de 1 ha (total e flora
integrada e adaptada, podendo menor que 2%) yy atividades educativas.
ocorrer atividades humanas de yy elevadas declividades, (média acima de 47%,
baixos efeitos impactantes. com riscos de escorregamento
yy baixadas com drenagem complexa com ala-
gamentos permanentes/frequentes.
87
ZONAS CRITÉRIOS DE ENQUADRAMENTO DE ÁREAS METAS AMBIENTAIS
Zona que apresenta alterações
yy ecossistema funcionalmente pouco modifi- yy manutenção funcional
na organização funcional dos
cado dos ecossistemas e proteção
ecossistemas primitivos, mas
yy cobertura vegetal alterada entre 5 e 20% da aos recursos hídricos para o
capacitada para manter em
área total abastecimento e para a pro-
equilíbrio uma comunidade de
yy assentamentos nucleados com acessos dutividade primária, por meio
organismos em graus variados
precários e baixos níveis de eletrificação e de de planejamento do uso, de
de diversidade, mesmo com a
2 caráter local conservação do solo e sanea-
ocorrência de atividades huma-
yy captação de água para abastecimento semi- mento simplificado
nas intermitentes ou de baixo
coletivas ou para áreas urbanas yy recuperação natural
impacto, em áreas terrestres, a
yy áreas ocupadas com culturas, entre 2 e 10% yy preservação do patrimônio
zona pode apresentar assenta-
da área total (roças e pastos) paisagístico
mentos humanos dispersos e
yy declividade entre 30 e 47% yy reciclagem de resíduos
pouco populosos, com pouca
yy baixadas com inundação. yy educação ambiental.
integração entre si.
yy manutenção das principais
Zona que apresenta os ecossis- yy ecossistema primitivo parcialmente modi- funções do ecossistema
temas primitivos parcialmente ficado yy saneamento e drenagem
modificados, com dificuldades yy cobertura vegetal alterada ou desmatada simplificados
de regeneração natural pela entre 20 e 40% yy reciclagem de resíduos
exploração ou supressão, ou yy assentamento com alguma infraestrutura, yy educação ambiental
3
substituição de alguns de seus interligados localmente (bairros rurais) yy recuperação induzida para
componentes pela ocorrência yy culturas ocupando entre 10 e 20% da área controle da erosão manejo
em áreas de assentamentos yy declividade menor que 30% integrado de bacias hidro-
humanos com maior integração yy alagadiços eventuais gráficas
entre si. yy valor do solo baixo. yy zoneamento urbano, turís-
tico e pesqueiro.
Zona que apresenta os ecos-
sistemas primitivos significa-
yy ecossistema primitivo muito modificado yy recuperação das principais
tivamente modificados pela
yy cobertura vegetal desmatada ou alterada funções do ecossistema/
supressão de componentes,
entre 40 e 50% da área monitoramento da qualidade
descaracterização dos substratos
yy assentamentos humanos em expansão relati- das águas
terrestres e marinhos, alteração
vamente estruturados yy conservação ou recuperação
4 das drenagens ou da hidrodinâ-
yy infraestrutura integrada com as áreas urba- do patrimônio paisagístico
mica, bem como pela ocorrência
nas yy zoneamento urbano, indus-
em áreas terrestres de assenta-
yy glebas relativamente bem definidas trial, turístico e pesqueiro
mentos rurais ou periurbanos
yy obras de drenagem e vias pavimentadas yy saneamento ambiental
descontínuos interligados, ne-
yy valor do solo baixo a médio. localizado.
cessitando de intervenções para
sua regeneração parcial.
yy saneamento ambiental e
recuperação da qualidade de
Zona que apresenta a maior
yy ecossistema primitivo totalmente modificado vida urbana, com reintrodu-
parte dos componentes dos
yy cobertura vegetal remanescente, mesmo que ção de componentes ambien-
ecossistemas primitivos, degra-
alterada, presente em menos de 40% da área, tais compatíveis
dada ou suprimida e organiza-
descontinuamente yy controle de efluentes
ção funcional eliminada devido
yy assentamentos urbanizados com rede de yy educação ambiental
5 ao desenvolvimento de áreas
área consolidada yy regulamentação de inter-
urbanas e de expansão urbana
yy infraestrutura de corte venção (reciclagem de resí-
contínua, bem como atividades
yy serviços bem desenvolvidos duos) na linha costeira (diques,
industriais, de apoio, terminais
yy polos industriais molhes, piers, etc.)
de grande porte, consolidados e
yy alto valor do solo. yy zoneamento urbano/in-
articulados.
dustrial
yy proteção de mananciais.
88
DECRETO Nº 5.377, DE 23 DE FEVEREIRO DE 2005
Anexo II
Quadro orientador para classificação da orla marítima
ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO
TIPOLOGIA CLASSES
PREDOMINANTES
CLASSE A
Trecho da orla marítima com atividades
yy abrigada não urbanizada compatíveis com a preservação e con- PREVENTIVA
yy exposta não urbanizada servação das características e funções Pressupondo a adoção de ações
yy semiabrigada não urbanizada naturais; possui correlação com os tipos para conservação das características
yy especial não urbanizada que apresentam baixíssima ocupação, naturais existentes.
com paisagens com alto grau de conser-
vação e baixo potencial de poluição.
CLASSE B
Trecho da orla marítima com ativida-
yy abrigada em processo de urbani- des compatíveis com a conservação da
zação qualidade ambiental ou baixo potencial
CONTROLE
yy exposta em processo de urbanização de impacto; possui correlação com os
Pressupondo a adoção de ações
yy semiabrigada em processo de urba- tipos que apresentam baixo a médio
para usos sustentáveis e manuten-
nização adensamento de construções e popula-
ção da qualidade ambiental.
yy especial em processo de urbaniza- ção residente, com indícios de ocupação
ção recente, paisagens parcialmente modi-
ficadas pela atividade humana e médio
potencial de poluição.
CLASSE C
Trecho da orla marítima com atividades
yy abrigada com urbanização conso- pouco exigentes quanto aos padrões
lidada de qualidade ou compatíveis com um
yy exposta com urbanização consoli- maior potencial impactante; possui CORRETIVA
dada correlação com os tipos que apresen- Pressupondo a adoção de ações
yy semiabrigada com urbanização tam médio a alto adensamento de para controle e monitoramento dos
consolidada construções e população residente, com usos e da qualidade ambiental.
yy especial com urbanização consoli- paisagens modificadas pela atividade
dada humana, multiplicidade de usos e alto
potencial de poluição sanitária, estética
e visual.
Aprova a Política Nacional para os Recursos Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua
do Mar (PNRM). publicação.
Brasília, 23 de fevereiro de 2005; 184º da
O presidente da República, no uso das atribui-
Independência e 117º da República.
ções que lhe conferem os incisos IV e VI, alínea a,
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
do art. 84, da Constituição, decreta: José Alencar Gomes da Silva
Anexo
1. Introdução
As diretrizes gerais para a Política Nacional para os Recursos do Mar (PNRM) foram baixadas pelo
presidente da República em 1980. Nas mais de duas décadas transcorridas desde a promulgação da
PNRM, os cenários nacional e internacional relativos aos mares, oceanos e zonas costeiras sofreram
alterações notáveis, particularmente em relação à moldura jurídica global, em função, principalmente,
da entrada em vigor da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), em novembro
de 1994. Assim sendo, tornou-se necessária a atualização da PNRM.
89
2. Finalidade
A PNRM tem por finalidade orientar o desenvolvimento das atividades que visem à efetiva utilização,
exploração e aproveitamento dos recursos vivos, minerais e energéticos do mar territorial, da zona
econômica exclusiva e da plataforma continental, de acordo com os interesses nacionais, de forma
racional e sustentável para o desenvolvimento socioeconômico do país, gerando emprego e renda e
contribuindo para a inserção social.
A PNRM visa essencialmente:
yy ao estabelecimento de princípios e objetivos para a elaboração de planos, programas e ações
de governo no campo das atividades de formação de recursos humanos; no desenvolvimento
da pesquisa, ciência e tecnologia marinha; e na exploração e aproveitamento sustentável dos
recursos do mar; e
yy à definição de ações para alcançar os objetivos estabelecidos nesta política.
3. Recursos do Mar
Recursos do mar são todos os recursos vivos e não vivos existentes nas águas sobrejacentes ao leito
do mar, no leito do mar e seu subsolo, bem como nas áreas costeiras adjacentes, cujo aproveitamento
sustentável é relevante sob os pontos de vista econômico, social e ecológico.
Os recursos vivos do mar são os recursos pesqueiros e a diversidade biológica, incluindo os recursos
genéticos ou qualquer outro componente da biota marinha de utilidade biotecnológica ou de valor
para a humanidade.
Os recursos não vivos do mar compreendem os recursos minerais existentes nas águas sobrejacentes
ao leito do mar, no leito do mar e seu subsolo, e os recursos energéticos advindos dos ventos, marés,
ondas, correntes e gradientes de temperatura.
Inserem-se, ainda, entre os recursos em questão, as potencialidades do mar para as atividades de
aquicultura marinha, turísticas, esportivas e de recreação.
A PNRM não contempla o transporte marítimo de cargas, que é objeto de políticas e normas legais
específicas.
4. Princípios Básicos
São princípios básicos da PNRM:
yy a observância às orientações políticas e estratégicas da Presidência da República;
yy a harmonização com as demais políticas nacionais e com o plano plurianual;
yy a definição de prioridades para os programas e ações, conforme previsto no plano plurianual e,
também, em função de sua contribuição para a defesa dos interesses nacionais e do desenvolvi-
mento sustentável do país;
yy a execução descentralizada e participativa, incentivando as parcerias da União, dos estados, dos
municípios, do setor privado e da sociedade;
yy a adoção do princípio da precaução na exploração e aproveitamento sustentável dos recursos
do mar;
yy a proteção da biodiversidade e do patrimônio genético existente nas áreas marinhas sob juris-
dição nacional e zona costeira adjacente; e
yy a observância dos compromissos internacionais assumidos pelo governo brasileiro.
5. Documentos Condicionantes
A PNRM é condicionada pelos seguintes instrumentos:
yy Constituição Federal de 1988 e legislação nacional pertinente à matéria;
yy Política Marítima Nacional; e
yy atos internacionais dos quais o Brasil é signatário, em especial:
yy Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar;
yy Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica;
yy Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Agenda 21);
90
DECRETO Nº 5.377, DE 23 DE FEVEREIRO DE 2005
6. Objetivos
A PNRM tem como objetivos:
yy promover a formação de recursos humanos;
yy estimular o desenvolvimento da pesquisa, ciência e tecnologia marinhas; e
yy incentivar a exploração e o aproveitamento sustentável dos recursos do mar, das águas sobreja-
centes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e das áreas costeiras adjacentes.
7. Estratégia
A estratégia é formada por um conjunto de ações a serem empreendidas para alcançar os objetivos
da PNRM. As ações serão executadas sob a orientação e a coordenação dos órgãos integrantes da
Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm), de acordo com as suas competências
específicas legalmente estabelecidas e em consonância com as orientações desse colegiado, estando
agrupadas nas áreas a seguir, com as suas respectivas atribuições:
Formação de Recursos Humanos
yy estimular a formação e o aperfeiçoamento de cientistas, técnicos e profissionais, nos diversos
níveis, necessários à execução dos programas ligados aos recursos do mar;
yy promover atividades voltadas ao desenvolvimento de mentalidade marítima e ambiental na
população brasileira, consentâneas com os interesses nacionais de aproveitamento sustentável
dos recursos do mar;
yy fortalecer as instituições de ensino e pesquisa na área de ciências do mar no país, aproveitando
a capacidade instalada e a vocação natural dessas instituições;
yy ampliar o intercâmbio técnico-científico, interno e externo, visando à troca e difusão de dados
e informações relacionadas com a formação de recursos humanos em ciência e tecnologia ma-
rinha, pesquisa, exploração e aproveitamento sustentável dos recursos do mar;
yy incentivar a criação de instituições de ensino e pesquisa que se dediquem ao estudo do mar; e
yy estimular a formação e o aperfeiçoamento de professores nos diversos níveis, necessários à
implementação do currículo nas escolas dos sistemas de ensino, com vistas ao desenvolvimento
de atividades sustentáveis de preservação ambiental e de recursos do mar.
Pesquisa, Ciência e Tecnologia Marinha
yy promover estudos e pesquisas para conhecimento, inventário, avaliação do potencial, aprovei-
tamento sustentável, gestão e ordenamento do uso dos recursos vivos e não vivos existentes nas
áreas marítimas sob jurisdição e de interesse nacional;
yy estabelecer, implantar e manter sistema nacional de monitoramento oceanográfico e climatoló-
gico marinho;
yy promover pesquisas oceanográficas de larga escala, nas grandes bacias oceânicas, visando aos
estudos das variações climáticas e da circulação oceânica, seus impactos nacionais e mudanças
globais;
yy estabelecer, implantar e manter sistema de coleta, processamento e disseminação de dados
referentes aos recursos vivos do mar;
yy promover o desenvolvimento e a difusão tecnológica, com vistas ao incremento da produção de
pescado e à redução de desperdícios;
yy estabelecer, implantar e manter sistema de coleta, processamento e disseminação de dados
geofísicos e geológicos da Plataforma Continental Jurídica Brasileira (PCJB);
yy induzir a participação brasileira nas atividades de pesquisa, exploração e aproveitamento dos
recursos minerais da área (fundos marinhos fora das jurisdições nacionais);
91
yy promover estudos e pesquisas para conhecimento, inventário e avaliação do potencial biotec-
nológico dos organismos marinhos existentes nas áreas marítimas sob jurisdição e de interesse
nacional;
yy estimular o intercâmbio de dados e informações científicas e tecnológicas entre instituições de
ensino e pesquisa, em âmbitos nacional e internacional, referente aos recursos do mar, explo-
ração e aproveitamento sustentável;
yy estabelecer as condições para a cooperação internacional nas atividades de pesquisa, explo-
ração e aproveitamento dos recursos do mar nas áreas marítimas sob jurisdição nacional; e
garantir a efetiva participação brasileira em todas as fases dessas atividades;
yy estimular o desenvolvimento de tecnologias e produção nacional de materiais e equipamentos
necessários às atividades de pesquisa e exploração e aproveitamento sustentável dos recursos
do mar;
yy induzir projetos tecnológicos na área de recursos do mar, visando à efetiva inserção de institui-
ções e empresas no esforço nacional de pesquisa, desenvolvimento e inovação em tecnologia
marinha;
yy fomentar a capacitação tecnológica nas instituições ligadas às ciências do mar, necessária ao
desenvolvimento de estudos e pesquisas relacionadas aos recursos do mar, sua exploração e
aproveitamento sustentável; e
yy estimular o desenvolvimento de estudos no ensino fundamental sobre tecnologias e preser-
vação do mar com vistas à conscientização dos alunos.
Exploração e Aproveitamento Sustentável dos Recursos do Mar
yy promover a gestão integrada dos ambientes costeiro e oceânico, visando ao uso sustentável dos
recursos do mar, e a proteção dos ecossistemas, da biodiversidade e do patrimônio genético,
cultural e histórico das áreas marinhas sob jurisdição nacional;
yy sugerir a atualização da legislação brasileira visando a sua aplicação em todos os aspectos
concernentes aos recursos do mar, à gestão integrada das zonas costeiras e oceânicas e aos
interesses marítimos nacionais;
yy sugerir a fixação, com base nos melhores dados científicos disponíveis, de normas, critérios e
padrões de uso para os recursos vivos do mar, com ênfase para as espécies sobre-explotadas ou
ameaçadas de sobre-explotação;
yy fomentar projetos e atividades que visem a assegurar, de forma sustentável, o aumento da
disponibilidade dos recursos pesqueiros, provenientes da maricultura e da pesca, em águas
jurisdicionais brasileiras;
yy promover a elaboração de planos, programas e ações para orientar e estimular o desenvolvi-
mento de atividades turísticas vinculadas ao mar e à zona costeira;
yy incentivar as iniciativas públicas e privadas referentes ao turismo e às atividades de esporte e
recreio praticadas nas águas jurisdicionais brasileiras;
yy incorporar os princípios da sustentabilidade, sob o ponto de vista social, econômico, ambiental
e cultural, em todos os programas, projetos e iniciativas para pesquisa, avaliação, exploração e
aproveitamento dos recursos do mar;
yy implementar programas e ações para a proteção do ambiente marinho e dos recursos do mar
frente às atividades baseadas em terra;
yy orientar, coordenar e controlar as negociações de financiamentos de projetos públicos com
organismos multilaterais e agências governamentais e organizações não-governamentais que
envolvam os recursos do mar;
yy incentivar o aproveitamento sustentável, a exportação e o consumo dos produtos de origem
marinha, bem como a agregação de valor a esses produtos; e
92
DECRETO Nº 5.377, DE 23 DE FEVEREIRO DE 2005
93
RECURSOS HÍDRICOS
9 Geólogo e bacharel em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre e doutor em desen-
volvimento sustentável pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UnB).
Consultor legislativo com atuação na área XI (meio ambiente e direito ambiental, organização territorial, de-
senvolvimento urbano e regional) da Câmara dos Deputados. Contato: mauricio.boratto@camara.leg.br.
10 O trecho histórico inicial deste trabalho baseou-se em Henkes (2003).
11 Para mais detalhes sobre os fundamentos constitucionais relativos ao meio ambiente, confira em Legislação
brasileira sobre meio ambiente: fundamentos constitucionais e normas básicas.
94
RECURSOS HÍDRICOS
12 As Leis nos 9.605/1998 e 6.938/1981 estão disponíveis em Legislação sobre meio ambiente: fundamentos consti-
tucionais e normas básicas.
95
referem-se aos recursos hídricos. Podem ser citadas as Leis nos 6/1987 (licen-
ciamento ambiental de obras do setor de geração de energia elétrica); 5/1988
(licenciamento de obras de saneamento básico); 274/2000 (critérios de balnea-
bilidade em águas brasileiras); 279/2001 (licenciamento ambiental simplificado
de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental);
284/2001 (licenciamento de empreendimentos de irrigação); 357/2005 e
430/2011 (classificação e enquadramento de corpos-d’água); 396/2008 (enqua-
dramento das águas subterrâneas); 398/2008 (plano de emergência individual
para incidentes de poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional); 413/2009
(licenciamento ambiental da aquicultura, alterada pela Resolução nº 459/2013);
454/2012 (gerenciamento de dragagem); e 467/2015 (critérios para controle de
organismos ou contaminantes em corpos hídricos superficiais).13
A Resolução Conama nº 357/2005 14 – alterada pelas Resoluções
nos 370/2006, 393/2007, 397/2008 e 410/2009 e complementada pela Resolução
nº 430/2011 –, que define o enquadramento do corpo hídrico de acordo com os
usos preponderantes mais restritivos, atuais ou pretendidos, talvez seja a mais
importante de todas. Assim, as classes e os usos definidos para a água doce são
os seguintes:15
– Classe especial: abastecimento para consumo humano com desinfecção;
preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas e preservação dos
ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral.
– Classe 1: abastecimento para consumo humano, após tratamento sim-
plificado; proteção das comunidades aquáticas; recreação de contato primário
(natação, esqui aquático e mergulho), segundo a Resolução nº 274/2000 (bal-
neabilidade); irrigação de hortaliças consumidas cruas e de frutas que se desen-
volvam rente ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película e
proteção das comunidades aquáticas em terras indígenas.
– Classe 2: abastecimento para consumo humano, após tratamento con-
vencional; proteção das comunidades aquáticas; recreação de contato primário,
segundo a Resolução nº 274/2000; irrigação de hortaliças e plantas frutíferas,
parques e jardins e aquicultura e pesca.
– Classe 3: abastecimento para consumo humano, após tratamento con-
vencional ou avançado; irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
pesca amadora; recreação de contato secundário e dessedentação de animais.
– Classe 4: navegação e harmonia paisagística.
13 Ver resoluções do Conama na página eletrônica desse colegiado. Disponível em: <www.mma.gov.br/port/co-
nama/legiano.cfm?codlegitipo=3>. Acesso em: 6 jun. 2018.
14 Esta matéria foi inicialmente disciplinada pela Resolução Conama nº 20/1986, revogada pela Resolução nº
357/2005.
15 Para as águas salinas e salobras, a classificação é semelhante, mas um pouco mais simples. Além disso, en-
quanto não são aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces são consideradas Classe 2.
96
RECURSOS HÍDRICOS
Por sua vez, a CF de 1988 faz diversas alusões aos recursos hídricos. Ini-
cialmente, ela prevê, como bens da União (art. 20):
[...]
III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em ter-
renos de seu domínio, ou que banhem mais de um estado,
sirvam de limites com outros países, ou se estendam a
território estrangeiro ou dele provenham, bem como os
terrenos marginais e as praias fluviais;
IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e
as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede
de municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
público e a unidade ambiental federal, e as referidas no
art. 26, II; (Inciso com redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 46, de 2005)
[...]
97
A Lei Suprema também estatui que “compete privativamente à União
legislar”, entre outros, sobre águas (art. 22, IV) e regime dos portos, navegação
lacustre, fluvial e marítima (art. 22, X). Mas, no parágrafo único desse artigo, ela
abre a possibilidade de a lei complementar autorizar os estados a legislar sobre
questões específicas dessas matérias. Em seguida, inclui, entre os bens dos es-
tados, “as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depó-
sito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União”
(art. 26, I). Ou seja, enquanto as águas superficiais são de domínio da União ou
dos estados, as subterrâneas pertencem a estes últimos.
Para o desenvolvimento e a redução das desigualdades regionais, a União
também pode articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e
social, mediante incentivos regionais que podem dar prioridade ao aproveita-
mento econômico e social dos rios e das massas de água represadas ou repre-
sáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas (art. 43, § 2º, IV).
Ela também “incentivará a recuperação de terras áridas e cooperará com os
pequenos e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas,
de fontes de água e de pequena irrigação” (art. 43, § 3º).
A CF reafirma que os potenciais de energia hidráulica constituem proprie-
dade distinta da do solo e pertencem à União, sendo seu aproveitamento, com
exceção dos de capacidade reduzida, efetuado mediante autorização ou con-
cessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída
sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no país. Na forma da
lei, serão estabelecidas as condições específicas quando as atividades se desen-
volverem em faixa de fronteira ou terras indígenas (art. 176, caput e §§ 1º e 4º).
Aliás, no que diz respeito às terras indígenas, o Congresso Nacional tem
especial destaque. Cabe a este órgão autorizar, nessas terras, a exploração e
o aproveitamento de recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos,
ouvidas as comunidades afetadas. Além disso, a CF garante aos índios “o
usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes”
(arts. 49, XVI, e 231, § 3º).
No mesmo ano da CF, foi promulgada a Lei nº 7.661/1988, que instituiu
o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, o qual visa orientar a utilização
nacional dos recursos na zona costeira, de forma a contribuir para a elevação
da qualidade da vida de sua população e a proteção do seu patrimônio natural,
histórico, étnico e cultural.16
Uma década após, a Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais) tipi-
ficou, no art. 54, o crime de causar poluição de qualquer natureza em níveis
tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana ou que pro-
voquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora, com
pena de reclusão de um a quatro anos, além de multa. Nos incisos III e IV do
98
RECURSOS HÍDRICOS
17 Cf. a Lei nº 9.605/1998, disponível em Legislação sobre meio ambiente: fundamentos constitucionais e normas
básicas.
99
Os principais elementos componentes da bacia hidrográfica são os inter-
flúvios, os talvegues (linhas mais baixas nos fundos de vale), as calhas dos rios, as
sub-bacias, as áreas de recarga (locais onde a água penetra no solo e recarrega
os aquíferos), as áreas de descarga ou fontes (locais onde a água subterrânea
flui para a superfície do terreno), a vazão (volume de fluxo) e a qualidade (carac-
terísticas físicas, químicas e biológicas) dos cursos-d’água.
Aquífero é uma formação ou um grupo de formações geológicas (sedimen-
tos ou rochas) permeáveis, capazes de armazenar e ceder água em boa quanti-
dade para consumo humano. Ele pode ser livre (freático), quando sua água se
encontra submetida à pressão atmosférica, podendo ser acessada por cister-
nas; ou confinado (artesiano), quando a pressão de confinamento é superior à
atmosférica, chegando a água subterrânea, em casos extremos, a jorrar na super-
fície, ao se perfurar um poço profundo, como ocorre no vale do rio Gurgueia (PI).
A Lei das Águas prevê importantes instrumentos para a implantação da
PNRH, tais como os planos de recursos hídricos (por bacia hidrográfica, estado
e país, arts. 6º a 8º); o enquadramento dos corpos-d’água em classes (segundo
os usos preponderantes, arts. 9º e 10); a outorga dos direitos de uso (exceto
aqueles considerados insignificantes, arts. 11 a 18); a cobrança pelo uso (dos
que estão sujeitos a outorga, arts. 19 a 22) e o Sistema Nacional de Informações
sobre Recursos Hídricos (SNIRH, sistema de coleta, tratamento, armazenamento
e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes
em sua gestão, arts. 25 a 27).
Destaca-se, dentre esses instrumentos, a cobrança pelo uso de recursos
hídricos, que, em linha geral, é a principal forma de obter recursos para o finan-
ciamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos
hídricos, no âmbito de cada bacia hidrográfica. Desde a entrada em vigor da lei,
contudo, no universo das bacias em rios de domínio da União, apenas duas – as
dos rios Paraíba do Sul e Piracicaba/Capivari/Jundiaí – já efetuam essa cobrança
desde a década passada. As outras duas – as dos rios São Francisco e Doce –, só
a partir do início da década atual (AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS, 2017).
Em estágio preliminar ou inicial de cobrança, encontram-se outras quatro
bacias federais, as dos rios Paranaíba, integrante da bacia do Paraná, Verde
Grande, da bacia do São Francisco e dos rios Grande e Paranapanema, ambas
pertencentes à bacia do Paraná. Além dessas situadas em rios de titularidade da
União, em meados de 2017, existiam, no país, outras 47 bacias de domínio dos
estados – sendo doze no Ceará, dez no Rio de Janeiro, nove em São Paulo, onze
em Minas Gerais, um no Paraná e quatro na Paraíba –, em que a cobrança pelo
uso da água também estava em vigor. Em 2016, o valor arrecadado na cobrança –
o chamado “preço condominial” – em todas as bacias interestaduais e estaduais
alcançou cerca de R$ 295 milhões anuais, acumulando um total de cerca de
R$ 2 bilhões desde o início da cobrança (AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS, 2017).
100
RECURSOS HÍDRICOS
101
água; a Lei nº 11.445/2007, que estabelece diretrizes para o saneamento básico;20
e a Lei nº 12.334/2010, que estabelece a PNSB.21
A Lei das Águas e as demais normas relativas aos recursos hídricos con-
figuram uma realidade muito mais democrática e transparente na gestão das
águas no Brasil. É natural, portanto, que elas necessitem de certo tempo para
que seus dispositivos sejam regulamentados e implantados, com o objetivo final
de assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água,
em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos, e a utilização racional
e integrada dos recursos hídricos, com vistas ao desenvolvimento sustentável.
Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (Brasil). Cobrança pelo uso dos recursos hídricos.
Disponível em: <http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/cobrancaearrecadacao/
cobrancaearrecadacao.aspx>. Acesso em: 22 nov. 2017.
HENKES, Silviana Lúcia. Histórico legal e institucional dos recursos hídricos no Brasil.
Jus Navigandi, Teresina, v. 8, n. 66, 1 jun. 2003. Disponível em: <http://jus.com.br/
revista/texto/4146/historico-legal-e-institucional-dos-recursos-hidricos-no-brasil>.
Acesso em: 11 fev. 2012.
Sugestões de leitura
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (Brasil). Atlas Brasil: abastecimento urbano de água,
panorama nacional. Brasília: ANA; Engecorps; Cobrape, 2010. 2 v. Disponível em:
<http://atlas.ana.gov.br/Atlas/forms/Home.aspx>. Acesso em: 12 jun. 2018.
______. Cuidando das águas: soluções para melhorar a qualidade dos recursos hídricos.
Brasília: ANA, PNUMA, Pacific Institute, CEBDS. 2013. Disponível em: <http://arquivos.
ana.gov.br/institucional/sge/CEDOC/Catalogo/2013/CuidandoDasAguas-Solucao2aEd.
pdf>. Acesso em: 1º fev. 2018.
______. Conjuntura dos recursos hídricos do Brasil. Brasília: ANA. 2017. Disponível em:
<http://www.snirh.gov.br/portal/snirh/centrais-de-conteudos/conjuntura-dos-recursos-
hidricos/relatorio-conjuntura-2017.pdf>. Acesso em: 1º jan. 2018.
20 Cf. a Lei nº 11.445/2007. Disponível em Legislação sobre meio ambiente: ambiente urbano, poluição e gestão de
desastres.
21 Cf. Lei nº 12.334/2010. Disponível em Legislação sobre meio ambiente: ambiente urbano, poluição e gestão de
desastres.
102
LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997
Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hí- Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança
dricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prio-
em definitivo ou por prazo determinado, nas se- ritariamente na bacia hidrográfica em que foram
guintes circunstâncias: gerados e serão utilizados:
I – não cumprimento pelo outorgado dos ter- I – no financiamento de estudos, programas,
mos da outorga; projetos e obras incluídos nos Planos de Recur-
II – ausência de uso por três anos consecutivos; sos Hídricos;
III – necessidade premente de água para aten- II – no pagamento de despesas de implanta-
der a situações de calamidade, inclusive as decor- ção e custeio administrativo dos órgãos e entida-
rentes de condições climáticas adversas; des integrantes do Sistema Nacional de Gerencia-
IV – necessidade de se prevenir ou reverter mento de Recursos Hídricos.
grave degradação ambiental; § 1º A aplicação nas despesas previstas no in-
V – necessidade de se atender a usos prioritá- ciso II deste artigo é limitada a sete e meio por
rios, de interesse coletivo, para os quais não se cento do total arrecadado.
disponha de fontes alternativas; § 2º Os valores previstos no caput deste artigo
VI – necessidade de serem mantidas as caracte- poderão ser aplicados a fundo perdido em proje-
rísticas de navegabilidade do corpo de água. tos e obras que alterem, de modo considerado be-
Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recur- néfico à coletividade, a qualidade, a quantidade e
sos hídricos far-se-á por prazo não excedente a o regime de vazão de um corpo de água.
trinta e cinco anos, renovável. § 3º (Vetado)
III – representantes dos usuários dos recursos Segurança de Barragens (SNISB); (Inciso acrescido
hídricos; pela Lei nº 12.334, de 20/9/2010)
IV – representantes das organizações civis de XIII – apreciar o Relatório de Segurança de Bar-
recursos hídricos. ragens, fazendo, se necessário, recomendações
Parágrafo único. O número de representantes para melhoria da segurança das obras, bem como
do Poder Executivo Federal não poderá ceder à encaminhá-lo ao Congresso Nacional. (Inciso acres-
metade mais um do total dos membros do Con- cido pela Lei nº 12.334, de 20/9/2010)
selho Nacional de Recursos Hídricos. Art. 36. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos
Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de Recur- será gerido por:
sos Hídricos: I – um Presidente, que será o Ministro titular do
I – promover a articulação do planejamento de Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídri-
recursos hídricos com os planejamentos nacional, cos e da Amazônia Legal;
regional, estaduais e dos setores usuários; II – um Secretário Executivo, que será o titular
II – arbitrar, em última instância administrativa, do órgão integrante da estrutura do Ministério do
os conflitos existentes entre Conselhos Estaduais Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Ama-
de Recursos Hídricos; zônia Legal, responsável pela gestão dos recursos
III – deliberar sobre os projetos de aproveita- hídricos.
mento de recursos hídricos cujas repercussões
CAPÍTULO III
extrapolem o âmbito dos Estados em que serão DOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA
implantados;
Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão
IV – deliberar sobre as questões que lhe tenham
como área de atuação:
sido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de
I – a totalidade de uma bacia hidrográfica;
Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia Hi-
II – sub-bacia hidrográfica de tributário do cur-
drográfica;
so de água principal da bacia, ou de tributário des-
V – analisar propostas de alteração da legisla-
se tributário; ou
ção pertinente a recursos hídricos e à Política Na-
III – grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas
cional de Recursos Hídricos;
contíguas.
VI – estabelecer diretrizes complementares para
Parágrafo único. A instituição de Comitês de
implementação da Política Nacional de Recursos
Bacia Hidrográfica em rios de domínio da União
Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atua-
será efetivada por ato do Presidente da República.
ção do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos; Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográ-
VII – aprovar propostas de instituição dos Comi- fica, no âmbito de sua área de atuação:
tês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios I – promover o debate das questões relaciona-
gerais para a elaboração de seus regimentos; das a recursos hídricos e articular a atuação das
VIII – (Vetado) entidades intervenientes;
IX – acompanhar a execução e aprovar o Pla- II – arbitrar, em primeira instância administra-
no Nacional de Recursos Hídricos e determinar tiva, os conflitos relacionados aos recursos hídri-
as providências necessárias ao cumprimento de cos;
suas metas; (Inciso com redação dada pela Lei nº 9.984, III – aprovar o Plano de Recursos Hídricos da
de 17/7/2000) bacia;
X – estabelecer critérios gerais para a outorga IV – acompanhar a execução do Plano de Re-
de direitos de uso de recursos hídricos e para a cursos Hídricos da bacia e sugerir as providências
cobrança por seu uso; necessárias ao cumprimento de suas metas;
XI – zelar pela implementação da Política Na- V – propor ao Conselho Nacional e aos Conse-
cional de Segurança de Barragens (PNSB); (Inciso lhos Estaduais de Recursos Hídricos as acumu-
acrescido pela Lei nº 12.334, de 20/9/2010) lações, derivações, captações e lançamentos de
XII – estabelecer diretrizes para implementação pouca expressão, para efeito de isenção da obriga-
da PNSB, aplicação de seus instrumentos e atua- toriedade de outorga de direitos de uso de recur-
ção do Sistema Nacional de Informações sobre sos hídricos, de acordo com os domínios destes;
107
VI – estabelecer os mecanismos de cobrança CAPÍTULO IV
pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores DAS AGÊNCIAS DE ÁGUA
a serem cobrados; Art. 41. As Agências de Água exercerão a função
VII – (Vetado) de secretaria executiva do respectivo ou respecti-
VIII – (Vetado) vos Comitês de Bacia Hidrográfica.
IX – estabelecer critérios e promover o rateio
Art. 42. As Agências de Água terão a mesma área
de custo das obras de uso múltiplo, de interesse
de atuação de um ou mais Comitês de Bacia Hi-
comum ou coletivo.
drográfica.
Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de
Parágrafo único. A criação das Agências de Água
Bacia Hidrográfica caberá recurso ao Conselho Na-
será autorizada pelo Conselho Nacional de Recur-
cional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hí-
sos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais de Re-
dricos, de acordo com sua esfera de competência.
cursos Hídricos mediante solicitação de um ou
Art. 39. Os Comitês de Bacia Hidrográfica são mais Comitês de Bacia Hidrográfica.
compostos por representantes:
Art. 43. A criação de uma Agência de Água é condi-
I – da União;
cionada ao atendimento dos seguintes requisitos:
II – dos Estados e do Distrito Federal cujos terri-
I – prévia existência do respectivo ou respecti-
tórios se situem, ainda que parcialmente, em suas
vos Comitês de Bacia Hidrográfica;
respectivas áreas de atuação; II – viabilidade financeira assegurada pela co-
III – dos Municípios situados, no todo ou em brança do uso dos recursos hídricos em sua área
parte, em sua área de atuação; de atuação.
IV – dos usuários das águas de sua área de atua-
Art. 44. Compete às Agências de Água no âmbito
ção;
de sua área de atuação:
V – das entidades civis de recursos hídricos com
I – manter balanço atualizado da disponibili-
atuação comprovada na bacia.
dade de recursos hídricos em sua área de atuação;
§ 1º O número de representantes de cada setor
II – manter o cadastro de usuários de recursos
mencionado neste artigo, bem como os critérios
hídricos;
para sua indicação, serão estabelecidos nos regi-
III – efetuar, mediante delegação do outorgante,
mentos dos comitês, limitada a representação dos
a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
poderes executivos da União, Estados, Distrito Fe-
IV – analisar e emitir pareceres sobre os projetos
deral e Municípios à metade do total de membros.
e obras a serem financiados com recursos gerados
§ 2º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de ba-
pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e en-
cias de rios fronteiriços e transfronteiriços de
caminhá-los à instituição financeira responsável
gestão compartilhada, a representação da União
pela administração desses recursos;
deverá incluir um representante do Ministério das
V – acompanhar a administração financeira dos
Relações Exteriores.
recursos arrecadados com a cobrança pelo uso
§ 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de ba-
de recursos hídricos em sua área de atuação;
cias cujos territórios abranjam terras indígenas
VI – gerir o Sistema de Informações sobre Recur-
devem ser incluídos representantes:
sos Hídricos em sua área de atuação;
I – da Fundação Nacional do Índio (Funai), como
VII – celebrar convênios e contratar financia-
parte da representação da União;
mentos e serviços para a execução de suas com-
II – das comunidades indígenas ali residentes
petências;
ou com interesses na bacia.
VIII – elaborar a sua proposta orçamentária e
§ 4º A participação da União nos Comitês de
submetê-la à apreciação do respectivo ou respec-
Bacia Hidrográfica com área de atuação restrita a
tivos Comitês de Bacia Hidrográfica;
bacias de rios sob domínio estadual, dar-se-á na
IX – promover os estudos necessários para a ges-
forma estabelecida nos respectivos regimentos.
tão dos recursos hídricos em sua área de atuação;
Art. 40. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão di- X – elaborar o Plano de Recursos Hídricos para
rigidos por um Presidente e um Secretário, eleitos apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidro-
dentre seus membros. gráfica;
108
LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997
Art. 47. São consideradas, para os efeitos desta Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal
Lei, organizações civis de recursos hídricos: ou regulamentar referentes à execução de obras
I – consórcios e associações intermunicipais de e serviços hidráulicos, derivação ou utilização de
bacias hidrográficas; recursos hídricos de domínio ou administração da
II – associações regionais, locais ou setoriais de União, ou pelo não atendimento das solicitações
usuários de recursos hídricos; feitas, o infrator, a critério da autoridade compe-
III – organizações técnicas e de ensino e pes- tente, ficará sujeito as seguintes penalidades, in-
quisa com interesse na área de recursos hídricos; dependentemente de sua ordem de enumeração:
109
I – advertência por escrito, na qual serão estabe- geração de energia elétrica continuará subordi-
lecidos prazos para correção das irregularidades; nada à disciplina da legislação setorial específica.
II – multa, simples ou diária, proporcional à Art. 53. O Poder Executivo, no prazo de cento e
gravidade da infração, de R$100,00 (cem reais) a vinte dias a partir da publicação desta Lei, enca-
R$10.000,00 (dez mil reais); minhará ao Congresso Nacional projeto de lei dis-
III – embargo provisório, por prazo determinado, pondo sobre a criação das Agências de Água.
para execução de serviços e obras necessárias ao
[...]
efetivo cumprimento das condições de outorga
ou para o cumprimento de normas referentes ao Art. 55. O Poder Executivo Federal regulamentará
uso, controle, conservação e proteção dos recur- esta Lei no prazo de cento e oitenta dias, contados
sos hídricos; da data de sua publicação.
IV – embargo definitivo, com revogação da ou- Art. 56. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
torga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu blicação.
antigo estado, os recursos hídricos, leitos e mar-
Art. 57. Revogam-se as disposições em contrário.
gens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de
Águas ou tamponar os poços de extração de água Brasília, 8 de janeiro de 1997; 176º da
Independência e 109º da República.
subterrânea.
§ 1º Sempre que da infração cometida resul- FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Gustavo Krause
tar prejuízo a serviço público de abastecimento
de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de
LEI Nº 9.984, DE 17 DE JULHO DE 2000
bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natu-
(Publicada no DOU de 18/7/2000)
reza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será
inferior à metade do valor máximo cominado em Dispõe sobre a criação da Agência Nacional
de Água (ANA), entidade federal de implemen-
abstrato.
tação da Política Nacional de Recursos Hídri-
§ 2º No caso dos incisos III e IV, independente- cos e de coordenação do Sistema Nacional
mente da pena de multa, serão cobradas do infra- de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá
tor as despesas em que incorrer a Administração outras providências.
para tornar efetivas as medidas previstas nos ci- O vice-presidente da República no exercício do
tados incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56 e 58 do cargo de presidente da República
Código de Águas, sem prejuízo de responder pela Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
indenização dos danos a que der causa. sanciono a seguinte Lei:
§ 3º Da aplicação das sanções previstas neste
CAPÍTULO I
título caberá recurso à autoridade administrativa
DOS OBJETIVOS
competente, nos termos do regulamento.
§ 4º Em caso de reincidência, a multa será apli- Art. 1º Esta Lei cria a Agência Nacional de Águas
cada em dobro. (ANA), entidade federal de implementação da Po-
lítica Nacional de Recursos Hídricos, integrante do
TÍTULO IV Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Hídricos, estabelecendo regras para a sua atuação,
Art. 51. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos sua estrutura administrativa e suas fontes de re-
e os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos po- cursos.
derão delegar a organizações sem fins lucrativos
CAPÍTULO II
relacionadas no art. 47 desta Lei, por prazo deter- DA CRIAÇÃO, NATUREZA JURÍDICA
minado, o exercício de funções de competência E COMPETÊNCIA DA AGÊNCIA
das Agências de Água, enquanto esses organis- NACIONAL DE ÁGUAS – ANA
mos não estiverem constituídos. (Artigo com reda- Art. 2º Compete ao Conselho Nacional de Re-
ção dada pela Lei nº 10.881, de 9/6/2004)
cursos Hídricos promover a articulação dos pla-
Art. 52. Enquanto não estiver aprovado e regula- nejamentos nacional, regionais, estaduais e dos
mentado o Plano Nacional de Recursos Hídricos, a setores usuários elaborados pelas entidades que
utilização dos potenciais hidráulicos para fins de integram o Sistema Nacional de Gerenciamento
110
LEI Nº 9.984, DE 17 DE JULHO DE 2000
de Recursos Hídricos e formular a Política Na- recursos hídricos de domínio da União, na forma
cional de Recursos Hídricos, nos termos da Lei do disposto no art. 22 da Lei nº 9.433, de 1997;
nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. X – planejar e promover ações destinadas a pre-
venir ou minimizar os efeitos de secas e inunda-
Art. 3º Fica criada a Agência Nacional de Águas
ções, no âmbito do Sistema Nacional de Gerencia-
(ANA), autarquia sob regime especial, com auto-
mento de Recursos Hídricos, em articulação com
nomia administrativa e financeira, vinculada ao
o órgão central do Sistema Nacional de Defesa
Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de
Civil, em apoio aos Estados e Municípios;
implementar, em sua esfera de atribuições, a Po-
XI – promover a elaboração de estudos para sub-
lítica Nacional de Recursos Hídricos, integrando o
sidiar a aplicação de recursos financeiros da União
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
em obras e serviços de regularização de cursos de
Hídricos.
água, de alocação e distribuição de água, e de con-
Parágrafo único. A ANA terá sede e foro no Dis- trole da poluição hídrica, em consonância com o
trito Federal, podendo instalar unidades adminis- estabelecido nos planos de recursos hídricos;
trativas regionais. XII – definir e fiscalizar as condições de opera-
Art. 4º A atuação da ANA obedecerá aos funda- ção de reservatórios por agentes públicos e priva-
mentos, objetivos, diretrizes e instrumentos da dos, visando a garantir o uso múltiplo dos recur-
Política Nacional de Recursos Hídricos e será de- sos hídricos, conforme estabelecido nos planos
senvolvida em articulação com órgãos e entida- de recursos hídricos das respectivas bacias hidro-
des públicas e privadas integrantes do Sistema gráficas;
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, XIII – promover a coordenação das atividades
cabendo-lhe: desenvolvidas no âmbito da rede hidrometero-
I – supervisionar, controlar e avaliar as ações e lógica nacional, em articulação com órgãos e en-
atividades decorrentes do cumprimento da legis- tidades públicas ou privadas que a integram, ou
lação federal pertinente ao recursos hídricos; que dela sejam usuárias;
II – disciplinar, em caráter normativo, a imple- XIV – organizar, implantar e gerir o Sistema Na-
cional de Informações sobre Recursos Hídricos;
mentação, a operacionalização, o controle e a ava-
XV – estimular a pesquisa e a capacitação de
liação dos instrumentos da Política Nacional de
recursos humanos para a gestão de recursos hí-
Recursos Hídricos;
dricos;
III – (Vetado)
XVI – prestar apoio aos Estados na criação de
IV – outorgar, por intermédio de autorização, o
órgãos gestores de recursos hídricos;
direito de uso do recursos hídricos em corpos de
XVII – propor ao Conselho Nacional de recursos
água de domínio da União, observado o disposto
Hídricos o estabelecimento de incentivos, inclu-
nos arts. 5º, 6º, 7º e 8º;
sive financeiros, à conservação qualitativa e quan-
V – fiscalizar os usos de recursos hídricos nos
titativa de recursos hídricos;
corpos de água de domínio da União;
XVIII – participar da elaboração do Plano Nacio-
VI – elaborar estudos técnicos para subsidiar a
nal de Recursos Hídricos e supervisionar a sua im-
definição, pelo Conselho Nacional de Recursos plementação; (Inciso acrescido pela Medida Provisória nº
Hídricos, dos valores a serem cobrados pelo uso 2.216-37, de 31/8/2001)
de recursos hídricos de domínio da União, com XIX – regular e fiscalizar, quando envolverem
base nos mecanismos e quantitativos sugeridos corpos d’água de domínio da União, a prestação
pelos Comitês de Bacia Hidrográfica, na forma do dos serviços públicos de irrigação, se em regime
inciso VI do art. 38 da Lei nº 9.433, de 1997; de concessão, e adução de água bruta, cabendo-
VII – estimular e apoiar as iniciativas voltadas -lhe, inclusive, a disciplina, em caráter normativo,
para a criação de Comitês de Bacia Hidrográfica; da prestação desses serviços, bem como a fixação
VIII – implementar, em articulação com os Co- de padrões de eficiência e o estabelecimento de ta-
mitês de Bacia Hidrográfica, a cobrança pelo uso rifa, quando cabíveis, e a gestão e auditagem de to-
de recursos hídricos de domínio da União; dos os aspectos dos respectivos contratos de con-
IX – arrecadar, distribuir e aplicar receitas au- cessão, quando existentes; (Inciso acrescido pela Lei
feridas por intermédio da cobrança pelo uso de nº 12.058, de 13/10/2009)
111
XX – organizar, implantar e gerir o Sistema Nacio- tarifária e utilização racional dos recursos hídri-
nal de Informações sobre Segurança de Barragens cos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.058, de 13/10/2009)
(SNISB); (Inciso acrescido pela Lei nº 12.334, de 20/9/2010) Art. 5º Nas outorgas de direito de uso de recursos
XXI – promover a articulação entre os órgãos hídricos de domínio da União, serão respeitados
fiscalizadores de barragens; (Inciso acrescido pela Lei os seguintes limites de prazos, contados da data
nº 12.334, de 20/9/2010) de publicação dos respectivos atos administrati-
XXII – coordenar a elaboração do Relatório de vos de autorização:
Segurança de Barragens e encaminhá-lo, anual- I – até dois anos, para início da implantação do
mente, ao Conselho Nacional de Recursos Hídri- empreendimento objeto da outorga;
cos (CNRH), de forma consolidada. (Inciso acrescido II – até seis anos, para conclusão da implanta-
pela Lei nº 12.334, de 20/9/2010) ção do empreendimento projetado;
§ 1º Na execução das competências a que se re- III – até trinta e cinco anos, para vigência da ou-
fere o inciso II deste artigo, serão considerados, nos torga de direito de uso.
casos de bacia hidrográficas compartilhadas com § 1º Os prazos de vigência das outorgas de di-
outros países, os respectivos acordos e tratados. reito de uso de recursos hídricos serão fixados
§ 2º As ações a que se refere o inciso X deste ar- em função da natureza e do porte do empreendi-
tigo, quando envolverem a aplicação de raciona- mento, levando-se em consideração, quando for o
mentos preventivos, somente poderão ser promo- caso, o período de retorno do investimento.
vidas mediante a observância de critérios a serem § 2º Os prazos a que se referem o incisos I e II
definidos em decreto do Presidente da República. poderão ser ampliados, quando o porte e a impor-
§ 3º Para os fins do disposto no inciso XII deste tância social e econômica do empreendimento o
artigo, a definição de condições de operação de justificar, ouvido o Conselho Nacional de Recursos
reservatórios de aproveitamentos hidrelétricos Hídricos.
será efetuada em articulação com o Operador na- § 3º O prazo de que trata o inciso III poderá ser
cional do Sistema Elétrico (ONS). prorrogado, pela ANA, respeitando-se as priorida-
§ 4º A ANA poderá delegar ou atribuir a agências des estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos.
de água ou de bacia hidrográfica a execução de § 4º As outorgas de direito de uso de recursos
atividades de sua competência, nos termos do art. hídricos para concessionárias e autorizadas de
44 da Lei nº 9.433, de 1997, e demais dispositivos serviços públicos e de geração de energia hidrelé-
legais aplicáveis. trica vigorarão por prazos coincidentes com os dos
§ 5º (Vetado) correspondentes contratos de concessão ou ato
§ 6º A aplicação das receitas de que trata o in- administrativo de autorização.
ciso IX será feita de forma descentralizada, por Art. 6º A ANA poderá emitir outorgas preventivas
meio das agências de que trata o Capítulo IV do de uso de recursos hídricos, com a finalidade de
Título II da Lei nº 9.433, de 1997, e, na ausência declarar a disponibilidade de água para os usos
ou impedimento destas, por outras entidades per- requeridos, observado o disposto no art. 13 da Lei
tencentes ao Sistema Nacional de Gerenciamento nº 9.433, de 1997.
de Recursos Hídricos. § 1º A outorga preventiva não confere direito de
§ 7º Nos atos administrativos de outorga de di- uso de recursos hídricos e se destina a reservar a
reito de uso de recurso hídricos de cursos de água vazão passível de outorga, possibilitando, aos in-
que banham o semiárido nordestino, expedidos vestidores, o planejamento de empreendimentos
nos termos do inciso IV deste artigo, deverão cons- que necessitem desses recursos.
tar, explicitamente, as restrições decorrentes dos § 2º O prazo de validade da outorga preventiva
incisos III e V do art. 15 da Lei nº 9.433, de 1997. será fixado levando-se em conta a complexidade
§ 8º No exercício das competências referidas no do planejamento do empreendimento, limitan-
inciso XIX deste artigo, a ANA zelará pela presta- do-se ao máximo de três anos, findo o qual será
ção do serviço adequado ao pleno atendimento considerado o disposto nos incisos I e II do art. 5º.
dos usuários, em observância aos princípios da Art. 7º A concessão ou a autorização de uso de
regularidade, continuidade, eficiência, segurança, potencial de energia hidráulica e a construção
atualidade, generalidade, cortesia, modicidade de eclusa ou de outro dispositivo de transposição
112
LEI Nº 9.984, DE 17 DE JULHO DE 2000
V – vinte e sete Cargos Comissionados Técnicos Única do Tesouro Nacional, enquanto não forem
(CCT V). destinadas para as respectivas programações.
Parágrafo único. Aplicam-se aos cargos de que § 1º A ANA manterá registros que permitam cor-
trata este artigo as disposições da Lei nº 9.986, de relacionar as receitas com as bacias hidrográficas
18 de julho de 2000. em que foram geradas, com o objetivo de cumprir
o estabelecido no art. 22 da lei nº 9.433, de 1997.
CAPÍTULO V
DO PATRIMÔNIO E DAS RECEITAS § 2º As disponibilidades de que trata o caput
deste artigo poderão ser mantidas em aplicações
Art. 19. Constituem patrimônio da ANA os bens
financeiras, na forma regulamentada pelo Minis-
e direitos de sua propriedade, os que lhe forem
tério da Fazenda.
conferidos ou que venha a adquirir ou incorporar.
§ 3º (Vetado)
Art. 20. Constituem receitas da ANA: § 4º As prioridades de aplicação de recursos a
I – os recursos que lhe forem transferidos em que se refere o caput do art. 22 da Lei nº 9.433, de
decorrência de dotações consignadas no Orça- 1997, serão definidas pelo Conselho Nacional de
mento-Geral da União, créditos especiais, crédi- Recursos Hídricos, em articulação com os respec-
tos adicionais e transferências e repasses que lhe tivos comitês de bacia hidrográfica.
forem conferidos;
CAPÍTULO VI
II – os recursos decorrentes da cobrança pelo DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
uso de água de corpos hídricos de domínio da
Art. 22. Na primeira gestão da ANA, um diretor terá
União, respeitando-se as forma e os limites de apli-
mandato de três anos, dois diretores terão manda-
cação previstos no art. 22 da Lei nº 9.433, de 1997;
tos de quatro anos e dois diretores terão mandatos
III – os recursos provenientes de convênios, acor-
de cinco anos para implementar o sistema de man-
dos ou contratos celebrados com entidades, orga-
datos não coincidentes.
nismos ou empresas nacionais ou internacionais;
IV – as doações, legados, subvenções e outros Art. 23. Fica o Poder Executivo autorizado a:
recursos que lhe forem destinados; I – transferir para a ANA o acervo técnico e pa-
V – o produto da venda de publicações, material trimonial, direitos e receitas do Ministério do Meio
técnico, dados e informações, inclusive para fins Ambiente e seus órgãos, necessários ao funciona-
de licitação pública, de emolumentos administra- mento da autarquia;
tivos e de taxas de inscrições em concursos; II – remanejar, transferir ou utilizar os saldos
VI – retribuição por serviço de quaisquer natu- orçamentários do Ministério do Meio Ambiente
reza prestados a terceiros; para atender às despesas de estruturação e ma-
VII – o produto resultante da arrecadação de nutenção da ANA, utilizando, como recursos, as
multas aplicadas em decorrência de ações de fis- dotações orçamentárias destinadas às atividades
calização de que tratam os arts. 49 e 50 da Lei nº fins e administrativas, observados os mesmos
9.433, de 1997; subprojetos, subatividades e grupos de despesas
VIII – os valores apurados com a venda ou alu- previstos na Lei Orçamentária em vigor.
guel de bens móveis e imóveis de sua propriedade; Art. 24. A Consultoria Jurídica do Ministério do
IX – o produto da alienação de bens, objetos e Meio Ambiente e a Advocacia Geral da União pres-
instrumentos utilizados para a prática de infra- tarão à ANA, no âmbito de suas competências, a
ções, assim como do patrimônio dos infratores, assistência jurídica necessária, até que seja pro-
a apreendidos em decorrência do exercício do vido o cargo de Procurador da autarquia.
poder de polícia e incorporados ao patrimônio da
Art. 25. O Poder Executivo implementará a des-
autarquia, nos termos de decisão judicial; e
centralização das atividades de operação e ma-
X – os recursos decorrentes da cobrança de
nutenção de reservatórios, canais e adutoras de
emolumentos administrativos.
domínio da União, excetuada a infra-estrutura
Art. 21. As receitas provenientes da cobrança pelo componente do Sistema Interligado Brasileiro,
uso de recursos hídricos de domínio da União operado pelo Operador Nacional do Sistema Elé-
serão mantidas à disposição da ANA, na Conta trico (ONS).
115
Parágrafo único. Caberá à ANA a coordenação e cia das Agências de Água, previstas nos arts. 41 e
a supervisão do processo de descentralização de 44 da mesma Lei, relativas a recursos hídricos de
que trata este artigo. domínio da União.
Art. 26. O Poder Executivo, no prazo de noventa § 1º Para a delegação a que se refere o caput des-
dias, contado a partir da data de publicação desta te artigo, o CNRH observará as mesmas condições
Lei, por meio de decreto do Presidente da Repú- estabelecidas pelos arts. 42 e 43 da Lei nº 9.433, de
blica, estabelecerá a estrutura regimental da ANA, 8 de janeiro de 1997.
determinando sua instalação. § 2º Instituída uma Agência de Água, esta assu-
Parágrafo único. O decreto a que se refere o mirá as competências estabelecidas pelos arts. 41
caput estabelecerá regras de caráter transitório, e 44 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, encer-
para vigorarem na fase de implementação das rando-se, em consequência, o contrato de gestão
atividades da ANA, por prazo não inferior a doze referente à sua área de atuação.
e nem superior a vinte quatro meses, regulando a Art. 2º Os contratos de gestão, elaborados de
emissão temporária, pela Anell, das declarações acordo com as regras estabelecidas nesta Lei, dis-
de reserva de disponibilidade hídrica de que trata criminarão as atribuições, direitos, responsabili-
o art. 7º. dades e obrigações das partes signatárias, com o
Art. 27. A ANA promoverá a realização de con- seguinte conteúdo mínimo:
curso público para preenchimento das vagas exis- I – especificação do programa de trabalho pro-
tentes no seu quadro de pessoal. posto, a estipulação das metas a serem atingidas
[...] (As alterações expressas nos arts. 30 a 32 foram e os respectivos prazos de execução, bem como
compilados na Lei nº 9.433, de 8/1/1997, constante desta previsão expressa dos critérios objetivos de ava-
publicação) liação a serem utilizados, mediante indicadores
Art. 33. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu- de desempenho;
blicação. II – a estipulação dos limites e critérios para des-
pesa com remuneração e vantagens de qualquer
Brasília, 17 de julho de 2000; 179º da
Independência e 112º da República. natureza a serem percebidas pelos dirigentes e
MARCO ANTÔNIO DE OLIVEIRA MACIEL empregados das entidades delegatárias, no exer-
Edward Joaquim Amadeo Swaelen cício de suas funções;
Marcus Vinicius Pratini de Moraes III – a obrigação de a entidade delegatária apre-
Rodolpho Tourinho Neto
sentar à ANA e ao respectivo ou respectivos Co-
Martus Tavares
José Sarney Filho mitês de Bacia Hidrográfica, ao término de cada
exercício, relatório sobre a execução do contrato
LEI Nº 10.881, DE 9 DE JUNHO DE 2004 de gestão, contendo comparativo específico das
(Publicada no DOU de 11/6/2004) metas propostas com os resultados alcançados,
acompanhado de prestação de contas dos gastos
Dispõe sobre os contratos de gestão entre a
Agência Nacional de Águas e entidades dele- e receitas efetivamente realizados, independente-
gatárias das funções de Agências de Águas mente das previsões mencionadas no inciso II do
relativas à gestão de recursos hídricos de do- caput deste artigo;
mínio da União e dá outras providências.
IV – a publicação, no Diário Oficial da União, de
O presidente da República extrato do instrumento firmado e de demonstra-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu tivo de sua execução físico-financeira;
sanciono a seguinte Lei: V – o prazo de vigência do contrato e as con-
Art. 1º A Agência Nacional de Águas (ANA) po- dições para sua suspensão, rescisão e renovação;
derá firmar contratos de gestão, por prazo deter- VI – a impossibilidade de delegação da com-
minado, com entidades sem fins lucrativos que petência prevista no inciso III do art. 44 da Lei
se enquadrem no disposto pelo art. 47 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997;
nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que receberem VII – a forma de relacionamento da entidade de-
delegação do Conselho Nacional de Recursos Hí- legatária com o respectivo ou respectivos Comitês
dricos (CNRH) para exercer funções de competên- de Bacia Hidrográfica;
116
LEI Nº 10.881, DE 9 DE JUNHO DE 2004
XVIII – manifestar-se sobre os pedidos de am- VII – seis representantes de organizações civis
pliação dos prazos para as outorgas de direito de de recursos hídricos.
uso de recursos hídricos de domínio da União, es- § 1º Os representantes de que tratam os incisos
tabelecidos nos incisos I e II do art. 5º e seu § 2º da I, II, III e IV do caput deste artigo e seus suplentes,
Lei nº 9.984, de 2000; serão indicados pelos titulares dos respectivos ór-
XIX – delegar, quando couber, por prazo deter- gãos e designados pelo Presidente do Conselho
minado, nos termos do art. 51 da Lei nº 9.433, de Nacional de Recursos Hídricos.
1997, aos consórcios e associações intermunici- § 2º Os representantes referidos no inciso V do
pais de bacias hidrográficas, com autonomia ad- caput deste artigo serão indicados pelos Conse-
ministrativa e financeira, o exercício de funções lhos Estaduais de Recursos Hídricos e seus suplen-
de competência das Agências de Água, enquanto tes deverão, obrigatoriamente, ser de outro Estado.
estas não estiverem constituídas. § 3º Os representantes mencionados no in-
ciso VI do caput deste artigo, e seus suplentes, se-
Art. 2º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos
rão indicados, respectivamente:
será presidido pelo Ministro de Estado do Meio
I – dois, pelos irrigantes;
Ambiente e terá a seguinte composição:
II – dois, pelas instituições encarregadas da
I – um representante de cada um dos seguintes
prestação de serviço público de abastecimento
Ministérios:
de água e de esgotamento sanitário;
a) da Fazenda;
III – dois, pelas concessionárias e autorizadas de
b) do Planejamento, Orçamento e Gestão;
geração hidrelétrica;
c) das Relações Exteriores;
IV – dois, pelo setor hidroviário, sendo um indi-
d) dos Transportes;
cado pelo setor portuário;
e) da Educação;
V – três, pela indústria, sendo um indicado pelo
f) da Justiça;
setor minero-metalúrgico; e
g) da Saúde; VI – um, pelos pescadores e usuários de recur-
h) da Cultura; sos hídricos com finalidade de lazer e turismo.
i) do Desenvolvimento Agrário; § 4º Os representantes referidos no inciso VII do
j) do Turismo; e caput deste artigo, e seus suplentes, serão indica-
l) das Cidades; dos, respectivamente:
II – dois representantes de cada um dos seguin- I – dois, pelos comitês, consórcios e associações
tes Ministérios: intermunicipais de bacias hidrográficas, sendo
a) da Integração Nacional; um indicado pelos comitês de bacia hidrográfica
b) da Defesa; e outro pelos consórcios e associações intermu-
c) do Desenvolvimento, Indústria e Comércio nicipais;
Exterior; II – dois, por organizações técnicas de ensino
d) da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e e pesquisa com interesse e atuação comprovada
e) da Ciência e Tecnologia; na área de recursos hídricos, com mais de cinco
III – três representantes de cada um dos seguin- anos de existência legal, sendo um indicado pelas
tes Ministérios: organizações técnicas e outro pelas entidades de
a) do Meio Ambiente; e ensino e de pesquisa; e
b) de Minas e Energia; III – dois, por organizações não-governamentais
IV – um representante de cada uma das seguin- com objetivos, interesses e atuação comprovada
tes Secretarias Especiais da Presidência da Repú- na área de recursos hídricos, com mais de cinco
blica: anos de existência legal.
a) de Aquicultura e Pesca; e § 5º Os representantes de que tratam os incisos
b) de Políticas para as Mulheres; V, VI e VII do caput deste artigo serão designados
V – dez representantes dos Conselhos Estaduais pelo Presidente do Conselho Nacional de Recur-
de Recursos Hídricos; sos Hídricos e terão mandato de três anos.
VI – doze representantes de usuários de recur- § 6º O titular da Secretaria de Recursos Hídricos
sos hídricos; e do Ministério do Meio Ambiente será o Secretário
119
Executivo do Conselho Nacional de Recursos Hí- maioria absoluta de seus membros e deliberará
dricos. por maioria simples.
§ 7º O Presidente do Conselho Nacional de Re- § 4º Em caso de empate nas decisões, o Presi-
cursos Hídricos será substituído, nas suas faltas e dente do Conselho Nacional de Recursos Hídricos
impedimentos, pelo Secretário Executivo do Con- exercerá o direito do voto de qualidade.
selho e, na ausência deste, pelo conselheiro mais § 5º A participação dos membros do Conselho
antigo, no âmbito do colegiado, dentre os repre-
Nacional de Recursos Hídricos não enseja qual-
sentantes de que tratam os incisos I, II, III e IV do
quer tipo de remuneração e será considerada de
caput deste artigo.
relevante interesse público.
§ 8º A composição do Conselho Nacional de Re-
§ 6º Eventuais despesas com passagens e diá-
cursos Hídricos poderá ser revista após dois anos,
contados a partir da publicação deste Decreto. rias serão custeadas pelos respectivos órgãos e
§ 9º O regimento interno do Conselho Nacional entidades representados no Conselho Nacional
de Recursos Hídricos definirá a forma de participa- de Recursos Hídricos.
ção de instituições diretamente interessadas em § 7º Os representantes das organizações civis
assuntos que estejam sendo objeto de análise de recursos hídricos constantes dos incisos II e III
pelo plenário. do § 4º do art. 2º deste Decreto poderão ter suas
Art. 3º Caberá à Secretaria de Recursos Hídricos despesas de deslocamento e estada pagas à conta
do Ministério do Meio Ambiente, sem prejuízo das de recursos orçamentários do Ministério do Meio
demais competências que lhe são conferidas, pro- Ambiente. (Parágrafo acrescido pelo Decreto nº 5.263, de
ver os serviços de Secretaria Executiva do Conse- 5/11/2004)
lho Nacional de Recursos Hídricos.
Art. 6º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos,
Art. 4º Compete à Secretaria Executiva do Conse- mediante resolução, poderá constituir câmaras
lho Nacional de Recursos Hídricos: técnicas, em caráter permanente ou temporário.
I – prestar apoio administrativo, técnico e finan-
Art. 7º O regimento interno do Conselho Nacional
ceiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
de Recursos Hídricos será aprovado pela maioria
II – instruir os expedientes provenientes dos Con-
selhos Estaduais de Recursos Hídricos e dos Comi- absoluta de seus membros.
tês de Bacia Hidrográfica; e Art. 8º A Secretaria Executiva do Conselho Nacio-
III – elaborar seu programa de trabalho e res- nal de Recursos Hídricos promoverá a realização
pectiva proposta orçamentária anual e submetê- de assembleias setoriais públicas, que terão por
-los à aprovação do Conselho Nacional de Recur- finalidade a indicação, pelos participantes, dos
sos Hídricos.
representantes e respectivos suplentes de que
Art. 5º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos tratam os incisos VI e VII do caput do art. 2º.
reunir-se á em caráter ordinário a cada seis meses,
Art. 9º Os representantes de que tratam os incisos
no Distrito Federal, e, extraordinariamente, sem-
I, II, III, IV e V do caput do art. 2º, e seus suplentes,
pre que convocado pelo Presidente, por iniciativa
própria ou a requerimento de um terço de seus deverão ser indicados no prazo de trinta dias, con-
membros. tados a partir da publicação deste Decreto.
§ 1º A convocação para a reunião ordinária será Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de
feita com trinta dias de antecedência e para a sua publicação.
reunião extraordinária, com quinze dias de ante-
Art. 11. Ficam revogados os Decretos nos 2.612,
cedência.
§ 2º As reuniões extraordinárias poderão ser rea- de 3 de junho de 1998, 3.978, de 22 de outubro de
lizadas fora do Distrito Federal, sempre que razões 2001, e 4.174, de 25 de março de 2002.
superiores assim o exigirem, por decisão do Presi- Brasília, 11 de março de 2003; 182º da
dente do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Independência e 115º da República.
§ 3º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
reunir-se-á em sessão pública, com a presença da Marina Silva
120
DECRETO Nº 8.834, DE 9 DE AGOSTO DE 2016
121
IX – Agência Nacional de Águas; e RESOLUÇÃO CONAMA Nº 6, DE
X – Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São 16 DE SETEMBRO DE 1987
Francisco. (Publicada no DOU de 22/10/1987)
§ 1º Compete à Câmara Técnica: Dispõe sobre o licenciamento ambiental de
I – assessorar tecnicamente o CG-PRSF; obras do setor de geração de energia elétrica.
II – promover a interlocução e a integração O Conselho Nacional do Meio Ambiente
entre os diversos órgãos que compõem o CG-PRSF, (Conama), no uso de suas atribuições legais,
quanto à implementação do PRSF; Considerando a necessidade de que sejam edi-
III – elaborar e submeter anualmente ao tadas regras gerais para o licenciamento ambien-
CG-PRSF propostas de Relatório Anual de Ativida- tal de obras de grande porte, especialmente aque-
las nas quais a União tenha interesse relevante
des e de Planejamento para os doze meses sub-
como a geração de energia elétrica, no intuito de
sequentes;
harmonizar conceitos e linguagem entre os diver-
IV – propor metas, estratégias, metodologias,
sos intervenientes no processo, resolve:
prioridades e critérios para as ações e atividades
Art. 1º As concessionárias de exploração, geração
que contribuam para revitalização da Bacia Hidro-
e distribuição de energia elétrica, ao submeterem
gráfica do Rio São Francisco; e
seus empreendimentos ao licenciamento ambien-
V – propor metodologia de monitoramento,
tal perante o órgão estadual competente, deverão
avaliação e medidas de aprimoramento do PRSF.
prestar as informações técnicas sobre o mesmo,
§ 2º A Câmara Técnica poderá convidar repre- conforme estabelecem os termos da legislação
sentantes de outros órgãos e entidades, públicos ambiental e pelos procedimentos definidos nesta
e privados, e especialistas em assuntos pertinen- resolução.
tes ao tema, cuja participação seja considerada
Art. 2º Caso o empreendimento necessite ser li-
necessária ao cumprimento do disposto neste cenciado por mais de um estado, pela abrangência
Decreto. de sua área de influência, os órgãos estaduais de-
§ 3º Os membros titulares e suplentes da Câ- verão manter entendimento prévio no sentido de,
mara Técnica serão indicados pelos órgãos e pelas na medida do possível, uniformizar as exigências.
entidades que a compõem e nomeados pelo Mi- Parágrafo único. A Secretaria Especial do Meio
nistro de Estado da Integração Nacional. Ambiente (Sema)22 supervisionará os entendimen-
tos previstos neste artigo.
Art. 6º A participação no Comitê Gestor e da Câ-
mara Técnica será considerada serviço público re- Art. 3º Os órgãos estaduais competentes e os de-
levante, não remunerada. mais integrantes do Sisnama envolvidos no pro-
cesso de licenciamento, estabelecerão etapas e
Art. 7º Ficam revogados: especificações adequadas às características dos
I – o Decreto de 5 de junho de 2001, que dispõe empreendimentos objeto desta resolução.
sobre o Projeto de Conservação e Revitalização da
Art. 4º Na hipótese dos empreendimentos de apro-
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco; e
veitamento hidroelétrico, respeitadas as peculia-
II – as demais disposições em contrário. ridades de cada caso, a Licença Prévia (LP) deverá
Art. 8º Este Decreto entra em vigor na data de sua ser requerida no início do estudo de viabilidade da
publicação. Usina; a Licença de Instalação (LI) deverá ser obtida
antes da realização da Licitação para construção do
Brasília, 9 de agosto de 2016; 195º da
empreendimento e a Licença de Operação (LO) de-
Independência e 128º da República.
verá ser obtida antes do fechamento da barragem.
MICHEL TEMER
José Sarney Filho Art. 5º No caso de usinas termoelétricas, a LP
Helder Barbalho deverá ser requerida no início do estudo de
22 A Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), vinculada ao Ministério do Interior, foi extinta pela Lei nº 7.735, de 22/2/1989, que
criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). As atribuições em matéria ambiental são
atualmente do Ministério do Meio Ambiente.
122
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 6, DE 16 DE SETEMBRO DE 1987
viabilidade; a LI antes do início da efetiva im- deverá ser elaborado de forma a alcançar efetiva-
plantação do empreendimento e a LO depois dos mente este objetivo, atendido o disposto no pa-
testes realizados e antes da efetiva colocação da rágrafo único do artigo 9º da Resolução Conama
usina em geração comercial de energia. nº 1/1986.
Art. 6º No licenciamento de subestações e linhas Art. 11. Os demais dados técnicos do estudo de
de transmissão, a LP deve ser requerida no início impacto ambiental deverão ser transmitidos ao(s)
do planejamento do empreendimento, antes de órgão(s) estadual(ais) competente(s) com a forma
definida sua localização, ou caminhamento defi- e o cronograma estabelecido de acordo com o ar-
nitivo, a LI, depois de concluído o projeto execu- tigo 8º desta resolução.
tivo e antes do início das obras e a LO, antes da Art. 12. O disposto nesta resolução será aplicado,
entrada em operação comercial. considerando-se as etapas de planejamento ou de
Art. 7º Os documentos necessários para o licen- execução em que se encontra o empreendimento.
ciamento a que se refere os artigos 4º, 5º e 6º são § 1º Caso a etapa prevista para a obtenção da LP
aqueles discriminados no anexo. ou LI já esteja vencida, a mesma não será expedida.
Parágrafo único. Aos órgãos estaduais de meio § 2º A não expedição da LP ou LI, de acordo com
ambiente licenciadores, caberá solicitar informa- o parágrafo anterior, não dispensa a transmissão
ções complementares, julgadas imprescindíveis aos órgãos estaduais competentes dos estudos
ao licenciamento. ambientais executados por força de necessidade
Art. 8º Caso o empreendimento esteja enqua- do planejamento e execução do empreendimento.
drado entre as atividades exemplificadas no artigo § 3º Mesmo vencida a etapa da obtenção da
2º da Resolução Conama nº 1/1986, o estudo de LI, o Rima deverá ser elaborado segundo as in-
impacto ambiental deverá ser encetado, de forma formações disponíveis, além das adicionais que
que, quando da solicitação da LP e concessioná- forem requisitadas pelo(s) órgão(s) ambiental(ais)
ria tenha condições de apresentar ao(s) órgão(s) competente(s) para o licenciamento, de maneira
estadual(ais) competente(s) um relatório sobre o a poder tornar públicas as características do em-
planejamento dos estudos a serem executados, preendimento e suas prováveis consequências
inclusive cronograma tentativo, de maneira a pos- ambientais e socioeconômicas.
sibilitar que sejam fixadas as instruções adicionais § 4º Para o empreendimento que entrou em ope-
previstas no parágrafo único do artigo 6º da Reso- ração a partir de 1º de fevereiro de 1986, sua regu-
lução Conama nº 1/1986. larização se dará pela obtenção da LO, para a qual
§ 1º As informações constantes de inventário, será necessária a apresentação de Rima contendo,
quando houver, deverão ser transmitidas ao(s) no mínimo, as seguintes informações: descrição
órgão(s) estadual(ais) competente(s) responsá- do empreendimento; impactos ambientais positi-
vel(eis) pelo licenciamento. vos e negativos provocados em sua área de influên-
§ 2º A emissão da LP somente será feita após a cia; descrição das medidas de proteção ambiental
análise e aprovação do Rima. e mitigadoras dos impactos ambientais negativos
adotados ou em vias de adoção, além de outros es-
Art. 9º O estudo de impacto ambiental, a prepa-
tudos ambientais já realizados pela concessionária.
ração do Rima, o detalhamento dos aspectos am-
§ 5º Para o empreendimento que entrou em ope-
bientais julgados relevantes a serem desenvolvi-
ração anteriormente a 1º de fevereiro de 1986, sua
dos nas várias fases do licenciamento, inclusive o
regularização se dará pela obtenção da LO sem a
programa de acompanhamento e monitoragem
necessidade de apresentação de Rima, mas com a
dos impactos, serão acompanhados por técnicos
concessionária encaminhando ao(s) órgão(s) esta-
designados para este fim pelo(s) órgão(s) esta-
dual(ais) a descrição geral do empreendimento; a
dual(ais) competente(s).
descrição do impacto ambiental provocado e as me-
Art. 10. O Rima deverá ser acessível ao público, na didas de proteção adotadas ou em vias de adoção.
forma do artigo 11 da Resolução Conama nº 1/1986.
Art. 13. Esta resolução entra em vigor na data de
Parágrafo único. O Rima destinado especifica-
sua publicação.
mente ao esclarecimento público das vantagens DENI LINEU SCHWARTZ
e consequências ambientais do empreendimento Presidente
123
Anexo
Documentos necessários ao licenciamento
124
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 274, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2000
125
ser encontradas em solos, plantas ou quaisquer b) muito boa: quando em 80% ou mais de um
efluentes contendo matéria orgânica; conjunto de amostras obtidas em cada uma das
e) Escherichia coli: bactéria pertencente à fa- cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo
mília Enterobacteriaceae, caracterizada pela pre- local, houver, no máximo, 500 coliformes fecais
sença das enzimas β-galactosidade e β-glicu- (termotolerantes) ou 400 Escherichia coli ou 50
ronidase. Cresce em meio complexo a 44-45º C, enterococos por 100 mililitros;
fermenta lactose e manitol com produção de áci- c) satisfatória: quando em 80% ou mais de um
do e gás e produzindo a partir do aminoácido conjunto de amostras obtidas em cada uma das
triptofano. A Escherichia coli é abundante em fe- cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo
zes humanas e de animais, tendo, somente, sido local, houver, no máximo 1.000 coliformes fecais
encontrada em esgotos, efluentes, águas natu- (termotolerantes) ou 800 Escherichia coli ou 100
rais e solos que tenham recebido contaminação enterococos por 100 mililitros.
fecal recente; § 2º Quando for utilizado mais de um indicador
f) Enterococos: bactérias do grupo dos estrepto- microbiológico, as águas terão as suas condições
cocos fecais, pertencentes ao gênero Enterococcus avaliadas, de acordo com o critério mais restritivo.
(previamente considerado estreptococos do § 3º Os padrões referentes aos enterococos apli-
grupo D), o qual se caracteriza pela alta tolerância cam-se, somente, às águas marinhas.
às condições adversas de crescimento, tais como: § 4º As águas serão consideradas impróprias
capacidade de crescer na presença de 6,5% de clo- quando no trecho avaliado, for verificada uma
reto de sódio, a pH 9,6 e nas temperaturas de 10º das seguintes ocorrências:
e 45º C. A maioria das espécies dos Enterococcus a) não atendimento aos critérios estabelecidos
são de origem fecal humana, embora possam ser para as águas próprias;
isolados de fezes de animais; b) valor obtido na última amostragem for su-
g) floração: proliferação excessiva de micro- perior a 2.500 coliformes fecais (termotolerantes)
-organismos aquáticos, principalmente algas, ou 2.000 Escherichia coli ou 400 enterococos por
com predominância de uma espécie, decorrente 100 mililitros;
do aparecimento de condições ambientais favo-
c) incidência elevada ou anormal, na região, de
ráveis, podendo causar mudança na coloração da
enfermidades transmissíveis por via hídrica, indi-
água e/ou formação de uma camada espessa na
cada pelas autoridades sanitárias;
superfície;
d) presença de resíduos ou despejos, sólidos
h) isóbata: linha que une pontos de igual pro-
ou líquidos, inclusive esgotos sanitários, óleos,
fundidade;
graxas e outras substâncias, capazes de oferecer
i) recreação de contato primário: quando exis-
riscos à saúde ou tornar desagradável a recreação;
tir o contato direto do usuário com os corpos de
e) pH < 6,0 ou pH > 9,0 (águas doces), à exceção
água como, por exemplo, as atividades de natação,
das condições naturais;
esqui aquático e mergulho.
f) floração de algas ou outros organismos, até
Art. 2º As águas doces, salobras e salinas desti- que se comprove que não oferecem riscos à saúde
nadas à balneabilidade (recreação de contato pri- humana;
mário) terão sua condição avaliada nas categorias g) outros fatores que contraindiquem, temporá-
própria e imprópria. ria ou permanentemente, o exercício da recreação
§ 1º As águas consideradas próprias poderão ser de contato primário.
subdivididas nas seguintes categorias: § 5º Nas praias ou balneários sistematicamente
a) excelente: quando em 80% ou mais de um impróprios, recomenda-se a pesquisa de organis-
conjunto de amostras obtidas em cada uma das mos patogênicos.
cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo
Art. 3º Os trechos das praias e dos balneários
local, houver, no máximo, 250 coliformes fecais
serão interditados se o órgão de controle am-
(termotolerantes) ou 200 Escherichia coli ou 25
biental, em quaisquer das suas instâncias (mu-
enterococos por 100 mililitros;
nicipal, estadual ou federal), constatar que a má
126
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 279, DE 27 DE JUNHO DE 2001
qualidade das águas de recreação de contato pri- Art. 8º Recomenda-se aos órgãos ambientais a
mário justifica a medida.25 avaliação das condições parasitológicas e micro-
§ 1º Consideram-se26 como passíveis de in- biológicas da areia, para futuras padronizações.
terdição os trechos em que ocorram acidentes
Art. 9º Aos órgãos de controle ambiental compete
de médio e grande porte, tais como: derrama-
a aplicação desta resolução, cabendo-lhes a divul-
mento de óleo e extravasamento de esgoto, a
gação das condições de balneabilidade das praias
ocorrência de toxicidade ou formação de nata
e dos balneários e a fiscalização para o cumpri-
decorrente de floração de algas ou outros orga-
mento da legislação pertinente.
nismos e, no caso de águas doces, a presença de
moluscos transmissores potenciais de esquistos- Art. 10. Na ausência ou omissão do órgão de
somose e outras doenças de veiculação hídrica. controle ambiental, o Instituto Brasileiro do Meio
§ 2º A interdição e a sinalização, por qualquer Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
um dos motivos mencionados no caput e no § 1º (Ibama) atuará, diretamente, em caráter supletivo.
deste artigo, devem ser efetivadas, pelo órgão de Art. 11. Os órgãos de controle ambiental mante-
controle ambiental competente. rão o Ibama informado sobre as condições de bal-
Art. 4º Quando a deterioração da qualidade das neabilidade dos corpos de água.
praias ou balneários ficar caracterizada como de- Art. 12. A União, os estados, o Distrito Federal e os
corrência da lavagem de vias públicas pelas águas municípios articular-se-ão entre si e com a socie-
da chuva, ou em consequência de outra causa dade, para definir e implementar as ações decor-
qualquer, essa circunstância deverá ser mencio- rentes desta resolução.
nada no boletim de condição das praias e balneá-
Art. 13. O não cumprimento do disposto nesta
rios, assim como qualquer outra que o órgão de
resolução sujeitará os infratores às sanções pre-
controle ambiental julgar relevante.
vistas nas Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981;
Art. 5º A amostragem será feita, preferencialmen- 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e no Decreto
te, nos dias de maior afluência do público às praias nº 3.179, de 21 de setembro de 1999.
ou balneários, a critério do órgão de controle am-
Art. 14. Esta resolução entra em vigor na data de
biental competente.
Parágrafo único. A amostragem deverá ser efe- sua publicação.
tuada em local que apresentar a isóbata de um Art. 15. Ficam revogados os arts. nos 26 a 34, da
metro e onde houver maior concentração de ba- Resolução Conama nº 20,27 de 18 de junho de 1986.
nhistas. JOSÉ SARNEY FILHO
Presidente
Art. 6º Os resultados dos exames poderão, tam-
JOSÉ CARLOS CARVALHO
bém, abranger períodos menores que cinco se- Secretário Executivo
manas, desde que cada um desses períodos seja
especificado e tenham sido colhidas e examina- RESOLUÇÃO CONAMA Nº 279,
das, pelo menos, cinco amostras durante o tempo DE 27 DE JUNHO DE 2001
mencionado, com intervalo mínimo de 24 horas (Publicada no DOU de 29/6/2001)
entre as amostragens.
Estabelece procedimentos para o licencia-
Art. 7º Os métodos de amostragem e análise das mento ambiental simplificado de empreen-
águas devem ser os especificados nas normas dimentos elétricos com pequeno potencial de
aprovadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, impacto ambiental.
Normatização e Qualidade Industrial (Inmetro) ou, O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Co-
na ausência destas, no Standard Methods for the nama), no uso das competências que lhe são con-
Examination of Water and Wastewater (APHA-AW- feridas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,
WA-WPCF), última edição. regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de
127
junho de 1990, e tendo em vista o disposto no seu cado de empreendimentos elétricos com pequeno
Regimento Interno, e potencial de impacto ambiental, aí incluídos:
Considerando a necessidade de estabelecer I – usinas hidrelétricas e sistemas associados;
procedimento simplificado para o licenciamento II – usinas termelétricas e sistemas associados;
ambiental, com prazo máximo de sessenta dias III – sistemas de transmissão de energia elétrica
de tramitação, dos empreendimentos com im- (linhas de transmissão e subestações);
pacto ambiental de pequeno porte, necessários IV – usinas eólicas e outras fontes alternativas
ao incremento da oferta de energia elétrica no de energia.
país, nos termos do art. 8º, § 3º da Medida Provi- Parágrafo único. Para fins de aplicação desta re-
sória nº 2.152-2, de 1º de junho de 2001; solução, os sistemas associados serão analisados
Considerando a crise de energia elétrica e a ne- conjuntamente aos empreendimentos principais.
cessidade de atender a celeridade estabelecida Art. 2º Para os fins desta resolução, são adotadas
pela Medida Provisória nº 2.152-2, de 2001;28 as seguintes definições:
Considerando a dificuldade de definir-se, a I – Relatório Ambiental Simplificado (RAS): os
priori, impacto ambiental de pequeno porte, antes estudos relativos aos aspectos ambientais relacio-
da análise dos estudos ambientais que subsidiam nados à localização, instalação, operação e am-
o processo de licenciamento ambiental e, tendo pliação de uma atividade ou empreendimento,
em vista as diversidades e peculiaridades regio- apresentados como subsídio para a concessão da
nais, bem como as complexidades de avaliação licença prévia requerida, que conterá, dentre ou-
dos efeitos sobre o meio ambiente decorrentes tras, as informações relativas ao diagnóstico am-
da implantação de projetos de energia elétrica; biental da região de inserção do empreendimento,
Considerando as situações de restrição, previs- sua caracterização, a identificação dos impactos
tas em leis e regulamentos, tais como, unidades ambientais e das medidas de controle, de mitiga-
de conservação de uso indireto, terras indígenas, ção e de compensação;
questões de saúde pública, espécies ameaçadas II – Relatório de Detalhamento dos Programas Am-
de extinção, sítios de ocorrência de patrimônio bientais: é o documento que apresenta, detalhada-
histórico e arqueológico, entre outras, e a neces- mente, todas as medidas mitigatórias e compensa-
sidade de cumprimento das exigências que regu- tórias e os programas ambientais propostos no RAS;
lamentam outras atividades correlatas com o pro- III – Reunião Técnica Informativa: Reunião pro-
cesso de licenciamento ambiental; movida pelo órgão ambiental competente, às ex-
Considerando os dispositivos constitucionais, pensas do empreendedor, para apresentação e
em especial o artigo 225, relativos à garantia de discussão do Relatório Ambiental Simplificado,
um ambiente ecologicamente equilibrado e es- Relatório de Detalhamento dos Programas Am-
sencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao bientais e demais informações, garantidas a con-
poder público e a coletividade o dever de defendê- sulta e participação pública;
-lo e preservá-lo para as gerações futuras; IV – Sistemas Associados aos Empreendimentos
Considerando os princípios da eficiência, publi- Elétricos: sistemas elétricos, pequenos ramais de
cidade, participação e precaução; gasodutos e outras obras de infraestrutura com-
Considerando que os procedimentos de licen- provadamente necessárias à implantação e ope-
ciamento ambiental atuais são estabelecidos nas ração dos empreendimentos.
Resoluções Conama nº 1, de 23 de janeiro de 1986,
Art. 3º Ao requerer a Licença Prévia ao órgão am-
e 237, de 19 de dezembro de 1997 e, para em-
biental competente, na forma desta resolução, o
preendimentos do setor elétrico, de forma com-
empreendedor apresentará o Relatório Ambiental
plementar, na Resolução Conama nº 006, de 16 de Simplificado, atendendo, no mínimo, o conteúdo
setembro de 1987, resolve: do Anexo I desta resolução, bem como o registro
Art. 1º Os procedimentos e prazos estabelecidos na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel),
nesta resolução aplicam-se, em qualquer nível de quando couber, e as manifestações cabíveis dos
competência, ao licenciamento ambiental simplifi- órgãos envolvidos.
128
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 279, DE 27 DE JUNHO DE 2001
130
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 284, DE 30 DE AGOSTO DE 2001
Anexo I
Projetos da categoria B
TIPO DE LICENÇA DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
1. Requerimento da LP;
2. Cópia da publicação do pedido da LP;
Licença Prévia (LP) 3. Cópia do pedido de outorga de uso da água;
4. Certidão de anuência da prefeitura municipal ou do governo do Distrito Federal; e
5. Estudos ambientais pertinentes.
1. Requerimento da LI;
2. Cópia da publicação do pedido da LI;
3. Cópia da publicação da concessão da LP;
4. Cópia do documento da Outorga de uso da água ou outro documento que a substitua;
132
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005
Anexo II
Projetos da categoria C
TIPO DE LICENÇA DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
1. Requerimento da LP;
2. Cópia da publicação do pedido da LP;
3. Certidão de anuência da prefeitura municipal ou do governo do Distrito Federal;
Licença Prévia (LP)
4. Estudos de viabilidade técnica, econômica, social e ambiental, inclusive EIA/Rima,
quando couber; e
5. Cópia do pedido de outorga de uso da água.
1. Requerimento da LI;
2. Cópia da publicação do pedido da LI;
3. Cópia da publicação da concessão da LP;
4. Projetos Ambientais e de Engenharia;
5. Autorização de desmatamento ou de supressão de ecossistemas naturais expedida pelo
órgão competente, quando for o caso;
6. Cópia do documento da outorga de uso da água ou outro documento que a substitua; e
Licença de Instalação (LI)
7. Plano de Controle Ambiental envolvendo todas as fases do empreendimento, contendo,
no mínimo:
I – Programa de educação e mobilização ambiental;
II – Programa de recuperação de áreas degradadas;
III – Programa de controle e uso de explosivos na obra;
IV – Programa de controle, proteção e monitoramento dos recursos hídricos e solos;
V – Programa de gestão de resíduos sólidos e uso de agrotóxicos; e
VI – Medidas de proteção da fauna e flora.
1. Requerimento da LO;
Licença de Operação (LO) 2. Cópia da publicação do pedido de LO; e
3. Cópia da publicação da concessão da LI.
XIV – controle de qualidade da água: conjunto zada para acompanhamento da condição e con-
de medidas operacionais que visa avaliar a melho- trole da qualidade do corpo de água;
ria e a conservação da qualidade da água estabe- XXVI – padrão: valor limite adotado como requi-
lecida para o corpo de água; sito normativo de um parâmetro de qualidade de
XV – corpo receptor: corpo hídrico superficial água ou efluente;
que recebe o lançamento de um efluente; XXVII – parâmetro de qualidade da água: subs-
XVI – desinfecção: remoção ou inativação de or- tancias ou outros indicadores representativos da
ganismos potencialmente patogênicos; qualidade da água;
XVII – efeito tóxico agudo: efeito deletério aos XXVIII – pesca amadora: exploração de recursos
organismos vivos causado por agentes físicos ou pesqueiros com fins de lazer ou desporto;
químicos, usualmente letalidade ou alguma outra XXIX – programa para efetivação do enquadra-
manifestação que a antecede, em um curto pe- mento: conjunto de medidas ou ações progres-
ríodo de exposição; sivas e obrigatórias, necessárias ao atendimento
XVIII – efeito tóxico crônico: efeito deletério aos das metas intermediárias e final de qualidade de
organismos vivos causado por agentes físicos ou água estabelecidas para o enquadramento do cor-
químicos que afetam uma ou várias funções bio- po hídrico;
lógicas dos organismos, tais como a reprodução, o XXX – recreação de contato primário: contato di-
crescimento e o comportamento, em um período reto e prolongado com a água (tais como natação,
de exposição que pode abranger a totalidade de mergulho, esqui aquático) na qual a possibilidade
seu ciclo de vida ou parte dele; do banhista ingerir água é elevada;
XIX – efetivação do enquadramento: alcance da XXXI – recreação de contato secundário: refere-
meta final do enquadramento; -se àquela associada a atividades em que o con-
XX – enquadramento: estabelecimento da meta tato com a água é esporádico ou acidental e a pos-
ou objetivo de qualidade da água (classe) a ser, sibilidade de ingerir água é pequena, como na
obrigatoriamente, alcançado ou mantido em um pesca e na navegação (tais como iatismo);
segmento de corpo de água, de acordo com os usos XXXII – tratamento avançado: técnicas de remo-
preponderantes pretendidos, ao longo do tempo; ção e/ou inativação de constituintes refratários aos
XXI – ensaios ecotoxicológicos: ensaios realiza- processos convencionais de tratamento, os quais
dos para determinar o efeito deletério de agentes podem conferir à água características, tais como:
físicos ou químicos a diversos organismos aquá- cor, odor, sabor, atividade tóxica ou patogênica;
ticos; XXXIII – tratamento convencional: clarificação
XXII – ensaios toxicológicos: ensaios realizados com utilização de coagulação e floculação, se-
para determinar o efeito deletério de agentes fí- guida de desinfecção e correção de pH;
sicos ou químicos a diversos organismos visando XXXIV – tratamento simplificado: clarificação
avaliar o potencial de risco à saúde humana; por meio de filtração e desinfecção e correção de
XXIII – Escherichia coli (E. coli): bactéria perten- pH quando necessário;
cente à família Enterobacteriaceae caracterizada XXXV – tributário (ou curso de água afluente):
pela atividade da enzima β-glicuronidase. Produz corpo de água que flui para um rio maior ou para
indol a partir do aminoácido triptofano. É a única um lago ou reservatório;
espécie do grupo dos coliformes termotolerantes XXXVI – vazão de referência: vazão do corpo
cujo habitat exclusivo é o intestino humano e de hídrico utilizada como base para o processo de
animais homeotérmicos, onde ocorre em densi- gestão, tendo em vista o uso múltiplo das águas
dades elevadas; e a necessária articulação das instâncias do Sis-
XXIV – metas: é o desdobramento do objeto tema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) e do
em realizações físicas e atividades de gestão, de Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
acordo com unidades de medida e cronograma Hídricos (SINGRH);
preestabelecidos, de caráter obrigatório; XXXVII – virtualmente ausentes: que não é per-
XXV – monitoramento: medição ou verificação ceptível pela visão, olfato ou paladar; e
de parâmetros de qualidade e quantidade de XXXVIII – (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
água, que pode ser contínua ou periódica, utili- 13/5/2011)
135
CAPÍTULO II d) à recreação de contato secundário; e
DA CLASSIFICAÇÃO DOS CORPOS DE ÁGUA e) à dessedentação de animais;
Art. 3º As águas doces, salobras e salinas do terri- V – classe 4: águas que podem ser destinadas:
tório nacional são classificadas, segundo a quali- a) à navegação; e
dade requerida para os seus usos preponderantes, b) à harmonia paisagística.
em treze classes de qualidade. Seção II
Parágrafo único. As águas de melhor qualidade Das Águas Salinas
podem ser aproveitadas em uso menos exigente,
Art. 5º As águas salinas são assim classificadas:
desde que este não prejudique a qualidade da
I – classe especial: águas destinadas:
água, atendidos outros requisitos pertinentes.
a) à preservação dos ambientes aquáticos em
Seção I unidades de conservação de proteção integral; e
Das Águas Doces b) à preservação do equilíbrio natural das co-
Art. 4º As águas doces são classificadas em: munidades aquáticas;
I – classe especial: águas destinadas: II – classe 1: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, a) à recreação de contato primário, conforme
com desinfecção; Resolução Conama nº 274, de 2000;
b) à preservação do equilíbrio natural das co- b) à proteção das comunidades aquáticas; e
munidades aquáticas; e c) à aquicultura e à atividade de pesca;
c) à preservação dos ambientes aquáticos em III – classe 2: águas que podem ser destinadas:
unidades de conservação de proteção integral; a) à pesca amadora; e
II – classe 1: águas que podem ser destinadas: b) à recreação de contato secundário;
a) ao abastecimento para consumo humano, IV – classe 3: águas que podem ser destinadas:
após tratamento simplificado; a) à navegação; e
b) à proteção das comunidades aquáticas; b) à harmonia paisagística.
c) à recreação de contato primário, tais como
Seção III
natação, esqui aquático e mergulho, conforme
Das Águas Salobras
Resolução Conama nº 274, de 2000;
d) à irrigação de hortaliças que são consumidas Art. 6º As águas salobras são assim classificadas:
cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao I – classe especial: águas destinadas:
solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de a) à preservação dos ambientes aquáticos em
película; e unidades de conservação de proteção integral; e
e) à proteção das comunidades aquáticas em b) à preservação do equilíbrio natural das co-
terras indígenas; munidades aquáticas;
III – classe 2: águas que podem ser destinadas: II – classe 1: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, a) à recreação de contato primário, conforme
após tratamento convencional; Resolução Conama nº 274, de 2000;
b) à proteção das comunidades aquáticas; b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como c) à aquicultura e à atividade de pesca;
natação, esqui aquático e mergulho, conforme d) ao abastecimento para consumo humano
Resolução Conama nº 274, de 2000; após tratamento convencional ou avançado; e
d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de e) à irrigação de hortaliças que são consumidas
parques, jardins, campos de esporte e lazer, com cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao
os quais o público possa vir a ter contato direto; e solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de
e) à aquicultura e à atividade de pesca; película, e à irrigação de parques, jardins, campos
IV – classe 3: águas que podem ser destinadas: de esporte e lazer, com os quais o público possa
a) ao abastecimento para consumo humano, vir a ter contato direto;
após tratamento convencional ou avançado; III – classe 2: águas que podem ser destinadas:
b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas a) à pesca amadora; e
e forrageiras; b) à recreação de contato secundário;
c) à pesca amadora; IV – classe 3: águas que podem ser destinadas:
136
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005
creação de contato primário deverão ser obede- Fósforo total (ambiente lótico
e tributários de ambientes 0,1 mg/L P
cidos os padrões de qualidade de balneabilidade, intermediários)
previstos na Resolução Conama nº 274, de 2000. Lítio total 2,5 mg/L Li
Para os demais usos, não deverá ser excedido um Manganês total 0,1 mg/L Mn
limite de 200 coliformes termotolerantes por 100 Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg
mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6 amos- Níquel total 0,025 mg/L Ni
tras, coletadas durante o período de um ano, com Nitrato 10,0 mg/L N
frequência bimestral. A E. coli poderá ser determi- Nitrito 1,0 mg/L N
nada em substituição ao parâmetro coliformes 3,7 mg/L N, para
termotolerantes de acordo com limites estabele- pH ≤ 7,5
cidos pelo órgão ambiental competente; 2,0 mg/L N, para
7,5 < pH ≤ 8,0
h) DBO 5 dias a 20º C até 3 mg/L O2; Nitrogênio amoniacal total
1,0 mg/L N, para
i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 8,0 < pH ≤ 8,5
6 mg/L O2; 0,5 mg/L N, para
j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de pH > 8,5
Prata total 0,01 mg/L Ag
turbidez (UNT);
138
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005
139
Art. 15. Aplicam-se às águas doces de classe 2 as f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente au-
condições e padrões da classe I previstos no artigo sentes;
anterior, à exceção do seguinte: g) coliformes termotolerantes: para o uso de
I – não será permitida a presença de corantes recreação de contato secundário não deverá ser
provenientes de fontes antrópicas que não sejam excedido um limite de 2.500 coliformes termo-
removíveis por processo de coagulação, sedimen- tolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de
tação e filtração convencionais; pelo menos 6 amostras, coletadas durante o pe-
II – coliformes termotolerantes: para uso de ríodo de um ano, com frequência bimestral. Para
recreação de contato primário deverá ser obede- dessedentação de animais criados confinados
cida a Resolução Conama nº 274, de 2000. Para os não deverá ser excedido o limite de 1.000 colifor-
demais usos, não deverá ser excedido um limite mes termotolerantes por 100 mililitros em 80%
de 1.000 coliformes termotolerantes por 100 mili- ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas
litros em 80% ou mais de pelo menos seis amos- durante o período de um ano, com frequência
tras coletadas durante o período de um ano, com bimestral. Para os demais usos, não deverá ser
frequência bimestral. A E. coli poderá ser deter- excedido um limite de 4.000 coliformes termoto-
minada em substituição ao parâmetro coliformes lerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo
termotolerantes de acordo com limites estabele- menos 6 amostras coletadas durante o período
cidos pelo órgão ambiental competente; de um ano, com periodicidade bimestral. A E. coli
III – cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; poderá ser determinada em substituição ao pa-
IV – turbidez: até 100 UNT; râmetro coliformes termotolerantes de acordo
V – DBO 5 dias a 20°C até 5 mg/L O2; com limites estabelecidos pelo órgão ambiental
VI – OD, em qualquer amostra, não inferior a competente;
5 mg/L O2; h) cianobactérias para dessedentação de ani-
VII – clorofila a: até 30 μg/L; mais: os valores de densidade de cianobactérias
VIII – densidade de cianobactérias: até não deverão exceder 50.000 cel/mL, ou 5 mm3/L;
50.000 cel/mL ou 5 mm3/L; e i) DBO 5 dias a 20°C até 10 mg/L O2;
IX – fósforo total: j) OD, em qualquer amostra, não inferior a
a) até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e 4 mg/L O2;
b) até 0,050 mg/L, em ambientes intermediá- l) turbidez até 100 UNT;
rios, com tempo de residência entre 2 e 40 dias, e m) cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; e
tributários diretos de ambiente lêntico. n) pH: 6,0 a 9,0;
Art. 16. As águas doces de classe 3 observarão as II – padrões de qualidade de água:
seguintes condições e padrões: TABELA III – CLASSE 3 – ÁGUAS DOCES
I – condições de qualidade de água: PADRÕES
a) não verificação de efeito tóxico agudo a or- PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
ganismos, de acordo com os critérios estabeleci- Clorofila a 60 μg/L
dos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua 100.000 cel/mL
Densidade de cianobactérias
ausência, por instituições nacionais ou interna- ou 10 mm3/L
cionais renomadas, comprovado pela realização Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L
de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
método cientificamente reconhecido; Alumínio dissolvido 0,2 mg/L Al
b) materiais flutuantes, inclusive espumas não Arsênio total 0,033 mg/L As
naturais: virtualmente ausentes; Bário total 1,0 mg/L Ba
c) óleos e graxas: virtualmente ausentes; Berílio total 0,1 mg/L Be
d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: Boro total 0,75 mg/L B
provenientes de fontes antrópicas que não sejam Cianeto livre 0,022 mg/L CN
140
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005
TABELA III – CLASSE 3 – ÁGUAS DOCES TABELA III – CLASSE 3 – ÁGUAS DOCES
PADRÕES PADRÕES
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Cobre dissolvido 0,013 mg/L Cu Glifosato 280 μg/L
Cromo total 0,05 mg/L Cr Gution 0,005 μg/L
Ferro dissolvido 5,0 mg/L Fe Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,03 μg/L
Fluoreto total 1,4 mg/L F Lindano (D-HCH) 2,0 μg/L
Fósforo total (ambiente lêntico) 0,05 mg/L P Malation 100,0 μg/L
Fósforo total (ambiente intermediá- Metoxicloro 20,0 μg/L
rio, com tempo de residência entre Paration 35,0 μg/L
0,075 mg/L P
2 e 40 dias, e tributários diretos de
PCBs – Bifenilas policloradas 0,001 μg/L
ambiente lêntico)
Pentaclorofenol 0,009 mg/L
Fósforo total (ambiente lótico e
tributários de ambientes interme- 0,15 mg/L P Substâncias tensoativas que reagem
0,5 mg/L LAS
diários) com o azul de metileno
15 amostras coletadas no mesmo local, não de- Prata total 0,005 mg/L Ag
verá exceder 43 por 100 mililitros, e o percentil Selênio total 0,01 mg/L Se
90% não deverá ultrapassar 88 coliformes termo- Sulfetos (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S
lerantes por 100 mililitros. Esses índices deverão Tálio total 0,1 mg/L Tl
mínimo de 5 amostras. Para os demais usos não Zinco total 0,09 mg/L Zn
deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
termolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais Aldrin + Dieldrin 0,0019 μg/L
de pelo menos 6 amostras coletadas durante o pe- Benzeno 700 μg/L
ríodo de um ano, com periodicidade bimestral. A Carbaril 0,32 μg/L
E. coli poderá ser determinada em substituição ao Clordano (cis + trans) 0,004 μg/L
parâmetro coliformes termotolerantes de acordo 2,4-D 30,0 μg/L
com limites estabelecidos pelo órgão ambiental DDT (p,p’-DDT+ p,p’-DDE + p,p’-DDD) 0,001 μg/L
competente; Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 μg/L
h) carbono orgânico total até 3 mg/L, como C; Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 μg/L
i) OD, em qualquer amostra, não inferior a Endossulfan (α + β + sulfato) 0,01 μg/L
6 mg/L O2; e Endrin 0,004 μg/L
j) pH: 6,5 a 8,5, não devendo haver uma mu- Etilbenzeno 25 μg/L
dança do pH natural maior do que 0,2 unidade; Fenóis totais (substâncias que rea-
60 μg/L C6H5OH
II – padrões de qualidade de água: gem com 4-aminoantipirina)
Gution 0,01 μg/L
TABELA IV – CLASSE 1 – ÁGUAS SALINAS
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 μg/L
PADRÕES
Lindano (D-HCH) 0,004 μg/L
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Malation 0,1 μg/L
Alumínio dissolvido 1,5 mg/L AI
Arsênio total 0,01 mg/L As Metoxicloro 0,03 μg/L
142
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005
III – nas águas salinas onde ocorrer pesca ou cul- de acordo com limites estabelecidos pelo órgão
tivo de organismos, para fins de consumo inten- ambiental competente;
sivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II c) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como
deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em C; e
substituição ou adicionalmente: d) OD, em qualquer amostra, não inferior a
5,0 mg/L O2;
TABELA V – CLASSE 1 – ÁGUAS SALINAS
II – padrões de qualidade de água:
PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA
OU CULTIVO DE ORGANISMOS PARA FINS DE CON- TABELA VI – CLASSE 2 – ÁGUAS SALINAS
SUMO INTENSIVO PADRÕES
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Arsênio total 0,14 μg/L As Arsênio total 0,069 mg/L As
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO Cádmio total 0,04 mg/L Cd
Benzeno 51 μg/L Chumbo total 0,21 mg/L Pb
Benzidina 0,0002 μg/L Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Benzo(a)antraceno 0,018 μg/L Cloro residual total (combinado +
19 μg/L Cl
Benzo(a)pireno 0,018 μg/L livre)
Benzo(b)fluoranteno 0,018 μg/L Cobre dissolvido 7,8 μg/L Cu
Benzo(k)fluoranteno 0,018 μg/L Cromo total 1,1 mg/L Cr
2-Clorofenol 150 μg/L Fósforo total 0,093 mg/L P
2,4-Diclorofenol 290 μg/L Mercúrio total 1,8 μg/L Hg
Criseno 0,018 μg/L Níquel 74 μg/L Ni
Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 μg/L Nitrato 0,70 mg/L N
1,2-Dicloroetano 37 μg/L Nitrito 0,20 mg/L N
1,1-Dicloroeteno 3 μg/L Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N
3,3-Diclorobenzidina 0,028 μg/L Polifosfatos (determinado pela dife-
rença entre fósforo ácido hidrolisável 0,0465 mg/L P
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 μg/L
total e fósforo reativo total)
Hexaclorobenzeno 0,00029 μg/L
Selênio total 0,29 mg/L Se
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 μg/L
Zinco total 0,12 mg/L Zn
PCBs (Bifenilas Policloradas) 0,000064 μg/L
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Pentaclorofenol 3,0 μg/L
Aldrin + Dieldrin 0,03 μg/L
Tetracloroeteno 3,3 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,09 μg/L
2,4,6-Triclorofenol 2,4 μg/L
DDT (p,p’-DDT + p,p’-DDE + p,p’-DDD) 0,13 μg/L
Art. 19. Aplicam-se às águas salinas de classe 2 as Endrin 0,037 μg/L
condições e padrões de qualidade da classe 1, pre- Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,053 μg/L
vistos no artigo anterior, à exceção dos seguintes: Lindano (γ - HCH) 0,16 μg/L
I – condições de qualidade de água: Pentaclorofenol 13,0 μg/L
Art. 21. As águas salobras de classe 1 observarão PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
a) não verificação de efeito tóxico crônico a or- Berílio total 5,3 μg/L Be
Boro 0,5 mg/L B
ganismos, de acordo com os critérios estabeleci-
Cádmio total 0,005 mg/L Cd
dos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua
Chumbo total 0,01 mg/L Pb
ausência, por instituições nacionais ou interna-
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
cionais renomadas, comprovado pela realização
Cloro residual total (combinado +
de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro 0,01 mg/L Cl
livre)
método cientificamente reconhecido;
Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu
b) carbono orgânico total: até 3 mg/L, como C;
Cromo total 0,05 mg/L Cr
c) OD, em qualquer amostra, não inferior a
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe
5 mg/L O2;
Fluoreto total 1,4 mg/L F
d) pH: 6,5 a 8,5;
Fósforo total 0,124 mg/L P
e) óleos e graxas: virtualmente ausentes; Manganês total 0,1 mg/L Mn
f) materiais flutuantes: virtualmente ausentes; Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg
g) substâncias que produzem cor, odor e turbi- Níquel total 0,025 mg/L Ni
dez: virtualmente ausentes; Nitrato 0,40 mg/L N
h) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente au- Nitrito 0,07 mg/L N
sentes; e Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N
i) coliformes termotolerantes: para o uso de re- Polifosfatos (determinado pela dife-
creação de contato primário deverá ser obedecida rença entre fósforo ácido hidrolisável 0,062 mg/L P
a Resolução Conama nº 274, de 2000. Para o cul- total e fósforo reativo total)
tivo de moluscos bivalves destinados à alimenta- Prata total 0,005 mg/L Ag
ção humana, a média geométrica da densidade Selênio total 0,01 mg/L Se
de coliformes termotolerantes, de um mínimo de Sulfetos (como H2S não dissociado) 0,002 mg/L S
15 amostras coletadas no mesmo local, não de- Zinco total 0,09 mg/L Zn
verá exceder 43 por 100 mililitros, e o percentil PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
90% não deverá ultrapassar 88 coliformes termo- Aldrin + Dieldrin 0,0019 μg/L
lerantes por 100 mililitros. Esses índices deverão Benzeno 700 μg/L
mínimo de 5 amostras. Para a irrigação de horta- Clordano (cis + trans) 0,004 μg/L
liças que são consumidas cruas e de frutas que se 2,4-D 10,0 μg/L
desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas DDT (p,p’-DDT+ p,p’-DDE + p,p’-DDD) 0,001 μg/L
144
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005
TABELA VII – CLASSE 1 – ÁGUAS SALOBRAS TABELA VIII – CLASSE 1 – ÁGUAS SALOBRAS
PADRÕES PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO OU CULTIVO DE ORGANISMOS PARA FINS DE CON-
SUMO INTENSIVO
Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 μg/L
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 μg/L
1,2-Dicloroetano 37,0 μg/L
Endrin 0,004 μg/L
3,3-Diclorobenzidina 0,028 μg/L
Endossulfan (α + β + sulfato) 0,01 μg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 μg/L
Etilbenzeno 25,0 μg/L
Hexaclorobenzeno 0,00029 μg/L
Fenóis totais (substâncias que rea- 0,003 mg/L
gem com 4-aminoantipirina) C6H5OH Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 μg/L
Gution 0,01 μg/L Pentaclorofenol 3,0 μg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 μg/L PCBs (Bifenilas Policloradas) 0,000064 μg/L
Lindano (γ - HCH) 0,004 μg/L Tetracloroeteno 3,3 μg/L
Malation 0,1 μg/L Tricloroeteno 30 μg/L
Metoxicloro 0,03 μg/L 2,4,6-Triclorofenol 2,4 μg/L
Monoclorobenzeno 25 μg/L Art. 22. Aplicam-se às águas salobras de classe 2 as
Paration 0,04 μg/L condições e padrões de qualidade da classe 1, pre-
Pentaclorofenol 7,9 μg/L vistos no artigo anterior, à exceção dos seguintes:
PCBs (Bifenilas Policloradas) 0,03 μg/L I – condições de qualidade de água:
Substâncias tensoativas que reagem a) não verificação de efeito tóxico agudo a or-
0,2 LAS
com azul de metileno
ganismos, de acordo com os critérios estabeleci-
2,4,5-T 10,0 μg/L
dos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua
Tolueno 215 μg/L
ausência, por instituições nacionais ou interna-
Toxafeno 0,0002 μg/L
2,4,5-TP 10,0 μg/L
cionais renomadas, comprovado pela realização
Tributilestanho 0,010 μg/L TBT
de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 80,0 μg/L método cientificamente reconhecido;
b) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como C;
III – nas águas salobras onde ocorrer pesca ou
c) OD, em qualquer amostra, não inferior a
cultivo de organismos, para fins de consumo inten- 4 mg/L O2; e
sivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II d) coliformes termotolerantes: não deverá ser
deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em excedido um limite de 2.500 por 100 mililitros em
substituição ou adicionalmente: 80% ou mais de pelo menos seis amostras coleta-
das durante o período de um ano, com frequên-
TABELA VIII – CLASSE 1 – ÁGUAS SALOBRAS
cia bimestral. A E. coli poderá ser determinada em
PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA
OU CULTIVO DE ORGANISMOS PARA FINS DE CON-
substituição ao parâmetro coliformes termotole-
SUMO INTENSIVO rantes de acordo com limites estabelecidos pelo
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO órgão ambiental competente;
Arsênio total 0,14 μg/L As II – padrões de qualidade de água:
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO TABELA IX – CLASSE 2 – ÁGUAS SALOBRAS
Benzeno 51 μg/L PADRÕES
Benzidina 0,0002 μg/L PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Benzo (a) antraceno 0,018 μg/L Arsênio total 0,069 mg/L As
Benzo(a)pireno 0,018 μg/L Cádmio total 0,04 mg/L Cd
Benzo(b)fluoranteno 0,018 μg/L Chumbo total 0,210 mg/L Pb
Benzo(k)fluoranteno 0,018 μg/L Cromo total 1,1 mg/L Cr
2-Clorofenol 150 μg/L Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Criseno 0,018 μg/L Cloro residual total (combinado +
19,0 μg/L Cl
Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 μg/L livre)
2,4-Diclorofenol 290 μg/L Cobre dissolvido 7,8 μg/L Cu
1,1-Dicloroeteno 3,0 μg/L Fósforo total 0,186 mg/L P
145
TABELA IX – CLASSE 2 – ÁGUAS SALOBRAS Art. 25. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
PADRÕES 13/5/2011)
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO Art. 26. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
Mercúrio total 1,8 μg/L Hg 13/5/2011)
Níquel total 74,0 μg/L Ni
Nitrato 0,70 mg/L N
Art. 27. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
Nitrito 0,20 mg/L N
13/5/2011)
Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N Art. 28. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
Polifosfatos (determinado pela dife- 13/5/2011)
rença entre fósforo ácido hidrolisável 0,093 mg/L P
total e fósforo reativo total) Art. 29. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
Selênio total 0,29 mg/L Se 13/5/2011)
Zinco total 0,12 mg/L Zn
Art. 30. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
13/5/2011)
Aldrin + Dieldrin 0,03 μg/L
Clordano (cis + trans) 0,09 μg/L Art. 31. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
DDT (p,p’-DDT + p,p’-DDE + p,p’-DDD) 0,13 μg/L 13/5/2011)
Endrin 0,037 μg/L Art. 32. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,053 μg/L 13/5/2011)
Lindano (D-HCH) 0,160 μg/L
Art. 33. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
Pentaclorofenol 13,0 μg/L
13/5/2011)
Toxafeno 0,210 μg/L
Tributilestanho 0,37 μg/L TBT Art. 34. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
13/5/2011)
Art. 23. As águas salobras de classe 3 observarão
as seguintes condições e padrões: Art. 35. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
I – pH: 5 a 9; 13/5/2011)
II – OD, em qualquer amostra, não inferior a Art. 36. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
3 mg/L O2; 13/5/2011)
III – óleos e graxas: toleram-se iridescências;
Art. 37. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
IV – materiais flutuantes: virtualmente ausentes;
13/5/2011)
V – substâncias que produzem cor, odor e turbi-
dez: virtualmente ausentes; CAPÍTULO V
VI – substâncias facilmente sedimentáveis que DIRETRIZES AMBIENTAIS PARA
contribuam para o assoreamento de canais de na- O ENQUADRAMENTO
vegação: virtualmente ausentes; Art. 38. O enquadramento dos corpos de água
VII – coliformes termotolerantes: não deverá ser dar-se-á de acordo com as normas e procedimen-
excedido um limite de 4.000 coliformes termotole- tos definidos pelo Conselho Nacional de Recursos
rantes por 100 mL em 80% ou mais de pelo menos Hídricos (CNRH) e conselhos estaduais de recur-
seis amostras coletadas durante o período de um sos hídricos.
ano, com frequência bimestral. A E. coli poderá ser § 1º O enquadramento do corpo hídrico será de-
determinada em substituição ao parâmetro coli- finido pelos usos preponderantes mais restritivos
formes termotolerantes de acordo com limites es- da água, atuais ou pretendidos.
tabelecidos pelo órgão ambiental competente; e § 2º Nas bacias hidrográficas em que a condição
VIII – carbono orgânico total até 10,0 mg/L, de qualidade dos corpos de água esteja em desa-
como C. cordo com os usos preponderantes pretendidos,
CAPÍTULO IV deverão ser estabelecidas metas obrigatórias, in-
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE termediárias e final, de melhoria da qualidade da
LANÇAMENTO DE EFLUENTES água para efetivação dos respectivos enquadra-
Art. 24. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de mentos, excetuados nos parâmetros que excedam
13/5/2011) aos limites devido às condições naturais.
146
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 396, DE 3 DE ABRIL DE 2008
§ 3º As ações de gestão referentes ao uso dos Art. 45. O não cumprimento ao disposto nesta re-
recursos hídricos, tais como a outorga e cobrança solução acarretará aos infratores as sanções pre-
pelo uso da água, ou referentes à gestão ambiental, vistas pela legislação vigente.
como o licenciamento, termos de ajustamento de § 1º Os órgãos ambientais e gestores de recur-
conduta e o controle da poluição, deverão basear- sos hídricos, no âmbito de suas respectivas com-
-se nas metas progressivas intermediárias e final petências, fiscalizarão o cumprimento desta reso-
aprovadas pelo órgão competente para a respec- lução, bem como quando pertinente, a aplicação
tiva bacia hidrográfica ou corpo hídrico específico. das penalidades administrativas previstas nas le-
§ 4º As metas progressivas obrigatórias, inter- gislações específicas, sem prejuízo do sanciona-
mediárias e final, deverão ser atingidas em re- mento penal e da responsabilidade civil objetiva
gime de vazão de referência, excetuados os casos do poluidor.
de baías de águas salinas ou salobras, ou outros § 2º As exigências e deveres previstos nesta re-
solução caracterizam obrigação de relevante in-
corpos hídricos onde não seja aplicável a vazão de
teresse ambiental.
referência, para os quais deverão ser elaborados
estudos específicos sobre a dispersão e assimila- Art. 46. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
ção de poluentes no meio hídrico. 13/5/2011)
§ 5º Em corpos de água intermitentes ou com Art. 47. Equiparam-se a perito, os responsáveis
regime de vazão que apresente diferença sazonal técnicos que elaborem estudos e pareceres apre-
significativa, as metas progressivas obrigatórias sentados aos órgãos ambientais.
poderão variar ao longo do ano.
Art. 48. O não cumprimento ao disposto nesta
§ 6º Em corpos de água utilizados por popula-
resolução sujeitará os infratores, entre outras, às
ções para seu abastecimento, o enquadramento e sanções previstas na Lei nº 9.605, de 12 de feve-
o licenciamento ambiental de atividades a mon- reiro de 1998 e respectiva regulamentação.
tante preservarão, obrigatoriamente, as condi-
Art. 49. Esta resolução entra em vigor na data de
ções de consumo.
sua publicação.
CAPÍTULO VI
Art. 50. Revoga-se a Resolução Conama nº 20, de
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
18 de junho de 1986.
Art. 39. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
MARINA SILVA
13/5/2011) Presidente
Art. 40. No caso de abastecimento para consumo
humano, sem prejuízo do disposto nesta resolu- RESOLUÇÃO CONAMA Nº 396,
ção, deverão ser observadas, as normas especí- DE 3 DE ABRIL DE 2008
(Publicada no DOU de 7/4/2008)
ficas sobre qualidade da água e padrões de po-
tabilidade. Dispõe sobre a classificação e diretrizes am-
bientais para o enquadramento das águas
Art. 41. Os métodos de coleta e de análises de subterrâneas e dá outras providências.
águas são os especificados em normas técnicas O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Co-
cientificamente reconhecidas. nama), no uso das competências que lhe são con-
Art. 42. Enquanto não aprovados os respectivos feridas pelo art. 8º, inciso VII, da Lei nº 6.938, de
enquadramentos, as águas doces serão considera- 31 de agosto de 1981, e tendo em vista o disposto
das classe 2, as salinas e salobras classe 1, exceto em seu Regimento Interno, e o que consta do Pro-
se as condições de qualidade atuais forem melho- cesso nº 02000.003671/2005-71, e
res, o que determinará a aplicação da classe mais Considerando que o art. 26 da Constituição Fe-
rigorosa correspondente. deral inclui entre os bens dos estados as águas
subterrâneas;
Art. 43. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de
Considerando que a Lei nº 6.938, de 31 de agos-
13/5/2011)
to de 1981, visa assegurar a preservação, melho-
Art. 44. (Revogado pela Resolução Conama nº 430, de ria e recuperação da qualidade ambiental atra-
13/5/2011) vés da racionalização do uso dos meios, controle
147
e zoneamento das atividades potencialmente po- uma vez que poluídas ou contaminadas, sua re-
luidoras e o estabelecimento de padrões de qua- mediação é lenta e onerosa, resolve:
lidade ambiental;
Art. 1º Esta resolução dispõe sobre a classifica-
Considerando a Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de
ção e diretrizes ambientais para o enquadramento,
1997, que instituiu a Política Nacional dos Recur-
prevenção e controle da poluição das águas sub-
sos Hídricos, particularmente em seus arts. 9º e
terrâneas.
10 que tratam do enquadramento dos corpos de
água em classes, ratifica que cabe à legislação am- CAPÍTULO I
biental estabelecer as classes de corpos de água DAS DEFINIÇÕES
para proceder ao enquadramento dos recursos Art. 2º Para efeito desta resolução são adotadas
hídricos segundo os usos preponderantes; as seguintes definições:
Considerando que a Resolução nº 12, de 19 de ju-
I – águas subterrâneas: águas que ocorrem na-
lho de 2000, do Conselho Nacional de Recursos Hí-
turalmente ou artificialmente no subsolo;
dricos (CNRH), determina que cabe às agências de
II – análises toxicológicas: análises químicas ou
águas ou de bacias, no âmbito de sua área de com-
bioquímicas realizadas com a função de determi-
petência, propor aos respectivos comitês de ba-
nar compostos tóxicos, seus produtos de biotrans-
cias hidrográficas o enquadramento de corpos de
formação ou seus efeitos em materiais biológicos
água em classes, segundo os usos preponderantes;
de organismos potencialmente expostos;
Considerando que a Resolução nº 15, de 11 de
janeiro de 2001, do CNRH, estabelece que o en- III – aquífero: corpo hidrogeológico com capa-
quadramento dos corpos de água em classes dar- cidade de acumular e transmitir água através dos
-se-á segundo as características hidrogeológicas seus poros, fissuras ou espaços resultantes da
dos aquíferos e os seus respectivos usos prepon- dissolução e carreamento de materiais rochosos;
derantes, a serem especificamente definidos; IV – classe de qualidade: conjunto de condições
Considerando a necessidade de integração e padrões de qualidade de água necessários ao
das Políticas Nacionais de Gestão Ambiental, de atendimento dos usos preponderantes, atuais e
Gestão de Recursos Hídricos e de uso e ocupação futuros;
do solo, a fim de garantir as funções social, eco- V – classificação: qualificação das águas subter-
nômica e ambiental das águas subterrâneas; râneas em função de padrões de qualidade que
Considerando que os aquíferos se apresentam possibilite o seu enquadramento;
em diferentes contextos hidrogeológicos e podem VI – condição de qualidade: qualidade apresen-
ultrapassar os limites de bacias hidrográficas, e tada pelas águas subterrâneas, num determinado
que as águas subterrâneas possuem característi- momento, frente aos requisitos de qualidade dos
cas físicas, químicas e biológicas intrínsecas, com usos;
variações hidrogeoquímicas, sendo necessário VII – efetivação do enquadramento: alcance da
que as suas classes de qualidade sejam pautadas
meta final do enquadramento;
nessas especificidades;
VIII – enquadramento: estabelecimento da
Considerando ser a caracterização das águas
meta ou objetivo de qualidade da água (Classe) a
subterrâneas essencial para estabelecer a refe-
ser, obrigatoriamente, alcançado ou mantido em
rência de sua qualidade, a fim de viabilizar o seu
um aquífero, conjunto de aquíferos ou porção
enquadramento em classes;
desses, de acordo com os usos preponderantes
Considerando que o enquadramento expressa
pretendidos, ao longo do tempo;
metas finais a serem alcança das, podendo ser fi-
xadas metas progressivas intermediárias, obriga- IX – Limite de Detecção do Método (LDM): menor
tórias, visando a sua efetivação; concentração de uma substância que pode ser de-
Considerando que a prevenção e controle da tectada, mas não necessariamente quantificada,
poluição estão diretamente relacionados aos usos pelo método utilizado;
e classes de qualidade de água exigidos para um X – Limite de Quantificação Praticável (LQP):
determinado corpo hídrico subterrâneo; menor concentração de uma substância que pode
Considerando a necessidade de se promover ser determinada quantitativamente com precisão
a proteção da qualidade das águas subterrâneas, e exatidão, pelo método utilizado;
148
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 396, DE 3 DE ABRIL DE 2008
XI – Limite de Quantificação da Amostra (LQA): exigem tratamento para quaisquer usos prepon-
LQP ajustado para as características específicas derantes devido às suas características hidrogeo-
da amostra analisada; químicas naturais;
XII – metas: realizações físicas e atividades de III – Classe 2: águas dos aquíferos, conjunto de
gestão, de acordo com unidades de medida e cro- aquíferos ou porção desses, sem alteração de sua
nograma preestabelecidos, de caráter obrigatório; qualidade por atividades antrópicas, e que podem
XIII – monitoramento: medição ou verificação exigir tratamento adequado, dependendo do uso
de parâmetros de qualidade ou quantidade das preponderante, devido às suas características hi-
águas subterrâneas, em frequência definida; drogeoquímicas naturais;
XIV – padrão de qualidade: valor limite adotado IV – Classe 3: águas dos aquíferos, conjunto de
como requisito normativo de um parâmetro de aquíferos ou porção desses, com alteração de sua
qualidade de água, estabelecido com base nos qualidade por atividades antrópicas, para as quais
valores de referência de qualidade e nos valores não é necessário o tratamento em função dessas
máximos permitidos para cada um dos usos pre- alterações, mas que podem exigir tratamento
ponderantes; adequado, dependendo do uso preponderante,
XV – parâmetro de qualidade da água: substân- devido às suas características hidrogeoquímicas
cias ou outros indicadores representativos da qua- naturais;
lidade da água; V – Classe 4: águas dos aquíferos, conjunto de
XVI – remediação: técnica ou conjunto de técni- aquíferos ou porção desses, com alteração de sua
cas utilizadas para a remoção ou atenuação dos qualidade por atividades antrópicas, e que somen-
contaminantes presentes na água subterrânea; te possam ser utilizadas, sem tratamento, para o
XVII – teste de toxicidade: testes realizados com uso preponderante menos restritivo; e
organismos específicos (animais, plantas, micror- VI – Classe 5: águas dos aquíferos, conjunto de
ganismos ou culturas de células) sob condições aquíferos ou porção desses, que possam estar
padronizadas que permitem estabelecer os pos- com alteração de sua qualidade por atividades
antrópicas, destinadas a atividades que não têm
síveis efeitos adversos da amostra avaliada;
requisitos de qualidade para uso.
XVIII – usos preponderantes: principais usos
das águas subterrâneas que incluem, consumo CAPÍTULO III
humano, dessedentação de animais, irrigação e DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE
recreação; QUALIDADE DAS ÁGUAS
XIX – Valor de Referência de Qualidade (VRQ): Art. 4º Os Valores Máximos Permitidos (VMP) para
concentração ou valor de um dado parâmetro que o respectivo uso das águas subterrâneas deverão
define a qualidade natural da água subterrânea; e ser observados quando da sua utilização, com ou
XX – Valor Máximo Permitido (VMP): limite má- sem tratamento, independentemente da classe
ximo permitido de um dado parâmetro, específico de enquadramento.
para cada uso da água subterrânea. Art. 5º As águas subterrâneas da Classe Especial
CAPÍTULO II deverão ter suas condições de qualidade naturais
DA CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS mantidas.
SUBTERRÂNEAS
Art. 6º Os padrões das Classes 1 a 4 deverão ser
Art. 3º As águas subterrâneas são classificadas em: estabelecidos com base nos Valores de Referência
I – Classe Especial: águas dos aquíferos, con- de Qualidade (VRQ), determinados pelos órgãos
junto de aquíferos ou porção desses destinadas à competentes, e nos valores máximos permitidos
preservação de ecossistemas em unidades de con- para cada uso preponderante, observados os
servação de proteção integral e as que contribuam Limites de Quantificação Praticáveis (LQPs) apre-
diretamente para os trechos de corpos de água sentados no Anexo I.
superficial enquadrados como classe especial; Parágrafo único. Os parâmetros que apresenta-
II – Classe 1: águas dos aquíferos, conjunto de rem VMP para apenas um uso serão válidos para
aquíferos ou porção desses, sem alteração de sua todos os outros usos, enquanto VMPs específicos
qualidade por atividades antrópicas, e que não não forem estabelecidos pelo órgão competente.
149
Art. 7º As águas subterrâneas de Classe 1 apre- dos no Anexo I, bem como outros que sejam con-
sentam, para todos os parâmetros, VRQs abaixo siderados necessários.
ou igual dos valores máximos permitidos mais § 3º Os resultados do monitoramento deverão
restritivos dos usos preponderantes. ser analisados estatisticamente e as incertezas de
medição consideradas.
Art. 8º As águas subterrâneas de Classe 2 apre-
§ 4º A avaliação da qualidade da água subter-
sentam, em pelo menos um dos parâmetros, Valor
rânea deverá ser complementada, quando tecni-
de Referência de Qualidade (VRQ) superior ao seu
camente justificado, por meio de testes de toxici-
respectivo Valor Máximo Permitido mais Restritivo
dade com organismos apropriados para cada um
(VMPr+) dos usos preponderantes.
dos usos ou por análises toxicológicas adequadas.
Art. 9º As águas subterrâneas de Classe 3 deverão § 5º Na hipótese dos estudos referidos no pa-
atender ao Valor Máximo Permitido mais Restri- rágrafo anterior tornarem-se necessários em de-
tivo (VMPr+) entre os usos preponderantes, para corrência da atuação de empreendedores identi-
cada um dos parâmetros, exceto quando for con- ficados, as despesas da investigação correrão às
dição natural da água. suas expensas.
Art. 10. As águas subterrâneas de Classe 4 de- Art. 14. Independentemente dos valores máxi-
verão atender aos Valores Máximos Permitidos mos permitidos para as Classes 3 e 4, qualquer au-
menos Restritivos (VMPr-) entre os usos prepon- mento de concentração de contaminantes deverá
derantes, para cada um dos parâmetros, exceto ser monitorado, sua origem identificada e medi-
quando for condição natural da água. das adequadas de prevenção e controle deverão
Art. 11. As águas subterrâneas de Classe 5 não ser adotadas pelos órgãos competentes.
terão condições e padrões de qualidade conforme Art. 15. As amostragens e as análises de água
critérios utilizados nesta resolução. subterrânea e sua interpretação para avaliação
Art. 12. Os parâmetros a serem selecionados da condição de qualidade serão realizadas pelo
para subsidiar a proposta de enquadramento das órgão competente, podendo ser utilizado labora-
águas subterrâneas em classes deverão ser esco- tório próprio, conveniado ou contratado.
lhidos em função dos usos preponderantes, das Art. 16. As amostragens e análises das águas sub-
características hidrogeológicas, hidrogeoquími- terrâneas deverão ser realizadas por laboratórios
cas, das fontes de poluição e outros critérios téc- ou instituições que possuam critérios e procedi-
nicos definidos pelo órgão competente. mentos de qualidade aceitos pelos órgãos respon-
Parágrafo único. Dentre os parâmetros sele- sáveis pelo monitoramento.
cionados, deverão ser considerados, no mínimo,
Art. 17. Para atendimento desta resolução, as
sólidos totais dissolvidos, nitrato e coliformes ter-
amostragens, as análises e o controle de quali-
motolerantes.
dade para caracterização e monitoramento das
Art. 13. Os órgãos competentes deverão moni- águas subterrâneas deverão adotar os seguintes
torar os parâmetros necessários ao acompanha- procedimentos mínimos:
mento da condição de qualidade da água subter- I – as amostras de água subterrânea deverão
rânea, com base naqueles selecionados conforme ser coletadas utilizando métodos padronizados
o artigo 12, bem como pH, turbidez, condutivi- em pontos de amostragem que sejam represen-
dade elétrica e medição de nível de água. tativos da área de interesse;
§ 1º A frequência inicial do monitoramento II – no caso da amostragem ser realizada em
deverá ser no mínimo semestral e definida em poços tubulares e de monitoramento, estes de-
função das características hidrogeológicas e hi- verão ser construídos de acordo com as normas
drogeoquímicas dos aquíferos, das fontes de po- técnicas vigentes;
luição e dos usos pretendidos, podendo ser reava- III – as análises deverão ser realizadas em amos-
liada após um período representativo. tras íntegras, sem filtração ou qualquer outra al-
§ 2º Os órgãos competentes deverão realizar, a teração, a não ser o uso de preservantes que,
cada cinco anos, uma caracterização da qualidade quando necessários, deverão seguir as normas
da água contemplando todos os parâmetros lista- técnicas vigentes;
150
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 396, DE 3 DE ABRIL DE 2008
IV – as análises mencionadas no inciso III, quan- tendo em vista as condições locais, mediante fun-
do tecnicamente justificado, deverão também ser damentação técnica, bem como estabelecer res-
realizadas na fração dissolvida; trições e medidas adicionais, de caráter excepcio-
V – as análises físico-químicas deverão ser rea- nal e temporário.
lizadas utilizando-se métodos padronizados, em
CAPÍTULO IV
laboratórios que atendam aos limites de quanti- DAS DIRETRIZES AMBIENTAIS PARA
ficação praticáveis, listados no Anexo I desta re- PREVENÇÃO E CONTROLE DA POLUIÇÃO
solução; DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
VI – no caso de uma substância ocorrer em con- Art. 20. Os órgãos ambientais em conjunto com
centrações abaixo dos limites de quantificação os órgãos gestores dos recursos hídricos deverão
praticável (LQP), aceitar-se-á o resultado como promover a implementação de áreas de proteção
ausente para fins de atendimento desta resolução; de aquíferos e perímetros de proteção de poços de
VII – no caso do limite de quantificação da abastecimento, objetivando a proteção da quali-
amostra (LQA) ser maior do que o limite de quan- dade da água subterrânea.
tificação praticável (LQP), este também será aceito
Art. 21. Os órgãos ambientais, em conjunto com
para atendimento desta resolução, desde que tec-
os órgãos gestores dos recursos hídricos e da
nicamente justificado; e
saúde, deverão promover a implementação de
VIII – no caso de a substância ser identificada
áreas de restrição e controle do uso da água sub-
na amostra entre o LDM e o LQA, o fato deverá ser
terrânea, em caráter excepcional e temporário,
reportado no laudo analítico com a nota de que
quando, em função da condição da qualidade e
a concentração não pode ser determinada com
quantidade da água subterrânea, houver a neces-
confiabilidade, não se configurando, neste caso,
sidade de restringir o uso ou a captação da água
não conformidade em relação aos VMPs definidos
para proteção dos aquíferos, da saúde humana e
para cada classe.
dos ecossistemas.
Art. 18. Os resultados das análises deverão ser Parágrafo único. Os órgãos de gestão dos recur-
reportados em laudos analíticos contendo, no sos hídricos, de meio ambiente e de saúde deve-
mínimo: rão articular-se para definição das restrições e das
I – identificação do local da amostragem, data medidas de controle do uso da água subterrânea.
e horário de coleta entrada da amostra no labora-
Art. 22. As restrições e exigências da classe de en-
tório, anexando a cadeia de custódia;
quadramento das águas subterrâneas, aprovado
II – indicação do método de análises utilizado
para cada parâmetro analisado; pelo conselho de recursos hídricos competente,
III – limites de quantificação praticados pelo la- deverão ser observadas no licenciamento am-
boratório e da amostra, quando for o caso, para biental, no zoneamento econômico-ecológico e
cada parâmetro analisado; na implementação dos demais instrumentos de
IV – resultados dos brancos do método e gestão ambiental.
surrogates (rastreadores); Art. 23. A recarga artificial e a injeção para con-
V – incertezas de medição para cada parâme- tenção de cunha salina em aquíferos, conjunto de
tro; e aquíferos ou porções desses, das Classes 1, 2, 3 e
VI – ensaios de adição e recuperação dos anali- 4, não poderá causar alteração da qualidade das
tos na matriz (spike). águas subterrâneas que provoque restrição aos
Parágrafo único. Outros documentos, tais como usos preponderantes.
cartas controle, cromatogramas e resultados ob- Art. 24. A injeção em aquíferos, conjunto de aquí-
tidos em ensaios de proficiência, poderão ser so- feros ou porções desses com o objetivo de reme-
licitados a qualquer tempo pelo órgão ambiental diação deverá ter o controle dos órgãos compe-
competente. tentes com o objetivo de alcançar ou manter os
Art. 19. Os órgãos competentes poderão acres- padrões de qualidade para os usos preponderan-
centar outras condições e padrões de qualidade tes e prevenir riscos ambientais.
para as águas dos aquíferos, conjunto de aquífe- Parágrafo único. A injeção a que se refere o
ros ou porção desses ou torná-los mais restritivos, caput deste artigo não deverá promover alteração
151
da condição da qualidade dos aquíferos, conjunto Art. 29. O enquadramento das águas subterrâneas
de aquíferos ou porção desses, adjacentes, sobre- será realizado por aquífero, conjunto de aquíferos
jacentes e subjacentes, exceto para sua melhoria. ou porções desses, na profundidade onde estão
ocorrendo as captações para os usos preponderan-
Art. 25. Nos aquíferos, conjunto de aquíferos ou
tes, devendo ser considerados no mínimo:
porções desses onde ocorrerem injeção ou recarga,
I – a caracterização hidrogeológica e hidrogeo-
conforme especificado nos arts. 21 e 22, deverá ser
química;
implantado um programa específico de monitora-
II – a caracterização da vulnerabilidade e dos
mento da qualidade da água subterrânea.
riscos de poluição;
Art. 26. Nos aquíferos, conjunto de aquíferos ou III – o cadastramento de poços existentes e em
porção desses, em que as águas subterrâneas operação;
estão enquadradas em Classe 5, poderá ser admi- IV – o uso e a ocupação do solo e seu histórico;
tida a injeção direta, mediante controle dos órgãos V – a viabilidade técnica e econômica do enqua-
competentes, com base em estudos hidrogeológi- dramento;
cos apresentados pelo interessado, demonstrando VI – a localização das fontes potenciais de po-
que a injeção não provocará alteração da condição luição; e
de qualidade em relação ao enquadramento das VII – a qualidade natural e a condição de quali-
águas subterrâneas adjacentes, sobrejacentes e dade das águas subterrâneas.
subjacentes, por meio de monitoramento.
Art. 30. Nos aquíferos, conjunto de aquíferos ou
Art. 27. A aplicação e disposição de efluentes e porções desses, em que a condição de qualidade
de resíduos no solo deverão observar os crité- da água subterrânea esteja em desacordo com os
rios e exigências definidos pelos órgãos compe- padrões exigidos para a classe do seu enquadra-
tentes e não poderão conferir às águas subter- mento, deverão ser empreendidas ações de con-
râneas características em desacordo com o seu trole ambiental para a adequação da qualidade
enquadramento. da água à sua respectiva classe, exceto para as
§ 1º A aplicação e a disposição, referidas no substâncias que excedam aos limites estabeleci-
caput, não serão permitidas nos casos em que dos devido à sua condição natural.
as águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou § 1º As ações de controle ambiental referidas
porções desses estejam enquadrados na Classe no caput deverão ser executadas em função das
Especial. metas do enquadramento, podendo ser fixadas
§ 2º A aplicação e a disposição serão precedi- metas progressivas intermediárias.
das de plano específico e programa de monitora- § 2º A adequação gradativa da condição da qua-
mento da qualidade da água subterrânea a serem lidade da água aos padrões exigidos para a classe
aprovados pelo órgão competente. deverá ser definida levando-se em consideração
CAPÍTULO V as tecnologias de remediação disponíveis, a via-
DIRETRIZES AMBIENTAIS PARA bilidade econômica, o uso atual e futuro do solo
O ENQUADRAMENTO DAS e das águas subterrâneas, devendo ser aprovada
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS pelo órgão ambiental competente.
Art. 28. O enquadramento das águas subterrâ- § 3º Constatada a impossibilidade da adequa-
neas dar-se-á de acordo com as normas e proce- ção prevista no parágrafo anterior, deverão ser
dimentos definidos pelo Conselho Nacional de realizados estudos visando o reenquadramento
Recursos Hídricos (CNRH) e conselhos estaduais da água subterrânea.
de recursos hídricos, observadas as diretrizes am- § 4º Medidas de contenção das águas subterrâ-
bientais apresentadas neste capítulo. neas deverão ser exigidas pelo órgão competente,
Parágrafo único. De acordo com esta resolução, quando tecnicamente justificado.
o enquadramento das águas subterrâneas nas Art. 31. Os estudos para enquadramento das
classes será efetuado com base nos usos prepon- águas subterrâneas deverão observar a interco-
derantes mais restritivos atuais ou pretendidos, nexão hidráulica com as águas superficiais, vi-
exceto para a Classe 4, para a qual deverá preva- sando compatibilizar as respectivas propostas de
lecer o uso menos restritivo. enquadramento.
152
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 396, DE 3 DE ABRIL DE 2008
Art. 32. Ficam estabelecidos como condicionan- Parágrafo único. Os órgãos competentes gesto-
tes para o enquadramento das águas subterrâneas res podem, a qualquer momento, incluir outros
em Classe 5 que as mesmas estejam em aquíferos, usos da água subterrânea ou substâncias não lis-
conjunto de aquíferos ou porções desses, confina-
tadas, desde que tecnicamente justificado, defi-
dos, e que apresentem valores de sólidos totais
nindo seus respectivos VMP e LQP.
dissolvidos superiores a 15.000 mg/L.
Art. 35. Deverão ser fomentados estudos para de-
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS finição de valores máximos permitidos que refli-
tam as condições nacionais, especialmente para
Art. 33. A classe de enquadramento das águas
subterrâneas, bem como sua condição de qua- dessedentação de animais e irrigação.
lidade, deverão ser divulgadas, periodicamente, Art. 36. Nas regiões onde houver ocorrência de
pelos órgãos competentes por meio de relatórios elementos radioativos, os órgãos competentes
de qualidade e placas de sinalização nos locais de
deverão caracterizar radioquimicamente as águas
monitoramento.
subterrâneas.
Art. 34. Os Valores Máximos Permitidos (VMP) e os
Limites de Quantificação Praticáveis (LQP), cons- Art. 37. Esta resolução entra em vigor na data de
tantes no Anexo I, deverão ser reavaliados a cada sua publicação.
cinco anos, ou em menor prazo quando tecnica- MARINA SILVA
mente justificado. Presidente
Anexo I
O Anexo I apresenta lista de parâmetros com maior probabilidade de ocorrência em águas subterrâneas,
seus respectivos Valores Máximos Permitidos (VMP) para cada um dos usos considerados como prepon-
derantes e os limites de quantificação praticáveis (LQP), considerados como aceitáveis para aplicação
desta resolução.
153
USOS PREPONDERANTES DA ÁGUA LQP
PARÂMETROS Nº CAS CONSUMO DESSEDENTAÇÃO IRRIGA- PRATICÁVEL
RECREAÇÃO
HUMANO DE ANIMAIS ÇÃO (LQP)
INORGÂNICOS μg.L-1
Molibdênio 7439-98-7 70 150 10 10
Níquel 7440-02-0 20 (3) 1.000 200 100 10
Nitrato
14797-55-8 10.000 90.000 10.000 300
(expresso em N)
Nitrito
14797-65-0 1.000 10.000 1.000 1.000 20
(expresso em N)
Prata 7440-22-4 100 50 10
Selênio 7782-49-2 10 50 20 10 10
Sódio 7440-23-5 200.000 (1) 300.000 1.000
Sólidos Totais
1.000.000(1) 2.000
Dissolvidos (STD)
Sulfato 250.000 (1) 1.000.000 400.000 5.000
Urânio 7440-61-1 15 (2,3) 200 10 (4)
100 (5) 50
Vanádio 7440-62-2 50 100 100 20
Zinco 7440-66-6 5.000 (1) 24.000 2.000 5.000 100
ORGÂNICOS μg.L-1
Acrilamida 79-06-1 0,5 0,15
Benzeno 71-43-2 5 10 2
Benzo antraceno 56-55-3 0,05 0,15
Benzo fluoranteno 205-99-2 0,05 0,15
Benzo(k)
207-08-9 0,05 0,15
fluoranteno
Benzo pireno 50-32-8 0,05 0,01 0,15
Cloreto de vinila 75-01-4 5 2
Clorofórmio 67-66-3 200 100 5
Criseno 218-01-9 0,05 0,15
1,2-Diclorobenzeno 95-50-1 1.000 (1) 5
1,4-Diclorobenzeno 106-46-7 300 (1) 5
1,2-Dicloroetano 107-06-2 10 5 10 5
1,1-Dicloroeteno 75-35-4 30 0,3 5
1,2-Dicloroeteno
(cis + trans) cis (156-59-2)
trans (156-60-5) 50 5 para cada
Dibenzo antraceno 53-70-3 0,05 0,15
Diclorometano 75-09-2 20 50 10
Estireno 100-42-5 20 5
Etilbenzeno 100-41-4 200 (1) 5
Fenóis (10) 3 2 2 10
Indeno (1,2,3)pireno 193-39-005 0,05 0,15
PCBs (somatória de 0,01 para
(9) 0,5 0,1
7) (9) cada
Tetracloreto de
56-23-5 2 5 3 2
carbono
1,2,4-TCB(120-
Triclorobenzenos
82-1);
(1,2,4-TCB + 1,3,5- 20 5 para cada
1,3,5-TCB(108-70-3)
TCB + 1,2,3)
1,2,3-TCB(87-61-6)
154
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 396, DE 3 DE ABRIL DE 2008
155
USOS PREPONDERANTES DA ÁGUA LQP
PARÂMETROS Nº CAS CONSUMO DESSEDENTAÇÃO IRRIGA- PRATICÁVEL
RECREAÇÃO
HUMANO DE ANIMAIS ÇÃO (LQP)
MICRO-ORGANISMOS
Ausentes
E. coli – 200/100 ml 800/100 mL –
em 100 ml
Enterococos – – – – 100/100 mL –
Coliformes Ausentes
– 200/100 ml 1.000/100 mL –
termotolerantes em 100 ml
Legendas
1. Efeito organoléptico.
2. Máxima concentração de substância na água de irrigação em 100 anos de irrigação (proteção de plantas e outros
organismos).
3. Máxima concentração de substância na água de irrigação em 20 anos de irrigação (proteção de plantas e outros
organismos).
4. Taxa de irrigação ≤ 3.500 m3/ha
5. 3.500 < Taxa de irrigação ≤ 7.000 m3/ha
6. 7.000 < Taxa de irrigação ≤ 12.000 m3/ha
7. PCBs = somatória de PCB 28 (2,4,4’-triclorobifenila – nº CAS 7012-37-5), PCB 52 (2,2’,5,5’-tetraclorobifenila – nº CAS
35693-99-3), PCB 101(2,21,4,5,5’-pentaclorobifenila – nº CAS 37680-73-2), PCB 118 (2,3’,4,4’,5-pentaclorobifenila –
nº CAS 31508-00-6), PCB 138 (2,2’,3,4,4’,5’-hexaclorobifenila – nº CAS 35056-28-2), PCB 153 (2,2’4,4’,5,5’-hexaclorobi-
fenila – nº CAS 3505-27-1) e PCB 180 (2,2’,3,4,4’,5,5’-heptaclorobifenila – nº CAS 35065-29-3).
8. Fenóis que reagem com aminoantipirina, válido somente quando ocorre cloração. Os valores máximos permitidos
para fenóis previnem a formação de gosto e odor indesejável na água quando da sua cloração. Para o caso de Limites
de Quantificação (LQP ou LQA) maior que o valor de interesse análises de perfil de sabor deverão ser realizadas de
acordo com métodos analíticos padronizados antes e após a cloração da água. Resultado não objetável indicará
atendimento ao padrão de qualidade requerido.
Anexo II
O Anexo II apresenta um exemplo de estabelecimento de padrões por classe para parâmetros selecio-
nados de acordo com o art. 12, considerando o uso concomitante para consumo humano, dessedentação,
irrigação e recreação.
Motivação da Parâmetros selecionados Padrões por classe – concentração (μg.L-1)
inclusão passíveis de ser de origem natural Classes 1 e 2 (VRQ) Classe 3* Classe 4**
Se VRQ <10 Classe 1
Arsênio 10 200
Se VRQ> 10 Classe 2
Se VRQ <300 Classe 1
Ferro 300 5.000
Características Se VRQ> 300 Classe 2
hidrogeoló-
gicas Se VRQ <10 Classe 1
Chumbo 10 5.000
Se VRQ> 10 Classe 2
Se VRQ <50 Classe 1
Crômio 50 1.000
Se VRQ> 50 Classe 2
Motivação da Parâmetros de
Classes 1 e 2 (VRQ) Classe 3 Classe 4
inclusão origem antrópica
Aldicarb AUSENTE 10 54,9
Uso intensivo
Carbofuran AUSENTE 7 45
na região
Pentaclorofenol AUSENTE 9 10
156
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 398, DE 11 DE JUNHO DE 2008
Legenda:
VRQ – Valor de Referência de Qualidade, definido pelos órgãos competentes, de acordo com art. 60 desta resolução.
*Para a Classe 3, quando o VRQ for superior ao VMPr+ o primeiro será adotado como padrão da classe.
** Para a Classe 4, quando o VRQ for superior ao VMPr- o primeiro será adotado como padrão da classe.
XXII – Plano de Emergência Individual (PEI): ambiental sobre a zona costeira, ou ecossistemas
documento ou conjunto de documentos, que costeiros de alta relevância;
contenha as informações e descreva os procedi- 5. os municípios estuarino-lagunares, mesmo
mentos de resposta da instalação a um incidente que não diretamente defrontantes com o mar,
de poluição por óleo, em águas sob jurisdição na- dada a relevância destes ambientes para a dinâ-
cional, decorrente de suas atividades; mica marítimo-litorânea, ou em estuário lagunar
XXIII – plataforma: instalação ou estrutura, fixa transfronteiriço; e
ou móvel, localizada em águas sob jurisdição na- 6. os municípios que, mesmo não defrontantes
cional, destinada a atividade direta ou indireta- com o mar, tenham todos seus limites estabeleci-
mente relacionada com a pesquisa e a lavra de dos com os municípios referidos nas alíneas an-
recursos minerais oriundos do leito das águas teriores.
interiores ou de seu subsolo, ou do mar, da plata-
Art. 3º A apresentação do plano de emergência
forma continental ou de seu subsolo;
individual dar-se-á por ocasião do licenciamento
XXIV – plataforma desabitada: plataforma ope-
ambiental e sua aprovação quando da concessão
rada automaticamente, com embarque eventual
da Licença de Operação (LO), da Licença Prévia de
de pessoas;
Perfuração (LPper) e da Licença Prévia de Produ-
XXV – porto organizado: porto construído e apa-
ção para pesquisa (LPpro), quando couber.
relhado para atender às necessidades da navega-
§ 1º As instalações em operação deverão ade-
ção e da movimentação de passageiros e ou na
quar seus planos de emergência individuais, na
movimentação e armazenagem de mercadorias,
forma estabelecida nesta resolução, para apro-
concedido ou explorado pela União, cujo tráfego
vação pelo órgão ambiental competente, nos se-
e operações portuárias estejam sob a jurisdição
guintes prazos:
de uma autoridade portuária;
I – para terminais aquaviários, dutos marítimos,
XXVI – instalação portuária publica de pequeno
plataformas, portos organizados, instalações por-
porte: instalação destinada às operações portuá-
rias de movimentação de passageiros, de merca- tuárias e respectivas instalações de apoio, em até
dorias ou ambas, destinados ou provenientes do um ano após a data de entrada em vigor desta re-
transporte de navegação interior; solução;
XXVII – zona costeira: espaço geográfico de inte- II – para terminais, sondas e dutos terrestres, es-
ração do ar, do mar e da terra, incluindo seus recur- taleiros, refinarias, marinas, clubes náuticos e ins-
sos ambientais, abrangendo as seguintes faixas: talações similares, em até dois anos após a data
a) faixa marítima: faixa que se estende mar de entrada em vigor desta resolução.
afora, distando 12 milhas marítimas das Linhas de § 2º Para plataformas de produção de petróleo
Base estabelecidas de acordo com a Convenção ou gás natural desabitadas, cujo controle opera-
das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, com- cional seja realizado de forma centralizada e remo-
preendendo a totalidade do mar territorial; ta, deverá ser elaborado um único plano de emer-
b) faixa terrestre: faixa do continente formada gência individual para o conjunto de plataformas
pelos municípios que sofrem influência direta dos de cada campo, sendo consideradas, nos proce-
fenômenos ocorrentes na zona costeira, a saber: dimentos operacionais de resposta, as especifici-
1. os municípios defrontantes com o mar, assim dades de cada uma das plataformas em questão.
considerados em listagem estabelecida pelo Insti- § 3º Os planos de emergência individuais de
tuto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE); plataformas de um mesmo empreendedor, situa-
2. os municípios não defrontantes com o mar das numa mesma área geográfica definida pelo
que se localizem nas regiões metropolitanas lito- órgão ambiental competente, poderão dispor de
râneas; estrutura organizacional, recursos e procedimen-
3. os municípios contíguos às grandes cidades e tos compartilhados pelo conjunto de plataformas
às capitais estaduais litorâneas, que apresentem desta área geográfica, para as ações de combate a
processo de conurbação; derramamento de óleo no mar, descritos e apre-
4. os municípios próximos ao litoral, até 50 km sentados em documento único.
da linha de costa, que alo quem, em seu território, § 4º Os planos de emergência individuais de ins-
atividades ou infraestruturas de grande impacto talações portuárias, de um mesmo empreendedor,
159
situadas numa mesma área geográfica, poderão § 3º No caso de instalações situadas em áreas
dispor de estrutura organizacional, recursos e pro- próximas a áreas ecologicamente sensíveis pode-
cedimentos compartilhados pelo conjunto dessas rão ser agregados requisitos especiais ao plano de
instalações, para as ações de combate a derrama- emergência individual a critério do órgão ambien-
mento de óleo no mar, descritos e apresentados tal competente.
em documento único, a critério do órgão ambien-
Art. 6º O plano de emergência individual deverá
tal competente.
ser reavaliado pelo empreendedor nas seguintes
§ 5º O plano de emergência individual, quando
situações:
de sua apresentação para análise e aprovação do
I – quando a atualização da análise de risco da
órgão ambiental competente, deverá ser acompa-
instalação recomendar;
nhado de documento contendo as informações
II – sempre que a instalação sofrer modificações
especificadas nos Anexos II e III desta resolução.
físicas, operacionais ou organizacionais capazes
Art. 4º O plano de emergência individual deverá de afetar os seus procedimentos ou a sua capaci-
garantir no ato de sua aprovação, a capacidade da dade de resposta;
instalação para executar, de imediato, as ações de III – quando a avaliação do desempenho do pla-
respostas previstas para atendimento aos inciden- no de emergência individual, decorrente do seu
tes de poluição por óleo, nos seus diversos tipos, acionamento por incidente ou exercício simula-
com emprego de recursos próprios, humanos e do, recomendar;
materiais, que poderão ser complementados com IV – em outras situações, a critério do órgão am-
recursos adicionais de terceiros, por meio de acor- biental competente, desde que justificado tecni-
dos previamente firmados. camente.
Art. 5º O plano de emergência individual da ins- § 1º As avaliações previstas no caput deste ar-
talação deverá ser elaborado de acordo com as tigo deverão ser mantidas pelo empreendedor,
seguintes orientações: devidamente documentadas, pelo menos, por
I – conforme conteúdo mínimo estabelecido no três anos.
Anexo I; § 2º Caso a avaliação do plano de emergência
II – com base nas informações referenciais esta- individual, a que se refere este artigo, resulte na
belecidas no Anexo II; necessidade de alteração nos procedimentos e na
III – com base nos resultados da análise de risco sua capacidade de resposta, o plano deverá ser
da instalação; revisto e as alterações deverão ser submetidas à
IV – conforme os critérios de dimensionamento aprovação do órgão ambiental competente.
da capacidade mínima de resposta estabelecidos Art. 7º O plano de emergência individual e suas al-
no Anexo III; terações serão, obrigatoriamente, arquivados nos
V – de forma integrada com o Plano de Área cor- autos do licenciamento ambiental da instalação.
respondente. Parágrafo único. Após o término das ações de
§ 1º As marinas, clubes náuticos, pequenos resposta a um incidente de poluição por óleo, con-
atracadouros, instalações portuárias públicas de forme definido no plano de emergência individual,
pequeno porte e instalações similares que arma- deverá ser apresentado ao órgão ambiental com-
zenem óleo ou que abasteçam embarcações em petente, em até trinta dias, relatório contendo a
seus cais, e as sondas terrestres deverão possuir análise crítica do seu desempenho.
um plano de emergência individual simplificado,
de acordo com o Anexo IV desta resolução. Art. 8º Esta resolução entra em vigor na data de
§ 2º No caso de apresentação do plano de emer- sua publicação.
gência individual com estrutura ou terminologia Art. 9º Fica revogada a Resolução nº 293, de 12
diferentes daquelas estabelecidas nos Anexos I e de dezembro de 2001, publicada no Diário Oficial
IV, esse deverá conter tabela indicando a corres- da União de 5 de fevereiro de 2002, Seção 1, pá-
pondência entre os tópicos constantes do plano ginas 133 a 137, e disposições em contrário.
apresentado e aqueles constantes dos referidos CARLOS MINC
anexos. Presidente do Conselho
160
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 398, DE 11 DE JUNHO DE 2008
Anexo I
Conteúdo mínimo do plano de emergência individual
O plano de emergência individual deverá ser elaborado de acordo com o seguinte conteúdo mínimo:
1. Identificação da instalação
2. Cenários acidentais
3. Informações e procedimentos para resposta
3.1. Sistemas de alerta de derramamento de óleo
3.2. Comunicação do incidente
3.3. Estrutura organizacional de resposta
3.4. Equipamentos e materiais de resposta
3.5. Procedimentos operacionais de resposta
3.5.1. Procedimentos para interrupção da descarga de óleo
3.5.2. Procedimentos para contenção do derramamento de óleo
3.5.3. Procedimentos para proteção de áreas vulneráveis
3.5.4. Procedimentos para monitoramento da mancha de óleo derramado
3.5.5. Procedimentos para recolhimento do óleo derramado
3.5.6. Procedimentos para dispersão mecânica e química do óleo derramado
3.5.7. Procedimentos para limpeza das áreas atingidas
3.5.8. Procedimentos para coleta e disposição dos resíduos gerados
3.5.9. Procedimentos para deslocamento dos recursos
3.5.10. Procedimentos para obtenção e atualização de informações relevantes
3.5.11. Procedimentos para registro das ações de resposta
3.5.12. Procedimentos para proteção das populações
3.5.13. Procedimentos para proteção da fauna.
4. Encerramento das operações
5. Mapas, cartas náuticas, plantas, desenhos e fotografias
6. Anexos
1. Identificação da instalação
Nesta seção, deverão constar as seguintes informações básicas sobre a instalação:
a) nome, endereço completo, telefone e fax da instalação;
nome, endereço completo, telefone e fax da empresa responsável pela operação da
b) instalação;
c) nome, endereço completo, telefone e fax do representante legal da instalação;
d) nome, cargo, endereço completo, telefone e fax do coordenador das ações de resposta;
e) localização em coordenadas geográficas e situação;
f) descrição dos acessos à instalação.
2. Cenários acidentais
Nesta seção, deverá constar a definição dos cenários acidentais com a indicação do volume do derra-
mamento e do provável comportamento e destino do produto derramado, conforme Anexo II, seção 2.2.
3. Informações e procedimentos para resposta
Nesta seção, deverão constar todas as informações e procedimentos necessários para resposta a um
incidente de poluição por óleo. As informações e procedimentos deverão estar organizados de acordo
com as seções indicadas abaixo.
3.1. Sistemas de alerta de derramamento de óleo
Nesta seção, deverão estar descritos os procedimentos e equipamentos utilizados para alerta de derra-
mamento de óleo.
3.2. Comunicação do incidente
161
Esta seção deverá conter a lista de indivíduos, organizações e instituições oficiais que devem ser comu-
nicadas no caso de um incidente de poluição por óleo. A lista deverá conter, além dos nomes, todos os
meios de contato previstos, incluindo, conforme o caso, telefone (comercial, residencial e celular), fax, rá-
dio (prefixo ou frequência de comunicação), etc. A comunicação inicial do incidente deverá ser feita ao ór-
gão ambiental competente, à Capitania dos Portos ou à capitania fluvial da jurisdição do incidente e ao
órgão regulador da indústria de petróleo, com base no formulário constante do Apêndice 1 deste Anexo.
3.3. Estrutura organizacional de resposta
Nesta seção, deverá constar a estrutura organizacional de resposta a incidentes de poluição por óleo para
cada cenário acidental considerado, incluindo pessoal próprio e contratado. Deverão estar relacionados:
a) funções;
b) atribuições e responsabilidades durante a emergência;
c) tempo máximo estimado para mobilização do pessoal;
d) qualificação técnica dos integrantes para desempenho da função prevista na estrutura organizacional
de resposta.
A estrutura organizacional de resposta deverá estar representada em um organograma que demonstre as
relações entre seus elementos constitutivos. Deverão estar claramente identificado, dentro da estrutura
organizacional, o coordenador das ações de resposta e seu substituto eventual.
3.4. Equipamentos e materiais de resposta
Nesta seção, deverão estar relacionados os equipamentos e materiais de resposta a incidentes de po-
luição por óleo, tais como aqueles destinados à contenção, recolhimento e dispersão do óleo, proteção
e isolamento de áreas vulneráveis, limpeza de áreas atingidas, produtos absorventes e adsorventes,
acondicionamento de resíduos oleosos, veículos (leves e pesados), cuja utilização esteja prevista pela
instalação. Deverão estar indicados:
a) nome, tipo e características operacionais;
b) quantidade disponível;
c) localização;
d) tempo máximo estimado de deslocamento para o local de utilização;
e) limitações para o uso dos equipamentos e materiais;
A relação deverá conter tanto os equipamentos e materiais pertencentes à instalação quanto aqueles
contratados de terceiros, em particular de organizações prestadoras de serviços de resposta a incidentes
de poluição por óleo. No caso de equipamentos e materiais de terceiros, deverão estar anexados os
contratos e outros documentos legais que comprovem a disponibilidade dos equipamentos e materiais
relacionados.
Deverão também estar especificados os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) a serem utilizados
pelas equipes de resposta.
3.5. Procedimentos operacionais de resposta
Nesta seção, deverão estar descritos todos os procedimentos de resposta previstos para controle e limpeza
de derramamento de óleo para cada cenário acidental considerado. Na descrição dos procedimentos,
deverão ser levados em consideração os aspectos relacionados à segurança do pessoal envolvido nas
ações de resposta. A dispersão química, mecânica ou outras técnicas poderão compor a estrutura de
resposta da instalação, desde que justificadas tecnicamente e aceitas pelo órgão ambiental competente.
No caso de vazamento de óleo condensado em plataformas, não se aplicam os procedimentos de con-
tenção e recolhimento citados anteriormente, devido à predominância de aspectos de segurança e sal-
vaguarda da vida humana e à inexistência de fator objetivo de controle da poluição por contenção e
recolhimento.
A descrição dos procedimentos deverá estar organizada de acordo com as seções seguintes.
3.5.1. Procedimentos para interrupção da descarga de óleo
Deverão estar descritos, para cada cenário discutido na seção 2, os procedimentos operacionais previstos
para interrupção da descarga de óleo.
162
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 398, DE 11 DE JUNHO DE 2008
Apêndice do Anexo I
Comunicação inicial do incidente
I – Identificação da instalação que originou o incidente:
Nome da instalação:
( ) Sem condições de informar
II – Data e hora da primeira observação:
Hora:
Dia/mês/ano:
III – Data e hora estimadas do incidente:
Hora:
Dia/mês/ano:
IV – Localização geográfica do incidente:
Latitude:
Longitude:
V – Óleo derramado:
Tipo de óleo:
Volume estimado:
VI – Causa provável do incidente:
( ) Sem condições de informar
VII – Situação atual da descarga do óleo:
( ) paralisada
( ) não foi paralisada
( ) sem condições de informar
VIII – Ações iniciais que foram tomadas:
( ) acionado Plano de Emergência Individual;
( ) outras providências:
( ) sem evidência de ação ou providência até o momento.
IX – Data e hora da comunicação:
Hora:
Dia/mês/ano:
X – Identificação do comunicante:
Nome completo:
Cargo/emprego/função na instalação:
XI – Outras informações julgadas pertinentes:
Assinatura:
Anexo II
Informações referenciais para elaboração do plano de emergência individual
O plano de emergência individual deverá ser apresentado para análise e aprovação do órgão ambiental
competente acompanhado de documento contendo as seguintes informações referenciais:
1. Introdução
2. Identificação e avaliação dos riscos
2.1. Identificação dos riscos por fonte
2.2. Hipóteses acidentais
2.2.1. Descarga de pior caso
3. Análise de vulnerabilidade
4. Treinamento de pessoal e exercícios de resposta
5. Referências Bibliográficas
165
6. Responsáveis Técnicos pela elaboração do Plano de Emergência Individual
7. Responsáveis pela execução do Plano de Emergência Individual
1. Introdução
Nesta seção, deverá ser apresentado resumo descritivo das características da instalação e das principais
operações realizadas.
2. Identificação e avaliação dos riscos
Nesta seção, deverão ser identificadas as fontes potenciais e avaliadas as possíveis consequências de
incidentes de poluição por óleo, de acordo com a análise de risco da instalação.
2.1. Identificação dos riscos por fonte
Deverão estar relacionados todos os tanques, dutos, equipamentos de processo (reator, filtro, separador,
etc.), operações de carga e descarga, navios-tipo e outras fontes potenciais de derramamento de óleo
associadas à instalação, indicando:
a) no caso de tanques, equipamentos de processo e outros reservatórios:
a.1. identificação do tanque, equipamento ou reservatório;
a.2. tipo de tanque ou reservatório (horizontal, vertical, subterrâneo, teto fixo ou flutuante, pressurizado,
etc.);
a.3. tipos de óleo estocados;
a.4. capacidade máxima de estocagem;
a.5. capacidade de contenção secundária (bacias de contenção, reservatórios de drenagem, etc.);
a.6. data e causas de incidentes anteriores de poluição por óleo
b) no caso de dutos:
b.1. identificação do duto;
b.2. diâmetro e extensão do duto;
b.3. origem e destino do duto;
b.4. tipos de óleo transportados;
b.5. pressão, temperatura e vazão máximas de operação;
b.6. data e causas de incidentes anteriores de poluição por óleo;
c) no caso de operações de carga e descarga:
c.1. tipo de operação (carga ou descarga);
c.2. meio de movimentação envolvido (navio, barcaça, caminhão, trem, outro);
c.3. tipos de óleo transferidos;
c.4. vazão máxima de transferência;
c.5. data e causas de incidentes anteriores de poluição por óleo;
d) no caso de navios:
d.1. Tipo de operação;
d.2. tipo de navio envolvido;
d.3. tipo de óleo envolvido;
d.4. capacidade máxima estimada de óleo, incluindo combustível e lubrificantes, dos navios previstos
de operar na instalação;
d.5. data e causas de incidentes anteriores de poluição por óleo na instalação.
e) no caso de outras fontes potenciais de derramamento:
e.1. tipo de fonte ou operação;
e.2. tipos de óleo envolvidos;
e.3. volume ou vazão envolvidos;
e.4. data e causas de incidentes anteriores de poluição por óleo.
Estas informações deverão ser apresentadas conforme tabelas constantes do Apêndice 1 deste Anexo.
A localização dos tanques, dutos, equipamentos de processo, operações de carga e descarga e das outras
166
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 398, DE 11 DE JUNHO DE 2008
fontes potenciais de derramamento identificadas deve estar indicada em desenhos, plantas, cartas e
mapas, em escala apropriada.
2.2. Hipóteses acidentais
A partir da identificação das fontes potenciais de incidentes de poluição por óleo realizada na seção 2.1
deste Anexo, deverão ser relacionadas e discutidas as hipóteses acidentais específicas. Para composição
destas hipóteses, deverão ser levadas em consideração todas as operações desenvolvidas na instalação,
tais como:
a) armazenamento/estocagem;
b) transferência;
c) processo;
d) manutenção;
e) carga e descarga.
Para o caso de navios, deverão ser consideradas manobras de atracação, desatracação e docagem, carga
e descarga, abastecimento, transferência de óleo entre tanques e movimentação na bacia de evolução
da instalação.
Na discussão das hipóteses acidentais deverão ser considerados:
a) o tipo de óleo derramado;
b) o regime do derramamento (instantâneo ou contínuo);
c) o volume do derramamento;
d) a possibilidade do óleo atingir a área externa da instalação;
e) as condições meteorológicas e hidrodinâmicas.
Para o caso de navios, deverão ser considerados os incidentes de carga e descarga, colisão, encalhe,
fissuras de casco, entre outros.
2.2.1. Descarga de pior caso
Nesta seção, deverá ser calculado o volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso
dentre as hipóteses acidentais definidas na seção 2.2. O cálculo do volume do derramamento correspon-
dente à descarga de pior caso deverá ser realizado com base nos seguintes critérios:
a) ano caso de tanques, equipamentos de processo e outros reservatórios:
Vpc = V1, onde:
Vpc – volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso;
V1 – capacidade máxima do tanque, equipamento de processo ou reservatório de maior capacidade30
b) no caso de dutos:
Vpc = (T1 + T2) x Q1 + V1, onde:
Vpc – volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso;
T1 – tempo estimado para detecção do derramamento;
T2 – tempo estimado entre a detecção do derramamento e a interrupção da operação de transferência;
Q1 – vazão máxima de operação do duto;
V1 – volume remanescente na seção do duto, após a interrupção da operação de transferência;31
c) no caso de plataformas de perfuração exploratória ou de desenvolvimento:
Vpc = V1, onde:
Vpc – volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso;
V1 – volume diário estimado32 decorrente da perda de controle do poço x 30 dias;
30 No caso de tanques que operem equalizados, deverá ser considerada a soma da capacidade máxima dos tanques.
31 O volume V1 poderá ser reduzido, mediante justificativa técnica a ser apresentada pelo empreendedor e aprovada pelo órgão am-
biental competente.
32 Para estimativa do volume diário decorrente da perda de controle do poço deverão ser consideradas as características conhecidas
do reservatório. Se estas características forem desconhecidas, devem ser consideradas as características de reservatórios análogos.
A estimativa do volume diário deverá ser acompanhada de justificativa técnica.
167
d) no caso de plataformas de produção:33
Vpc = V1 + V2,34 onde:
Vpc – volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso;
V1 – soma da capacidade máxima de todos os tanques de estocagem e tubulações da plataforma;
V2 – volume diário estimado35 decorrente da perda de controle do poço de maior vazão associado à
plataforma x 30 dias;
e) no caso de instalações terrestres de produção:
Vpc = V1, onde:
Vpc – volume do derramamento correspondente ao cenário de pior caso;
V1 – volume diário estimado36 decorrente da perda de controle do poço de maior vazão associado à
instalação x 30 dias;
f) no caso de operações de carga e descarga:
Vpc = (T1 + T2) x Q1, onde:
Vpc – volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso;
T1 – tempo estimado para detecção do derramamento;
T2 – tempo estimado entre a detecção e a interrupção do derramamento;
Q1 – vazão máxima de operação.
g) No caso de plataformas de armazenamento associadas a plataformas de produção:
Vpc = V1, onde:
Vpc – volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso;
V1 – volume correspondente à maior soma da capacidade de dois tanques de armazenamento adjacentes.
Nos cálculos acima deverão ser utilizadas unidades do Sistema Internacional (SI).
3. Análise de vulnerabilidade
Nesta seção, deverão ser avaliados os efeitos dos incidentes de poluição por óleo sobre a segurança da
vida humana e o meio ambiente nas áreas passíveis de serem atingidas por estes incidentes.
A análise de vulnerabilidade deverá levar em consideração:
a) a probabilidade do óleo atingir determinadas áreas;
b) a sensibilidade destas áreas ao óleo.
A determinação dessas áreas deverá ser realizada a partir das hipóteses acidentais definidas na seção 2.2,
em particular o volume de derramamento correspondente à descarga de pior caso.
As áreas passíveis de serem atingidas deverão ser determinadas por meio:
a) da comparação com incidentes anteriores de poluição por óleo, se aplicável;
b) da utilização de modelos de transporte e dispersão de óleo.
Nas áreas passíveis de serem atingidas por incidentes de poluição por óleo deverá ser avaliada, conforme
o caso, a vulnerabilidade de:
a) pontos de captação de água;
b) áreas residenciais, de recreação e outras concentrações humanas;
c) áreas ecologicamente sensíveis tais como manguezais, bancos de corais, áreas inundáveis, estuários,
locais de desova, nidificação, reprodução, alimentação de espécies silvestres locais e migratórias, etc.;
d) fauna e flora locais;
e) áreas de importância socioeconômica;
f) rotas de transporte aquaviário, rodoviário e ferroviário;
33 Inclui produção para pesquisa e teste de longa duração, conforme Resolução Conama nº 23/1994 e portarias da ANP relacionadas.
34 Quando a perda de controle do poço não comprometer a estocagem da plataforma, Vpc é igual ao maior valor entre V1 e V2.
35 A estimativa do volume diário deverá ser acompanhada de justificativa técnica.
36 Para estimativa do volume diário decorrente da perda de controle do poço deverão ser consideradas as características conhecidas
do reservatório. A estimativa do volume diário deverá ser acompanhada de justificativa técnica.
168
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 398, DE 11 DE JUNHO DE 2008
b) No caso de dutos:
Identifica- Diâmetro Tipo de óleo Pressão máxima Temperatura má- Vazão máxima Data e causas de in-
ção do duto do duto transportado de operação xima de operação de operação cidentes anteriores
Tipo de operação Tipo de óleo transferido Vazão máxima de transferência Data e causas de incidentes anteriores
d) no caso de navios:
Data e causas de
Tipo de fonte ou operação Tipo de óleo envolvido Volume ou vazão envolvidos
incidentes anteriores
Anexo III
Critérios para o Dimensionamento da Capacidade Mínima de Resposta
1. Dimensionamento da capacidade de resposta
2. Capacidade de resposta
2.1. Barreiras de contenção
169
2.2. Recolhedores
2.3. Dispersantes químicos
2.4. Dispersão mecânica
2.5. Armazenamento temporário
2.6. Absorventes
3. Recursos materiais para plataformas
1. Dimensionamento da capacidade de resposta
Para dimensionamento da capacidade de resposta da instalação deverão ser observadas as estratégias
de resposta estabelecidas para os incidentes identificados nos cenários acidentais definidos conforme
a seção 2 do Anexo I.
2. Capacidade de resposta
A capacidade de resposta da instalação deverá ser assegurada por meio de recursos próprios ou de ter-
ceiros provenientes de acordos previamente firmados, obedecidos os critérios de descargas pequenas
(8 m3) e médias (até 200 m3) e de pior caso definidos a seguir. O plano de emergência individual pode
assumir, com base nesses critérios, estruturas e estratégias específicas para cada situação de descarga,
conforme os cenários acidentais estabelecidos e seus requerimentos.
2.1. Barreiras de contenção
As barreiras de contenção deverão ser dimensionadas em função dos cenários acidentais previstos e das es-
tratégias de resposta estabeleci das, contemplando as frentes de trabalho junto à fonte, na limitação do es-
palhamento da mancha e na proteção de áreas vulneráveis prioritárias, obedecidos os seguintes critérios:
ESTRATÉGIA QUANTIDADE MÍNIMA
3 x comprimento do navio ou da fonte de derramamento, em
Cerco completo do navio ou da fonte de derramamento
metros.
De acordo com o cálculo da Capacidade Efetiva Diária de Re-
Contenção da mancha de óleo
colhimento de Óleo (Cedro) – (item 2.2 do Anexo III).
o maior valor entre:
• 3,5 x largura do corpo hídrico, em metros, e
Proteção de rios, canais e outros corpos hídricos
• 1,5 + velocidade máxima da corrente em nós x largura do
corpo hídrico, em metros; até o limite de 350 metros.
2.2 Recolhedores
O cálculo da capacidade de recolhimento deverá obedecer aos seguintes critérios para as descargas
pequena e média:
Descargas pequena (dp) e média (dm)
Capacidade Efetiva Diária
Tempo para disponibilidade de recursos no
Volume de Recolhimento de Óleo
local da ocorrência da descarga
(Cedro)
yy Vdp é o volume de descarga pequena yy Tdp é o tempo para disponibilidade de re-
yy Vdp é igual ao menor valor entre 8 m3 cursos para resposta à descarga pequena Cedrodp é igual a Vdp
e o volume da descarga de pior caso yy Tdp é menor que 2 horas
yy Tdm é o tempo para disponibilidade de
yy Vdm é o volume de descarga média recursos para resposta à descarga média, que
yy Vdm é igual ao menor valor entre 200 poderá ser ampliado, a partir de justificava
Cedrodm é igual a 0,5 x Vdm
m3 e 10% do volume da descarga de técnica, desde que aceita pelo órgão ambien-
pior caso tal competente
yy Tdm é menor que 6 horas
a) No caso de plataformas localizadas além do mar territorial, o valor a ser requerido para Cedrodm,
Tdm, Cedrodp e Tdp poderá ser alterado a partir de justificativa técnica, desde que aceita pelo órgão
ambiental competente.
b) No caso de portos organizados e demais instalações portuárias, e terminais, deverá ser incluído o
cenário de derramamento de óleo por navios dentro dos seguintes limites:
170
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 398, DE 11 DE JUNHO DE 2008
1. Terminais de óleo: a Cedro deverá ser dimensionada para descargas pequena e média.
No caso de derramamento de óleo acima de 200 m3, a instalação deverá apresentar as ações previstas
para garantir a continuidade de resposta ao atendimento da emergência.
2. Portos organizados, demais instalações portuárias e outros terminais: a Cedro deverá ser dimensio-
nada para descarga pequena. No caso de derramamento de óleo acima de 8 m3, a instalação deverá
apresentar as ações previstas para garantir a continuidade de resposta ao atendimento da emergência.
Para a situação de descarga de pior caso, a resposta deve ser planejada de forma escalo nada, con-
forme a tabela a abaixo, onde os valores da Cedro se referem à capacidade total disponível no tempo
especificado:
a) O cálculo do volume da descarga de pior caso para a determinação da Cedro requerida para plata-
formas deverá considerar o volume decorrente da perda de controle do poço durante 4 dias, demons-
trando capacidade de manutenção da estrutura de resposta durante 30 dias, mantendo-se as demais
orientações da seção 2.2.1 do Anexo II.
b) No caso de plataformas localizadas além do mar territorial, os valores a serem requeridos para
Cedrodpc e Tdpc poderão ser alterados a partir de justificativa técnica, desde que aceita pelo órgão
ambiental competente.
c) No caso de rios e outros ambientes lóticos, em função da distância do local da ocorrência da descarga,
o valor a ser requerido para a Cedrodpc poderá ser alterado, a partir de justificativa técnica, desde que
aceita pelo órgão ambiental competente.
d) Nos casos em que o volume da descarga de pior caso (Vpc) for menor que o somatório (S) dos volu-
mes de recolhimento dos três níveis apresentados na tabela anterior, o cálculo da capacidade de reco-
lhimento deverá obedecer aos seguintes critérios:
Anexo IV
Informações para elaboração do plano de emergência individual simplificado
As marinas, clubes náuticos, pequenos atracadouros, instalações portuárias públicas de pequeno porte
e instalações similares que armazenem óleo, que abasteçam embarcações em seus cais, e as sondas
terrestres deverão possuir um plano de emergência individual simplificado, contendo:
1. Identificação do responsável pelo empreendimento, a exemplo do Anexo I, item 1;
2. Identificação do empreendimento, a exemplo do Anexo I, item 1;
3. Identificação das hipóteses acidentais incluindo tipo de óleo manuseado e estimativas de óleo vazado;
4. Procedimentos para comunicação da ocorrência, a exemplo do Anexo I, item 3.2;
5. Descrição das ações imediatas previstas, ou seja, dos procedimentos para ações de resposta incluindo
interrupção do derramamento; contenção e recolhimento do óleo derramado; proteção das áreas sen-
síveis e da fauna; limpeza das áreas atingidas; coleta e disposição dos resíduos gerados – com recursos
próprios e de terceiros, mediante acordo legal previamente firmado;
6. Procedimentos para articulação institucional com os órgãos competentes;
7. Programa de treinamento de pessoal em resposta a incidentes de poluição por óleo.
172
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 413, DE 26 DE JUNHO DE 2009
enquadramento, na tabela de que trata o caput, o e desde que, obrigatoriamente, atenda aos crité-
caso mais restritivo em termos ambientais. rios constantes no parágrafo anterior.
§ 2º Os empreendimentos que utilizem poli- § 3º Os empreendimentos de pequeno porte
cultivo ou sistemas integrados que demonstrem com médio e alto potencial de severidade das es-
a melhor utilização dos recursos e a redução de pécies (PM e PA) e os de médio porte com baixo
resíduos sólidos e líquidos, bem como os que potencial de severidade das espécies (MB) enqua-
possuem sistemas de tratamentos de efluentes drados como passíveis do procedimento simplifi-
ou apresentem sistemas de biossegurança pode- cado de licenciamento ambiental, conforme § 1º,
rão ser enquadrados numa das classes de menor deverão apresentar, além dos documentos do
impacto. Anexo II desta resolução, a documentação mínima
Art. 6º Para a definição dos procedimentos de li- constante do Anexo IV desta resolução.
cenciamento ambiental, os empreendimentos de § 4º Os empreendimentos das demais catego-
aquicultura serão enquadrados em uma das nove rias (MM, MA, GB e GM e GA) serão licenciados por
classes definidas na Tabela 3 do Anexo I desta meio do procedimento ordinário de licenciamento
resolução, conforme a relação entre o porte do ambiental, devendo apresentar, no mínimo, os do-
empreendimento aquícola e o potencial de seve- cumentos constantes do Anexo V desta resolução.
ridade da espécie utilizada no empreendimento, § 5º O disposto neste artigo não se aplica aos
constantes, respectivamente, das Tabelas 1 e 2 do empreendimentos sujeitos ao licenciamento sim-
Anexo I desta resolução. plificado de que trata o art. 9º. (Parágrafo acrescido
§ 1º Os empreendimentos aquícolas de pe- pela Resolução Conama nº 459, de 4/10/2013)
queno porte, independentemente do potencial
Art. 7º Os empreendimentos de pequeno porte e
de severidade das espécies (PB, PM e PA) e os de
que não sejam potencialmente causadores de sig-
médio porte com baixo potencial de severidade
nificativa degradação do meio ambiente poderão,
das espécies (MB) poderão, a critério do órgão
ambiental licenciador, ser licenciados por meio a critério do órgão ambiental licenciador, desde
de procedimento simplificado de licenciamento que cadastrados nesse órgão, ser dispensados do
ambiental, conforme documentação mínima licenciamento ambiental.
constante do Anexo II desta resolução, desde que: Art. 8º Poderá ser admitido um único processo de
I – não estejam em regiões de adensamento de licenciamento ambiental para empreendimentos
cultivos aquícolas, assim definido pelo órgão am- de pequeno porte em regiões adensadas com ati-
biental licenciador; vidades similares, desde que definido o responsá-
II – não seja ultrapassada a capacidade de su- vel legal pelo conjunto de empreendimentos ou
porte dos ambientes aquáticos dulcícolas públi- atividades.
cos;
Art. 9º O licenciamento ambiental de parques
III – não demandem a construção de novos bar-
aquícolas será efetivado em processo administra-
ramentos de cursos-d’água; e
tivo único e a respectiva licença ambiental englo-
IV – não se encontrem em trecho de corpo-
-d’água que apresente floração recorrente de cia- bará todas as áreas aquícolas.
nobactérias acima dos limites previstos na Re- § 1º Poderá ser emitida licença ambiental única,
solução Conama nº 357, de 2005, e que possa por meio de procedimento simplificado, para os
influenciar a qualidade da água bruta destinada parques aquícolas que se situarem em reserva-
ao abastecimento público. tórios artificiais quando estes atenderem aos se-
§ 2º Nos casos dos empreendimentos aquíco- guintes critérios: (Parágrafo acrescido pela Resolução
las de pequeno porte e baixo potencial de severi- Conama nº 459, de 4/10/2013)
dade da espécie (PB), a critério do órgão ambien- I – enquadramento na capacidade de suporte
tal licenciador, o licenciamento ambiental poderá do corpo hídrico para fins de aquicultura, de
ser efetuado mediante licença única, compreen- acordo com definição fornecida pelo órgão res-
dendo a localização, instalação e operação do em- ponsável pela outorga de direito de uso de recur-
preendimento, ou documento equivalente pre- sos hídricos; e
visto na legislação do órgão ambiental licenciador, II – utilização de espécie nativa ou autóctone; ou
175
III – utilização de espécie alóctone ou exótica, II – outorga de direito de uso de recursos hídri-
desde que sejam apresentadas medidas de mitiga- cos, na fase da licença ambiental de operação ou
ção dos impactos potenciais, conforme Anexo VIII. no licenciamento ambiental em etapa única.
§ 2º O disposto no inciso III do § 1º não se aplica Parágrafo único. A outorga de direito de uso de
aos parques aquícolas localizados nas regiões hi- recursos hídricos poderá ser exigida na fase de li-
drográficas amazônica e do Paraguai. (Parágrafo cença ambiental de instalação, se houver a utiliza-
acrescido pela Resolução Conama nº 459, de 4/10/2013) ção de água nessa fase.
§ 3º Para o procedimento simplificado previsto Art. 12. Na ampliação de empreendimentos de
no § 1º deverá ser apresentado: (Parágrafo acrescido aquicultura deverão ser apresentados estudos
pela Resolução Conama nº 459, de 4/10/2013) ambientais referentes ao seu novo enquadra-
I – documentação mínima solicitada para o mento, com base nesta resolução.
procedimento simplificado de licenciamento am-
Art. 13. A edificação de instalações complemen-
biental com licença ambiental única, conforme
tares ou adicionais do empreendimento, assim
Anexo II;
como a permanência no local de equipamentos
II – anteprojeto técnico do empreendimento,
indispensáveis, só será permitida quando previa-
acompanhado de anotação ou registro de respon-
mente caracterizadas no memorial descritivo do
sabilidade técnica;
projeto e devidamente autorizadas pelos órgãos
III – autorização de desmatamento ou de su-
competentes.
pressão de vegetação, expedida pelo órgão am-
biental competente, quando for o caso; Art. 14. A atividade de aquicultura somente será
IV – estudo ambiental do empreendimento, permitida quando houver a utilização de espé-
conforme Anexo V; cies autóctones ou nativas, ou, no caso de espé-
V – programa de monitoramento ambiental, cies alóctones ou exóticas, quando constar de ato
conforme Anexo VI; e normativo federal específico que autorize a sua
VI – medidas de mitigação dos impactos poten- utilização.
ciais quando da utilização de espécies alóctones Art. 15. O uso de formas jovens na aquicultura so-
ou exóticas, conforme Anexo VIII. mente será permitido:
I – quando fornecidas por laboratórios regis-
Art. 10. A instrução inicial do processo de licencia-
trados junto ao órgão federal no que compete à
mento ambiental de empreendimentos de aqui-
sanidade e devidamente licenciados pelo órgão
cultura deverá incluir os seguintes requisitos:
ambiental competente;
I – apresentação pelo empreendedor de reque-
II – quando extraídas de ambiente natural e
rimento de licenciamento ambiental;
autorizado na forma estabelecida na legislação
II – classificação de empreendimento aquícola
pertinente; e
pelo órgão licenciador, conforme tabela 3 do
III – quando se tratar de moluscos bivalves ob-
Anexo I desta resolução, exceto para os parques
tidos por meio de fixação natural em coletores
aquícolas que se enquadrem no § 1º do art. 9º
artificiais, devidamente autorizados pelos órgãos
desta resolução; (Inciso com redação dada pela Reso-
competentes.
lução Conama nº 459, de 4/10/2013)
§ 1º A hipótese prevista no inciso II somente será
III – apresentação dos documentos e das infor-
permitida quando se tratar de moluscos bivalves,
mações pertinentes, referenciadas nos Anexos II
algas macrófitas ou, quando excepcionalmente
e III desta resolução, de acordo com o enquadra-
autorizados pelo órgão ambiental competente,
mento do empreendimento quanto à tipologia do
de outros organismos.
licenciamento ambiental a ser utilizada.
§ 2º O aquicultor é responsável pela compro-
Art. 11. O órgão ambiental licenciador deverá exi- vação da origem das formas jovens introduzi das
gir, no âmbito do processo de licenciamento am- nos cultivos.
biental, os seguintes documentos expedidos pelo § 3º Nos casos de organismos provenientes de
órgão gestor de recursos hídricos, quando couber: fora das fronteiras nacionais deverá ser observada
I – manifestação prévia, na fase da licença am- a legislação específica, não sendo exigido licencia-
biental prévia; e mento ambiental do laboratório de origem.
176
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 413, DE 26 DE JUNHO DE 2009
Art. 16. Para as etapas de licenciamento ambien- Art. 22. Os empreendimentos em operação e que
tal de unidades produtoras de formas jovens de não possuem licença ambiental na data de publi-
organismos aquáticos deverá ser cumprido o cação desta resolução, deverão regularizar sua si-
disposto no termo de referência elaborado pelo tuação em consonância com o órgão ambiental
órgão ambiental licenciador, observadas as in- licenciador.
formações mínimas listadas no Anexo VII desta § 1º A regularização da situação se fará me-
resolução, de acordo com a sua pertinência, sem diante a obtenção da Licença de Operação (LO),
prejuízo de outras informações que sejam consi- nos termos da legislação em vigor, para a qual
deradas relevantes. será exigida a apresentação da documentação
pertinente, contendo, no mínimo:
Art. 17. O licenciamento ambiental de empreen-
I – descrição geral do empreendimento, con-
dimentos de aquicultura em zona costeira deve
forme Anexo III desta resolução;
observar os critérios e limites definidos no zo-
II – estudos ambientais pertinentes e medidas
neamento ecológico-econômico costeiro, Plano
mitigadoras e de proteção ambiental, a critério do
Nacional de Gerenciamento Costeiro, plano esta-
órgão ambiental licenciador; e
dual de gerenciamento costeiro e Planos Locais
III – instrumentos gerenciais existentes ou pre-
de Desenvolvimento da Maricultura (PLDM), sem
vistos para assegurar a implementação das medi-
prejuízo do atendimento aos demais instrumen-
das preconizadas.
tos normativos de uso dos recursos pesqueiros.
§ 2º Os empreendimentos referidos no caput
Parágrafo único. A inexistência dos critérios e
deste artigo deverão requerer a regularização
limites definidos nos instrumentos constantes do
junto ao órgão ambiental competente no prazo
caput deste artigo não impossibilita o licencia-
máximo de 365 dias, contados a partir da data de
mento ambiental de empreendimentos de aqui-
publicação desta resolução.
cultura.
Art. 23. A licença ambiental para atividades ou
Art. 18. Os empreendimentos de aquicultura,
empreendimentos de aquicultura poderá ser con-
quando necessário, deverão implantar mecanis-
cedida sem prejuízo do atendimento das demais
mos de tratamento e controle de efluentes que ga-
disposições legais vigentes.
rantam o atendimento aos padrões estabelecidos
na legislação ambiental vigente. Art. 23-A. Para atendimento dos requerimentos
Parágrafo único. Os empreendimentos em que estabelecidos nos itens 5 e 6 do anexo V, o empre-
seja tecnicamente necessário qualquer meca- endedor poderá se valer de dados secundários. (Ar-
nismo de tratamento ou controle de efluentes de- tigo acrescido pela Resolução Conama nº 459, de 4/10/2013)
verão apresentar ao órgão ambiental licenciador Art. 24. Esta resolução entra em vigor na data
projeto compatível com o disposto no caput deste de sua publicação, aplicando-se seus efeitos aos
artigo. processos de licenciamento em tramitação nos ór-
Art. 19. O órgão ambiental licenciador poderá exi- gãos ambientais competentes, inclusive os casos
gir do empreendedor a adoção de medidas eco- de renovação, em que ainda não tenha sido expe-
nômica e tecnologicamente viáveis de prevenção dida alguma das licenças exigíveis.
e controle de fuga das espécies cultivadas, de- CARLOS MINC
vendo estas medidas constarem obrigatoriamente Presidente do Conselho
como condicionantes das licenças emitidas.
Anexos I a VII
Art. 20. O órgão ambiental licenciador exigirá a (Disponíveis em: http://www.icmbio.gov.br/cepsul/
adoção de padrões construtivos viáveis que redu- images/stories/legislacao/Resolucao/2009/RES_
zam as possibilidades de erosão e rompimento de CONAMA_N413_2009.pdf)
taludes em caso de empreendimentos aquícolas
Anexo VIII
em ambiente terrestre.
(Anexo acrescido pela Resolução Conama nº 459, de
Art. 21. No encerramento das atividades de aqui- 4/10/2013) (Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/
cultura deverá ser apresentado ao órgão ambien- cepsul/images/stories/legislacao/Resolucao/2013/
tal um plano de desativação e recuperação, com res_conama_459_2013_alt_res_conama_413_2009_
cronograma de execução. que_trata_licenciamento_ambiental_aquicultura.pdf)
177
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 430, efluentes, compatível com as condições do res-
DE 13 DE MAIO DE 2011 pectivo corpo receptor.
(Publicada no DOU de 16/5/2011)
CAPÍTULO I
Dispõe sobre as condições e padrões de lan- DAS DEFINIÇÕES
çamento de efluentes, complementa e altera
Art. 4º Para efeito desta resolução adotam-se
a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005,
do Conselho Nacional do Meio Ambiente
as seguintes definições, em complementação
(Conama). àquelas contidas no art. 2º da Resolução Conama
nº 357, de 2005:
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Co-
I – capacidade de suporte do corpo receptor:
nama), no uso das competências que lhe são
valor máximo de determinado poluente que o
conferidas pelo inciso VII do art. 8º da Lei nº 6.938,
corpo hídrico pode receber, sem comprometer a
de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo De-
qualidade da água e seus usos determinados pela
creto nº 99.274, de 6 de junho de 1990 e suas al-
classe de enquadramento;
terações, tendo em vista o disposto em seu Regi-
II – Concentração de Efeito Não Observado
mento Interno, Anexo à Portaria nº 168, de 13 de
(Ceno): maior concentração do efluente que não
junho de 2005, resolve:
causa efeito deletério estatisticamente significa-
Art. 1º Esta resolução dispõe sobre condições, pa- tivo na sobrevivência e reprodução dos organis-
râmetros, padrões e diretrizes para gestão do lan- mos, em um determinado tempo de exposição,
çamento de efluentes em corpos de água recep- nas condições de ensaio;
tores, alterando parcialmente e complementando III – Concentração do Efluente no Corpo Recep-
a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do tor (CECR), expressa em porcentagem:
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). a) para corpos receptores confinados por calhas
Parágrafo único. O lançamento indireto de (rio, córregos, etc.):
efluentes no corpo receptor deverá observar o 1. CECR = [(vazão do efluente) / (vazão do efluen-
disposto nesta resolução quando verificada a te + vazão de referência do corpo receptor)] x 100.
inexistência de legislação ou normas específicas, b) para áreas marinhas, estuarinas e lagos a
disposições do órgão ambiental competente, bem CECR é estabelecida com base em estudo da dis-
como diretrizes da operadora dos sistemas de co- persão física do efluente no corpo hídrico receptor,
leta e tratamento de esgoto sanitário. sendo a CECR limitada pela zona de mistura defi-
nida pelo órgão ambiental;
Art. 2º A disposição de efluentes no solo, mesmo
IV – Concentração Letal Mediana (CL50) ou Con-
tratados, não está sujeita aos parâmetros e pa-
centração Efetiva Mediana (CE50): é a concentração
drões de lançamento dispostos nesta resolução,
do efluente que causa efeito agudo (letalidade ou
não podendo, todavia, causar poluição ou con-
imobilidade) a 50% dos organismos, em determina-
taminação das águas superficiais e subterrâneas.
do período de exposição, nas condições de ensaio;
Art. 3º Os efluentes de qualquer fonte poluido- V – efluente: é o termo usado para caracterizar
ra somente poderão ser lançados diretamente os despejos líquidos provenientes de diversas ati-
nos corpos receptores após o devido tratamento vidades ou processos;
e desde que obedeçam às condições, padrões e VI – emissário submarino: tubulação provida
exigências dispostos nesta resolução e em outras de sistemas difusores destinada ao lançamen-
normas aplicáveis. to de efluentes no mar, na faixa compreendida
Parágrafo único. O órgão ambiental compe- entre a linha de base e o limite do mar territorial
tente poderá, a qualquer momento, mediante brasileiro;
fundamentação técnica: VII – esgotos sanitários: denominação genérica
I – acrescentar outras condições e padrões para para despejos líquidos residenciais, comerciais,
o lançamento de efluentes, ou torná-los mais res- águas de infiltração na rede coletora, os quais
tritivos, tendo em vista as condições do corpo re- podem conter parcela de efluentes industriais e
ceptor; ou efluentes não domésticos;
II – exigir tecnologia ambientalmente adequada VIII – Fator de Toxicidade (FT): número adimen-
e economicamente viável para o tratamento dos sional que expressa a menor diluição do efluente
178
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 430, DE 13 DE MAIO DE 2011
que não causa efeito deletério agudo aos organis- análise técnica fundamentada, autorizar o lança-
mos, num determinado período de exposição, nas mento de efluentes em desacordo com as con-
condições de ensaio; dições e padrões estabelecidos nesta resolução,
IX – lançamento direto: quando ocorre a condu- desde que observados os seguintes requisitos:
ção direta do efluente ao corpo receptor; I – comprovação de relevante interesse público,
X – lançamento indireto: quando ocorre a con- devidamente motivado;
dução do efluente, submetido ou não a tratamento, II – atendimento ao enquadramento do corpo
por meio de rede coletora que recebe outras con- receptor e às metas intermediárias e finais, pro-
tribuições antes de atingir o corpo receptor; gressivas e obrigatórias;
XI – nível trófico: posição de um organismo na III – realização de estudo ambiental tecnica-
cadeia trófica; mente adequado, às expensas do empreendedor
XII – parâmetro de qualidade do efluente: subs- responsável pelo lançamento;
tâncias ou outros indicadores representativos dos IV – estabelecimento de tratamento e exigên-
contaminantes toxicologicamente e ambiental- cias para este lançamento;
mente relevantes do efluente; V – fixação de prazo máximo para o lançamento,
XIII – testes de ecotoxicidade: métodos utiliza- prorrogável a critério do órgão ambiental compe-
dos para detectar e avaliar a capacidade de um tente, enquanto durar a situação que justificou a
agente tóxico provocar efeito nocivo, utilizando excepcionalidade aos limites estabelecidos nesta
bioindicadores dos grandes grupos de uma ca- norma; e
deia ecológica; e VI – estabelecimento de medidas que visem
XIV – zona de mistura: região do corpo receptor, neutralizar os eventuais efeitos do lançamento
estimada com base em modelos teóricos aceitos excepcional.
pelo órgão ambiental competente, que se estende Art. 7º O órgão ambiental competente deverá, por
do ponto de lançamento do efluente, e delimitada meio de norma específica ou no licenciamento
pela superfície em que é atingido o equilíbrio de da atividade ou empreendimento, estabelecer a
mistura entre os parâmetros físicos e químicos, carga poluidora máxima para o lançamento de
bem como o equilíbrio biológico do efluente e substâncias passíveis de estarem presentes ou
os do corpo receptor, sendo específica para cada serem formadas nos processos produtivos, lista-
parâmetro. das ou não no art. 16 desta resolução, de modo a
CAPÍTULO II não comprometer as metas progressivas obriga-
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE tórias, intermediárias e final, estabelecidas para
LANÇAMENTO DE EFLUENTES enquadramento do corpo receptor.
Seção I § 1º O órgão ambiental competente poderá exi-
Das Disposições Gerais gir, nos processos de licenciamento ou de sua re-
novação, a apresentação de estudo de capacidade
Art. 5º Os efluentes não poderão conferir ao corpo
de suporte do corpo receptor.
receptor características de qualidade em desa-
§ 2º O estudo de capacidade de suporte deve
cordo com as metas obrigatórias progressivas, in-
considerar, no mínimo, a diferença entre os pa-
termediárias e final, do seu enquadramento.
drões estabelecidos pela classe e as concentra-
§ 1º As metas obrigatórias para corpos recep-
ções existentes no trecho desde a montante, es-
tores serão estabelecidas por parâmetros especí-
timando a concentração após a zona de mistura.
ficos.
§ 3º O empreendedor, no processo de licencia-
§ 2º Para os parâmetros não incluídos nas
mento, informará ao órgão ambiental as substân-
metas obrigatórias e na ausência de metas inter-
cias que poderão estar contidas no efluente ge-
mediárias progressivas, os padrões de qualidade rado, entre aquelas listadas ou não na Resolução
a serem obedecidos no corpo receptor são os que Conama nº 357, de 2005 para padrões de quali-
constam na classe na qual o corpo receptor estiver dade de água, sob pena de suspensão ou cance-
enquadrado. lamento da licença expedida.
Art. 6º Excepcionalmente e em caráter temporário, § 4º O disposto no § 3º não se aplica aos casos
o órgão ambiental competente poderá, mediante em que o empreendedor comprove que não
179
dispunha de condições de saber da existência de Art. 14. Sem prejuízo do disposto no inciso I do
uma ou mais substâncias nos efluentes gerados parágrafo único do art. 3º desta resolução, o órgão
pelos empreendimentos ou atividades. ambiental competente poderá, quando a vazão
do corpo receptor estiver abaixo da vazão de re-
Art. 8º É vedado, nos efluentes, o lançamento dos
ferência, estabelecer restrições e medidas adicio-
Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), obser-
nais, de caráter excepcional e temporário, aos lan-
vada a legislação em vigor.
çamentos de efluentes que possam, dentre outras
Parágrafo único. Nos processos nos quais pos-
consequências:
sam ocorrer a formação de dioxinas e furanos de-
I – acarretar efeitos tóxicos agudos ou crônicos
verá ser utilizada a tecnologia adequada para a em organismos aquáticos; ou
sua redução, até a completa eliminação. II – inviabilizar o abastecimento das populações.
Art. 9º No controle das condições de lançamento, Art. 15. Para o lançamento de efluentes tratados
é vedada, para fins de diluição antes do seu lan- em leito seco de corpos receptores intermitentes,
çamento, a mistura de efluentes com águas de o órgão ambiental competente poderá definir
melhor qualidade, tais como as águas de abaste- condições especiais, ouvido o órgão gestor de re-
cimento, do mar e de sistemas abertos de refrige- cursos hídricos.
ração sem recirculação.
Seção II
Art. 10. Na hipótese de fonte de poluição geradora Das Condições e Padrões de
de diferentes efluentes ou lançamentos individua- Lançamento de Efluentes
lizados, os limites constantes desta resolução apli- Art. 16. Os efluentes de qualquer fonte poluidora
car-se-ão a cada um deles ou ao conjunto após a somente poderão ser lançados diretamente no
mistura, a critério do órgão ambiental competente. corpo receptor desde que obedeçam as condições
Art. 11. Nas águas de classe especial é vedado o e padrões previstos neste artigo, resguardadas ou-
lançamento de efluentes ou disposição de resí- tras exigências cabíveis:
I – condições de lançamento de efluentes:
duos domésticos, agropecuários, de aquicultura,
a) pH entre 5 a 9;
industriais e de quaisquer outras fontes poluentes,
b) temperatura: inferior a 40°C, sendo que a
mesmo que tratados.
variação de temperatura do corpo receptor não
Art. 12. O lançamento de efluentes em corpos deverá exceder a 3°C no limite da zona de mistura;
de água, com exceção daqueles enquadrados c) materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste
na classe especial, não poderá exceder as condi- de 1 hora em cone Inmhoff. Para o lançamento em
ções e padrões de qualidade de água estabeleci- lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja
dos para as respectivas classes, nas condições da praticamente nula, os materiais sedimentáveis
vazão de referência ou volume disponível, além deverão estar virtualmente ausentes;
de atender outras exigências aplicáveis. d) regime de lançamento com vazão máxima de
Parágrafo único. Nos corpos de água em pro- até 1,5 vez a vazão média do período de atividade
cesso de recuperação, o lançamento de efluentes diária do agente poluidor, exceto nos casos permi-
observará as metas obrigatórias progressivas, in- tidos pela autoridade competente;
termediárias e final. e) óleos e graxas:
1. óleos minerais: até 20 mg/L;
Art. 13. Na zona de mistura serão admitidas con-
2. óleos vegetais e gorduras animais: até
centrações de substâncias em desacordo com os 50 mg/L;
padrões de qualidade estabelecidos para o corpo f) ausência de materiais flutuantes; e
receptor, desde que não comprometam os usos g) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO
previstos para o mesmo. 5 dias a 20°C): remoção mínima de 60% de DBO
Parágrafo único. A extensão e as concentrações sendo que este limite só poderá ser reduzido no
de substâncias na zona de mistura deverão ser ob- caso de existência de estudo de autodepuração
jeto de estudo, quando determinado pelo órgão do corpo hídrico que comprove atendimento às
ambiental competente, às expensas do empreen- metas do enquadramento do corpo receptor;
dedor responsável pelo lançamento. II – Padrões de lançamento de efluentes:
180
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 430, DE 13 DE MAIO DE 2011
to ou atividade, bem como uma cópia impressa Estabelece diretrizes para a formação e fun-
da declaração anual subscrita pelo administra- cionamento dos comitês de bacia hidrográfica.
dor principal e pelo responsável legalmente ha- O Conselho Nacional de Recursos Hídricos
bilitado, acompanhada da respectiva Anotação (CNRH), no uso de suas atribuições, tendo em
de Responsabilidade Técnica, os quais deverão vista o disposto na Lei nº 9.433, de 8 de janeiro
de 1997, e no Decreto nº 2.612, de 3 de junho de
ficar à disposição das autoridades de fiscalização
1998, e
ambiental.
Considerando a necessidade de estabelecer
CAPÍTULO IV diretrizes para a formação e funcionamento dos
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS comitês de bacias hidrográficas, de forma a imple-
Art. 29. Aos empreendimentos e demais ativida- mentar o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, conforme estabelecido pela Lei
des poluidoras que, na data da publicação desta
nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997, resolve:
resolução, contarem com licença ambiental ex-
pedida, poderá ser concedido, a critério do órgão Art. 1º Os comitês de bacias hidrográficas, inte-
grantes do Sistema Nacional de Gerenciamento
ambiental competente, prazo de até três anos,
de Recursos Hídricos, serão instituídos, organiza-
contados a partir da publicação da presente reso-
dos e terão seu funcionamento em conformidade
lução, para se adequarem às condições e padrões
com o disposto nos art. 37 a 40, da Lei nº 9.433, de
novos ou mais rigorosos estabelecidos nesta 1997, observados os critérios gerais estabelecidos
norma. nesta resolução.
§ 1º O empreendedor apresentará ao órgão § 1º Os comitês de bacia hidrográfica são órgãos
ambiental competente o cronograma das medi- colegiados com atribuições normativas, delibera-
das necessárias ao cumprimento do disposto no tivas e consultivas a serem exercidas na bacia hi-
caput deste artigo. drográfica de sua jurisdição.
§ 2º O prazo previsto no caput deste artigo po- § 2º Os comitês de bacia hidrográfica cujo curso
derá ser prorrogado por igual período, desde que de água principal seja de domínio da União serão
vinculados ao Conselho Nacional de Recursos Hí-
tecnicamente motivado.
dricos.
§ 3º As instalações de tratamento de efluentes
§ 3º Os comitês de bacias hidrográficas, deverão
existentes deverão ser mantidas em operação
adequar a gestão de recursos hídricos às diversi-
com a capacidade, condições de funcionamento dades físicas, bióticas, demográficas, econômicas,
e demais características para as quais foram apro- sociais e culturais de sua área de abrangência.
vadas, até que se cumpram às disposições desta
Art. 2º As entidades mencionadas no art. 51 da
resolução. Lei nº 9.433, de 1997, deverão, necessariamente,
Art. 30. O não cumprimento do disposto nesta alterar seus estatutos visando sua adequação ao
resolução sujeitará os infratores, entre outras, às disposto na Lei nº 9.433, de 1997, nesta resolução
sanções previstas na Lei nº 9.605, de 12 de feve- e nas normas complementares supervenientes.
reiro de 1998, e em seu regulamento. Art. 3º As ações dos comitês de bacia hidrográfica
em rios de domínio dos estados, afluentes a rios
Art. 31. Esta resolução entra em vigor na data de
de domínio da União, serão desenvolvidas me-
sua publicação.
diante articulação da União com os estados, ob-
Art. 32. Revogam-se o inciso XXXVIII do art. 2º, os servados os critérios e as normas estabelecidos
arts. 24 a 37 e os arts. 39, 43, 44 e 46, da Resolução pelos conselhos nacional, estaduais e distrital de
Conama nº 357, de 2005. recursos hídricos.
IZABELLA TEIXEIRA Art. 4º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos
Presidente do Conselho só deverá intervir em comitê da bacia hidrográfica
184
RESOLUÇÃO CNRH Nº 5, DE 10 DE ABRIL DE 2000
quando houver manifesta transgressão ao dis- III – aprovar as propostas da agência de água
posto na Lei nº 9.433, de 1997, e nesta resolução. que lhe forem submetidas;
Parágrafo único. Será assegurada ampla defesa IV – compatibilizar os planos de bacias hidro-
ao comitê de bacia hidrográfica objeto da inter- gráficas de cursos de água de tributários, com o
venção de que trata este artigo. plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica
de sua jurisdição;
Art. 5º A área de atuação de cada comitê de bacia
V – submeter, obrigatoriamente, os planos de
será estabelecida no decreto de sua instituição,
recursos hídricos da bacia hidrográfica à audiên-
com base no disposto na Lei nº 9.433, de 1997,
cia pública;
nesta resolução e na divisão hidrográfica nacio-
VI – desenvolver e apoiar iniciativas em educa-
nal, a ser incluída no Plano Nacional de Recursos
ção ambiental em consonância com a Lei nº 9.795,
Hídricos, onde deve constar a caracterização das
de 27 de abril de 1999, que institui a Política Na-
bacias hidrográficas brasileiras, seus níveis e vin-
cional de Educação Ambiental; e
culações.
VII – aprovar seu regimento interno, conside-
Parágrafo único. Enquanto não for aprovado o
rado o disposto nesta resolução.
Plano Nacional de Recursos Hídricos, a Secreta-
Parágrafo único. Das decisões dos comitês de
ria de Recursos Hídricos elaborará a divisão hidro-
bacia hidrográfica, caberá recurso aos conse-
gráfica nacional preliminar, a ser aprovada pelo
lhos nacional, estaduais ou do Distrito Federal de
Conselho Nacional de Recursos Hídricos, tendo
recursos hídricos, de acordo com sua esfera de
em vista a definição que trata o caput deste artigo.
competência.
Art. 6º Os planos de recursos hídricos e as deci-
Art. 8º Deverá constar nos regimentos dos comitês
sões tomadas por comitês de bacias hidrográficas
de bacias hidrográficas, o seguinte:
de sub-bacias deverão ser compatibilizadas com
I – número de votos dos representantes dos
os planos e decisões referentes à respectiva bacia
poderes executivos da União, dos estados, do Dis-
hidrográfica.
trito Federal e dos municípios, obedecido o limite
Parágrafo único. A compatibilização a que se
de quarenta por cento do total de votos;
refere o caput, deste artigo, diz respeito às defi-
II – número de representantes de entidades
nições sobre o regime das águas e os parâmetros
civis, proporcional à população residente no ter-
quantitativos e qualitativos estabelecidos para o
ritório de cada estado e do Distrito Federal, cujos
exutório da sub-bacia.
territórios se situem, ainda que parcialmente,
Art. 7º Cabe aos comitês de bacias hidrográficas, em suas respectivas áreas de atuação, com, pelo
além do disposto no art. 38 da Lei nº 9.433, de menos, vinte por cento do total de votos, garan-
1997, no âmbito de sua área de atuação, observa- tida a participação de pelo menos um represen-
das as deliberações emanadas de acordo com as tante por estado e do Distrito Federal; (Inciso com
respectivas competências do Conselho Nacional redação dada pela Resolução CNRH nº 24, de 24/5/2002)
de Recursos Hídricos ou dos conselhos estaduais, III – número de representantes dos usuários dos
ou do Distrito Federal: recursos hídricos, obedecido quarenta por cento
I – arbitrar, em primeira instância administra- do total de votos; e (Inciso com redação dada pela Re-
tiva, os conflitos relacionados aos recursos hídri- solução CNRH nº 24, de 24/5/2002)
cos, inclusive os relativos aos comitês de bacias de IV – o mandato dos representantes e critérios de
cursos de água tributários; renovação ou substituição. (Inciso com redação dada
II – aprovar o Plano de Recursos Hídricos da pela Resolução CNRH nº 24, de 24/5/2002)
Bacia, respeitando as respectivas diretrizes: § 1º Os mandatos do presidente e do secretá-
a) do comitê de bacia de curso de água do qual rio serão coincidentes, escolhidos pelo voto dos
é tributário, quando existente, para efeito do dis- membros integrantes do respectivo comitê de
posto no art. 6º desta resolução; ou bacia, podendo ser reeleitos uma única vez.
b) do conselho estadual de recursos hídricos, § 2º As reuniões e votações dos comitês serão
ou do Distrito Federal, ou ao Conselho Nacional públicas, dando-se à sua convocação ampla divul-
de Recursos Hídricos, conforme o colegiado que gação, com encaminhamento simultâneo, aos re-
o instituir; presentantes, da documentação completa sobre
185
os assuntos a serem objeto de deliberação. (Pará- mitê de bacia hidrográfica e identificação dos se-
grafo com redação dada pela Resolução CNRH nº 24, de tores usuários de recursos hídricos, tendo em vista
24/5/2002) o que estabelece o art. 14 desta resolução;
§ 3º As alterações dos regimentos dos comitês III – indicação da diretoria provisória; e
somente poderão ser votadas em reunião extraor- IV – a proposta de que trata o art. 9º, desta re-
dinária, convocada especialmente para esse fim, solução.
com antecedência mínima de trinta dias, e de-
Art. 11. A proposta de instituição do comitê será
verão ser aprovadas pelo voto de dois terços dos
submetida ao Conselho Nacional de Recursos Hí-
membros do respectivo comitê. (Parágrafo com reda-
dricos e, se aprovada, será efetivada mediante de-
ção dada pela Resolução CNRH nº 24, de 24/5/2002)
creto do presidente da República.
Art. 9º A proposta de instituição do comitê de § 1º Após a instituição do comitê, caberá ao se-
bacia hidrográfica, cujo rio principal é de domí- cretário executivo do Conselho Nacional de Recur-
nio da União, poderá ser encaminhada ao Conse- sos Hídricos, no prazo de trinta dias, dar posse aos
lho Nacional de Recursos Hídricos se subscrita por respectivos presidente e secretário interinos, com
pelo menos três das seguintes categorias: mandato de até seis meses, com incumbência ex-
I – secretários de estado responsáveis pelo ge- clusiva de coordenar a organização e instalação
renciamento de recursos hídricos de, pelo menos, do comitê.
dois terços dos estados contidos na bacia hidro- § 2º Em até cinco meses, contados a partir da
gráfica respectiva, considerado, quando for o caso,
data de sua nomeação, o presidente interino de-
o Distrito Federal;
verá realizar:
II – prefeitos municipais cujos municípios te-
I – a articulação com os poderes públicos fe-
nham território na bacia hidrográfica no percen-
deral, estaduais e, quando for o caso, do Distrito
tual de pelo menos quarenta por cento;
Federal, a que se refere os incisos I e II, do art. 39
III – entidades representativas de usuários, le-
da Lei nº 9.433, de 1997, para indicação de seus
galmente constituídas, de pelo menos três dos
respectivos representantes;
usos indicados nas letras a a f do art. 14 desta re-
II – a escolha, por seus pares, dos representan-
solução com no mínimo cinco entidades; e
tes dos municípios, a que se refere o inciso III, do
IV – entidades civis de recursos hídricos com
art. 39 da Lei 9.433, de 1997;
atuação comprovada na bacia hidrográfica, que
III – a escolha, por seus pares, dos representan-
poderão ser qualificadas como organizações da
tes das entidades civis de recursos hídricos com
sociedade civil de interesse público, legalmente
atuação comprovada na bacia a que se refere o in-
constituídas, com no mínimo dez entidades, po-
dendo este número ser reduzido, à critério do ciso V do art. 39 da Lei nº 9.433, de 1997, podendo
conselho, em função das características locais e as entidades civis referenciadas ser qualificadas
justificativas elaboradas por pelo menos três en- como organizações da sociedade civil de interesse
tidades civis. público; e
IV – o credenciamento dos representantes dos
Art. 10. Constará, obrigatoriamente da proposta
usuários de recursos hídricos a que se referem o
a ser encaminhada ao Conselho Nacional de Re-
art. 14 desta resolução e inciso IV, do art. 39 da Lei
cursos Hídricos, de que trata o artigo anterior, a
nº 9.433, de 1997.
seguinte documentação:
§ 3º O processo de escolha e credenciamento
I – justificativa circunstanciada da necessidade
dos representantes a que se refere o parágrafo
e oportunidade de criação do comitê, com diag-
anterior deste artigo será público, com ampla e
nóstico da situação dos recursos hídricos na bacia
prévia divulgação.
hidrográfica, e quando couber, identificação dos
conflitos entre usos e usuários, dos riscos de racio- Art. 12. Em até seis meses, contados a partir da
namento dos recursos hídricos ou de sua poluição data de sua nomeação, o presidente interino de-
e de degradação ambiental em razão da má utili- verá realizar:
zação desses recursos; I – aprovação do regimento do comitê; e
II – caracterização da bacia hidrográfica que II – eleição e posse do presidente e do secretário
permita propor a composição do respectivo co- do comitê.
186
RESOLUÇÃO CNRH Nº 13, DE 25 DE SETEMBRO DE 2000
Art. 12-A. O prazo de mandato a que se refere o § Art. 15. Os usuários das águas que demandam va-
1º do art. 11, bem como os prazos previstos no § 2º zões ou volumes de água considerados insignifi-
do art. 11 e no caput do art. 12 poderão ser pror- cantes, desde que integrem associações regionais,
rogados, por tempo determinado, pelo Conselho locais ou setoriais de usuários, em conformidade
Nacional de Recursos Hídricos, desde que tenha com o inciso II, do art. 47, da Lei nº 9.433, de 1997,
sido prévia e justificadamente solicitado pelo pre- serão representados no segmento previsto no in-
sidente interino do comitê, quarenta dias antes do ciso II do art. 8º desta resolução.
término de seu mandato. (Artigo acrescido pela Reso-
Art. 16. Esta resolução entra em vigor na data de
lução CNRH nº 18, de 20/12/2001)
sua publicação.
Art. 13. O presidente eleito do comitê de bacia JOSÉ SARNEY FILHO
deve registrar seu regimento no prazo máximo de Presidente
RAYMUNDO JOSÉ SANTOS GARRIDO
sessenta dias, contados a partir de sua aprovação.
Secretário Executivo
Art. 14. Os usos sujeitos à outorga serão classi-
ficados pelo Conselho Nacional de Recursos Hí- RESOLUÇÃO CNRH Nº 13, DE
dricos, em conformidade com a vocação da bacia 25 DE SETEMBRO DE 2000
hidrográfica, entre os seguintes setores usuários: (Publicada no DOU de 26/9/2000)
(Caput do artigo com redação dada pela Resolução CNRH Estabelece diretrizes para a implementação
nº 24, de 24/5/2002) do Sistema Nacional de Informações sobre
a) abastecimento urbano, inclusive diluição de Recursos Hídricos.
efluentes urbanos; O Conselho Nacional de Recursos Hídricos
b) indústria, captação e diluição de efluentes (CNRH), no uso das atribuições e competências
industriais; que lhe são conferidas pela Lei nº 9.433, de 8 de
c) irrigação e uso agropecuário; janeiro de 1997 e Decreto nº 2.612, de 3 de junho
d) hidroeletricidade; de 1998, e
e) hidroviário; e Considerando a necessidade de serem estabe-
f) pesca, turismo, lazer e outros usos não con- lecidas diretrizes para a implementação do Siste-
suntivos. ma Nacional de Informações sobre Recursos Hí-
I – cada usuário da água será classificado em dricos (SNIRH), instrumento da Política Nacional
um dos setores relacionados nas alíneas a a f
de Recursos Hídricos, conforme determina a Lei
deste artigo;
nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997;
II – a representação dos usuários nos comitês
Considerando as atribuições da Agência Nacio-
será estabelecida em processo de negociação
nal de Águas (ANA), estabelecidas pela Lei nº 9.984,
entre estes agentes, levando em consideração:
de 17 de julho de 2000;
a) vazão outorgada;
Considerando que o Sistema Nacional de In-
b) critério de cobrança pelo direito de usos das
formações sobre Recursos Hídricos visa dar su-
águas que vier a ser estabelecido e os encargos
porte ao funcionamento do Sistema Nacional de
decorrentes aos setores e a cada usuário;
Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh),
c) a participação de, no mínimo, três dos se-
à aplicação dos demais instrumentos da Políti-
tores usuários mencionados nas alíneas a a i do
ca Nacional de Recursos Hídricos, e à outros me-
caput desse artigo; e
canismos de gestão integrada de recursos hídri-
d) outros critérios que vierem a ser consensa-
cos, resolve:
dos entre os próprios usuários, devidamente do-
cumentados e justificados ao Conselho Nacional Art. 1º A Agência Nacional de Águas (ANA) coorde-
de Recursos Hídricos. nará os órgãos e entidades federais, cujas atribui-
Parágrafo único. O somatório de votos dos ções ou competências estejam relacionadas com
usuários, pertencentes a um determinado setor, a gestão de recursos hídricos, mediante acordos e
considerado relevante, na bacia hidrográfica con- convênios, visando promover a gestão integrada
forme alíneas a a f deste artigo, não poderá ser das águas e em especial a produção, consolidação,
inferior a 4% (quatro por cento) e superior a 20% organização e disponibilização à sociedade das in-
(vinte por cento). formações e ações referentes:
187
a) à rede hidrométrica nacional e às atividades concepção e dos resultados do SNIRH, o qual será
de hidrologia relacionadas com o aproveitamen- organizado, implantado e gerido pela ANA.
to de recursos hídricos; Art. 6º Esta resolução entra em vigor na data de
b) aos sistemas de avaliação e outorga dos re- sua publicação.
cursos hídricos superficiais e subterrâneos, em JOSÉ SARNEY FILHO
todo território nacional; Presidente
RAYMUNDO JOSÉ SANTOS GARRIDO
c) aos sistemas de avaliação e concessão das
Secretário Executivo
águas minerais;
d) aos sistemas de coleta de dados da Rede Na-
RESOLUÇÃO CNRH Nº 15, DE
cional de Meteorologia; 11 DE JANEIRO DE 2001
e) aos sistemas de informações dos setores (Publicada no DOU de 12/1/2001)
usuários;
Estabelece diretrizes gerais para a gestão de
f) ao sistema nacional de informações sobre
águas subterrâneas.
meio ambiente;
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos
g) ao sistema de informações sobre gerencia-
(CNRH), no uso das competências que lhe confe-
mento costeiro;
re o art. 35 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997,
h) aos sistemas de informações sobre saúde;
e o art. 1º do Decreto nº 2.612, de 3 de junho de
i) a projetos e pesquisas relacionados com re-
1998, e conforme disposto no Regimento Interno, e
cursos hídricos; e
Considerando que compete ao Sistema Nacio-
j) a outros sistemas de informações relaciona-
nal de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Sin-
dos à gestão de recursos hídricos.
greh) coordenar a gestão integrada das águas;
Art. 2º A ANA articular-se-á com órgãos e entida- Considerando que diversos órgãos da admi-
des estaduais, distritais e municipais, públicas e nistração pública federal e dos estados possuem
privadas, inclusive as agências de água ou de ba- competências no gerenciamento das águas;
cias, cujas atribuições ou competências estejam Considerando que os municípios têm compe-
relacionadas com a gestão de recursos hídricos, tência específica para o disciplinamento do uso e
visando à implantação e funcionamento do SNIRH. ocupação do solo;
§ 1º Os órgãos ou entidades gestoras de recur- Considerando que as águas superficiais, sub-
sos hídricos dos estados e do Distrito Federal de- terrâneas e meteóricas são partes integrantes e
verão articular-se entre si e com a ANA, na organi- indissociáveis do ciclo hidrológico;
zação dos sistemas de informações sobre recursos Considerando que os aquíferos podem apresen-
hídricos estaduais e do Distrito Federal, de acordo tar zonas de descarga e de recarga pertencentes a
com as disposições gerais contidas nas normas re- uma ou mais bacias hidrográficas sobrejacentes;
lativas ao SNIRH. Considerando que a exploração inadequada
§ 2º Os trabalhos de parceria com entidades re- das águas subterrâneas pode resultar na altera-
lacionadas neste artigo poderão ser formalizados ção indesejável de sua quantidade e qualidade; e
mediante acordos e convênios, conforme deter- Considerando ainda que a exploração das
mina a legislação que rege a matéria. águas subterrâneas pode implicar redução da ca-
pacidade de armazenamento dos aquíferos, redu-
Art. 3º Os dados e informações constantes do
ção dos volumes disponíveis nos corpos de água
SNIRH deverão ser, preferencialmente, georrefe-
superficiais e modificação dos fluxos naturais nos
renciados.
aquíferos, resolve:
Art. 4º A ANA poderá requisitar informações refe-
Art. 1º Para efeito desta resolução consideram-se:
rentes a recursos hídricos, aos órgãos e entidades
I – águas subterrâneas – as águas que ocorrem
integrantes do Singreh, visando sua inclusão no
natural ou artificialmente no subsolo;
SNIRH.
II – águas meteóricas – as águas encontradas na
Art. 5º Compete à Secretaria Executiva do Conselho atmosfera em quaisquer de seus estados físicos;
Nacional de Recursos Hídricos propor ao Conselho, III – aquífero – corpo hidrogeológico com ca-
as diretrizes complementares para a definição da pacidade de acumular e transmitir água através
188
RESOLUÇÃO CNRH Nº 15, DE 11 DE JANEIRO DE 2001
dos seus poros, fissuras ou espaços resultantes da gicos necessários à identificação e caracterização
dissolução e carreamento de materiais rochosos; da bacia hidrogeológica.
IV – Corpo Hídrico Subterrâneo – volume de Parágrafo único. Os comitês de bacia hidrográ-
água armazenado no subsolo. fica envolvidos deverão buscar o intercâmbio e a
sistematização dos dados gerados para a perfeita
Art. 2º Na formulação de diretrizes para a imple-
caracterização da bacia hidrogeológica.
mentação da Política Nacional de Recursos Hídri-
cos deverá ser considerada a interdependência Art. 5º No caso dos aquíferos transfronteiriços
das águas superficiais, subterrâneas e meteóricas. ou subjacentes a duas ou mais unidades da fe-
deração, o Singreh promoverá a integração dos
Art. 3º Na implementação dos instrumentos da
diversos órgãos dos governos federal, estaduais e
Política Nacional de Recursos Hídricos deverão
do Distrito Federal, que têm competências no ge-
ser incorporadas medidas que assegurem a pro-
renciamento de águas subterrâneas.
moção da gestão integrada das águas superficiais,
§ 1º Os conflitos existentes serão resolvidos em
subterrâneas e meteóricas, observadas as seguin-
primeira instância entre os conselhos de recursos
tes diretrizes:
hídricos dos estados e do Distrito Federal e, em
I – nos Planos de Recursos Hídricos deverão
última instância, pelo Conselho Nacional de Re-
constar, no mínimo, os dados e informações ne-
cursos Hídricos.
cessários ao gerenciamento integrado das águas,
§ 2º Nos aquíferos transfronteiriços a aplicação
em atendimento ao art. 7º da Lei nº 9.433, de 8 de
dos instrumentos da Política Nacional de Recur-
janeiro de 1997;
sos Hídricos dar-se-á em conformidade com as
II – o enquadramento dos corpos de água sub-
disposições constantes nos acordos celebrados
terrânea em classes dar-se-á segundo as caracte-
entre a União e os países vizinhos.
rísticas hidrogeológicas dos aquíferos e os seus
respectivos usos preponderantes, a serem espe- Art. 6º O Singreh, os sistemas estaduais e do Dis-
cificamente definidos; trito Federal de gerenciamento de recursos hí-
III – nas outorgas de direito de uso de águas sub- dricos deverão orientar os municípios no que diz
terrâneas deverão ser considerados critérios que respeito às diretrizes para promoção da gestão
integrada das águas subterrâneas em seus terri-
assegurem a gestão integrada das águas, visando
tórios, em consonância com os planos de recursos
evitar o comprometimento qualitativo e quanti-
hídricos.
tativo dos aquíferos e dos corpos de água superfi-
Parágrafo único. Nessas diretrizes deverão ser
ciais a eles interligados;
propostos mecanismos de estímulo aos muni-
IV – a cobrança pelo uso dos recursos hídricos
cípios para a proteção das áreas de recarga dos
subterrâneos deverá obedecer a critérios estabe-
aquíferos e a adoção de práticas de reuso e de re-
lecidos em legislação específica;
carga artificial, com vistas ao aumento das dispo-
V – os sistemas de informações de recursos hí-
nibilidades hídricas e da qualidade da água.
dricos no âmbito federal, estadual e do Distrito
Federal deverão conter, organizar e disponibilizar Art. 7º O Singreh e os sistemas de gerenciamento
os dados e informações necessários ao gerencia- de recursos hídricos dos estados e do Distrito Fe-
mento integrado das águas. deral deverão fomentar estudos para o desenvol-
Parágrafo único. Os Planos de Recursos Hídricos vimento dos usos racionais e práticas de conser-
deverão incentivar a adoção de práticas que re- vação dos recursos hídricos subterrâneos, assim
sultem no aumento das disponibilidades hídricas como a proposição de normas para a fiscalização
das respectivas Bacias Hidrográficas, onde essas e controle desses recursos.
práticas forem viáveis. Art. 8º As interferências nas águas subterrâneas
Art. 4º No caso de aquíferos subjacentes a duas identificadas na implementação de projetos ou
ou mais bacias hidrográficas, o Singreh e os siste- atividades deverão estar embasadas em estudos
mas de gerenciamento de recursos hídricos dos hidrogeológicos necessários para a avaliação de
estados ou do Distrito Federal deverão promover a possíveis impactos ambientais.
uniformização de diretrizes e critérios para coleta Art. 9º Toda empresa que execute perfuração
dos dados e elaboração dos estudos hidrogeoló- de poço tubular profundo deverá ser cadastrada
189
junto aos conselhos regionais de engenharia, ar- hídrica e ao regime de racionamento, sujeitando
quitetura e agronomia e órgãos estaduais de ges- o outorgado à suspensão da outorga.
tão de recursos hídricos e apresentar as infor- § 3º O outorgado é obrigado a respeitar direitos
mações técnicas necessárias, semestralmente e de terceiros.
sempre que solicitado. § 4º A análise dos pleitos de outorga deverá con-
siderar a interdependência das águas superficiais
Art. 10. Os poços jorrantes deverão ser dotados
e subterrâneas e as interações observadas no ciclo
de dispositivos adequados para evitar desperdício,
hidrológico visando a gestão integrada dos recur-
ficando passíveis de sanção os responsáveis que
sos hídricos.
não adotarem providências devidas.
Art. 2º A transferência do ato de outorga a tercei-
Art. 11. Os poços abandonados, temporária ou
ros deverá conservar as mesmas características e
definitivamente, e as perfurações realizadas para
condições da outorga original e poderá ser feita
outros fins deverão ser adequadamente tampona-
total ou parcialmente quando aprovada pela au-
dos por seus responsáveis para evitar a poluição
toridade outorgante e será objeto de novo ato ad-
dos aquíferos.
ministrativo indicando o(s) titular(es).
Art. 12. Esta resolução entra em vigor na data de
Art. 3º O outorgado poderá disponibilizar ao ou-
sua publicação.
torgante, a critério deste, por prazo igual ou supe-
JOSÉ SARNEY FILHO
rior a um ano, vazão parcial ou total de seu direito
Presidente
RAYMUNDO JOSÉ SANTOS GARRIDO de uso, devendo o outorgante emitir novo ato ad-
Secretário Executivo ministrativo.
Art. 4º Estão sujeitos à outorga:
RESOLUÇÃO CNRH Nº 16, DE I – a derivação ou captação de parcela de água
8 DE MAIO DE 2001
existente em um corpo de água, para consumo
(Publicada no DOU de 14/5/2001)
final, inclusive abastecimento público ou insumo
Estabelece critérios gerais para a outorga de de processo produtivo;
direito de uso de recursos hídricos.
II – extração de água de aquífero subterrâneo
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos para consumo final ou insumo de processo pro-
(CNRH), no uso das competências que lhe são dutivo;
conferidas pelo art. 13 da Lei nº 9.433, de 8 de ja- III – lançamento em corpo de água de esgotos
neiro de 1997, pelo art. 1º do Decreto nº 2.612, de e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados
3 de junho de 1998, e conforme o disposto em seu ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou
Regimento Interno, e disposição final;
Considerando a necessidade da atuação inte- IV – o uso para fins de aproveitamento de poten-
grada dos órgãos componentes do Singreh na exe- ciais hidrelétricos; e
cução da Política Nacional de Recursos Hídricos, V – outros usos e/ou interferências, que alterem
em conformidade com as respectivas competên- o regime, a quantidade ou a qualidade da água
cias, resolve: existente em um corpo de água.
Art. 1º A outorga de direito de uso de recursos hí- Parágrafo único. A outorga poderá abranger di-
dricos é o ato administrativo mediante o qual a reito de uso múltiplo e/ou integrado de recursos
autoridade outorgante faculta ao outorgado pre- hídricos, superficiais e subterrâneos, ficando o
viamente ou mediante o direito de uso de recurso outorgado responsável pela observância conco-
hídrico, por prazo determinado, nos termos e nas mitante de todos os usos a ele outorgados.
condições expressas no respectivo ato, considera- Art. 5º Independem de outorga:
das as legislações específicas vigentes. I – o uso de recursos hídricos para a satisfação
§ 1º A outorga não implica alienação total ou das necessidades de pequenos núcleos popula-
parcial das águas, que são inalienáveis, mas o sim- cionais distribuídos no meio rural;
ples direito de uso. II – as derivações, captações e lançamentos con-
§ 2º A outorga confere o direito de uso de re- siderados insignificantes, tanto do ponto de vista
cursos hídricos condicionado à disponibilidade de volume quanto de carga poluente; e
190
RESOLUÇÃO CNRH Nº 16, DE 8 DE MAIO DE 2001
compreendido por uma bacia, grupo de bacias ou Art. 2º Esta resolução entra em vigor na data de
sub-bacias hidrográficas contíguas com caracte- sua publicação.
rísticas naturais, sociais e econômicas homogê- MARINA SILVA
Presidente
neas ou similares, com vistas a orientar o plane- JOÃO BOSCO SENRA
jamento e gerenciamento dos recursos hídricos. Secretário Executivo
Anexo I
Divisão hidrográfica nacional
Anexo II
Divisão hidrográfica nacional
Região Hidrográfica Amazônica – é constituída pela bacia hidrográfica do rio Amazonas situada no terri-
tório nacional e, também, pelas bacias hidrográficas dos rios existentes na Ilha de Marajó, além das bacias
hidrográficas dos rios situados no estado do Amapá que deságuam no Atlântico Norte.
Região Hidrográfica do Tocantins/Araguaia – é constituída pela bacia hidrográfica do rio Tocantins até
a sua foz no Oceano Atlântico.
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental – é constituída pelas bacias hidrográficas dos rios que
deságuam no Atlântico – trecho Nordeste, estando limitada a oeste pela região hidrográfica do Tocantins/
Araguaia, exclusive, e a leste pela região hidrográfica do Parnaíba.
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental – é constituída pelas bacias hidrográficas dos rios que
deságuam no Atlântico – trecho Nordeste, estando limitada a oeste pela região hidrográfica do Parnaíba
e ao sul pela região hidrográfica do São Francisco.
Região Hidrográfica do São Francisco – é constituída pela bacia hidrográfica do rio São Francisco.
195
Região Hidrográfica Atlântico Leste – é constituída pelas bacias hidrográficas de rios que deságuam no
Atlântico – trecho Leste, estando limitada ao norte e a oeste pela região hidrográfica do São Francisco e
ao sul pelas bacias hidrográficas dos rios Jequitinhonha, Mucuri e São Mateus, inclusive.
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste – é constituída pelas bacias hidrográficas de rios que deságuam
no Atlântico – trecho Sudeste, estando limitada ao norte pela bacia hidrográfica do rio Doce, inclusive,
a oeste pelas regiões hidrográficas do São Francisco e do Paraná e ao sul pela bacia hidrográfica do rio
Ribeira, inclusive.
Região Hidrográfica do Paraná – é constituída pela bacia hidrográfica do rio Paraná situada no território
nacional.
Região Hidrográfica do Uruguai – é constituída pela bacia hidrográfica do rio Uruguai situada no território
nacional, estando limitada ao norte pela região hidrográfica do Paraná, a oeste pela Argentina e ao sul
pelo Uruguai.
Região Hidrográfica Atlântico Sul – é constituída pelas bacias hidrográficas dos rios que deságuam no
Atlântico – trecho Sul, estando limitada ao norte pelas bacias hidrográficas dos rios Ipiranguinha, Iririaia-
-Mirim, Candapuí, Serra Negra, Tabagaça e Cachoeira, inclusive, a oeste pelas regiões hidrográficas do
Paraná e do Uruguai e ao sul pelo Uruguai.
Região Hidrográfica do Paraguai – é constituída pela bacia hidrográfica do rio Paraguai situada no ter-
ritório nacional.
recursos hídricos, de acordo com o enquadra- camente fundamentada, encaminhada pelo res-
mento dos corpos de águas em classes de usos pectivo comitê de bacia hidrográfica;
preponderantes; e V – à implantação da respectiva agência de
V – induzir e estimular a conservação, o manejo bacia hidrográfica ou da entidade delegatária do
integrado, a proteção e a recuperação dos recur- exercício de suas funções.
sos hídricos, com ênfase para as áreas inundáveis Parágrafo único. Os órgãos e entidades gesto-
e de recarga dos aquíferos, mananciais e matas res de recursos hídricos deverão elaborar estudos
ciliares, por meio de compensações e incentivos técnicos para subsidiar a proposta de que trata o
aos usuários. inciso IV, dos valores a serem cobrados pelo uso
de recursos hídricos, com base nos mecanismos
CAPÍTULO III
DAS CONDIÇÕES PARA A COBRANÇA e quantitativos sugeridos pelo comitê de bacia
hidrográfica ao respectivo conselho de recursos
Art. 3º A cobrança deverá estar compatibilizada e
hídricos, conforme inciso VI, do art. 38, da Lei
integrada com os demais instrumentos de política
nº 9.433, de 1997.
de recursos hídricos.
§ 1º A cobrança pelo uso dos recursos hídricos CAPÍTULO IV
deverá ser implementada considerando as infor- DOS MECANISMOS PARA A DEFINIÇÃO
DOS VALORES DE COBRANÇA
mações advindas dos demais instrumentos da
Política e os programas e projetos de forma inte- Art. 7º Para a fixação dos valores a serem cobra-
grada. dos pelo uso de recursos hídricos deverão ser ob-
§ 2º Os órgãos e entidades gestores de recursos servados, quando pertinentes, os seguintes as-
hídricos e as agências de água, de bacia ou entida- pectos relativos:
des delegatárias, deverão manter um sistema de I – à derivação, captação e extração:
informação atualizado, com dados dos usuários e a) natureza do corpo de água (superficial ou
características da bacia hidrográfica, que integra- subterrâneo);
rão o Singreh, nos termos da Lei nº 9.433, de 1997. b) classe em que estiver enquadrado o corpo de
água, no ponto de uso ou da derivação;
Art. 4º Serão cobrados os usos de recursos hídri-
c) a disponibilidade hídrica;
cos sujeitos a outorga, conforme legislação per-
d) grau de regularização assegurado por obras
tinente.
hidráulicas;
Art. 5º A cobrança pelo uso de recursos hídricos e) vazão reservada, captada, extraída ou deri-
será efetuada pela entidade ou órgão gestor de vada e seu regime de variação;
recursos hídricos ou, por delegação destes, pela f) vazão consumida, ou seja, a diferença entre
Agência de Bacia Hidrográfica ou entidade dele- a vazão captada e a devolvida ao corpo de água;
gatária. g) finalidade a que se destinam;
Art. 6º A cobrança estará condicionada: h) sazonalidade;
I – à proposição das acumulações, derivações, i) características e a vulnerabilidade dos aquí-
captações e lançamentos considerados insignifi- feros;
cantes pelo respectivo comitê de bacia hidrográ- j) características físicas, químicas e biológicas
fica e sua aprovação pelo respectivo conselho de da água;
recursos hídricos, para os fins previstos no § 1º do l) localização do usuário na bacia;
art. 12 da Lei nº 9.433, de 1997; m) práticas de racionalização, conservação, re-
II – ao processo de regularização de usos de re- cuperação e manejo do solo e da água;
cursos hídricos sujeitos à outorga na respectiva n) condições técnicas, econômicas, sociais e
bacia, incluindo o cadastramento dos usuários ambientais existentes;
da bacia hidrográfica; o) sustentabilidade econômica da cobrança por
III – ao programa de investimentos definido no parte dos segmentos usuários; e
respectivo Plano de Recursos Hídricos devida- p) práticas de reuso hídrico;
mente aprovado; II – ao lançamento com o fim de diluição, assimi-
IV – à aprovação pelo competente conselho de lação, transporte ou disposição final de efluentes:
recursos hídricos, da proposta de cobrança, tecni- a) natureza do corpo de água;
197
b) classe em que estiver enquadrado o corpo de j) sustentabilidade econômica da cobrança por
água receptor no ponto de lançamento; parte dos segmentos usuários; e
c) a disponibilidade hídrica; l) finalidade do uso ou interferência.
d) grau de regularização assegurado por obras
§ 1º Os comitês de bacia hidrográfica poderão
hidráulicas;
propor diferenciação dos valores a serem cobra-
e) carga de lançamento e seu regime de varia-
ção, ponderando-se os parâmetros biológicos, físi- dos, em função de critérios e parâmetros que
co-químicos e de toxicidade dos efluentes; abranjam a qualidade e a quantidade de recursos
f) natureza da atividade; hídricos, o uso e a localização temporal ou espa-
g) sazonalidade do corpo receptor; cial, de acordo com as peculiaridades das respec-
h) características e a vulnerabilidade das águas tivas unidades hidrográficas.
de superfície e dos aquíferos;
§ 2º Os comitês de bacia hidrográfica poderão
i) características físicas, químicas e biológicas
do corpo receptor; instituir mecanismos de incentivo e redução do
j) localização do usuário na bacia; valor a ser cobrado pelo uso dos recursos hídricos,
l) práticas de racionalização, conservação, recu- em razão de investimentos voluntários para ações
peração e manejo do solo e da água; de melhoria da qualidade, da quantidade de água
m) grau de comprometimento que as caracterís- e do regime fluvial, que resultem em sustentabili-
ticas físicas e os constituintes químicos e biológi-
dade ambiental da bacia e que tenham sido apro-
cos dos efluentes podem causar ao corpo receptor;
vados pelo respectivo comitê.
n) vazões consideradas indisponíveis em fun-
ção da diluição dos constituintes químicos e bio- § 3º Os valores cobrados em uma bacia hidro-
lógicos e da equalização das características físicas gráfica, na ocorrência de eventos hidrológicos crí-
dos efluentes; ticos e acidentes, poderão ser alterados por suges-
o) redução da emissão de efluentes em função tão do respectivo comitê de bacia hidrográfica e
de investimentos em despoluição; aprovação pelo respectivo conselho de recursos
p) atendimento das metas de despoluição pro-
hídricos, considerando a necessidade de adoção
gramadas nos Planos de Recursos Hídricos pelos
de medidas e ações transitórias não previstas no
comitês de bacia;
q) redução efetiva da contaminação hídrica; e Plano de Recursos Hídricos.
r) sustentabilidade econômica da cobrança por Art. 8º O valor e o limite a serem cobrados pelo
parte dos segmentos usuários;
uso de recursos hídricos deverão estar definidos
III – aos demais tipos de usos ou interferências
conforme critérios técnicos e operacionais, acor-
que alterem o regime, a quantidade ou a quali-
dade da água de um corpo hídrico: dados nos comitês de bacia hidrográfica e órgãos
a) natureza do corpo de água (superficial ou gestores e aprovados pelo respectivo conselho de
subterrâneo); recursos hídricos.
b) classe em que estiver enquadrado o corpo de
Art. 9º O usuário poderá solicitar revisão do valor
água, no ponto de uso ou da derivação;
final que lhe foi estabelecido para pagamento
c) a disponibilidade hídrica;
d) vazão reservada, captada, extraída ou deri- pelo uso de recursos hídricos, mediante exposi-
vada e seu regime de variação; ção fundamentada ao respectivo comitê de bacia
e) alteração que o uso poderá causar em siner- hidrográfica e, em grau de recurso, ao competente
gia com a sazonalidade; conselho de recursos hídricos.
f) características físicas, químicas e biológicas
da água; Art. 10. Esta resolução entra em vigor na data de
g) características e a vulnerabilidade dos aquí- sua publicação.
feros; MARINA SILVA
h) localização do usuário na bacia; Presidente do Conselho
i) grau de regularização assegurado por obras JOÃO BOSCO SENRA
hidráulicas; Secretário Executivo
198
RESOLUÇÃO CNRH Nº 58, DE 30 DE JANEIRO DE 2006
Art. 5º As autoridades outorgantes deverão ado- ção com os órgãos competentes do Sistema Nacio-
tar critérios diferenciados para determinação de nal de Meio Ambiente (Sisnama), quando couber.
vazão mínima remanescentes em cursos de água Art. 11. Esta resolução entra em vigor na data de
intermitentes. sua publicação.
Art. 6º As autoridades outorgantes poderão ado- IZABELLA TEIXEIRA
Presidente do Conselho
tar critérios diferenciados para determinação de NABIL GEORGES BONDUKI
vazão mínima remanescente: Secretário Executivo
I – em trechos de rios com vazão reduzida em
decorrência de empreendimentos de geração hi- RESOLUÇÃO CNRH Nº 140,
drelétrica, mediante apresentação de estudos que DE 21 DE MARÇO 2012
avaliem a interferência nos usos múltiplos no tre- (Publicada no DOU de 22/8/2012)
cho em estudo; e Estabelece critérios gerais para outorga de
II – em outras situações, desde que tecnica- lançamento de efluentes com fins de diluição
mente justificadas. em corpos de água superficiais.
Art. 7º A vazão mínima remanescente, sob ponto O Conselho Nacional de Recursos Hídricos
de vista temporal, poderá ser: (CNRH), no uso das competências que lhe são con-
feridas pelas Leis nos 9.433, de 8 de janeiro de 1997,
I – permanente, quando deve ser sempre ado-
e 9.984, de 17 de julho de 2000, 12.334 de 20 de
tada;
setembro de 2010, e tendo em vista o disposto em
II – sazonal, quando há períodos regulares em
seu Regimento Interno, anexo à Portaria nº 377, de
que deve ser adotada; e
19 de setembro de 2003, e
III – temporária, quando adotada de forma ex-
Considerando a Década Brasileira da Água, ins-
cepcional e em caráter provisório.
tituída pelo Decreto de 22 de março de 2005, cujos
Art. 8º Em situações de eventos hidrológicos crí- objetivos são promover e intensificar a formula-
ticos com comprometimento da disponibilidade ção e implementação de políticas, programas e
hídrica, poderão ser mantidas a jusante de seções projetos relativos ao gerenciamento e uso sus-
de controle, vazões abaixo da vazão mínima rema- tentável da água, em todos os níveis assim como
nescente, desde que atendidos os usos prioritá- assegurar a ampla participação e cooperação das
rios estabelecidos na Lei nº 9.433, 8 de janeiro de comunidades voltadas ao alcance dos objetivos
1997, e aprovadas pela autoridade outorgante em contemplados na Política Nacional de Recursos
articulação com o órgão ambiental competente. Hídricos ou estabelecidos em convenções, acor-
Art. 9º O valor da vazão mínima remanescente dos e resoluções a que o Brasil tenha aderido;
poderá ser alterado pela autoridade outorgante Considerando o art. 3º da Lei nº 9.433 de 1997,
em uma seção de controle, nos seguintes casos: que define as diretrizes gerais de ação para im-
plementação da Política Nacional de Recursos
I – por deliberação do comitê de bacia hidrográ-
Hídricos;
fica e em consonância com o plano de recursos
Considerando que, segundo a Constituição Fe-
hídricos da bacia aprovado;
deral de 1988, art. 21, inciso XIX, compete à União
II – por solicitação do usuário de recursos hí-
definir critérios de outorga de direito de uso de
dricos, mediante apresentação de estudo técnico
recursos hídricos;
que a justifique;
Considerando que compete ao Conselho Nacio-
III – por termos de alocação de água;
nal de Recursos Hídricos formular a Política Nacio-
IV – por solicitação de órgão de meio ambiente
nal de Recursos Hídricos e estabelecer diretrizes
competente, devidamente justificada;
complementares à sua implementação, aplicação
V – em decorrência do enquadramento do cor-
de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacio-
po de água; e
nal de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI – por mudanças nos critérios de outorga for-
Considerando as resoluções do Conselho Na-
malmente estabelecidos.
cional de Recursos Hídricos atinentes à outorga
Art. 10. Os procedimentos decorrentes da pre- de direito de uso de recursos hídricos, notada-
sente resolução deverão ser realizados em articula- mente a Resolução nº 16, de 8 de maio de 2001,
201
que estabelece critérios gerais para outorga de V – vazão de referência: aquela que representa
direitos de uso de recursos hídricos; a disponibilidade hídrica do curso de água, asso-
Considerando a Resolução nº 65, de 7 de dezem- ciada a uma probabilidade de ocorrência.
bro de 2006, do Conselho Nacional de Recursos Art. 4º Na análise dos pedidos de outorga de lan-
Hídricos que estabelece diretrizes de articulação çamento de efluentes com fins de diluição em cor-
dos procedimentos para obtenção da outorga de pos de água superficiais serão observadas:
direitos de uso de recursos hídricos com os proce- I – as características quantitativas e qualitativas
dimentos de licenciamento ambiental. dos usos dos recursos hídricos e do corpo receptor
Considerando a Resolução nº 91, de 25 de no- para avaliação da disponibilidade hídrica, levando
vembro de 2008, do Conselho Nacional de Recur- em consideração os usos outorgados e cadastra-
sos Hídricos que dispõe sobre procedimentos ge- dos a montante e a jusante da seção em análise;
rais para o enquadramento dos corpos de água II – as condições e padrões de qualidade, relati-
superficiais e subterrâneos, resolve: vos aos parâmetros outorgáveis, referentes à clas-
Art. 1º Estabelecer critérios gerais para outorga de se em que o corpo de água estiver enquadrado ou
lançamento de efluentes com fins de diluição em às metas intermediárias formalmente instituídas;
corpos de água superficiais. III – as vazões de referência;
IV – a capacidade de suporte do corpo de água
Art. 2º A outorga de lançamento de efluentes cor-
receptor quanto aos parâmetros adotados; e
responde à manifestação da autoridade outor-
V – outras referências tecnicamente justificadas.
gante sobre a disponibilidade hídrica necessária
§ 1º As vazões outorgadas para fins de diluição
à diluição das cargas dos parâmetros adotados,
de determinado parâmetro do efluente poderão ser
sendo o órgão ou entidade de meio ambiente
novamente disponibilizadas, em função da capaci-
competente o responsável pelo licenciamento do
dade de autodepuração do corpo de água e o res-
empreendimento gerador dos efluentes.
pectivo enquadramento, bem como serem utiliza-
Art. 3º Para efeito desta resolução considera-se: das para a diluição de outros parâmetros adotados.
I – enquadramento: corresponde ao estabeleci- § 2º No processo de outorga, quando houver
mento de objetivos de qualidade a serem alcança- manifestação previa, deverão, também, ser ob-
dos ou mantidos através de metas progressivas, servados os incisos acima.
intermediárias e final de qualidade de água, de
Art. 5º No cálculo da vazão de diluição de efluen-
acordo com os usos preponderantes a que forem
tes deverá ser utilizada a equação constante do
destinados;
anexo desta resolução.
II – metas progressivas, intermediárias e final de
qualidade da água: aquelas formalmente instituí- Art. 6º Nas situações que envolvam o lançamento
das com vistas ao alcance ou manutenção de con- de efluentes em ambientes lênticos, deverão ser
dições e padrões de qualidade pretendidos, esta- realizados estudos específicos e complementares,
belecidos conforme as Resolução Conama nº 357, a critério da autoridade outorgante, que demons-
de 17 de março de 2005, e suas alterações e a Re- trem a adequada dispersão e assimilação dos
solução CNRH nº 91, de 5 de novembro de 2008; efluentes no meio hídrico.
III – parâmetros adotados: aqueles definidos Art. 7º Em corpos-d’água ou em seus trechos, onde
pela autoridade outorgante ou pelos respectivos a relação entre a demanda e a disponibilidade hí-
Conselhos de Recursos Hídricos, para ser objeto drica, em termos quantitativos ou qualitativos,
de análise e de manifestação nos pedidos de ou- indique criticidade pelos critérios de outorga es-
torga, nas suas esferas de atuação; tabelecidos, a autoridade outorgante poderá es-
IV – vazão de diluição: vazão do corpo de água tabelecer critérios específicos, definindo limites
necessária para diluição da carga de determi- progressivos para cada parâmetro adotado, em
nado parâmetro adotado contido no efluente, de articulação com o órgão ambiental competente,
modo que o corpo de água, após a mistura com o com vistas ao alcance das metas progressivas, in-
efluente, atenda ao enquadramento estabelecido termediárias e final do enquadramento estabele-
ou à meta intermediária; e cido para o respectivo corpo receptor.
202
RESOLUÇÃO CNRH Nº 145, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012
Art. 8º No processo de outorga de lançamento de Qdil: vazão de diluição para determinado parâ-
efluentes com fins de diluição para empreendi- metro adotado de qualidade no ponto de lança-
mentos que possuam licença ambiental vigente mento.
até a data de publicação desta resolução, caberá Qef: vazão do efluente que contém o parâmetro
à entidade ou ao órgão gestor, quando necessário, adotado de qualidade analisado.
definir limites progressivos para cada parâmetro Cef: concentração do parâmetro adotado de
adotado, em articulação com o órgão ambiental qualidade no efluente.
competente, com vistas ao alcance das metas pro- Cperm: concentração permitida para o parâme-
gressivas, intermediárias e final do enquadramen- tro adotado de qualidade no corpo hídrico onde é
to estabelecido para o respectivo corpo receptor. realizado o lançamento.
Art. 9º O órgão e/ou a entidade outorgante deverá Cnat: concentração natural do parâmetro ado-
dar publicidade ao ato administrativo de outorga tado de qualidade no corpo hídrico onde é reali-
de direito de uso de recursos hídricos e, concomi- zado o lançamento.
tantemente, às seguintes informações:
I – vazão de diluição; RESOLUÇÃO CNRH Nº 145, DE
II – vazão de lançamento; 12 DE DEZEMBRO DE 2012
III – concentração dos parâmetros adotados; e (Publicada no DOU de 26/2/2013)
§ 1º A participação da sociedade em cada etapa zação das condições do exutório da sub-bacia hi-
de elaboração dar-se-á por meio de consultas pú- drográfica deverá ser definida em articulação com
blicas, encontros técnicos, oficinas de trabalho as entidades gestoras envolvidas.
ou por quaisquer outros meios de comunicação,
CAPÍTULO IV
inclusive virtuais, que possibilitem a discussão DO CONTEÚDO DO PLANO
das alternativas de solução dos problemas, forta-
Art. 10. Os Planos de Recursos Hídricos de Ba-
lecendo a interação entre a equipe técnica, usuá-
cias Hidrográficas deverão ser constituídos pelas
rios de água, órgãos de governo e sociedade civil,
etapas de diagnóstico, prognóstico e plano de
de forma a contribuir com o Plano de Recursos
ações, contemplando os recursos hídricos su-
Hídricos.
perficiais e subterrâneos e estabelecendo metas
§ 2º Estratégias de Educação Ambiental, Comu-
de curto, médio e longo prazos e ações para seu
nicação e Mobilização Social serão também em-
alcance, observando o art. 7º da Lei nº 9.433, de
pregadas nas etapas respectivas, de forma a con-
1997.
tribuir com o Plano de Recursos Hídricos.
§ 1º Os Planos de Recursos Hídricos de Bacias
§ 3º No caso da inexistência dos comitês, a ins-
Hidrográficas serão elaborados a partir dos dados
tância de acompanhamento deverá aprovar os
secundários disponíveis, sem prejuízo da utiliza-
termos de referência para desenvolvimento do
ção de dados primários.
plano, incluindo agenda de consultas públicas
§ 2º O conteúdo de cada Plano de Recursos Hí-
aos diferentes segmentos da sociedade.
dricos de Bacia Hidrográfica deverá ser estabe-
CAPÍTULO III lecido em termo de referência específico, cons-
ARTICULAÇÃO PARA HARMONIZAÇÃO DO truído a partir da articulação entre a entidade
PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA
COM OUTROS PLANOS E ESTUDOS gestora de recursos hídricos e o comitê de bacia,
quando ele existir, considerando as especificida-
Art. 7º No processo de elaboração dos Planos de des da bacia hidrográfica.
Recursos Hídricos de Bacia Hidrográfica, deverão
ser considerados as diretrizes do Plano Nacional, Art. 11. O diagnóstico da situação atual dos re-
o(s) Plano(s) Estadual(is) de Recursos Hídricos e cursos hídricos deverá incluir, no mínimo, os se-
outros Planos de Recursos Hídricos de Bacia Hi- guintes aspectos:
drográfica existentes na sua área de abrangência. I – caracterização da bacia hidrográfica conside-
rando aspectos físicos, bióticos, socioeconômicos,
Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos das Bacias políticos e culturais;
Hidrográficas devem considerar os demais planos, II – caracterização da infraestrutura hídrica;
programas, projetos e estudos existentes relacio- III – avaliação do saneamento ambiental;
nados à gestão ambiental, aos setores usuários, IV – avaliação quantitativa e qualitativa das
ao desenvolvimento regional, ao uso do solo, à águas superficiais e subterrâneas;
gestão dos sistemas estuarinos e zonas costeiras, V – avaliação do quadro atual dos usos da água
incidentes na área de abrangência das respectivas e das demandas hídricas associadas;
bacias hidrográficas. VI – balanço entre as disponibilidades e deman-
Art. 9º As condições de exutório definidas no das hídricas avaliadas;
Plano de Recursos Hídricos de uma sub-bacia hi- VII – caracterização e avaliação da rede de mo-
drográfica deverão estar compatibilizadas com o nitoramento quali-quantitativa dos recursos hí-
Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dricos;
do rio principal. VIII – identificação de áreas sujeitas à restrição
§ 1º Na inexistência do Plano de Recursos Hí- de uso com vistas a proteção dos recursos hídricos;
dricos da Bacia Hidrográfica do rio principal, as IX – avaliação do quadro institucional e legal
condições de exutório serão definidas por seu co- da gestão de recursos hídricos, estágio de imple-
mitê de bacia hidrográfica em articulação com o mentação da política de recursos hídricos, espe-
comitê da sub-bacia hidrográfica. cialmente dos instrumentos de gestão;
§ 2º Caso não existam o comitê da bacia hidro- X – identificação de políticas, planos, progra-
gráfica do rio principal e o seu respectivo Plano mas e projetos setoriais que interfiram nos recur-
de Recursos Hídricos, a proposta de compatibili- sos hídricos;
205
XI – caracterização de atores relevantes para a VIII – recomendações para os setores usuários,
gestão dos recursos hídricos e dos conflitos iden- governamental e sociedade civil.
tificados.
CAPÍTULO V
Art. 12. A etapa de prognóstico deverá propor ce- DA IMPLEMENTAÇÃO E DAS
nários futuros, compatíveis com o horizonte de REVISÕES DO PLANO
planejamento, devendo abranger, no mínimo, os Art. 14. O Plano de Recursos Hídricos deverá ser
seguintes aspectos: orientado por uma estratégia de implementação
I – a análise dos padrões de crescimento de- que compatibilize os recursos financeiros com as
mográfico e econômico e das políticas, planos, ações previstas, bem como a sustentabilidade hí-
programas e projetos setoriais relacionados aos drica e operacional das intervenções previstas.
recursos hídricos;
Art. 15. A periodicidade da revisão do Plano de
II – proposição de cenário tendencial, com a
Recursos Hídricos de Bacia Hidrográfica deverá
premissa da permanência das condições demo-
ser estabelecida considerando o horizonte de
gráficas, econômicas e políticas prevalecentes, e
planejamento, as especificidades da bacia hidro-
de cenários alternativos;
gráfica e deverá ser baseada na avaliação de sua
III – avaliação das demandas e disponibilidades
implementação podendo sofrer emendas comple-
hídricas dos cenários formulados;
mentares, corretivas ou de ajuste.
IV – balanço entre disponibilidades e demandas
hídricas com identificação de conflitos potenciais Art. 16. O processo de elaboração do plano
nos cenários; pautar-se-á pelas diretrizes previstas nesta reso-
V – avaliação das condições da qualidade da lução, sem prejuízo de outras exigências previstas
água nos cenários formulados com identificação na legislação vigente.
de conflitos potenciais; Art. 17. Fica revogada a Resolução CNRH nº 17, de
VI – as necessidades e alternativas de prevenção, 29 de maio de 2001.
ou mitigação das situações críticas identificadas;
Art. 18. Esta resolução entra em vigor na data de
VII – definição do cenário de referência para o
sua publicação.
qual o Plano de Recursos Hídricos orientará suas
IZABELLA TEIXEIRA
ações.
Presidente do Conselho
Art. 13. O plano de ações visa a mitigar, minimi- PEDRO WILSON GUIMARÃES
Secretário Executivo
zar e se antecipar aos problemas relacionados aos
recursos hídricos superficiais e subterrâneos, de
forma a promover os usos múltiplos e a gestão in-
tegrada, devendo compreender, no mínimo: LEGISLAÇÃO TEMÁTICA
I – definição das metas do plano; COMPLEMENTAR
II – ações ou intervenções requeridas, organi-
zadas em componentes, programas e subprogra- Decretos legislativos
mas, com justificativa, objetivos, executor, inves- DECRETO LEGISLATIVO Nº 5, DE 9 DE NOVEMBRO
timentos, fontes possíveis de recursos, prazo de DE 1987
implantação; Aprova o texto da Convenção das Nações Unidas
III – prioridades e cronograma de investimentos; sobre Direito do Mar, concluído em Montego Bay,
IV – diretrizes para os instrumentos de gestão; Jamaica, em 10 de dezembro de 1982.
V – arranjo institucional ou recomendações de Publicado no DOU de 10/11/1987.
ordem institucional para aperfeiçoamento da ges- Promulgada pelo Decreto nº 1.530, de 22/6/1995,
tão dos recursos hídricos e para implementação publicado no DOU de 23/6/1995.
das ações requeridas;
DECRETO LEGISLATIVO Nº 88, DE 6 DE JUNHO DE
VI – recomendações de ordem operacional para
1995
a implementação do plano;
Aprova o texto do Protocolo ao Tratado da Antár-
VII – indicadores que permitam avaliar o nível
tida sobre Proteção do Meio Ambiente, adotado
de implementação das ações propostas;
206
em Madri, em 3 de outubro de 1991, e assinado DECRETO Nº 3.939, DE 26 DE SETEMBRO DE 2001
pelo Brasil em 4 de outubro de 1991. Dispõe sobre a Comissão Interministerial para os
Publicado no DOU de 12/6/1995. Recursos do Mar (Cirm) e dá outras providências.
Promulgado pelo Decreto nº 2.742, de 20/8/1998, Publicado no DOU de 27/9/2001.
publicado no DOU de 21/8/1998.
DECRETO Nº 4.613, DE 11 DE MARÇO DE 2003
DECRETO LEGISLATIVO Nº 144, DE 21 DE JUNHO Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos
DE 2002 Hídricos, e dá outras providências.
Aprova o texto do Protocolo de Quioto à Conven- Publicado no DOU de 12/3/2003.
ção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
DECRETO Nº 6.263, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2007
Clima, aberto a assinaturas na cidade de Quioto,
Institui o Comitê Interministerial sobre Mudança
Japão, em 14 de dezembro de 1997, por ocasião
do Clima (CIM), orienta a elaboração do Plano Na-
da Terceira Conferência das Partes da Conven-
cional sobre Mudança do Clima, e dá outras pro-
ção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança
vidências.
do Clima.
Publicado no DOU de 22/11/2007.
Publicado no DOU de 21/6/2002.
Promulgado pelo Decreto nº 5.445, de 12/5/2005, DECRETO Nº 8.576, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2015
publicado no DOU de 13/5/2005. Institui a Comissão Nacional para Redução das
Emissões de Gases de Efeito Estufa Provenientes
Leis
do Desmatamento e da Degradação Florestal, Con-
LEI Nº 13.647, DE 9 DE ABRIL DE 2018 servação dos Estoques de Carbono Florestal, Ma-
Estabelece a obrigatoriedade da instalação de nejo Sustentável de Florestas e Aumento de Esto-
equipamentos para evitar o desperdício de água ques de Carbono Florestal (REDD+).
em banheiros destinados ao público. Publicado no DOU de 27/11/2015.
Publicada no DOU de 10/4/2018.
DECRETO Nº 9.082, DE 26 DE JUNHO DE 2017
Decretos Institui o Fórum Brasileiro de Mudança do Clima.
Publicado no DOU de 27/6/2017.
DECRETO Nº 24.643, DE 10 DE JULHO DE 1934
Decreta o Código de Águas.
Publicado no DOU de 20/7/1934.
207
edições câmara
L E G I S L AT I V O