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nB aparece entre as melhores do mundo em sete

disciplinas acadêmicas
No ano passado, a instituição tinha sido listada em 10 matérias. No Brasil, a
USP é a que mais aparece no ranking. Harvard foi a 1ª colocada mundial em
14 áreas

AP   Ana Paula Lisboa 

postado em 29/06/2020 01:00 / atualizado em 28/06/2020 22:41

A Universidade Harvard foi a instituição listada mais vezes no ranking global de


disciplinas acadêmicas de 2020 (Gras, na sigla em inglês), feito pela consultoria
ShanghaiRanking. Diferentemente de outros levantamentos que classificam
instituições de ensino de um modo geral, o estudo tem o objetivo de identificar as
melhores faculdades do mundo em 54 disciplinas.

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Câmpus da Universidade Harvard, a instituição que mais se classificou em primeiro lugar
no ranking
(foto: Maddie Meyer/AFP/Getty Images North America)

Harvard foi a primeira colocada em 14 matérias, cinco das quais dentro de ciências
sociais, quatro em ciências médicas, três em engenharias e duas em ciências da vida.
O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) alcançou o pódio em seis
matérias, cinco das quais dentro de engenharia.

Outros centros de ensino que alcançam o topo em mais de uma disciplina incluem a
Universidade da Califórnia em Berkeley, a Universidade da Pensilvânia e a
Universidade do Colorado em Boulder — essas três nos EUA —, a Universidade de
Oxford (Reino Unido) e a Universidade Tecnológica Nanyang (Cingapura).

A Universidade de Paris-Saclay encabeça a tabela da disciplina de matemática em


sua primeira aparição no ranking. Universidades dos Estados Unidos conquistaram o
primeiro lugar em 31 áreas de estudo. As chinesas dominam 11 campos. O Reino
Unido aparece no pódio em três matérias. Os outros primeiros lugares são ocupados
por instituições europeias.

França, Suíça, Bélgica e Dinamarca alcançaram o topo em uma área cada; enquanto
universidades da Holanda foram as primeiras colocadas em duas matérias. Cingapura
foi destaque em três áreas. Nenhuma universidade da América Latina apareceu em
primeiro lugar. O ranking global de disciplinas acadêmicas de 2020 (Gras) lista
universidades que se destacam em 54 áreas de estudo, divididas entre cinco temáticas
gerais (engenharias, ciências da natureza, ciências da vida, ciências médicas e
ciências sociais).

Laboratório na UnB: ranking de Xangai privilegia bastante a pesquisa


(foto: João Paulo Longo/UnB)

No total, mais de 4 mil instituições de ensino foram ranqueadas. Só aparecer na lista


já é um grande mérito e indica excelência em determinada área. Na América Latina,
396 instituições conseguiram entrar no ranking, das quais 227 são brasileiras.
Instituições de São Paulo são responsáveis por 89 dessas posições. A Universidade
de Brasília (UnB) entrou na lista das melhores em sete matérias.

Em 2019, a UnB tinha conseguido esse destaque em 10 matérias. As áreas em que a


federal de Brasília deixou de aparecer foram economia, matemática, ciências agrárias
e medicina clínica. Como novidade em relação a 2019, está a aparição da UnB como
uma das melhores do mundo em biotecnologia.

Como se saiu a Universidade de Brasília?


A UnB tem sete aparições no ranking. Em duas disciplinas, a universidade foi
considerada a segunda melhor do país: ciências da terra e ciências políticas. Em
saúde pública (dentro de ciências médicas), a instituição se classificou na faixa entre
a segunda e sexta posição nacionalmente. A Universidade de Brasília ficou atrás da
USP, a primeira colocada nessas três matérias.

Em ciências políticas, a UnB e a USP foram as únicas instituições brasileiras a


figurarem no ranking. Em ciências da terra, há quatro universidades federais na lista:
além da USP (1ª) e da UnB (2ª), aparecem as federais do Rio Grande do Sul
(UFRGS) e a Fluminense (UFF), empatadas entre a terceira e a quarta posição.

No cenário global, a melhor classificação da UnB foi na área de odontologia e


ciências bucais, na qual ela ficou na faixa entre as 151 e as 200 melhores do mundo.
Nessa área, no cenário nacional, a universidade ficou na faixa entre as 7 e as 15
melhores do Brasil.

Nas áreas de saúde pública (dentro de ciências médicas) e ciências veterinárias


(englobada por ciências da vida), a federal de Brasília ficou na faixa 201-300.
Nacionalmente, na primeira área, a UnB ficou entre a segunda e a sexta posição;
enquanto em ciências veterinárias, classificou-se no intervalo entre o sétimo e o 23º
lugar.
Em três disciplinas, a universidade foi listada no intervalo 301-400 globalmente:
ciência política (dentro de ciências sociais), ciências da terra e ecologia (essas duas
fazem parte de ciências da natureza). Já entre as brasileiras, nos dois primeiros
campos, a UnB foi a segunda colocada; enquanto, em ecologia, ficou entre a quinta e
a 11ª colocação.

Na faixa 401-500 do mundo, a UnB aparece com a disciplina biotecnologia


(classificada dentro de engenharias). Entre as universidades nacionais, a federal de
Brasília ficou entre a sexta e a 10ª posição nesse campo.

A reitora da UnB, Márcia Abrahão, não se surpreende com as disciplinas em que a


universidade teve destaque. “Ciências da terra, ecologia e ciência política são áreas
em que a universidade tem programas de pós-graduação de nível internacional, de
pontuação entre 6 e 7 (sendo a maior nota é 7)”, diz.

“A geologia, que é ciências da terra, e ciências políticas têm programas nota 7, e


ecologia é nota 6”, afirma ela, que é graduada, mestre e doutora em geologia.
“Odontologia é uma área que a UnB é muito forte em todos os rankings
internacionais, apesar de o programa de pós-graduação não ter uma nota tão alta. Já
biotecnologia é uma área nova em termos de curso de graduação, mas na pós-
graduação já tem histórico”, comenta.

Desafios e especificidades
A classificação, claro, tem variações conforme o critério adotado por cada ranking.
No exterior, é comum que existam universidades aprofundadas em áreas específicas,
como saúde, engenharia e negócios. No Brasil, especialmente entre as instituições
públicas, o mais comum é que sejam centros de ensino gerais, com várias disciplinas.
A reitora da UnB, Márcia Abrahão, no
câmpus Darcy Ribeiro
(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

É esse o caso da UnB. Questionada sobre se esse é um desafio maior, Márcia


Abrahão observa que as instituições nacionais, especialmente públicas e federais, têm
um objetivo diferente. “Nossas universidades têm uma missão muito importante de
formação da sociedade. O Brasil é um país onde o percentual de jovens nas
universidades é muito baixo e o de formados também”, analisa.

Ela esclarece, porém, que atuar em muitas áreas não é problema. “O problema é a
volatilidade do financiamento para pesquisa. Agora mesmo no combate à pandemia
de coronavírus, quais países se saíram melhor? Aqueles que estavam com pesquisa
avançada, financiamento em dia, não tinham tido interrupção…”
Trata-se de um cenário diferente do nacional, em que foram aplicados cortes tanto no
orçamento das universidades federais quanto nas bolsas de pesquisa de agências de
fomento. “Como é que a pandemia pegou a gente? Com corte de bolsas de pós-
graduação, alunos de pós-graduação tinham saído do Brasil e ido para o exterior,
laboratórios estavam sendo fechados por falta de financiamento”, elenca Márcia.

Dessa maneira, é preciso olhar o contexto das universidades do Brasil e de outros


países, especialmente os desenvolvidos e que investem pesado em educação, ciência
e tecnologia, com esse cuidado. “A comparação precisa ser feita com muita cautela
para não desmerecer o trabalho feito pelas universidades”, alerta a reitora da UnB.

Cenário latino e nacional


Na América Latina, 396 instituições conseguiram entrar no ranking, das quais 227
são brasileiras. Instituições de São Paulo são responsáveis por 89 dessas. A
Universidade de São Paulo (USP) teve 40 aparições, conseguindo alguns destaques
globalmente e, no cenário das faculdades brasileiras, a pior classificação da USP foi
o terceiro lugar.

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