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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
FISIOTERAPIA NO PSF

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
FISIOTERAPIA NO PSF

MÓDULO V

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO V

18 SAÚDE DO ADOLESCENTE, DO JOVEM E SAÚDE ESCOLAR

Saúde e Prevenção nas Escolas é um projeto dos ministérios da Saúde e da


Educação, que conta com o apoio da Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e do Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF). Representa um marco na integração saúde-educação e destaca
a escola como o melhor espaço para a articulação das políticas voltadas para
adolescentes e jovens, principalmente por poder contar com a participação dos
sujeitos desse processo: estudantes, famílias, profissionais da educação e da saúde.
Nos últimos anos, diferentes iniciativas entre saúde e educação estudaram
maneiras de fazer prevenção eficiente com jovens nas escolas. O objetivo central é
a promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva, visando reduzir a
vulnerabilidade de adolescentes e jovens às doenças sexualmente transmissíveis
(DSTs), à infecção pelo HIV, à AIDS e à gravidez não planejada, por meio de ações
nas escolas, nas Unidades Básicas de Saúde e PSF.
Seguindo a premissa de descentralização, a Saúde e Prevenção nas
Escolas vêm realizando esforços para incentivar estados e municípios a assumir e
preservar a qualidade dos serviços de ações destinadas à prevenção das
DSTs/AIDS e uso de drogas para o público-alvo do projeto.
A participação dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família se faz
necessária nesta abordagem; como agentes sociais, deveremos participar
ativamente.
Neste novo papel social, o fisioterapeuta participará da Educação em Saúde
realizada nas escolas e também na captação de casos relacionados às patologias
citadas anteriormente.

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18.1 CUIDADOS COM A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

A gravidez precoce está se tornando cada vez mais comum na sociedade


contemporânea, problema esse que vem preocupando o Ministério da Saúde, pois
os adolescentes estão iniciando a vida sexual mais cedo. A gravidez na
adolescência envolve muito mais do que problemas físicos, pois há também
problemas emocionais, sociais, entre outros. Uma jovem de 14 anos, por exemplo,
não está preparada para cuidar de um bebê, muito menos de uma família. Com isso,
entramos em outra polêmica, o de mães solteiras; por serem muito jovens, os
rapazes e as moças não assumem um compromisso sério e na maioria dos casos
quando surge a gravidez um dos dois abandona a relação sem se importar com as
consequências. Por isso, o número de mães jovens e solteiras vem crescendo
consideravelmente.
Mas o que acontece é que muitos pais acham constrangedor ter um diálogo
aberto com seus filhos, essa falta de diálogo gera jovens mal instruídos, que iniciam
a vida sexual sem o mínimo de conhecimento. Alguns especialistas afirmam que
quando o jovem tem um bom diálogo com os pais, quando a escola promove
explicações sobre como se prevenir, o tempo certo em que o corpo está pronto para
ter relações e gerar um filho, há uma baixa probabilidade de gravidez precoce e um
pequeno índice de doenças sexualmente transmissíveis. O prazer momentâneo que
os jovens sentem durante a relação sexual transforma-se em uma situação
desconfortável quando descobrem a gravidez.
É importante que quando diagnosticada a gravidez, a adolescente comece o
pré-natal, receba o apoio da família (em especial dos pais) e tenha auxílio de um
profissional da área de saúde. Dessa forma, ela terá uma gravidez tranquila, terá
perspectivas mais positivas em relação a ser mãe, pois muitas entram em depressão
por achar que a gravidez significa o fim de sua vida e de sua liberdade.
É muito importante que haja diálogo entre os pais, os professores e os
próprios adolescentes, como forma de esclarecimento e informação. Neste contexto
social a participação dos Profissionais de Saúde da Estratégia de Saúde da Família

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terá grande responsabilidade e contribuirá para a diminuição dos casos e
acompanhamento dos já existentes.

18.2 DSTS/AIDS E SAÚDE REPRODUTIVA

O Ministério da Saúde, no documento “Direitos Sexuais e Direitos


Reprodutivos: uma Prioridade do Governo” apresenta entre suas propostas e
diretrizes a atenção à saúde sexual e à saúde reprodutiva de adolescentes e jovens.
Tal prioridade consolida-se por meio da articulação entre as diversas áreas que
envolvem o tema e norteia a formulação e a implementação de ações relativas à
saúde sexual e à saúde reprodutiva dos adolescentes e jovens de ambos os sexos.
A saúde sexual e a saúde reprodutiva de adolescentes e jovens têm sido
foco de inúmeros e profundos debates, questionamentos e controvérsias. A garantia
dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos dessa população é uma questão de
direitos humanos e propicia o pleno exercício do direito fundamental à saúde.
O Ministério da Saúde, pautado nessa perspectiva, lança o “Marco Teórico e
Referencial: Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva de Adolescentes e Jovens”,
documento que agrega e discute os marcos legais, nacionais e internacionais, sobre
saúde sexual e saúde reprodutiva, bem como a garantia de direitos. O marco
fundamenta-se na produção do conhecimento sobre saúde e sexualidade, de
adolescentes e jovens, existente no Brasil e no exterior e nas experiências políticas
de muitos sujeitos sociais, com uma expressiva participação juvenil, cujos esforços
têm se voltado para a garantia dos direitos de adolescentes e jovens no país.
O objetivo deste documento é oferecer subsídios teórico-políticos,
normativos e programáticos, que orientem a implementação de ações voltadas à
saúde sexual e à saúde reprodutiva de adolescentes e jovens. Destina-se,
especialmente, a todos os gestores do SUS, como também a outros setores das
políticas públicas voltados à adolescência e à juventude. Ele deverá orientar as
ações para a atenção à saúde sexual e à saúde reprodutiva de adolescentes e
jovens, como parte das estratégias de implementação da Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens.

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A promoção dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos envolve: a
promoção do bem-estar de adolescentes e jovens; o estímulo à educação, inclusive
como condição para a saúde sexual e reprodutiva; o envolvimento de jovens no
planejamento, na implementação e na avaliação das atividades que a eles se
destinam, com destaque para a educação, a saúde sexual e a saúde reprodutiva.
Este marco expressa o compromisso do Governo Brasileiro com a
superação das desigualdades e com a garantia dos direitos humanos de
adolescentes e jovens no país, a partir de um amplo e profícuo debate.
Baseado em tudo que foi supracitado, o fisioterapeuta, como profissional
integrante da área de saúde, deverá ter a sua parcela de contribuição,
participando ativamente da elaboração de estratégias que efetivem as diretrizes
do Ministério da Saúde.
As estratégias sugeridas são:
 participar da formulação de políticas públicas no campo da saúde para
reduzir a incidência do HIV/AIDS e outras DSTs, e a vulnerabilidade da
população brasileira a esses agravos;
 promover a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS;
 reduzir os estigmas e os demais impactos sociais negativos do HIV/AIDS
e outras DSTs, por meio de ações pautadas pela ética, pelo respeito às
diversidades sexual, racial, étnica, social, econômica e cultural e pelo
compromisso com a promoção e atenção à saúde, em consonância com os
princípios e diretrizes do SUS, contribuindo para a resposta global à
epidemia.

19 SAÚDE DA MULHER

Quanto à saúde da mulher, o fisioterapeuta atua na prevenção de câncer,


por meio do papanicolau e autoexames das mamas, orientando quanto ao
diagnóstico precoce; realiza também procedimentos ou técnicas fisioterápicas a fim
de evitar complicações da histerectomia e da mastectomia, incluindo drenagem
linfática como forma de tratamento.

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Será realizada avaliação e diagnóstico fisioterapêutico na saúde da mulher:
o Diagnóstico fisioterapêutico ou fisiodiagnóstico é compreendido como a avaliação
funcional, sendo esta um processo pelo qual, por meio de metodologias e técnicas
fisioterapêuticas, são analisados e estudados os desvios físico-funcionais
intercorrentes, na sua estrutura e no seu funcionamento, com a finalidade de
detectar e parametrar as alterações apresentadas, considerando os desvios dos
graus de normalidade para os de anormalidade. Também pode ser aceito como
déficit orgânico e/ou funcional consequente de uma afecção de base que os
recursos fisioterapêuticos podem abolir, diminuir a intensidade ou diminuir a
velocidade de progressão da deterioração e é descrito de forma generalizada,
sucinta e precisa, como resultado da síntese da avaliação fisioterapêutica.

20 ACOMPANHAMENTO À GESTANTE

Nos grupos de gestantes, o fisioterapeuta atua no condicionamento físico,


aliado a exercícios respiratórios e de relaxamento, manipulação, além da orientação
à gestante sobre como proceder no pré e no pós-parto. O acompanhamento da
gestante será realizado de diferentes formas nos trimestres gestacionais.

20.1PRIMEIRO TRIMESTRE

Acompanhamento e orientações sobre os ajustes fisiológicos da gravidez:


 sistema cardiovascular;
 sistema respiratório;
 mamas;
 pele;
 sistema gastrointestinal;
 sistema nervoso;
 sistema urinário;

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 sistema locomotor.
Na ERAP para gestante, devem-se realizar todos os exercícios, respeitando
a limitação de cada uma e fazendo adaptação com exceção dos exercícios,
adaptando com o uso de bola de Bobath. O local onde serão realizadas as sessões
deve ser devidamente preparado para dar conforto e tranquilidade às gestantes, e
equipados, a fim de facilitar os exercícios de fortalecimento muscular, com materiais
como colchonetes, almofadas, rolos acolchoados, bastões ou barras, bolas suíças
de tamanhos diferentes, faixas elásticas do tipo thera band, as quais possuem
resistências diferentes, entres outros utensílios. A sessão deve ser realizada
regularmente, com um mínimo de duas vezes na semana.

20.2 SEGUNDO TRIMESTRE

A gestante continuará realizando a ERAP semanalmente, porém daremos


ênfase aos tópicos a seguir:
 incentivar o cuidado com as mamas e estimular a amamentação – as
estatísticas comprovam que cerca de 87% das mães com classe social 1
amamentam seus bebês duas vezes mais que aquelas com classe social 5
(43%). Sendo assim, deve-se ratificar sobre os benefícios da amamentação
para mãe e para o bebê. Deve ser indicado um bom sutiã de apoio na
medida correta ao tamanho do conteúdo. Cuidado com os mamilos, com o
enrijecimento mamário, com o uso de exercícios, a orientação quanto ao não
uso de óleos sobre o mamilo. Massagens mamárias da periferia em direção
ao centro;
 prevenção de dor nas costas e cintura pélvica (50% das gestantes
apresentam algias nas costas), o simples conhecimento do uso prudente das
costas é um direito de toda mulher; serão sugeridas adaptações no deitar,
no levantar, sentar, ficar em pé e caminhar, abaixar e erguer pesos;
 prevenção da síndrome do túnel do carpo, visto que há uma diminuição
da função nervosa sensorial e motora causada pela compressão do nervo
mediano ao passar pelo retináculo dos flexores (túnel carpal) em virtude do

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aumento de retenção hídrica (edemas) com o agravamento no 3º trimestre
da gravidez. O fisioterapeuta poderá utilizar recursos como: crioterapia em
posição de drenagem, ultrassom e cinesioterapia;
 nos distúrbios circulatórios que são comuns na gravidez devido à
retenção hídrica e compressão dos gânglios linfáticos, as mulheres deverão
estar cientes que ficar em pé ou sentada por longos períodos com a perna
pendente ou joelhos cruzados é muito nocivo. A dorsiflexão e flexão plantar
frequente por pelo menos três segundos de cada vez, provocam um retorno
venoso mais eficiente. O erguimento dos pés da cama com tijolos é sugerido
com frequência. Serão feitas caminhadas dentro ou fora d’água.

20.3 ATIVIDADES FÍSICAS PARA AS GESTANTES

Durante a gravidez, como em outras fases da vida, a prática de alguma


atividade física, de maneira regular e adequada, constitui um dos melhores caminhos
para uma boa manutenção da forma física, estabelecimento e progressão do ciclo
gravídico-puerperal, assim como uma boa recuperação no puerpério imediato. O próprio
trabalho de parto será beneficiado se a mulher praticar exercícios regularmente durante
a gravidez. A prática de atividades físicas promove ainda o alívio da sintomatologia
dolorosa e dos desconfortos, que possam surgir com a gestação e elevam a autoestima
da grávida, possibilitando uma recuperação mais curta e favorecendo um retorno às
atividades do cotidiano e trabalhista mais precocemente.
A gestante, ao ser encaminhada para um acompanhamento fisioterapêutico,
deve passar por uma avaliação completa e pormenorizada, composta por uma
entrevista ou anamnese e um exame físico, realizados pelo fisioterapeuta, antes do
início dos atendimentos. Na anamnese serão coletadas as informações pessoais
sobre a gestante e sua família, os dados da gestação atual, sintomas relacionados à
gravidez e seus ajustes, além da aferição dos sinais vitais. No exame postural,
poderá observar a gestante em várias posturas, durante a realização de alguns
movimentos e também ao caminhar, detectando assim as principais dificuldades da
gestante para então elaborar uma conduta fisioterapêutica de maneira a aliviá-las.

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20.3.1 Caminhada (conduta no solo)

A sessão é iniciada com uma caminhada de cinco minutos, a qual prepara o


sistema cardiorrespiratório, os músculos e articulações dos membros inferiores e
superiores para o exercício. Deve ser realizado também um alongamento dessas
cadeias musculares. Essa primeira etapa dura em média de 10 a 15 minutos, sendo
chamada de série metabólica. Em seguida, tem início a etapa conhecida como série
principal, a qual é composta por exercícios respiratórios para as fases do trabalho do
parto, e exercícios para o fortalecimento e tonicidade de todos os grupos
musculares, principalmente as musculaturas do assoalho pélvico e do abdômen, que
são os grupamentos mais solicitados no parto, tendo duração de 20 a 25 minutos. A
sessão termina com um relaxamento, que visa aliviar as tensões musculares ainda
existentes, desaquecimento do corpo e regularização das frequências cardíaca e
respiratória, durando cerca de 10 a 15 minutos.

20.3.2 Hidroterapia

A água possui propriedades físicas peculiares que a transformam em um


meio terapêutico muito eficiente e seguro para realização da sessão. O empuxo e a
pressão hidrostática, juntos, reduzem o peso corpóreo da gestante, auxiliam o
retorno venoso e condicionam o coração, diminuindo assim os riscos de lesão
musculoesquelética e os edemas gravitacionais. Além disso, os músculos
respiratórios precisarão trabalhar contra a soma das pressões hidrostática e intra-
abdominal, melhorando assim o condicionamento e tonicidade dessa musculatura e
a capacidade inspiratória da gestante.
A conduta na água é semelhante à conduta no solo. Ela começa com uma
caminhada dentro da piscina, que dura em média cinco minutos, e alongamento dos
grupos musculares completando assim 10 a 15 minutos de aquecimento; depois são

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realizados os exercícios direcionados ao fortalecimento de grupos musculares
específicos, além de exercícios respiratórios e de reeducação postural. Essa
segunda etapa dura em média 35 minutos. Ao final da sessão, deve ser feito
também um relaxamento, que tem o objetivo de promover a estabilização das
frequências cardíaca e respiratória, além de relaxar as musculaturas ainda sob
tensão, durando cerca de 10 minutos.
Na piscina, assim como no solo, são também utilizados alguns materiais,
como flutuadores, caneleiras, colete lombar e colar cervical, para facilitarem os
exercícios de fortalecimento muscular, eles tornam as sessões mais prazerosas e
divertidas para a gestante. Cada sessão tem uma duração de 45 a 60 minutos, não
devendo ultrapassar uma hora, evitando-se assim a fadiga da grávida.
Os benefícios da hidroterapia são:
 alívio da sintomatologia dolorosa (lombalgia);
 melhora da circulação de retorno tanto linfática quanto venosa,
auxiliando na redução de edemas;
 promove uma reeducação postural, já que a gestação altera a posição
do centro de gravidade da mulher;
 melhora o tônus muscular;
 promove um melhor relaxamento;
 melhora a função intestinal;
 melhora o condicionamento do aparelho cardiorrespiratório;
 facilita o trabalho de parto, tornando mais efetivo e menos doloroso;
 promove uma recuperação mais rápida do parto;
 aumenta a autoestima da gestante, proporcionando um bem-estar físico
e emocional.

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20.4 TERCEIRO TRIMESTRE

Com a aproximação do parto deveremos estar atentos ao nível de ansiedade


destas gestantes, pois, sabemos que cada mulher tem seus temores, esperanças e
anseios diferentes sobre este momento. Embora seja errado generalizar, os
levantamentos mostram que as mulheres da classe média têm maior probabilidade
de pedirem um parto natural, enquanto futuras mães da classe mais baixa, não
estão muito preocupadas com isso; elas tendem a ver o parto como um meio para
um fim e preferem um parto mais confortável, indolor e seguro, ou seja, acreditam
que a cesariana corresponde a estas expectativas.
O fisioterapeuta deverá dar todo seu apoio a esta gestante, mostrar-lhe
todas as vantagens de um parto natural, tanto para a mãe como para o bebê.
Humanizando cada vez mais este momento e desmistificando todas as dúvidas que
esta gestante tiver.
Além de todos os exercícios da ERAP para Gestante, nesta fase será
intensificado o trabalho de preparação para o parto, para que a mulher se sinta
segura e saiba todo o processo fisiológico gestacional:
 relaxamento;
 imaginação;
 respiração;
 como enfrentar as contrações;
 posições para o parto;
 massagem para o parto;
 massagem do períneo.

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20.4.1 Puerpério

Logo após o período do nascimento do bebê, o corpo da mãe começa o


período de recuperação. Na medida em que se move, fala e sorri, ela irá perceber
uma falta quase que completa de controle da musculatura abdominal. A mulher pode
apresentar vários tipos de queixas, como incapacidade de controlar a urina, dor
abdominal, exaustão, dos quais o fisioterapeuta deverá levar a sério e avaliar de
modo adequado. Pequenos incômodos podem ser resolvidos com tratamento físico,
empatia e compreensão.
Observar o estado físico no pós-parto com ênfase nos músculos abdominais,
assoalho pélvico, pernas, costas e seios. Será realizado fortalecimento desta
musculatura, acrescido de dicas de postura e de amamentação.

20.5 CLIMATÉRIO

As alterações mais frequentes são:


 ondas de calor e suores noturnos;
 irritação vaginal (vaginite atrófica);
 distúrbio urinário – atrofia, inflamação, infecção da vagina pode ter efeito
secundário na uretra e bexiga, podendo haver atrofia da uretra, trigono e
ligamentos de apoio conjuntos. Estes fatores devem ser levados em
consideração, visto que a mulher pode apresentar várias queixas como
cistite, uretrite, frequência, disúria, urgência ou incontinência urinária. Estas
mulheres deverão ser submetidas à avaliação uroginecológia e
encaminhadas para ERAP;
 distúrbios psicológicos e emocionais;
 alteração da sua sexualidade – estas mulheres deverão ser submetidas
à avaliação uroginecológia e encaminhadas para ERAP;

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 osteoporose – as mulheres serão avaliadas, orientadas e encaminhadas
para realização de caminhadas e/ou para outros especialistas.
Quanto à violência contra a mulher e prevenção de colo de útero, será
realizado um trabalho de captação, Educação em Saúde e apoio à Equipe das USFs.

21 DISFUNÇÕES COMUNS DA MULHER

São disfunções comuns nas mulheres:


 anosgarmia/disorgasmia, dispareumia, vaginismo – após a avaliação
uroginecológica, a usuária será encaminhada para ERAP (promover a
conscientização corporal) e Terapia Comportamental (psicólogo). Não
havendo melhora no quadro será encaminhada para Atenção Secundária
(Centro de Reabilitação Fisioterapêutica);
 dor endopélvica (endometriose), dismenorreia, tensão pré-menstrual – a
usuária passará por avaliação uroginecológia, serão ensinadas técnicas de
relaxamento, exercícios respiratórios (conscientização diafragmática),
Eletroestimulção Transcutânea (TENS), infravermelho e, conforme a
necessidade, será encaminhada para ERAP com objetivo de adquirir
consciência e um controle corporal.

22 SAÚDE DO IDOSO

A Política Nacional do Idoso tem como base de sustentação “que os


programas de Promoção da Saúde para idosos devem estar voltados para a
prevenção de doenças e deficiências, a manutenção das funções físicas e cognitivas
e a participação constante em atividades sociais e produtivas”. A fisioterapia
reabilitativa pertence à terceira fase de assistência à saúde, ou seja, a prevenção
terciária. Deve fazer parte integrante das atenções primária e secundária, pois hoje
em dia, a fisioterapia preventiva assume papel cada vez mais importante. Os

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objetivos da fisioterapia podem ser um desafio quando voltados para as pessoas
idosas que apresentam problemas complexos, ligados aos processos do
envelhecimento, doenças crônico-degenerativas e aos fatores ambientais.
A partir da análise da mudança do perfil epidemiológico da população,
verifica-se a necessidade de uma atuação ampla da rede de atenção básica, além
do campo das doenças infecciosas, mas também nas áreas crônico-degenerativas e
traumáticas. Para tanto, é importante uma redefinição nos aspectos de espaço físico
e no perfil dos profissionais que irão atuar na equipe de saúde, no sentido de
promoção, prevenção, educação, controle social e reabilitação desta nova demanda
que se apresenta (KATO et al., 1994).
Nas últimas duas décadas, estudos estatísticos demonstram uma mudança
importante no quadro de doenças com o aumento na incidência das doenças
crônicas e degenerativas (CORRÊA, 1995). Estas mudanças no perfil
epidemiológico da população se devem, principalmente, ao aumento da expectativa
média de vida da população.
O envelhecimento da população é um dos maiores desafios das últimas
décadas. Embora a velhice não seja sinônimo de doença, com a idade aumenta o
risco de comprometimento funcional e perda de qualidade de vida. A avaliação
funcional dos idosos, com acompanhamento do profissional fisioterapeuta, torna-se
essencial para estabelecer um diagnóstico, um prognóstico e um julgamento clínico
adequados, que subsidiarão as decisões sobre os tratamentos e cuidados
necessários com o idoso (CIANCIARULLO et al., 2002).
A fisioterapia apresenta uma missão primordial, de cooperação, mediante a
nova realidade de saúde que se apresenta, através da aplicação de meios
terapêuticos físicos, na prevenção, eliminação ou melhora de estados patológicos do
homem, na promoção e na educação em saúde.
O processo de envelhecimento recebe influência de vários fatores a que o
ser humano se sujeita no decorrer de sua vida. Estas alterações variam de um
indivíduo para o outro e são influenciadas, tanto pelo estilo de vida quanto por
fatores genéticos. O envelhecimento traz, para os indivíduos, alterações
progressivas, quer nos aspectos funcionais, quer nos motores, psicológicos e
sociais. Dentre as modificações provenientes do envelhecimento destaca-se a
diminuição da capacidade funcional do indivíduo, ocasionada principalmente pelo

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desuso físico e mental. Atividades preventivas e de reabilitação no âmbito da
fisioterapia, realizadas nas unidades de saúde, são imprescindíveis para manter ou
resgatar a autonomia de idosos e poderão ter grande impacto na saúde desta
população.
A prática regular de exercícios físicos é estratégia preventiva, primária,
atrativa e eficaz para manter e melhorar o estado de saúde física e psíquica em
qualquer idade, tendo efeitos benéficos diretos e indiretos para prevenir e retardar as
perdas funcionais do envelhecimento, reduzindo o risco de enfermidades e
transtornos frequentes na terceira idade, tais como as coronariopatias, a hipertensão,
a diabetes, a osteoporose, a desnutrição, a ansiedade, a depressão e a insônia.
Em relação à recuperação da força muscular em idosos, estudos têm
demonstrado que ela pode ser conseguida mediante programas de condicionamento
físico, de força e resistência, de alta ou baixa intensidades.
Os ossos e músculos respondem bem ao estresse físico, tornando-se
maiores e mais fortes. Exercícios físicos provocam tensão física no corpo, ajudam a
estimular o crescimento ósseo, preservar a massa óssea e, consequentemente,
auxiliam na prevenção e tratamento da osteoporose.
O fisioterapeuta tem um papel importante como instrumento integralizador
no processo de promoção do envelhecimento saudável. Além de ser responsável
pela educação do paciente em corrigir sua postura, evitar quedas e excesso de
atividades físicas, que possam potencialmente resultar em fraturas ósseas
indesejáveis, também são responsáveis pela prescrição de um programa de
condicionamento físico específico para cada indivíduo.
Objetiva-se com o tratamento fisioterápico, aliado a exercícios físicos, a
melhora do equilíbrio e da marcha, o fortalecimento da musculatura proximal dos
membros inferiores, a melhora da amplitude articular, o alongamento e aumento da
flexibilidade muscular, entre outros. Idosos que se mantêm em atividade, minimizam
as chances de cair e aumentam a densidade óssea evitando fraturas, conforme
transcorrido anteriormente.

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22.1 ALTERAÇÕES DE BARREIRAS ARQUITETÔNICAS E ADEQUAÇÃO DO
MOBILIÁRIO VERSUS QUEDAS E FRATURAS NA TERCEIRA IDADE

As quedas entre pessoas idosas constituem um dos principais problemas


clínicos e de saúde pública devido à sua alta incidência, às consequentes
complicações para a saúde e aos altos custos assistenciais. Aproximadamente
30% das pessoas de 65 anos ou mais caem pelo menos uma vez a cada ano
(TINETTI, 1994).
As consequências das quedas para os idosos podem ser bastante
limitadoras e, em alguns casos, até fatais. Os principais problemas decorrentes são
fraturas, lesões na cabeça, ferimentos graves, ansiedade, depressão, o chamado
"medo de cair" (medo de subsequentes quedas), que também pode acometer idosos
que nunca caíram. Entre idosos que sofrem quedas, 3% a 5% apresentam fraturas
graves a cada ano (TINETTI, 1994).
As quedas, além de produzirem importante perda de autonomia e qualidade
de vida entre idosos, podem também repercutir entre seus familiares, que devem se
mobilizar em torno de cuidados especiais, adaptando toda sua vida em função da
recuperação ou adaptação do idoso após a queda. Atividades de prevenção e de
promoção de saúde no âmbito da Atenção Primária, realizadas nas Unidades de
Saúde da Família, são imprescindíveis para evitar e/ou diminuir as quedas,
mantendo assim a autonomia de idosos que poderão ter grande impacto na saúde
desta comunidade.
O investimento na saúde e educação da atual população de idosos e a
compreensão da morbidade são apresentados como alternativas capazes de
minimizar, em um município com recursos financeiros escassos, o impacto do
envelhecimento populacional sobre a qualidade de vida. Além disso, constitui-se em
política sanitária indispensável, não só porque as quedas afetam de maneira
desastrosa a vida dos idosos e de suas famílias, mas também drena montante
expressivo de recursos econômicos no tratamento de suas consequências.

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Frente a esse quadro, devem ser traçadas estratégias de prevenção para
diminuir o número de sequelas e danos subsequentes. Para que sejam eficazes, é
preciso, inicialmente, que haja uma minuciosa identificação dos fatores de risco que
aumentam a incidência desses eventos, em particular, daqueles seguidos por fraturas.

22.1.1 Objetivo geral

A proposta preventiva visa melhorar a qualidade de vida destes idosos, visto


que as quedas trazem inúmeras consequências, podendo, em casos mais graves;
levar o idoso a óbito.

22.1.2 Objetivos específicos

São objetivos específicos da prevenção a quedas envolvendo idosos:


 identificar os possíveis fatores de riscos modificáveis;
 tratar os fatores etiológicos e comorbidades presentes;
 identificação precoce dos idosos com maior chance de sofrerem queda;
 ajudar os usuários a superarem as constantes ameaças ao seu
equilíbrio, não só melhorando suas capacidades funcionais como também
lhes conscientizando de suas limitações;
 sugerir algumas alterações em seus lares para lhes conferir maior
segurança, para que não venham a sofrer quedas;
 realizar palestras (Educação em Saúde) abordando temas relacionados
a tais questões;
 fomentar a participação da Equipe para que haja integralidade nas
ações;
 buscar parcerias (intersetorialidade) quando necessário;
 acolher os idosos que já apresentarem sequelas de quedas e cuidar
para que não haja a recorrência;

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 sensibilizar o gestor para a necessidade de realização de políticas
públicas preventivas mais resolutivas;
 mostrar ao gestor que tais estratégias podem não só melhorar a
qualidade de vida de nossos idosos como também diminuir gastos com
medicamentos e cirurgias, que poderiam ser evitadas.

22.1.3 Estatísticas de acidentes com idosos

As estatísticas são as seguintes:


 segundo o Sistema Único de Saúde (SUS), um terço dos atendimentos
por lesões traumáticas nos hospitais do país ocorrem com pessoas com
mais de 60 anos;
 75% acontecem dentro de casa;
 34% das quedas provocam algum tipo de fratura;
 46% acontecem no trajeto entre o banheiro e o quarto, principalmente à
noite;
 estima-se que, em 2025, o Brasil contará com 31,8 milhões de
habitantes com 60 ou mais anos de idade e que ocupará o 6º lugar, no
mundo, em contingente de idosos.

22.1.4 Alterações comuns nos idosos que predispõem as quedas

São as seguintes:
 alterações neurológicas – acidente vascular encefálico e ataque
isquêmico transitório, parkinsonismo, confusão, convulsões, insuficiência
vertebrobasilar, hipersensibilidade de seio carotídeo, distúrbios cerebelares,
neuropatia e demência;
 cardiovascular – infarto do miocárdio, hipotensão ortostática e arritmia;
 gastrointestinal – sangramento, diarreia e síncope de defecação;

AN02FREV001/REV 4.0

111
 metabólico – hipotireoidismo, hipoglicemia, anemia, desidratação,
hiponatremia genitourinário, síncope miccional, incontinência;
 musculoesquelético – artrite, miosite, deformidade espinhal, fraqueza
muscular, descondicionamento;
 psicológica – depressão, ansiedade, induzido por droga;
 estados patológicos atribuíveis a diuréticos – anti-hipertensivos,
cardiotônicos, hipnóticos, sedativos e psicotrópicos.

TABELA 3 - TABELA DE AFECÇÕES COMUNS NA SENESCÊNCIA

A presbiacusia é um declínio na acuidade auditiva com


Presbiacusia o envelhecimento, pode levar à queda quando o indivíduo é
incapaz de ouvir os ruídos que alertam para a aproximação de
um automóvel, por exemplo, e, portanto, não tem tempo
suficiente para evitar um acidente. Comprometimento da
discriminação da fala. Aumento no limite para tons puros (os
sons de alta frequência são afetados predominantemente).
Acúmulo excessivo de cera.

O declínio da acuidade visual é uma das causas mais


significativas. Com o envelhecimento, o tamanho e resposta
das pupilas diminuem. Ao entrar em um recinto escuro ou sair
Acuidade à noite, o indivíduo idoso tem risco de quedas aumentado, pois
visual o tempo necessário para que o olho senescente atinja um
nível de sensibilidade à luz igual ao de uma pessoa jovem está
prolongado. Por consequência, indivíduos mais velhos
precisam de iluminação adequada para andar com segurança.
Com o envelhecimento, a lens se torna mais opaca, levando à
intolerância do brilho forte e a um declínio na percepção da
profundidade. A alteração da percepção de profundidade pode
levar a quedas associadas com subir e descer escadas. Como
a lens fica amarelada com o envelhecimento, isto resulta em

AN02FREV001/REV 4.0

112
uma filtração do espectro verde-azulado.

A fraqueza muscular é sugerida por uma incapacidade


do paciente para andar sobre seus calcanhares ou artelhos,
Fraqueza levantar-se de uma cadeira ou após abaixar-se sem utilização
muscular dos braços ou segurar-se no assento da cadeira.
Frequentemente associada com quedas e tropeços. Pode
ocorrer debilidade muscular difusa em apenas de quatro a seis
semanas de repouso absoluto no leito.

A instabilidade postural aumenta com o


envelhecimento e se manifesta por uma perda de reflexos de
Instabilidade correção e um aumento na oscilação do corpo. A manutenção
postural da estabilidade postural é uma função complexa, que requer
integração central apropriada de sensações visuais,
vestibulares e proprioceptivas, todas sofrendo declínio
funcional com o envelhecimento. O tempo da reação também
aumenta, aumentando o intervalo entre a percepção do perigo
e a ação para evitá-lo.

Tempo de reação mais lento, consciência sensorial


Sistema diminuída para toques leves, vibração, temperatura, oscilação
nervoso do corpo aumentada, comprometimento dos reflexos de
proteção.

Um acidente vascular encefálico franco ou um


Doença episódio isquêmico transitório podem provocar uma queda
cerebrovascular devido à perda de função motora ou sensorial em uma
e extremidade inferior, alteração súbita da percepção visual,
neurológica
alterações no nível de consciência ou convulsão. A doença
cerebrovascular que envolve a circulação posterior (cerebelar)
dá origem à tontura e ataxia, estas podem predispor as
quedas.

AN02FREV001/REV 4.0

113
Demência Nos indivíduos idosos com demência aguda ou
crônica, a frequência de quedas aumenta devido à falta de
percepção de perigos ambientais das próprias capacidades do
indivíduo.

A doença de Parkinson é comum e associada com


Parkinson distúrbios de marcha e do equilíbrio postural. Os pacientes
parkinsonianos são mais lentos ao reagir a perigos ambientais,
levando a quedas.

Hipotensão A hipotensão ortostática é uma queda de 20 mmHg na


ortostática PA sistólica ou de 10 mmHg na PA diastólica. Pacientes
diabéticos frequentemente são acometidos por quadros de
hipotensão ortostática, secundária à disfunção do sistema
nervoso autônomo.

Quando ocorre uma queda abrupta, com ou sem perda


da consciência, ou que é precedida por tontura ou palpitações,
Arritmia sugere uma arritmia cardíaca. Estes tipos de quedas estão, às
vezes, associados com exercícios ou com ficar em pé, se o
paciente apresenta uma estenose aórtica que provoca uma
redução de perfusão cerebral. Uma queda pode ser o primeiro
indício de um infarto agudo do miocárdio, sendo que ataques
cardíacos silenciosos em pacientes idosos são comuns,
principalmente nos diabéticos.

Toda queda precisa ser considerada como possível


Quedas sinal de uma doença importante iminente. As quedas podem
ser provocadas por qualquer doença aguda ou crônica que
resulte em fraqueza ou tontura. Nos casos de infarto agudo do
miocárdio, acidentes vasculares encefálicos, ou sangramento
gastrointestinal, que podem apresentar primeiramente como

AN02FREV001/REV 4.0

114
uma queda.

Pacientes com histórico de epilepsia ou de acidente


vascular encefálico recente, e aqueles que recebem certas
Convulsão drogas, estão em risco para o desenvolvimento de convulsões,
com episódios de síncope. A possibilidade de convulsão deve
ser sempre considerada se existe uma razão para se suspeitar
de que o paciente tem tido quedas repetidas, não percebidas,
com micção involuntária, ou tem uma história de acidente
vascular encefálico prévio.

Muitas alterações artríticas e neuromusculares


patológicas podem prejudicar a marcha e aumentar o risco de
queda. Na doença de Parkinson é afetado muito a estabilidade
postural, e assumem uma postura fletida, inclinada para frente
e uma marcha arrastada, levantando ligeiramente os pés do
Marcha solo. Outro fator é a fraqueza muscular secundária à hiper e
comprometida hipotireoidismo, polimialgia reumática e osteoartrite do joelho
contribuem para uma marcha lenta, cautelosa e fixa,
acompanhada de gingado, dificuldade para subir escadas e
propensão a sofrer uma queda. O profissional que está
acompanhando deve inspecionar rotineiramente os pés dos
pacientes para investigar anormalidades, como esporões,
calos e joanetes, que podem levar ao comprometimento da
marcha e predisposição a quedas.

Pessoas idosas que recebem terapêutica


medicamentosa caem mais frequentemente do que as que não
Drogas recebem. O uso de múltiplos medicamentos associados a
múltiplas doenças, e a suscetibilidade à toxidade por drogas
relacionadas à idade leva a coordenação deficiente, confusão
e arritmias cardíacas. O uso crônico de esteroides pode
provocar osteoporose, uma razão importante para fratura de

AN02FREV001/REV 4.0

115
quadril e queda.

Pacientes idosos não aceitam o declínio das suas


capacidades sensoriais e motoras, e tendem a sofrer quedas
como um resultado da superestimação de suas capacidades
Fatores de realizar as atividades da juventude. Para manter uma
psicológicos imagem de capacidade e independência, uma pessoa idosa
pode se recusar a usar um dispositivo de apoio ou de aceitar
assistência para realizar atividades como levantar da cama ou
ir ao banheiro. Um grande número de quedas acontece
quando há um período de estresse emocional transitório.
Como resultado, os pacientes se tornam raivosos, ansiosos,
desorientados ou deprimidos, e menos atentos aos perigos
ambientais. Pessoas idosas com depressão frequentemente
se tornam confusas e desorientadas e com falta de percepção
do ambiente.

Existem muitos obstáculos ambientais que podem


predispor o paciente a cair. Na comunidade, a maioria das
quedas ocorre na própria residência dos pacientes. As
atividades rotineiras relacionadas a quedas incluem sentar ou
Causas levantar de camas e cadeiras; tropeçar em objetos da casa, ou
extrínsecas revestimentos do assoalho, como tapetes, carpetes e soleiras
das quedas de portas e escorregar em superfícies molhadas, ou usando
calçados inadequados ou descendo escadas. Nos hospitais e
casas de repouso, o lugar mais comum de quedas é o quarto
do paciente. A maioria destas quedas acontece à beira da
cama, quando o paciente está se deitando ou levantando. O
banheiro é um local que oferece um grande risco em
instituições, pelo fato de os pacientes entrarem ou saírem do
banheiro sozinhos, com pressa de chegarem ao vaso sanitário
ou escorregarem no chão molhado. Cadeiras normais e
cadeiras de rodas estão implicadas em episódios de queda por

AN02FREV001/REV 4.0

116
causa de equipamento inapropriadamente planejado, ou de
técnicas ruins de transferência, quando o paciente está se
sentando ou levantando. A queda sobre a cadeira que é difícil
de ver, tropeçar nos pés das cadeiras ou em suportes para os
pés de cadeiras de rodas e cair sobre as grades da cadeira de
rodas travadas ao levantar são outras causas de quedas.
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

TABELA 4 - TABELA DE CAUSAS EXTRÍNSECAS DE QUEDAS

Superfície Assoalhos escorregadios (assoalhos muito


do solo polidos/encerados), tapetes soltos, carpete muito espesso, tacos
(Figura 16) soltos.

Iluminação Brilho excessivo.

Escadas Falta de corrimão, pouca iluminação, degraus altos, escada


(Figura 15) rolante.

Banheiro Chão escorregadio, banheira ou chuveiros escorregadios,


falta de barras de apoio, assentos sanitários baixos.

Quarto Cama alta, cama muito longe do banheiro, tapetes soltos,


rodas de cama que não travam.

Outros Assoalhos escorregadios, cadeiras em altura incorreta, falta


cômodos de descanso de braço nas cadeiras, quinas, prateleiras muito altas.
Roupas desajustadas (barras compridas ou
Pessoal descosturadas), sapatos inapropriados ou muitos gastos, outras
causas, raízes de árvore, Subir em ônibus, farol de pedestre muito
rápido, animais domésticos.
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

AN02FREV001/REV 4.0

117
FIGURA 15 - ESCADAS SEM CORRIMÃO

Há corrimão só de um lado.
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

FIGURA 16 - TAPETES SOLTOS E SEM PADRONIZAÇÃO NA ALTURA

FONTE: Disponível em: http://www.aterceiraidade.com/cuidado-com-idosos/aprenda-como-prevenir-


quedas-em-idosos/ . Acesso em: 26 de maio 2014.

AN02FREV001/REV 4.0

118
TABELA 5 - CONSEQUÊNCIAS MAIS COMUNS
EM IDOSOS QUE SOFRERAM QUEDAS

Fratura do Ocorre comumente com uma queda com a mão


úmero proximal estendida.

Fratura de No ano de 1814, Abraham Colless descreveu esta


Colles fratura da extremidade distal do antebraço, que ocorre devido
à queda sobre o braço estendido.

É comum entre idosos, possui elevados índices de


Fratura de mortalidade e morbidade, e grande custo financeiro. Quanto à
fêmur sua incidência, a fratura do fêmur aumenta com a idade, a
partir dos 50 anos; é duas vezes mais frequente nas mulheres.
Estas fraturas da extremidade superior do fêmur são menos
frequentes do que as fraturas vertebrais, no entanto trazem
maior morbidade e mortalidade. De 80% a 90% das fraturas de
fêmur ocorrem por consequência de queda. No idoso, a massa
muscular e de tecidos moles em torno dos quadris costuma
estar diminuída, de modo que o quadril é menos capaz de
resistir ao impacto da queda.

São fraturas geralmente provocadas por quedas,


Fratura normalmente ao nível do solo. Estas fraturas são classificadas
intertrocantérica de acordo com o número de fragmentos ósseos.

Esta lesão normalmente é provocada por uma


Fratura de atividade que aumenta a carga compressiva sobre a coluna
vértebra (por exemplo, levantar um peso, inclinar-se para frente, pisar
em falso ao andar ou por uma queda).

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119
É quando a pessoa idosa precisa ficar imobilizada,
devido a uma queda, resultando em uma fratura. O repouso
Síndrome do beneficia a região lesada, mas seu prolongamento prejudica o
imobilismo resto do organismo. As complicações afetam sistemas como o
cardiorrespiratório, vascular, endócrino, gastrointestinal,
urinário, muscular, esquelético e neurológico. Sendo que estas
complicações podem ser aumentadas dependendo dos fatores
pré-existentes de cada paciente.
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

22.2 RECOMENDAÇÕES DO LAR IDEAL

FIGURA 17 - SALA IDEAL

A sala ideal contém tapete antiderrapante, apoio, sem obstáculos na frente, sem mesa de centro,
altura do sofá adequada.
FONTE: Disponível em : <http://envelhecerevida.blogspot.com.br/p/dicas-importantes.html> . Acesso
em: 26 de Maio 2014.

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120
As recomendações são as seguintes:
 não deixar objetos no chão que possibilitem tropeçar, gavetas abertas e
móveis no meio do caminho;
 cuidar com a exposição e comprimento de fios do telefone;
 adequar a iluminação ambiental;
 deixar fios elétricos presos (TV, lâmpadas), não expostos sobre locais de
tráfego de pessoas;
 deixar sempre uma luz acesa à noite.
 usar barras de apoio no banheiro;
 usar tapetes fixos no box do banheiro;
 usar, se possível, sabonete líquido.

FIGURA 18 - IMAGENS DE BANHEIROS COM CORRIMÃO, TAPETE


ANTIDERRAPANTE E ALTURA IDEAL DOS APARELHOS SANITÁRIOS

FONTE: Disponível em : <http://envelhecerevida.blogspot.com.br/p/dicas-importantes.html> . Acesso


em: 26 de Maio 2014.

Deve ser dada atenção também às recomendações para o vaso sanitário


ideal: adapte o banheiro, este é o local que deve receber o maior cuidado, pois é
onde se costumam concentrar o maior número de acidentes com idosos.

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121
FIGURA 19 - ALTURA DO VASO SANITÁRIO

FONTE: Disponível em : <http://fisiomovimento.com.br/cont-casa-segura-banheiro-parte-1/> . Acesso


em: 26 de Maio 2014.

Na cozinha e área de serviço ideal, deve-se evitar subir em cadeiras para


molhar plantas ou pegar objetos no armário.

FIGURA 20 - ADEQUAÇÃO E COLOCAÇÃO DE CORRIMÃO

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122
FONTE: Disponível em : <http://envelhecerevida.blogspot.com.br/p/dicas-importantes.html> . Acesso
em: 26 de Maio 2014.

Quanto às recomendações para o quarto ideal:


 orientar para que o idoso levante sempre lentamente;
 cobertores e colchas curtas;
 adaptar o tamanho da cama. O idoso deve colocar facilmente os dois
pés no chão.

FIGURA 21 - QUARTO IDEAL

O quarto ideal contém apoios, sem tapetes escorregadios, altura adequada da cama e Iluminação.
FONTE: Disponível em : <http://envelhecerevida.blogspot.com.br/p/dicas-importantes.html> . Acesso
em: 26 de Maio 2014.

Com relação às escadas seguras, elas devem ter:


• corrimões fixos;
• escadas com degraus do mesmo tamanho e sinalizados (colocar borda
antiderrapante).

FIGURA 22 - TAMANHO PADRONIZADO, ILUMINAÇÃO E CORRIMÃO

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123
FONTE: FONTE: Disponível em : <
http://pitagoras.unicamp.br/~teleduc/cursos/diretorio/tmp/2549/portfolio/item/32/abergo-26.pdf> .
Acesso em: 26 de Maio 2014.

Outras recomendações para evitar quedas de idosos são:


 evitar andar só de meias, usando chinelos e sapatos bem ajustados
sobre assoalho de madeira ou lajotas, pisos molhados, úmidos ou
encerados;
 estimular o uso de bengala para os idosos;
 procurar sempre estar em contato com um profissional da área de
saúde;
 praticar exercícios, sob orientação profissional, prevenindo ou
amenizando a fraqueza muscular.

23 SAÚDE DO ADULTO E DO TRABALHADOR

No que diz respeito à saúde ocupacional, o fisioterapeuta pode atuar junto


da equipe de saúde, levando orientações e promovendo alterações ergonômicas,
especialmente nas pequenas e médias empresas na área de abrangência da
Unidade de Saúde da Família.
O reconhecimento do papel do trabalho na determinação e evolução do
processo saúde-doença dos trabalhadores tem implicações éticas, técnicas e legais,

AN02FREV001/REV 4.0

124
que se refletem sobre a organização e o provimento de ações de saúde para esse
segmento da população, na rede de serviços de saúde.
Nessa perspectiva, o estabelecimento da relação causal ou do nexo entre
um determinado evento de saúde – dano ou doença individual ou coletivo, potencial
ou instalado, e uma dada condição de trabalho constitui na condição básica para a
implementação das ações de Saúde do Trabalhador nos serviços de saúde.
De modo esquemático, esse processo pode ser iniciado pela identificação e
controle dos fatores de risco para a saúde, presentes nos ambientes e condições de
trabalho e/ou a partir do diagnóstico, tratamento e prevenção dos danos, lesões ou
doenças provocados pelo trabalho, no indivíduo e no coletivo de trabalhadores.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os objetivos da saúde no
trabalho incluem em seu amplo espectro:

[...] o prolongamento da expectativa de vida e minimização da incidência


de incapacidade, de doença, de dor, e do desconforto, até melhoramento
das habilidades em relação ao sexo e idade, incluindo a preservação das
capacidades de reserva e mecanismos de adaptação, a provisão de
realização pessoal, fazendo com que pessoas sejam sujeitos criativos; o
melhoramento da capacidade mental e física e da adaptabilidade a
situações novas e mudanças das circunstâncias de trabalho e de vida
[...]. (OMS, 1975).

23.1 GINÁSTICA LABORAL

A Ginástica Laboral consiste em exercícios específicos que são realizados


no próprio local de trabalho atuando de forma preventiva e terapêutica sem levar o
trabalhador ao cansaço, por ser de curta duração e trabalhar mais no alongamento e
compensação das estruturas musculares envolvidas nas tarefas operárias diárias
(Figura 23).

FIGURA 23 - ALONGAMENTOS NO PRÓPRIO LOCAL DE TRABALHO

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125
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

A Ginástica Laboral traz os seguintes benefícios para a empresa:


 redução dos custos de assistência médica;
 aumento da produtividade e da eficiência do colaborador;
 melhora do ambiente de trabalho;
 diminuição da rotatividade de empregados;
 maior proteção legal à empresa contra possíveis processos de
empregados por distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho
(DORTs);
 diminuição do número de acidentes no trabalho;
 melhora a imagem da empresa;
 melhora a integração no trabalho;
 elevação da moral da empresa por parte dos empregados;
 redução do absenteísmo causado por DORTs.
O resultado disso é o aumento da produtividade e dos lucros da empresa.

A Ginástica Laboral traz os seguintes benefícios para os funcionários:


 melhora o retorno venoso;

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126
 favorece a conscientização corporal;
 diminui a tensão muscular desnecessária;
 diminui o esforço na execução das tarefas diárias;
 melhora a condição do estado de saúde geral e psicológico;
 favorece mudança na rotina;
 mostra a preocupação da empresa com seus funcionários;
 melhora a capacidade de concentração no trabalho;
 favorece o contato pessoal;
 promove a integração social;
 favorece o relacionamento;
 melhoria da qualidade de vida.
Colaborador feliz resulta em crescimento da empresa.

TABELA 6 - MODALIDADES DE GINÁSTICA LABORAL

Ginástica com duração de 10 a 15 minutos, realizada antes


do início da jornada de trabalho. Tem como objetivo principal
Preparatória
preparar o trabalhador, aquecendo os grupos musculares que serão
solicitados nas suas tarefas e despertando-os para que se sintam
mais dispostos ao iniciar o trabalho.

Ginástica com duração de cinco a oito minutos. É realizada


durante a jornada de trabalho, interrompendo a monotonia
Compensatória operacional, aproveitando as pausas para executar exercícios
específicos de compensação aos esforços repetitivos, às posturas
inadequadas solicitadas nos postos operacionais.

Ginástica baseada em exercícios de alongamento. É

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127
Relaxamento realizada após o expediente, com objetivo de oxigenar as estruturas
musculares envolvidas na tarefa diária, evitando o acúmulo de ácido
lático e prevenindo as possíveis instalações de lesões.

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

23.1.1 CREFITO-2 – regulamenta a ginástica laboral

De acordo com as prerrogativas legais, o CREFITO-2 baixa atos


complementares à Resolução COFFITO 259/2003; criando a Resolução CREFITO-2
nº 22/2007, que trata do uso da Ginástica Laboral e outros procedimentos.
Para atender as demandas que surgiram no CREFITO-2 a respeito da
Ginástica Laboral e outros procedimentos utilizados pelo fisioterapeuta no âmbito da
Assistência Fisioterapêutica do Trabalho – área desbravada de forma pioneira no
mundo empresarial com crescente abertura de mercado de trabalho e consolidação
da importância deste profissional na equipe da saúde do trabalhador –, a resolução
a seguir, que respalda ainda mais a utilização desta importante ferramenta de
trabalho do fisioterapeuta, foi editada.

DISPÕE SOBRE A INTERPRETAÇÃO DO ISPOSTO NO ARTIGO 1º E


INCISOS DA RESOLUÇÃO COFFITO 259/2003.
O Plenário do CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA
OCUPACIONAL DA 2ª REGIÃO - CREFITO-2, no exercício de suas
atribuições legais e regimentais, na 234ª Reunião Plenária, realizada no dia
09 do mês de Julho de 2007, na sua Sede Institucional, situada à Rua
Moraes e Silva, nº 129, Tijuca, Rio de Janeiro - RJ, em conformidade com
as competências previstas na Lei Federal nº 6316/1975 e na Resolução
COFFITO nº 182/1997 e considerando:
I - O Disposto Na resolução COFFITO N 259/2003;
II - O artigo terceiro da Lei Estadual do Rio de Janeiro número 4474/2004;
III - A necessidade de dar efetividade e praticidade ao disposto nos
diplomas legais que cuidam da matéria,
Resolve:
Art. 1º - Para os efeitos de cumprimento do disposto na resolução COFFITO
259/2003 e da lei estadual 4474/2004 fica entendido que procedimento
profissional titulado como Cinesioterapia Descompensatória do Trabalho,
Ginástica Laboral, Cinesiologia Laboral ou Cinesioterapia Laboral
corresponde a um único ato técnico profissional de mesma espécie
metodológica diagnóstica, preventiva e terapêutica de uso do Fisioterapeuta
no âmbito da assistência Fisioterapêutica do trabalho.

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128
Art. 2º - Os casos omissos serão deliberados pelo plenário do CREFITO-2.
Art. 3° - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Rio de Janeiro, 09 de Julho de 2007.
Denise Flávio de Carvalho Botelho Lima
Diretora Secretária
Dra. Rita de Cassia Garcia Vereza
Presidente
CREFITO 2

23.2 ERGONOMIA

Deriva dos termos ergon (que significa trabalho) e nomos (que significa
normas, leis naturais). Pode-se entender como a ciência da configuração do
trabalho ao homem. O início da história da Ergonomia remonta à criação das
primeiras ferramentas, quando o homem pré-histórico provavelmente escolheu
uma ferramenta que melhor se adaptasse à forma e movimentos de sua mão.
Várias são as definições da Ergonomia. Alguns autores a classificam
como ciência, outros como tecnologia. Alguns destacam os aspectos
sistemáticos e comunicacionais, enquanto outros focalizam a questão da
adaptação da máquina ao homem.
De acordo com a Ergonomics Research Society (1949):

Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trab alho,


equipamento e ambiente e, particularmente, a aplicação dos
conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos
problemas surgidos desse relacionamento.

Já para Wisner (1987):

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129
Ergonomia é o conjunto dos conhecimentos científicos relacionados ao
homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e
dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto,
segurança e eficiência.

Esse conceito foi, com as devidas adaptações, utilizado na redação do


item 17.1 da Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego
(TEM). Mais tarde (1994), o mesmo autor reformula sua definição, colocando o
saber do trabalhador no mesmo nível do saber tecnocientífico e como condição
indispensável para o sucesso da ação ergonômica.
A ergonomia pode contribuir para solucionar um grande número de
problemas sociais relacionados com a saúde, segurança, conforto e eficiência.
Muitos acidentes podem ser causados por erros humanos. Estes incluem
acidentes com guindastes, aviões, carros, tarefas domésticas e muitas outras.
Analisando-se esses acidentes pode-se chegar à conclusão que são devido ao
relacionamento inadequado entre operadores e suas tarefas. A probabilidade de
ocorrência dos acidentes pode ser reduzida quando se consideram
adequadamente as capacidades e limitações humanas durante o projeto do
trabalho e de seu ambiente.
Muitas situações de trabalho e da vida cotidiana são prejudiciais à saúde.
As doenças do sistema musculoesquelético e aquelas devido ao mau projeto e
ao uso inadequado de equipamentos, sistemas e tarefas. A ergonomia pode
contribuir para reduzir esses problemas. Reconhecendo isso, muitos países já
obrigam os serviços de saúde a empregar ergonomistas.

23.3 ESCOLA DE POSTURA (EP)

A Escola de Postura poderá ser outra estratégia utilizada em empresas,


indústrias ou outros setores do trabalho.
Como sabemos, a dor nas costas afetará cerca de oito em cada dez
indivíduos, segundo a OMS, em algum episódio de suas vidas.
Baseada nestas estatísticas, a EP poderá servir como abordagem bastante
efetiva e resolutiva para sanar tais intercorrências.

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130
Nos setores de trabalho a EP deverá ter características diferentes daquela
feita junto à comunidade.
Os objetivos e benefícios para o empregado e para as empresas serão
semelhantes aos da Ginástica Laboral (vide Ginástica Laboral).
É importante que o fisioterapeuta tenha sensibilidade para detectar quais
serão as reais necessidades dos usuários, sem se contrapor às regras do setor de
trabalho.

24 SAÚDE DA COMUNIDADE

A marca principal do Programa de Saúde da Família (PSF), fundamentada


na Promoção da Saúde, é a mudança de foco que passa a ser a saúde e não mais
a doença. Pensar a saúde, não como a simples ausência da doença, mas como
produto da qualidade de vida, socialmente determinada, implica, necessariamente,
a superação do paradigma da biomedicina organicista e a incorporação de um
novo referencial que considere os aspectos históricos, culturais e sociais que
interferem no modo como deve ser prestada a Atenção à Saúde. Nesse novo olhar,
o indivíduo só pode ser compreendido na sua totalidade se estendermos esse
olhar para a família com a qual ele convive, a moradia como núcleo de elementos
favoráveis ou desfavoráveis à sua saúde e o cenário da comunidade e da
sociedade, que influenciam do ponto de vista social e cultural a adoção de
determinados modos de vida.
Com o desenvolvimento do PSF, novas profissões começam a rever a
“interdisciplinaridade” do PSF nas intervenções; visto que a complexidade das
causas de morbimortalidade não podem ser vistas somente pelo ângulo de dois ou
três profissionais da Saúde. Nasce, assim, a necessidade de realizar ações mais

AN02FREV001/REV 4.0

131
complexas, englobando diferentes saberes, sejam estes oriundos de outras
categorias de profissionais de Saúde ou ainda de outros setores e, principalmente, o
saber popular.
Dessa forma, a inclusão de outros profissionais de Saúde, como o
fisioterapeuta, nas equipes do PSF é fundamental para ratificar a integralidade e
equidade do SUS. O fisioterapeuta não pode estar apenas no centro especializado,
distante da comunidade. Ele tem que estar também próximo, para que a população
tenha mais facilidade de acesso, com menores deslocamentos e menores gastos
com transporte.
As ações do fisioterapeuta na atenção primária não devem ser restritas às
Unidades de Saúde da Família, mas abranger todo o “território”, como as escolas,
indústrias, associações de moradores, creches, ou seja, toda comunidade.

FIGURA 24 - EDUCAÇÃO EM SAÚDE

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

FIGURA 25 - ATIVIDADES NAS PRAÇAS EM IGREJAS

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132
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

24.1 CONSELHOS MUNICIPAIS DE SAÚDE, PARTICIPAÇÃO SOCIAL E


DIREITOS E DEVERES

Conselho de Saúde é órgão colegiado, deliberativo e permanente do


Sistema Único de Saúde (SUS) em cada esfera de governo, integrante da estrutura
básica do Ministério da Saúde, das Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, com composição, organização e competência fixadas na
Lei nº 8.142/90. O processo bem sucedido de descentralização tem determinado a
ampliação dos Conselhos de Saúde que ora se estabelecem também em Conselhos
Regionais, Conselhos Locais e Conselhos Distritais de Saúde, incluindo os
Conselhos Distritais Sanitários Indígenas, sob a coordenação dos Conselhos de
Saúde da esfera correspondente. O Conselho de Saúde consubstancia a
participação da sociedade organizada na administração da Saúde, como
Subsistema da Seguridade Social, propiciando seu controle social.

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133
Atua na formulação e proposição de estratégias e no controle da execução
das Políticas de Saúde, inclusive em seus aspectos econômicos e financeiros.
A criação dos Conselhos de Saúde é estabelecida por lei municipal, estadual
ou federal, com base na Lei nº 8.142/90.
Na criação e reformulação dos Conselhos de Saúde, o Poder Executivo,
respeitando os princípios da democracia, deverá acolher as demandas da
população, consubstanciadas nas conferências de saúde.
A participação da sociedade organizada, garantida na legislação, torna o
Conselho de Saúde uma instância privilegiada na proposição, discussão,
acompanhamento, deliberação, avaliação e fiscalização da implementação da
Política de Saúde, inclusive em seus aspectos econômicos e financeiros. A
legislação estabelece, ainda, a composição paritária de usuários, em relação ao
conjunto dos demais segmentos representados. O Conselho de Saúde será
composto por representantes de usuários, de trabalhadores de saúde, do governo e
de prestadores de serviços de saúde, sendo o seu presidente eleito entre os
membros do Conselho, em Reunião Plenária.
I - O número de conselheiros será indicado pelos Plenários dos Conselhos
de Saúde e das Conferências de Saúde, devendo ser definido em Lei.
II - Mantendo ainda o que propôs a Resolução nº 33/92 do CNS e
consoante as recomendações da 10ª e da 11ª Conferências Nacionais de
Saúde, as vagas deverão ser distribuídas da seguinte forma:
a) 50% de entidades de usuários;
b) 25% de entidades dos trabalhadores de saúde;
c) 25% de representação de governo, de prestadores de serviços privados
conveniados, ou sem fins lucrativos.
III - A representação de órgãos ou entidades terá como critério a
representatividade, a abrangência e a complementaridade do conjunto de
forças sociais, no âmbito de atuação do Conselho de Saúde. De acordo
com as especificidades locais, aplicando o princípio da paridade, poderão
ser contempladas, dentre outras, as seguintes representações:
a) de associações de portadores de patologias;
b) de associações de portadores de deficiências;
c) de entidades indígenas;
d) de movimentos sociais e populares organizados;
e) movimentos organizados de mulheres, em saúde;
f) de entidades de aposentados e pensionistas;
g) de entidades congregadas de sindicatos, centrais sindicais,
confederações e federações de trabalhadores urbanos e rurais;
h) de entidades de defesa do consumidor;
i) de organizações de moradores.
j) de entidades ambientalistas;
k) de organizações religiosas
l) de trabalhadores da área de saúde: associações, sindicatos, federações,
confederações e conselhos de classe;
m) da comunidade científica;
n) de entidades públicas, de hospitais universitários e hospitais campo de
estágio, de pesquisa e desenvolvimento;

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134
o) entidades patronais;
p) de entidades dos prestadores de serviço de saúde;
q) de Governo.

Só apresentamos as normativas iniciais da Resolução 333 de 4 de


dezembro de 2003, que ratifica e explica a Lei 8142/90.
É de suma importância que o fisioterapeuta tenha representatividade neste
órgão, para exercer o seu papel social na construção de um SUS mais equânime e
íntegro.
Nos Conselhos Municipais é onde são definidas as diretrizes para
elaboração dos planos de saúde e sobre eles deliberar, conforme as diversas
situações epidemiológicas e a capacidade organizacional dos serviços e também
serem encaminhados ao Poder Legislativo, propor a adoção de critérios definidores
de qualidade e resolutividade, atualizando-os em face do processo de incorporação
dos avanços científicos e tecnológicos, na área da Saúde, enfim, os critérios
norteadores para o Controle Social e a Participação Popular nos caminhos em que a
Saúde deste município deve seguir.

FIGURA 26 - A COMUNIDADE REUNIDA

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

24.2 VISITAS DOMICILIARES

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135
O atendimento domiciliar deve ser estruturado considerando alguns fatores
como as condições sociais e econômicas, equipamentos necessários, identificação
do cuidador do paciente em casa e o envolvimento no programa. O considerável
efeito psicológico que as visitas do fisioterapeuta surtem na vida e no cotidiano dos
pacientes com doenças, uma vez que, além da reabilitação física, estes pacientes
desenvolvem a sensação de segurança e confiança. O Programa de Saúde da
Família (PSF) e o homecare põem em evidência o atendimento em domicílio por
parte de equipes de saúde. O Ministério da Saúde (MS) assume, desde a
Constituição de 1988, o compromisso de reestruturar o modelo de atenção no Brasil,
partindo de um referencial de saúde com direitos de cidadania, pressupondo a
organização de serviços cada vez mais resolutivos, integrais e humanizados. As
políticas municipais têm se organizado a partir do Programa de Saúde da Família
(PSF), proposta que se insere no nível da atenção básica e que persegue o objetivo
final de promover a qualidade de vida e bem-estar individual e coletivo, por meio de
ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde.
O atendimento domiciliar é imprescindível ao trabalho de atenção primária
do profissional fisioterapeuta, pois é quando nos deparamos com a realidade das
pessoas, verificando suas atividades de vida diária, suas limitações e a partir daí
proceder aos encaminhamentos e orientações pertinentes a cada caso.
As visitas domiciliares devem ter uma abordagem familiar, não centrada no
indivíduo acometido por alguma doença, mas compartilhar a responsabilidade da
intervenção com todos os membros, buscando soluções mais eficientes e próximas
da realidade da família.
Dessa forma, a Saúde Pública é uma alternativa viável para o trabalho do
fisioterapeuta, pois o fisioterapeuta é capaz de atuar desde a atenção básica até a
reabilitação propriamente dita, participando efetivamente na transformação social
que se faz necessária na saúde.

FIGURA 27 - ELETROESTIMULAÇÃO

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FONTE: Arquivo pessoal do autor.

FIGURA 28 - FORTALECIMENTO MUSCULAR COM AUXÍLIO DO TREINAMENTO


DE MARCHA COM AUXÍLIO DO ANDADOR

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FONTE: Arquivo pessoal do autor.

24.3 ORIENTAÇÕES AOS CUIDADORES E/OU AOS FAMILIARES

A família terá uma grande parcela de contribuição na recuperação dos


usuários doentes. O fisioterapeuta deverá orientar todos os familiares e mostrar a
importância desta colaboração.
Em cidades que existirem os cuidadores, as chances de uma recuperação
mais rápida e com qualidade deverá ocorrer, por ter uma pessoa diretamente ligada
a este restabelecimento.

24.4 REINSERÇÃO ÀS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA E À SOCIEDADE

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O fisioterapeuta terá uma grande importância juntamente com a Equipe de
Saúde na reinserção às AVDs e à sociedade dos usuários acamados, restritos ao lar
ou afastados do trabalho devido a acidente de trabalho.
O social interfere de maneira direta na saúde e o fisioterapeuta deverá estar
atento a esses detalhes. Tentando diagnosticar os problemas, usando uma visão
mais ampla e menos linear, sobre todos os aspectos.
O olho clínico dará lugar ao olhar social, e as técnicas fisioterapêuticas
darão lugar às estratégias solidárias.
Mais que um profissional da Saúde, um profissional do povo.

24.5 ADEQUAÇÃO DO LAR E DO MOBILIÁRIO

Nas Visitas Domiciliares (VD), podem ser utilizadas adequações dos


mobiliários, alterações arquitetônicas e/ou a adaptações de estruturas simples que
possam auxiliar aos usuários que tenham dificuldades de realizar suas AVDs.
A simples colocação de tubos de PVC já melhora as condições de marcha
de um usuário com sequela de AVC, como veremos nas figuras a seguir.
Estas e outras ideias deverão ser colocadas em prática, usando a
criatividade e o conhecimento biomecânico que é peculiar ao Fisioterapeuta.

FIGURA 29 - ADAPTAÇÃO DE TUBOS DE PVC PARA AUXÍLIO NA MARCHA E


PARA DAR MAIOR INDEPENDÊNCIA AO USUÁRIO

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FONTE: Arquivo pessoal do autor.

FIM DO MÓDULO V

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