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CURSO DE EXU DE TRABALHO NA UMBANDA

BOM CURSO

Apresentação
A Umbanda é a única religião que integrou os Senhores Exus para atuarem
dentro dos seus terreiros criando uma linha de trabalho especÍfica. São
espíritos reintegrados a senda evolutiva da vida.
Protetores de suas tendas, guardiões e guerreiros do astral, refreadores
cármicos de seus médiuns, orientadores, mentores, magos, amigos,
companheiros, fiéis, forte, servidores da Lei Maior.
São extremamente atuantes e considerados como ―guias da esquerda‖,
mensageiros e comunicadores dos Pais e Mães Orixás.
Atuam sempre em falanges com uma diversidade em suas atribuições, são
solicitados pela Lei e cumprem ordens.
Considerados intrigantes apesar de todo o misticismo ainda depositados a eles
por preconceitos erigidos pelos seus irmãos na carne. Uma linha de trabalho
igual as demais onde a única diferença é que servem a esquerda dos
Sagrados Orixás, mas para isso são reintegradas as hierarquias, iniciados ao
mistério regente e servem a Deus da mesma forma que qualquer espírito
trabalhador.
Utilizando uma linguagem simplista e popular revelando verdades diretas que
necessitamos ouvir, aceitar, compreender para evoluirmos.
Desvitalizadores de vícios emocionais e desequilíbrios de uma forma
irreverente onde só Exu é capaz de desempenhar esta tarefa. Incansável em
suas ―tarefas‖ cumprem ordens sem discutir.
Simples e popular, utilizam de seu magnetismo para conquistarem seus
médiuns e sem que o médium se de conta conseguem mudar sua atitude.
Sua coerência, objetividade e diretriz nos fazem ―descomplicar‖ as nossas
dificuldades de ordem mental, espiritual ou material.
Por atuarem com energia tripolares seu campo magnético é facilmente
adaptável ao meio, então por isso que sua incorporação é bem mais simples
para os médiuns. O Exu consegue adaptar-se ao campo magnético do médium
em alguns segundos, esse processo faz com que o médium sinta a
incorporação mais fácil.Com grande força e Axé, as ondas vitalizadoras emitidas são rapidamente
fracionadas pelos chacras, atingindo o mental inferior onde as ligações emocionais tripolarizadas,
ora vitalizando, ora neutralizando ou desvitalizando.
Os chacras mais utilizados na incorporação são:
- Laríngeo: Ordem, Lei, Potência, Voz.
- Plexo Solar: Força, Equilíbrio, Justiça.
- Básico: Estabilidade, Impacto, Poder, Virilidade.
- Umbilical: Transmutação, Flexibilidade.

Entre tantas atribuições os Exus combatem os ataques do ―embaixo‖ e das demandas e


investidas para desestruturar e desequilibrar os terreiros, são aguerridos e imparcial, lutando para
manter a senda da Luz, onde só um terreiro que prática a caridade como máxima, nunca temerá
os ditames da Lei representadas por seres divinos que chamamos de Exu.

Texto: Mãe Monica Berezutchi


Orixá Exu
Exu é um Orixá Africano conhecido como: Exu / Eshu / Bara / Elegbá / Elegbara.
É o Orixá da comunicação, fiscalizador do Azé, é quem deve receber as oferendas em 1º
lugar, a fim de assegurar que tudo ocorra bem.
Como Mensageiro entre Orum e o Aiye, é quem garante que a comunicação entre os
mundos, material e espiritual, seja plenamente realizada.
Termos usado para Exu: Odara, Akesan, Lalu, Ijelu, Ibarabo, Yangi, Baraketu (guardião
das porteiras), Lonan (guardião dos caminhos), Ian (reverenciando na cerimônia do padê.)

Extraído do Livro: Deus, “Deuses” e Divindades, Alexandre Cumino, Ed. Madras

Orixá Exu – O Trono Masculino da Vitalidade


Exu, Shiva, Hermes, Pã, Príapo, Dionísio, Min, Bes, Seth, Savitri, Lóki, Baal, Shulpae, Shullat,
Kanamara Matsuri, Baco, Anzu, Comentários.

Exu – Divindade africana, da cultura Nagô que predomina na região da atual Nigéria e parte da
Republica Popular do Benim. É o Trono da Vitalidade e também um Trono Tripolar (vitaliza,
desvitaliza ou neutraliza toda e qualquer ação).
Orixá Exu tem origem Nagô, onde é Divindade fálica, age também no sentido do vigor físico e
espiritual. Seu nome, na língua Yorubá, quer dizer Esfera, mostrando ser uma Divindade que atua
em Tudo e em todos os campos.
Considerado o mensageiro dos outros Orixás, Exu vitaliza ou desvitaliza qualquer um dos sete
sentidos, sendo muito evocado e muito atuante pela abrangência de seu mistério.
O tridente, ferramenta de Exu na Umbanda, nunca teve conotação negativa, pelo contrário. O
Tridente sempre foi algo divino nas culturas pagãs anteriores ao Cristianismo, por isso a cultura
católica fez questão de pregar o inverso, para facilitar a conversão de seus fiéis e fazer com que
esquecessem os mistérios a que tinham acesso direto. Agora o único acesso a qualquer mistério
estaria na mão de um Sacerdote Católico.
Podemos citar o uso de Tridente por Zeus, Netuno, Tritão, Posseidon e Shiva, entre outros. Esses
tridentes mostram o valor divino concedido a eles; a trindade; o alto, o meio e o embaixo; Céu,
Mar e Terra; Luz, sombra e trevas; Pai, Mãe e Filho; etc. Na cultura católica, essa trindade perde
toda sua relação com o tridente e aparece apenas como Pai, Filho e Espírito Santo, deixando de
lado o elemento feminino, tão importante, que se concentrará na figura de Maria, Mãe de Jesus.
Assim, Exu evoca seu mistério do vigor e o mistério tridente já tão deturpado em nossa cultura,
mas de grande valor como mistério divino, pois trás em si poder de realização, desde que
manifesto da forma correta.
Elegbara – Também conhecido como Elegba, Legba, Elebá, Lebá, Elegua, Légua e outros é
divindade da cultura Gêge, Vodun, na língua Fon. Seu nome significa Poderoso , tem em si todas
as qualidades do Orixá Exu, e de cultura tão próxima na África houve também sincretismos.
Elebara é sinônimo de Exu e tornou-se na cultura Yorubá, também, uma das qualidades do Orixá
Exu.
Aluvaiá – Este é o nome da Divindade da Vitalidade na cultura bantu, na língua quimbundo,
portanto é um ―inquice‖, é o Exu dos Cultos Angola/Congo.
Shiva – Divindade hindu, é a terceira pessoa da trindade formada por Brama, Vishnu e Shiva, na
qual um constrói, ou outro mantém e o terceiro destrói a criação para que torne a construir outra
vez. Tem como consorte (esposa) Parvati, que também se manifesta como Durga ou Kali. Pai de
Ganesha a quem deu o titulo de Senhor dos Exércitos de Shiva. Shiva reina sobre todos os seres
―infernais‖ e ―trevosos‖ ele tem o poder destruidor e transformador. Shiva é o grande Yogue o
Maha Deva (Grande Deus), todos vão a sua cidade natal Varanasi para passar os últimos dias de
vida ao lado do Rio Ganges assim depurando o carma, para ao desencarnar na Cidade de Shiva
ficar livre da roda dos renascimentos, Sansara. Shiva é Fálico, nos seus rituais chamados Puja o
sacerdote Pujari, faz oferendas em torno de um lingan que representa o falo de Shiva. O lingan é
todo besuntado com (iogurt) e mel que também consiste da oferenda. Shiva usa um Tridente que
representa seu poder trino, enquanto terceira pessoa, e também para lembrar que onde está uma
pessoa está as três pessoas. O Tridente também representa o poder no Alto, no meio e no
Embaixo.
Shiva enquanto terceira pessoa da trindade também manifesta qualidade de outras divindades ou
Orixás, pois uma de suas manifestações é chamada de Nataraja quando Shiva aparece
dançando dentro de um circulo de fogo. Sua dança é quem mantém o universo em constante
movimento, é a Dança Cósmica do Universo. No fogo, na dança e na destruição podemos
associar Shiva a outros Orixás, o que é normal pois mesmo Ogum se manifesta de formas
diversas, quando manifesta a lei no campo dos outros Orixás.
Hermes — Divindade grega, filho de Zeus com a ninfa Maia, é o mensageiro dos Deuses.
Responsável por tudo que se relacionassem com movimento, viagem, estradas, moeda e
transações comerciais. Por isso aparecia sempre usando um chapéu de viajante e sandálias
aladas. Na mão, levava uma varinha mágica feita de duas cobras enroscadas em uma haste.
Pã — Divindade grega, filho de Hermes, torso humano, pernas e chifres de bode, deus dos
campos, dos pastores e dos bosques. Adorava a companhia de Sátiros, excelente músico e
dançarino, adorava perseguir as ninfas. De voz aterradora é a partir de seu nome que surgiu a
palavra ―pânico‖ que diz respeito a assustar-se com a presença de Pã.
Príapo — Divindade grega, filho de Afrodite e Hermes, Divindade fálica da fertilidade.
Dionísio — Divindade grega, filho de Zeus e de Sêmele, Deus dos vinhos e folguedos, vagava
por todo o país bebendo vinho e dançando sem parar. Teve seu culto inicial mais ligado aos
aspectos de divindade da floresta, possuindo qualidades fálicas foi deixando para trás sua
natureza vegetal, lembrada apenas pelo vinho e videiras. Como divindade fálica, aparece com
sobrenomes como Ortos, ―O Ereto‖, e Enorques, ―O Bitesticulado‖.
Min — Divindade egípcia, Divindade fálica, também da abundância, da fertilidade, da força, do
poder e do vigor.
Bes — Divindade egípcia, ―Deus da Concupiscência e do Prazer‖, de origem estrangeira, aparece
de pé sobre um lótus; também é fálico.
Seth — Divindade egípcia, Senhor do Caos ou da desordem, também transmite força, poder e
vigor. Atua de forma tripolar e muitas vezes atuará no campo do Trono Oposto ao Trono da Lei,
pois sua presença gera a desordem, bem como sua ausência beneficia a Ordem Divina.
Savitri — Divindade hindu, ―su‖ raiz do nome (―estimular‖) é o ―estimulador de tudo‖.
Lóki — Divindade nórdica, irmão de Odim, é Divindade de força e poder que muitas vezes
direciona todo esse potencial de forma não compreensível. Incansável em suas ações, é em si o
próprio mistério do Vigor agindo de forma dual, ora positivo e ora negativo.
Baal — Divindade caldéia, cananéia e fenícia, ―Senhor‖ ou ―Esposo‖. Também é um deus fálico.
Shulpae — Divindade sumeriana com uma série de atribuições, incluindo fertilidade e poderes
demoníacos.
Shullat — Divindade sumeriana, consorte de Hanish. Servo do deus sol. Equivalente a Hermes, o
mensageiro divino.
Kanamara Matsuri — Divindade japonesa, ―falo de ferro‖, senhor da fertilidade, reprodução e
sexualidade, trazia fartura e a cura para a impotência e a esterilidade.
Baco — Divindade grega do vinho e da vindina, da devassidão e do alvoroço.
Anzu — Divindade babilônica, Águia de cabeça de leão, porteiro de Enlil, nascido na montanha
Hehe. Apresentado como o ladrão mal-intencionado no mito de Anzu, mas benevolente no épico
sumério de Lugalbanda.

Comentários: O Trono Masculino da Vitalidade, Exu, tem sido muito mal compreendido desde
que fomos dominados por uma cultura que vê a união carnal como pecado original. A região
sacra do corpo humano tornou-se algo a ser escondido como vergonhoso. A fertilidade divina
perde sua relação com o vigor físico, logo as Divindades fálicas são mal compreendidas e
facilmente associadas a algo negativo. Espiritualmente o órgão sexual, responsável pela
concepção, geração, multiplicação e perpetuação da espécie é divino, sem dúvida, sendo algo
negativo a ―bestialização‖ do que nos foi reservado para o Amor. Logo, a vitalidade, o vigor e o
estímulo são algo essencial para a vida, pois é aplicado não apenas com conotação sexual e sim
em todos os campos da vida, pois uma pessoa desvitalizada ou desestimulada, rapidamente, vai
perdendo a vontade de viver.
Entendemos assim que, como esse, muitos outros mistérios e tronos de Deus são
incompreendidos; nossos tabus e conceitos muitas vezes encobrem a visão do que é sagrado e
divino em nossas vidas.

Extraído do Livro: Deus, “Deuses” e Divindades, Alexandre Cumino, Ed. Madras

As linhas de Trabalhos Espirituais de Exu


Como é de conhecimento geral, os Exus de trabalhos de Umbanda identificam-se e apresentam-
se com nomes simbólicos que, na falta de um amplo conhecimento sobre o simbolismo de
Umbanda, são associados a elementos formadores da natureza, a bichos, a meios, a eventos, a
instrumentos mágicos,etc.

- A elementos, temos:

Exu da Pedra Preta


Exu dos Rios
Exu do Fogo
Exu do Ferro, etc.

- A bichos, temos:
Exu Pantera
Exu Morcego
Exu Logo, etc.

- A meios, temos:
Exu das Encruzilhadas
Exu dos Caminhos
Exu das Porteiras, etc.

- A eventos, temos:
Exu Ventania
Exu dos Raios
Exu Poeira
Exu Fagulha
Exu Corisco,etc.

- A instrumentos mágicos, temos:


Exu Sete Espadas
Exu Sete Correntes
Exu Sete Garfos
Exu Sete Coroas
Exu Sete Punhais, etc.

O simbolismo de Umbanda Sagrada é vastíssimo e engloba tudo o que, por analogia, pode ser
associado a alguma coisa que exista no plano material, desde as coisas mais antigas até as mais
modernas.
- Os nomes ―elementais‖ os ligam aos campos da natureza e às partes da natureza associadas
aos Orixás.

- Os nomes ―bichos‖ os associam aos Orixás pelos meios regidos por ele.

- Os nomes dos ―meios‖ os associam aos eventos comandados pelos Orixás.

- Os nomes das ferramentas mágicas os associam aos instrumentos ou símbolos de poder dos
Orixás.

Eles também são identificados pelos símbolos sagrados dos Orixás, tais como:
- Exu Sete Cruzes
- Exu Sete Estrelas
- Exu Sete Luas
- Exu Sete Círculos, etc.

Enfim, o simbolismo é vastíssimo e dentro de um campo da natureza regido por um Orixá há


tantas coisas para nomeá-los que não temos como colocar aqui todos os nomes simbólicos dos
Exus de trabalhos espirituais que se manifestam na Umbanda Sagrada.
Os Exus encantados ligados a nós não se deslocam da dimensão deles para a nossa, que é a
humana, para incorporar e trabalhar para as pessoas. Não, isso eles não fazem!
A função deles na vida de um médium é dar-lhe amparo e proteção a partir da dimensão deles à
esquerda da nossa, e não vir até nós para isso fazer.
Inclusive, a atuação direta desses nossos guardiões à esquerda acontece por intermédio dos
espíritos exunizados assentados à nossa esquerda como Exus de trabalhos espirituais. Este sim,
por estarem dentro da dimensão humana da vida, pode atuar nos momentos mais cruciais
auxiliando-nos.
A Onipresença do Orixá Exu
 Exu mora do lado de fora da casa de Oxalá.
 Exu é o mensageiro dos Orixás.
 Exu é o Orixá mais velho, o primogênito.
 Exu é o primeiro Orixá a ser oferendado.
 Exu é o primeiro Orixá a ser saudado e reverenciado.
 Exu é o primeiro Orixá a ser assentado.
 Exu é o primeiro Orixá a ser despachado ( despachar: separar, atender,
acatar,acolher,atentar, desembaraçar, expedir, resolver, executar, desprender, responder,
vencer, derrotar..)
 Se Exu não for despachado, não é possível baixar qualquer outro Orixá no terreiro.
 Exu tem duas cabeças, uma no céu e outra na terra (uma no Orun e outra no Ayê, uma no
alto e outro embaixo)

Exu mora do lado de fora da casa de Oxalá.


Esta afirmação conceituadora sobre Exu até tem uma lenda que a descreve na tradição oral, e
está corretíssima.
Afinal, como o espaço infinito foi ―aberto‖ dentro do vazio absoluto, e aquele é o estado ou a
―casa‖ de Oxalá, é verdade que no seu lado de fora está Exu e no seu lado de dentro está Oxalá
e todos os outros Orixás.
A lenda nagô que conceitua Exu como morador do lado de fora da casa de Oxalá, que por
analogia é o ―tempo‖, fundamenta o em uma casinha ou em um quartinho separado.
Afinal, se Exu (o vazio) for assentado dentro do templo, dentro dele será instalado o ―vazio‖.

Exu é mensageiro dos Orixás


Ensinam-nos os mentores espirituais que os Orixás ―falam‖ conosco de dentro para fora e que
Exu nos fala de fora para dentro. Esse falar de ―dentro para fora‖ significa que os Orixás falam
conosco a partir do nosso corpo divino e pela nossa consciência.
E ao falar de ―fora para dentro‖ significa que Exu, que é ―a boca que tudo revela‖, nos fala a partir
dos meios ―oraculares‖, que é por meio de alguém.
Quando nosso sentido estão ―embotados‖ e nossa mente e consciência estão confusas,
impedindo-nos de encontrarmos saídas ou soluções por conta própria, Exu nos traz as respostas
aos nossos pedidos de ajuda enviados aos Orixás.

Exu é o primeiro Orixá a ser saudado, oferendado, reverenciado, assentado e despachado.


Se Exu não for despachado, não é possível baixar qualquer outro Orixá no terreiro.
Como Exu simboliza o vazio, só após despachá-los é possível abrir-se o espaço infinito ―dentro‖
do templo para, ai sim, estabelecerem-se dentro dele os outros estados da criação.
Inclusive, ensinaram-nos os mentores que o campo que se abre durante o culto aos Orixás, ainda
que no plano físico esteja contido entre quatro paredes, no plano espiritual não tem tamanho,
porque é em si um estado.
Essa informação nos foi transmitida por mentores espirituais e nos revelou isto:
Um campo, seja ele divino natural ou espiritual, é um estado em sim e até pode ser mensurado
―por fora‖ quando é aberto dentro de um espaço delimitado por alguma coisa (quatro paredes, um
circulo, um símbolo, uma mandala, um polígono, um elemento, etc.), mas, em si mesmo e ―por
dentro‖, ele é imensurável e é capaz de abrigar tudo o que entrar ou for recolhido dentro dele pela
Lei Maior.
Por isso, como um campo é um ―estado em si mesmo‖, antes de ele ser aberto pelo Orixá da
casa, Exu deve ser ―despachado‖, ou seja, firmado e ativado do lado de fora do templo ou do
centro de Umbanda, reproduzindo no microcosmo (no terreiro) tudo o que existe no macrocosmo
(a criação com seus estados).
Aí sim, com Exu firmado do lado de fora e envolvendo todo o campo aberto pelo Orixá da casa, e
porque o campo é um espaço em si, dentro dele poderão se manifestar com tranqüilidade um ou
vários Orixás sem que aconteça qualquer tipo de perturbação durante a gira mediúnica.
Não é porque Exu foi o primeiro Orixá manifestado que ele deve ser o primeiro a ser invocado,
cultuado, oferendado, firmado, assentado e despachado. Não é por isso. Também tem a ver com
o primeiro estado real da criação, que é o do vazio absoluto, dentro do qual tanto podem ser
abertos todos os outros estados, como também o que não ―agradar‖ aos Orixás pode ser recebido
e esvaziado.

Sem Exu não se faz nada!


Isto é certo por duas razões:
Sem o estabelecimento do estado vazio, os estados dos outros Orixás não se abrem, porque
nada existem ainda, e se eles abrirem seus estados para recolherem e reterem dentro deles as
sobrecargas e os carregos das pessoas sem terem um ―estado neutro‖ para enviar tudo que traz
em si as sementes da desarmonia (as vibrações negativas), seus estados começarão a
sobrecarregar-se negativamente e inúmeras fontes geradoras de desequilibro e desarmonia se
instalarão dentro deles.

Isto o torna tão importante e fundamental para a manutenção da paz, da harmonia e do equilíbrio
na criação que nenhum Orixá dispensa a presença de Exu no lado negativo dos seus estados.
Isto também fundamenta a existência de um Exu especifico para cada Orixá.
 Oxalá tem seu Exu
 Ogum tem seu Exu
 Oxóssi tem seu Exu
E assim é com todos os Orixás, com cada um tendo seu (ou os seus) Exu(s).

Extraído do Livro: Orixá Exu, Fundamentação do Mistério Exu na Umbanda, Ed.Madras.


Rubens Saraceni
Oferenda Orixá Exu
• Toalhas ou panos preto e vermelho;
• velas preta e vermelha;
• fitas preta e vermelha;
• linhas preta e vermelha;
• pembas preta e vermelha;
• flores (cravo vermelho);
• frutas (manga, mamão, limão);
• bebidas (aguardente de cana de açúcar, whisky, conhaque)
• comidas (farofa com carne bovina ou com miúdos de frango, bifes de carne ou de fígado bovino
fritos em azeite de dendê e com cebolas, bifes de carne ou de fígado bovino temperado com
azeite de dendê e pimenta ardida).

Observem que mesmo os Exus da Umbanda só pedem em suas oferendas partes de ―aves e de
animais‖ adquiridos do comércio regular, porque já foram resfriados e tiverem decantadas suas
energias vitais (vivas), só lhes restando proteínas, lipídios, etc., que é matéria.
Os elementos animais ―materiais‖ são poderosos atratores de imantações negativas originárias de
magias terríveis feitas com sacrifício de espécies inferiores (répteis, batráquios, aves, animais,
etc.).
Isso que revelamos também fundamenta e justifica o uso de partes de ―animais‖ nas oferendas
aos Exus, responsáveis pelo auxilio as pessoas ―demandadas‖.
Se há quem faça o mal, tem de haver quem o desfaça, senão o sofrimento das pessoas vítimas
deles não cessará.
Uma das funções da Umbanda, e que se mostrou poderosa e eficiente desde seu início, foi a de
desmanchar os ―mal-feitos‖ no campo da magia por meio de oferendas feitas na natureza.
Se houve alguns excessos, eles não diminuíram os méritos dos que fazem o bem aos seus
semelhantes utilizando o recurso legítimo das oferendas.

Extraído do Livro: Rituais Umbandistas. Rubens Saraceni, Ed. Madras


Apêndice um
Questões teológicas sem a existência do mal

Um professor ateu desafiou seus alunos com esta pergunta: - Deus fez tudo que existe?
Um estudante respondeu corajosamente: "Sim, fez!"
- Deus fez tudo, mesmo?
- Sim, professor, respondeu o jovem.
O professor replicou: - Se Deus fez todas as coisas, então Deus fez o mal, pois o mal existe, e
considerando-se que nossas ações são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mal.
O estudante calou-se diante de tal resposta e o professor, feliz, se vangloriava de haver provado
uma vez mais que a Fé era um mito.
Outro estudante levantou sua mão e disse: - Posso lhe fazer uma pergunta, professor?
- Sem dúvida, respondeu-lhe o professor.
O jovem ficou de pé e perguntou: - Professor, o frio existe?
- Mas que pergunta é essa? Claro que existe você por acaso nunca sentiu frio?
O rapaz respondeu: - Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que
consideramos frio, na realidade é ausência de calor. Todo corpo ou objeto pode ser estudado
quando tem ou transmite energia, mas é o calor e não o frio que faz com que tal corpo tenha ou
transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam
inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Criamos esse termo para descrever como nos
sentimos quando nos falta o calor.
- E a escuridão, existe? continuou o estudante. O professor respondeu: - Mas é claro que sim. O
estudante respondeu: - Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco existe.
A escuridão é na verdade a ausência de luz. Podemos estudar a luz, mas a escuridão não. O
prisma de Newton decompõe a luz branca nas varias cores de que se compõe, com seus
diferentes comprimentos de onda. A escuridão não.
Um simples raio de luz rasga as trevas e ilumina a superfície que a luz toca. Como se faz para
determinar quão escuro está um determinado local do espaço? Apenas com base na quantidade
de luz presente nesse local, não é mesmo? Escuridão é um termo que o homem criou para
descrever o que acontece quando não há luz presente.
Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor: - Diga, professor, o mal existe?
Ele respondeu: - Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos roubos, crimes e
violência diariamente em todas as partes do mundo, essas coisas são o mal.
Então o estudante respondeu: - O mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si só. O
mal é simplesmente a ausência de Deus. É, como nos casos anteriores, um termo que o homem
criou para descrever essa ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a Fé ou o Amor,
que existem como existe a Luz e o Calor. O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus
presente em seus corações. É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão que
acontece quando não há luz."

Extraído do Livro: Deus, “Deuses” e Divindades, Alexandre Cumino, Ed. Madras

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