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Notícias pág 6
“O campo e a cidade: a villa rustica” Thugga, uma cidade romana da África Nova pág 136
Por: Maria de Jesus Duran Kremer
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ou a qualquer outra extensão de marca
Descobrir o nosso património Ficha Técnica PortugalRomano.com .
2. A PortugalRomano.com respeita os
Direcção:
D urante estas férias muitos são os
direitos e deveres constitucionais da
Editorial
Liberdade de Expressão e de Informação.
portugueses que por motivo da grave crise Director: Raul Losada
financeira que o país atravessa foram 3. A PortugalRomano.com rege-se por
Dir. Científica e Redactorial: Filomena
forçados a reduzir as despesas com o seu Barata critérios jornalísticos e científicos de Rigor
lazer anual. Dir. de Imagem e Arte: Miguel Rosenstok e Isenção, respeitando todas as opiniões
ou crenças.
Contudo, esta pode ser uma óptima
oportunidade para visitar os nossos Contactos: 4. Os jornalistas da PortugalRomano.
monumentos e locais arqueológicos, Do meu ponto de vista, o local está com comprometem-se a respeitar
perto das nossas casas, e muitas vezes excepcional, com um percurso de visita geral: portugal.romano@gmail.com escrupulosamente o código deontológico
desconhecidos. bem identificado e tem a possibilidade de de jornalistas e princípios éticos dos
realizar visitas guiadas garantidas pela especialistas da área da História e
Foi o caso do Mausoléu de Loures, de
que tivemos conhecimento através do
equipa de arqueologia do Tróia Resort. Colaboradores externos Arqueologia.
arqueólogo Guilherme Cardoso, e que se 5. Todos os textos e imagens veiculados
Pode ainda aproveitar para ver a exposição Amílcar Guerra
trata de um notável monumento funerário do principal acervo romano patente na Armando Redentor pela PortugalRomano.com em qualquer
romano, que nos prontificamos a visitar e recepção do Golfe de Tróia, e contemplar Carlos Fidalgo suporte são de autoria reconhecida.
apresentar nesta revista. a pintura mural cristã, com cruzes páteas Carlos Gonçalves 6. A PortugalRomano.com distingue,
César Figueiredo criteriosamente, as notícias do conteúdo
Um agradecimento especial ao nosso amigo latinas recuperada da parede de um Guilherme Cardoso
César Figueiredo que gentilmente lhe “deu antigo mausoléu ou pequena basílica Joaquina Soares opinativo, reservando-se o direito de
vida” através do seu desenho de ilustração descoberto na orla na orla do estuário do José Cabanilhas ordenar, interp- retar e relacionar os factos
arqueológica e de uma apresentação Sado ou o painel informativo na recepção Luís Sousa e acontecimentos.
do Aqualuz Suite Hotel, onde se destaco Maria de Jesus Duran Kremer
3D, ao Guilherme Cardoso que nos deu 7. A PortugalRomano.com compromete-
o Altar funerário dedicado a uma mulher Vanessa Dias
a conhecer o excepcional monumento se a respeitar o sigilo das suas fontes
Vasco Noronha Vieira
romano. Agradecemos ainda ao Museu de origem escrava, e descoberto junto de informação, quando solicitado, não
de Loures pelas facilidades concedidas na das ruínas romanas em finais de 2011.
admitindo, em nenhuma circunstância, a
elaboração do artigo através da consulta do
Recomendo uma visita, pois trata-se de quebra desse princípio.
trabalho publicado pela arqueóloga Florbela
uma excelente participação privada na Estatuto editorial 8. A PortugalRomano.com cumpre a Lei de
Estêvão.
manutenção e estudo de um monumento Imprensa e as orientações definidas neste
Entretanto, gostaria de referir que visitei nacional que foi durante muitos anos 1. A PortugalRomano.com é uma Estatuto Editorial e pela sua Direção.
durante o feriado de 15 de Agosto as votado ao abandono. publicação bimestral, podendo vir a
9. A PortugalRomano.com, na sua
Ruínas Romanas de Tróia, tendo ficado tornar-se mensal, que aborda várias
temáticas relacionadas com a Arqueologia revista, tem um Director, uma Direcção
muito satisfeito com a afluência de público
ao mesmo. O dia cinzento e chuvoso levou e a História, com especial ênfase para Científica e Redactorial e uma Direcção
Um abraço amigo e vamos descobrir
muitos visitantes da península de Tróia a a ocupação romana do actual território de Imagem e de Arte, podendo vir a
juntos o nosso Património.
outra actividade diferente do normal dia de português. Os princípios que aqui se sentir-se a necessidade de vir a ser criado
praia. Raul Losada descrevem também se aplicam ao site futuramente um Conselho editorial.
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Notícias
Museu de Conímbriga - Exposição de elementos arquitectónicos do período
Exposição sobre escavações em Conimbriga tem número permanente que se seguiu à invasão suévica.
recorde de visitantes A primeira sala é dedicada aos variados Na quarta sala estão expostos objectos
aspectos da vida quotidiana. ligados à religião (pagã e cristã), às
superstições e ao culto dos mortos
A segunda sala do Museu evoca o fórum. praticados pelos habitantes de Conímbriga.
Ao centro, encontra-se a maqueta à
escala de 1/50 do que foi o santuário do O museu registou, entre Janeiro e Julho,
culto imperial construído durante o último um aumento de cerca de seis por cento no
quartel do séc. I. volume de público em relação ao mesmo
período do ano passado e um aumento de
A terceira sala evoca, através de algumas cerca de 20 por cento em relação a 2010.
esculturas, mosaicos e fragmentos de
estuques e frescos, o ambiente requintado Fonte: Museu de Conímbriga/ CNoticias
em que viviam as famílias mais ricas;
mostram-se ainda alguns bons exemplares Fotos: Museu de Conímbriga
EXPOSIÇÃO
Ano: I
Nº: 0
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portugal.romano@gmail.com
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No Cabeço das Fráguas, a 1.015 metros investigadora do Instituto Arqueológico
Escavações no Cabeço das Fráguas revelam de altitude, existiu um santuário onde Alemão, tem realizado, em conjunto
ocupação contemporânea com santuário lusitano se encontra uma inscrição rupestre que
descreve a oferenda de vários animais
com Thomas Schattner, escavações
arqueológicas naquele local.
a diversas divindades. Segundo os
A classificação pretende encontrar “uma
arqueólogos, “a intervenção deste ano teve
protecção legal que permita acautelar
como principal objectivo averiguar a área
melhor o sítio e propiciar a preservação e
habitacional, de modo a determinar não
valorização” dos “excepcionais vestígios”
só as suas características como também
existentes.
e, sobretudo, se a ocupação do povoado
foi ou não contemporânea da ocupação da O santuário
área de santuário, sobre a qual incidiram
as campanhas de escavação anteriores”. Situado a cerca de 15 km a sul da cidade
da Guarda, na Quinta de S. Domingos, o
O achado arqueológico foi dado a conhecer Cabeço das Fráguas é, com 1015 m de
pela primeira vez em 1943 pelo general altitude, um massivo afloramento granítico
João de Almeida e publicado em 1956 pelo que se destaca em toda a paisagem
investigador Adriano Vasco Rodrigues, envolvente e se assume como um sítio
descrevendo a oferenda de vários animais de excepcional importância no âmbito da
a diversas divindades e conjugando no arqueologia portuguesa.
mesmo texto o alfabeto latino e a chamada
língua lusitana. O seu carácter extraordinário prendesse
com a existência, no seu cume, de uma
Na mesma nota, Maria João Santos e inscrição rupestre em língua lusitana que
Thomas Schattner congratulam-se por, relata a celebração de um rito sacrificial
foto: Supersrtitio “finalmente”, ter sido aberto o processo análogo aos suovetaurilia romanos.
de classificação daquele “importante
Esta inscrição indica que se trata de um
II antes de Cristo) na região” referem os sítio arqueológico” por parte da
Escavações arqueológicas realizadas arqueólogos Maria João Santos e Thomas Direcção Regional de Cultura do Centro,
espaço de santuário, que a escavação
demonstrou ter sido utilizado desde o
este mês no Cabeço das Fráguas, na Schattner, numa nota enviada à agência “ficando assim, doravante, protegido
região da Guarda, revelaram a existência século VIII a.C. até ao final do século I da
Lusa. e eventualmente classificado como
de ocupação contemporânea com o nossa era.
Monumento Nacional”.
santuário lusitano ali existente, informaram As investigações no sítio arqueológico
A convergência, neste local, de fabricos
hoje os arqueólogos envolvidos na do Cabeço das Fráguas decorreram A classificação do sítio arqueológico irá
cerâmicos de diferente procedência,
investigação. entre 09 e 20 de Julho e contaram “fazer justiça à relevância científica e
por um lado; e o facto de dois dos mais
com a colaboração de estudantes das cultural que assume o Cabeço das Fráguas
importantes deuses indígenas invocados
“A equipa de arqueólogos pôde constatar Universidades de Lisboa, Porto e Coimbra. não só a nível regional, mas à escala de
na inscrição (Reve e Trebarune) terem
a existência de ocupação coetânea com A campanha de escavações foi realizada todo o Ocidente Peninsular”, consideram.
territórios que coincidem também nesta
o santuário, identificando várias novas pelo Instituto Arqueológico Alemão de O procedimento administrativo relativo
área, por outro lado, apontam este sítio
construções que ampliam o conhecimento, Madrid que, desde 2006, tem vindo a à classificação do Cabeço das Fráguas, como um importante centro cultual.
não só deste sítio em concreto, mas desenvolver um projecto de investigação como património de interesse público,
também do tipo de povoamento existente dedicado ao estudo deste sítio no âmbito foi aberto por proposta da arqueóloga Fonte: Lusa / Archport / Instituto
durante a I e II Idade do Ferro (séculos VI- da romanização dos santuários indígenas. Maria João Santos que, na qualidade de Arqueológico Alemão
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antigo local de culto a divindades lusitanas, da Quinta de S. Domingos, na zona este
Romagem teatral ao Cabeço das Fráguas datado do séc. V a.C., é o destino desta
romagem teatral.
da freguesia de Benespera, no concelho
da Guarda. A altitude do cabeço é de 1015
metros; no seu topo existe um planalto
No topo do cabeço encontra-se uma
onde estavam implantadas as edificações
escavação arqueológica que prova a
existência de algumas edificações lusitanas religiosas. Em todas as portelas existem
possivelmente destinadas ao culto. A vestígios de muralhas.
consubstanciar essa mesma ideia está a
MAG.PIVS.IMP.ITER;
Neptuno com pé direito sobre uma proa, ladeado pelos irmãos Anapias e Amphimonus, com os
progenitores aos ombros; por baixo [PRAEF CLAS] ET.ORA[E] [MARIT EX S.C.].
“chantier école” de Chibanes, conta ferro (III-II a.C.) devido ás suas excelentes
ainda com o apoio logístico da Câmara condições geoestratégicas, e no período
Municipal de Palmela. proto-romano, também designado por
período Republicano-Romano (II-I a.c.).
um dos arqueossítios mais importantes O sítio fortificado de Chibanes localiza-
Decorreu até passado dia 27 de da cordilheira da Arrábida, em processo se numa área culminante da Serra do Durante o período romano republicano,
Julho uma campanha de escavações de classificação como Património da Louro, com extenso domínio visual que ultimo quartel do século II a.C e primeiro
arqueológicas no Castro Pré e Proto- Humanidade. atinge a norte o estuário do Tejo, e a sul quartel do século I a.C. o recinto é
histórico de Chibanes, em Palmela, na o rio Sado. amuralhado em parte sobre as estruturas
Serra do Louro. A presente intervenção arqueológica
A superfície amuralha durante a pré da muralha da Idade do Ferro.
é da responsabilidade do Museu de
Esta intervenção arqueológica, Arqueologia e Etnografia do Distrito de e proto-história estima-se em cerca Nas extremidades oriental e ocidental
integrada em projecto de investigação Setúbal. Dirigido, pela Profª Doutora de 1 hectare. A mais antiga ocupação do povoado são construídos fortins
plurianual, dedicado às problemáticas do Joaquina Soares e pelo Doutor Carlos registada remonta ao Calcolítico e Bronze
abaluartados com muralhas rectilíneas.
povoamento sustentável e da organização Tavares da Silva, e nela participam antigo, cerca de 5000 a 3700 anos antes
A construção de duas torres de
social no tempo longo, da Pré-história alunos da licenciatura de Arqueologia da do presente.
espesso muro, podem indicar que estas
ao período Romano Republicano, tem Faculdade de Ciência Sociais e Humanas Abandonado no final do Bronze antigo o defenderiam o acesso ao povoado pela
também objectivos de reabilitação de da Universidade Nova de Lisboa. O local volta a ser ocupado na II Idade do crista da Serra do Louro.
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VISITA À ESTAÇÃO ARQUEOLÓGICA DE MONTE DOS CASTELINHOS
CASTANHEIRA DO RIBATEJO
1 de Setembro 10h30
Durante o segundo quartel e meados do notável lugar da História, com elevadas Info:
século I a.C. já com a região pacificada, potencialidades patrimoniais que tem
Município de Vila Franca de Xira
as estruturas na zona abaluartada são vindo a ser reveladas pelas escavações
utilizadas com carácter habitacional. Divisão de Património e Museus
do Museu de Arqueologia e Etnografia do
Chibanes comporta-se como um Distrito de Setúbal.
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Exposição
soluções diferentes
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade
de transportar grandes quantidades de do Algarve.
produtos, quer agrícolas, quer piscícolas, FIGUEIREDO, António, (2007) – Da Idade do ferro
à romanização na Alta Estremadura – Primeira
por um preço muito reduzido, até aos locais abordagem, Barlia – Revista Cientifica sobre Ambiente e
de consumo, cidades marítimas ou fluviais, Desenvolvimento, Nº3/4, Leiria, Edição Agência Portuguesa
do Ambiente, pp. 109 a 126.
ou centros portuários que funcionavam
como centros de distribuição ou de reunião
MANTAS, Vasco Gil, (1990) – As villae marítimas e o
problema do povoamento do litoral português na época Revista Portugalromano.com, soluções de publicidade à sua medida.
de cargas para exportação. MANTAS romana, in Économie et territoire en Lusitanie romaine
– Actes et travaux reunis et presentes par Jean – Gerard
(1990:148). Gorges et Fº Germán Rodriguez Martín, Collection de la
Casa de Velázquez, Volume nº 65, pp. 135 – 156.
A laguna da Pederneira deveria servir como Mais informações:
Mapas
uma zona intermédia desta rota comercial 1: BERNARDES, João Pedro, (2007) – A Ocupação Romana
marítima. Os vestígios arqueológicos na Região de Leiria, Centro de Estudos de Património, portugal.romano@gmail.com
Departamento de História, Arqueologia e Património,
encontrados e as referências bibliográficas, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade
exceptuando a estação Arqueológica do Algarve.
de Parreitas, ainda não nos forneceram 2: Composição do Eng.º Adriano Monteiro, (1998)
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Sabia Que:
Uma VILLA Romana ... dades da uilla, denominando-se esta área
Fotos: Guilherme Cardoso e Raul Losada Nessa zona incluíam-se ainda as áreas
caracteriza por centralizar a propriedade destinadas aos trabalhadores da uilla que,
fundiária, o fundus, numa residência que, em época mais tardia, tinham também um
em alguns casos, atingia uma grandeza lugar especial para o encarregado da ex-
superior às domus urbanas, com enormes ploração, o uillicus, uma vez que o ver-
dimensões e muita riqueza ornamental dadeiro proprietário estava muitas vezes
nas paredes estucadas, com pinturas mu- ausente.
rais ou “frescos”, estatuária e pavimentos
revestidos com mosaicos. A posse da terra era, sem dúvida, a maior
manifestação de riqueza na Época roma-
Podiam possuir ainda essas residências na, e a estrutura agrária obedecia a uma
agrárias, designadas em Período Romano organização, não só no que respeita à dis-
por pars urbana, tal como as habitações tribuição das terras propriamente dita, ha-
urbanas de maior escala e riqueza, pátios, vendo lugar ao emparcelamento dos es-
jardins interiores e exteriores, zonas dedi- paços rurais distribuídos pelos “colonos”,
cadas aos cultos e mesmo termas priva-
como na sua expressão mais “física”, pois
das ou balneários.
os cadastros apresentam uma regulari-
No entanto, a realidade agrícola não era dade que corresponde à distribuição das
apenas a de maior escala, pois existiam propriedades recorrendo a instrumentos
os “casais” dos pequenos agricultores de de agrimensor que permitiam recticular os
menor escala no que respeita ao fundus terrenos.
ou “propriedade” e menos grandeza arqui-
Em Portugal, embora não seja bem co-
tectónica das residências.
nhecido o mundo agrícola em Período
As estruturas agrícolas de maior grande- romano, são inúmeros os exemplos de
za são as melhor conhecidas, designada- estruturas agrárias por todos o território,
mente a sua área residencial, sabendo-se, quer de pequenas dimensões, ou casais,
não obstante, que possuíam as infraestru- como os que foram estudados na zona da
turas de apoio à produção agrária, como Vidigueira, quer de maior escala, de que
celeiros, armazéns, adegas, lagares, es- podemos citar múltiplos casos, incidindo,
tábulos, podendo ainda ter os fornos ou contudo, este trabalho na zona Sul, pois é
Peso de Lagar de Freiria forjas para apoio das diversificadas activi- a que melhor conhecemos.
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estende dos século I a .C. ao século V, Os equipamentos rurais, se bem
muito possivelmente pertencente “às eli- que menos conhecidos, denotam a im-
tes urbanas”, como bem o defende Carlos portância desta uilla, onde uma barragem,
Fabião, na sua obra «A herança romana localizada nas proximidades, articulada
em Portugal». com o conjunto agrário, permite garantir
o fornecimento de água aos terrenos agrí-
Nesta uilla romana, apenas parcialmente colas, mas ainda aos tanques, piscina e
escavada, destaca-se uma parte significa- termas, de apreciáveis dimensões, exis-
tiva da casa do proprietário, apresentan- tentes nesta propriedade.
do mais de quarenta divisões decoradas,
centradas num peristilo. Outros exemplos de barragens
de apoio às estruturas agrártias são
Salientam-se os mosaicos, quer conhecidas no território actualmente
pela sua enorme variedade, apresentan- português, quer na Beira Baixa, como
do composições geométricas e naturalis- no Alentejo e Algarve que foram objecto
tas, quer pelo seu elevado nível estético de uma publicação denominada
dos mesmos, utilizando tesselas calcárias «Aproveitamentos Hidráulicos a Sul do
e vítreas. Tejo».
No caso da sobejamente conheci-
da Villa romana de Torre de Palma, em
Monforte, Portalegre, imóvel classificado
Vista Geral da Villa de Pisões, Beja como Monumento Nacional pelo Decreto
nº 251/70, de 03.06, cuja ocupação em
Época Romana e tardo-romana se esten-
Também na Vidigueira, uma estrutura agrí- de Beja, e viria a ser restaurado em 1255 e
de entre os séculos I e VII, a casa senho-
cola de grandes dimensões se sobressai. entregue aos cónegos regrantes de Santo rial é um espaço organizado e pensado
Trata-se da Villa romana de S. Cucufate, Agostinho. para a vivência rural; bem estruturada
classificada como Imóvel de Imóvel de In- para a exploração agrícola, e funcionava
teresse Público, pelo Decreto nº 36383 de A uilla romana é enquadrada por dois
corpos com robustos contrafortes que também como local de recolhimento e de
28-6-47, e que parece ter sido utilizada no lazer do proprietário, pois toda a decora-
Período Romano entre os séculos I a .C. se ligam, na zona cimeira, por meio de
arcadas. Em frente dispunha-se um jardim ção indicia que aí se pudesse gozar um
– IV, com uma continuidade de ocupação ameno e bucólico refúgio dos ambientes
na Época Medieval. que descia através de um suave declive
urbanos.
até ao grande tanque. Subsiste parte
Esta Villa romana do século I a .C. teve significativa de um templo que viria a ser . Em torno de um grande pátio ao
alterações na primeira metade do século cristianizado no século V. qual se acedia por um portão principal,
II e no século IV dando lugar ao edifício organizavam-se as construções ligadas
que hoje subsiste. Já localizada nas imediações de Beja, a à exploração agrícola – o grande celeiro,
Pax Iulia romana, a Villa romana de Pi- o lagar de azeite, os armazéns de alfaias
Na Idade Média esta estrutura foi utilizada sões, classificada como Imóvel de Inte- agrícolas e os estábulos.
como mosteiro, consagrado a S. Cucufa- resse Público, pelo Decreto nº 251/70 de
te; abandonado no período das guerras 3-6, trata-se de um testemunho notável Sucedia-lhe um pátio porticado mais
entre Muçulmanos e Cristãos pela posse de exploração agrária, cuja ocupação se pequeno e reservado, ladeado pelos aloja-
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mentos de serviçais e por uma residência o esforço e a consolidação do cristianis-
que pode ter pertencido ao villicus. O lado mo nesta região. A sua importância cul-
Norte foi ocupado por uma requintada re- tual perdurará até à Idade Média, com o
sidência habitada pelos proprietários. reaproveitamento de parte das paredes
da antiga basílica para a edificação da
De torre de Palma destacamos os capela de S. Domingos, cuja edificação
seus mosaicos, designadamente a céle- se deverá ter efectuado no séculos XIII e
bre representação das nove musas com que se terá mantido em uso até ao sécu-
os respectivos atributos, na base da qual lo XVIII.
existe uma legenda : SCO [pa a]SPRA
TESSELAM LEDERE NOLI VTERI F[elix] Já no Algarve, o Cerro da Vila tra-
que pode traduzir-se como “não estragues ta-se também de uma casa senhorial ro-
o mosaico com uma vassoura áspera. Fe- mana, cuja ocupação remonta à primeira
licidades”. metade do século I, centro de uma explo-
ração agrícola que aqui é completada com
o aproveitamento dos recursos marítimos,
existindo um porto que permitia o escoa-
mento dos produtos. Relativamente próxi-
mo (2Km) localiza-se uma barragem que
colaborava no abastecimento de água às
terras férteis que rodeavam a uilla.
No século II e, particularmente no
século III, a área residencial tornou-se
Também proveniente dessa uilla é o mais expressiva, tendo sido decorada
célebre mosaico dos cavalos, que se apre- com luxuosos mosaicos e mármores.
sentam devidamente identificados pelos Aproveitando parte das infra-estru-
seus nomes próprios, atestando a explo- turas da antiga casa agrícola, o Cerro da
ração equina neste território em período Vila foi ocupado em período islâmico, ten-
romano, havendo mesmo quem defen- do sido aqui descoberto, em escavações
da que estes exemplares têm similitudes promovidas por José Luís de Matos, um
com o que se designa «Cavalo Lusitano». notável conjunto de cerâmicas datáveis No caso de Milreu, Estói, a zona re- do grau de conservação e nelas se podem
Não esqueçamos que os cavalos da Lu- dos séculos VIII, IX e X. sidencial hoje visitável, que se desenvolve encontrar os compartimentos usuais: frigi-
sitânia tinham fama de ser muito velozes darium, tepidarium e caldarium.
Por sua vez, na uilla romana de Mil- em torno de um peristilo com colunas, foi
afirmando Plínio-o-Velho na sua História
reu, cuja ocupação se efectuou em perío- uma reestruturação do século III, quando Os proprietários desta uilla eram cer-
Natural que pareciam ser gerados pelo
Vento Zéfiro (Nat. 8, 166) do romano, no século I d.C., foi construído a casa é embelezada com mosaicos polí- tamente muito influentes, porque na casa
no século IV d. C., um santuário de planta cromos, muitos deles com alusões à fauna apareceu estatuária de imperadores e fa-
Em época tardia é construída uma absidial dedicado a divindades aquáticas. marítima, tornando-se num complexo edi- miliares, a exemplo da estátua de Agripina.
basílica paleocristã, edificada sobre um cujo podium era ricamente decorado com ficado de grandes dimensões, instalações
templo romano, objecto de várias rees- mosaicos e que era separado da uilla por agrícolas, balneário. Milreu pela sua importância, manteve
truturações e acrescentos entre finais do uma rua pavimentada com grandes lajes uma ocupação em Época Tardo-romana,
século IV e o século VII, que documenta de pedra. As termas estão ainda com um eleva- Islâmica, dos séculos VI ao X, e moderna.
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parcerias Portugalromano.com Revista
Mais informações:
Museu Dr. Joaquim Manso
www.mdjm-nazare.blogspot.com/ portugal.romano@gmail.com
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construídos em torno de um pátio central,
rodeado por um corredor em peristilo
(Ou seja, um corredor semi murado, com
um telhado suportado por uma série de
pequenas colunas. ), com um reservatório
de água no meio desse pátio. Outras
zonas de armazenamento de água podem
ser observadas próximas do triclinium,
sala com acabamento em arco, que seria
a sala de jantar do dominus. Seria na pars
urbana que o dominus, ou proprietário da
uilla, viveria com a sua família numa zona
residencial, e alguns servos domésticos.
Reconstituição da Coriscada
Aqui também encontramos os escritórios,
cozinhas, salas de trabalho e convívio
e jantar e o lagar de vinho. Nesta zona
existem também termas privadas e vários
jardins.
A pars rustica seria a zona de habitação
dos trabalhadores rurais e a principal
zona de transformação de matérias-
primas (como mineral, fibras e cereais) em
produtos (como objectos em metal, tecidos
ou farinha). No caso de Vale do Mouro é
possível observar um pátio central que
acomoda também todos estes edifícios,
embora com muito menos ostentação e
luxo do que aqueles que compõem a pars
urbana.
Finalmente, a pars fructaria compõe todos
os terrenos de exploração e obtenção
de matérias primas. Sabemos hoje que
na época de ocupação da villa, entre os
séculos IIº e IVº da nossa Era, a pars
fructaria utilizada se estenderia entre o rio
Massueime e uma zona próxima da capela
de Santa Bárbara. Seria nestes terrenos Planta da villa da Corriscada Localização da Coriscada na Península Ibérica
que se iriam cultivar os cereais, a vinha, (em relação à província romana da Lusitânia)
a azeitona e seria igualmente aqui que
seria praticada a caça, pastorícia, pesca
e mineração.
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Entrada principal da pars urbana
Termas da uilla
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“O Tesouro Romano do Ferreiro”
Um tesouro monetário romano do século IV d. C., com
4.526 moedas, foi encontrado no sítio arqueológico
do Vale do Mouro, segundo o arqueólogo António
Sá Coixão, as moedas de cobre e bronze estavam
escondidas numa parede, juntamente com objectos
de ferro, provavelmente na casa que teria pertencido
a um ferreiro.
O espólio estava dentro de um saco de serapilheira
que quem escondeu o “tesouro” executou “um
alinhamento de pedras, colocou as moedas no interior
de um saco de serapilheira, deitou uma camada de
terra e, por cima, disfarçou com ferragens diversas
(uma foice, uma picareta, argolas para lareira,
duas chaves, etc.) e mais terra, para as pessoas
pensarem que era uma tulha de ferreiro”. “Ou seja -
admite o arqueólogo -, o dono das moedas enterrou-
as no local, mas depois terá morrido e já não as
desenterrou, tendo elas permanecido escondidas
até agora”.
António Sá Coixão mostrou-se surpreendido com
o achado, constituído por um número “invulgar” de
moedas. Os tesouros romanos são encontrados
nos sítios mais esquisitos”. Segundo o responsável,
o espólio tem “um valor muito grande”, tendo em
conta a futura musealização do sítio arqueológico
e a criação de um museu onde todo o material ali
encontrado será mostrado aos visitantes.
Segundo Sá Coixão, as 4.526 moedas “não
podem ficar por aqui, têm que ser rapidamente
inventariadas”, aponta o arqueólogo, adiantando
que serão contactados especialistas que as irão
estudar, limpar e inventariar, como aconteceu com
o achado de Freixo de Numão. “Não podem ficar
fechadas num cofre, têm que ser preservadas”,
defendeu, acrescentando que “as moedas de bronze
conservam-se melhor, mas as de cobre estão muito
deterioradas
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O Mosaico de Baco
O mosaico de Baco da Villa Romana de Vale de Mouro
é apenas o quinto exemplo desse tema na arte musiva
romana localizado no território nacional e, mesmo
no âmbito peninsular,com este tema de mosaico se
contam poucas dezenas, sendo um achado de grande
relevância.
O mosaico encontra-se num pequeno compartimento de
planta quadrangular com cerca de 9 metros quadrados.
O mosaico é composto por um quadro figurativo centrado
numa composição ortogonal de círculos e quadrados
emoldurados com linhas de grandes redentes, ornada
de elementos geométricos tais como nó de Salomão,
linha de espinhas, círculos com secções policromáticas,
discos e, nos espaços residuais, florões longiformes
estilizados.
Num fundo branco de tesselas dispostas em escama, o
quadro central da figura.
Dionísio (o romano Baco), ostentando os seus atributos
clássicos: um triso (thyrsus) na mão esquerda, um
Kantharus na mão direita, uma coroa de cachos
de uva na cabeça. Conduz um carro de duas rodas,
parcialmente conservado no mosaico, puxado por dois
leopardos, dos quais apenas se conserva parte de um.
À esquerda do Deus, uma figura feminina, uma ménade
ou bacante, completa a representação iconográfica.
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Localização: Coriscada – Concelho de Mêda
Contactos:
CSC—Coriscada —
csc@csc-coriscada.pt
Câmara Municipal da Meda:
279 880 040
Visita à Villa Romana
A visita ao sítio arqueológico é aconselhável com o auxílio da Junta de
Freguesia ou do Centro Socio-Cultural da Coriscada, devido ao mau
estado permanente do caminho agrícola até a Villa Romana. Está neste
momento em curso um processo de estabilização e musealização do sítio
pelo que as visitas devem sempre ser efectuadas através dos contactos
acima descritos.
Exposição permanente de achados no Centro Sociocultural da
Coriscada.
Exposição de Arqueologia “Os Romanos no Vale do Mouro”– Centro de
interpretativo da Villa Romana de Vale de Mouro
Localiza-se na Junta de Freguesia, no largo principal. Todavia, é
necessário ir ao “Café Moreira”, situado a cerca de 50 m, para pedir para
visitar, uma vez que não é possível ter um funcionário a tempo inteiro.
Fontes consultadas:
CM Meda: http://www.cm-meda.pt/turismo/Paginas/SitioArqueologicodeValeMouros.aspx
Epigrafia da Lusitânia: http://eda-bea.es/pub/record_card_3.php?refpage=%2Fpub%2Fsearch_
select.php&quicksearch=coriscada&rec=18512
CSC-Coriscada: http://www.csc-coriscada.pt/arqueologia.htm
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A necrópole romana da Quinta da Torri-
nha pertence administrativamente à freguesia
de Caparica, Almada, na margem esquerda do
estuário do Tejo (folha 442 da carta militar de
Portugal). (IMAGEM 1)
Quinta da Torrinha:
intervenção arqueológica realizada no sítio du-
rante as obras de construção do Metropolitano
do Sul (MARQUES e VALINHO, 2002). Os res-
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neste espaço um grande número de sub Esqueleto nº1 (ASSIS e BARBOSA, 2008, p.5).
adultos, conforme revelou a análise antro-
Este enterramento apresentava uma
pológica. Esta mostra-nos, ainda, que a
orientação Norte-Sul em covacho simples,
faixa etária destes sub adultos ou jovens
mostrando vestígios de cobertura com ti-
adultos se situa entre os neonatos e os
joleira e tégula. Compunha-se por um in-
doze anos, identificando-se cinco indiví-
divíduo masculino, com cerca de 60 anos
duos do sexo masculino e quatro do sexo
(ASSIS e BARSOSA, 2009, p.7-10). Junto
feminino (ASSIS e BARBOSA, 2008, p.3-
a si, encontrou-se um recipiente cerâmi-
Imagem 1 - Carta Militar de Portugal, nº 442, com a localização da
Quinta da Torrinha
20). (IMAGEM 2) co depositado sobre os seus joelhos, uma
placa de ferro identificada como elemento
de possível arma, uma moeda de cobre
Nas sondagens efectuadas identificaram-
e dezenas de cardas na zona inferior da
se 22 indivíduos em deposição primária e
sepultura. Provavelmente este individuo
dois ossários. Estes ambientes sepulcrais
estão orientados a SO-NE e SE-NO, ape- seria um soldado romano aposentado que
nas com dois casos de alinhamento N-S, se estabeleceu nesta área da Lusitânia
o do esqueleto 1, e, ainda que com per- finda a conquista romana do território, en-
turbações, o indivíduo do ossário 1, e di- terrado com os elementos por si utilizados
videm-se me cinco tipos, referindo-se que no exercício da sua profissão (a espada e
todos os indivíduos se encontram em de- as cardas pertencentes às calígulas utili-
cúbito dorsal: fossa simples em covacho, Imagem 2 - Planta das sepulturas zadas pelos militares romanos), tese que
Imagem 3 - Esqueleto 1
enterramentos compostos por ânforas ou parece encontrar consenso nos dados
Alguns destes enterramentos eram acom- da análise antropológica (ASSIS, 2009).
imbrices, os enterramentos com mate-
panhados por material cerâmico que te- Ossário 1
riais de construção, e ainda um caso de (IMAGEM 3).
um enterramento onde se identificaram os riam constituído oferendas aos deuses ou
O ossário 1 é a única estrutura funerária
pregos alinhados que poderiam pertencer bens necessários à alimentação do defun-
que apresenta uma perturbação no regis-
a uma estrutura do tipo caixão; por fim, to. São, na maioria, recipientes de cerâ- Esqueleto nº 2
mica comum destinados a conter líquidos, to em determinado momento post mor-
verifica-se um enterramento em caixa ou
Este contexto desperta a nossa atenção
berço (dois ímbrices) (ASSIS e BARBO- unguentos e alimentos, mas também, se tem, os ossos encontram-se remexidos e
devido ao alinhamento de pregos visíveis
SA, 2008, p.4-6). exumaram doze moedas e alguns artefac- muitos deles desaparecidos. Este enter-
em ambos os lados do esqueleto que in-
tos em metal. ramento é constituído por um sub adulto
O espaço funerário parece organizar-se dicam um contorno de uma estrutura tipo
da periferia para Oeste, encontrando-se caixão, muito provavelmente em madeira com cerca de 13 anos e contem o espólio
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mais rico de todas as sepulturas escava- de mica, quartzo e óxido de ferro e de to-
das. nalidade amarelo alaranjada, com sinais
de polimento no exterior. Um copinho de
No ossário 1 retirou-se uma moeda do rei-
paredes verticais, com uma pasta laranja
nado de Maximilianus Herculius, datada de
acastanhada de composição média, onde
306-308 d.C. e cunhada em Londres (AS-
se observam abundantes minerais brancos
SIS e BARBOSA, 2008, p.2), um fragmen-
to de fundo de Terra sigillata hispânica, e e óxido de ferro. Um pote de bojo largo e
três estatuetas de terracota feitas em mol- achatado com o bordo revirado para o exte-
de, uma sem leitura e duas representando rior, de pasta laranja com abundantes ele-
uma figura feminina com túnica (IMAGEM mentos não plásticos (mica, quartzo, óxido
4 e 5). de ferro e alguns nódulos de argila e aca-
bamento tosco. Nesta sepultura encontrou-
Esqueleto nº6
se, também, um pote/panela de bordo recto
Com o esqueleto 6 exumou-se uma bilha e oblíquo de pasta castanha alaranjada e
de gargalo curto, afunilado e bordo mol- bastantes minerais brancos, mica e óxido Imagem 8 - Pote Imagem 9 - pote /panela
durado, de uma pasta de composição mé- de ferro, formando uma pasta pouco depu-
dia, composta sobretudo por elementos rada (NOLEN, 1985) (IMAGEM 6, 7, 8 E 9).
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Sepultura nº 7 rior de uma ânfora da classe Almagro 50.
Este está depositado sobre a cobertura da
Compondo o topo da sepultura 7 estavam
sepultura 14. (IMAGEM 12)
oito ânforas Almagro 50, dispostas alterna-
damente sobre o esqueleto 8 (BARBOSA
e ALDANA, 2009). As duas ânforas, que
Sepultura nº 12
o restauro permitiu reconstruir, possuem
bordo espessado e sub-triangular, colo e A Sepultura 12 é um enterramento de um
asas curtas, estas de secção óvoide, co- feto em forma de concha, construída com
ladas, corpo cilíndrico e bico maciço. Em duas imbríces invertidas (BARBOSA e
termos cronológicos, sabemos que estes ASSIS, 2008, p.4). (IMAGEM 13) Imagem 11 - Esqueleto 11 Imagem 13 - Sepultura 13
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por: Filomena Barata e Raul Losada
ilustrações: César Figueiredo
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Nesse contexto, iniciaram-se trabalhos como mausoléu.
arqueológicos que decorreram entre
Março e Julho de 2003 e que puseram O designado podium muito possivelmente
a descoberto uma importante estrutura tratar-se-ia do embasamento do edifício,
pois as escavações demonstraram que o
rectangular , dotada de um podium, e com
mesmo não seria visível.
a câmara coberta por uma abóbada. Uma
possível entrada para o mesmo tinha um O imóvel, datável segundo os
pavimento com argamassa. investigadores que aí trabalharam, dos
séculos II e III, parece estar associado
Através de elementos pictóricos
aos proprietários e uma uilla romana
encontrados no interior do monumento
abastada.
parece poder inferir-se que o mesmo
apresentava uma decoração com pinturas Em território nacional, embora
a fresco. apresentando características diferentes,
quer construtivas, quer de tipos de
No entanto, o facto de o mesmo ter sido enterramento, pois podem encontrar-
violado em Época Moderna dificulta a se nichos para colocar urnas cinerárias,
interpretação no seu interior. mas também sepulturas de incineração,
As paredes foram edificadas com podemos referir o Mausoléu das Ruínas
aparelho irregular que deveriam ser, de Tróia.
como anteriormente referido, estucadas e Edificado junto a uma oficina de salga de
pintadas. peixe, sobre uma concentração de ânforas
Os materiais arqueológicos exumados de que parece indiciar um armazém, trata-se
origem romana são fragmentos de vidro e de uma construção de planta rectangular,
uma pedra de anel. feita com silhares intercalados com fiadas
de tijoleiras para regularização do aparelho
As paredes laterais apresentam nichos, o construtivo e apresenta contrafortes do
que faz equacionar a utilização do imóvel lado exterior das paredes laterias.
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A cronologia atribuída a esse Mausoléu d.C., embora com uma continuidade até
é de inícios do século III e, muito ao Período Muçulmano, denuncia a sua
possivelmente, também serviria um riqueza quer na estrutura arquitectónica
núcleo familiar, pois, em seu redor foi da pars urbana, melhor dizendo, da casa
implantado, no século IV, uma necrópole do seu senhor, centrada num átrio ou
com sepulturas de inumação. , peristilo - onde existia um tanque central
- e era circundado por uma colunata,
Comummente designado como em torno do qual se distribuíam os cerca
Columbarium pela forma dos nichos de 50 compartimentos. A exuberância
que apresenta para albergar as urnas decorativa dos seus mosaicos – com
cinerárias, assemelhando-se aos usados composições geométricas e naturalistas
em pombais, o Mausoléu de Tróia tem no – confirma a riqueza desta casa e da
seu interior vários tipos de enterramento exploração agrícola, que ocupava cerca
de inumação, de que se destacam as de 30 mil metros quadrados, e que tinha
grandes“arcas sepulcrais”, denunciam o nas proximidades uma barragem que
convívio dos dois tipos de ritual funerário: permitia o fornecimento de água, podemos
a cremação e a inumação. encontrar vestígios de mausoléus
Também no Cerro da Vila, Vilamoura, se familiares.
sabe que os seus proprietários se faziam Até agora foram escavados três mausoléus
enterrar em mausoléus com columbarium, da Villa de Pisões que se localizavam perto
ou seja com os nichos para as urnas do grande tanque exterior, ou natatio,
cinerárias, como acima referimos. para o qual se virava a fachada principal
Por sua vez, também na uilla romana de da grande casa agrícola.
Pisões, Beja podemos encontrar vestígios Deste modo, é-nos fácil admitir que o
de mausoléus familiares. Mausoléu da Quinta da Romeira de
Essa casa agrária, cuja ocupação se iniciou Baixo estivesse, efectivamente, ligado
em meados do século I a.C e se prolonga, a uma uilla e que os seus proprietários
em Época Romana, até ao século IV desejassem fazer-se sepultar em edifícios
familiares, edificados para o efeito.
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um museu, uma peça...
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ameixeira, a cerejeira, o damasqueiro, a geralmente por uma “casa senhorial”
nogueira, o castanheiro. Produtos como e por vários edifícios secundários que
a vinha, a oliveira, a alfarrobeira haviam alojavam os trabalhadores, o gado e os
já sido introduzidos pelos fenícios (XII celeiros. Numa primeira etapa construídos
a.C.), a figueira, a amendoeira, o loureiro em grande parte seguindo um esquema
pelos gregos (IX a.C.), a cebola e o alho relativamente simples, viram-se, nos séc.
pelos cartagineses, o linho, as couves e o II e III, transformados e enriquecidos,
nabo pelos celtas . Aos romanos se deve entre outros, com um sistema de
a restruturação administrativa do solo e aquecimento, com termas monumentais
a modernização das técnicas agrícolas, , com pavimentos em mosaico seguindo
permitindo retirar um maior rendimento programas iconográficos muito
tanto das sementes quanto da mão-de- elaborados, as suas salas decoradas com
obra utilizada. paredes de estuque pintado e estátuas em
A exploração agrícola romana mármore. Uma evolução que se manteve
concentrava-se em grandes propriedades no sec.IV, e que correspondeu também a
rurais – as vilae rusticae, constituídas uma fuga progressiva das cidades e ao
(Beja) protegendo as duas pequenas aves que Abad Casal, Lorenzo (1990), Iconografia de las Estaciones
Fot. 6: O Inverno, Villa Romana de Pisões (Beja) en la Musivaria Romana, Mosaicos Romanos. Estudos
em breve poderão voar, o Outono, com sobre iconografia. Actas del Homenaje in memoriam de
Fot. 7: O Outono, Villa Romana de Pisões (Beja) aves debicando um cacho de uvas e o Alberto Balil Iltana, pag. 11-25, Guadalajara.
Fot. 8: A Primavera, Villa Romana de Pisões (Beja)
Fot. 9: O Verão, Villa Romana de Pisões (Beja)
Inverno, à entrada da sala e numa posição Aguilar Saenz (A.), Guichard (P)(1993), Villas Romaines
de relevo, com duas aves ladeando um d’Estrémadure, Casa de Vélazquez, Madrid.
recipiente cheio de água, imprescindível Alarcão, Jorge (1988), O domínio romano em Portugal,
fonte de vida, sobretudo e também naquela Mem Martins.
região. Por cima desta representação, uma Almeida, Domingos (2004), O Meio Ambiente e a
Produção Agrícola: Solo. Disciplina de Produção Agrícola,
cabeça de medusa, símbolo apotropeico Licenciatura em Engenharia Alimentar Escola Superior de
de protecção. Biotecnologia, Universidade Católica Portuguesa, Porto.
Um programa iconográfico único até hoje, Balil, Alberto (1971), Casa y Urbanismo en la España
e que levanta um pouco o véu sobre a Antigua, Boletin del Seminario de Estudios de Arte y
Fot.5 Fot.9 Arqueologia, Tomo XXXVII, Valladolid.
filosofia de vida dos senhores da terra,
Dunbabin, K.M.D. (1978), The mosaics of Roman North
ligados não apenas economica mas Africa, Oxford.
também culturalmente a uma forma de
Duran Kremer, M.J. (1998), Algumas considerações sobre
vida não citadina, retirando do quotidiano a iconografia das estações do ano: a villa romana de
as lições de renovação permanente e Pisões, Homenaxe a Ramón Lorenzo (445-454), Vigo.
perenidade, interiorizando-as e utilizando- Duran Kremer, M.J. (2005), Algumas considerações sobre
a representação das estações do ano nos mosaicos da
as para exprimir a sua própria visão de Hispania Romana, X Colóquio do Mosaico Greco-Romano,
eternidade. pag.189-202, Conimbriga.
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Monumento epigráfico da Quinta de Santo Adrião
(Silvares, Lousada)
a inscrição romana
por: Luís Sousa
(1) Trabalho solicitado pela Junta de Freguesia de Silvares, então presidida pelo Sr. Eng. Couto dos Reis,
apresentado publicamente em 1 de Julho de 2009, na Biblioteca Municipal de Lousada, tendo participado na
investigação Pedro Magalhães, Carla Moreira, Cristiano Cardoso e Luís Sousa.
Não queremos deixar de mani-
festar o nosso mais profundo agradecimento à Profa. Lurdes Reis, proprietária da Quinta de Santo Adrião, que
muito gentilmente nos tem recebido e de forma solícita nos tem permitido efectuar os mais demorados estudos
e levantamentos gráficos do monumento de que damos notícia presentemente.
(2) Agradecemos a gentileza do Mestre Armando Redentor na elaboração do estudo que resultou na leitura da
epígrafe romana que ora se dá conta.
Fontes e Bibliografia
Fontes Documentais
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Castelo: Centro de Estudos Regionais. ISSN: 0871-3332.
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tre Cávado e o Minho, in Boletim Cultural de Esposende, no 20. Esposende: Câmara Municipal.
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da romanização. Ponto da situação no conventus bracaraugustanus, in Boletín Avriense, no 33. Orens: Museu
Provincial. pp. 77-93.
Capela, Matos e Borralheiro, 2009 José Viriato Capela; Henrique Matos e Rogério Borralheiro (2009) – As
freguesias do distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758: Memórias, História e Património. Colecção
Portugal nas Memórias Paroquiais de 1758. Braga: ed. De Autor. ISBN: 978-972-98662-4-1.
Magalhães et alii, 2009 Pedro Magalhães, Carla Moreira, Cristiano Cardoso e Luís Sousa (2009) – Silvares: um
percurso pela sua história. Silvares: Junta de Freguesia.
Sousa, 2007 Luís Jorge Cardoso de Sousa (2007) – Proto-História e Época Romana no concelho de Lousada:
Aplicação de um SIG na análise espacial em Arqueologia (Tese de Licenciatura). Porto: FLUP/DCTP (Policopi-
ado).
Cartografia
Carta Militar de Portugal, IGE, escala 1/25 000, folha no 99 [Material cartográfico], 3a edição, 1998, série M888,
ISBN: 972-764-984-X. Carta Militar de Portugal, IGE, escala 1/25 000, folha no 112 [Material cartográfico], 4a
edição, 1998, série M888, ISBN: 972-764- 998-X.
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A propósito de uma estela funerária romana de Vila Caiz
(Amarante)
por: Armando Redentor, Luís Sousa e Carlos Gonçalves
1. Introdução
pouco mais dentro, estando a fórmula dígena, até agora apenas conhecido em
ramente levantada; B de panças equil-
final sensivelmente centrada na derra- genitivo (indiciando fase de regressão na Relativamente à cronologia dos vestígios
ibradas, praticamente iguais, sendo a
deira regra. Na l. 3, o primeiro espaço sua utilização), tem distribuição repartida encontrados, contamos, como se viu, com
inferior ligeiramente mais alta, não unindo
interliteral é claramente avantajado, entre a Lusitania os dados inferidos do espólio cerâmico.
à haste a ligação entre ambas. Na l. 4: D
presumivelmente com vista a conse- Apesar de, a propósito da única sepultu-
de pança larga; I reduzido a sulco; F de
guir uma distribuição mais equilibrada e a Gallaecia, reforçando este novo reg- ra observada, se falar de inumação, esta-
barras largas e vértice arredondado. Na l.
dos poucos caracteres que lhe cou- isto a sua incidência acima do Douro. Os belecendo-se paralelo com o cemitério de
5: H largo; S de curva inferior mais aberta
beram. A letra final desta linha está exemplos galaicos incluem-se todos na Laboriz8 e comparando-a com o segun-
que a de cima; E de barras largas e haste
gravada contra o rebordo da estela, parte meridional do território bracaraugus- do tipo da necrópole de Lomba9 não será
ligeiramente côncava e avançada. Pon-
havendo, imediatamente antes dela e tano, com ocorrências em Guilhabreu (EE descartável a possibilidade de aí terem
tuação arredondada na l. 4, separando o
após um ponto, um espaço com mar- VIII 110 + Albertos, 1975:33, n.o20e21) existido outros tipos de enterramento, in-
final do patronímico da sigla f(ilius), e, na
ca de aí ter sido rasurado um signo eemVilaReal(CILII5556).O único exem- clusive vinculados a incinerações.
seguinte, separando os caracteres da fór-
que aproximamos de um E, embora plo lusitano regista-se em Cárquere (CIL
mula de clausura.
não se vislumbre a barra medial, e que II 5580). Sem registo do nominativo, não Soeiro (1984:41) precisa que dois dos
tomamos como resultado de lapso ou Trata-se do epitáfio de um indivíduo de obstante se conheça um Mebdius Coru- quatro vasos referidos por Fortes (1905-
precipitação do gravador, o qual nos condição peregrina, de acordo com a sua in[us], militar da cohorte X Praetoria, orig- 1908b) continham fuligem no exterior,
parece corrigido com a gravação do F estrutura onomástica, composta por nome inário de Bracaraugusta, em inscrição de mas, recorde-se, não está esclarecido se
sobre o limite da cartela. A gravação é único e patronímico indígenas. O texto re- Tilurium, na Dalmácia (AE 1904, 11 + IL- são todos provenientes da mesma sep-
larga e profunda, de sulco arredonda- sume-se a esta menção associada à fór- Jug 1953), sendo de presumir que a forma ultura. Dias (1997: 296), abertamente,
do. Os caracteres denotam ductus e mula final h. s. e. neste caso documentada corresponda a admite tratar-se de uma necrópole de in-
módulos com alguma variação, gan- um gentilício patronímico ou de formação cineração, estabelecendo paralelo com
hando destaque as letras que com- A forma idionímica Meidutius é original, patronímica. a penafidelense de Croca. Nesta estão
põem a fórmula final, claramente mais relacionando-se com outros nomes in- presentes ambos os ritos de enterramen-
altas do que as das restantes linhas7. dígenas com a base Medut- (cf. Valle- O testemunho oral recolhido acerca da to, associando-se as incinerações a co-
Na l. 1: M de hastes extremas prati- jo, 2005:358). Um Meduttus Caturo- incorporação da peça na Quinta da Pena vachos ou a pequenas fossas quadrangu-
camente verticais e vértices arredon- nis f., miles coh. I Bracaugustanorum, é e a comprovação da existência de uma lares, dependendo da existência ou não de
dados; E, ligeiramente reclinado, em conhecido cerca de Bigeste, na Dalmatia necrópole, cuja diacronia de ocupação oferendas secundárias, e as inumações
que a ligação da haste à barra inferi- (AE 1907, 249). Em Jaén, documenta-se nos parece não estar totalmente esclare- a covas simples, sem revestimento nem
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tampa, apontando-se-lhe uma cronologia de Margaride, Várzea, Refontoura, Cara- Bibliografia
de ocupação entre os séculos II ou III e o mos, Vila Cova da Lixa, Borba de Godim, ABASCAL PALAZÓN, J. M. (1994) - Los nombres personales en las inscripciones latinas de Hispania.
IV (Pinto, 1996: 292-296)10 . Freixo de Cima, Mancelos, Real, Banho Murcia: Universidad, Secretariado de Publicaciones; [Madrid]: Universidad Complutense (Arqueología;
1. Anejos de Antigüedad y Cristianismo; 2).
e Carvalhosa, Vila Caiz, Constance e So-
A pensar-se na coexistência de inumações bretâmega, onde convergia na ponte ro- AE = L’Année Epigraphique. Paris.
AGUIAR, P. M. V. (1947) - Descrição histórica, corográfica e folclóri-
ca de Marco de Canaveses. Porto:
e de incinerações na necrópole de Vilarin- mana de Canaveses, subindo, de segui-
ho, há que também consentir, tendo em Esc. Tip. Oficina de S. José.
da, para Tongobriga. Julga-se possível,
conta a parca quantidade dos materiais não se contando com propostas prévias, AMARAL, A. M. G. J. (1988-1989) - Necrópole galaico-romana de Laboriz (Amarante). Portugalia.
salvaguardados e o registo pouco detal- Nova série. Porto. 9-10, p. 111-114.
ter existido uma ramificação, que também
hado do seu contexto, e acreditando na afluía à ponte romana de Sobretâmega ALBERTOS FIRMAT, M. de L. (1966) - La onomástica personal primitiva de Hispania: Tarraconense y
veracidade da conexão estabelecida rel- Bética. Salamanca: Consejo Superior de Investigaciones Científicas [etc.] (Theses et studia philologi-
(Marco de Canaveses), que procurava a ca salmanticensia; 13).
ativamente à proveniência da estela fu- direcção de Amarante, seguindo, generi- ALBERTOS FIRMAT, M. de L. (1975) - Organizaciones suprafamiliares en la Hispania antigua. San-
nerária, a possibilidade de uma utilização camente, entre as curvas de nível dos 120 tiago de Compostela; Valladolid: Departamento de Prehistoria y Arqueología, Faculdad de Historia y
mais dilatada do sítio, incluindo a sua ret- Geografía, Universidad; Departamento de Prehistoria y Arqueología, Faculdad de Filosofía y Letras,
e 160 metros de altitude, com passagem Universidad (Studia Archaeologica; 37).
roacção, não obrigatoriamente em con- pelas freguesias marcoenses de Santo ALMEIDA, C. A. F. (1968) - Vias medievais. Entre Douro e Minho I. Porto: FLUP [Dissertação para
tinuidade, ao período alto-imperial. Isidoro e Toutosa e as amarantinas de Vila Licenciatura em História, policopiada].
Caiz, Louredo, Fregim e São Gonçalo. BARROCA, M. J. (2000) - Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422). [Lisboa]: FCG/FCT. Vol. 2, t. 1:
A organização e disposição dos povoa- Corpus Epigráfico Medieval Português.
Dela se aproximariam as Caldas de Cana-
dos proto-históricos e os assentamentos
veses, com exploração em época romana, CENTENO, R. (1981-82) - A circulação dos Divo Cláudio na Península Ibérica: notas sobre um tesouro
romanos neste contexto territorial coadu- do concelho de Amarante. Portugália. Nova Série. Porto. 2-3, p. 121-129.
e a necrópole associada, descoberta no
na-se com a rede viária principal regional,
século XIX aquando da abertura da estra- CIL II = Hübner 1869 e 1892.
nomeadamente com o traçado da via que,
da Canaveses-Livração (Dias, 1997:309, CILA 6= González & Mangas 1991.
por estas bandas, estabelecia a ligação
n.o78), as, já citadas, ocupações relacio-
entre Bracara Augusta e a capital da Lu- CRAESBEECK, F. X. S. (1992) – Memórias ressuscitadas da Província de Entre Douro e Minho no ano
nadas com Alvim e com a área envolvente de 1726. Ponte de Lima. Edições Carvalhos de Basto. Volume 2.
sitânia. A ponte do Arco (Vila Fria, Felgue-
ao lugar de Coura e, inclusive, o arque-
iras), que mostra uma forte reforma medi- DIAS, L. T. (1997) – Tongobriga. Lisboa: IPPAR.
ossítio a que atribuímos a epígrafe que
eval, apresenta ainda algumas aduelas do EE = Hübner 1899.
apresentamos neste estudo. Na Idade
arco maior com características de fábri-
Média este traçado ter-se- ia mantido em FORTES, J. (1905-1908a) – Necropole lusitano-romana da Lomba (Amarante). Portugalia. Porto. 2,
ca romana, o que obriga a passar nesse p. 252-262
uso, firmando-se o percurso pela con-
ponto a estrada. Este traçado vem sen-
strução da ponte medieval do Bairro (Sil- FORTES, J. (1905-1908b) – Casa e necropole lusitano-romanas de Villarinho (Amarante). Portugalia.
do proposto por diversos investigadores Porto. 2, p. 477-478.
va, 2000:71-72; Barroca, 2000:967-968,
(Almeida, 1968:40; Dias, 1997:319-320;
n.o 376)11, bem como pela edificação da GONÇALVES, C. J. S. (1996) – Levantamento arqueológico de Vila Caiz. Marco de Canaveses: Esco-
Mendes-Pinto, 1995:279- 280), tendo la Profissional de Arqueologia [policopiado].
igreja românica de Santo Isidoro (Silva,
também em consideração a rede de po- GONZÁLEZ ROMÁN, C.; MANGAS MANJARRÉS, J. (1991) - Corpus de inscripciones latinas de
2000:54-55).
voamento, atendendo não só aos assen- Andalucia. Sevilla: Dirección General de Bienes Culturales, Junta de Andalucía. Vol. 3: Jaén, tomo 1.
tamentos e necrópoles romanos, como HÜBNER, E., (1869) - Inscriptiones Hispaniae Latinae. Berolini: Gergium Reimerum, 1869. (Corpus
também aos povoados fortificados. Inscriptionum Latinarum; 2).
HÜBNER, E., (1892) - Inscriptiones Hispaniae Latinae: Supplementum. Berolini: Gergium Reimerum,
Seguindo Mendes-Pinto (1995:280), o per- 1892. (Corpus Inscriptionum Latinarum; 2).
curso, de norte para sul, seria, em traços
largos e recuando a terras vimaranenses, HÜBNER, Emil (1899) - Additamenta noua ad corporis uolumen II. Ephemeris Epigraphica. Berlin. 8,
o seguinte: São Martinho de Sande, Vize- p. 351-528.
la, Pombeiro de Ribavizela, Santa Eulália IEW = Pokorny 1959.- ILJug = Šašel & Šašel 1986.
pág. 112 pág. 113
LEAL, A. S. A. B. P. (1886) - Portugal antigo e moderno: diccionario geographico, estatistico, choro- Legenda
graphico, heraldico, archeologico, historico, biographico & etymologico de todas as cidades, villas
e freguesias de Portugal e grande numero de aldeias. Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira & 1 O limite administrativo de Vila Caiz está definido, a norte e este, pelas freguesias de Louredo, Fregim
Companhia. Vol. 10. e Salvador do Monte, do concelho de Amarante, achando-se os restantes quadrantes geográficos
demarcados por freguesias do vizinho concelho de Marco de Canaveses, respectivamente, Várzea
MENDES-PINTO, J. M. S. (1995) - O povoamento da Bacia Superior do rio Sousa da Proto-História à
de Ovelha e Aliviada, a sudeste, Santo Isidoro e Toutosa, a sul, Constance, a sudoeste, e Banho e
Romanização. Actas do 1o Congresso de Arqueologia Peninsular, vol. V, in Trabalhos de Antropologia
Carvalhosa, a oeste.
e Etnologia Vol. 35 (1). Porto: Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia. pp. 265-291.
2 Nas Inquirições de 1258 encontramos referências a vinhedos num reguengo em Varzena Vilari-
PINTO, G. C. (1996) - A necrópole de Montes Novos, Croca: um cemitério da Gallaecia tardorromana.
Porto: FLUP [Dissertação de Mestrado em Arqueologia, policopiada]. ni, com dois campos, propriedade que deveria pagar ao castello Sancte Crucis j. modium panis de
qualicumque pane jacebat in ipso campo, et modo facerunt ibi iiij. homenes Domne Orrace Fernandi
POKORNY, J. (1959) - Indogermanisches etymologisches Wörterbuch. Bern; München: Francke Ver- vineas et nescit qualis istarum iiij. tenet ipsum campum, tamen dixit quod campus est in ipsis vineis,
lag. PORTELA, M. H. T. R. (1998) - Necrópoles romanas do concelho de Amarante. Porto: FLUP et ex quando illud castellum destruerunt numquam inde istum modium panis dederunt; et illus campos
tenent illus cum vineis Martinus Johannis et Martinus Petri, homines Domni 606/Gonsalvi Garcie et
[Dissertação de Mestrado em Arqueologia, policopiada].
Domne Orrace Fernandi. Item, casale Vilarini quod fuit Martini Lupi debet dare j. spatulam porei, et
ŠAŠEL, A. e J. (1986) - Inscriptiones Latinae quae in Iugoslavia inter annos MCMII et MCMXL repertae debet tenere ganatum in presso, et luctosam, et debet pectare vocem et calumpniam, et vitam Maior-
et editae sunt. Ljubljana: Musei nationalis Labacensis (Situla. Dissertationes Musei nationalis Laba- domo (PMH, Inq., 1258:605-606).
censis; 25).
3 Cumpre-nos agradecer ao Sr. Fernando Cardoso, actual proprietário da casa da Quinta da Pena, as
SILVA, J. B. P. (2000) - Marco de Canaveses: um olhar sobre o património... Paços de Ferreira: Anégia facilidades concedidas para o estudo epigráfico da peça.
Editores. Vol. 1: da Pré-História à época medieval.
4 Na altura encontrava-se em posição invertida, estando hoje no pátio, flanqueada por bancos de pe-
SOEIRO, T. (1984) - Monte Mòzinho: apontamentos sobre a ocupação entre Sousa e Tâmega na épo-
dra. 5 Todas as medidas indicadas estão em centímetros.
ca romana. Penafiel: Câmara Municipal (Penafiel: Boletim Municipal de Cultura. 3a Série; 1).
6 Margem superior: 5; margem inferior: 1/1.5; margem esquerda: 0/4.3; margem direita: 0/6.5.
VALLEJO RUIZ, J. M. (2005) - Antroponimia indígena de la Lusitania romana. Vitoria-Gasteiz: Servicio
editorial, Universidad del País Vasco (Anejos de Veleia. Serie minor; 23). 7 Altura das letras: l. 1: 5.7/6.8; l. 2: 6/6.5; l. 3: 6.8/7.5; l. 4: 6/7.5; l. 5: 8/9. Espaços interlineares: 1:
VIEIRA, J. A. (1887) - O Minho Pitoresco. Lisboa: Livraria António Maria Pereira. Vol. 2.
VILLAR, F.; 1/1.5; 2: 0.8/1.5; 3: 0/0.7; 4: 1/1.2.
PRÓSPER, B. M. (2005) - Vascos, Celtas e Indoeuropeos: genes y lenguas. Salamanca:
8 O sítio de Laboriz (Telões, Amarante) foi escavado, em 1907, por J. Fortes e J. Pinho, os quais
Ediciones Universidad de Salamanca (Acta salmanticensia. Estudios filológicos; 307). não chegaram a publicar os resultados; tratar-se-ia de uma necrópole de inumação, com sepulturas
simples, abertas no saibro, rectangulares (Portela, 1998:11-12, n.o 8). Do espólio proveniente destes
Cartografia trabalhos deu conta A. Amaral (1988-1989).
Carta Administrativa (Carta IV.1 - tema: concelhos), escala 1/1000 000 [Material cartográfico]. In Atlas 9 A necrópole da Lomba (Lomba, Amarante) foi escavada e publicada por J. Fortes (1905-1908a); o
do Ambiente Digital. Lisboa: Instituto do Ambiente, 1980.
segundo tipo sepulcral, que refere, respeita a sepulturas de planta rectangular.
Carta Militar de Portugal, escala 1/25 000, folha no 112 [Material cartográfico]. Lisboa: IGE, 1998. Car-
10 A proposta cronológica de G. Pinto (1996:296) é feita em função do espólio numário, correspon-
ta Militar de Portugal, escala 1/25 000, folha no 113 [Material cartográfico]. Lisboa: SCE, 1978.
dendo a fase mais precoce de ocupação às incinerações; nas sepulturas de inumação, a maior parte
Fontes Impressas das moedas corresponde ao século IV, presumindo- se que a utilização da necrópole não tenha ultra-
passado esta centúria. Os dados cronológicos considerados por L. Dias (1997:315-316, n.o 92, e 345)
PMH - Portugaliae Monumenta Historica: Inquisitiones. Lisboa: Academia das Ciências, 1897. Vol. I,
condirão com esta fase.
Fasc. IV e V.
11 Datada da segunda metade do século XIII, concretamente de 1271, como constava da inscrição
comemorativa que se achava gravada num penedo próximo, divulgada por Craesbeeck (1726
[1992]:153).
pág. 114 pág. 115
OS MOSAICOS, PINTURAS E
ELEMENTOS ARQUITECTÓNICOS DO
BECO DA CARDOSA EM ALFAMA
por: Vasco Noronha Vieira
Fig. 4
segmentados.
Fig. 1
Fig. 5
Trata-se de parte de uma banda delimitativa Considerando que Alfama é uma zona com
de bordo, com uma trança de 3 cordões de bastante água, seria natural proteger o
tesselas vermelhas, amarelas e negras. É mosaico. Por fim, surge uma camada com
um elemento decorativo bastante comum cerca de 5 cm de argamassas onde toda a
que pode ser encontrado por exemplo em estrutura assenta.
Torre de Palma (Monforte), Conímbriga, O M2, possui uma colocação de tesselas
Villa Cardílio ou no Núcleo Arqueológico brancas parecem formar o início de linhas
dos Correeiros em Lisboa. que vão na diagonal em relação a uma linha
Uma análise deste padrão permite propor branca que está junto à área com tesselas
que possa ser um exemplar de opvs negras. As brancas são de dimensão
vermiculatum ou opvs musivvm, por superior às negras. Esta disposição
apresentar linhas onduladas de tesselas e parece apontar para um exemplar de opvs
não linhas paralelas como o que apresentaria vermiculatum ou opvs musivvm, devido ao
um mosaico em opvs tesselatvm facto das linhas quererem formar um tipo
Outro aspecto extremamente relevante é de relevo.
o facto de ainda conter toda a estrutura de Os fragmentos M3 a M5 apresentam linhas
colocação no solo. As tesselas ou tesserae paralelas a branco e negro, amarelo e
encontram-se numa camada fina de cal, vermelho.
formando o desenho pretendido, com cerca Os mosaicos elaborados com maior
de 2 mm de espessura. Esta camada está cuidado e detalhe são mais comuns a partir
sobre uma outra de opvs signinvm, com do século II, quando o esplendor das uillae
cerca de 5 mm, que muitas vezes era começava a aumentar, reflectindo-se nos
Fig. 3 inserida para impermeabilizar o mosaico. elementos arquitectónicos e decorativos.
pág. 120 pág. 121
A dimensão das próprias tesselas, maiores ou estariam bem próximos, permitindo
que nos exemplares dos séculos I a.C e apresentar uma proposta de como poderiam
I, também apontam para esta cronologia, ser parte dessas pinturas. Além dos motivos
século II ou posterior. geométricos como bandas amarelas,
vermelhas ou a negro, também se encontra
PINTURAS MURAIS representado motivos vegetalistas (Fig.6).
Usando Pompeia como exemplo , pode-se
Este tipo de decoração não teria, em verificar que o vermelho e o negro eram
Período Romano, apenas um objectivo usados em grande quantidade como cores
estético, mesmo os exemplares mais de fundo, e o amarelo seria mais usado
impressionantes e elaborados, como é o em molduras e limites de representações.
caso dos famosos murais de Pompeia. Também comum seria a representação de
Podem ser vistos como um complemento plantas, ou de paisagens mais elaboradas.
das estruturas arquitecturais e dos espaços Infelizmente estes fragmentos não permitem
em seu redor, muitas vezes funcionando determinar se seria uma dessas paisagens,
como um prolongamento visual da área em ou apenas representações vegetalistas
que estão incluídos. Ou seja, funcionariam sobre um fundo branco.
como um elemento de ilusão: ao olharmos
para as pinturas, teriamos a percepção INTERPRETAÇÃO E CONSIDERAÇÕES
do espaço se prolongar para “dentro” da FINAIS
pintura, dando a ideia de ser muito maior
do que realmente era. Este conjunto pode ser considerado um
As pinturas não seriam um elemento bom exemplo da variedade e tipologia
exclusivo das classes mais abastadas das de material utilizado na edificação de
comunidades, comprovado justamente estruturas em Período Romano. Mas não
pelos achados de Pompeia. As paredes apresentam evidências suficientes para se
estucadas, mesmo as viradas para poder interpretar de que tipo de construção
as ruas, de casas comerciais ou até pertencia. Ou até se provêem de diferentes
de bordeis surgem ainda hoje com as construções. É preciso não esquecer a
pinturas preservadas, seja simples ou mais complexidade urbana da zona, fortemente
elaboradas, e muitas vezes, com epigrafia, ocupada desde o período romano, com
que se podem comparar com os graffitis sobreposições construtivas.
urbanos que hoje podemos encontrar nas O facto de se ter encontrar poucos elementos
cidades. em mármore ou calcário parece evidenciar
Nesta escavação foi recolhido um grande que o desmantelamento da estrutura ou
conjunto de pinturas deste tipo embora estruturas, após o seu abandono, poderiam
bastante fragmentadas. Apesar disso ter servido para o reaproveitamento do
demonstram ter uma variedade cromática material, por exemplo, na cerca Baixo-
e estilística. Não o suficiente para se Imperial que passa a pouca distância do
conseguir reconstruir os motivos, mas foram local, na Rua de São João da Praça/Pátio
agrupados de acordo com o seu conteúdo. da Murça.
Alguns dos fragmentos colavam entre si, A análise de todo os materiais recolhidos
pág. 122 pág. 123
que se encontra em fase de estudo, deverá
fornecer mais dados para a interpretação
BALMELLE, Catherine, et al. , Le Décor Géometrique de la
Mosaïque Romaine I – Répertoire graphique et descriptif dês Revista
do sítio. compositions linéaires et isotropes, Ed. A. Et J. Picard, Paris,
Existem várias possibilidades de 1985.
interpretação quanto à sua proveniência, BARBET, Alix, (dir), La Peinture Murale Antique – Restituition
tendo em conta a localização do sítio no et Iconographie – Actes du IXe Séminaure de l’A.F.P.M.A.-
Paris 27-28 avril 1985, Editions de la Science de l’Homme,
espaço externo de Olisipo. Por exemplo, Paris, 1985.
poderão provir de um contexto funerário.
Foram encontrados restos de uma CORREIA, Licínia Nunes, Decoração Vegetalista nos
Mosaicos Portugueses, Edições Colibri, Lisboa, 2005.
incineração, mas que já não se encontrava
in sitv , que incluía vestígios osteológicos, LANCHA, Janine, O Mosaico das Musas – Torre de Palma,
MNA, Lisboa, 2002.
e um vngventarivm em vidro do século I .
Mas estaria deslocado da sua localização MaCMILLAN, Chlöe, Mosaïques Romaines du Portugal, Porte
original, provavelmente durante o du Sud, Paris, 1986.
desmantelamento da estrutura. MACIEL, Justino, Antiguidade Tardia e Paleocristianismo em
Outra hipótese é de pertencer a estruturas Portugal, Edições Colibri, Lisboa, 1996.
habitacionais que existiriam naquela zona
MAZZOLENI, Donatella, e tal. Domus: Wall Painting in the
da cidade. Considerando que na zona da Roman House, The J. Paul Gelly Museum, Los Angeles, 2004.
actual Baixa Pombalina, concentravam-se
PESSOA, Miguel, Contributo para o Estudo dos Mosaicos
as áreas industriais com a produção dos Romanos no Território das civitates de Aeminium e de
preparados de peixe (como os exemplos Conímbriga, Portugal, in Revista Portuguesa de Arqueologia,
dos Correeiros, ou na Casa dos Bicos); SANTOS, Ana Rita Soares dos (Coord.), Mosaicos Romanos
numa perspectiva lógica, a cidade teria que
soluções diferentes
nas colecções do Museu Nacional de Arqueologia, Instituto
crescer no sentido oposto, afastando-se Português de Museus, Lisboa, 2005.
dos cheiros e detritos da zona industrial. A VIEGAS, Catarina; ABRAÇOS, Fátima; MACEDO, Marta.
zona de Alfama seria a indicada para isso. Dicionário de Motivos Geométricos no Mosaico Romano,
Conímbriga, 1993.
Quanto a cronologia, estes materiais
parecem pertencer ao século II, estando VITRUVIO, Tratado de Arquitectura – tradução do Latim,
o momento da destruição do/s edifício/s Introdução e Notas por M- Justino Maciel, Press, Lisboa, 2006. Revista Portugalromano.com, soluções de publicidade à sua medida.
Legenda
datáveis do século III, reforçada pela 1 - VITRUVIO, Livro III.13.
presença de uma moeda do imperador 2 - A porção de moldura que se encontra a tracejado no
desenho, não foi possível colocar visível na sua totalidade.
Gordiano II que esteve no poder no ano de
3 - Livro III
238. 4 - ALARCÃO e BELOTO, 1987, pp.29-32. – Embora seja mais Mais informações:
comum denominar todos os mosaicos de opvs tesselatvm, os
autores apresentam uma tipologia que varia de acordo com a
Bibliografia:
disposição das tesselas, e dos efeitos que estes apresentam. portugal.romano@gmail.com
ALARCÃO, Adília; BELOTO, Carlos, Restauro de Mosaico, 5 - Exemplo do Mosaico das Musas, da Villa de Torre de
Instituto Português do Património Cultural, Lisboa, 1987. Palma, apresentada como tendo sido construído durante os
séculos III, inicio IV. (LANCHA, 2002).
ALARCÃO, Jorge de, O Domínio Romano em Portugal, 6 - O estudo de MAZZOLENI (2004) sobre as pinturas de
Publicações Europa-América, Lisboa, 1988. Pompeia demonstram com grande detalhe nos vestígios
encontrados esta ideia de ilusão.
AMARO, Clementino et al. (coord.), O Núcleo Arqueológico da 7 - MAZZOLENI (2004)
Rua dos Correeiros. Catálogo, Lisboa, 1995. 8 - Durante a intervenção de 2007.
uma cidade romana da África Nova Tunísia, no topo de uma colina a uma altitude de
571 m, dominando o vale fértil de Oued Khalled.
texto: Unesco Antes da anexação romana da Numídia, Thugga
já existia, possivelmente há mais de seis séculos
fotos e tradução: Raul Losada
e foi, ao que se sabe, a primeira capital do reino
da Numídia.
Mosaico do “Cocheiro
Vitorioso”, século IV,
proveniente de Dougga, Museu
Nacional de Bardo (Tunes,
Tunísia).
pág. 142 pág. 143
Mosaico de “Ulisses e as sereias”, século II, proveniente de Dougga, Museu Nacional de Bardo (Tunes, Tunísia).
Imperium Romanorum
com intuito de alcançar uma inscrição de Com restabelecimento do governo
escrita líbia e púnica, que foi enviada para bizantino (533-698) Thugga passa a ter
Londres. Foi reconstruída em 1908-10, um papel secundário na vida política e
tento recuperado o seu aspecto original. económica da região.
http://www.geocaching.com/seek/cache_
details.aspx?wp=GC3CAD1
# 23 Wtshnn - Estrada Romana dos
soluções diferentes
details.aspx?guid=3e210d5f-f390-4555-
http://www.geocaching.com/seek/cache_ 9f6c-ed6a4b81cab6
details.aspx?guid=b3275d2a-f6eb-4196-
af0c-111838b1cd2d
# 24 Wtshnn - Ponte Romana (São Pedro
A Ponte Romana de Arosa (Póvoa de
do Sul) Revista Portugalromano.com, soluções de publicidade à sua medida.
Lanhoso) http://www.geocaching.com/seek/cache_
details.aspx?guid=d4f33121-e469-4041-
http://www.geocaching.com/seek/cache_
9322-399a98159c3e
details.aspx?wp=GC3EVEA Mais informações: