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Difícil de esquecer
O que antecede 'Hard to Resist ―

2
B
ryson Daniels supostamente deveria ser o
mundo de Natalie Carmichael - ou seria?
Quando Natalie revive o seu passado, seus
olhos abrem-se finalmente para as coisas que ela sempre
evitou enxergar durante o seu relacionamento com Bryson.
Ela ignorou isso durante muito tempo. Chegaria a hora em
que a verdade viria à tona. Durante este prequel cheio de
drama, todos os feitos e mentiras de Bryson serão revelados.
Todo o sofrimento que ele causou à Natalie começa com essa
história.

3
Capítulo Um
Primeiro Ano

L
embro-me do dia em que conheci Bryson
Daniels. Foi no primeiro dia, na primeira
hora, do meu ano de caloura. Eu estava
uma pilha de nervos quando pisei na escola. Não sabia o que
o ensino médio me iria trazer, então entrei com a minha
cabeça erguida. Estava feliz por ter a minha melhor amiga,
Harper, lá comigo. Ela era uma júnior o durante meu
primeiro ano e conhecia um monte de pessoas.
— Nat, este é Tucker Finch. — disse Harper, sorrindo
quando paramos na frente de um cara muito alto, com
penetrantes olhos castanhos e um piercing no lábio. Ele
sorriu lentamente enquanto me observava e resmungava.
― E aí? ― disse ele.
― Oi. ― murmurei timidamente.
― Ela tem a mentalidade de calouro. ― ele brincou. ―
Não se preocupe. Não é tão ruim como todo mundo faz
parecer. Para ser honesto, isto aqui é legal. Todo mundo é
descontraído. Toda a gente conhece toda a gente.
― É. Isso é verdade. ― disse Harper, enquanto olhava
ao redor. Alguns caras se aproximaram e ela abraçou cada
um deles e, em seguida, Bobby, seu namorado, apareceu. Ela

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caiu em seus braços, beijou-o e riu baixinho quando ele
acariciou seu pescoço.
― E aí, caloura. ― disse-me Bobby.
― Seria bom se todos parassem de me fazer sentir tão
idiota. ― eu ri.
― Desculpe. É engraçado ver você aqui. Apenas saiba
que se alguém se meter com você, me diga e vou lidar com
isso por você.
Concordei com a cabeça enquanto encaixava o meu
polegar sob a alça da minha mochila. ― Bem, vou indo para
descobrir onde são minhas aulas. ― disse desanimada.
― Ei, quer que eu te ajude?
Queria que ela me ajudasse, mas não pude deixar de
notar a forma como estava colada ao quadril de Bobby. Bobby
tinha o cabelo castanho-escuro e olhos cinzentos
esfumaçados e um pescoço de jogador de futebol, grosso. Eu
nunca consegui descobrir por que Harper estava tão atraída
por ele ou o que ela amava tanto nele, porque ele não era
assim tão bonito e tinha a atitude de um atleta idiota. Ele era
uma pessoa sem graça, o oposto completo de Harper. Em vez
de separá-los, neguei com a cabeça e recuei.
― Acho que vou ficar bem. Não deve ser muito difícil
encontrá-las.
― Tudo bem, Nat. Vejo você na hora de almoço.
Acenando, me virei e corri pelo corredor, esperando que
realmente fosse capaz de encontrar para onde eu deveria ir.
Quando virei em um corredor, bati em um peito bem sólido e
fui segurada por braços musculosos. Olhei para cima
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lentamente, de sua camiseta preta até seus lábios cor de rosa
e, em seguida, seus olhos verdes. Seus olhos eram tão
brilhantes que me deixaram surpresa. Eram como
esmeraldas e isso me deixou curiosa para saber porque eram
tão claros. Um sorriso insinuou em seus lábios e dei um
passo para trás, percebendo o quão perto estávamos. Ele riu,
dando um passo para trás também.
― Oi. ― eu disse sob meus cílios.
― Ei. ― Ele passou a mão pelos cabelos e piscou. Um
cara alto, com ombros largos e braços enormes correu para o
seu lado e despenteou seu cabelo. Eu finalmente percebi que
quem estava brincando com o cara gostoso na minha frente
era Christian Otters. Ele parecia completamente diferente do
ensino médio. Tinha cortado o cabelo comprido e
encaracolado, em um corte raspado e tinha mesmo furado
suas orelhas. Sem cabelo, ele parecia completamente
diferente.
― O que foi, Bryson?! Você deveria nos encontrar!
― Eu estava a caminho. ― disse o sexy Bryson ― Mas
eu trombei com esta beleza aqui e acho que fiquei
meio...perdido. ― Ele me olhou novamente, mas minhas
bochechas começaram a queimar e, então desviei meu olhar.
― Meu nome é Bryson Daniels. ― Ele estendeu a mão
para mim e eu imediatamente aceitei.
― Natalie Carmichael. ― eu respirei.
― Tudo bem, cara. Vou pegar você mais tarde. ― disse
Christian, batendo no ombro de Bryson e depois fugindo.
Bryson observou Christian se afastar, mas eu não podia
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deixar de olhar para Bryson. Ele era bonito. Perfeito. Ele
tinha aquele rosto perfeito que não era nem muito duro, nem
muito suave. Tinha covinhas que afundavam cada vez que ele
sorria para mim. As palavras não podem explicar o quão
sortuda eu me sentia ao estar de pé na frente dele.
― Estou tendo dificuldade em encontrar minha classe.
― ele sorriu. ― Você acha que poderia me ajudar?
― Oh, não. ― Minha cabeça balançou fortemente
quando recuei. ― Eu não seria de grande ajuda. Não conheço
esta escola e sei que deveria ter vindo no dia da
apresentação, mas achei meio idiota.
― Bem, talvez pudéssemos procurar juntos. Qual é a
sua primeira aula? ― Meu coração batia forte contra o peito
enquanto procurava no bolso pelo meu horário. Entreguei e
ele leu os números e os nomes rapidamente antes de olhar
para mim e devolver o papel.
― Vamos tentar encontrar suas aulas. ― Ele piscou de
novo e eu andei com ele pelo corredor. Não estava prestando
muita atenção a qualquer outra coisa. Ele tinha toda a minha
atenção e eu estava meio que empolgada com sua presença.
Conheci Bryson, literalmente correndo para ele.
Os três anos seguintes foram um turbilhão, de tornar-
se amigos, a paquera, ao namoro, até virarmos um casal. Ele
era zagueiro do time da escola, e eu o aplaudia em cada jogo
durante dois anos, mas durante o terceiro ano, as coisas
começaram a ficar complicadas.
Houve momentos em que me senti como se um
caminhão tivesse atropelado meu coração graças às suas
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atitudes. Momentos em que nada me feria mais do que saber
que Bryson não correspondia ao meu amor. Era triste que
tudo isso tivesse que mudar.

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Capítulo Dois
Ano da Formatura

F
echei meu armário numa batida, meu
notebook aninhado sob meu braço antes
de me virar e inclinar contra ele. Uma
risadinha irritante veio do corredor e me virei para olhar.
Sara Manx estava andando pelo corredor, lado a lado com o
meu namorado Bryson.
― O que diabos ele está fazendo com ela? ― Grace me
perguntou com uma careta. Ela encostou-se ao armário
comigo e viu como Bryson parou na frente do armário de
Sara com uma folha de papel. Ele estava pairando sobre ela,
com olhos de paquera e estava realmente me deixando
irritada. Era um novo semestre, mas ele estava começando de
forma errada. Eu confiava em Bryson, mas simplesmente não
gostava de Sara e não gostava dele tão perto dela.
Conheci Sara no meu segundo ano e eu odiava tudo
nela. Tentei ser amigável, mas ela era muito metida e pensava
que era melhor do que todos os outros. Eu já havia tentado
ser líder de torcida e fazer parte da equipe, mas com Sara por
perto, acabei desistindo. Eu era a capitã, mas desisti do meu
posto, porque simplesmente não conseguia lidar com ela. Ela
sempre tinha um comentário rude ou algo inteligente para
dizer. Eu sabia que se ficasse na equipe mais um dia, teria
que, eventualmente, chutar a bunda dela e eu não fazia o tipo
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briguenta com muita frequência. Eu tinha que ficar na
minha, assim percebi que devia cair fora da equipe e focar na
escola e no meu futuro, era melhor do que arruinar minha
vida por alguma idiota estúpida que queria o meu namorado.
Ela não tirava os olhos de Bryson desde o primeiro dia. Foi
transferida para a nossa escola no segundo semestre de
nosso primeiro ano e, desde então, está na minha lista negra.
― Estou falando sério. Odeio química. Vou precisar das
respostas. ― disse Bryson, dando passos graduais para se
afastar. Sara sorriu para ele por cima do ombro enquanto
guardava um livro em seu armário.
― Eu vou ajudá-lo. Sou muito boa nisso. ― Olhando
para mim, ela sorriu. ― Sou muito boa em um monte de
coisas que poderia te mostrar.
― Muito bem, chega. ― Grace surtou enquanto dava
um passo para a frente. Ela agarrou o braço de Bryson e
obrigou-o a se virar. ― Eu juro que você é um babaca. Sua
namorada está aqui, não lá. Pare de falar com as piranhas.
― Relaxa, Grace. ― disse Bryson, mantendo-se calmo,
os olhos gentis. ― Nós somos amigos e acho que ela é uma
garota muito legal. Realmente não sei por que vocês a odeiam
tanto.
― Hum, talvez porque nós sabemos o motivo de ela
estar tentando se aproximar tanto de você. ― Grace
esbravejou.
― Acho isso muita criancice. ― Ele olhou de Grace para
mim. ― Além disso, ela não chega aos pés da minha garota.
Tenho uma garota quente nos meus braços. Não vou estragar
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isso. ― Ele deu um beijo na minha bochecha e assim, de
repente, me derreti contra ele. Respirei seu perfume
masculino e adorei. Abracei-o forte, seu toque, seu corpo
firme contra o meu. Ele me beijou e eu o beijei de volta, com
toda a paixão que eu tinha mantido presa o dia todo.
― Que seja. ― Grace gemeu antes de se afastar. Nós a
vimos sair e, em seguida, Bryson suspirou profundamente.
― Você não está brava, né? ― Questionou.
― Não. ― menti. Bem, eu não estava brava, mas estava
incomodada com sua paquera. ― Mas ela está certa, Bryson.
Pare de falar tanto com ela. Eu realmente não gosto nada
dela.
― Babe. ― disse ele, rindo. ― Ela é minha parceira de
laboratório. Está me ajudando nas aulas. Você sabe como
ciências é difícil para mim. Odeio isso, tanto quanto você.
Preciso de algum tipo de ajuda.
― Tenho certeza que existem muitas pessoas que estão
dispostas a ajudá-lo sem nenhum problema.
Recuando, ele me observou enquanto cruzava os
braços. ― Você acha que eu vou fazer alguma coisa com ela?
― Não. ― Minha voz saiu brusca quando peguei sua
mão. ― Só não quero que ela tente qualquer coisa. Confio em
você. Nela não. ― Olhei por cima do ombro para Sara, que
estava nos observando. Travamos nossos olhares por um
segundo e ódio queimava entre nós. Era imaturo mostrar-lhe
o dedo do meio, mas eu não dei a mínima. Queria que ela
soubesse o quanto a odiava.

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― Você precisa seriamente de se acalmar, Nat. ― Olhei
para Bryson, que estava passando a mão pelo cabelo. ― Não
estrague nossa reputação.
Ele deu um beijo em meus lábios, mas eu não o beijei
de volta. ― Que diabos você quer dizer com ‘não estragar a
nossa reputação’? ― Senti meu rosto se contorcendo e meus
dedos fechando em punhos. A raiva tomou conta das minhas
emoções, mas ele suspirou, como se não fosse nada.
― Você está agindo como uma maldita criança.
― Oh, eu estou agindo como uma criança, porque não
quero você perto daquela puta?
― Não, você está agindo como uma criança quando diz
certas coisas. Esqueça, deixe isso pra lá. Se ela não vale o
seu tempo, aja como tal. Não vou deixar de gostar de alguém,
só porque você não gosta.
― Mas você sabe como ela é, Bryson. Não quero você
perto dela. Não me importo com você perto de outras pessoas,
só que dela não.
Algumas pessoas desaceleraram os passos para nos
ouvir disfarçadamente, mas é claro que Bryson percebeu e
balançou a cabeça. ― Falo com você depois. Não tenho tempo
para esta merda.
Antes que eu pudesse falar, ele caminhou através da
multidão com os ombros curvados. Se fosse possível, vapor
teria saído dos meus ouvidos, eu estava furiosa. Senti minhas
bochechas esquentando e quando olhei para cima, vi
algumas pessoas olhando na minha direção. Quando

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perceberam o meu estado, desviaram o olhar, fingindo que
não tinham escutado.
Namorar um quarterback tinha suas vantagens e
desvantagens. Admito que a reputação era algo que eu tinha
que proteger, mas eu estava começando a ficar ressentida
sobre tudo isso. Se isso significasse que ele iria ficar longe de
Sara, que assim seja. Não me importava como eu pareceria,
apenas para provar a ele que eu realmente me importava e
não queria nada entre nós. Pensei que nós valíamos mais do
que uma ― reputação ― mas o fato dele ir embora e agir como
se eu fosse imatura e exagerada, me dizia que eu estava
errada.

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Capítulo Três

F
iquei contente que o nosso professor de
história não se sentia bem e resolveu
passar um filme em vez de dar aula, mas
odiava o fato de que Sara estava na mesma classe que eu. Ela
se sentou na parte de trás com duas de suas seguidoras e eu
tentei ao máximo ignorá-la, mas era difícil. Sabia que ia odiar
esse semestre. Ele estava começando terrivelmente. Ela tinha
a voz tão irritante, que eu tentava bloquear, mas quando ouvi
ela dizer o nome de Bryson, não pude deixar de prestar
atenção.
― É, nós tivemos química na primeira aula. Eu juro, ele
é tão quente. Continuei sentindo-o olhar para mim e quando
o professor nos pediu para encontrar um parceiro para o
semestre, fui até ele. Tive que descartar algumas garotas para
pegá-lo, mas, é claro, eu ganhei. ― Apertei a minha caneta
enquanto olhava para a tela da TV. Tentei o meu melhor para
ignorá-las, mas era impossível. Uma parte de mim queria
ouvir o que mais ela tinha a dizer. ― Eu dei-lhe o meu
número para que ele pudesse pegar as respostas hoje à noite.
Esperemos que ele venha atrás... e quero dizer em mais de
um sentido. ― Com essa frase, eu tinha certeza que ela deu
uma piscada.

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Suas seguidoras riram com ela, mas eu balancei minha
cabeça. ― Oh-oh, parece que Natalie tem uma concorrente.
Merda! Elas sabiam que eu estava ouvindo.
― Vão se foder. ― murmurei por cima do meu ombro.
Sara sorriu quando cruzou os braços. ― Agora,
senhoras. Não vamos arruinar seu mandato. Ela ainda tem
tempo para estimá-lo, mas só um pouco.
A aula continuou, mas o tempo todo, eu estava vendo
tudo vermelho. Não conseguia nem pensar direito. Mal podia
esperar pelo almoço para que pudesse ver Bryson e
confrontá-lo sobre isso. Como ele poderia ter seu telefone?
Como ele poderia paquerá-la? Eu conhecia Bryson. Ele era
um jogador e quando se tratava de conseguir o que queria,
faria de tudo para ter. Todo mundo no Colégio West Ashley
achava que ele era o cara mais gostoso. Ele era paquerado
por quase todas as garotas. Não podia deixar que meninas
como Sara me irritassem, mas ela passou dos limites.
Se eu pudesse, teria batido sua cabeça contra a parede
atrás dela e causaria uma briga completa. Não queria ser
suspensa por causa da merda que ela estava dizendo. Não
valia a pena. Não sabia se o que ela estava dizendo era
verdade ou mentira, mas minha única esperança é que fosse
uma mentira, não só por mim, mas por causa de Bryson
também.
****
O refeitório estava lotado e eu esperava ver Bryson na
mesa, mas é claro que ele estava elegantemente atrasado.

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Mark estava sentado à mesa com um boné de beisebol preto
para trás cobrindo seu cabelo loiro.
― Ei Mark. ― suspirei enquanto sentava em frente a
ele.
― Ei, Nat. ― Ele me olhou e não sei como ele percebeu,
mas viu a preocupação por trás dos meus olhos. ― O que há
de errado? Você parece um pouco... distraída.
Hesitei em falar, pegando um cookie do meu pacote de
almoço. ― Seja honesto comigo. Por que Bryson fala tanto
com Sara agora? Não é apenas por causa de uma aula de
Química estúpida.
Mark olhou para mim por um momento antes de
encolher os ombros. ― É o Bryson. Ele acha que pode se safar
de tudo. ― Ele estendeu a mão sobre a mesa para o meu saco
de batatas fritas. Ele sempre pegava alguma coisa do meu
almoço. Eu não me importava.
― Eu só estou incomodada com isso, sabe? Me irrita o
fato dele ser todo amigável com a menina que eu lhe disse
que não suporto.
― Eu entendo. ― Ele comeu uma batata e, em seguida,
olhou para a direita. ― Você vê aquela garota com o cabelo
castanho, ao lado de Sara? ― disse ele, apontando com o
polegar.
Olhei para onde ele apontava e ao lado de Sara estava
Madison Brewer, que estava comendo uma maçã. Virei-me
para olhar para Mark, que colocou outro batata em sua boca,
mas ainda estava olhando. ― Acho ela gostosa, muito
gostosa, mas não sei como me aproximar dela. Se você ainda
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não percebeu, eu não namoro muito. Preciso dos conselhos
de uma mulher. ― Ele abriu um sorriso, revelando uma fileira
de dentes brancos perfeitos, mas eu ri enquanto mordia meu
biscoito.
― Você espera que eu o ajude com uma menina que
não me importo? Qualquer uma que ande com Sara não vale
a pena. Ela é apenas uma puxa saco, Mark. Nada além disso.
Você merece algo melhor.
― Mas... ela é gostosa. ― Seus lábios se torceram
enquanto levantava as pernas para colocá-las na cadeira ao
lado dele. ― Eu não estou à procura de algo sério com ela. Só
quero ficar com ela, sabe? Eu quero ela ― ele passou as mãos
da cabeça aos joelhos. ― em cima de mim. ― Ele piscou, mas
eu ri.
― Mark, você é um running back, a estrela do nosso
time de futebol. Tenho certeza que se você pedisse a ela ou
qualquer outra garota, não iria lhe dizer não. Você é bonito.
Doce. Engraçado.
― Você acha que eu sou tudo isso? ― Ele perguntou
rapidamente, abaixando o olhar para os meus lábios.
Mordi-os, mas ele riu fazendo-me descontrair. ― Por
que você não quer nada sério? ― Eu perguntei para me
distrair de seu olhar de cobiça.
― Porque a pessoa com quem eu quero algo sério,
namora meu melhor amigo.
Engolindo, peguei meu suco, arranquei o canudo, e
esfaqueei a caixa com ele. Bebi o suco de maçã fresco
enquanto desviava o olhar para longe. Queria estar em
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qualquer lugar, mas estava em frente a Mark. Sabia que isso
ficaria esquisito, cedo ou tarde. Era sempre estranho falar
com ele a sós, falar com alguém que tinha uma queda por
mim há anos. Sempre tentei ignorá-lo, para sermos amigos, e
não levá-lo à sério de qualquer maneira. Eu realmente não
conseguia descobrir o que ele gostava tanto em mim.
― O que está acontecendo? ― Gracey apareceu ao meu
lado e eu nunca me senti tão aliviada ao vê-la. Eu relaxei um
pouco e dei outra mordida no meu cookie.
― O Mark aqui está à procura conselhos sobre namoro.
― eu disse para aliviar o clima.
― Ah, é? ― Grace mordeu seu habitual sanduíche de
manteiga de amendoim e geleia enquanto olhava para Mark.
― Quem é a garota de sorte?
― Madison Brewer. ― disse ele, apontando para a
direita.
O rosto de Grace congelou enquanto olhava de Mark
para Madison. ― Você está brincando, certo? Você quer uma
das lacaias de Sara?
― Ela é legal, ok? ― Ele saiu da mesa, de repente
irritado. ― Sabe, eu nunca vou entender as meninas. O ódio
que vocês tem umas pelas outras, é loucura. Sou tão feliz por
ser um cara. ― Empurrando a cadeira, ele correu para um
amontoado de jogadores de futebol que estavam de pé ao lado
da porta.
― Qual é o seu maldito problema? ― Grace franziu o
cenho.
― Eu não sei. ― menti antes de pegar meu sanduíche.
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Grace e eu conversamos um pouco mais e eu disse a
ela sobre o que Sara falou na aula de História. É claro que ela
queria ir até a mesa da Sara e arrancar seus braços e pernas,
mas eu disse-lhe para manter a calma, porque não poderia
ser verdade... e não queria que ela pensasse que tinha
qualquer poder sobre nós.
Levou apenas 10 minutos para Bryson aparecer com
um saco de Cheetos em suas mãos. Algumas meninas
ajeitavam o cabelo enquanto ele passava, mas tenho que
admitir que eu ainda ficava chocada em ver que ele só tinha
olhos para mim. Puxou a cadeira ao meu lado e inclinou-se
para trás, colocando o saco vazio de Cheetos na mesa e
depois me beijando. Ele tinha gosto de queijo, mas eu o beijei
de volta.
― E aí, babe?
― Hum... nada. Você não parece muito zangado.
― É. ― Ele deu de ombros quando beijou minha
bochecha. ― Superei. Eu realmente não posso ficar bravo
com você. Além disso, eu sei que você já se acalmou.
― Não realmente, Bryson. Sara disse que ela lhe deu
seu número dela. Você realmente não planeja ligar ou
mandar mensagens pra ela, não?
Seus olhos se estreitaram antes de amolecer. ― Por que
eu iria ligar?
― Eu não sei. Ela disse que você queria algumas
respostas dela ou algo assim. Não sei. ― Eu acenei com
indiferença, porque estava começando a me sentir estúpida
com cada pergunta e resposta.
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― Nat, quantas vezes eu tenho que lhe dizer que você
não precisa se preocupar? Somos amigos. Nada mais. Você é
minha namorada. Você vale mais do que qualquer garota na
escola. Eu amo você, entendeu? Coloque isso na sua cabeça
dura.
Corando, eu passei meus braços em volta de seu
pescoço e o beijei novamente. Eu tinha bancado a idiota,
como sempre. ― Tem batatas para mim? ― ele perguntou,
olhando para o meu saco de papel marrom.
― Não. Mark roubou-as.
― Ah, por favor. Você vai me fazer morrer de fome,
babe?
Preparei meus lábios para provocá-lo de volta, mas, em
seguida, Sara apareceu atrás dele. Fiz uma careta para ela e
Bryson olhou para mim com um olhar confuso antes de
espiar por cima do ombro e vê-la.
― Oh, Ei? O que foi? ― questionou.
― Eu tenho o dever de casa que você pediu. ― Ela
estendeu uma folha de papel e ele virou-se completamente
para pegá-lo.
― Puta merda. Obrigado. Você é um máximo por isso!
― Não, ela não é. ― Grace murmurou. Sara olhou para
cima e fez uma careta rindo.
― Não tem problema. Sra. Mitchell é ligeira e ouvi dizer
que temos um teste nesta quinta-feira. ― disse ela, tentando
nos ignorar. ― Me avise se você quiser ficar e estudar.
Podemos fazer isso.
― Sim. Claro. ― disse Bryson, um pouco entusiasmado.
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Com uma piscadela, Sara girou e se encontrou com
suas lacaias. Observei-a sair da lanchonete antes de voltar a
olhar para Bryson.
― Está brincando, certo?
― É apenas a lição de casa, Nat. Relaxa.
― E o flerte. ― acrescentei com um suspiro.
― Sim, eu concordo completamente com o flerte. ―
Grace se intrometeu atrás de mim.
Meus lábios apertaram enquanto eu olhava para ele. ―
Acredite no que quiser acreditar, Nat. Eu não tenho tempo
para isso. Te vejo daqui a pouco.
Enquanto se afastava, cada passo chicoteava minhas
emoções. Eu estava irritada, perturbada, chateada. Ele
realmente estava me deixando louca, agindo como se não
fosse grande coisa. Mas eu acho que ele estava certo. Talvez
eu estivesse exagerando. Talvez ele realmente estivesse
fazendo aquilo pelo dever de casa e as respostas. Eu tinha
que agir como a pessoa superior, assim pelo resto do dia,
ignorei Sara e o seu olhar. Beijei Bryson com um pouco mais
de paixão quando o vi e segurei-o no estacionamento depois
da aula para que ela não se atrevesse a vir até ele.
Eu estava bancando a namorada ciumenta, mas
apenas quando se tratava de Sara. Qualquer outra menina,
eu realmente não me importava ou me sentia ameaçada. Mas
com Sara, eu faria tudo que pudesse para que ela não tivesse
a chance de falar com ele.
O dia seguinte seria pior.

21
Capítulo Quatro

-E ntão, gente, eu estou dando uma festa


na sexta à noite. Minha mãe vai
viajar, então vocês sabem o que isso
significa. ― Bryson cutucou Mark, que riu enquanto eles
batiam os punhos.
― Claro que sim! Ótima hora, também. Madison me
deu seu número esta manhã.
― É mesmo? ― perguntou Bryson. ― Bem, você tem que
tirar proveito disso na festa, cara.
Grace e eu olhamos uma para a outra e reviramos os
olhos. ― Vocês são realmente nojentos. ― disse ela.
Dando de ombros, Mark e Bryson se levantaram da
mesa e empurraram suas cadeiras. ― Eu te vejo mais tarde,
babe. ― disse Bryson em meu ouvido antes de beijar minha
bochecha. Concordei com a cabeça, vendo-o ir embora. Grace
e eu conversamos até o sinal do almoço tocar, avisando-nos
para voltar para a aula. Normalmente encontrava com Bryson
depois do almoço e ele me acompanhava até a classe, era raro
não fazer isso.
Minhas próximas duas aulas eram espanhol 3 e Inglês.
Essas foram as melhores aulas do meu dia, porque passaram
rápido e foram as mais agradáveis. Durante a aula Inglês,
tentei prestar atenção, mas não deu certo. Eu me vi olhando
para fora da janela pensando em Bryson e seu

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comportamento arisco. Esta era minha aula favorita, mas
naquele dia cansativo, eu não pude me concentrar.
Bryson tinha halterofilismo no seu último período e os
jogadores de futebol corriam em torno de toda a escola como
parte de seu exercício. Vi alguns jogadores enquanto olhava
para fora da janela e me sentei no meu lugar, esperando ver
Bryson. A cada pessoa que passava, comecei a ficar mais e
mais preocupada. Mark foi a última pessoa a passar e Bryson
sempre corria com Mark. Estava me dando uma sensação
ruim. Por que ele não estava com Mark? Onde diabos ele
estava? Ele nunca faltou a uma aula.
Após a aula acabar, Bryson estava em pé ao lado de
seu Jeep com alguns jogadores de futebol. Meu espírito se
alegrou quando o vi, mas percebi Sara vir por trás para
chegar ao seu lado, eu hesitei. Por que diabos eu estava
hesitando? Ele era meu namorado, não dela. Eu tinha o
direito de ir até ele, sempre que eu quisesse e mandá-la
embora. Em vez disso, eu assisti. Talvez alguns poderiam
pensar que era um gesto amigável ele colocar a mão na parte
de baixo das costas dela. Para mim, era muito perto de sua
bunda.
Eu podia ouvir risadinhas de Sara do outro lado do
estacionamento e todo o momento que eles pareciam estar
compartilhando, estava realmente me irritando. Depois que
os jogadores de futebol se dispersaram, eu decidi que era
hora de ir. Ele era minha carona para casa. Eu não tinha
escolha, a não ser encará-lo.

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Quando cheguei mais perto, Bryson olhou para cima e
deu um pequeno passo se afastando de Sara. ― Você está
pronta, Nat?
Eu o ignorei e fui direta para a porta do passageiro.
Abri-a, joguei os meus livros no chão do carro, em seguida,
cruzei os braços. Obriguei-me a olhar para fora da janela do
passageiro quando Bryson subiu e ligou o carro.
Sua música Hip-Hop tomou conta dos alto-falantes e
pela primeira vez eu estava feliz por ela estar tocando. Dando
ré, Bryson saiu de sua vaga e acelerou o motor através do
estacionamento e para a saída.
― Como está se sentindo, babe? ― Questionou.
Meus lábios ficaram selados. Eu não conseguia
entender como ele estava feliz com Sara, ou até mesmo podia
tocá-la. Provavelmente seria pior em sua aula de química. Eu
estava certa sobre isso.
Bryson finalmente estacionou na minha casa e eu
agarrei meus livros rapidamente antes de sair do carro. ―
Nat. ― ele chamou antes que eu pudesse bater a porta na
cara dele.
― O quê? ― Gritei.
― Que diabos é o seu problema?
Meus olhos se estreitaram, não acreditando no que ele
disse para mim. ― Meu problema, Bryson? Você está
brincando comigo agora?
Ele deu de ombros. ― Eu realmente não sei o que fiz.
― É você... e a Sara! Por que diabos você não pode
simplesmente deixá-la sozinha?
24
― Ela é uma amiga!
― Foda-se. Amigos não falam e se tocam do jeito que
você dois fazem. A única menina que você deve tocar assim
sou eu. ― Acenei com minha cabeça para ele sair. ― Sabe o
que mais? Esqueça. Estou cansada disso. Divirta-se com
Sara. Eu realmente não posso lidar com essa merda agora.
Bati a porta na cara dele antes que pudesse falar e
corri para a minha casa. Ele abaixou a janela do passageiro e
me chamou inúmeras vezes, mas eu o ignorei enquanto
lutava para destrancar porta da frente.
Entrei e bati a porta atrás de mim, mas me arrependi,
porque meu pai estava sentado na sala de estar, olhando
diretamente para mim com olhos arregalados. ― O que há de
errado Natty?
Engoli em seco, apertando os meus livros no meu peito.
― Hum... nada. Eu não quis fazer isso.
― Por que você está tão perturbada? ― Questionou.
― Eu estou bem, pai. Sério. ― Levantei para lhe dar um
beijo na bochecha como sempre fazia e depois corri para o
meu quarto. Desabei na minha cama e olhei para a parede
que estava na minha frente pelo que pareceram horas, mas
nada podia livrar a minha mente do que eu vi. Nada poderia
me fazer entender porque Bryson estava agindo como se não
fosse grande coisa. Onde estava o seu respeito? Eu não
conseguia entender.
Em vez de apenas ficar me lamentando sobre a minha
cama a noite toda, peguei um dos meus cadernos e arranquei
algumas folhas. Puxando a cadeira de debaixo da mesa,
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sentei-me e imediatamente comecei a escrever. Deixei sair
tudo o que eu senti naquele dia. A mágoa. A traição. A
irritação. Eu não podia ignorar tudo isso.
Em algum momento, entre a minha escrita e a
choradeira, eu tinha feito minha lição de casa e, em seguida,
caí no sono. Meu telefone estava ao meu lado na esperança
de que Bryson ao menos ligasse para pedir desculpas, mas
ele permaneceu em silêncio, apenas Grace me ligou.
Foi por volta de duas da manhã quando o telefone
tocou e acordei assustada. Levantando minhas pálpebras
pesadas, li o nome na tela e meu coração bateu um pouco em
êxtase. Eu ainda estava chateada com ele, mas saber que
estava ligando tão tarde, me fez perceber que ele poderia
estar acordado a noite toda pensando em mim.
― Alô? ― Atendi quando me sentei.
― Nat, sabe onde estou? ― disse Bryson.
― Onde?
― Na frente de sua casa. Você pode vir comigo?
― Ir com você aonde? ― Perguntei saltando da cama e
correndo para a minha janela. Com certeza, lá estava o jipe
de Bryson estacionado ao longo do meio-fio. ― Por que você
esteve na rua até tão tarde?
― Eu estive no Mark o dia todo. ― Ele fez uma pausa e
eu engoli para evitar qualquer secura na garganta. ― Olha,
Nat, por favor, venha comigo. Eu não quero pedir desculpas
pelo telefone.
― Ok, Bryson. Estou indo. ― Desliguei meu telefone e
corri para me vestir. Escovei meu cabelo bagunçado e então
26
comecei a abrir a minha porta. Eu tive que passar pelo quarto
dos meus pais, mas eu sabia que, mesmo que fosse pega, não
podiam falar nada. Fiquei surpresa que eles ainda estavam
dormindo juntos, considerando as partes da briga que eu
tinha ouvido na noite anterior.
Saí e fechando a porta atrás de mim, corri para o Jeep
verde de Bryson e subi no banco do passageiro. Ele olhou
para mim e sorriu, mas foi aí que eu percebi como seu sorriso
era preguiçoso. Enquanto se movia para mais perto, eu podia
sentir o cheiro de álcool em seu hálito.
― Você mentiu para mim.
― O quê? ― Seus olhos se arregalaram. ― Como?
― Você não esteve em Mark. Você estava no bar do
Moe. Está bêbado.
― Eu não estou bêbado, Nat. Estou bem. Cheguei até
aqui são e salvo. Veja? ― Ele ergueu as mãos, como se isso
fosse provar alguma coisa para mim.
Uma linha se formou entre as minhas sobrancelhas,
mas relaxei-as. Estava cansada de discutir com ele. Estava
começando a se tornar inútil. ― Vou levá-la para a minha
casa.
― Sim, que seja.
Ele hesitou, mas em seguida, ligou o carro. Senti-o
olhar para mim, mas mantive o meu olhar para a frente. ―
Você sabe que eu odeio quando você está com raiva de mim,
né? ― Ele perguntou quando acelerou e saiu do bairro.
― Você sabe que eu odeio quando você bebe e dirige,
certo?
27
Ele riu, mas não respondeu. Era uma coisa boa que
sua casa fosse há apenas alguns quarteirões de distância,
porque se fosse mais longe, eu não teria andado com ele.
Bryson estacionou o carro e, em seguida, pulou para fora. Saí
do banco do passageiro de forma lenta e ele me encontrou ao
meu lado para pegar minha mão. Surpreendentemente,
depois de todo o choro e aborrecimento que eu senti desde o
dia anterior, eu não o afastei. Quando ele deu um daqueles
sorrisos deslumbrantes de cair o queixo, eu simplesmente
não consegui. Eu queria estar perto dele mais do que
qualquer coisa.
Caminhamos até a porta da frente e, assim que ele
abriu e nós entramos, ele me puxou e beijou meu pescoço.
Eu gemia baixinho com as carícias suaves que ele estava
depositando na dobra do meu pescoço. Ele gemeu quando
trouxe seus lábios até os meus e começou a dar passos para
a frente, fazendo-me andar para trás. A parte de trás das
minhas pernas bateu contra o sofá, fazendo-nos dar um
tranco, mas ele não se afastou.
― Você me ama, certo? ― Ele perguntou, em seguida,
beijou minha clavícula.
― Sim, ― eu suspirei.
― Então pare de tentar me deixar. Me desculpe por te
deixar com raiva. É assim que eu sou.
Eu suspirei, cansada da mesma velha desculpa. Ele se
inclinou para puxar a camisa. Seu abdômen esculpido
brilhava à luz da lua que estava entrando pela janela ao
nosso lado. Seus preguiçosos olhos verdes piscaram quando
28
ele olhou para mim e quando encarei-o, não me sentia mais
com raiva.
Seus dedos alcançaram a barra da minha camisa,
passando por baixo dela até chegar aos meus seios. Ele
segurou-os com um gemido e depois me sentou para tirar a
minha camisa.
Meus lábios apertaram quando ele começou a me beijar
novamente.
― Nat, eu amo você e só você. Sabe disso, não é?
― Você está bêbado. ― murmurei enquanto ele beijava
meu pescoço novamente.
― Não estou. É verdade. Só você, Nat.
― Bem, se você me ama tanto, faça-me um favor e fique
longe da Sara.
A sala ficou em silêncio quando ele parou de me beijar.
Por um momento, parecia que ele havia parado de respirar. ―
Ok. ― ele finalmente disse, antes de beijar meus lábios com
força.
Nós fizemos amor naquela noite... pelo menos era amor
para mim. Talvez fosse apenas uma transa rápida para ele.
Talvez ele só tenha me levado lá para isso e nada mais. Dormi
na casa dele naquela noite, mas eu não pude cair no sono tão
facilmente quanto ele, na verdade eu só dormi por uma hora
naquela noite. Não conseguia entender por que ele hesitou
em me responder sobre Sara. Se ele realmente me amava,
teria deixado ela de lado num piscar de olhos, apenas para
me deixar feliz. Ficava me questionando se eu estava sendo
egoísta, mas sabia que no fundo não estava. Eu só não a
29
queria no nosso caminho e tinha a certeza que não queria
dividi-lo.
Eu não sabia o que fazer quando ele agia como se não
se importasse. Como eu poderia sorrir quando ele estava
mais preocupado com sua reputação do que com nosso
relacionamento? Eu nunca percebi esse tipo de coisa. Eu
estava tão cega pelo amor, cega pelo que eu pensava que
fosse real. Eu nunca quis encarar a verdade de tudo isso.

30
Capítulo Cinco

N
aquela quinta-feira, Bryson tinha
ultrapassado o limite.
Grace e eu estávamos a caminho de casa
dela para conversar. Bryson disse que ia sair com Mark,
então dei-lhe espaço.
― Bryson ainda está sendo um idiota egoísta? ― Grace
perguntou enquanto abria a porta da geladeira.
Suspirando, deixei minha bolsa em cima do balcão de
mármore e, em seguida, apoiei minhas mãos no meu colo. ―
Ele não falou muito com Sara hoje, então acho que já é
alguma coisa.
Grace franziu o cenho enquanto pegava na geladeira
alguns pretzels cobertos de chocolate branco e leite. ― Você
está brincando, certo? Eu o vi conversando com ela depois da
escola. Sério, Nat, eu não gosto da maneira como Bryson está
agindo com você. Eu acho que você confia nele um pouco
demais. Posso entender que vocês dois estão namorando
desde o primeiro ano, mas ele deveria ter mais respeito por
você.
― Ele não está fazendo nada com ela, Grace. ― eu disse
com uma risada forçada.
― Ainda. ― Seus olhos castanhos se viraram para mim
antes dela se sentar no banco ao meu lado e abrir sua

31
mochila. Ela pegou uma tigela vazia que estava no meio do
balcão e jogou os pretzels nela. ― Eu estou apenas dizendo o
que acho disso. A última coisa que eu quero, é que você se
machuque.
Apertei meus lábios juntos, alcançando um pretzel. Não
tinha vontade de falar com ela sobre isso, porque sabia que
Bryson não estava tentando me machucar, então mudei de
assunto. ― Então, tenho visto muito você com Dustin Welch
por aí. ― Sorri, levantando uma sobrancelha.
Ela sorriu quando mordeu sua pretzel. ― Ele é gostoso,
né? É da minha turma de Psicologia e nos sentamos juntos.
Eu não disse a você, mas no primeiro dia ele pediu meu
telefone. Temos trocado muitas mensagens de texto nos
últimos dias. Acho que ele está realmente afim de mim.
― Sim. Percebi isso. ― observei com uma risadinha.
― Ele vai estar na festa de Bryson amanhã.
Definitivamente devemos sair para comprar algo bonito.
Estive pensando nessa festa durante toda a semana.
Concordei com a cabeça enquanto mexia na minha
bolsa. ― Minha mãe me deu dinheiro ontem à noite.
Devemos ir comprar algo bonito agora?
― Sério? ― Ela saiu de seu banquinho e pegou a tigela
de pretzels. Após guardar a tigela na geladeira e pegar sua
bolsa, veio para o meu lado e pegou minha mão. ― Vamos.
Nós realmente temos que ficar gostosas.
― Sim. Bryson quer que eu use algo que vai deixá-lo
louco, seja lá o que isso signifique.

32
― Isso significa que quando ele te ver, vai querer levá-la
para um quarto e se aproveitar de você.
Nós rimos, saindo da cozinha e indo para a garagem.
Gracey tinha um BMW conversível azul e sempre dirigia com
a capota abaixada, a menos que chovesse. Mesmo quando
estava frio, ela deixava abaixada. Ela era louca assim e eu
não ficava surpresa durante o inverno, quando ela sempre me
ligava e me dizia que estava doente.
Grace e eu olhamos alguns vestidos e mandei uma
mensagem para Bryson dizendo que estava indo encontrá-lo
na casa de Mark quando encontrasse algo sexy. Não recebi
resposta, mas isso não me incomodou muito, já que Grace
estava comigo, me dizendo qual vestido usar e o quão gostosa
fiquei nele. Experimentamos dezenas de vestidos curtos e
saltos, até que finalmente decidimos e depois fomos comer
alguma coisa.
Depois de comer, pedi a Grace para a me deixar na
casa de Mark. Quando chegamos, não vi o carro de Bryson.
Apenas o de Mark.
― Eu já volto. ― disse à Grace antes de sair do carro.
Corri para a porta de Mark e bati, levou um tempo para
responder. Ele finalmente abriu a porta, coberto de suor. ― E
aí, Nat? ― Ele perguntou, sua sobrancelha levantada.
― Desculpe. Você estava malhando?
― Não... hum... Tenho companhia.
Meus olhos se estreitaram. ― Quem?
― Madison Brewer. ― ele sussurrou com uma
piscadela.
33
― Você simplesmente não podia esperar até amanhã,
hein?
Ele sorriu como um menino e eu fingi achar graça
enquanto ele dava um soco no meu braço.
― Bem, eu só vim porque pensei que Bryson estivesse
aqui. Ele disse que passaria o dia com você.
Mark franziu o cenho enquanto olhava ao meu redor e
viu o carro de Grace. ― Bryson não me disse que viria hoje.
Meu coração apertou. ― O-o que você quer dizer? Onde
ele está, então?
Ele deu de ombros. ― Não sei, Nat. Provavelmente em
casa. Estou meio ocupado agora, mas se você precisar de
alguma coisa, me ligue.
Mark fechou a porta rapidamente, deixando-me sem
tempo para fazer mais perguntas. Corri para o carro de Grace
e ela franziu a testa quando eu fechei a porta.
― Então?
― Mark disse que não sabia nada sobre Bryson vir à
sua casa hoje.
― Mas que diabos? Aquele filho da puta mentiu?
― Eu não sei, Grace. Apenas me leve para casa. Vou
ligar para ele mais tarde.
― Não. ― ela resmungou, ligando o carro. ― Nós vamos
à casa dele. Se ele não estiver lá, então vou te levar para
casa. Não posso acreditar na coragem desse idiota... ― Grace
continuou a reclamar e a amaldiçoar Bryson mas eu me
desliguei. Estava em pânico só de imaginar o que ele
realmente estava fazendo e por que diabos ele me mentiria. A
34
única razão pela qual ele poderia mentir, era se estivesse
fazendo algo que não deveria.
Grace estacionou no meio-fio e eu não podia deixar de
olhar para o Honda prata que estava estacionado em sua
garagem. ― Você quer que eu vá com você? ― Ela perguntou.
― Não. ― Saí correndo para fora do carro e assim que
cheguei à porta de Bryson, bati nela.
Ele veio rapidamente e, quando olhou para mim, seus
olhos se arregalaram. ― Nat?
― Por que você está aqui em vez de estar no Mark? ―
Rosnei.
― Eu estava lá, mas eu saí cedo para... estudar e
merda. ― Ele olhou por cima do ombro, mas eu fiz uma
careta enquanto passei debaixo do seu braço para entrar na
casa. ― Nat, o que você está fazendo? Não há ninguém aqui.
― Como você sabe que estou procurando por alguém?
― Perguntei, girando para encará-lo.
― Tudo bem, Bry! Eu acho melhor ir embora. ― Ao som
da sua voz, senti uma enorme facada no meu coração. Saindo
de um canto da sala de estar, Sara estava ajeitando o cabelo.
Ela olhou para cima e viu-me de pé na frente dele e um
enorme sorriso brincou em seus lábios. Ela arrumou sua
camiseta cinza justa e, em seguida, o botão de sua calça
jeans. ― Hoje foi divertido, né?
Bryson olhou fixamente, com os olhos arregalados,
para mim. Eu não podia acreditar. Balancei a cabeça e tentei
passar por ele, mas ele pegou meu braço. ― Nat, não fizemos
nada. Pare com isso.
35
― Vá se foder, Bryson! Você mentiu!
― Eu não disse, porque sabia que você faria um
escândalo sobre isso.
― Isso é hilário. ― disse Sara com uma risada. Ela
pegou sua bolsa e chaves e parou na minha frente, mexendo
os lábios para dizer algo inteligente, mas eu não pude me
segurar por mais tempo. Em um movimento rápido, meu
punho bateu em seu queixo e ela cambaleou para trás,
caindo de costas.
― Merda, Natalie. Acalme-se. Sinto muito!
― Não precisa pedir desculpas para mim, Bryson. Não
tem que me mentir. Você a trouxe aqui, na sua casa! Como
você espera que eu reaja?
― Eu espero que você confie em mim, Natalie. Você
sempre me acusa de ser um idiota. É claro que eu não ia te
dizer. Temos uma prova amanhã e ela estava me ajudando.
Você está exagerando agora. Pensei que nosso amor fosse
mais forte do que isso. ― Seus olhos verdes imploravam e eu
senti uma pontada de culpa vir à tona. Ele estava fazendo-me
sentir como uma pessoa má e estava funcionando. Senti
como se tivesse sido errado ir até a sua casa. Ele era meu
namorado e eu deveria confiar nele. Sabia que Sara estava
tentando ajeitar seus seios e sua calça jeans para fazer
parecer que eles fizeram alguma coisa, mas eu deixei a raiva
tomar conta do meu bom senso. Fiquei furiosa, mas ele
estava me fazendo sentir culpada.

36
― Natalie. ― ele suspirou. ― Sinto muito, babe. Por
favor, me perdoe. Não foi bem assim. Eu lhe disse que somos
amigos. Nada mais.
Meus punhos relaxaram e senti um calor queimar
minha garganta. Comecei a me sentir mal e não demorou
muito para eu desabar contra seu peito. Sara gemeu quando
virou de lado e Bryson se afastou de mim para ajudá-la. Ele
se desculpou por mim e ela teve sorte que toda a minha força
parecia desaparecer, porque queria bater nela novamente.
Queria deixar seu olho roxo e, possivelmente, fazê-la engolir
sua atitude.
Depois que ela se foi, Bryson foi dizer a Grace que ela
podia ir embora e, em seguida, levou-me lá em cima para o
quarto. Ele desceu as escadas e voltou com biscoitos de
chocolate e chá gelado. Bryson tinha seus momentos doces.
Ele sabia que quando me sentia em baixo, amava comer
qualquer coisa com chocolate. Não sabia o que dizer a ele.
Não ia me desculpar, porque queria dizer tudo o que disse e
estava feliz por ter batido em Sara. Não me importava se o
havia constrangido, porque ela merecia.
― Você vai falar comigo? ― Ele perguntou quando se
deitou ao meu lado.
Eu mantive os meus olhos focados na tela da TV,
enquanto comia minha última bolacha.
― Nada? ― perguntou provocando. Ele beijou minha
testa e uma parte de mim derreteu, mas uma outra parte
ainda estava congelada. ― Olha, Nat, eu sinto muito. Ok?
Quantas vezes você quer que eu diga? Eu sinto muito.
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Virei para olhar para ele e podia ver a sinceridade por
trás de seus olhos. Movendo a mão para a frente, ele
envolveu-a em torno da minha cintura e me puxou para mais
perto dele. ― Por que, de todos os lugares, você a trouxe
aqui?
Ele revirou os olhos. ― É realmente tão importante?
― Sim, é importante, Bryson. Droga. Não vê como me
sinto? Como você reagiria se eu saísse com um cara que você
odeia e o levasse para a minha casa para “estudar”?
Bryson encolheu os ombros, como se não fosse grande
coisa. ― Eu não iria reagir da mesma maneira que você.
― Tanto faz. ― Deslizei para longe dele, mas ele riu
enquanto me puxava de volta.
― Eu te amo, babe. Você fica linda quando está com
raiva.
Eu odiava quando ele fazia isso. Quando tentava fazer
parecer que tudo era uma brincadeira. A parte triste sobre
isso, é que eu sempre acreditava. Ele sempre me fazia mudar
de assunto, especialmente com seus lábios e suas mãos.
Deslizou para um beijo e eu correspondi, porque
mesmo que estivesse chateada com ele, tinha perdido seu
toque durante todo o dia. Queria estar perto dele, entre suas
pernas, e até mesmo em cima dele. Tiramos nossas roupas,
mantendo os lábios grudados. O quarto esquentando e a
respiração ofegante ficou mais alta, tanto eu quanto ele não
paramos, até que ambos estivéssemos satisfeitos. As
preocupações esquecidas. Eu o amava muito e queria
continuar fazendo nosso namoro dar certo. Não queria
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terminar e sabia que, por ele ser um dos alunos mais
populares da escola, seria um inferno, quando Sara dissesse
a todos o que aconteceu, mas tínhamos que permanecer
fortes. Tínhamos que aguentar. Eu não queria parecer fraca,
então ficaria ao seu lado, tanto quanto pudesse. Não queria
ser a garota estúpida, vulnerável, que deixava tudo interferir
no nosso relacionamento, então eu continuei a acreditar em
nós.
Mas algo me dizia que acreditar em nosso
relacionamento não ia ser saudável para mim. Ignorei os
avisos e as bandeiras vermelhas que recebi de Bryson. Tentei
ignorar tudo o que eu sentia além felicidade. Começaria a
funcionar, eventualmente.

39
Capítulo Seis

E ra, finalmente, sexta à noite, a noite da


festa. Bryson sempre quis que eu fosse
linda às festas, então Grace e eu fomos
para a casa dele mais cedo, só para nos arrumar. Ele queria
que todos os caras soubessem que a garota gostosa de
vestido curto era dele e ninguém poderia tê-la, só ele. Eu não
me importava. Na verdade me fazia sentir bem em saber que
algumas pessoas ficavam com inveja de nós e do nosso
relacionamento.
Especialmente Sara ― Vagabunda ― Manx. Eu a
desprezava com fervor. Estávamos competindo durante todo
aquele dia e quando Bryson deu-me mais atenção do que a
ela, nossa rivalidade ficou ainda pior. Ela me odiava, eu a
odiava. Era simples. Grace a apelidou de ― puta raivosa ―
mais cedo naquele dia e eu concordei. Ela era tão invejosa,
que parecia combinar.
Após arrumar meu cabelo, passar rímel, gloss, e até
mesmo uma linha fina de delineador, eu estava pronta para
ir. Grace saiu do quarto em seus saltos alto dourados. Ela
usava um vestido frente única preto, as pernas brilhando sob
a luz, e sua pele morena clara parecia suave ao toque. Suas
sardas marrons estavam um pouco mais evidentes, mas eu
sabia que ela iria passar um pouco de pó no rosto, quando

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encontrasse um banheiro para escondê-las. Eu amava as
sardas de Grace, mas ela odiava.
― Estou quase pronta, Nat. ― ela disse quando correu
para o banheiro. Rindo, eu vi quando ela abriu a porta,
acendeu a luz, e começou a aplicar o pó. Música começou a
tocar lá embaixo. O baixo era tão pesado que trovejou contra
as solas dos meus pés. As vibrações foram tomando conta de
mim e eu queria tanto ir lá e dançar. Ninguém tinha chegado,
mas Grace e eu tínhamos o hábito de começar a festa. ― Só
mais um minuto. ― ela disse quando limpou algum excesso
sobre o nariz. ― Diga-me o que aconteceu na noite passada.
Eu suspirei, olhando para ela e para o chão. ― Sara
agiu como se ela e Bryson tivessem feito alguma coisa e eu
dei um soco nela.
― O quê? ― Ela gritou quando se virou para mim. ―
Céus, como eu perdi isso?
Eu ri enquanto concordava com a cabeça. ― Senti-me
bem, também.
― Aposto que sim!
― E isso não vai acontecer novamente hoje à noite. ―
disse uma voz profunda atrás de mim. Um par de braços
enganchou na minha cintura e me puxou contra eles. Eu
sabia de quem era a voz e seu toque e calor tomaram conta
de mim quando ele me girou em seus braços. ― Ei linda. ―
ele murmurou, sua voz profunda e hipnótica. Olhei em seus
olhos verde-esmeralda que eram cercados por longos cílios.
Seus lábios eram carnudos, cor de rosa, e, claro, adoráveis. ―
Você está maravilhosa, como sempre.
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― Obrigada. ― eu disse timidamente.
Inclinando-se para frente, ele deu um beijo no meu
pescoço e eu derreti. Queria passar os braços em volta do
pescoço dele e deixá-lo me levar para o quarto mais próximo.
Queria que ele me prendesse contra a parede, me acariciasse,
e, em seguida, tomasse tudo de mim. O toque da campainha
interrompeu o nosso abraço e ele se afastou.
― Hoje a noite vai ser divertida, né? ― Grace perguntou
quando saiu. Seu cabelo preto era brilhante, longo, na altura
dos ombros. Ela estava incrível, mas acima de tudo, pronta
para a festa. Decidi usar um vestido preto também, mas com
alças grossas e saltos azuis. Eu estava pronta para a noite.
― As senhoritas estão divinas. ― disse Bryson quando
deu um passo para trás. ― Vamos começar a festa, né?
Nós assentimos com algumas risadas e seguimos
Bryson pelas escadas. À medida que chegamos ao primeiro
andar, as luzes ficaram fracas, mas a iluminação da festa
estava saltando fora das paredes, em várias cores. Um amigo
de Bryson, que se considerava um DJ, se ofereceu para
trabalhar de graça e eu tinha que admitir que ele era muito
bom. Suas batidas e remixes sempre nos deixavam um pouco
selvagens.
Bryson foi para a porta, mas Grace e eu decidimos que
as bebidas eram necessárias para realmente começar a
diversão. Ela pegou três garrafas de baixo do armário e dois
copos. ― Nat, você está muito gostosa! ― Gritou por causa da
música.

42
― Você parece mais gostosa, Gracey. ― eu disse com
um pequeno sorriso. Eu a vi derramar as bebidas e, em
seguida, ela deslizou um copo para mim.
― Esta noite será inesquecível. ― disse ela.
― Sim. Este é o terceiro do ano. O terceiro é o melhor,
né? ― Pisquei e então nós duas viramos nossas bebidas. O
álcool queimou minha garganta e meu rosto se contorceu,
mas ouvi Mark dizer: ― Ah, parecem gangsters. ― e isso me
fez abrir os olhos.
Ele estava olhando para mim, os olhos arregalados e
seu sorriso um pouco sem graça. Levantando o braço, ele
revelou uma caixa de cerveja, enquanto dava um passo à
frente. ― Oi Mark. ― Gracey sussurrou timidamente.
― E aí, beleza? ― Ele torceu o boné de beisebol para
trás antes de colocar os cotovelos sobre o balcão e inclinar-se
sobre eles. ― Então, Nat, você vai dar a Bryson algo bom hoje
à noite? ― Ele piscou, mas fiz uma careta para ele, um
sorriso insinuando em seus lábios.
― Eu não sei. Você vai ficar com ciúmes dele? ― Não
foi algo legal de se dizer, mas ele me colocou sob pressão.
Tive que pensar rápido.
Seu rosto congelou, enquanto olhava para mim. Seus
olhos azuis se suavizaram enquanto ele se endireitava e
cruzava os braços. ― Por que eu iria ficar com ciúmes?
― Sim. ― disse Grace. ― Por que ele iria ficar com
ciúmes?

43
Dei de ombros, como se eu não soubesse o motivo real.
― Estou brincando. Como foi o seu ― treino ― com Madison
ontem à noite?
― Ótimo. ― ele suspirou. ― Hoje à noite deve ser ainda
melhor.
Rindo, Mark pegou um copo no balcão atrás dele e
derramou um pouco de vodka nele. Ele colocou um pouco no
copo de Grace e, em seguida, no meu e nós duas olhamos
para ele como se fosse um idiota. ― Ninguém vai ficar inteiro
esta noite. Vamos, beba. Vamos nos ferrar! ― Ele gritou por
cima da música. Um sorriso insinuou em seus lábios e Grace
e eu olhamos uma para a outra, antes de sorrir como tolas e
virar nossas bebidas.
Mais pessoas começaram a encher a cozinha depois de
alguns minutos, por isso, decidimos ir para a sala de estar,
onde a festa estava apenas começando. O DJ estava tocando
músicas melhores, o baixo batia em mim, e eu me senti livre.
As luzes coloriam nossa pele, e Grace e eu dançávamos como
se não houvesse amanhã. Assim eram essas festas. Nós
nunca nos importávamos com aparência, ou como nos
sentíamos. Fazíamos o que quer que fosse divertido.
Ultrapassávamos os limites.
Alguns caras tentavam se aproximar de nós, mas uma
vez que Bryson percebeu que eles estavam muito perto,
aproximou-se e disse-lhes para sair. ― Pare de dançar com
pessoas que você não conhece. ― disse ele em meu ouvido.
Havia uma ponta de raiva atrás de sua voz, mas eu gostei.
Agora, ele poderia sentir uma pequena parte de como eu me
44
sentia quando ele estava perto de Sara. Eu disse a mim
mesma que não iria dançar com quaisquer outros caras, só
ele.
A campainha tocou e Bryson foi atender. Eu queria
ficar com Bryson a noite toda, mas ele era o anfitrião, assim,
tinha que deixá-lo ser. Eu precisava da diversão. Minha mãe
e meu pai estavam discutido o tempo todo e isso estava
começando a me afetar. Além disso, o drama com Bryson
precisava de uma trégua e uma festa era o lugar perfeito.
Mark estava dançando com Grace e eu sabia que eles
estavam alheios a tudo. Grace sempre achou estranho dançar
com alguém tão próximo de nós. Mark, por outro lado,
provavelmente não se importava. Ele fazia de tudo para ter
alguma atenção, não importava de onde vinha. Todo mundo
estava se divertindo e eu tive que admitir que eu também
estava. Era uma festa sem arrependimentos, sem
preocupações, sem problemas...
Isso foi até Bryson abrir a porta. A sala diminuiu em
torno de mim. Os corpos colados, se movendo e girando,
eram nada para mim. Eu não conseguia ver nada além de
Sara Manx prendendo os braços ao redor do pescoço do meu
namorado. Atingiu-me como um tapa na cara quando ele
sorriu para ela e não se afastou. Eu os assisti o tempo todo.
Ela sorriu abertamente debaixo de toda a sua maquiagem
pesada e suas lacaias a seguiram para dentro. Ele fechou a
porta e ela agarrou seu braço, mas ele negou com a cabeça.
Ele olhou para cima, diretamente para mim, mas eu não ia

45
ficar observando o seu jogo idiota acontecer. Empurrei
através da multidão para chegar até ele e agarrei sua mão.
― Sara. ― eu assobiei.
― Natalie. ― ela zombou. ― Ótimo ver que você se
recuperou.
― Ótimo ver que você está realmente consciente. ― Eu
dei-lhe uma piscadela, mas ela estreitou os olhos.
― Senhoritas. ― disse Bryson, erguendo as mãos para
cima. ― Por favor, sejam razoáveis. Estamos aqui para
festejar, certo? Não vamos começar qualquer drama. ― Ele
piscou para Sara enquanto agarrava minha mão. ― Divirta-
se, Sara.
― Sim. ― ela disse, enquanto observava-nos sair.
Fiz uma careta para Bryson enquanto passávamos pela
multidão. Entramos na próxima sala onde algumas pessoas
estavam largadas nos sofás ou soprando a fumaça de um
cachimbo hookah. ― Bryson, por que você flerta com ela?
― Eu não estava flertando, ― disse ele, acariciando
minha bochecha. ― Basta ser simpático para te deixar louca.
Eu não sei por que eu corei, mas eu fiz. ― Por que você
convidou-a?
― Não a convidei. ― Ele me puxou e me beijou. ― Ela
deve ter ouvido falar sobre isso.
Rindo, me ergui e passei meus braços ao redor de seu
pescoço. Ele me pegou, me deixando sem escolha a não ser
afundar contra ele e enrolar as pernas em volta de sua
cintura. Seus lábios eram firmes, mas suaves. Podia sentir a
cerveja em seu hálito, mas começou a desaparecer enquanto
46
nossas línguas se tocavam e procuravam uma a outra. Senti-
me bem. Ele sentia-se bem contra mim. Não queria soltá-lo e
pela maneira como ele estava me segurando, eu poderia dizer
que ele não queria me soltar também. Minhas costas estavam
pressionadas contra a parede e suas mãos deslizavam pela
minha coxa. Inclinei minha cabeça para trás quando ele
colocou seus lábios macios no meu pescoço. Eu estava
embriagada e cada beijo seu, era combustível para os meus
hormônios. Eles estavam me enlouquecendo dentro de mim.
― Arranjem um quarto! ― Alguém com uma voz
profunda gritou do sofá. Ri quando Bryson parou de me
beijar para me colocar de pé no chão. Ele olhou em volta e riu
como se não se sentisse culpado, mas eu não podia acreditar
o quão rápido ele tinha tirado aquela cena com Sara da
minha mente.
Ele me levou para a sala de estar e fomos para pista de
dança. Vi Grace dançando com Dustin, o cara da sua turma
de Psicologia. Ele realmente era bonito. Tinha cabelos e olhos
escuros, e suas orelhas eram furadas. Olhei ao redor da sala
e vi Sara em pé no canto com suas lacaias, franzindo o cenho
para mim.
Em vez de deixá-la me atingir, agarrei a mão de Bryson
e ele me virou para que meus quadris pudessem pressionar
contra sua virilha. Comecei a me mover, mas parecia que os
movimentos não eram verdadeiros. Eu estava tão fora de
mim, que era como se nem estivesse lá. Podia senti-lo ficando
duro, seu hálito quente contra o meu pescoço, os dedos
pressionando contra minha cintura para me agarrar. Tenho
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certeza de que estava excitando-o mais do que nunca e
quando abri os olhos para olhar para Sara, ela ainda estava
fazendo uma careta enquanto rangia os dentes com a boca
fechada.
― Porra, Natalie. ― disse Bryson em meu ouvido,
fazendo-me sair do meu torpor e me trazer à realidade. Deitei
minha cabeça em seu ombro e ele passou a mão pela minha
coxa nua. ― Sexy pra caralho. Estou tão feliz por você ser
minha.
― Estou feliz por você ser meu, também. De ninguém
mais, está bem? ― Eu me virei para ele, que inclinou a
cabeça.
― Quem mais poderia me ter além de você?
― Qualquer garota nesta sala quer ter você, Bryson.
Você é o quarterback da nossa escola. Você é lindo.
Rindo, ele se inclinou para a frente e colocou os lábios
macios contra a minha orelha. Agarrei sua camisa enquanto
sua língua circulou em torno do meu ouvido. ― Suas
inseguranças vão te matar, sabe disso, não sabe?
― Eu não sou insegura. ― menti.
― Tem certeza?
― Talvez. ― eu disse, mordiscando meu lábio inferior.
― Deixe-me ir ter certeza que tudo está bem. Vá se
divertir. ― disse ele quando apertou minha mão.
Concordei com a cabeça e o vi ir embora, então suspirei
quando corri para a cozinha. Mark, Grace e Dustin já
estavam lá com outra bebida.

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― Natalie! ― Grace gritou com um sorriso. ― Você
perdeu. Mark bebeu quatro cervejas em menos de três
minutos. Esse cara é um monstro!
― Bem, ele é enorme. ― eu provoquei.
― Eu sou enorme em um monte de lugares. ― disse
Mark com uma piscadela.
― Você é tão nojento. ― disse Gracey, franzindo o nariz.
Peguei uma cerveja e abri. Mark, Grace, e eu continuamos a
falar e brincar, mas depois de um tempo, notei que Bryson
não tinha vindo para me procurar.
Saber que Sara estava na festa me deixou nervosa,
então decidi ir ver onde ele estava, e deixou-os ir para a pista
de dança. Vi suas lacaias dançando com alguns caras, mas
não consegui encontrá-la... ou Bryson.
Passando no meio da multidão, corri para a escada e
subi. Um rapaz com cabelo ruivo encaracolado estava
curvado sobre os cotovelos no parapeito e eu sabia que ele
estava na minha aula de arte, então eu fui até ele. ― Ei, você
viu Bryson?
― Uh, sim. Eu acho que ele foi para a varanda com
aquela líder de torcida loira.
Meu coração apertou enquanto eu corria para longe
dele sem ao menos dizer obrigada. O corredor era longo e isso
me incomodou, porque eu desejava correr, mas queria
manter a calma, ou pelo menos parecer no controle. Não
gostava que ele estivesse sozinho com ela. Não confiava nela.
A porta da varanda apareceu no final do corredor e
estava aberta. Uma brisa soprava contra as cortinas e, a cada
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passo, foi ficando cada vez mais frio e meu coração batendo
cada vez mais alto. Podia sentir as batidas através dos meus
tímpanos. Estava ficando muito nervosa e isso nunca é um
bom sinal.
Finalmente chegando a porta, abri um pouco mais e
passei pela fresta e os vi em pé perto da grade. Seus cotovelos
estavam no trilho e não havia absolutamente nenhum espaço
entre eles. O ambiente entre eles era tenso, quase palpável,
com uma presença sexual. Apertei os olhos quando ele se
virou para me encarar.
― Ah, Nat. ― disse ele nervosamente. ― O que foi?
Aconteceu alguma coisa?
― Por que você está aqui com ela? ― Perguntei, olhando
dele para Sara, que tinha acabado de se virar para olhar para
nós. Ela cruzou os braços com um sorriso e eu queria
empurrá-la sobre o trilho, mas ela não merecia que eu fosse
jogada na prisão.
― Nós estávamos falando sobre esportes e besteiras.
Nada demais, babe.
― Você sumiu por muito tempo, Bryson... ― Eu parei,
percebendo o quão estúpida eu estava parecendo.
O sorriso de Bryson caiu e ele deu um passo para trás,
enfiando os dedos nos bolsos da frente. ― Eu acho que você
está exagerando. Nós estávamos conversando. Talvez você
tenha bebido um pouco demais.
― Eu-eu não estou bêbada. Estou bem. ― menti. ― Só
não gosto quando você está sozinho com ela.

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Sara riu e nos forçou a virar e olhar para ela. Ela se
afastou do trilho e caminhou, ainda sorrindo. ― Ela está além
de ridícula. Nos vemos por aí, Bryson. ― Ela colocou a mão
em seu braço e eu a fuzilei com os meus olhos antes que ela o
soltasse. Ela se colocou entre a fresta da porta da varanda e
Bryson suspirou enquanto passava a palma de sua mão
sobre o rosto.
― Você pode parar de transformar isso em uma coisa
pior do que é, Natalie? Eu não estou fazendo nada com ela!
Entendo que você não gosta dela, mas dane-se, cresça.
Bryson passou por mim, deixando-me perplexa,
perdida, mas acima de tudo machucada. Eu não sabia o que
tinha feito, mas me culpava por tê-lo chateado. Estava
preocupada e pensei que ele iria me respeitar o suficiente
para ficar longe dela por causa de nosso relacionamento, mas
ele estava me chamando de imatura? Estava me culpando
por me preocupar com uma cadela que tinha o objetivo de
roubá-lo de mim?
Não sei quando acordei, mas voltei para a festa e vi
Bryson na pista de dança...na frente de Sara. Ela estava em
pé na ponta dos pés, sussurrando algo em seu ouvido e, em
seguida, rindo. Meu coração apertou, mas, em seguida,
Bryson olhou pra cima me viu. Ele passou por Sara e
empurrou a multidão para chegar até mim.
Sem dizer uma palavra, me levou até a cozinha e pegou
a vodka. Ele encheu o meu copo até a metade, serviu um
copo para si mesmo, e depois sorriu. ― Olha, eu sinto muito

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por agir como um idiota, babe. Eu te amo. Vamos nos
divertir.
Forcei um sorriso enquanto tomava um gole da minha
bebida. Eventualmente, ele me obrigou a beber tudo e mais
tarde naquela noite, comecei a esquecer mais e mais porque
eu estava brava com ele. Comecei a esquecer qual era o
problema. Ele me embebedou só para me fazer esquecer, mas
como eu poderia esquecer algo que pode ter sido o início de
um outro relacionamento e o fim do nosso?
Fora daquela varanda, meus olhos não me enganaram.
Eles estavam confortáveis um com o outro e era só uma
questão de tempo antes que eu fosse pelo ralo, junto com
suas memórias de nós. Lutei o máximo que pude, mas
simplesmente a vitória não estava ao meu lado.
O que Bryson fez para mim foi extremamente difícil de
esquecer e ferida como eu estava, só esperava que um dia,
em breve, pudesse superar isso.

Fim....

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Tradução
RITA

Revisão
ANA, LEIDY

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