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Prólogo
De acordo com pesquisas cientificas hoje em dia cerca de 20 % da população
sofre com a obesidade e eu sou uma delas. Pelo que me lembro e ao observar
minhas fotos de criança notei que nem sempre fui tão gordinha. Aos vinte e
dois anos eu já estava com 200 quilos. Os médicos sempre me disseram que
minha saúde era de ferro, mas jamais poderia engordar mais que aquilo.
Deixe-me explicar direito essa história. Sou apaixonada por musica desde
muito pequena, treinei e fiz algumas aulas de canto até conseguir educar bem
minha voz. Minha amiga Alice diz que eu tenho voz de anjo e que fica
arrepiada ao me ouvir cantando. Certa vez estavam fazendo uma seleção para
uma gravadora famosa em Los Angeles e que procuravam novos talentos,
Alice acabou me convencendo a ir e foi lá que o conheci. Fiquei esperando
uma eternidade até que chegou minha vez. Timidamente entrei no estúdio e
pude ouvir algumas risadas, isso sempre acontecia comigo. Todos deviam
estar pensando “O que essa gorda quer ai?” “ Será que ela não se enxerga?”
Essas frases ficavam martelando em minha cabeça, mesmo que eu não as
ouvisse eu podia vê-las estampadas nos rostos maldosos daquelas pessoas. O
único a não demonstrar nenhuma surpresa, repúdio ou simplesmente me
ignorar foi Edward. Ele estava sentado do outro lado do estúdio, encarei seus
olhos verdes esmeralda pelo enorme vidro que nos separava e sentir minhas
pernas bambas. Ele me deu um sorriso encorajador e se progetou para frente,
provavelmente para apertar algum botão. Logo sua voz linda e firme soou em
meus ouvidos.
Aqueles minutinhos pareciam não ter fim. Mas, eu estava feliz afinal, se
eu estava esperando é porque alguma coisa tinha acontecido caso contrário
simplesmente teriam me mandado embora. Encarei minhas mãos e brinquei
com meus dedos sorrindo do que minha tia me dissera uma vez “ Que horror
Isabella, suas mãos mais parecem dois pães de forma enfeitados com salsichas
gordas” . Suspirei e me levantei, será que brigariam comigo se eu desse uma
voltinha pela gravadora? Eu adorava qualquer coisa que envolvesse musica e
aquele rapido tour seria muito legal.
-...Você não percebeu Edward? – Falou uma voz grossa e rude – Ela é
G.O.R.D.A – o homem fez questão de enfatizar cada letra.
-Eu sei, mas... Ela tem uma voz fantástica Phill. Você a ouviu lá, é incrivel.
Não encontramos ninguém assim!
-Por que logo aquela gorda feia nos mostrou exatamente a voz que
almejamos? Por que não a Denalli? Tanya é linda pena que canta tão mal!
-Mal? – Edward riu sem emoção – Isso é um eufemismo. Quando ela cantou
pensei que meus tímpanos iam explodir!
-É uma pena – Ele suspirou – Tanya é linda demais se tivesse a voz da gorda...
-Que seja. Se Tanya tivesse a voz de Isabella... – Eles fizeram silencio e então
o homem bateu com força na mesa – É isso! Que ideia brilhante!
-Que ideia?
-Como assim?
-Ela grava o CD e colocamos a Tanya na capa. E nos shows ela pode cantar
atrás do palco... Debaixo, até mesmo na rua não importa.
-Não vou propor uma coisa tão... – Edward inspirou – Tão horrenda.
-Pense bem Edward. É uma chance do mundo conhecer a voz dela, a única
diferença é que não vão saber que é ela.
-Isso é um crime!
-E desde quando alguma coisa no mundo é legal? Não me venha com lições
de moral agora Edward. Ambos sabemos que nessa profissão vale tudo, até
mesmo transformar uma mulher linda que não canta nada numa cantora
extremamente talentosa, tudo depende de Isabella.
-Ela não vai aceitar uma coisa dessa, nem eu posso aceitar.
Ele falou aquilo com tanta convicção que me emocionou. Ele realmente
se importava com os meus sentimentos, ninguém além de Alice se importava
com o que eu sentia. Meus olhos se encheram de lágrimas no mesmo instante.
-Você sabe que se não encontrar logo uma nova cantora seus dias de produtor
musical estarão acabados não é? O que você quer? Vender cachorro quente no
parquinho?
-É o seu futuro Edward. Você precisa desse emprego é sua vida que está em
jogo. Se não fizer isso acabará na miséria.
A situação era tão crítica assim? Edward podia perder o emprego? Logo
ele? Uma pessoa tão gentil e bondosa? Eu não podia permitir isso, não quando
eu podia salvá-lo. Por isso voltei a recepção e esperei até ser chamada a sala
de Phill. Entrei e vi que Edward suspirou e balançou a cabeça saindo
contrariado.
-Ele é meio moralista – O tal Phill falou, era um careca com piercing no lábio
inferior e tatuagens nos braços – Então tenho uma proposta a lhe fazer
Isabella.
E foi assim que me tornei “dubladora” da Tanya, por assim dizer. Edward
jamais soube que escutei aquela conversa, nunca soube que só aceitei aquele
acordo para salvar seu emprego, fazer o que? Foi amor à primeira vista e
quando uma gordinha se apaixona, pode saber que é de verdade e intenso.
Eu disse a ele que não queria mesmo ser exposta, mas que gostava de
cantar e seria um máximo dublar a Tanya. O convenci de que era timida e
preferia que as pessoas não conhecessem o meu rosto, ele era ingenuo e
acreditou. O processo foi rápido, logo gravei um CD com várias musicas e
inclusive uma que eu mesma compus e foi um sucesso total. Lógico que
Tanya estava estampada na capa, como se fosse realmente a cantora. Dava
entrevistas para a TV, tinha fã clube, sites, blogs. Em seguida vieram os
shows, é claro que a equipe bolou um jeito de me deixar embaixo do palco
enquanto ela fingia que cantava. A gente ensaiava dois dias seguidos antes de
todos os shows, meu espaço era o suficiente para a tv lcd à minha frente para
olhá-la no decorrer do show e saber exatamente a hora de cantar, um outro
espacinho caso eu quisesse me locomover. Acima do palco, lá no alto Edward
e o resto da produção monitorava tanto a mim quanto a Tanya, nossa
comunicação era através de pontos no ouvido. O plano de Phill dera certo,
Tanya estourou nas paradas de sucesso, Edward ganrantiu seu emprego e eu
ganhava um salário suficiente para me manter sozinha e até comprei um
apartamento.
Edward também se tornou meu melhor amigo, ele era gentil e carinhoso
comigo. Eu sempre o aconselhava sobre seus relacionamentos conturbados,
ele ia até minha casa e ficavamos até tarde vendo filmes e conversando sobre
suas aventuras amorosas, eu sempre dava risadas e comentava sobre o assunto
fingindo indiferença, mas quando ele ia embora eu me jogava na cama e
chorava a noite inteira, jamais tive coragem de lhe revelar meus sentimentos.
Eu sabia que estragaria tudo se contasse do meu amor, ele me via apenas
como sua amiga “Isa” e ser amiga dele era melhor que não ser nada, afinal
quem ia querer namorar uma gorda feia feito eu? Ele não era preconceituoso,
longe disso. Edward era a pessoas mais incrivel do mundo e não via maldade
nem defeito em ninguém, mas desejar o amor dele era pedir demais. Eu
preferia não arriscar pois nem mesmo o coração puro de Edward teria espaço
para mim, literalmente.
Capítulo 2
Capítulo 1 - Inalcançável
-Esqueça-o - Disse o misticista encarando a foto de Edward – Vir aqui toda
semana não vai fazê-lo amá-la Isabella, muito menos mudar seu destino.
-Mas... Mas...
-Não. Eu já disse que é melhor não insistir nessa história. Estou vendo um
final trágico e embaraçoso. Você sempre teve uma vida difícil e continuará
assim. Definitivamente você não tem nenhuma chance com este homem.
Célio disse batendo na foto me arrancando um suspiro. Alice também dizia
para eu esquecê-lo, que não adiantava me iludir, mas como esquecer alguém
com quem você sonha todas as noites? Como dizer para o meu coração apagá-
lo quando cada batida grita seu nome? Por isso toda semana eu ia até o refúgio
das estrelas pedir ao místico Célio para ler minha sorte, quem sabe ele via
alguma luz no fim do túnel, mas a resposta era sempre a mesma: Não.
-Olha eu sinto muito Isabella – Ele disse segurando minha mão – Eu queria
muito que suas esperanças dessem resultado, mas não vejo nada que penda a
isso.
-Mas, nunca se sabe... Talvez um dia... Um dia ele goste de mim de verdade.
-Ele gosta – Célio sorriu – Gosta muito. Mas, não do jeito que você quer...
Pare de tentar adivinhar o futuro, deixe as coisas acontecerem não se
atormente com isso.
-Eu tento... Juro que tento – Suspirei.
-Vou lhe dar um amuleto – Ele se levantou e foi até a gaveta da estante, sem
seguida trouxe um colar com um pingente em um símbolo – Não garanto
nada, mas espero que isso lhe dê sorte.
-Obrigada – Sorri pegando-o – Vou usá-lo como pulseira, não cabe no meu
pescoço.
Fui para casa e me deitei no sofá. Estava na hora de ir para o meu segundo
emprego. Na verdade era mais um hobby do que um emprego. Como posso
explicar isso... Deixe-me ver, digamos que sou uma amante platônica.
Estranho eu sei, vou explicar. Nas minhas noites de folga atendo telefonemas
de homens carentes e lhes dou conselhos amorosos, assim como faço com
Edward as vezes. A diferença é que com os outros sou mais liberal e mais
solta já que não me conhecem e não fazem ideia de minha aparência. Todos
são apaixonados pela minha voz e dizem que é extremamente sexy, eu me
divirto muito ouvindo os elogios e as histórias bizarras que eles me contam.
Eu jamais faria isso pessoalmente, mas o telefone foi um meio que encontrei
de ser desejada sem que soubessem quem realmente estava por trás daquela
voz sexy. Sabem por que fazia isso? Porque não precisava ser bonita para ter
aquele emprego e eu precisava ganhar dinheiro extra para o tratamento do
meu pai. Não o meu pai verdadeiro, um outro pai...Conto sobre ele depois.
Peguei meu saco de pipocas e liguei a TV num canal de filmes românticos.
Logo o telefone tocou e pela hora eu já sabia quem era, meu principal ouvinte:
Billy Black. Era um coroa que se dizia louco por mim, eu morria de rir
quando ouvia isso, mas ele insistia que sonhava comigo todas as noites, se ele
imaginasse como eu era...
-Jura? – Sorri aquele não era o Billy, provavelmente um novo cliente – Como
encontrou meu numero?
-Um amigo me indicou disse que você é incrível e agora vejo porque, alias
ouço.
-Como se chama?
Essa era a pior parte, eles sempre queriam uma descrição minha.
Provavelmente para fantasiar em suas mentes sujas. Como de costume peguei
uma boneca que enfeitava minha mesinha. Era uma Barbie, uma das bonecas
do meu pai (ele era estilista e as usava para criar roupas ) Aquela era a
imagem da mulher ideal, um corpo perfeito.
Reclamei quando pingo puxou a barra de minha calça. Ele era meu
cachorro, um pudlle branco.
Conversei vinte minutos com ele o tempo máximo para cada ligação, até
que ele foi gentil ao contrário de muitos outros. Assim que liberei a ligação o
telefone tocou, dessa vez era Billy.
-Estou preocupado.
-Com o que?
-Minha mulher está no chuveiro há muito tempo. Por que ela está no banho
Bella?
-Docinho...
-Oi?
Billy era meio louco e qualquer coisa que sua mulher fazia o deixava com
medo. Ele sempre me ligava para pedir ajuda quando se sentia ameaçado por
ela. A maioria dos meus clientes sofriam emocionalmente, principalmente
Billy e sempre era eu quem o ajudava.
-Ta.
Cantamos até acabar o limite de nossa ligação. Então tirei o plug do
telefone e fui dormir, teria show amanhã a noite e eu precisava descansar. Eu
fazia aquelas pessoas felizes com a minha voz, mas minha verdadeira
profissão era de cantora.
-Isa ainda bem que chegou – Edward disse vindo até mim me abraçando.
-Não sei – Ele se separou de mim e apertou minhas bochechas – Tenho medo
de que um dia veja que não vale à pena cantar embaixo do palco e vá embora.
-Eu jamais faria isso com você Ed – Falei acariciando seu rosto, ele me olhou
confuso e retirei imediatamente – Nem com o resto do pessoal – Acrescentei.
-Ainda bem – Ele sorriu exibindo seus dentes claros e perfeitamente
enfileirados meu coração se acelerou – Está animada?
Ele me puxou pela mão e espiamos por trás do palco. No mínimo havia
umas dez mil pessoas. Muitas seguravam os pôster da Tanya e alguns cartazes
carinhosos.
-Na verdade eles são seus fãs Isa, só não sabem disso – Edward posou sua
mão em meu ombro e quase me derreti.
-Ta.
Ele sorriu encorajador e saiu. Suspirei e passei a mão onde ele me beijara
pousando-a na minha boca. Ouvi Phill dar uma risadinha, mas ignorei e fui
para o meu lugar embaixo do palco.
-Vai ser um mega show hein – Paul disse me entregando o microfone, ele era
o assistente do Edward.
-Boa sorte amiga – Alice gritou enquanto corria para o palco, ela fazia parte
do coro.
-Phill acione os efeitos – Ele disse e ouvi o barulho dos efeitos visuais,
também ouvi Tanya cantando, bem baixo é claro, e muito ruim por sinal –
Tanya vire-se agora! Droga, coristas assumam!
Consegui subir de volta e fiquei no cantinho que ainda estava intacto. Fiz
um sinal positivo para Edward e ele assentiu.
Quando enfim acabou voltei para o salão principal e Tanya entrou jogando
seu aplique em um dos assistentes de produção.
-Bis uma ova – Ela resmungou enquanto a platéia gritava “bis, bis”.
-O que foi Tanya? – Paul perguntou enquanto ela caminhava com raiva até
mim, mas ela não respondeu.
-Você quase estragou tudo. Quando vai entender que você só canta e não
dança?
-Certo – Ele sorriu e me deu um tapinha nas costa – Que bom que não se
machucou.
Ao final de tudo Edward se ofereceu para me levar em casa, mas Tanya
fez um dramalhão e o convenceu de que precisava de uma carona. Eu disse
que estava tudo bem e que ia sair com Alice. Ele me deu um rápido beijo no
topo da cabeça e saiu com Tanya grudada em seu braço me lançando um olhar
de vitória.
Alice e eu fomos até um barzinho lá perto de casa. Eu estava com muita
raiva daquela vaca loira aguada que se jogava em cima do meu Ed o tempo
inteiro. Bebi umas três doses de conhaque e já ia pra quarta quando Alice me
lançou um olhar de repreensão.
-Você acha que ele se interessa por você? – Ela perguntou dando um gole na
bebida.
-Eu sinto que sim – Sorri e suspirei – Ele é tão gentil comigo.
(Flashback on)
-Me senti um inútil quando descobri. Não é assim que você poderia ter me
ajudado. Escuta – Ele segurou minha mão – Você é linda do jeito que você é e
não precisa emagrecer nem ficar seca feito um osso para um homem se
apaixonar por você. Tome aqui os seus cheques.
(Flashback off)
“O amor é um sentimento tão delicado que, às vezes, nos contentamos apenas
com a ilusão de que ele existe”
Capítulo 3
Capítulo 2 - Festa
Numa manhã de sexta feira após acordar de uma longa noite de ensaios Alice
fora me buscar para irmos a um estúdio de tatuagem. Resolvemos fazer isso
juntas, era como uma marca de amizade.
-Bom dia Carl – Alice disse ao homem que terminava de tatuar uma serpente
no braço de uma jovem.
-Ah ela também vai encarar? – Ele perguntou me olhando e assenti – Ótimo e
já sabem o que vão querer?
-O símbolo da Hakuna Matata – Falei e ele me olhou sorrindo.
-Não é “aquela coisa do rei leão” É um símbolo africano. Eles acreditam que
esse símbolo realiza seus desejos mais profundos.
-Se você está dizendo – Ele deu de ombros – E você Alice? Também escolheu
esse?
-Ah, legal. Mas, acho que não o tenho aqui, vocês trouxeram o desenho?
-Eu trouxe – Puxei o papel de dentro da bolsa e entreguei a ele – Aqui está.
Foi bem doloroso devo dizer, mas valeu a pena. Fizemos a tatuagem no
quadril do lado direito. É claro que a da Alice ficou muito mais bonita já que
sua pele era esticadinha e alva. Mas, eu estava feliz, era a primeira coisa que
fazia somente por mim e também era um segredo meu, se tudo desse certo o
meu Hakuna Matata faria o Edward se apaixonar por mim. Naquela mesma
tarde voltamos para a gravadora, tínhamos um ensaio marcado. Chegamos e
logos nos posicionamos do outro lado do estúdio, Edward apareceu atrás do
vidro e acenou para mim em seguida sua voz soou linda e melodiosa no
microfone.
Edward sorriu, sabe aquele tipo de sorriso que faz seu coração disparar e
querer sair do peito? Pois é, foi esse mesmo. Ainda mais quando seus lábios se
mexeram e ele cantou a ultima parte junto comigo.
-Vamos dar um tempo galera – Ele disse pelo microfone e paramos o ensaio.
Sai do pequeno estúdio e fui até onde ele estava. Peguei uma garrafinha
de água e bebi um gole, notei que Edward me encarava de braços cruzados,
será que eu havia feito alguma coisa errada?
-Você está bem? – Ele perguntou, mas sua voz estava um pouco alterada –
Preciso que cante com mais emoção Isa. Estamos repassando essa musica a
dias e parece que você anda com a cabeça nas nuvens, meu deus!
Nem preciso dizer o que fiz com aquela garrafa não é? Eu a guardei junto
com a o porta retrato com a foto dele em minha mesinha na sala de casa.
Estúpido eu sei, mas qualquer coisa que pertencesse a ele era especial para
mim. Na outra semana fizemos um show em Las Vegas estreando a nova
musica, todos adoraram. Logo se tornou o primeiro hit nas paradas de
sucesso. A cada dia que passava a carreira de Tanya se tornava mais sólida e
o meu amor por Edward cada vez mais forte. Ele era sempre atencioso comigo
tanto antes quanto depois do show, sempre perguntava como eu estava me
sentindo se estava cansada. Pelo monitor eu sempre o via fazendo sinais
positivos para mim me incentivando a cantar e quando terminava jogava
beijos.
-Todos dizem “Tanya está se esforçando, ela tem tentado muito” Mas, isso
não importa. O importante é fazer bem – Ele olhou para mim e segurou minha
mão – E você faz bem Isa. Eu só queria que eles reconhecessem isso.
Eu queria muito ter dito que o amava naquele momento, queria dizer o
quanto ele significava para mim. Era o momento ideal, a mão linda e suave
dele tocava a minha fazendo minha pele queimar... O silencio no carro estava
perfeito, seus olhos verdes lindos concentrados nos meus, tinha tudo pra dar
certo se... Se não fosse o meu medo que me calou definitivamente. Edward
gentilmente retirou sua mão para trocar a marcha do carro e em seguida
estacionou.
Ele gesticulou para o meu amuleto que na verdade era um colar que o
místico havia me dado. Será que... Será que ele estava com ciúmes? As
chances de ele me amar como mulher eram tão mínimas, mas por que minhas
esperanças aumentavam a cada segundo?
-Bom – Sua voz me tirou do pensamento – Espero que seja alguém realmente
legal. Tenho até pena de qualquer pessoa que a faça sofrer. Eu darei o troco
com minhas próprias mãos.
-Não precisa agradecer – Ele pegou minha mão e beijou – Você é minha
melhor amiga e eu te adoro Isa.
-Claro... sua melhor amiga – Sorri sem graça e lhe dei um beijo demorado no
rosto.
-Vou te esperar.
Sai do carro antes que começasse a chorar na frente dele. Edward acenou e
em seguida se foi, me deixando sozinha com a minha dor. Pelo menos ele
gostava de mim, mesmo como amiga. Não era um conforto, mas era um
mínimo consolo. Suspirei e entrei no sanatório, pois é agora vou explicar
sobre aquele meu pai, lembra? Então, na verdade é o meu tio... O esposo
daquela minha tia malvada que me criou, infelizmente ele tem uma doença
chamada Alzheimer e aquela bruxa o abandonou em um hospital psiquiátrico,
na verdade era mais uma casa de recuperação. De certa forma foi melhor para
ele, assim tem todo os tratamentos que precisa. Meu tio Marcus era estilista
antes de ficar doente, isso foi há seis anos. Graças a Deus com o que eu
ganhava da gravadora e do meu segundo emprego eu conseguia pagar um bom
tratamento para ele. Marcus sempre foi muito bom comigo, ao contrário da tia
Minerva, eu o amo como um pai e me dói muito vê-lo naquele estado.
Entrei no hospital e fui até o quarto dele. Papai estava sentado na cama
penteando o cabelo de uma de suas bonecas.
-Ah – Ele sorriu e veio até mim – Senti sua falta. Nós vamos dançar hoje?
Liguei meu celular e coloquei uma musica pra tocar. Papai e eu dançamos
até a hora em que fui embora. Por diversas vezes ele se lembrava que eu era
Isabella, mas logo esquecia e pensava que eu era a tia Minerva. Eu já estava
habituada à sua condição mental e não me importava com seus lapsos de
memória. Quando a gente ama uma pessoa, a gente deve cuidar dela... Não
importa a situação.
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Acordei na manhã seguinte com o sol forte ofuscando meus olhos. Havia
chegado tão tarde que esqueci de fechar as persianas. Levantei-me e tomei um
banho rápido em seguida alimentei pingo. A noite teria de ir à festa de
aniversário do Edward e não fazia ideia do que vestir, era uma tragédia.
Pensei em desistir, mas ele me ligou umas duzentas vezes confirmando minha
presença, eu não podia deixá-lo na mão. Alice até que tentou me ajudar com
sua dicas de moda, mas infelizmente os estilistas não se importam em fabricar
roupas para pessoas gordas. O resultado foi um vestido florido. Fiz uma
maquiagem leve e Alice me buscou.
Entramos no salão e engoli em seco. Havia tanta gente que me dera até
um ataque de pânico. Alice foi logo soltando a franga e se enfiando no meio
da multidão me deixando sozinha parada na escada. Definitivamente ali não
era o meu lugar. Várias mulheres lindas exibindo seus corpos esculturais em
vestidos elegantes e eu ali... Uma gorda vestindo um vestido florido cafona.
-Olha quem resolveu aparecer – Tanya disse vindo até mim com uma taça de
champanhe na mão – Fico feliz em vê-la.
-Ah que isso querida – Ela sorriu enlanguescendo seus lábios pintados de
vermelho – Só porque pegou emprestado a capinha do botijão de gás? Nossa
Isabella que mal gosto... Esse vestido é tão feio que merecia ir para o livro dos
recordes.
-E você merecia ir pra lá por ser a pior cantora do mundo – Edward disse
surgindo atrás dela.
-Desculpe.
-Não é a mim que deve pedir desculpas – Edward ergueu meu queixo
fazendo-me olhar para a loira aguada.
-Não sei o que faço com ela. As vezes sinto vontade de esganá-la.
-Se você for embora eu acabo a festa aqui mesmo – Ele falou e não havia tom
de brincadeira em sua voz – Venha se divertir e não ligue para os outros, você
é minha convidada de honra.
-Ah todo mundo sabe dançar... Venha – Ele me puxou pela mão.
Ficamos parados no meio do salão nos encarando sem saber o que fazer.
Então Edward me puxou para junto de si colando nossos corpos. Colocou
minhas mãos em seus ombros e embalou minha cintura... Bom, meu projeto
de cintura. Ele era muito mais alto do que eu, mesmo assim eu conseguia
enxergar o fundo dos seus olhos que me olhavam com tanta ternura e carinho.
Quando a musica chegou no refrão ele começou a cantar ainda me olhando...
Three... girl it's plain to see that you're the only one for me and (Três - pois é
evidente que você é a única para mim)
Five... make you fall in love with me (Se apaixone por mim)
If ever I believe my work is done then I start back at one (Se eu achar que
meu trabalho acabou, voltarei para o primeiro passo)
Não sei dizer ao certo como me senti naquele momento. Será que Edward
tinha noção do que aquelas palavras significavam? Eu daria qualquer coisa pra
que fosse verdade. O que eu mais queria no mundo era que ele me amasse,
não tanto quanto eu pois seria impossivel alguém amar tanto uma pessoa
como eu o amava, mas pelo menos um pouquinho, uma nesga de amor. Porém
eu sabia que para ele eu jamais seria mais que sua melhor amiga... A gordinha
conselheira e divertida que lhe tirava do tédio. Será que ele sabia que era o
meu sonho verdadeiro? Que eu só queria estar com ele? Que ele era o unico
para mim? Que eu queria que ele se apaixosse por mim? É claro que não,
jamais saberia...
Foi mais natural do que pensei. Naquele momento havia tirado um peso
enorme de cima de mim, esperei por sua reação por um tempo então ele sorriu
e me abraçou.
-Deixa pra lá – Suspirei, era inutil – Quero te dar uma coisa, um presente.
-Eu quero.
-Isso não é uma pulseira é um colar, mas não cabe no meu pescoço. A pessoa
que me deu disse que era pra dar sorte e agora quero que fique com ele –
peguei sua mão e o coloquei lá.
-O que?
-Eu estou afim de uma mulher, mas eu não tenho certeza se ela sente o mesmo
por mim... O fato é que eu queria saber se eu devo chegar nela ou não.
Não sei porque, mas meu coração idiota se apertou e fisgou uma ponta de
esperança.
-Adele...
Ele falou outras coisas e até apontou para uma ruiva que estava sentada
no bar, mas eu não ouvi mais nada. Minha garganta se apertou e pensei que ia
morrer. Mas, precisei disfarçar e ser forte, não era o momento de desabar. O
aconselhei a ir até ela e dizer o que sentia e foi isso que ele fez. Eu não o
culpo, Edward nem desconfiava do que eu sentia por ele caso contrário jamais
faria isso. Ele pensava que eu o amava como um amigo e por isso pedia meus
conselhos. O pior é que eu sabia que aquelas garotas só estavam com eles por
interesse e nenhuma delas nunca o fazia feliz.
Você já amou tanto uma pessoa que mal consegue respirar quando está perto
dela? Essa pessoa já roubou seus sonhos todas as noites? Você não consegue
parar de pensar nela um segundo sequer do seu dia? Se a resposta for sim deve
saber como me sinto. Mas, nem sempre o amor trás beneficios, pois não existe
dor pior do que a de amar e não ser correspondido. Ele me amava, mas não era
o suficiente para mudar coisa alguma, o amor de Edward só servia para me
ferir e me machucar, mesmo assim eu não conseguia esquecê-lo e
nem queria, pois enquanto o mundo girasse, enquanto as estrelas brilhassem,
enquanto existisse uma vida eu ira amá-lo.
“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência,
poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar”
Capítulo 4
Capítulo 3 - Humilhação
Acordei com os olhos inchados de tanto chorar. Patética, feia, idiota... Era
assim que eu me sentia naquela manhã. Como o amor podia doer tanto?
Parecia que uma faca estava fincada bem fundo no meu coração e cada vez
que eu pensava em Edward parecia que ela era ainda mais enterrada.
Levantei-me de má vontade e tomei um banho, preparei um almoço, mas
joguei tudo fora não tinha animo para comer.
-Do... Do Edward?
“Isa estou tão agradecido pelo seu trabalho que resolvi lhe presentear com
essa humilde lembrancinha, espero que goste. Beijos Edward.
-Que fofo – Alice disse suspirando – Ele é mesmo um amor, ande abra o
presente.
Meu humor melhorou na mesma hora. Ele havia pensado em mim e me
mandado um presente. Abri a caixa muito animada e me deparei com um
vestido imenso de princesa, na verdade era uma fantasia. Todos havíamos
decicido que ao invés do clássico Black Tie, nós faríamos uma festa à
fantasia.
-Poxa que legal – Alice disse analisando o vestido – Você vai ficar linda
amiga.
-Claro que sim. Ainda mais depois desse presente! Bom, eu já vou indo
porque preciso passar na loja pra buscar minha fantasia.
-Claro que não – Ela revirou os olhos – É uma versão muito mais macabra e
sensual.
-Tudo bem – Levantei as mãos rendida – Tenho certeza que você sabe o que
faz.
-Sem duvidas – Ela sorriu e pegou a bolsa – Você sabe de que o Edward vai
fantasiado?
-Acho que ele fica gostoso com qualquer fantasia – Ela gargalhou – Estou só
brincando não fique com ciúmes.
-Até mais tarde. Não se esqueça de ficar linda – Ela piscou e saiu do
apartamento.
“Ficar linda”, aquilo parecia até uma piada. Como uma gorda feia e sem
graça poderia ficar linda de princesa? Impossível. Suspirei e me joguei no
sofá, a depressão me invadindo novamente.
Acabei pegando no sono e acordei com o barulho de pingo latindo. Olhei
para fora e pela janela vi que já estava escuro. Dei uma bisbilhotada no
relógio e vi que já passava das sete, ou seja, eu estava mais que atrasada. Corri
para o chuveiro e tomei um banho. Vesti a fantasia e me encarei no espelho.
Nem tinha percebido que a princesa era na verdade a cinderela. Uma fantasia
bonita, sem dúvidas Edward tinha bom gosto. Tentei colocar alguma
animação no rosto e parti para a festa.
O salão estava perfeitamente decorado com um clima exótico. Não dava pra
dizer ao certo qual tema foi escolhido, pois a variedade era imensa. Várias
pessoas desfilavam com suas diversas fantasias, uma musica eletrônica tocava
fazendo algumas pessoas dançarem animadas na pista de dança. Logo percebi
Alice no meio da multidão com sua fantasia ultra-sexy da chapeuzinho
vermelho ou garota da capa vermelha, tanto faz. Ela acenou para mim e em
seguida foi arrastada por um homem vestido de zorro para a pista de dança.
Sorri e adentrei ainda mais no salão, meus olhos buscando por Edward e então
o vi... Perto do DJ, ele estava fantasiado de Jack Sparrow, uma versão linda do
protagonista do Piratas do Caribe e sabe de uma coisa? Eu sempre fui louca
pelo capitão Jack, meu coração quase parou naquele momento. Ele me
percebeu parada ali e veio caminhando até mim encarnado no personagem.
-Eu sabia que ia gostar – Ele sorriu – Ainda me lembro do quanto falava que
amava o capitão Jack Sparrow e eu também o acho muito hilário por isso
decidi usar a fantasia.
-Está igualzinho – Falei analisando-o – Está até de lentes negras.
-Tinha que parecer original. Claro que não chego aos pés do Johnny Depp.
-Vamos nos divertir muito hoje – Ele deu uma dançadinha – A festa está
animada.
-Ah não deu certo com a Nadia – Ele suspirou – Ela só queria diversão. As
mulheres de hoje não querem compromisso sério Isa. Elas se aproveitam dos
bons modos e sentimentos de nobres cavalheiros. São traiçoeiras!
Na verdade são idiotas, como uma mulher podia ter Edward Cullen ao seu
lado e o usá-lo como diversão? Como alguém podia ter coragem de desprezar
seu amor e carinho? Somente uma louca mesmo.
-Nossa! Como vocês estão lindos – Alice disse vindo até nós – Adorei a
fantasia de Jack Sparrow.
-Ok.
Alice saiu e Edward me puxou para o meio da festa. O toque dele produzia
pequenas ondas elétricas que percorriam todo o meu corpo e fazia meu
coração saltar e palpitar com emoção.
-Estamos tão felizes com o lançamento do novo Cd. Está sendo um sucesso
acho que merecemos essa festa.
-Sem dúvidas.
-Mas, você sabe que a maior merecedora é você não é? – Ele segurou minha
mão – Sem você nenhum de nós poderíamos estar aqui hoje.
-Você é incrível – Ele sorriu iluminando seu rosto me deixando ainda mais
apaixonada - Vou buscar alguma coisa pra gente beber – Ele disse saindo.
-Quero uma coca – Gritei para ele e sorri do jeito como ele andava imitando o
capitão.
-Uma coca? – Ouvi uma gargalhada atrás de mim – Jura? Que tipo de garota
tem Edward Cullen se dispondo a pegar umas bebidas e pede coca? Quantos
anos você tem? Cinco?
Virei-me para dar uma boa resposta, mas congelei quando vi a loira
aguada com a mesma fantasia que a minha. Meus olhos se encheram de
lágrimas quando vi Tanya com a fantasia de Cinderela, uma versão muito
mais sexy e bonita que a minha é claro. Ao contrario de mim ela usava um
sapato de cristal de salto, um vestido mais curto e um penteado que
combinava com a coroa, sem contar a maquiagem bem feita.
-Por que está com a mesma fantasia que eu? – Perguntei sentido a voz
embargada.
-Não querida – Ela balançou o dedo – Você está com a mesma fantasia que eu,
a minha foi um presente.
Senti uma pontada no coração... Ele havia dado o mesmo presente para
nós duas? Com que propósito? Não... Ele não faria uma coisa dessas, não
comigo!
-Acho que Isabella se enganou de fantasia – Ela falou debochada – Acho que
deveria ter vindo de abóbora. Sinceramente nenhuma princesa é tão...
Volumosa assim. Veja o salão, temos Brancas de neve, Belas adormecidas –
Ela apontou para si mesma – Cinderela... Mas, nenhuma com esse porte físico.
Ele a levou até o outro lado do salão, mas antes ela me lançou um olhar
de desprezo e ironia. Pensei em sair correndo, mas assim que me preparei para
a saída senti Alice segurando meu braço.
-Não vá – Ela me disse com um olhar severo – Não dê esse gostinho à ela.
Não sei o que aquela cobra te disse, mas não pode deixá-la vencer Isabella!
-Como pode ser tão estúpida Tanya? – Ouvi a voz de Edward e colei o ouvido
na porta pra escutar melhor – Achou mesmo isso engraçado? Você nunca
aprende! Eu quero fazer isso dá certo, mas você não está ajudando. Está com
saudades de ser uma desempregada?
Eles ficaram em silencio por um momento então Edward voltou a falar...
-Você realmente acha que gosto dela? Você sabe o quanto ela é importante
para nós. Deixe-a em paz! Seja grata porque a temos trabalhando para nós.
-Quero ensiná-la uma lição. Para que aprenda seu lugar no mundo!
É difícil descrever a dor que senti naquele momento. Sabe as facas? Elas
já não faziam efeito por que aquele tipo de dor era de amor não
correspondido, mas no fundo eu ainda tinha esperanças e isso ajudava a
amenizá-la. Mas, aquela era diferente... Era a dor da traição, da desilusão, da
decepção... Do desespero. A sensação era que meu corpo inteiro estava em
chamas, queimando e rasgando-me por dentro. Imagine quando você toca o
lado errado de uma chapinha quente, logo a reação instintiva é largá-la não é?
A sensação que eu tinha era a mesma: A de estar tocando uma chapinha
quente com o meu coração a única diferença é que não dava pra largar. A dor
não queria me abandonar, pelo contrário a cada segundo parecia aumentar. Sai
de perto do banheiro me apoiando nas paredes, o chão parecia ter sumido e
tudo parecia estar em câmera lenta... Girando e girando deixando-me
nauseada. Eu nem sequer conseguia chorar, minha garganta estava tão seca
quanto osso velho e minha respiração estava tão pesada que meus pulmões
pareciam que iam se arrebentar de dentro para fora.
Não sei como consegui chegar em casa. Só sei que algum tempo depois
estava girando a maçaneta de meu apartamento. Entrei e pingo veio pulando
em mim, mas logo sossegou quando percebeu que eu não estava bem. Sentei-
me no sofá e fiquei encarando o vazio... Ele realmente tinha dito tudo aquilo
sobre mim? Todo aquele tempo em que vivíamos uma amizade pura era
mentira? Ele ria de mim junto com todos das gravadora pelas costas? Eu não
me importava quando diziam barbaridades ao meu respeito, mas Edward
não... Ele não... Todo mundo menos ele. Percebi então o que fiquei negando a
mim mesma todo aquele tempo: Edward nunca me amaria. De repente a dor
dilacerou meu coração jogando-o em um moedor de cana. Agarrei a almofada
e exalei um grito de dor tão forte e profundo que senti minha garganta arder...
Meus olhos transbordaram as lágrimas como se através deles eu expulsasse
toda a água que havia em meu organismo. Eu queria morrer... Queria nunca
ter nascido. A dor era tão grande que me impedia de respirar, de raciocinar...
Eu só queria sumir... Para sempre.
Desde o dia em que o olhei nos olhos sonhei com uma vida a seu lado.
Imaginávamos como um só corpo e um só coração, ele era minha esperança...
Edward era tudo para mim. Sem ele eu me sentia como folhas jogadas ao
vento, meu amor era tão grande que não podia ser medido nem comparado.
Mas, naquela noite meus olhos foram abertos para a dura realidade em que ele
era como o sol para mim: Inalcançável. Eu sempre estive ocupada demais,
sonhando, planejando e não parei pra pensar se aquele sentimento que eu
nutria um dia poderia ser correspondido. Ele não era uma má pessoa, nunca
foi. Edward apenas me enxergava como sua amiga e nada mais. Ele jamais
seria meu... Como eu poderia viver sem o meu amor? Como eu poderia viver
sem a minha vida? Edward era o ar que eu respirava e amá-lo era o que me
motivava a levantar todas as manhãs e enfrentar o mundo, mas agora eu não
tinha mais nada... A esperança se foi e em seu lugar ficou um imenso vazio
doloroso.
Naquela noite chorei tanto que já não havia mais lágrimas. Eu não culpava
Edward por ter dito aquelas coisas. Eu era mesmo uma gorda feia e jamais
teria seu amor. Ele era lindo, jovem e especial... Merecia alguém à altura. A
única culpada era eu... Isabella Swan, a gorda horrorosa que vivia metendo os
pés pelas mãos. Ninguém além de mim podia ser culpado por aquele
sofrimento. Já passava das quatro da manha, Alice me ligou umas trezentas
vezes, mas não atendi. Certamente ela estava preocupada, mas eu não me
importava com mais nada. Algum tempo depois Billy me ligou também,
estava desesperado tentando falar comigo. Acabei atendendo... Talvez eu me
animasse com suas loucuras. Foi então que me ocorreu àquela ideia. Billy era
cirurgião plástico, ele já deixara muitas mulheres feias lindas e se orgulhava
disso. Ele podia ser minha esperança... Billy podia ser minha salvação. Pedi o
endereço de seu consultório e ele me deu sem questionar. Arrumei minhas
malas para viajar até Chicago. A parte mais difícil foi decidir o que fazer com
pingo, eu não poderia levá-lo. A única pessoa em que eu confiaria seria Alice
e por isso o deixei na porta da casa dela. Em seguida fui até a casa de Edward
e lhe deixei uma carta.
Quando o taxista me perguntou “para onde agora?” Respondi que íamos
para o aeroporto. A gorda horrorosa e feia jamais voltaria a existir, eu sabia
que cirurgia plástica e redução de estomago eram procedimentos perigosos.
Mas, eu não me importava com mais nada, nem que eu morresse numa mesa
de cirurgia eu deixaria de tentar apagar tudo aquilo que me fez sofrer...
Quando o avião decolou olhei pela janela vendo a cidade desaparecer e
jurei que a gorda horrorosa não existiria mais, pois naquele momento eu
estava deixando Isabella Swan para trás.
-Eu sabia que ia gostar – Sorri – Ainda me lembro do quanto falava que
amava o capitão Jack Sparrow e eu também o acho muito hilário por isso
decidi usar a fantasia.
-Tinha que parecer original. Claro que não chego aos pés do Johnny Depp.
-Vamos nos divertir muito hoje – Falei dando uma dançada – A festa está
animada.
-Pois é. E aquela mulher não veio com você?
-Ah não deu certo com a Nadia – Suspirei me lembrando daquela bandida–
Ela só queria diversão. As mulheres de hoje não querem compromisso sério
Isa. Elas se aproveitam dos bons modos e sentimentos de nobres cavalheiros.
São traiçoeiras!
-Nossa! Como vocês estão lindos – Alice disse vindo até nós – Adorei a
fantasia de Jack Sparrow.
-Ok.
Alice saiu e puxei Isabella gentilmente para o meio da festa. Era muito
bom tê-la ali e queria muito que ela se divertisse, afinal, sem ela aquela festa
nunca teria acontecido.
-Estamos tão felizes com o lançamento do novo Cd. Está sendo um sucesso
acho que merecemos essa festa – Falei e ela assentiu.
-Sem dúvidas.
-Mas, você sabe que a maior merecedora é você não é? – Segurei sua mão –
Sem você nenhum de nós poderíamos estar aqui hoje.
-Quero uma coca - Ela gritou e ainda ouvi sua risada quando imitei o jeito de
andar do Capitão.
Eu adorava o som do riso dela, parecia um daqueles bebes fofos que
sorriem fazendo barulhinho. Fui até o bar e pedi dois refrigerantes, eu sabia
que Isabella não bebia nada que contivesse álcool e eu respeitava isso,
portanto não iria ingerir nada diferente do que ela me pedira.
-Aqui o pedido – O garçom disse me entregando dois copos grandes. Bebi um
pouco do meu e voltei para onde ela estava.
-Oi – Respondi surpreso pelo fato de as duas estarem com a mesma fantasia –
Está bonita.
-Não precisa agradecer – Respondi sorrindo, mas minha vontade era de matá-
la - E você Isa? Também está bonita.
Tanya gargalhou alto sendo a mesma cobra de sempre. Por que ela insistia
em humilhar Isabella daquele jeito? Aquilo me irritava profundamente!
-Acho que Isabella se enganou de fantasia – Ela falou debochada – Acho que
deveria ter vindo de abóbora. Sinceramente nenhuma princesa é tão...
Volumosa assim. Veja o salão, temos Brancas de neve, Belas adormecidas –
Ela apontou para si mesma – Cinderela... Mas, nenhuma com esse porte físico.
Falei puxando-a pelo braço não economizando na força. Que porcaria ela
tinha na cabeça? Como tinha coragem de pisar em Isabella como se ela fosse
um inseto? Mas, eu ia colocá-la em seu lugar... Ah se ia. Empurrei-a para
dentro do banheiro e fui direto à pia jogando um pouco de água no rosto e
enxugando com uma toalha de papel precisava esfriar a cabeça. Encarei-a pelo
espelho não me importando em esconder minha indignação.
-Foi você que mandou aquela fantasia para ela não foi? Para humilhá-la!
Virei-me para ela apertando minhas mãos em punhos fortes. Se eu não
tivesse escrúpulos nem moral podia dar-lhe uma surra bem ali, mas como sou
um cavalheiro decidi fazer aquilo da maneira mais civilizada possível. O que
eu estava prestes a dizer doía no fundo do meu coração, mas Tanya não ia
parar de perturbar Isabella até ter certeza que eu não gostava dela também. Eu
tinha certeza que sua implicância era na verdade ciúmes. Ela já me confessara
seu amor várias vezes e odiava minha amizade com Isabella, como Tanya não
tinha uma mente madura o suficiente eu precisaria ser persuasivo e mentiroso
para convencê-la a deixar Isabella em paz.
-Como pode ser tão estúpida Tanya? – Falei me aproximando dela devagar -
Achou mesmo isso engraçado? Você nunca aprende! Eu quero fazer isso dá
certo, mas você não está ajudando. Está com saudades de ser uma
desempregada?
-Aquela vadia me enche o saco – Ela respondeu com voz manhosa alisando
meu peito.
-Então por que você não canta no lugar dela? – Falei sorrindo de canto, bingo!
Ela fechou a cara e cruzou os braços.
-Você realmente acha que gosto dela? Você sabe o quanto ela é
importante para nós. Deixe-a em paz! Seja grata porque a temos trabalhando
para nós.
-Quero ensiná-la uma lição. Para que aprenda seu lugar no mundo! – Ela disse
com ódio.
Tanya ficou em silencio sua respiração acelerada logo começou a soluçar.
– Por que está chorando? – Sorri e senti vontade de me matar por dizer aquela
mentira, mas eu não podia voltar atrás – Isabella é quem deveria estar
chorando, ela é talentosa, mas é horrorosa e gorda, você não tem talento mas é
linda e sexy. Você tem tudo nas mãos Tanya. Ela só existe por você! Escuta –
Limpei uma lágrima de seu olho - Só estamos usando ela, entendeu? Então
seja gentil é o mínimo que pode fazer. Sem ela tudo estará perdido. Isabella
jamais será linda como você! Ser feia e gorda daquele jeito já é uma punição
maior do que você poderia planejar então esqueça-a!
Fechei os olhos e respirei fundo. Minha vontade era de empurrar Tanya
para longe de mim. Mas, por Isabella eu agüentaria aquela mentira e seria
forte o suficiente para não deixar que ninguém no mundo a machucasse. Pelo
menos com aquela afirmação Tanya largaria de seu pé e ela não sofreria mais.
Saímos do banheiro e procurei Isabella por todos os cantos da festa, mas
ela já tinha ido. Em seu lugar eu também teria feito o mesmo, era difícil sofrer
uma humilhação daquelas e ainda permanecer firme. Ela era uma menina
bondosa e amável não merecia o que aquela desgraçada da Tanya fizera com
ela. Senti vontade de ligar ou ir atrás dela, mas achei melhor deixá-la sozinha.
Isabella não gostava de dividir seus problemas com ninguém. Mas, eu também
não quis ficar na festa, não tinha mais clima. Voltei para casa e me joguei no
sofá minha cabeça estava uma bagunça danada. Ainda estava com raiva de
mim mesmo por ter dito aquelas barbaridades, mesmo que não fossem
verdade. Eu jamais pensaria uma coisa daquelas, jamais desrespeitaria minha
melhor amiga, a pessoa mais importante da minha vida. Acabei adormecendo
ali mesmo, perdido em meus pensamentos.
“Querido Edward, estou indo embora para sempre. Fiquei pensando muito e
decidi que não quero mais cantar embaixo de um palco a vida inteira. Sinto
muito por deixá-lo assim, mas eu quero fazer uma coisa diferente... Conhecer
outros lugares, viver uma outra vida. Você é uma pessoa incrível e me ajudou
muito, sou grata por isso. Por favor não acabe com sua carreira por mim, sei
que podem encontrar uma outra cantora para a gravadora. Não me procure
mais é meu ultimo pedido.
Precisei de vários minutos para recuperar o fôlego, li e reli a carta umas
dez vezes para constatar que aquilo tudo era real. Liguei para o celular de
Isabella milhares de vezes, fui até seu apartamento e não havia sinais de seu
paradeiro, ela realmente tinha ido embora.
Quando convoquei a reunião para comunicar que ela havia partido todos
ficaram desesperados. Phill implorou para que Alice nos contasse para onde
ela havia ido, mas ela estava tão desinformada quanto nós. Isabella realmente
não queria ser encontrada. Várias semanas se passaram e ela nunca nos deu
noticias, nem um e-mail, nem um telefonema nem nada parecido. A carreira
de Tanya foi por água a baixo e tivemos que inventar um acidente no qual ela
perdera completamente a voz saindo de vez do mundo da musica.
Ela estava juntando suas coisas no camarim da gravadora quando cheguei.
Escorei-me na soleira da porta e ela me olhou enxugando as lágrimas.
-Deve estar pensando “eu te avisei” – Ela disse imitando minha voz – E quer
saber? Não to nem ai!
-De raiva! – Ela jogou um livro contra a parede e gritou – Por que aquela
gorda horrorosa foi fazer isso conosco?
O meu sangue ferveu na mesma hora, como ela se atrevia a falar aquilo
dela? Fui até ela e a agarrei pelos pulsos segurando com força.
-A culpa disso tudo é sua – Olhei-a no fundo dos olhos – Você e todos esses
desgraçados dessa gravadora a humilharam tanto que nem sei como a
pobrezinha aguentou. Aposto que esse foi o motivo de ela ter ido embora!
-É pra machucar mesmo – Falei com ódio e senti uma lágrima caindo de meu
olho – As coisas que você dizia a ela machucavam bem mais que isso!
-Mas, você disse que ela era só um negocio... Disse que ela era horrorosa e...
-Era mentira – Gritei ainda mais alto – Tudo aquilo que eu disse naquela noite
era mentira! Eu nunca pensaria uma coisa assim da Isabella! Só falei aquilo
pra calar a merda da sua boca!
-Mas... Mas...
Caminhei até ela e segurei firme seu rosto olhando-a nos olhos.
-Você pode ser bonita por fora, mas é horrorosa por dentro. Isabella pode não
ser o que vocês dizem ser “a mulher ideal”, mas ela é linda por dentro, ela é
pura e tem talento e isso a torna muito melhor do que você!
-Edward... Você gosta dela?
-Gosto – Falei e caminhei para a porta mas antes virei-me para Tanya – Ela
era minha melhor amiga, era a pessoa mais especial que conheci na vida e
agora ela se foi...
Eu não odiava Edward, jamais seria capaz de fazê-lo. Ele era especial,
gentil e o sonho de qualquer mulher. A culpa não era dele, nossos caminhos
apenas eram incompatíveis e eu precisava seguir em frente. Logo senti um
aperto no coração uma vontade imensa de chorar, mas não o fiz. Tinha
prometido a mim mesma que não choraria mais. Precisava ser forte se
realmente quisesse levar aquele plano adiante.
Eu precisava dele, mais do que precisava de água para matar minha sede
ou de comida para aliviar minha fome. Edward era como uma droga para mim
eu não conseguia tirá-lo um segundo sequer da minha mente.
Acordei na manhã seguinte e fui até o endereço que Billy me dera, era um
prédio imenso e bem organizado. Na recepção me fizeram várias perguntas até
que a recepcionista se disponibilizasse a ligar para o doutor. Assim que soube
que eu estava lá Billy mandou que me levassem a sua sala imediatamente. A
mulher me levou até o décimo andar, entramos em um largo corredor e então
me mostrou a porta em que uma placa dizia “Billy Black – Médico cirurgião
estético” Ela sorriu para mim e saiu. Respirei fundo e girei a maçaneta.
Quando entrei Billy estava de costas na poltrona falando ao telefone. Algum
tempo depois ele desligou e virou-se, sua primeira expressão foi de surpresa
em seguida de dúvida.
-Escuta – Falei firme – Sei que menti para você sobre meus atributos físicos,
mas deixe-me explicar tudo que aconteceu...
-Isso é brincadeira da Bella não é? Aposto que ela te mandou aqui pra fingir
ser ela...
-Billy EU SOU A BELLA! – Falei mais alto do que deveria e ele se arregalou
os olhos.
-Ok – Ele sorriu – Supondo que seja verdade como pode me provar?
-Eu disse docinho – Sorri – Desculpe por ter mentido sobre meu corpo.
-Ora tudo bem – Ele puxou meu braço – Sente-se. Vamos conversar... Eu
estava tão animado esperando você...
-Obrigada.
Billy foi muito gentil comigo. No inicio foi mesmo difícil convencê-lo
sobre quem eu era, mas também eu havia mentido para ele então não era fácil
acreditar. Quando contei toda a minha história eles emocionou muito e até
chorou, disse que ia me ajudar no que fosse preciso. Nós discutimos sobre a
cirurgia ele disse que era muito arriscada e que eu poderia morrer, mas eu não
me importava se eu morresse tentando então valeria à pena. Implorei tanto que
ele acabou cedendo e aceitando.
Sem dúvidas aquele foi o ano mais difícil da minha vida. Depois da cirurgia
de redução de estomago passei por uma dieta rigorosa e inúmeras sessões de
academia e ginástica. Também fiz plástica no nariz e na boca. Sessões de
lipoaspiração, drenagem linfática, aplicação de silicone nos seios, nos glúteos
e uma cirurgia nas cordas vocais para modificar minha voz.
Durante todo o ano não pude me olhar no espelho. Fazia parte do processo
de transformação, meu rosto estava vendado desde a primeira cirurgia e eu
não fazia ideia de como estava. Todos na clínica me ajudaram e eram gentis
comigo, a dor que eu sentia após cada procedimento era terrível, mas meu
sacrifício valeria a pena no final.
Aquele era o meu ultimo dia na clínica. Levantei-me da cama e espiei a
cidade pela janela. Um ano tinha se passado, um ano que eu havia deixado
tudo para trás. Pelos jornais acompanhei a carreira de Tanya ir para o lixo,
mas assim que Edward aparecia nas entrevistas ou reportagens eu parava de
vê-las. A saudade era imensa e me consumia por dentro, a falta que Alice me
fazia era dolorosa e eu queria muito meu pingo de volta. Mas, tudo aquilo
estava prestes a acabar, logo eu seria uma nova pessoa e poderia enfim voltar.
Billy entrou no quarto junto com alguns enfermeiros. Sai de perto da
janela e sentei-me na cama.
-O que?
-Eu prometo Billy e sempre serei grata por tudo que fez por mim.
-Ok.
-Preparada?
-Sem dúvidas...
-Hoje você será uma nova mulher – Ele disse – Prepare-se para brilhar, para
ser tudo aquilo que sempre sonhou.
Ele desatou a ultima faixa e logo senti o vento batendo em meu rosto.
Instintivamente levei a mão até minhas bochechas, tocando-as delicadamente.
Meu rosto já não era redondo e gigante ele era fino e macio...
-Errado – Billy falou – Ela sempre foi linda, só precisava lapidar essa beleza.
Encarei o espelho à minha frente. Refletido nele havia uma mulher linda,
seus olhos bem expressivos. Um nariz perfeitamente acentuado, uma boca
pequena num formato de coração. Os cabelos grandes caídos os ombros em
ondas volumosas era encantadora. Aquela não era eu... Não podia ser... Mexi
minha mão e a mulher no espelho mexeu também, ficamos nos encarando por
um bom tempo até que me dei conta de que aquela realmente era eu. Meus
olhos arderam e logo as lágrimas começaram a correr. Toquei meu rosto
várias vezes para ter certeza que aquilo realmente estava acontecendo...
-E agora como se sente sendo uma nova mulher? – Billy perguntou sorrindo.
-Pena que você vai embora hoje – A enfermeira falou – Mas, e ai continuará
usando seu nome?
-Não – Respondi confiante, Isabella era parte do meu passado – Nunca mais.
-Anabella – Falei e sorri de uma forma que jamais tinha sorrido na vida.
Naquele momento uma nova estrela havia nascido. Isabella já tinha
cumprido sua missão agora era hora de Anabella assumir a liderança. Era
hora de voltar e dar a volta por cima... Era o momento de resolver os assuntos
inacabados, era chegada a hora de recomeçar.
“Não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o tempo não
pára pra que você o conserte”
Capítulo 7
Capítulo 6 - Retorno
-Exatamente – Ele sorriu – Eu imaginei que não teria roupa pra sair da clinica.
Então comprei uma lembrancinha.
-Nossa Billy muito obrigada – Abri o pacote encontrando uma calça jeans
tamanho 38 e uma blusa branca regata – São lindas.
-Nem sei como te agradecer – Falei dando-lhe meu famoso abraço de urso que
agora não deixava as pessoas sem ar.
-Sua amizade já é o bastante para mim. Agora vou ver uma outra paciente
enquanto você se arruma.
-Ta bem – Falei dando-lhe um beijo no rosto – Obrigada novamente.
Olhei maravilhada novamente para minha roupa nova e corri para o
banheiro. Tirei o macacão e liguei a ducha, meu corpo nu era perfeitamente
curvilíneo, meus seios e glúteos totalmente empinados e arredondados eu
estava mesmo linda. Billy também tomou os devidos cuidados contra celulites
e estrias deixando-me com uma pele impecável. Tomei meu banho cantando
no chuveiro e sai enrolada em uma toalha. Judith já havia deixado minha
roupa estendida na cama junto com os sapatos. Fui até lá e me vesti, logo ela
bateu na porta e entrou com uma caixinha de madeira nas mãos.
-Ficou ótima. Vamos para a maquiagem agora? Também vou dar um jeito no
seu cabelo.
-Eu... Eu amei – Falei tocando o espelho ainda não tinha caído a ficha.
-Com licença – Billy disse entrando no quarto – Nossa! Você está linda
Anabella!
-Sou tão grata a você Billy que seria impossível descrever com palavras.
-Ora não vamos ficar emotivos agora – Ele falou enxugando uma lágrima.
-Acho que já está na hora do meu vôo – Falei fazendo um bico.
-O que?
-Você tem querida – Ele afagou meu ombro – Tem a inocência e a bondade
dela em seu coração.
Billy me levou até o aeroporto e nos despedimos com um longo abraço.
Eu mal podia acreditar que estava voltando para Los Angeles, a saudade do
meu pai, de Alice, do pingo e principalmente de Edward eram imensas e eu
mal podia esperar pelo momento de reencontrá-los. É claro que nada seria
perfeito, certamente Alice estava furiosa comigo por não ter dado noticias,
meu pai raramente se lembrava de mim, pingo não ia me reconhecer e Edward
jamais saberia que eu era a Isabella. Mesmo assim saber que eu os veria
novamente enchia meu coração de alegria e de medo. Agora eu era uma nova
pessoa e Anabella era destemida, confiante e enfrentaria os problemas de
frente ao contrario de Isabella que era tímida, insegura e frágil. Ela devia ser
mantida assim em algum lugar dentro de mim e por isso troquei de identidade.
Um detalhe que eu ainda não tinha pensado é que tecnicamente eu não tinha
mais casa. O apartamento era da Isabella e se eu aparecesse por lá seria presa
por invasão de domicilio sendo obrigada a revelar minha identidade, por esse
motivo decidi ficar num hotel até conseguir resolver essa situação. Como já
era final de tarde resolvi dormir e descansar para o dia anterior que certamente
seria bem puxado. Tomei um banho relaxante e deitei-me na cama confortável
do hotel. Porém o sono não veio como desejado e resolvi assisti televisão.
Liguei em um canal qualquer e para minha surpresa estava passando uma
matéria sobre a gravadora em que eu trabalhava. Ao que tudo indicava
estavam à procura de novos talentos já que Tanya sofrera um acidente
incapacitando-a de voltar a cantar. Sorri satisfeita com a derrota dela e
continuei acompanhando a matéria. No fundo do coração esperava ver
Edward dando uma entrevista, mas somente Phill apareceu. Desliguei a TV e
tentei concentrar-me em dormir. Mas, as únicas imagens que passavam por
minha mente eram as do rosto de Edward, meu coração se apertava toda vez
que pensava nele e aquele amor parecia aumentar a cada dia. Como era
possível amar tanto uma pessoa a ponto de nem sequer raciocinar direito?
Na manhã seguinte peguei três ônibus e fui visitar meu pai na clínica. No
inicio ele não queria ficar comigo pois achava que não me conhecia. Então lhe
expliquei que eu havia feito cirurgia e então ele se lembrou de mim. Disse-me
que ficou com saudades e que eu estava muito linda. Mas, meia hora depois
ele se esqueceu de tudo completamente. Terminada a visita peguei três ônibus
para voltar ao centro e ia para o hotel quando decidi que estava na hora de
gastar o que sobrou da minha poupança. Primeiro iria até o shopping comprar
umas roupas e depois compraria um carro. Peguei um táxi e fui até o
shopping fazer compras. Por onde eu passava recebia uma série de olhares
tanto de mulheres quanto de homens, tentei manter a cabeça erguida e não
correr para me esconder. Era engraçado, mas eu não havia me acostumado a
ser bonita, aposto que as pessoas pensavam que eu era algum tipo de anti-
social pois me esquivava de qualquer olhar ou elogio que recebia. Entrei no
shopping e fiquei maravilhada com a decoração. Há muito tempo eu não saia
da clinica para nada e o mundo parecia totalmente novo para mim. Diversas
pessoas de diversas idades e estilos circulavam por lá e eu estava totalmente
maravilhada. Subi na escada rolante sempre atenta aos detalhes no teto e as
luzes magníficas do shopping. Subi até o segundo andar e sai da escada em
direção à uma loja de roupas. Entrei e comecei a verificar as araras lotadas
com roupas lindas, pela primeira vez eu podia escolher o que quisesse sem me
preocupar se caberia em mim. Eu andava tranquilamente pela loja até que
entrei na sessão de perfumaria e estaquei. Não foram os perfumes caros, nem
as vendedoras bonitas muito menos a loja bem arrumada que chamou minha
atenção, mas sim a pessoa que estava analisando as prateleiras. Meu coração
quase saltou pela boca e minhas pernas pareciam ser feitas de gelatina... Não
imaginei que encontrá-lo depois de tanto tempo poderia ser tão difícil. Eu não
havia me preparado para aquele momento, como seria possível encontrá-lo em
uma das milhares de lojas do shopping? Seria o acaso ou o destino? Edward
estava bem diferente e muito mais lindo do que eu me lembrava. Seu corte de
cabelo estava num estilo social e ele trajava uma roupa esporte fino. A
vendedora que o atendia não parava de encará-lo eu até podia ver a baba
imaginaria escorrendo de sua boca. Senti uma raiva imensa e vontade
empurrá-la para longe dele, mas me segurei eu precisava me manter em
segredo não era o momento de reencontrá-lo.
É impossível descrever o que senti naquele instante. O amor que antes eu
sentia parecia ter triplicado. Minha vontade era de abraçá-lo, beijá-lo e amá-lo
como nunca. Pensei que o tempo em que estive fora pudesse amenizar aquela
paixão, mas estava redondamente enganada. Dizem que a distancia faz ao
amor exatamente aquilo que o vento faz ao fogo: Apaga a chama de uma vela,
mas inflama uma fogueira. Meu amor por ele era tão grande que a distancia só
serviu para aumentá-lo. Escondi-me entre as araras para que eu pudesse
admirá-lo, mesmo de longe então percebi que um homem se aproximou dele
junto com uma garota vestida de rosa dos pés à cabeça. Eu conhecia os dois,
eram rivais da nossa gravadora. Aquela era cantora Amy e seu agente James,
um sujeito arrogante e mal educado. Fiquei quietinha para ouvir o que eles
falavam...
-Presumo que isso não seja problema seu – Edward respondeu numa perfeita
pose de superioridade.
-Por que você não vende os direitos das musicas dela para mim? Seria uma
fonte de renda fácil.
-Você está acabado Cullen – James disse e sorriu – Sua vida no mundo da
musica já era!
James gargalhou e saiu abraçado à menina de rosa. Maldito, era mesmo
um invejoso! Porém isso não abalou Edward, ele parecia mais firme que
nunca. Seus olhos percorreram toda a loja e quase que ele me viu, sorte que
consegui me abaixar a tempo. Então quando voltei a espiá-lo ele já havia
saído. Comecei a procurá-lo por toda a loja e então o vi saindo, descendo as
escadas. Corri atrás dele seguindo-o por quase todo o shopping e então ele
desceu até o estacionamento. Escondi-me atrás de uma pilastra e o vi falando
no telefone perto do carro. Queria tanto ir até lá e abraçá-lo, não agüentava
mais de tanta saudade. Então um motoqueiro passou por mim me encarando,
fiquei olhando para ele confusa e então ele bateu em uma trava de segurança
caindo no chão. Arregalei os olhos e corri até ele para ver se tinha se
machucado. Abaixei-me e o ajudei a se sentar. O homem tirou o capacete e
ficou me olhando com cara de bobo.
-Você está bem? – Ouvi aquela voz conhecida atrás de mim e meu coração
gelou na mesma hora.
-Tem certeza – Edward falou se aproximando ainda mais – Não parece bem. E
você moça? - senti sua mão tocando meu ombro e arregalei os olhos.
-Algum problema? – Ele virou-me de frente para ele, se não fosse pelo
capacete ele enxergaria meu rosto com perfeição. Assenti depressa me
esquivando dele.
Fui andando de volta para o shopping com pressa deixando Edward e o
homem com cara de paisagem. Corri para um loja ali perto e tirei o capacete
respirando aliviada. Então lembrei-me de seu toque e passei a mão em meu
ombro fechando os olhos... Eu ainda o amava e tudo que queria na vida era
poder ficar com ele...
–A julgar por sua aparência juvenil e bela está querendo um conversível não
é? Aposto que gosta de velocidade.
–Não... Nem pensar, porque acha isso? – Ele apontou o capacete em minha
mão, droga eu havia me esquecido dele – Ah... Isso aqui é de... De um amigo.
–Algo econômico.
–Temos alguns excelentes com uma faixa de preço incrível. Quer dar uma
olhada?
–Ok.
O vendedor levou-me até uma outra sessão de carros esportivos. Eram todos
tão finos e requintados que me questinei se teria dinheiro para comprá-los.
Passamos por um departamento de carros usados e um neon chamou minha
atenção. Caminhei até lá enquanto o vendedor continuava o caminho falando
sozinho. Somente após alguns minutos ele notou onde eu estava e veio até
mim.
–Sim, mas...
–Ele já tem vários quilômetros rodados e não está em boas condições sem
falar que já saiu de linha há muitos anos. A maioria desses carros antigos
vendemos para o desmanche. Os freios também estão ruins e...
–O que? – Ele sorriu – Não. O que esperava de um carro que custa quinhentos
dólares?
–Sim. Olha senhorita esse carro é muito velho e feio, ninguém o quer. Não
vou negar que estou louco pra me livrar dessa lata velha, mas minha
consciência não permite que eu engane uma jovem tão linda como você...
–Por favor, não me leve a mal, mas a senhorita é muito linda. Realmente
estonteante!
Uma hora depois eu já estava dirigindo meu carro velho. O vendedor acabou
ganhando uma boa comissão por ter se livrado dele e eu estava feliz por tê-lo
ajudado. Confesso que era um tanto difícil dirigi-lo com os freios ruins e fazia
tanto tempo que eu não dirigia que parecia ter perdido a prática. Felizmente o
rádio ainda funcionava, apertei o play e liguei a rádio em uma estação
qualquer. Minha musica favorita estava tocando e comecei a acompanhá-la
em voz alta enquanto dirigia feito louca pelas ruas movimentadas de Los
Angeles. Ajeitei o retrovisor central e aproveitei para olhar-me no espelho. Eu
estava mesmo bonita, todos me diziam isso... Era realmente incrível.
Infelizmente desviei os olhos do espelho bem na hora que o sinal fechou.
Havia um carro bem na minha frente e os freios não funcionaram a tempo e
acabei batendo na traseira dele.
Soltei um grito de susto na mesma hora em que senti a pancada e meu corpo
se projetou para a frente fazendo com que minha cabeça batesse no volante.
Levantei um pouco zonza, meu cabelo inteiro estava no rosto tapando minha
visão. Um zunido terrível invadiu meus ouvidos deixando-me quase surda,
mas ainda assim ouvi quando alguém desceu do carro da frente batendo a
porta com força. Em seguida dei um pulo quando essa mesma pessoa bateu
violentamente no meu vidro.
–Saia do carro – Ele gritou ainda mais alto – Você vai pagar o estrago! Tirou
sua carteira de motorista no açougue? Se você não sabe dirigir então porque
inventa! Anda saia desse carro agora! Estou avisando é melhor você sair!
Engoli em seco e tirei o cinto de segurança. Abri a porta e desci devagar, meu
cabelo tapava meus olhos e eu enxergava bem pouco. Percebi que o homem
andava de um lado para o outro no asfalto xingando-me e reclamando.
–Você é uma louca! Como não presta atenção no transito? – Ele gritava de
costas para mim – E se tivesse atropelado alguém? O que faria.
–Desculpe senhor...
Tirei o cabelo do rosto jogando-o para trás na mesma hora em que o homem
se virou ele parou de falar e olhou-me de um jeito esquisito. Em seguida veio
até mim e segurou minha mão.
–Ah eu... Eu estava nervoso. Mas, você deve ter se distraído não é? Uma
moça assim tão... Tão bonita não deve fazer besteira de propósito.
–Desculpe-nos é que...
–Oh meu Deus – O guarda falou me olhando – A senhorita está bem? Não tem
nenhum ferimento?
–Estou bem...
–Oh meu Deus você está sangrando – Ela gritou para o homem.
Ele levou a mão a testa limpando um pouco do sangue, mas ainda sim estava
muito machucado.
–Estou bem – Ele disse rindo descontrolado – Nem está doendo... Estou
perfeitamente bem.
–Totalmente.
–Ah – Ele sorriu e coçou a cabeça então olhou para o homem ficando sério –
Eu vi tudo. Foi você que a ultrapassou não foi?
–Foi – Ele respondeu sorrindo para mim – Não sei onde eu estava com a
cabeça.
–Ora, o que foi? Estão enfeitiçados? Pegue a habilitação dela. Aposto que ela
nem tem! – Ela disse me encarando.
–A senhora é da policia? – O guarda perguntou.
–Não, mas veja a habilitação é o seu trabalho! – Ela gritou e ele suspirou.
–Claro – Sorri fui até o carro pegar minha bolsa. Tirei a carteira e entreguei a
ele – Aqui está.
Ele pegou a carteira e analisou bem em seguida olhou para mim e depois para
a carteira, repetiu isso umas três vezes.
–Que conveniente – Uma mulher que estava sentada ao meu lado falou –
Cirurgia plástica? Foi em qual hospital? Eu queria fazer uma também.
–Oh meu Deus – Alice acariciou seu rosto – Como você está suja e... Cheira
tão mal!
–Não se preocupe minha amiga – Ela sorriu para ela – Nós vamos para casa
tomar um banho e comer uma bela carne de porco ok? Veja como você
emagreceu! Está tão diferente!
A mendiga sorriu exibindo dentes pretos e sujos. Alice fez uma cara de nojo,
mas mesmo assim sorriu para ela e segurou sua mão. Será que um ano era
tanto tempo assim? Ta certo que a mendiga estava muito suja a ponto de ter o
rosto irreconhecível e também era gordinha, mas Alice deveria saber que não
era eu. Caminhei até ela receosa e notei que estava chorando.
–Eu te conheço?
–O que? – Ela olhou para a mendiga que deu de ombros – Quem é você?
–Como posso? Olha pra você... Isabella era um pouco mais... Gordinha.
–Ah meu Deus – Ela gritou e me abraçou – olha só pra você... O que fez?
–Cirurgia.
–Por que não me avisou? Imagine a agonia que fiquei assim que foi embora!
Pensei que éramos irmãs.
–Tudo bem – Ela sorriu e segurou minha mão – Senti sua falta.
–O que?
–Não – Interrompi rapidamente – Não quero que ele saiba sobre mim. Isabella
já não existe mais agora sou outra pessoa.
–Uhum.
–Você sabe que se eles te reconhecerem vai ter um problemão não é? Você
tinha um contrato com a gravadora. Sumiu por um ano e arruinou o terceiro
CD da Tanya. Eles ainda estão te procurando.
–Eu sei, mas se você me ajudar eu consigo. Você não me reconheceu quando
me viu lembra?
–Ah jura?
–Juro.
–Então prepare-se amanhã você terá uma audição com Edward Cullen!
Capítulo 9
Capítulo 8 - Reencontro
“Prefiro acreditar que não nos dissemos adeus, mas que nos separamos para
que o destino nos dê um reencontro feliz”
-Como você é ingênua Ana – Ela gargalhou – Ele jamais irá te reconhecer!
Eu não havia pensado naquilo. Droga! Eu realmente não havia preparado
nenhuma canção. Estava tão preocupada e emocionada com a ideia de revê-lo
que não planejei absolutamente nada! Respirei fundo e busquei em minha
cabeça alguma musica em qual eu pudesse me sair bem. Então olhei
novamente para Edward... Como era possível amar tanto uma pessoa? Como
tanto amor cabia em um só coração? Porém pude ver em seus olhos que eu
não lhe causei nenhum efeito... Qual era o problema? Será que eu nunca
poderia alcançá-lo?
-Acho que essa musica expressa exatamente o que estou sentindo neste
momento.
-S-Sim – Virei o rosto de lado e tirei os óculos então voltei a olhar para frente,
percebi que eles ficaram ainda mais surpresos. Edward estreitou os olhos e
tombou a cabeça de lado.
O playback começou a tocar. Fechei os olhos e deixei que minha voz
expressasse por meio da canção o que eu sentia em relação a Edward...
Together we stand
There's no place to go
Keep holding on
So keep holding on
-Ok – Phill olhou para mim – Nós vamos conversar querida. Te informamos
num minuto.
-Também achei a voz dela incrível, mas não sei falta... Emoção.
-Podemos dar um jeito nisso. Você sempre consegue isso das cantoras
Edward!
Neste momento Tanya entrou no estúdio e abraçou Edward pelas costas.
Se não fosse aquela janela de vidro nos separando eu arrancaria os cabelos
dela!
-Ela é boa? – Perguntou gesticulando para mim. Fingi que não estava ouvindo
nada, não queria que descobrisse que o áudio ainda estava ligado.
-Muito – Phill disse animado – Acho que dessa vez conseguimos!
Eles a olharam espantados até eu me espantei, mas não olhei para eles.
-M-Mas, eu pensei que estivesse procurando uma nova dubladora pra mim!
-Tanya é maluca não acha Edward? – Phill perguntou e ele o olhou e sorriu.
-Você não notou quem ela é? Ah esqueci você não deve saber mesmo!
-Como assim?
Sai do estúdio apressada. Será que ele tinha me reconhecido? Droga! Por
que tinha que ser assim? Acabei esbarrando em Alice que me olhou assustada.
-O que foi?
-Vamos embora daqui – Puxei sua mão, mas ela não se moveu.
-Só sairemos daqui quando eles nos der a resposta se você vai ser contratada
ou não!
Ela puxou minha mão e me sentou num dos bancos. Meu coração batia
tão rápido que me dava medo. Senti um frio na barriga como se tivesse
engolido uma pedra inteira de gelo. Não demorou muito e fui chamada ao
escritório de Edward. Phill estava ao seu lado e até puxou uma cadeira para eu
sentar. Fitei minhas mãos trêmulas pousadas no colo enquanto sentia o olhar
de Edward queimando minha pele.
-Claro que eu sei! – Ele balançou a cabeça. Meus olhos sem encheram de
lágrimas de desespero - Por que não foi honesta comigo desde o inicio?
Pensou que podia me enganar?
Neste momento Alice entrou no escritório. Correu até mim e me abraçou.
Provavelmente estava escutando atrás da porta.
-Eu te vi com ela assim que chegaram . Por que não me contou a verdade? Por
que mentiram Alice?
-Achou que eu não iria saber? Foi você Alice que disse à ela que sou o melhor
produtor musical do país? Por isso a trouxe até aqui e me fez aquele pedido de
ultima hora?
-A-Ah! É isso? – Ela sorriu.
-Você sabe que é contra as regras tentar fazer com que assinemos contrato
com parentes ou amigos não é?
-Eu sei, mas Ana é muito talentosa e você estava precisando tanto...
-Aqui querida – Phill me entregou um lenço – Não precisa chorar, está tudo
bem. Esta vendo Edward! Você a fez chorar! Seu rosto bonito vai ficar
inchado – Ele analisou-me – Falando nisso... Acho que devíamos dar uma
modificada nele. Talvez arrebitar o nariz.
-É.
-Não – Ele arregalou os olhos – Nem pensar. Você é linda! Tem uma beleza
natural eu adorei e você Edward?
-Você é cem por cento natural? – Ele perguntou olhando-me de cima a baixo,
senti meu rosto enrubescer.
-Claro. Sem dúvidas – Torci pra que ele não notasse a mentira no meu tom de
voz.
-Ótimo – Ele sorriu fazendo meu coração saltar – Vamos assinar um contrato.
-Sério?
Alice me abraçou e giramos pela sala. Então meus olhos se conectaram
aos olhos esmeraldas de Edward. A distancia não havia modificado em nada o
meu amor. Ele continuava firme e forte como uma rocha. Agora, finalmente
eu sairia dos bastidores e entraria nos holofotes. Dessa vez, Edward Cullen
seria meu.
Capítulo 10
Capítulo 9 - Dúvida cruel
Os dias se passaram tão rápido que eu mal podia acreditar que finalmente era
uma cantora de verdade. Meu CD já havia sido lançado, meu primeiro single
ficara em primeiro lugar nas paradas de sucesso, meu primeiro show já estava
agendado, gravei vários comerciais e fiz algumas campanhas publicitárias.
Mas, a melhor parte do meu dia, a melhor parte de minha carreira e da minha
vida era os momentos que eu passava ao lado de Edward. Antes como Isabella
trabalhávamos sempre juntos, mas dessa vez era diferente. Anabella estava à
frente de tudo, nada era feito sem minha permissão. Sem contar o fato de que
Edward me dava dicas, passava horas me auxiliando e sinceramente eu me
apaixonava cada vez mais por ele, isso se fosse possível amar tanto uma
pessoa. Porém eu precisava ir devagar, devia conquistá-lo aos poucos, mas
embora jogasse todo meu charme para cima dele, não parecia fazer muito
efeito. Ele realmente era um homem muito difícil.
–Nenhum – Engoli em seco tentando olhar para outra coisa que não fosse seu
rosto lindo.
-Você não pode me dispensar assim Edward! Não pode! Você vai se
arrepender...
–Não preciso mais de você – Respondeu seco, era impressão minha ou quando
era grosseiro se tornava ainda mais sexy?
–Vou dar a volta por cima –Ela riu nervosa – Vocês ainda vão voltar atrás.
Eu tenho muito mais fãs do que essa... Essa usurpadora! Você vai ver Edward
eu vou encontrar a gorda!
–Não sou uma atriz – Ela soluçou, provavelmente estava chorando – Eu sou
uma cantora!
–Tanya... Deus é quem faz todas as coisas, nós humanos só fazemos aquilo
que realmente somos capazes!
–Eu sou capaz! Sou famosa! Sou uma cantora e você não vai tirar isso de
mim!
–Problemas com a sua antiga cantora? – Perguntei fingindo que não sabia de
nada.
–Não irá desistir nunca. Está com a ideia obsessiva de encontrar Isabella – Ele
riu sarcástico.
–Quem é essa?
–Ninguém – Ele tentou disfarçar – Que tal irmos para a gravadora? Está na
nossa hora.
–Tudo bem – Concordei dando de ombros. Estar trancada com ele naquela
salinha o dia inteiro me parecia uma ótima ideia.
Sorri e quis me matar por corar. Pude perceber os cantos de sua boca
esboçando um sorriso. Eu tinha que parar de ser tão vulnerável, será que não
aprenderia nunca? Edward precisava de uma mulher de verdade e não uma
garotinha que fica vermelha só por causa de um elogio. Estava na hora de me
armar com artilharia pesada.
[...]
Antes minha estação do ano favorita era o inverno. O motivo era simples:
Todos usavam bastante roupa e escondiam seus corpos da nevasca. Para uma
gordinha era a época perfeita para andar no meio de todo mundo sem se sentir
deslocada por vestir mais roupas do que deveria. Porém com todas aquelas
mudanças o inverno nada mais era do que uma lembrança de um tempo ruim,
agora o verão era tudo para mim. Finalmente eu podia colocar um biquíni sem
me preocupar em parecer uma orca patética, meu corpo era magro e
escultural. Assim que me olhei no espelho com aquele biquíni vermelho me
senti a mulher mais realizada do mundo, só faltava uma coisa: Edward.
–Não vai se queimar um pouco Ana? – Alice tinha se adaptado bem ao meu
novo nome, nem se esforçava para chamá-lo.
–O que foi?
–Claro!
Ela me deu um “tchauzinho” e saiu de mãos dadas com ele. Que cafajeste!
Não tive coragem de contar a safadeza do “gatinho” para Alice naquele
momento, mas ela ficaria sabendo, ah se ia!
–Hei – Senti um cutucão nas minhas costas e virei-me dando de cara com
Tanya.
–Passe nas minhas costas – Sem delongas ela se sentou de costas para mim na
cadeira de Alice.
Pensei em lhe dar uma boa resposta, mas um diabinho colocara uma ideia
malvada em minha cabeça.
–Não tem medo de se bronzear? Ouvi dizer que o sol é prejudicial à pele –
Falei fingindo preocupação.
–Meu bronzeador tem protetor solar. Importado de Paris, posso pegar uma cor
legal e ainda ter a pele saudável.
–Ah – Sorri malignamente e sem que ela percebesse troquei o bronzeador pelo
óleo de bebê da Alice. Esfreguei em suas costas até ficar escorregadia.
–Obrigada – Ela se levantou – Até que você é útil... – Ela fingiu não saber
meu nome.
–Anabella, aquela ali do comercial – Apontei para o telão em uma das paredes
em que meu rosto e meu nome estavam estampados no comercial do meu Cd.
Tanya saiu rebolando com o nariz empinado tentando manter a pose. Deitou-
se numa espreguiçadeira bem longe, onde o sol era mais forte. Soltei uma
gargalhada malvada, agora era só esperar até que os raios ultravioletas
torrassem a pele dela. Se bem que ela poderia renová-la depois, não é isso que
cobras fazem? Trocam de pele? Balancei a cabeça e ri ainda mais alto. Mas,
então percebi que os homens olhavam muito mais para ela do que para mim.
Não era difícil saber por quê. Tanya era ousada e tinha... Tinha atitude. Era
disso que eu precisava como Alice bem me disse precisava ser um pouco
mais...bitch. Mordi o lábio pensativa, será que Edward gostaria mais de mim
assim? Eu tinha que descobrir...
Ele estava incrivelmente... Divino. Usava uma bermuda preta, óculos escuros
e estava sem camisa. Seu peitoral era bem definido e com o clima de verão e
as várias idas aos clubes e praias ele havia adquirido um bronzeado que
deixava sua pele acobreada... Simplesmente perfeita.
–O que ela faz aqui? – Perguntei apontando para Tanya – O clube não é
exclusivo para sócios da gravadora?
–Ela ainda tem passe livre. Não é mais cantora oficial, mas tem outros tipos de
contrato.
–Ah – Falei pesarosa, será que não ia me livrar dela nunca? Se bem que seria
interessante conviver com ela, dizem que é melhor manter seus inimigos por
perto. Acabei sorrindo perversamente.
–Seria bom – Ele se levantou e tirou a bermuda. Preciso dizer que fiquei sem
ar? Que pernas eram aquelas? E aquela sunga preta apertadinha? Céus ele era
a personificação de um deus grego – Vamos? – Ele estendeu a mão para mim.
Eu estava trêmula, mas precisava manter a calma. Eu não era mais a bobinha
da Isabella, agora eu era uma outra mulher decidida a ter aquele homem para
mim então precisava me mostrar confiante e... Sensual. Isso mesmo,
eu precisava ser sensual, embora não fizesse ideia de como. Segurei a mão
dele e me levantei, caminhamos juntos até a borda da piscina. Eu havia feito
várias aulas de natação na clinica com Billy, era parte do processo de
emagrecimento, inclusive havia aprendido muitos mergulhos, era uma boa
oportunidade de me exibir para ele.
–Obrigada.
–Sério? É claro que você ganha de mim, com todos esses músculos deve ter
muita força para nadar.
–Ai que você se engana. Esse seu corpo pequeno deve ser muito mais ágil.
Ao cair da tarde Edward me levou para casa já que Alice tinha desaparecido
com o carro. Ele achou estranho o fato de eu estar morando no apartamento de
Isabella, mas inventei uma desculpa de que Alice tinha a permissão dela para
alugar caso desejasse. Ou Edward era muito sonso ou se fazia, mas no final
acreditou.
–Muito...
–Você é uma pessoa muito divertida Anabella. Acho que seremos bons
amigos.
[...]
Pov Edward
–Você está no tom certo e acertou as notas, mas preciso que vá além do lado
técnico.
–Como assim?
–Ta.
Anabella veio até mim na sala de equipamentos. Pedi aos outros que me
deixassem a sós com ela.
–A qualidade de imagem é ótima – Ela deu uma risadinha – Qual câmera você
usou?
–Não quis dizer isso. O que quero saber é o que você sente com a música dela.
–Exatamente – Assenti.
–E o que isso tem a ver comigo? – Ela perguntou sorrindo sem graça.
–Acha que consegue cantar como ela? – Perguntei apontando o vídeo – Você
se preocupa demais com sua aparência enquanto canta. O tempo todo arruma
o cabelo, ajeita a roupa. Não se concentra como ela.
–Mas, ela é tão gorda, feia e... Você devia passar muita vergonha com ela.
–Pare com isso – Interrompi nervoso ainda encarando o vídeo - Ela era
especial para mim. A gravadora estava com sérios problemas e ela nos ajudou
a reergue-la, você só está aqui graças a ela, todos temos uma dívida enorme
com Isabella.
–Você não é nem metade do que ela era! – Alterei a voz, ouvir alguém falando
mal de Isa me deixava muito nervoso, olhei para Ana e estreitei os olhos – Por
que está chorando?
–Ótimo.
Sai da sala e fui direto para meu escritório. De repente senti uma falta imensa
de Isabella... Onde será que ela estaria? Por que foi embora sem dizer nada?
Será que estava bem? Todas essas perguntas me atormentaram durante todo o
dia.
[...]
Pov Bella
–Tenho que contar antes que seja tarde demais Allie. Ele vai entender.
–Isso realmente é tudo? Será que Edward é do tipo que aceita mulher
plastificada? Ele preza muito a naturalidade.
–E desde quando você tem experiência nisso? - Sorri fazendo graça - Parece
até que teve milhões de namorados!
–Muito mais do que você – Ela rebateu mostrando a língua – Pelo menos meu
amor não é platônico!
–Sim.
–Por quem? Por aquele cara do clube? Ele também está apaixonado por você?
Ou está tentando te vender coisas? Ele é um corretor de imóveis não é?
–Encontrei os papéis no meu casaco que você usou. Alice, não compre nada
dele! Pode ser um golpista barato!
–Eu realmente era uma tola ingênua. Portanto não faça nada estúpido do jeito
que eu já fiz. Os homens mentem Alice, eles sempre te elogiam e nunca dizem
na sua cara que você é “gorda e feia”, quando querem alguma coisa de você
não apontam seus defeitos.
–Você tem muita experiência nisso não é? – Ela respondeu magoada – Conte
a verdade para Edward e verá se não tenho razão.
Alice saiu do quarto e pude ouvir quando bateu a porta da sala. Ela estava
apaixonada por aquele canalha e não ouviria meus conselhos, mas eu também
não era muito confiável. Apesar de tudo que ouvi de Edward eu continuava
ali, mudando minha vida inteira só para estar com ele.
Capítulo 11
Capítulo 10- Coisas do coração
Me amaldiçoei por dentro ao ficar com aquela cara boba olhando para ele.
Edward estava de roupão, enxugando os cabelos molhados com uma toalha.
Eu esperava tudo, menos encontrá-lo recém saído do banho... Era
simplesmente lindo.
Ele abriu mais a porta me dando passagem. Sorri para ele e entrei confiante,
enquanto ele voltava a fechá-la suspirei tentando não me arrepender de ter ido
lá.
–Seu apartamento é muito bonito – Falei como se estivesse ali pela primeira
vez, o que não era verdade.
Bingo.
–Tudo bem – Ele sorriu e balançou a cabeça – Isso não importa. Já que você
está aqui pode me fazer companhia no jantar. Pedi comida chinesa você
gosta?
–Engraçado – Ele deu um risinho – Só conheci uma pessoa que ficava tão
animada com esse tipo de comida.
–É – Ele voltou a enxugar os cabelos – Bom, vou colocar uma roupa e já volto
ok?
–Está bem.
Edward foi para o quarto e assim que sumiu de vista me dei um tapa na testa.
Como eu podia ser tão descuidada? Suspirei e comecei a olhar seu
apartamento. Tudo ali tinha a cara dele, desde os eletrônicos até os móveis.
Por um minuto imaginei como seria morar ali com ele, dividir cada espaçinho
daquele lugar... Era um sonho, meu sonho. Sentei-me no sofá que era tão
macio quanto uma manteiga e inspirei, o cheiro dele estava impregnado por
toda parte. Eu já estava com medo de mim mesma, amava tanto aquele
homem que mais parecia uma obsessão.
–Eu soube que você está morando no apartamento da Isa – Edward disse
vindo para a sala, havia vestido uma calça jeans escura e uma camisa pólo
branca, os cabelos molhados bagunçados... Era demais para minha sanidade.
–Pois é – Respondi desviando os olhos – Alice alugou para mim.
–Ah – Ele foi até a estante e pegou o notebook, sentou-se ao meu lado.
–Tudo bem – Falei quase sussurrando em seu ouvido, ele fechou os olhos e
suspirou.
De repente não precisei, nem consegui fazer mais nada. Aqueles pares de
olhos imensamente verdes me prenderam em sua imensidão. Edward também
ficou estático. Aos poucos senti nossos rostos se aproximando um do outro, eu
podia até sentir seu hálito quente com cheiro de menta em meu nariz. Mas,
então alguém tocou a campainha fazendo-nos nos afastar com um pulo. Ele
fechou o notebook e se levantou com pressa. Me afundei no sofá sentindo meu
corpo pegar fogo, nosso quase beijo me deixou totalmente sem ar.
–Ótimo – Sorri, mas porque a maldita comida não demorou um pouco mais?
[...]
Edward apenas sorriu. Franzi a testa tentando entender o motivo, mas então
outra coisa chamou minha atenção. Algo que me paralisou completamente.
Assim que olhei para a porta vi Pingo parado ali me olhando... O que meu
cachorro estava fazendo na casa de Edward? Alice havia me dito que não
tinha tempo para cuidar dele e por isso havia lhe dado para adoção. Meus
olhos se encheram de lágrimas. Como eu estava com saudades do meu
amiguinho. Tentei disfarçar meu nervosismo, eu ia contar tudo a Edward, mas
não podia ser assim de qualquer jeito.
Mas não adiantou desviar os olhos. Pingo correu até mim e pulou no meu
colo. Edward o olhou curioso e espantado ao mesmo tempo. Eu também
estava confusa, como ele podia me reconhecer? Isso era possível?
–Pode atender – Falei gargalhando com as cócegas que sentia das lambidas de
pingo.
–Já volto.
–Amorzinho – Segurei seu rostinho peludo com carinho – Como veio parar
aqui hein? Sinto muito ter abandonado você – Abracei-o chorando – Me
desculpe...
–Não – Limpei as lágrimas e sorri – Ele me fez chorar de tanto rir... A língua
dele faz cócegas.
–É? Eu não sabia. Mas, voltando ao assunto da cirurgia plástica – Ele mudou
de assunto me deixando aliviada – Você mesma disse que não concorda. Acho
que tenho a mesma opinião.
–Estive pensando nisso... Acho que mudei de ideia. Tentar ficar bonita não
deve ser uma coisa ruim não é? Fazer cirurgia plástica é o mesmo que usar um
cosmético, atualmente é bem comum e natural.
–Então porque ninguém gosta de dizer que fez cirurgia plástica? Sempre
inventam desculpas. Mas, você não percebe? Por isso que vai fazer tanto
sucesso no ramo musical, além de ter uma voz incrível é toda natural. As
pessoas gostam disso.
Estava comprovado que eu era uma covarde. Me dei conta disso no momento
que estava no banco carona de Edward olhando a paisagem que passava por
nós sem dizer uma única palavra. Nosso jantar terminou com ele falando
sobre os negócios e eu sem a menor disposição de revelar meu segredo. Ele
não permitiu que eu pedisse um taxi e fez questão de me levar em casa. Já
estávamos a um bom tempo calados quando finalmente ele quebrou o silencio.
–Acho que entendo... As mulheres são muito vaidosas e não tem nada demais
em querer melhorar um pouco.
É claro que não ele não ia aceitar. Não sei por que ainda não tinha tomado
consciência de que ele jamais perdoaria o fato de eu ter mentido e escondido
minha verdadeira identidade por todo esse tempo.
Fui caminhando até a entrada do prédio. Ele acenou para mim dando-me um
“tchau” que retribui desanimada, mas então uma expressão séria ocupou o
sorriso em seu rosto e ele saiu lá de dentro vindo na minha direção. Milhões
de coisas se passaram pela minha cabeça naquele momento, talvez ele tivesse
enxergado o que eu realmente esperava daquela noite, talvez tivesse percebido
que estava mesmo apaixonado por mim. Esperei que ele chegasse mais perto
com o coração acelerado, mas então... Edward passou direto indo para um
beco ali próximo. Fui atrás dele um tanto decepcionada e o vi agarrando um
garoto pela gola da camiseta.
–Ninguém mandou – O garoto disse por fim – É que eu gosto muito dela.
–Solte-o Edward.
–Sim.
–Não tente nenhuma gracinha – Ele soltou o rapaz que suspirou aliviado.
–Eu me apaixonei por ela desde o dia em que a vi, eu não sabia que ela era
famosa... Depois que ela lançou o Cd com aquelas músicas eu gostei mais
ainda. Eu juro que não ia publicar nada...
–Se gosta tanto dela não pensou que poderia incomodá-la seguindo-a
esgueirando-se pelos cantos? Anabella poderia ficar assustada! Documentar a
vida privada dela é um crime, eu devia te levar para a delegacia!
–Não seja tão duro com o pobrezinho! Ele só... Ele só gosta do meu trabalho e
estava fazendo uma coisa ingênua, não pode bater nele por causa disso!
–Filmando você?
–S-Sim.
–Pode ir garoto – Edward falou por fim – Mas a câmera fica comigo.
–Tudo bem...
–Você quer ir assistir meu show em um camarote na semana que vem Seth?
–Está bem.
–B-Bella?
–Ótimo, então a partir de agora você será Bella e devo acrescentar que o
apelido combina perfeitamente.
–Imagino – Ele suspirou – Aposto que ela deixou toda sua doçura e alegria
impregnadas em todas as paredes.
Lembrei do que vi num filme uma vez. Disseram que quando a outra pessoa
diz que vai embora e gira as chaves nos dedos quer dizer que não quer ir
realmente.
–Por nada – Ele sorriu de canto de um jeito extremamente sexy – Foi ótimo
ter sua companhia.
–Devíamos fazer isso mais vezes – Edward já estava preso em meu olhar.
–Tudo bem.
–O que?
–Ah – Droga – Aquilo... Bem, eu sou muito sensível. Até hoje eu choro
quando assisto Titanic... Não suporto amores impossíveis.
–Entendi – Ele sorriu e então me deu um beijo na testa – Vejo você amanhã.
–Sim...
Edward foi para o carro e eu permaneci ali parada olhando para ele. Cada dia
que se passava aquela mentira se tornava mais difícil de ser mantida e o pior é
que eu o conhecia bem demais para saber que algo daquele tipo o deixaria
com muita raiva... Mas, eu sentia que Edward estava muito próximo da
verdade e aquilo me deixava com muito medo...
Capítulo 12
Capitulo 11 - Contratempo
O passado é uma coisa que nos perseguirá para sempre, não importa onde
formos quem nos tornemos as lembranças sempre estarão lá para nos lembrar
de todos os momentos. Nunca pensei que me livrar de quem eu era fosse tão
difícil . A verdade é que no fundo eu continuava tendo as mesmas
inseguranças que tinha antes, a única diferença era que agora eu tinha mais
coragem de enfrentar os meus medos.
Certa vez fui procurar Célio, meu amigo místico do refugio das estrelas.
Contei-lhe toda a historia, ele ouviu com atenção e censurou-me por minha
mentira, mas no final suspirou aliviado por eu finalmente ter dado noticias e
me aconselhou. Suas sábias palavras fixaram em minha mente “Para se
tornar uma nova pessoa, deve esquecer quem você era. Seu passado, suas
memórias, apague tudo”. E foi isso que eu fiz, juntei todas as minhas fotos
antigas e queimei na lareira... Queimei todas as coisas intimas e pessoais que
pertenceram a Isabella. O fogo levou embora todos os rastros do meu antigo
eu e pra me adaptar de vez na minha nova vida e deixar para trás o meu
doloroso passado me concentrei em minha carreira. Trabalhava dobrado,
ensaiava quase vinte e quatro horas por dia. Ajudava os produtores, fazia
shows e me focava em conquistar Edward. A cada dia que passava estávamos
mais próximos, era como se não pudéssemos existir sem precisar um do outro.
____________//__________
–Sou bonita até suada – Falei sorrindo olhando-me no espelho após fazer duas
horas de step na academia do clube da gravadora.
–Looooooved! - Gritou a voz de novo, tão alto e desafinado que meus ouvidos
doeram.
Imediatamente comecei a procurar de onde vinha aquela gritaria toda. Não era
muito difícil seguir o som já que era alto o suficiente para ser ouvido do outro
lado do quarteirão. Acabei encontrando a origem da voz na quadra de
basquete do clube ao lado da academia e para minha surpresa quem estava
tentando sem sucesso cantar a musica “She will be loved” do Maroon 5 aos
berros era Tanya.
–She will be looooved – Ela tentou novamente saindo ainda mais desafinada e
sem ritmo. Tapei a boca para sufocar o riso. Resolvi que era hora de ir antes
que eu ficasse surda, mas infelizmente acabei esbarrando em alguma coisa ali
perto provocando um barulho ecoante.
–Não eu só...
–Tudo bem – Ela suspirou, parecia cansada. Deu –me as costas e foi pegar a
bolsa que estava numa cadeira ali perto.
–Que praticar na sauna pode ajudar a melhorar a voz... Você realmente quer
cantar?
Mas, você não é cantora sua vaca arrogante! Pensei, mas acabei falando outra
coisa, eu estava tentando ajudar e ela esnobando? Então que se danasse.
–Não é isso... –Falei - É que sei la, você não pode se obrigar a fazer algo que
não consegue. Só Deus é capaz de fazer qualquer coisa.
–É o que meu pai diz – Sorri – Deus é o único que pode fazer qualquer coisa!
Nós humanos só fazemos o que somos capazes.
–Eu não pedi sua opinião – Ela respondeu e saiu pisando duro.
Dei de ombros e sorri, Tanya era mesmo uma ingrata. Fui para casa e tomei
um banho relaxante, verifiquei minha secretária eletrônica na esperança de
que Alice tivesse ligado ou deixado algum recado, mas não havia nada. Será
que ela nunca ia me perdoar? Resolvi que estava com fome após meu
estomago protestar uma dezena de vezes. Preparei uma salada com frango
grelhado e jantei, sozinha e solitária para só então ir para a cama dormir.
Meu susto foi tamanho que precisei me apoiar no carro para não cair... Quem
havia escrito aquilo? E porque dizia que eu era uma farsa? Será que haviam
descoberto que eu era Isabella? Ah droga... Não podia ser... Tentei pensar em
alguém, mas minha mente não cooperava...
–Alô?
–A... A...Alice.
–O que?
–Minha amiga é mais importante que esse show, droga! – Engasguei com o
choro.
Ele suspirou
–Desculpe... Eu sei que sim. Olha, vou dar um jeito de explicar sua ausência...
Acha que consegue chegar a tempo do show?
–Sim.
–Ah.
–Evitei a rodovia.
Era óbvio, ele não pegou o mesmo trânsito infernal que eu.
–Sou amiga e ele é nosso chefe, trabalhamos juntas. Como ela está?
–Claro. Acompanhem-me.
–Não, ela está apenas dormindo. Essa mocinha teve muita sorte, poucas
pessoas escapariam de uma overdose tão grande. Trinta pílulas daquelas pode
matar até um elefante.
Corri para o carro, Edward veio atrás de mim me mandando esperar, mas não
pude. Dirigi feito louca até a casa de Alice, por sorte eu ainda tinha uma cópia
da chave. Entrei e me deparei com a caixa de remédios jogada no meio da
sala, meu estomago se revirou. Subi correndo para o quarto dela e vasculhei
todos os cantos possíveis atrás do maldito cartão do imbecil do namorado
dela.
–Por que você terminou com ela? – Perguntei com raiva ele me olhou
confuso.
–Alice! Por que fez isso com ela! Por que a traiu?
–Ah – Ele coçou a cabeça – Ela era muito gostosinha, mas eu já estava
enjoado. Sabe como é...
–Sua louca!
–Puta é a sua mãe – Gritei avançando para cima dele, mas Edward me
segurou.
–Segura essa vadia ou não respondo por mim... Você vai se arrepender sua
idiota, vou ligar para a policia o que você fez é um crime... Tomara que seja
presa e estuprada na cadeia sua puta ordinária de uma...
–Não...
–Não te falei – Ele disse alto sacudindo meu braço – Esse vestido curto é um
convite para os estupradores! Viu o que aconteceu? E se eu não tivesse
chegado a tempo?
Logo em seguida corremos para o show. Tínhamos apenas vinte minutos para
minha apresentação e assim que chegamos tínhamos apenas cinco e eu estava
um desastre. Era um show beneficente com vários cantores e eu cantaria com
o Maroon 5, nos bastidores estava uma correria danada.
–Onde diabos vocês se meteram a tarde toda? – Phill berrou para nós quando
o encontramos, estava vermelho de tanta raiva.
–Certo – Edward disse e respirou fundo então me arrastou até uma das
penteadeiras e tentou dar um jeito no meu cabelo. Aquilo estava sendo
engraçado.
–Não dê risada – Ele disse bravo – Tudo isso é culpa sua. Por que teve de ir
atrás daquele sujeito?
Levar uma bronca de Edward seria péssimo se não fosse o fato de ele ficar tão
sexy bravo.
–Vai dar tudo certo – Falei afagando seu ombro – Confie em mim.
–Eu confio... Não vai dar tempo de colocar outro vestido, no intervalo você
troca.
–Veja quem está aqui – O produtor rival de Edward falou rindo com
sarcasmo, ao seu lado a garota de cabelo rosa – Qual é o figurino dela?
–Todos adoram sua voz isso que importa – Ele segurou minha mão e voltou a
me arrastar. Pegou o microfone das mãos de um dos assistentes e me
entregou. Lá fora o apresentador anunciava Maroon 5 no palco seguido por
uma série de aplausos e gritos.
–Chegou a hora – Edward disse acariciando meu rosto – Mostre a eles o que
você sabe fazer. Você é incrível Bella, uma das melhores eu acredito no seu
talento e confio que...
Não resisti e lhe dei um abraço, do mesmo jeito que Isabella o abraçaria. Ele
era maravilhoso e eu o amava demais. Meu abraço de urso agora não o
deixava sem fôlego, mas pelo menos consegui um sorriso de seus lábios.
Capítulo 13
Capitulo 12 - Sentimentos revirados
O show havia sido um sucesso. Eu mau podia acreditar que tinha cantado ao
lado de um artista tão incrível quanto o Adam. No inicio senti um pouquinho
de timidez, encarar meu primeiro show super lotado era um desafio e tanto,
mas a platéia me deixou super a vontade, me receberam com carinho,
cantaram minhas musicas junto comigo e inclusiver algumas pessoas levaram
cartazes escritos coisas carinhosas para mim.
Entretanto, na vida nem tudo são flores. Nem eu, nem Edward, nem a
produção sabiamos explicar de onde vinha os ataques contra mim. De uma
hora para outra os meus pôsters espalhados pela rua começaram a ser pichados
com frases como “você é uma fraude” e coisas do tipo. Nossa principal
suspeita era a Tanya e por isso ficamos de olho nela, mas nem mesmo os
ataques eram capazes de ofuscar o sucesso da minha carreira e o que mais me
mantinha satisfeita era saber que Edward estava orgulhoso de mim.
Quando ele notou que eu havia percebido suas encaradas, desviou os olhos, se
remexeu no lugar e bebeu o restante do vinho de uma só vez. À essa altura
meu rosto queimava de tanta vergonha.
–Acho que estou um pouco bêbada – Falei sorrindo – Sentindo uma tonturinha
leve.
–É? – Ele sorriu e se inclinou para perto de mim pegando a taça da minha
mão, nossos rostos ficaram bem próximos... Arfei – Então acho que chega de
vinho por hoje – Ele voltou para o lugar com um sorrisinho maroto nos lábios.
–Pois é, algumas pessoas são muito sensíveis ao alcool e você é uma delas –
Ele piscou e eu dei uma risadinha – Você estava incrível hoje, a apresentação
foi um espetáculo.
–Obrigada.
Ficamos nos olhando por um tempo infinito e então suavemente ele chegou
mais perto de mim, sem nunca desviar os olhos. Sua mão longa e bem cuidada
acariciou meu rosto e depois colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. A
sensação era divina, meu corpo inteiro estava arrepiado e eu tremia
ligeiramente, meu coração batia acelerado e eu respirava ofegante.
–Bella...
Ele sussurrou meu nome com carinho e então numa lentidão torturante
tombou a cabeça de lado e foi se aproximando do meu rosto, os labios rosados
entreabertos, passei a tremer ainda mais forte... Droga, eu não queria morrer
antes de sentí-lo, antes de finalmente beijar o amor da minha vida e então
munida de uma coragem que arranquei do fundo da minha alma, segurei seu
rosto e o puxei para mim colando nossos labios. Com apenas aquele contato
senti como se tivesse sendo eletrocutada, eram tantos sentimentos fervendo
dentro de mim que fiquei até desnorteada. Edward intensificou nosso beijo
enfiando a lingua na minha boca e tocando a minha. Beijar Edward era como
tocar o céu... Era divino, esplêndido. Era o sonho da minha vida se tornando
realidade.
Nós dois estavamos perdidos um no outro e eu podia jurar que ele desejava
aquilo tanto quanto eu... Senti um pouco de ciumes de mim mesma. Será que
isso é possivel? Meu coração estava transbordando de alegria por finalmente
tê-lo, mas também estava triste por saber que era Anabella que ele desejava.
Voltei a beijá-lo com todo o desespero que senti desde que nos conhecemos.
Empurrei minhas insegurançãs e frustrações para longe e me concentrei
apenas em aproveitar o momento com Edward, meu Edward. Eu estava tão
imersa no calor do momento que quando dei por mim estávamos no quarto
dele, eu deitada sobre a cama e ele por cima de mim beijando minha boca,
meu rosto, meu pescoço e deslizando as mãos pelo meu corpo, a sensação era
gloriosa. Meu corpo ficou tenso ao me dar conta do que estava prestes a
acontecer.
–Você... É virgem?
–Está tudo bem – Disse e me deu um selinho – Isso não é problema nenhum.
Pelo contrário só torna tudo ainda mais especial.
–Jura?
–Claro que sim... Mas, por acaso você tem certeza de que quer isso? Quer
mesmo que eu seja seu primeiro?
Ele desceu a cama, atravessou o quarto e foi até o aparelho estéro, ligou-o e
colocou uma musica para tocar “Iris” do Goo Goo Dolls começou a tocar e
então lentamente voltou. Ajoelhou-se aos pés da cama e despiu a camisa. Meu
coração batia tão acelerado naquele momento que pensei que infartaria... Não
consegui deixar de admirar o corpo desnudo dele, os musculos perfeitos e bem
torneados, minhas mãos coçaram de vontade de tocá-lo.
Em todos os momentos ele foi gentil. Cada toque em mim era bem pensado,
calculado e bem executado. Ele se preocupava tanto com o meu bem estar que
parecia nem ligar em satisfazer o próprio desejo. Quando já estavamos nus,
sentindo um ao outro ele me fez carinhos intimos, despertando em mim
sensações jamais sentidas pelo meu corpo inexperiente. Gemidos baixos e
timidos escapavam dos meus labios entreabertos e ele sorria satisfeito ao ouvir
cada um deles aumentando ainda mais as carícias. Quando finalmente pude tê-
lo dentro de mim desfrutei da mais sublime e completa felicidade que poderia
existir no mundo. Houve uma dor incômoda, mas não era nada perto da
sensação de saber que ele era meu e eu era dele. Nós nos moviamos em
perfeita sincronia, nosso encaixe era perfeito, parecia que havíamos sido feitos
um para o outro. Edward sussurrava palavras carinhosas no meu ouvido a todo
momento, beijava-me, apertava-me, acariciava-me e fazia com que eu me
sentisse mulher, sua mulher. No ápice do prazer ele fechou os olhos com
força, mordeu o lábio inferior e gemeu meu nome bem alto levando-me junto
com ele. Ficamos imóveis por um momento acalmando a respiração e nos
recuperando do prazer intenso que vivenciamos e só então Edward saiu de
dentro de mim e deitou-se ao meu lado puxando-me para seus braços.
–Não sabe o quanto sonhei com isso – Ele disse sorrindo beijando minha
cabeça.
–Eu também – Respondi sentido uma lágrima descer pelo meu olho – Você
não imagina o quanto...
Quando acordei pela manhã Edward já não estava mais deitado ao meu lado.
Levantei-me e fui correndo para o banheiro, tomei um banho, escovei os
dentes com a escova dele, catei minhas roupas espalhadas pelo quarto, vesti e
sai à procura dele. Meu coração batia acelerado imaginando se ele estaria
preparando um café da manhã romantico para nós ou alguma surpresa... Eu
estava ansiosa para vê-lo, beijá-lo e dizer o quanto estava feliz.
–O que estava vendo? – Falei brincalhona – Algum filme pornô por acaso.
Ele não sorriu. Pelo contrário, estava com uma carranca esquisita. Ficou de pé
e me encarou.
–Anabella – Disse sério – Sobre ontem a noite... Eu quero, quero que esqueça
tudo que aconteceu. Certo?
Senti uma pontada no peito e um gelo subir pela espinha. Olhei-o espantada.
–Por favor – Ele disse passando a mão nervosamente nos cabelos – Será que
você poderia me deixar sozinho?
Eu estava num estado de torpor tão grande que não tive forças para questionar,
apenas assenti. Peguei minha bolsa jogada no sofá e corri porta a fora. Entrei
no elevador e comecei a chorar compusivamente. Minha mente me dizendo
que ele só havia me usado, como devia fazer com muitas outras. De repente
ele perdera o interesse por mim já que eu havia dado o que ele queria. Não sei
o que me deixou mais quebrada, o fato de ele ser um canalha ou ter me
rejeitado daquela forma. Pensei que nunca mais voltaria sentir aquela dor
esmagadora dentro do peito, mas eu estava redondamente enganada. A dor
havia voltado e dez vezes pior. Eu chorava tanto que mal conseguia ficar de
pé. Quando o elevador chegou ao térreo sai correndo do prédio peguei um táxi
e fui direto para casa sentido meu mundo desabar por causa de Edward... De
novo.
Capítulo 14
(Bônus) Isa...?
( Pov Edward)
Olhei para a garota adormecida ao meu lado. Bella estava com um semblante
incrivelmente lindo e sereno. Um leve sorriso brincava em seus lábios e sua
respiração era tranquila e vagarosa. Ela era linda... E era minha.
Eu mal podia acreditar que a tivera nos braços depois de tanto desejá-la. Estar
com Bella havia sido um tanto diferente do que eu havia imaginado. Pela
forma com que muitas vezes ela tentara me seduzir pensei que toda aquela
meiguice era uma faxada para esconder sua verdadeira natureza safada. Mas,
ao descobrir sua virgindade e desfrutar sua inesperiência todos os
pensamentos horriveis que tinha sobre ela desapareceram completamente.
Bella era pura tanto por dentro quanto por fora e eu me senti um canalha por
duvidar disso.
–Prometo que a farei feliz, Bella – Sussurrei acariciando seu lindo rosto. Ela
se remexeu e ronronou como uma gatinha deixando-me ainda mais encantado.
Sorri e parei de mexer nela antes que a acordasse. Sentei-me na cama com
cuidado e olhei o relógio no criado mudo ao lado de Bella, eram seis horas da
manhã e eu estava bastante atrasado já que tinha uma reunião às 8 com o
pessoal da gravadora. Notei que o meu bloco de notas perto do relógio estava
aberto. Eu não havia mexido nele então só poderia ter sido Bella. Então
movido pela curiosidade me levantei e caminhei até o outro lado da cama na
ponta dos pés para não acordá-la e peguei o bloco de notas para dar uma
espiada, era errado, mas a curiosidade estava me matando.
Capítulo 15
Verdades que machucam, feridas que não cicatrizam.
-Isabella estou falando sério! Se você não atender esse telefone agora eu vou
até ai te dar uns puxões de orelha! Eu sei que você está no apartamento eu
liguei para o sindico e ele me confirmou que você não saiu... Então porque
não quer me atender? Eu estou muito preocupada, atenda esse telefone ou vai
se ver comigo!
Aquela já era a décima primeira ligação de Alice, ela devia mesmo estar
muito brava comigo. Como eu podia atender o telefone e dizer que estava tudo
bem quando na verdade não estava? Eu estava morrendo de vontade de correr
para o colo da minha melhor amiga e chorar as minhas mágoas, mas não
podia. Alice já tinha problemas demais para se preocupar e sinceramente eu
também não estava a fim de ouvi-la me dando sermões e me dizendo para
esquecer o Edward... Ah Edward... Como era possível ter o coração quebrado
tantas vezes pela mesma pessoa? E como era possível continuar amando essa
mesma pessoa com todo o desespero do mundo? Isso era horrivel era...
Doentio.
Novamente o telefone começou a berrar, deixei tocar até cair na secretária
eletronica.
-Bella – Não era Alice era Edward, sentei-me depressa no sofá para escutar
melhor - O Phill organizou um evento de publicidade hoje na gravadora e
você tem que comparecer. Será às 19:00 horas, não se atrase.
Voltei a deitar no sofá e chorei até pegar no sono. Quando acordei o
apartamento já estava todo escuro. Sentei-me depressa, liguei o abajur e olhei
as horas no relógio que marcava 20:30 hs.
Eu não tinha a mínima vontade de ir a festa alguma. Não queria ter que
encarar Edward, mas eu havia lutado muito por aquela carreira e não podia
jogá-la no lixo só porque levara um fora do amor da minha vida. Ser cantora
era o sonho da minha vida, por isso eu ia pensar com a cabeça e não com o
coração.
Tomei banho depressa e escolhi um vestinho roxo tomara que caia, um
louboutin preto e prendi os cabelos num coque firme. Precisei fazer uma
maquiagem bem pesada para esconder meu rosto inchado. Quando fiquei
pronta tomei um analgésico para a dor de cabeça, criei coragem e fui para a
gravadora.
Edward estava lindo de morrer numa camisa social preta, terno cinza e
sem gravata.
-E você precisa de um motivo para ser festejada? – Ele riu – Você salvou
nossa gravadora Anabella... Decidimos que havia passado da hora de
comemorar.
-Aproveite a festa, Bella – Ele disse me olhando nos olhos – Tenho certeza de
que vai se divertir muito.
E então Edward saiu e me deixou sozinha... Por acaso ele era louco?
Primeiro me levava para a cama, depois me dispensava com a maior frieza e
agora me dava uma festa?
Fui até o bar e pedi uma dose forte de martini. Quando o barman me
entregou bebi tudo de uma vez só, sentindo o liquido queimar minha garganta.
-Foi – Dei de ombros e pedi outra dose ao barman – O que tem demais?
-Você está mentindo – Ela disse estreitanto os olhos – Te conheço muito bem
e sei que está mentindo, mas se não quer me contar tudo bem.
-Alice...
-Não vou te forçar a nada... Quando você quiser se abrir estarei aqui para te
ouvir.
-Também te amo! Mesmo você tendo se tornado uma super star metida a
besta!
Há muito tempo eu não me divertia daquele jeito. Alice era ótima em
fazer as pessoas se esquecerem de seus problemas e comigo estava
funcionando muito bem. Por um momento eu me desliguei do mundo e me
concentrei apenas em curtir a dança com a minha melhor amiga.
Vez ou outra meu olhar se encontrava com o de Edward que estava sentado
no bar me encarando o tempo todo. Depois da nossa noite de amor algo havia
mudado dentro de mim... Antes como Isabella eu o amava apenas com um
amor puro e singelo, mas depois de estar nos braços dele como Anabella eu
passara a amá-lo com paixão e desejo... Meu corpo inteiro se acendia toda vez
que eu o via me olhando de cima a baixo.
- Você e o Edward parecem a ponto de se atacar – Alice disse rindo – Se eu
não conhecesse a história de vocês diria até que já transaram.
-Você não cansa de tentar aparecer não? – Alice bufou – Você já era... Puft
acabou, some das nossas vidas!
-Já disse que quero falar com a Anabella e não com... Seja lá quem você é!
-O que? Pois fique sabendo que eu sou a melhor amiga dela, ok?
-O que quer falar comigo? – Entrei no meio antes que Alice partisse para cima
dela.
-Que surpresa?
Então a multidão começou a abrir caminho para alguém passar. Tanya foi
até a pessoa e a trouxe pela mão. Meu coração se acelerou, tive uma vertigem
e quase desmaiei quando vi que era o meu pai.
-Trouxe isso para você – Ele disse me entregando uma das suas bonecas, eu só
conseguia encará-lo perplexa.
Meus olhos se desviaram para onde Edward estava. Ele observava tudo com
muita expectativa. Engoli em seco e voltei a encarar meu pai... De alguma
forma Tanya havia descoberto que eu era Isabella e agora estava tentando
arruinar a minha carreira... Eu não podia deixar aquilo acontecer... Não podia.
-Eu...Eu...
-Me solta... Me solta! – Sem querer acabei empurrando-o e ele caiu no chão.
Imediatamente Edward veio correndo até onde estávamos. Levantou meu
pai do chão e o segurou pelo colarinho da camisa, sacudindo-o.
Ela correu até meu pai e o segurou pela mão levando-o embora dali. Meus
olhos ardiam por causa das lágrimas, mas eu não permiti que caissem... Eu
não podia chorar... Não podia. Edward caminhou até mim e me encarou sério.
-Não – Respondi por fim desviando os olhos para o chão – Não conheço...
Deve ser apenas um fã...
-Pensei que depois de tudo aquilo você já tinha ido embora – Ele disse
impassivel – Você já tinha que estar em casa. Vamos viajar cedo amanhã para
seu show no Texas.
-Não precisa me dizer nada – Ele olhou para mim, dentro dos meus olhos – Eu
já sei de tudo... Isabella.
Meu corpo inteiro estremeceu... Minhas suspeitas eram verdadeiras, ele
já sabia de tudo...
-Não se preocupe – Ele disse voltando a encarar o vidro – Ninguém mais sabe.
A Tanya me ajudou, mas apenas suspeita, ainda não sabe com certeza. Nem
eu sabia até encontrar aquilo ali – Ele apontou uma pasta em cima da cadeira
– Veja você mesma.
Relutante peguei a pasta e abri. Meu coração palpitou ao ver minha
antiga partitura completamente rabiscada pelas minhas carinhas felizes e pelos
simbolos de hakuna matata.
-Por acaso... Por acaso você já sabia que ele era meu pai?
-Sim – Ele suspirou – Esta noite eu dei uma chance tanto a Isabella quanto a
Anabella... Queria saber quem de fato você era, alias queria saber em quem
havia se transformado– Ele balançou a cabeça – Agora eu já sei. Isabella
nunca deixaria o pai ser maltratado e humilhado daquele jeito. Mas, foi até
melhor assim... Afinal, quem tem um contrato é Anabella e não Isabella.
Aquilo me atingiu bem fundo no peito. Ele tinha até certa razão, mas não
sabia o quanto aquilo havia me ferido. Meu pai era e sempre seria tudo na
minha vida, mas eu precisava da minha carreira para cuidar dele. Sem o
dinheiro absurdo que eles cobravam na clinica ele jamais teria o tratamento
adequado. Comecei a tremer e chorar... Mais uma vez meu coração havia sido
partido... Partido nada, daquela vez ele estava sendo fatiado.
-Oh – Suspirei – Então eu sou apenas um produto? Isabella era uma inútil,
mas Anabella vale uma fortuna. É isso? Pois saiba que o fato de não ter sido
sincera com você desde o inicio têm acabado comigo... Mas, agora vejo como
fui tola – Limpei as lágrimas que caiam sem parar – Sei que isso não tem nada
a ver, mas quero saber de uma coisa... Por que você ficou com o meu
cachorro, Edward? Como refém? Você me ameaçaria a tê-lo de volta caso eu
retornasse?
-Já basta...
-Agora que já sabe de tudo quero respostas! Por acaso ainda me acha
repulsiva mesmo depois das plásticas?
-Eu farei o seu show – Falei limpando mais uma vez as lágrimas – E farei
muito bem, mas quero que se livre de tudo isso.
-Não aguento mais! Não aguento mais. Essa não sou eu – Falei encarando
meu reflexo no vidro da estante – Não sou eu... Eu não sei mais quem sou eu...
Não sei...
Minha fúria era tanta que num ato insano acabei socando o vidro
rachando-o ao meio e abrindo um corte profundo na minha mão. Logo o
sangue começou a pingar no chão. Meu corpo todo tremia e eu não parava de
chorar.
-Ah meu Deus – Edward correu até mim e cobriu minha mão com um lenço
que tirou do bolso.
-Estou bem – Falei encarando-o – Não está doendo. Esse corte nem se
compara com o que senti na cirurgia... – Balancei a cabeça – Eles cortaram até
os meus ossos... Então isso não é nada comparado ao que passei para ficar
assim. Mas, apesar de tudo sabe o que dói mais? – Solucei – O meu coração...
Nossa eu nem imaginava que um dia ele podia doer tanto assim...
-Eu...
-Me diz porque – Ele perguntou num fio de voz – Por que foi embora e se
submeteu a tudo isso?
-Mas eu amava!
-Não! Não do jeito que eu queria! Você me amava como sua amiga... Sua
maldita amiga gorda e feia!
-Eu jamais imaginei que você me amasse como homem... Sempre pensei que
fosse apenas amor fraternal e construi nossa amizade em cima disso!
-Para de falar isso! Eu sempre amei a Isa... Sempre! Ela era a pessoa mais
especial do mundo para mim!
-E porque só comigo que você ficou? Hein? Foi pelo meu corpo?
-Não fale assim! Nunca mais diga isso! Eu morro de raiva toda vez que se
refere a Isa desse jeito!
-Mas não deveria já que essas palavras são suas! Você mesmo disso isso a
Tanya!
-O que disse?
-Isso mesmo. Eu ouvi sua conversa com a Tanya na sua festa de aniversário
do ano passado... Ouvi claramente o quanto você me desprezava!
-Aquilo... Então... Então foi por isso que você foi embora sem se despedir?
Por isso que sumiu por todo aquele tempo?
Edward segurou meu rosto entre as mãos, ele estava tremendo.
-Oh meu Deus... Você entendeu tudo errado... Eu juro que nada daquilo era
verdade! Eu só disse aquilo para a Tanya te deixar em paz... Juro que
nenhuma daquelas palavras eram verdadeiras.
-Por favor...
-O que?
-Vou facilitar – Respirei fundo e o olhei no fundo dos olhos – Você teria ido
para a cama com a Isabella?
-Isa...
-Eu sabia – Me desvencilhei dele- Aquela gorda horrorosa jamais teria chance
alguma com você...
-Por favor...
Caminhei depressa para a porta, mas antes de sair olhei bem para o amor
da minha vida.
Capítulo 16
Quando as coisas se ajeitam
Logo após a discussão terrível com Edward e de ter meu coração novamente
destroçado, sai correndo do estúdio de gravação fui para o estacionamento.
Queria ir embora dali o mais rápido possível. O sangue que corria da minha
mão ia pingando conforme eu corria, mas eu não estava me importando muito
com isso.
–Bella! Espera! – Ouvi Edward me chamando aos gritos. Continuei meu
caminho sem olhar para trás.
–M-Me deixa.
–Pelo amor de Deus – Ele me segurou pelos ombros – Por favor deixe-me
levá-la ao hospital. Você está sangrando demais.
–Não está doendo – Sussurrei baixinho – Acho que nada mais pode me fazer
sentir dor... Você esgotou toda a minha cota.
Eu sabia que estava sendo muito melodramática... Mas o que eu podia fazer?
Era o que estava sentindo.
–Eu não vou ficar tranquilo enquanto você não curar essa mão.
–Hei pessoal – Phill nos chamou aparecendo sei lá de onde – O que estão
fazendo aqui fora? Caramba – Exclamou ao ver o sangue em minha mão – O
que houve?
–Ela se machucou – Edward respondeu por mim. Àquela altura minha voz
havia desaparecido completamente.
–Temos que levá-la ao hospital – Phill disse.
–Sim.
–Só vou se você não for – Falei para Edward, ainda sem encará-lo.
–Certo – Phill riu – To sentindo um clima bem esquisito no ar... Bom, vamos
lá minha estrela. Temos que curar suas mãozinhas de princesa.
Desde que passei por todo o processo da cirurgia plástica prometi a mim
mesma que nunca mais pisaria num hospital de novo e se ficasse doente daria
um jeito de ser atendida em casa. Infelizmente não pude cumprir a promessa.
–Você é aquela cantora famosa, né? – Ela voltou a falar – Minhas sobrinhas
amam a sua música... Elas não vão acreditar que eu cuidei de você... Será que
podia dar um autógrafo para elas?
–Mirela e Sônia.
Escrevi uma dedicatória bonita e assinei “Anabella” embaixo. Será que elas
ficaram muito decepcionadas quando descobrissem que eu era uma farsa?
Voltei para a recepção e vi Phill falando ao telefone, supus que fosse Edward
perguntando onde nós estávamos e como eu não queria vê-lo, dei um jeito de
sair do hospital pelos fundos, peguei um táxi e fui para casa.
Tudo que eu precisava naquele momento era ficar sozinha. Por isso quando
cheguei em meu apartamento, Tomei banho e desliguei todos os telefones para
evitar qualquer ligação indesejada. Estava me dirigindo para o quarto quando
ouvi a campainha sendo tocava repetidamente. Tapei os ouvidos desejando
que a pessoa fosse embora e parasse de me incomodar, mas ao contrário disso
continuou apertando o maldito botão, provavelmente acordando todos os
vizinhos, mas mesmo assim não atendi. Quando finalmente parou de tocar
pensei que estava livra, mas então a pessoa começou a bater na porta... Na
verdade diria que estava socando-a.
–Você está ai? Me deixe entrar – Ouvi a voz dele e senti uma pontada de dor
no estômago. Edward era a última pessoa que eu queria ver naquele momento,
mas ainda assim caminhei até a porta, me sentei no chão e escorei-me na
parede.
–Por favor – Ele implorou – Eu só preciso saber se você está bem... Me deixe
saber se você está bem.
Eu não estava nada bem, mas não lhe respondi. Ainda no estado de torpor em
que me encontrava – como se tivesse tomado doses cavalares de calmantes –
Me levantei e fui para o quarto, me joguei na cama e fiquei encarando o teto.
Por incrivel que pareça meu coração não doía mais. Acho que passei tanto
tempo sofrendo que todo o meu estoque de dor fora utilizado e tudo que
restara fora um vazio... Um vazio tão grande quanto um buraco negro no
espaço. Sentia que faltava um pedaço em mim e temi nunca mais ficar inteira
de novo.
[...]
Passei dias trancada em casa, mal comia ou bebia. Alice me visitou algumas
vezes e contei a ela tudo que havia acontecido, ela cuidou de mim por todo o
tempo que pôde, afinal ela também tinha uma vida... Ou pelo menos estava
começando a construir uma já que conhecera um rapaz na festa e estava de
rolo com ele... Bom, fiquei feliz por ela ter superado o canalha que quase a
matou.
A minha sorte fora os cinco dias de folga que Phill havia me dado por causa
do corte, pois assim poderia curtir minha fossa em paz. Eu não tinha a ilusão
de que ele gostava de mim e estava preocupado, com certeza toda aquela
gentileza era apenas para preservar a “estrela” que mantinha sua gravadora de
pé. Era só nisso que todos eles pensavam: Dinheiro. O lado bom era que sua
ganância me rendera uns dias longe de Edward, eu ainda não estava pronta
para encará-lo de novo... Pelo menos não como a Isabella presa no corpo da
Anabella.
–Até que enfim chegou – Phill disse ríspido, visivelmente irritado assim que
entrei. Todos já estavam lá.
–Não seja tão grosseiro – Edward o repreendeu e o som rouco de sua voz fez
meu coração estúpido acelerar... Burra, mil vezes burra, era isso que eu era!
Phill suspirou.
–Sente-se, garota.
–Bom – Phill pigarreou – Vamos começar, serei rápido e objetivo. Tome – Ele
me estendeu uma folha de papel.
–Mas... Isso...
–C-Como?
Não me contive e lhe lancei um rápido olhar magoado. Ele não se abalou,
continuou sério.
–Por quanto tempo pensou que fosse nos enganar? – Phill ralhou tomando o
papel da minha mão – Por acaso acha que somos palhaços?
–Não... Eu...
–Sorte sua que somente nós três sabemos disso... Pelo menos por enquanto.
Vamos cancelar o show e abafar esse caso.
–Eu não acho que seja uma boa ideia - Edward comentou – Isso não é justo
com os fãs lá fora... e ainda tem o prejuízo de todo o dinheiro gasto... Está
muito em cima da hora para cancelar.
–Sim. Acho a melhor opção... Eu sinto muito por toda essa confusão,
assumirei todas as responsabilidades.
Encarei-o chocada.
–O quê? – Phill bradou – Está falando sério? Vai mesmo fazer isso? – Ele riu
amargo – Você é um estúpido! Cancele essa porcaria de show agora!
–Phill... Eu posso subir lá no palco e dizer que não estou me sentido bem e... –
Ele pegou o copo de água que bebia e jogou na minha cara – Cala a boca sua
vadia mentirosa que eu não falei com você!
–Seu cretino! – Edward gritou se levantando – Não fala assim com ela!
–Você não vê que a pessoa que nos enviou isso pode ter enviado também para
a imprensa? Se não cancelarmos esse show agora eles podem acabar contanto
para todo mundo e seremos todos linchados! Aqui diz claramente que ela fazia
dublagem para a Tanya! Isso vai arrasar conosco!
–Dá mais uma olhada – Ele tirou um papel do bolso e jogou sobre a mesa –
Você conhece esse contrato de trás pra frente! Tem certeza que vai dar conta
de todo o prejuízo, Edward? Vai conseguir arcar com os processos que abrirão
contra nós? Esse povo lá fora pagou para ver Anabella e não uma farsante!
Então te aconselho a pensar muito bem na minha proposta. Ou você cancela
essa porra de show ou ela vai ter que fazer aquele serviço para garantir meu
dinheiro caso a gravadora vá para o espaço.
–Pelo menos uma coisa boa você fez que foi acabar com aquela pança de
baleia assassina que tinha. Agora você está até gostosa, então para garantir
meu dinheiro irá pousa nua para a playboy e relevar esse belo corpinho
plástico para o mundo! Vamos lucrar enquanto não descobrem que você na
verdade era um monstrinho que se escondia debaixo do palco.
Phill olhava para Edward em choque, provavelmente era a primeira vez que o
via com tanta raiva, assim como era para mim.
–Vamos – Ele o sacudiu – Peça desculpas ou eu te arrebento inteiro.
Phill seria louco se não obedecesse. Edward era muito maior que ele, muito
mais musculoso e naquele momento estava assustadoramente perigoso.
–Desculpe Isabella!
Ele veio até mim, segurou minha mão e me arrastou para fora da sala.
–Você vai fazer esse show e será um sucesso. Acho que foi Tanya que enviou
esse arquivo, mas vou dar um jeito nisso.
–V-Você acha... Você acha que eu vou ter mesmo que... Que fazer aquilo?
–De jeito nenhum – Senti sua mão apertar a minha com mais força – Não vou
deixar que ele te obrigue a se expor! Sem chances!
Só quando funguei que percebi que estava chorando. Edward parou de andar e
segurou meu rosto em suas mãos.
–É uma longa história – Suspirei – Mas para resumir... Phill descobriu que sou
Isabella.
–Mas ela...
–Ok – Sussurrei.
–Eu trouxe o seu pai... Se você não se importa – Minha amiga comunicou.
–Ele gosta de te ouvir cantar – Ela deu de ombros e piscou – Quem não gosta,
não é?
Não olhei para ele... Meu coração ainda estava fragilizado e um simples olhar
me faria despedaçar na frente dele e a ultima coisa que eu precisava naquele
momento era voltar a chorar.
–Vai dar tudo certo... Eu estou com você, não vou deixar nada de mal te
acontecer...
Assenti e caminhei com ele para fora do camarim. Comecei ao ouvir o som
das pessoas gritando meu nome... Da banda tocando e quando o assistente de
palco me entregou o microfone notei que estava tremendo.
–Edward...
–Estou aqui – Ele segurou minha mão e me ajudou a entrar no elevador que
me levaria para cima do palco – Vai dar tudo certo.
–Promete?
–CHEGA! – Gritei com toda a minha força e minha voz saiu estridente pelos
alto falantes, ecoando por todo o local.
–Eu não posso... – Sussurrei, mas como estava com o microfone super alto
todos ouviram – Não posso... – Já chorando olhei para o público embasbacado
– Me desculpem... Sinto muito de verdade.
Desatei a falar tudo que me estava preso na garganta. Eu estava tão cansada,
não aguenta mais aquilo...
–Eu não sou Anabella, a linda cantora que vocês pagaram para ver – Falei
entre soluços – Sou Isabella... A Isabella esquisitona.
– Eu era... Eu era feia, feia e gorda – Continuei meu discurso sem me importar
com as consequências, precisava desabafar – Ninguém nunca quis me
contratar porque eu estava fora dos padrões de beleza. Minha voz não
importava, mas sim minha aparência. Foi então que comecei a cantar para
outra pessoa, escondida debaixo do palco... Isso era... Era tão humilhante –
Solucei – Então resolvi fazer cirurgia plástica no corpo inteiro, da cabeça aos
pés.
Não consegui mais falar. Comecei a chorar descontroladamente. Foi então que
comecei a ouvir uma voz... A minha voz cantando “Imagine”. Todo mundo
apontou para trás de mim e me virei, deparando-me com o vídeo de minha
primeira audição, ainda como Isabella... A gordinha tímida.
–Sou eu... – Sussurrei sorrindo em meio ao choro – Essa sou eu – Falei mais
alto para o público ouvir. Olhei para o lado e vi Edward sorrindo-me
carinhoso. Foia ele... Foi ele quem colocou o vídeo.
–ESTÁ TUDO BEM – Alguém gritou bem alto da platéia e de repente todos
começaram a repetir.
–Anabella não existe mais – Falei – Mas se vocês quiserem ouvir essa gorda
esquisita e horrorosa cantar...
–Ed...Edward...
Ele me virou para ele e acariciou meu rosto com a ponta dos dedos.
–Isa... Você é linda, por dentro e por fora. Eu não sei cantar mas... – Ele sorriu
– Vou recitar o refrão de uma música que você conhece e que diz tudo sobre
você...
Eu estava num estado de torpor tão grande que não conseguia dizer nada, nem
fazer nada. Portanto fiquei apenas observando. Edward limpou uma lágrima
que correu pelo meu rosto e sorriu carinhosamente, pigarreou e começou a
falar.
–Quando eu vejo o seu rosto, não há nada que eu mudaria... Pois, você é
incrivel do jeito que você é. E quando você sorri, o mundo inteiro para e fica
olhando por um tempo, pois garota, você é incrivel do jeito que você é!
Voltei a chorar ouvindo-o recitar o refrão da música “Just the way you are” do
Bruno Mars. Eu mal conseguia respirar...
–Isa – Ele disse suavemente – Eu poderia recitar a música inteira e dizer que
seus olhos fazem as estrelas parecerem que não têm brilho, que seu cabelo
recai perfeitamente sem você fazer nada... Que eu poderia beijar seus lábios
todos os dias se me permitisse e que sua risada que tanto odeia é tão sexy... –
Ele sorriu – Mas, tem outras coisas que quero dizer... Começando pelas
desculpas, me perdoe por ter sido um tolo, por não ter percebido que me
apaixonei por você desde a primeira vez que te vi... Por ter confundido meus
sentimentos com amizade e por ter ficado tão confuso no nosso último
encontro. Você me perguntou quem eu amava, se era a Anabella ou a Isabella
e agora eu sei a resposta, na verdade sempre soube. Eu amo você Isa... Sempre
amei e sempre vou amar, porque você é a pessoa mais incrível que conheci na
vida e eu nunca me cansaria de te dizer isso... Não importa se é cheinha ou
magrinha, isso nunca importou. Me perdoe por todo mal que eu te fiz... Eu...
Eu te amo!
O mundo inteiro parou naquele instante. Eu já não ouvia mais o barulho das
palmas e a gritaria das pessoas, nem enxergava mais nada além de Edward...
Ele disse que me amava, eu Isabella e não a farsante. Como eu poderia não
perdoá-lo? Eu estava tão feliz e tão eufórica que nem percebi quando ele me
envolveu nos braços e beijou-me apaixonadamente.
Não sei por quanto tempo ficamos nos beijando, só sei quando paramos eu
estava sem ar. Mas, todo o medo, a dor e aflição haviam me abandonado e só
sobrara a leveza da paz e da felicidade. Edward me deu mais um selinho antes
de se afastar e eu resolvi que precisava terminar o show.
Naquela noite cantei num palco como Isabella pela primeira vez na vida e foi
tão perfeito que por várias vezes pensei estar sonhando.
[...]
Bom, como toda história tem um final. Eis aqui o meu ( feliz como deve ser).
Depois do escândalo da minha revelação a gravadora foi processada por fralde
e eu por falsidade ideológica, mas como os advogados foram muito bons
conseguiram que pagássemos apenas uma boa indenização e o caso foi
encerrado. Para ajudar Phill com os prejuízos – E também porque ele pedira
desculpas sinceras- Continuei na gravadora, mas com o contrato assinado
como “Isabella”. Lancei meu CD e logo estourei nas paradas de sucesso
novamente, dessas vez do jeito certo. Tanya também teve o que merecia,
nunca mais conseguiu um emprego no ramo artístico.
Acho que um dia tudo acaba entrando nos eixos e minha vida não podia estar
mais... Perfeita. Eu tinha meus shows, meus fãs e o meu grande amor. Íamos
nos casar depois da minha turnê e eu não podia estar mais feliz, pois o
sentimento que eu carregava por Edward era tão forte e tão grande que mal
cabia em mim. Acho que eram uns... Duzentos quilos de amor.
___//___
(Pov Edward)
Minha Isa era tão linda... E era só minha. Eu mal podia acreditar que tinha
demorado tanto tempo para perceber que aquela era a mulher da minha vida.
Felizmente acordei antes que fosse tarde demais.
–Dá tchau pro papai – Ela disse ao pingo acenando com a patinha dele. Pude
ouvi-la pelo alto falante, já que ela estava na cabine de gravação. Eu tinha
levado nosso cachorro para o ensaio porque estava meio adoentado.
–Quê?