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Monólogo (ator/atriz) / Mad Men, 6° Temporada, Episódio 12

“Todas as agências que você encontrarem parecerão qualificadas a anunciar o chocolate Hers-
heys porque o produto em si é um dos mais vitoriosos de todos os tempos. Cada um nesta sala
tem uma história para contar. A minha foi com meu pai me levando à farmácia depois de eu
ter cortado a grama e dizendo que eu podia escolher qualquer coisa. E tinha muita coisa. Mas
eu escolhi uma barra de Hersheys. E quando eu rasguei, meu pai passou a mão no meu cabelo
e para sempre o amor dele e o chocolate ficaram ligados. É esta história que vamos contar.
Uma barra Hersheys é a moeda do afeto. É o símbolo do amor na infância. (Tempo) Me descul-
pem, eu preciso dizer uma coisa. Eu sou órfão, eu cresci na Pensilvânia, em um bordel. Eu li
sobre Milton Hershey e a escola dele em uma revista pornô ou outro periódico que alguma
garota deixou no banheiro. E li que alguns órfãos tinham uma vida diferente lá. Eu podia ima-
ginar. Eu sonhava com aquilo, em ser querido. Porque a mulher que foi obrigada a me criar me
olhava todo dia torcendo para eu sumir. O máximo de me sentir querido que consegui foi
quando uma garota me fez mexer nos bolsos de um cara enquanto transavam. Se pegasse
mais de um dolar, ela me comprava uma barra de Hershey. E eu comia sozinho no meu quarto,
com toda cerimônia, me sentindo uma criança normal. Na embalagem dizia ‘doce’. Era a única
coisa doce na minha vida.”

2. Monólogo (Ator) / RODRIGUES, Nelson. A Falecida. In: Nelson Rodrigues: teatro completo.
Rio de Janeiro: Aguilar, 2003, p. 768-679.

“Sim, porque, geralmente, antes do principal, sempre há uma conversinha, um namoro, um


romance… E, com a Zulmira, não houve nada disso… Ah, eu me lembro como se fosse hoje.
Direitinho. Foi mais ou menos há um ano. Sabe aquela sorveteria da Cinelâdia, que fica perto
do “Odeon”? (…) Pois é. Entrei na sorveteria e… Fui lá dentro… mas em vez de empurrar a por-
ta dos “Cavalheiros”, empurrei a porta das “Senhoras”. Abri assim e dou de cara com uma do-
na que estava na pia, lavando as mãos… Eu ia voltar atrás, mas ah! Não sei o que houve comi-
go! Deu-me a louca e já sabe: atraquei a Fulana, em bruto. Quer dizer: não houve um “bom
dia”, um “boa noite”, não houve uma palavra entre nós, nada.”

3. Monólogo (atriz) / Scandal, 3° Temporada / Episódio 6

“Tem uma coisa que minha avó costumava fazer sempre que eu começava a sair com alguém.
Eu dizia o nome dele para ela e ela perguntava: ‘Ah, em que parte da cidade ele mora?’. Era a
maneira dela de perguntar se ele era branco. Sim, minha avó era bem racista. Então eu sei
como é a cara do preconceito. Então esta conversa não é sobre experiência, meu caro, é sobre
gênero. O governador dizendo que eu não tenho culhão para ser presidente, ele está dizendo
isto literalmente. É ofensivo. É ofensivo comigo e com todas as mulheres a quem ele está pe-
dindo votos. E não é só o governador falando em código sobre gênero, é todo mundo,
incluindo você. A única razão pela qual estamos fazendo esta entrevista na minha casa é
porque você a solicitou. Isto foi sua ideia e, mesmo assim, você está aqui me agradecendo por
ter te convida-do à minha ‘casa adorável’. Isto é o que você diz para a sua vizinha que te
preparou biscoitos de chocolate. Esta jarra de chá gelado nem é minha, foi seu produtor que a
colocou aqui. Por quê? Pela mesma razão que te fez me chamar de ‘Cinderela’ da vida real.
Isto relembra as pes-soas de que eu sou uma mulher, sem usar esta palavra. Para você é só
uma abordagem, eu entendo isto. E eu tenho certeza de que você considera isto inofensivo.
Mas sabe de uma coisa? Não é! Você está promovendo estereótipos, meu caro. Você está
avançando com a ideia de que mulheres são mais fracas do que os homens. É hora de acabar
com isto!”
4. Monólogo (Atriz) / WILLIAMS, Tennessee. Um Bonde Chamado Desejo. São Paulo: Abril
Cul-tural, 1980, pp. 156-157.

“Não. Era um menino. Apenas um menino, quando eu era ainda muito jovem. Aos dezesseis
anos fiz uma grande descoberta – o amor! Foi tudo tão simples, tão completo. Foi assim como
se acendesse uma luz intensa, num lugar que estivesse sempre no escuro. Foi assim que ele
iluminou esse mundo para mim. Mas não tive sorte. Desiludi-me logo. Havia nele qualquer
coisa muito estranha… Um nervosismo, uma doçura, uma delicadeza que não eram próprios
de um homem – se bem que ele não tivesse nada de efeminado. Mas havia qualquer coisa…
Ele me procurava em busca de ajuda. E eu não sabia disso… Foi então, que eu percebi que o
havia enganado de uma maneira misteriosa e que eu não lhe estava dando ajuda de que ele
necessi-tava, mas da qual não podia falar! Ele estava num atoleiro e agarravase a mim. Mas eu
não o estava puxando para fora. Eu estava afundando com ele. E eu não sabia de nada (…).”

5. Monólogo (ator/atriz jovem) / Misfit, 1° temporada – episódio 6

“Ela fez vocês pensarem que é assim que deve ser, mas não é! Nós somos jovens! Nós
devemos beber muito! Nós devemos ser mal educados e transar muito! Nós fomos feitos para
festejar! É isto! É, alguns de vocês vão ter uma overdose ou vão ficar malucos… Mas Charles
Darwin disse: ‘Não se pode fazer uma omelete sem quebrar ovos.’ E este é o lance… quebrar
ovos! Com ‘ovos’ quero dizer ficar bêbado num coquetel de gente rica! Se vocês pudessem se
ver… É de partir o coração, vocês estão usando cardigãs! A gente tinha tudo. Fizemos mais e
melhores merdas do que todas as gerações que vieram antes da gente. Nós éramos lindos!
Nós somos desajusta-dos! Eu sou desajustado! E eu pretendo ser desajustado até meus vinte e
tantos anos, talvez até uns trinta e poucos anos. Eu faço o que eu quiser antes de deixar que
ela, ou qualquer um, tire isto de mim!”

6. Monólogo (atriz 20-60 anos)/Frank Edwards – “How to be a Bitch”

“Não faça isso! Não abra essa caixinha de presente! Não me peça para casar com você.
Não posso deixar você fazer isso comigo!
Antes de te conhecer eu costumava ser uma vadia. Verdade! Todos no trabalho me considera-
vam uma tremenda piranha. Ninguém realmente gostava de mim. Aquelas pessoas que eu
apresentei para você como meus amigos,de facto, não eram meus amigos. Eles estavam com
medo de mim!
Antes, eu nunca disse por favor ou obrigado num restaurante. Nunca gargalhei ou sorri das
piadas de ninguém. Pelo contrário sempre fui rápida com os insultos e ofensas!
Agora tenho esses sentimentos, esses impulsos para doar a instituições de caridade, distribuir
sopa aos sem-teto, dar abraços a pessoas humildes, ajudar velhinhas a atravessar a rua e por aí
vai!
Você não vê!?
Você não vê que me transformou numa pessoa agradável!
E o que realmente me assusta é que você vai abrir essa caixa e perguntar-me se eu quero ca-
sar com você, e eu vou aceitar, putz! Vou apenas dizer “sim”, e então terei de ser boa alma
para o resto da minha vida! Isso é horrível! Péssimo!
Pelo amor de Deus, coloque essa caixa de volta no bolso. O planeta já tem milhões de pessoas
agradáveis – ele não precisa de mim! Eu sou uma safada e é assim que quero permanecer …
desse jeito!
Não estou pedindo …não!
Estou te implorando:
Por favor … não case comigo!

7 – HOMEM

(Com ironia) Ò Cára, porra!

Tu vem aqui, me pedir ajuda sempre que tá na merda mas, quando está numa boa desaparece,
não atende ninguém, só olha p`ra tu mesmo, né! Agora, que estourou a merda lá na Delegacia
também tá difícil pra você, né!? Aí tu aparece, humilde, atencioso com um sem número de
palavras bonitas etc & tal … Porquê? Porque me considera seu amigo!? Porra
nenhuma! Precisa de mim! (Com ironia) Precisa do Nordestino, ou melhor, do Paraibinha, do
“Carne-Seca”! Olha aqui p`ra tu (Faz gesto Obsceno).

Deve ser foda mesmo, você aí, todo playboy… chega alguém, uma menina, lá da escola,
gostosinha, filhinha de não sei quem, e você vai apresentar o amigão aqui, sentado no meio
fio, mal vestido, todo noiado, todo fodido… deve ser triste, mesmo. Você, passa batido, nem
me conhece, ou não é?

– Aquele ali, ó, é um fodido, um pobre coitado… (Reação do amigo).

Não faz essa cara de: “Meu Deus, onde é que ele foi se meter”! Vou te contar uma coisa que
eu descobri: a rua é sinistra, é suja, é barra pesada, mas tem uma coisa que não tem em
qualquer outro lugar, não! Aqui em não tenho que fingir nada. Aqui a gente só finge pra
polícia, pro resto… eu sou o que sou e foda-se…

Desaparece da minha frente!

Vaza!

(Anônimo – Boca do Lixo)

8–

POUCO ANTES DO MEU NASCIMENTO MINHA MÃE FOI TOMADA POR UM GRANDE
ABATIMENTO MORAL. VIVIA TÃO TRANSTORNADA QUE SÓ PODIA SE ALIMENTAR DE OSTRAS E
CHAMPANHE GELADOS. SEU TRANSE ERA DOLOROSA DEMAIS. ELA VIVIA COMENTANDO:
“ESSA CRIANÇA NÃO PODE SER NORMAL!” ELA ESPERAVA QUE LHE NASCESSE UMA CRIATURA
DE CIRCO; UM VERDADEIRO MONSTRO. QUANDO LHE PERGUNTARAVAM PORQUE TEMIA
TANTO PELO FUTURO DE ALGUÉM QUE, NEM AO MENOS NASCERA, NÃO SABIA COMO
RESPONDER.

MAS HOJE EU SEI O QUE A DEIXAVA TÃO ANGUSTIADA. MINHA MÃE DE ALGUMA MANEIRA
ADIVINHARA O MEU TRÁGICO DESTINO: O FILHO QUE ELA TRAZIA NO VENTRE NÃO IA SER
UMA CRIATURA QUALQUER, POIS NO FUTURO SERIA O QUE AGORA EU SOU: ARTISTA E
MULHER, CONDIÇÃO DA QUAL MUITO ME ORGULHO!

9 – (A. S. “Isadora & Oswald)

Lú! Sacanagem o que a vida fez com a gente…Caramba, tinha que ser comigo essa merda?
Tinha que ser com a gente? Eu te amo Lú, você é minha melhor amiga…é a irmã que eu não
tive. Você é. Me perdoa, por favor…Não foi por que eu quis…quer dizer eu quis…mas não
dessa forma que você…Enfim, eu tinha que ter caído fora, eu vacilei , mas eu nunca tinha
sentido aquilo, eu nunca tinha sentido isso…Isso que eu sinto pelo Duda, essa droga, é amor.
Eu não sabia o que era amar, por que “caralhas” eu iria saber deixar de amar, eu só amei
amiga e…sou amada. Porra não tem nada comparável a isso na vida , tipo, never …quer dizer,
Nothing. Eu sei que pra você é difícil de aceitar o meu namoro com o Duda, mas o amor Lú,
caminha ao lado da verdade, e eu jurei nunca mentir pra você…Quando você trouxe o Duda
pra nossa vida, me apresentou pra ele, era minha história de amor que o universo estava
contando e não sua…E eu sei. Nós duas nos confundimos.

È louco, mas eu te amo, e o Duda também te ama como amiga, eu quero que você nos perdoe
e seja madrinha do nosso casamento!

TEXTO: Raul Lenk.

Monólogos Masculinos

Amos Hart (Chicago)

Chicago descreve o estranho fascínio que o público e a imprensa tem em julgamentos,


transformando pessoas em celebridades. Conta a estória de Roxie Hart, uma corista fracassada
que assassina seu amante depois que ele quebra sua promessa de apresentá-la para o dono de
uma casa noturna. Na prisão Roxie conhece Velma Kelly e outras 5 assassinas que farão de
tudo para escapar da cadeia e conseguir um lugar sob os holofotes.

Amos é o marido traído de Roxie Hart. Ele é ingênuo, ama Roxie e faria qualquer coisa por ela.
Amos chegou em casa e viu o corpo do amante de Roxie. Ela o convenceu que se tratava de um
ladrão e que seria melhor ele assumir a autoria do crime pois, ele estaria defendendo a mulher
e seria inocentado. Ele está contando o caso ao inspetor de polícia.

Eu juro por Deus, minha mulher não está envolvida nisso, ela não mataria um verme, nem
mesmo uma mosca. Ela só acordou depois que eu atirei, ela tem o sono pesado. Quando
penso que em vez de ir para casa tivesse ido beber com os amigos, fico enjoado, acho que foi
aquele estalo que dá em sua consciência que salvou a Roxie...

Vamos supor... Vamos supor que ele tivesse violado ela ou coisa parecida... Sabe o que eu
quero dizer com violado? Ou coisa pior... Pense que terrível seria... Ainda bem que cheguei em
casa a tempo... Ainda bem... Ainda bem... Eu repito... Ainda bem!

(Escuta o policial dizendo o nome do falecido)


O nome dele era Fred Casely? Como ele pode ser um ladrão? Minha mulher o conhece, ele nos
vendeu nossos móveis... E nos deu dez por cento de desconto. Quando eu cheguei em casa ele
já estava morto. Ela tinha coberto ele com um lençol e veio com uma história de que ele era
um ladrão e que eu contasse que o matei, assim tudo ficaria bem...

Não dá pra acreditar, aquela sem vergonha, então ela me fez de bobo... Não vou proteger mais
ela, não me importo se ela pegar a pena de morte, eu dou um duro danado na oficina quatorze
horas por dia enquanto ela fica saracoteando e vadiando todos os dias, eu não acredito! Não
dá pra tolerar, nossa, que paspalho eu fui!!!

Chicago descreve o estranho fascínio que o público e a imprensa tem em julgamentos,


transformando pessoas em celebridades. Conta a estória de Roxie Hart, uma corista fracassada
que assassina seu amante depois que ele quebra sua promessa de apresentá-la para o dono de
uma casa noturna. Na prisão Roxie conhece Velma Kelly e outras 5 assassinas que farão de
tudo para escapar da cadeia e conseguir um lugar sob os holofotes.

Billy Flynn (Chicago)

Billy Flynn é o melhor advogado da cidade. Especialista em casos como o de Roxie e Velma. Ele
faz qualquer coisa para ver suas clientes em liberdade desde que elas paguem em dia seus
honorários e não roubem a atenção que ele gosta de ter quando está diante do Juri. Nesta cena
Amos, o marido de Roxie, procura Billy Flynn para defender sua esposa, mas ele não possui o
dinheiro que disse que conseguiria.

Quando veio me ver ontem eu não perguntei se ela era culpada ou se era inocente, se era
bêbada ou drogada. Não! Eu só perguntei: “Você tem cinco mil dólares?” E você disse que
tinha, mas não tem o dinheiro! Logo eu presumo que é um mentiroso, eu não perco tempo
com mentirosos! (Ele vê o dinheiro). Por outro lado, a devoção da sua esposa é realmente
tocante. Eu disse que vou pegar o caso e vou pegar porque eu jogo limpo.

Escuta, Hart, vamos fazer o seguinte, até o final da semana o nome de Roxie estará na primeira
página dos jornais... (Como se lesse a manchete). “Matou para ter uma chance em Chicago”,
esse é o nosso lado dos fatos. Faremos um pronunciamento e depois um leilão, diremos que é
para arrecadar dinheiro em defesa dela. Eles irão comprar tudo que ela tocar, tudo! Sapatos,
vestidos, perfume, a roupa de baixo...

A primeira coisa a fazer é conquistar a simpatia da imprensa. Nem todos são fáceis de levar
como Mary Sunshine. Chicago é uma cidade dura. Mas se tem uma coisa que eles não
conseguem resistir é quando se deparam com um pecador arrependido. Então eu eu vou
reescrever a história da vida dela: do convento à prisão! Não se preocupe, tenho tudo
planejado.

Charles (Querida, sou um leprechaun)

O marido de Jill, Charles, misteriosamente desaparece depois de ela recusar o divórcio.


Preocupada que algo tenha acontecido ao seu marido, Jill segue diversas pistas para descobrir
o segredo que Charles tem escondido dela.

Nesta cena, o marido discute com a esposa a situação do matrimônio agora que ele se
transformou em um Leprechaun.

Por que você não aceita que eu sou um leprechaun?

É como se você tivesse vergonha disso. Quando a gente sai e eu conto pras pessoas que eu
recentemente virei um duende, você sempre ri discretamente e muda de assunto. Eu também
não quero que as pessoas pensem que eu sou louco, mas eu não posso mentir sobre quem eu
sou. É quem eu sou!

Veja os fatos. Há um congelamento de salários, mas eu tive um aumento. O mercado está em


crise, mas minhas ações estão em alta. Todo mercado imobiliário está quebrando, menos a
nossa casa.

Ninguém é tão sortudo assim. Como você explica aquele arco íris no nosso jardim? Um Arco
Íris não dura uma semana na baixa umidade.

Olha, eu sei que não foi isso que você topou quando disse “Eu aceito”. Mas as pessoas mudam.
Normalmente não viram leprechaun, mas... E também quando o padre disse “Você aceita esse
homem...” e não “Você aceita esse leprechaun...”.

Mas não aja como se fosse uma total surpresa. Quando você começou aquela dieta especial de
carboidratos e eu comecei a dieta de amuletos da sorte... Aquilo devia ter te alertado.

Querida, esse tipo de crescimento intenso de barba não é natural... para humanos. E eu sei
que você não gosta quando a barba arranha, e é por isso que eu estou me barbeando a cada
hora praticamente, por você.
Mas, vamos lá, você tem que aceitar isso. Nós temos que falar sobre isso abertamente para
que possamos superar, juntos. Isso também não é fácil para mim, eu também não aceitei no
começo. Sabe quando eu não pude mais me auto negar? Aquele dia depois do médico, quando
eles descobriram uma repentina e misteriosa perda de altura. Eu sei que o doutor disse que foi
uma incomum compressão de espinha, mas eu vi no seu rosto, no rosto dele. E eu... Meu
estomago embrulhou.

Eu lembro de como você me confortou. Disse que eu nem parecia muito menor. Ainda o
mesmo homenzarrão que você se casou. Mas você crescia ainda mais enquanto dizia isso. Eu
me senti tão assustado. Eu lembro que não conseguia dormir, fui pra cama tarde...

Mas então, naquela noite, quando eu vim pra cama, você já estava deitada. Eu te dei um
beijinho e disse boa noite. E você disse, e você tinha aquele tom, meio sonolento, você disse...
Eu te amo, amiguinho.

Amiguinho? Essa era a verdade. Isso doeu. Mas doeu menos porque você estava comigo.
Roncando um pouquinho. Ao meu lado. E você se esticou até pegar na minha mão, do jeito
que você sempre faz. Porque algumas coisas não tinham mudado.

Eu sei que é assustador. Mas por favor, apenas aceite isso, mesmo que isso nos faça parecer
um casal um pouco estranho. Por favor, diga isso. Diga: Querido, eu te aceito como um
leprechaun. E então nós poderemos passar o resto das nossas vidas juntos. O que você acha?

Franz Liebkind (Os Produtores)

The Producers (Os Produtores) conta a história de um produtor de teatro, Max Bialystock, que
juntamente com Leo Bloom, seu contador, descobrem que podem ganhar mais dinheiro no
teatro produzindo um fracasso do que um sucesso, pois os investidores não esperam receber de
volta o dinheiro investido caso a peça não dê lucro.

Franz Liebkind é um alemão obcecado por Hitler. Ele escreveu uma peça chamada "Primavera
para Hitler", considerada por Max e Leo a pior peça já escrita e um fracasso na certa. Nesta
cena Franz mostra sua devoção a Hitler, relatando as habilidades artísticas de seu ídolo.

(Orgulhoso) Você sabia, poucas pessoas sabem, mas o Füher era um ótimo
dançarino. (Gritando com raiva) Você não sabia porque você foi enganado pela propaganda
verdammte dos aliados! Mentiras imundas! Eles mentiam! Mas ninguém jamais falou uma
única palavra ruim de Wiston Churchill, falou? Não! "Vença com Winnie!" Churchill! Com seus
charutos, seu brandy e sua maldita pintura! Maldita!
Já Hitler, ele sim era um pintor. Ele podia pintar um apartamento inteiro em uma tarde. DUAS
MÃOS! DUAS CAMADAS! Churchill? Ele nem conseguiria dizer "Nazista". Ele diria
"Nuuutziiiista, Nuuutziiista". Não eram Nudistas! Eram Nazistas! Churchill, engula essa! E você
vai ouvir essa de alguém que entende do assunto: Hitler era mais bonito que Churchill. Ele se
vestia melhor que Churchill. Ele tinha mais cabelo, contava piadas mais engraçadas... E sua
dança não chegava aos pés da de Churchill!

Harold Hill (O Vendedor de Ilusões)

The Music Man, ou "O Homem Musical" numa tradução literal (traduzido no Brasil como "O
Vendedor de Ilusões") conta a história de como Harold Hill, acidentalmente, mudou toda a
forma de pensar de uma cidade e também encontrou seu verdadeiro amor, a bibliotecária
Marion.

Harold Hill é um trambiqueiro que viaja de cidade a cidade tentando ganhar dinheiro fácil.
Nesta cena ele tenta convencer a cidade que ela está em problemas e a única solução será
comprar os instrumentos musicais que ele está disposto a vender para dar uma ocupação aos
jovens numa banda que ele mesmo irá reger (sem saber absolutamente nada de música).

Ou vocês estão fechando os olhos para uma situação que vocês não querem se envolver, ou
vocês não estão cientes da gravidade do desastre que pode ser iniciado pela mera presença de
uma mesa de sinuca em sua comunidade.

Bem, vocês estão com problemas, meus amigos. Bem aqui. Eu digo, problemas bem aqui em
River City. Claro que eu jogo bilhar, e tenho muito orgulho em dizer. Eu considero douradas as
horas que passo me distraíndo com esse jogo! É preciso bom senso, inteligência e maturidade
para fazer pontos num jogo como o bilhar. Eu digo que qualquer mané consegue colocar uma
bola em uma caçapa! E essa pequena diferença é um grande passo no caminho da
degradação! Pois tudo começa assim! Antes era vinho medicinal tomado em colheres, e agora
é cerveja direto na garrafa! E a próxima coisa que você vai ver será seu filho jogando por
dinheiro vestindo um terno de segunda mão ouvindo algum forasteiro metido a besta falar
sobre apostar dinheiro em corrida de cavalos!

E tudo isso por causa de um, dois, três, quatro, cinco, seis buracos numa mesa! Buracos que
marcam a diferença entre cavalheiros e vagabundos com V maiúsculo! Vagabundosssss, onde
esse "S" vem da Sinuca!

Irmão mais Novo (A Família de Arthur)


A Família de Arthur é uma peça de Beto Oliveira que narra a história de uma uma família
composta de quatro irmãos. A irmã sofre com a reprovação de seus familiares ao revelar o seu
sonho de ser atriz. Autoritário, sensível apenas à musicalidade, o irmão mais velho insiste em
se tornar um grande maestro. Já o irmão mais novo, diante da vida fracassada como instrutor
de auto-escola, cria a ilusão de ganhar a vida como equilibrista. Logo que Arthur resolve fazer
um voto de silêncio e começa a estudar no meio da sala, os conflitos vividos por cada um dos
personagens começam a vir à tona.

No monólogo quem fala é o irmão mais novo. Ele é um rapaz que tenta ser alguém no mundo.
Ele trabalha como instrutor de auto-escola. Como os outros irmão, tem as suas frustrações,
porém, é o mais tranqüilo entre eles. Talvez, tranquilo até demais.

Você Arthur! Desgraçado! Louco! Trapaceiro! Não vai falar nada seu pedaço de merda? De
merda sim, porque é você a bosta de que nossa irmã falou. Ah, agora entendi a metáfora, é
você, seu bosta. É você que fedeu esta casa quando resolveu estudar para esta maldita prova.
É você que furou nossa canoa quando decidiu fazer voto de silêncio absoluto. Pois bem, temos
um traidor no nosso barco. UM LOUCO! E o que faz o restante da tripulação? Abandona o
barco. Um pega a canoa do teatro, o outro a da música. E eu, que só sei dirigir carro, me ferro!
Me fodo!

Entendeu, Arthur? Você acabou com a nossa vida. E achavam que você era o sensato. Arthur, o
que não brigava com ninguém, o caladinho, o homem bem resolvido da família, que não
estressava com ninguém, que não ficava triste com ninguém. O tranqüilo, o bom, o nem ruim
nem ótimo. Não é mesmo Arthur? E agora? Está satisfeito? Pois deve estar.

Sabe Arthur, não pense que ficarei sozinho nesta casa imensa. Também acharei minha chance,
como disse nosso irmão. Não sei tocar nenhum instrumento, não sei teatro, não gosto de
estudar, mas talvez me aceitem em algum lugar. Talvez encontre um emprego no Rio de
Janeiro, em Maceió, na puta que te pariu. Um bom emprego. É isto Arthur, vou viajar este país
a procura de alguma coisa. Vou feito um saltimbanco tentando ganhar a vida, fazendo o que
der pra fazer. Se precisar, trabalho no circo. Com o quê? Vejamos com o quê... Posso adestrar
leões, posso dar banho em elefantes – e não ria de mim, Arthur. Você pensa que eu não noto
seu riso debaixo do seu rosto? Você ainda me verá trabalhando e ganhando dinheiro, irmão.
De lavador de elefantes posso bem ser promovido para palhaço. Não é isso o que você vê na
minha cara? Um palhaço? Quem sabe se de palhaço não viro equilibrista.

Espera. Arthur, sabe que conversar com você, apesar do seu embotamento, me fez refletir em
algo muito interessante. É isto! Ontem eu ouvi no rádio do carro que o maior equilibrista do
mundo havia batido seu próprio recorde atravessando não sei quantos metros numa corda
bamba por cima da cidade de Nova York. Veja bem, se eu conseguir bater o recorde deste
americano, ficarei rico e famoso, não é mesmo? Caso contrário, cairei das alturas e morrerei
no meio da cidade de Nova York. Não há alternativa ruim Arthur.

Sim, tenho umas economias, posso investir nisso. O segredo é não olhar para baixo. Posso
começar treinando aqui mesmo, dentro de casa. Você não resolveu estudar no meio da sala? É
só imaginar a cidade lá embaixo, os carros passando, um monte de instrutor de auto-escola
fudido tentando ensinar adolescentes e velhos a dirigir; uma grávida atravessando a rua; um
cego; não, não, eu estou mais alto, não vejo estes detalhes, só vejo formigas, Arthur, e uma
delas é você, me dá vontade de pisar na sua cabeça.

João Batista (Godspell)

Godspell é um espetáculo musical escrito por Stephen Schwartz e John-Michael Tebelak que
possui como base as parábolas do Evangelho de São Matheus. Ele leva ao espectador
mensagens bíblicas por meio de um jogo teatral que envolve comédia e poesia, intercaladas
com uma variedade de músicas modernas com origem principalmente nos antigos hinos
cristãos. Um grupo de pessoas – arquétipos da sociedade pós-moderna e que podem ser
encontrados em qualquer grande metrópole – tem seus caminhos cruzados por João
Batista, Judas e por Jesus, esse encontro inesperado altera as ações e o olhar de todos para a
vida.

João Batista é um homem íntegro e muito devoto. Primo de Jesus, que tinha grande
consideração por ele, já que ele sempre seguiu seus caminhos. É João Batista quem chama
pelos outros personagens afim de batizá-los para seguirem os ensinamentos de Jesus.

Raça de víboras! Quem ensinou vocês a fugir da cólera divina? Tragam frutos da verdadeira
penitência e não digam mais que são filhos de Abraão. Escutem o que estou dizendo: Deus tem
o poder de transformar essas pedras em filhos de Abraão. O machado já está afiado para
abater em toda e qualquer árvore que não esteja produzindo bons frutos. Eu vou batiza-los
com água, em sinal de penitência. Mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do
que eu e nem sou digno de carregar seus calçados. É ele quem vai batizá-los com o poder do
Espírito Santo e do fogo!

João Grilo (O Auto da Compadecida)

O Auto da Compadecida conta a história de dois amigos, João Grilo e Chicó, que vivem no
interior do sertão nordestino. Conta como esses dois fazem para viver, passando por obstáculos
como falta de dinheiro, falta de comida, sempre com uma saída astuta, mas nem sempre
dentro da lei, nem sempre sendo honesto.

Depois de armar a o assassinato do cangaceiro Severino, Joãotoma um tiro do Capanga de


severino. Nessa cena João ja conseguiu que todos os seus companheiros mortos na invasão da
cidade fossem mandados para o purgatório para pagar por seus pecados, conseguiu se livrar
do encourado (diabo) que estava querendo levar a todos para o inferno, agora está
conversando com a compadecida (Ave Maria) e Manoel (Jesus Cristo) para ver se consegue
voltar a viver, seguindo uma sugestão dada pela compadecida.

Então to liberado? Não?! O senhor quer que eu! João Grilo! O cabra mais amarelo de Itaperoá
faça uma pergunta que o senhor não saiba ou não possa responder?

Isso é muito difícil! Porque o senhor é o senhor! O senhor é filho dela! O senho é filho daquele
la em cima! O senhor sabe tudo! Mas eu não vou desistir porque mais esperto que eu só o
senhor que me criou!!

Já sei! Um dia na aula de catecismo do padre João ele estava lendo um pedaço do evangelho
pra gente, e nesse pedaço ele dizia mais ou menos assim: “Ninguém sabe o dia e a hora em
que o dia do juízo final será, nem os homens, nem os anjos que estão no céu, nem mesmo o
filho somente o pai sabe.”

É isso mesmo que ta escrito lá? Ué?! O senhor por acaso é protestante? Compadecida, a
senhora deixou esse cabra ser protestante? Porque na minha terra quando o cabra entende
tanto assim de bíblia a gente já vai falando que é protestante! Não tem problema!

Se o senhor não é protestante, se o senhor entende tanto assim de bíblia, se o senhor é


mesmo filho dela, se o senhor é mesmo filho daquele la em cima, essa aqui é a minha
pergunta: que dia vai acontecer sua segunda ida ao mundo? Que dia é o dia do juízo final?

Ha! Quer dizer então que o senhor não sabe? Quer dizer então que o senhor não pode
responder? Quer dizer então que é algo intimo entre você e seu pai? Ué! Então deixe-me ir
embora! Deixe-me voltar, porque eu, joão Grilo, o cabra mais amarelo de Itaperoá, fiz uma
pergunta que o senhor não sabe ou não pode responder! To certo ou to errado? É ou não é?
To liberado? Muito obrigado senhor jesus cristo! Muito obrigado! E nossa senhora minha
grande advogada! Muito obrigado! Mas por favor não esqueçam de mim não! Eu prometo
tomar jeito, mas sabe como é né... A vida é difícil e a carne é fraca!

Jurado #3 (Doze Homens e uma Sentença)

Doze Homens e uma Sentença conta as histórias de 12 jurados que precisam que chegar a um
veredito sobre o julgamento de um garoto acusado de matar o seu próprio pai
O jurado número três é o último a dar seu veredito sobre o garoto.

Tudo, e eu quero dizer, cada simples evidência mostrada naquele tribunal prova que ele é
culpado. Vocês acham que eu sou um idiota por acaso, seu bando de chorões malditos? Vocês
não vão me intimidar. Eu tenho direito à minha opinião.

Eu poderia ficar nesse júri por séculos. Bom, ninguém tem nada a dizer? Pois eu tenho.
Pensem no velho, o homem que mora lá. Ele viu tudo, pelo amor de deus que prova mais
vocês precisam alem disso? O homem viu tudo lá na escada. Que diferença faz quantos
malditos segundos se demora para chegar?

Eu estou falando, cada simples argumento apresentado nessa sala foi distorcido
covardemente, a faca caiu por um buraco no seu bolso? Isso é muita inocência. Vocês não
podem provar isso, vocês podem enrolar o quanto quiserem, mas não podem provar.

A mulher testemunhou no júri. Ela testemunhou, é isso, esse é todo o caso. O velho ouviu o
garoto dizendo "eu vou te matar" para o seus próprio pai. Não importa que tipo de pessoa ele
era, ou se era o seu pai. Eu conheço aquela criança, eu conheço ela melhor que qualquer um
aqui. Será que eu sou o único aqui que enxerga isso? Meu Deus, eu consigo até sentir a faca
dentro de mim...

(olha um foto do seu próprio filho, reflete por alguns segundos)

Inocente! Inocente!

Leo Bloom (Os Produtores)

The Producers (Os Produtores) conta a história de um produtor de teatro, Max Bialystock, que
juntamente com Leo Bloom, seu contador, descobrem que podem ganhar mais dinheiro no
teatro produzindo um fracasso do que um sucesso, pois os investidores não esperam receber de
volta o dinheiro investido caso a peça não dê lucro.

Leo Bloom é um contador ingênuo, certinho e tímido, que sonha em ser um produtor de teatro.
Ele se deixa levar por Max Bialystock e acaba entrando no esquema desonesto do produtor.
Nesta cena ele está no julgamento de Max bialystock, cuja peça foi um sucesso e ele se vê
incapaz de pagar todos os seus investidores os lucros prometidos. Bloom tenta convencer o juiz
e o júri de que Max é inocente.
Eu tenho algo a dizer, meretíssimo, não a meu respeito, mas sobre o meu parceiro, o Senhor
Bialystock... Meretíssimo, senhoras e senhores do júri. Max Bialistock é o homem mais egoísta
que eu conheci na minha vida... Não só ele é um mentiroso, um desonesto, um trambiqueiro,
um safado, que tomou o dinheiro de pobres velinhas, ele também ludibriou pessoas a fazerem
coisas, especialmente eu, coisas que nem em um milhão de anos essas pessoas fariam por si
próprias!

Mas, meretíssimo, eu entendo que a lei tenha sido criada para proteger as pessoas de
cometerem erros. Meretíssimo, onde foi que Bialystock errou? Eu quero dizer, quem ele
prejudicou? Não eu! Não eu! Eu fui... este homem... ninguém havia me chamado de Leo antes.
Quero dizer, eu sei que isso não é um bom argumento jurídico, mas até no jardim de infância
todos me chamavam de Bloom. Eu nunca havia cantado uma música com alguém antes!

Esse homem... esse homem é um homem maravilhoso. Ele fez quem eu sou hoje... Sim, ele
fez! E quanto às doces senhorinhas? Como seria a vida delas sem Max Bialystock? Max
Bialystock, que as fez se sentirem jovens, e atraentes, e queridas novamente. Isso é tudo que
eu tenho a dizer.

Matthew (100 Garotas)

Durante um apagão, o universitário Matthew se envolve com uma garota no elevador. Porém,
ele não sabe quem é, e agora, junto com sua amiga de infância, Wendy, decide de todos os
jeitos procurá-la dentro de uma fraternidade composta de 100 garotas. Sem dúvida uma tarefa
árdua se não fosse o fato dele fazer parte da equipe de manutenção da faculdade e poder
assim, todos os dias, arranjar algum conserto para fazer dentro da fraternidade e, desse modo,
procurar sua amada. Durante a busca, ele arranja muitas confusões e alguns segredos das
garotas e de seu melhor amigo, Rod, acabam sendo revelados.

Matthew é um universitário que encontra a garota dos sonhos em um elevador durante um


blackout. Ele se apaixona, mesmo sem saber sua aparência. No dia seguinte, ele sai para
encontrar a menina misteriosa, apesar de ter como única informação o fato de saber que ela
vive em um colégio só para meninas, onde vivem 100 meninas. Neste monólogo , no final do
filme, Matthew fala a todas as meninas no dormitório, esperando que a menina misteriosa
esteja escutando. Ele promete dar a sua vida para ela pois, se ela não aparecer, uma parte dele
vai morrer.
Sem você, eu sou tão solitário como um cão abandonado na beira de uma estrada. Por mim,
poderíamos passar dias perfeitos fazendo compras e faxina juntos. Eu juro, eu nunca vou fazer
piadas quando você raspar seus pneus contra o meio-fio no estacionamento. Se você
concordar em morar comigo, eu vou limpar o banheiro toda semana. Eu vou fazer isso com a
minha língua se você pedir. Retirarei as palavras "Hooters" e "love rockets" do meu
vocabulário. Eu te amo. Mesmo que o seu nome venha a ser Mimi e você queira que eu
pronuncie "May May". Eu só vou soltar gases embaixo das cobertas sob a mais terrível das
circunstâncias. Droga, eu vou fazer uma dieta de baixo consumo de colesterol. E eu não vou
comprar um daqueles carros esportivos vermelhos quando eu tiver a minha crise de meia-
idade.

Seus pais podem vir visitar-nos todas as semanas, mesmo se sua mãe for uma bruxa. E seus
pais não têm de ir para um lar de idosos, porque eles podem vir morar conosco. Eu juro, eu
vou separar as roupas claras das coloridas e aprenderei os mistérios de lavagens com água
quente e fria. Eu nunca vou bufar enquanto espero você passar a maquiagem antes de
sairmos. Se você é uma pessoa que ama gatos, eu nunca vou apontar o fato de que um cão
pode salvar sua vida por afogamento, mas um gato não pode. Eu ficaria feliz em ir ver filmes
água-com-açúcar com você! Eu vou tentar novos alimentos, como quiabo e não vou torcer o
nariz para os vegetais cujo gosto é horrível mas que estão disfarçados pelo gosto do queijo.

Comprometo-me a sempre dizer "sim" quando você pergunta: "Será que meu cabelo está legal
hoje à noite?" Vou trazer um novo significado para a palavra "abraço." Eu vou me planejar
bem o suficiente para ler seu horóscopo todos os dias. Eu vou guardar todos os cartões de
aniversário que você me enviar! E eu vou realmente escrever-lhe cartas reais quando
estivermos separados.

Eu nunca vou esperar que você saiba onde eu deixei minhas chaves do carro, e eu nunca vou
deixar minhas meias no chão. Comigo você vai sempre encontrar a tampa na pasta de dente.
Eu vou começar a usar aquelas cuequinhas que parecem biquínis masculinos se você gostar.
Minha barriga será sempre depilada. Vou beijar freneticamente seu clitóris. Vou ser sua mais
apaixonada experiência íntima que você já teve. Declaro agora, vou dar minha vida pra você. E
se você não aparecer, eu sei que uma parte de mim certamente morrerá!

Mefistófeles (Fausto)

Este monólogo é uma adaptação de um poema de Johann Wolfgang von Goethe, conforme
recitado por Abujamra no programa Provocações. Embora o poema seja adaptado, trata-se de
uma fala de Mefistófeles, personagem da maior obra de Goethe, a peça Fausto.

Mefistófeles é uma personagem satânica da Idade Média, conhecida como uma das
encarnações do mal, que captura almas inocentes através da sedução e encanto.
Em Fausto, Mefistófeles aparece ao Dr. Fausto, um velho cientista, cansado da vida e frustrado
por não possuir os conhecimentos tão vastos como gostaria de ter. Em troca de alcançar o grau
máximo da sabedoria, ser rejuvenescido e obter o amor de uma bela donzela, Fausto decide
entregar sua alma a Mefistófeles.

Eu sou Mefistófeles. Mefistófeles é o diabo. E todos vocês são Faustos, os que vendem a alma
ao diabo. Tudo é vaidade neste mundo vão, tudo é tristeza, é pop, é nada. Quem acredita em
sonhos é porque já tem a alma morta. O mal da vida cabe entre nossos braços e abraços.

Mas eu não sou o que vocês pensam. Eu não sou exatamente o que as igrejas pensam. As
igrejas abominam-me. Deus me criou para que eu o imitasse de noite. Ele é o sol, eu sou a lua.

A minha luz paira sobre tudo que é fútil: margens de rios, pântanos, sombras. Quantas vezes
vocês viram passar uma figura velada, rápida, figura que lhe daria toda felicidade? Figura que
te beijaria indefinidamente? Era eu. Sou eu.

Eu sou aquele que sempre procuraste e nunca poderá achar. Os problemas que atormentam
os homens são os mesmos que atormentam os deuses. Quantas vezes Deus me disse, citando
João Cabral de Melo Neto: Ai de mim, ai de mim. Quem sou eu?

Quantas vezes Deus me disse: Meu irmão, eu não sei quem sou.

Senhores, venham até mim. Venham até mim, venham. Eu os deixarei em rodopios
fascinantes, vivos nos castelos e nas trevas, e nas trevas vocês verão todo o esplendor.

De que adianta vocês viverem em casa como vivem? De que adianta pagar as contas no fim do
mês religiosamente, as contas de luz, gás, telefone, condomínio, IPTU?

Todos vocês são Faustos. Venham. Eu os arrastarei por uma vida bem selvagem através de
uma rasa e vã mediocridade, que é o que vocês merecem. As suas bem humanas
insaciabilidades, terão lábios, manjares, bebidas.

É difícil encontrar quem não queira vender a alma ao diabo.

As últimas palavras de Goethe ao morrer foram: Luz! Luz! Mais Luz!

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