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- ESTUDO 02 -

DISCERNIMENTO 1

O propósito deste estudo é aprender a reconhecer a diferença entre aparência e substância.

“Palavras são importantes – imensamente importantes. O que dizemos e a maneira


como dizemos expressa o que há de mais íntimo e pessoal em nós. Mas, a repetição contínua
de palavras sagradas não cria um relacionamento pessoal, assim como simplesmente repetir
eu te amo vinte vezes ao dia não nos transforma em pessoas que amam de verdade. (...)

Será que aqueles que demonstram essa piedade exterior estão tentando colocar uma
venda sobre os olhos do seu próximo e ‘tapear’ Deus para que ele os abençoe? Alguns sim,
mas, quanto a maioria, creio que não. Não acredito que estejam tentando dar um jeito nas
coisas. Acredito que tais pessoas já viveram tanto tempo na base das aparências externas
que não se apercebem das realidades internas. Vivemos numa cultura onde o recomeço é
muito mais atraente que uma dedicação longa e persistente sem fraquejar. (...) uma imagem
sem substância é uma mentira. Um começo sem continuação também é uma mentira. Essa é a
importante mensagem de Jeremias a Israel.”2

Leia Jeremias 7.1-11

Vai ser importante para o grupo saber o contexto desta acusação de Jeremias. Vai aqui um
resumo para você:

O pior rei que Israel já teve foi um sujeito chamado Manasses. Ele promoveu todo o
tipo de idolatria. A adoração a falsos deuses era realizada por prostitutas cultuais,
havia promoção de magia e ocultismo, o templo de Jerusalém foi entregue a este tipo
de prática e o próprio Manasses queimou um de seus filhos em um ritual idólatra. (2Rs
21). A imoralidade de seu reinado durou 55 anos. Jeremias nasceu na última década
deste reinado.

Depois disso o filho de Manasses, Amom, continuou na mesma linha de maldade, mas
teve um breve reinado porque foi assassinado. O trono foi deixado para Josias, neto de
Manasses, mas com um coração diferente. Ele promoveu a maior restauração já vista
em Israel. Altares idolatras foram destruídos, o templo restaurado, o livro da lei de
Moisés encontrado e seguido. Sua reforma atingiu todas as estruturas religiosas
importantes para a verdadeira adoração. Agora, tudo voltava a parecer santo mais
uma vez.

Quando a Assíria ameaça invadir Judá, seus habitantes mostram confiança de que esta
religiosidade aparente vai fazer com que Deus garanta a sua segurança. Jeremias é
chamado para dizer que o coração das pessoas precisava de uma reforma também. A
restauração promovida por Josias não deveria ser apenas na aparência das coisas, mas
deveria existir no interior de cada pessoa.

Aprendendo com a Bíblia:

1. Para o povo, o que eles deveriam fazer para garantir sua segurança? (vs. 2, 10)
Ir ao templo.

1
Série de estudos baseados no livro Corra com os cavalos, de Eugene Peterson. Ultimato, 2003.
2
PETERSON, Eugene. Excelência: Corra com os cavalos. Cultura Cristã, São Paulo, 2003. p. 14
2. Em que este povo depositava a sua confiança? (v. 4)
Eles depositavam sua confiança em palavras enganosas. Agora, é importante entender
que o que é enganoso nestas palavras não é o que elas dizem em si (de fato aquele era
o templo do Senhor). Mas o engano era pensar que por meio da repetição de um
chavão religioso eles receberiam a proteção que buscavam. Esta expressão, “palavras
enganosas”, poderia ser traduzida também como “palavras vazias” ou “palavras
inúteis”.

3. Quais as consequências de se obedecer a Deus, de acordo com os versículos 3 e 7?


Eles encontrariam a segurança que buscavam quando houvesse uma transformação
interior.

4. Qual a acusação contra os israelitas (v. 9-10)?


Uma vida incoerente com a aparente santidade que demonstravam.

5. O que é um covil de ladrões?


É o lugar em que o ladrão se sente seguro.

Aprendendo com o Grupo:

1. Você lembra de alguma situação em que a importância da percepção dos outros sobre a
sua pessoa influenciou suas atitudes? Por que nos importamos tanto com nossa imagem?
Contem boas histórias. Gafes engraçadas. Não precisamos ser sérios o tempo todo. 😉

2. Os israelitas confiavam em uma religiosidade de aparência enquanto viviam uma vida


distante de Deus. Por que esta atitude é atraente?
“O lado exterior é muito mais fácil de reformar do que o lado interior. Frequentar
assiduamente uma boa igreja e repetir as palavras certas é imensamente mais fácil de
se fazer do que se esforçar para manter uma vida de justiça e amor entre as pessoas
com as quais trabalha e convive. Aparecer na igreja uma vez por semana, cantar com
entusiasmo e repetir o amém é muito mais simples do que se dedicar a uma vida de
contínua oração e meditação nas Escrituras...”3.

3. Qual a relação entre o culto que prestamos e o modo como vivemos?


“As vidas das pessoas são reflexos do culto que praticam. (...) O tipo de culto define o
tipo de vida. Se o culto prestado for corrupto, a vida será corrupta” 4. Aquilo que
adoramos só externamente não nos muda, mas aquilo que adoramos no profundo
nosso coração molda a nossa vida.

4. “Covil de salteadores é um lugar seguro para [o bandido] esconder-se” 5. Como podemos


ser responsáveis por tornar a igreja um ambiente assim? Que compromissos podemos
assumir para influenciar a comunidade na direção correta?

5. Qual a diferença entre o hipócrita que vive de uma aparência santa e alguém falho
buscando santidade?
3
Ibid. p. 82
4
Ibid. p. 76
5
Ibid. p. 82
As duas pessoas podem tomar uma mesma atitude, por exemplo, de não beber bebida
alcóolica. A primeira o faz para ser admirada pelas pessoas (e talvez, escondido até
beba). A segunda é alguém que toma esta decisão porque reconhece sua fraqueza e
carência e tem dado passos na fé para se parecer mais com Jesus.

6. Por que Peterson chama este estudo de Discernimento?


É certo que estas pessoas pensavam estar tudo bem. “Elas estavam no lugar certo,
diziam as palavras corretas, mas elas é que não estavam certas. A reforma [das
estruturas de adoração] era necessária, porém não era suficiente. Porque a religião
não é uma questão de arranjos, lugares ou palavras, mas tem a ver com vida e amor,
com misericórdia e obediência e com pessoas dotadas de uma fé passional” 6.
Precisamos de discernimento sobre a nossa própria vida para avaliar o quanto nos
apegamos a um “parecer santo” em vez de buscar santidade. Para isso, nossa avaliação
começa ao buscar a Deus dizendo “sonda-me”.

Desafio Pessoal:

Dependendo da dinâmica e do tamanho do seu grupo, este momento pode ser melhor
aproveitado em grupos menores. As pessoas não precisam se prender a cada uma
destas questões, mas escolher a pergunta que mais tem haver com aquilo que o
estudo lhe despertou.

1. A vida das pessoas é sempre tão boa quanto sua experiência de culto. Como o culto tem
afetado sua maneira de viver?
2. Como a manutenção de uma aparência (imagem) o impede de experimentar comunhão
com Deus num culto verdadeiro (substância)?
3. Em que você se apoia como um caminho mais fácil para dizer “estou bem com Deus”, em
vez de assumir a necessidade de transformação pessoal? (“dou meu dízimo!”; “vou todo o
domingo”; “não sou hipócrita”; “não sou radical”)
4. Como você pode ser uma ferramenta de Deus para a promoção da verdadeira adoração
em nossa comunidade?

6
Ibid. p. 80

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