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Lander, Edgardo. Apresentação.

En libro: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências


sociais. Perspectivas latino-americanas. Edgardo Lander (org). Colección Sur Sur, CLACSO,
Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina. setembro 2005. pp.19-20.

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Apresentação
ESTE LIVRO TEM ORIGEM no simpósio Alternativas ao eurocentrismo e colonialismo no pensamento
social latino-americano contemporâneo, organizado no contexto do Congresso Mundial de Sociologia
realizado em Montreal, entre julho e agosto de 1998, com o patrocínio da Unidade Regional de Ciências
Sociais e Humanas para a América Latina e o Caribe da UNESCO. O encontro foi convocado partindo-se do
seguinte texto:
O eurocentrismo e o colonialismo são como cebolas de múltiplas camadas. Em diferentes momentos
históricos do pensamento social crítico latino-americano levantaram-se algumas destas camadas.
Posteriormente, sempre foi possível reconhecer aspectos e dimensões (novas camadas de ocultamento)
que não tinham sido identificadas pelas críticas anteriores.
Hoje nos encontramos diante de novos questionamentos globais e fundamentais dos conhecimentos e
disciplinas sociais em todo o mundo. O Relatório Gulbenkian, coordenado por Immanuel Wallerstein, é
uma significativa expressão destas reflexões, como também o são a crítica ao Orientalismo, os estudos
pós-coloniais, a crítica ao discurso colonial, os estudos subalternos, o afro-centrismo e o pós-
ocidentalismo.
O propósito deste simpósio é recolher, incorporando para isso uma perspectiva histórica, os debates
latino-americanos atuais a propósito desses assuntos. Num mundo no qual parecem impor-se por um lado o
pensamento único do neoliberalismo e, por outro, a fragmentação e o ceticismo da pós-modernidade, quais
são as potencialidades que se estão abrindo no continente no conhecimento, na política e na cultura a partir
da recolocação destas questões? Qual é a relação destas perspectivas teóricas com o ressurgimento das
lutas dos povos historicamente excluídos, como os povos negros e indígenas na América Latina? Como se
colocam, a partir destes temas, os (velhos) debates sobre a identidade e tudo o que diz respeito à
miscigenação, transculturação e especificidade da experiência histórico-cultural do continente? Quais são
hoje as possibilidades (e a realidade) de um diálogo feito a partir das regiões excluídas subordinadas pelos
conhecimentos coloniais e eurocêntricos (Ásia, África, América Latina)?
No ano e meio posterior à realização desse simpósio e a partir da continuidade dos intercâmbios e
debates entre seus participantes, produziram-se tanto modificações importantes na maior parte dos textos
originais, como também a incorporação de textos de outros autores que realizaram contribuições
significativas aos temas debatidos no simpósio. Desta maneira, este livro, longe de refletir a publicação
tardia das apresentações realizadas num simpósio, condensa dois anos de trabalho coletivo que
certamente foram extremamente estimulantes para todos, especialmente para o editor. Quero aproveitar
novamente a oportunidade para agradecer a todos os autores –participantes ou não do simpósio– pela
riqueza do debate que hoje colocamos nas mãos dos leitores.
Quero reconhecer igualmente o apoio com que contou este projeto desde que foi inicialmente pensado há
três anos por parte de Francisco López Segrera em seu duplo papel de patrocinador (Conselheiro Regional
de Ciências Sociais da UNESCO para a América Latina e o Caribe) e como participante acadêmico.
Por último, last but not least, quero agradecer pela qualidade do paciente e inestimável trabalho editorial
realizado por Julieta Mirabal para a publicação deste livro.
Edgardo Lander
Caracas, janeiro de 2000

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