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Jorge de Brito
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Jorge de Brito
Janeiro de 2002
Prefácio
1. Considerações gerais 1
2. Reforço com sistemas FRP 3
2.1. Introdução 3
2.2. Técnicas de execução 4
2.2.1. Preparação do substrato 4
2.2.2. Aplicação do material 5
2.3. Critérios de redimensionamento 9
3. Reforço por introdução de perfis metálicos 13
3.1. Introdução 13
3.2. Técnicas de execução 15
3.3. Pilares 16
3.4. Paredes 22
3.5. Vigas 24
3.6. Lajes 26
3.6.1. Flexão 26
3.6.2. Punçoamento 30
3.7. Critérios de redimensionamento 31
3.7.1. Critérios gerais 31
3.7.2. Pilares 32
3.7.3. Vigas 37
3.7.4. Lajes 38
4. Reforço com recurso a pré-esforço 39
4.1. Introdução 39
4.2. Técnicas de execução 41
4.3. Reforço à flexão 45
4.4. Reforço ao esforço transverso 49
4.5. Critérios de redimensionamento 50
5. Reforço por introdução de novos elementos estruturais resistentes 52
5.1. Introdução 52
5.2. Técnicas de execução 53
5.3. Substituição de elementos deficientes 55
5.4. Criação de novos elementos 57
5.5. Critérios de redimensionamento 67
6. Outros tipos de reforço 71
6.1. Introdução 71
6.2. Criação ou eliminação de ligações internas 71
6.3. Introdução de deslocamentos impostos 77
7. Análise da estrutura após a intervenção 79
7.1. Introdução 79
7.2. Análise estrutural 79
7.3. Avaliação da eficácia da intervenção 81
7.4. Campos de investigação necessária 83
8. Conclusões 86
9. Referências 88
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Técnicas de reforço menos correntes de estruturas de betão por Jorge de Brito
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Tal como referido anteriormente, define-se como técnica de reforço (em oposição a
técnica de reparação, objecto de descrição aprofundada em outros documentos no âmbito do
presente curso) uma técnica cuja intenção é aumentar a capacidade resistente e/ou a rigidez
em relação ao seu nível inicial de projecto. A estrutura deverá, após a execução do reforço, ser
objecto de uma análise aprofundada que permita avaliar a eficácia da intervenção. Refira-se,
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Técnicas de reforço menos correntes de estruturas de betão por Jorge de Brito
no entanto, que essa análise, se apenas analítica e não baseada em ensaios de carga globais, é
ela própria ainda relativamente pouco eficaz no estado actual do conhecimento.
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Técnicas de reforço menos correntes de estruturas de betão por Jorge de Brito
2.1. Introdução
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Fig. 3 [18] - Recurso a sistemas CFRP no reforço de uma laje de edifício (à esquerda) e de um
viaduto (à direita)
O substrato no qual vai ser aplicada a resina não deve apresentar betão degradado,
delaminado, fendilhado, com armaduras expostas ou sintomas de corrosão. Se existirem
fendas, estas deverão ser seladas e, sempre que possível, injectadas. Outras irregularidades
consideráveis, que possam resultar em forças de desvio importantes, deverão ser pré-niveladas
pela aplicação de argamassa epoxídica (funcionando como filler).
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esquerda), a jacto de água (Fig. 5, ao centro) ou a jacto de areia (Fig. 5, à direita). Para as
mantas, pode-se recorrer ao lixamento (Fig. 6, à esquerda) ou ao arredondamento das arestas
(Fig. 6, ao centro) para raios não inferiores a 10 mm. No caso dos tecidos, a passagem com
um esmeril (Fig. 6, à direita) e o arredondamento das arestas são possíveis.
Fig. 4 [18] - À esquerda, controlo das irregularidades e, à direita, aspecto rugoso do substrato
de betão após a sua preparação
Fig. 5 [18] - Preparação do substrato de betão para laminados: por picagem com martelo de
agulhas (à esquerda), por jacto de água (ao centro) e por jacto de areia (à direita)
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Fig. 6 [18] - Preparação do substrato de betão para mantas e tecidos: por lixamento (à
esquerda), por arredondamento das arestas (ao centro) e por picagem com esmeril (à direita)
No caso dos laminados, segue-se a limpeza da superfície dos mesmos que irá ficar em
contacto com a resina recorrendo a um solvente (Fig. 8, à esquerda) e a aplicação nessa
mesma face da resina (Fig. 8, ao centro), cuja espessura deve ser controlada por forma a não
ultrapassar os 2 mm (devido à grande deformabilidade da resina, uma espessura elevada
diminui drasticamente a eficácia do funcionamento conjunto do reforço com o betão). Passa-
se então à fixação dos laminados, que consiste na sua aplicação através de rolos (Fig. 8, à
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Fig. 8 [18] - À esquerda, limpeza do laminado com solvente e, ao centro, aplicação e controlo
da espessura da resina adesivo e, à direita, aplicação do laminado com recurso a rolos
Os laminados devem ficar, após aplicados, o mais planos possível recorrendo a resinas
de regularização do substrato de forma a evitar forças de desvio (Fig. 9, à esquerda) ou cunhas
de rotura (Fig. 9, à direita). Embora os laminados, por não permitirem curvatura, estejam
vocacionados para reforço de lajes e vigas (em betão, aço ou madeira) à flexão (Fig. 10, à
esquerda), podem ser utilizados para reforço ao esforço transverso da introdução de elementos
adicionais de amarração em mantas (Fig. 10, ao centro) ou em peças metálicas (Fig. 10, à
direita).
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11, à esquerda); o substrato é reparado / regularizado com argamassa epoxídica (Fig. 11, ao
centro); é aplicada a primeira camada de resina para colagem (undercoating) (Fig. 11, à
direita); são aplicadas as mantas ou os tecidos (Fig. 12, à esquerda); é aplicada a resina de
impregnação (overcoating) (Fig. 12, ao centro); é aplicado revestimento de protecção ao fogo
e aos ultra-violetas (Fig. 12, à direita).
Fig. 10 [18] - Reforço com laminados: à flexão simples (à esquerda) e ao esforço transverso
(ao centro, com mantas e, à direita, com mantas e cantoneiras metálicas)
Fig. 11 [18] - Fases da aplicação das mantas e tecidos: aplicação do primário (à esquerda),
reparação do substrato (ao centro) e undercoating (à direita)
Fig. 12 [18] - Fases da aplicação das mantas e tecidos: aplicação do reforço (à esquerda),
overcoating (ao centro) e aplicação da protecção (à direita)
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A aplicação das mantas e tecidos tem de ser muito cuidada para garantir uma boa adesão
ao betão, levando a eventual rotura por flexão para o interior do mesmo. Entre outros, podem-
se citar questões como a deficiente impregnação das fibras (Fig. 13, à esquerda) e o deficiente
preparação do substrato, dando origem a bolhas (Fig. 13, à direita). Para além de funcionarem
como complemento dos laminados (Fig. 10, ao centro e à direita, e Fig. 14, à esquerda), as
mantas e tecidos estão particularmente vocacionados para o reforço de pilares através de um
efeito de confinamento (Fig. 14, à direita)
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extensão na rotura (sugere-se valores de 8‰ para laminados e mantas e 6‰ para tecidos [18],
valores muito inferiores aos que se conseguem obter em ensaios de tracção pura) do CFRP é a
chave do problema e deve ter em conta o estado de tensões e extensões dos materiais
existentes no início do reforço (por exemplo, para ter em conta a contribuição da armadura
existente, a extensão nos compósitos dificilmente poderá ultrapassar os 2 a 2.5‰). Em
alternativa, poderá ser considerado um cálculo plástico, em que se ignore a contribuição da
armadura existente, mas desde que se faça um controlo rigoroso ao nível das deformadas e
fendilhação.
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3.1. Introdução
Com este tipo de reforço, pretende-se em geral aumentar a capacidade resistente à flexão
composta e ao esforço transverso em pilares e vigas, a capacidade resistente ao corte e a
solidarização em paredes e modificar o sistema estrutural de apoio em lajes.
O principal problema deste tipo de reforço, tal como acontecia nos casos anteriores [22],
é a dificuldade em conseguir um funcionamento conjunto eficaz das peças existentes e dos
perfis metálicos de reforço. No caso particular de pilares, essa ligação é fundamental para
evitar problemas de varejamento nos perfis que resultariam do facto de estes não estarem
solidarizados ao betão existente. Por vezes, um reforço deste tipo em que tudo parece estar em
ordem vem a ter problemas quando posto em carga por deficiências na execução do mesmo.
No entanto, a partir do instante em que se garante o monolitismo da peça reforçada, o seu
cálculo é muito semelhante ao cálculo de um elemento estrutural novo e em particular ao de
peças reforçadas por colagem de armaduras [22].
Neste tipo de reforço, põe-se com mais premência um problema adicional que tem a ver
com os eventuais efeitos secundários do reforço de uma determinada peça estrutural nos
restantes elementos, mesmo quando estes não se encontram muito próximos. A alteração da
distribuição de esforços e de rigidezes deve ser cuidadosamente tomada em conta num cálculo
automático que simule a situação estrutural pós-reforço para verificar a necessidade de
eventuais reforços adicionais nas peças mais afectadas pela acção de reabilitação da estrutura.
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elevado custo;
possibilidade de criação de efeitos secundários na zona dos nós e nas peças adjacentes
não reforçadas;
mão-de-obra relativamente especializada;
necessidade de grande controlo na execução;
necessidade de proteger todas as peças metálicas (perfis, chapas, conectores, buchas, etc.)
contra o fogo e a corrosão através da colocação de revestimentos exteriores de materiais
adequados (muitas vezes betão armado com uma armadura de pele) (Fig. 19);
perigo de concentração de tensões de corte nas lajes entre troços de pilar reforçados se
não for dada continuidade a esses mesmos reforços.
Fig. 19 [1] - Revestimento dos perfis metálicos para protecção contra o fogo
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Referem-se de seguida algumas das precauções a tomar para garantir a eficácia deste
tipo de reforço.
As superfícies de betão da peça existente que irão estar em contacto com os perfis
metálicos devem ser picadas ou sujeitas a um jacto de areia para garantir a limpeza de
líquidos, partículas facilmente desagregáveis, leitada superficial ou pó que possam diminuir o
efeito de aderência que se pretende [1]. Tal como acontece em relação ao tipo de reforço por
chapas coladas [22], é fundamental eliminar macro-rugosidades nessas superfícies para não
haver grandes variações na espessura do ligante [2]. Há também vantagem em eliminar as
arestas vivas do betão existente para conseguir que as faces interiores dos perfis metálicos de
canto (cantoneiras) encaixem o melhor possível nos cantos da peça [2].
O material mais adequado para ligante é uma argamassa epoxídica não retráctil
adequada às circunstâncias [1]. De facto, para conseguir uma união perfeita da base e do perfil
metálico, é necessário um material de alta resistência à compressão que actue como elemento
intermédio entre o aço e o betão, criando um colchão rígido que transmita as cargas e elimine
os contactos pontuais. Se não se conseguir esta união, os perfis metálicos só entrarão em carga
após o esgotamento da capacidade resistente do betão. Os cuidados na utilização da argamassa
epoxídica são extensamente referidos em [22], pelo que não serão aqui referidos.
Conseguida a união dos perfis metálicos à peça existente, pode haver necessidade de
solidarizar os perfis entre si por chapas metálicas laterais. Estas podem ser soldadas por
pontos aos perfis metálicos conferindo assim um efeito de caixão ao reforço, melhorando a
resistência ao esforço transverso da peça reforçada e contribuindo para a formação de um
estado triaxial de tensões no betão existente. A ligação das chapas aos perfis pode também ser
conseguida através de colagem por resinas epoxi (com as precauções referidas em [22]e [23]),
por recurso a rebitagem, conectores, buchas de expansão ou parafusos pré-esforçados [2].
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3.3. Pilares
É neste elemento estrutural que este tipo de reforço tem sido mais utilizado em face das
suas características individuais. A técnica mais corrente consiste na colocação de cantoneiras
nos quatro cantos do pilar solidarizadas lateralmente por meio de chapas metálicas ou varões.
As partes superior e inferior do reforço terminam em capitel e base metálica respectivamente
(Figs. 20, 21 e 22).
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A maior dificuldade consiste na solidarização dos troços reforçados do pilar através das
vigas e lajes dos pisos. Esta solidarização é fundamental para não criar pontos sensíveis nos
nós de ligação. Quando a laje a atravessar é aligeirada de vigotas pré-esforçadas e não existe
nenhuma viga ou vigota num dos alinhamentos do pilar, podem utilizar-se chapas metálicas
que atravessam a laje de lado a lado em duas faces postas. Para tal, fazem-se rasgos nas
abobadilhas cerâmicas e soldam-se as chapas metálicas de cada lado da laje [1] (Fig. 24).
Em alternativa e quando existem vigas segundo qualquer dos alinhamentos dos pilares,
pode-se utilizar vergalhões soldados aos cantos das cantoneiras e de cada lado da laje [1]. Os
vergalhões estão colocados de tal forma que a execução dos furos por onde passarão não
interfira com as vigas mas apenas com as lajes (Fig. 25).
Este tipo de reforço pode também ser conseguido à custa de perfis em U que são depois
soldados nas pontas e em toda a altura de maneira a formar um caixão fechado com um
espaço livre entre os perfis e o pilar existente que é depois preenchido com betão não retráctil
ou expansivo colocado in-situ (Fig. 26).
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Fig. 26 [2] - Reforço de pilar com perfis metálicos em U soldados nas pontas
Este método tem, para além do inconveniente de se gastar mais aço, a desvantagem
adicional de não se poder garantir a aderência perfeita entre o aço e o betão. Daí que seja
recomendado que a máxima resistência que se pode considerar com esta solução mista seja de
4/3 da carga que os perfis por si sós são capazes de suportar [1].
Uma solução em caixão pode também ser conseguida com chapas metálicas soldadas
nos cantos e em toda a altura (Fig. 27) ou com chapas semi-cilíndricas soldadas nas
extremidades. Pelas razões já apontadas, são soluções pouco utilizadas. Apresentam os
inconvenientes adicionais de levarem ao aumento da secção dos pilares e serem
eventualmente inaceitáveis do ponto de vista estético.
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Tal como nas outras soluções de reforço, é conveniente descarregar o pilar ao máximo
antes de o reforçar eliminando pelo menos as sobrecargas de utilização. Se se considerar que
no pilar existente está a actuar a carga N, ao se realizar o reforço com o pilar sob carga, o
reforço só entrará em carga para incrementos positivos da carga N. Para um incremento ∆N, o
pilar inicial suportará uma carga N + α ∆N (0 < α < 1) superior à original que o pode levar à
rotura. Se o pilar inicial resiste, o reforço apenas suportará a carga (1 - α) ∆N. No entanto, se
se der a rotura do pilar existente, o reforço passará a estar sujeito à carga total N + ∆N, para a
qual eventualmente não estará dimensionado, dando-se a sua rotura também [1]. Esta análise é
provavelmente pessimista em relação à realidade já que ignora a capacidade resistente residual
das peças após a rotura convencional, mas deve ser tomada em conta. Daí que alguns autores
[1] defendam que, neste tipo de reforço, o aço de reforço deva ser calculado para resistir à
totalidade dos esforços verticais transmitidos ao pilar. Outros argumentos a favor desta regra
de dimensionamento empírica são a pequena economia que se consegue quando se entra com
a contribuição do pilar existente em termos de resistência global (quando comparada com os
altos custos de execução) e também o facto de se estar do lado da segurança.
Como regra geral, sempre que se reforce um troço de pilar deve-se reforçar todos os tro-
ços do mesmo pilar que lhe sejam inferiores até à sapata a não ser que estes sejam de boa qua-
lidade e de resistência mecânica superior à do troço reforçado após esse mesmo reforço [1].
Recomenda-se que, neste tipo de reforços, a secção total do aço do pilar (armadura exis-
tente + perfis metálicos + eventual armadura de reforço em varão) seja inferior a 6% da secção
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total do betão do pilar (secção existente + eventual betão de reforço ou recobrimento) [2].
Ainda que seja mais um método de escoramento do que propriamente um reforço, pelo
seu carácter definitivo vai-se também apresentar a seguinte técnica [7]. Consiste na descarga
parcial do troço de pilar deficiente por aplicação de macacos hidráulicos entre lajes e na
inserção de dois ou mais perfis metálicos verticais que passarão a resistir a parte da carga total
do pilar. As escoras são em geral tubos cilíndricos que poderão posteriormente ser revestidos
em betão com rede de galinheiro ou malha electrossoldada para melhorar a resistência ao fogo
e o aspecto estético (Fig. 28). Como vantagens deste método, há a sua simplicidade e rapidez
de execução e a sua relativa eficácia. Como desvantagens, tem o considerável espaço de laje
ocupado e o facto de as escoras poderem não ser eficazes na transferência de momentos a não
ser que sejam introduzidos dispositivos resistentes à tracção em ambos os seus topos (por
exemplo, sob a forma de placas metálicas chumbadas através de furos executados nas lajes e
preenchidos com epoxi) [7].
3.4. Paredes
O tipo de reforço que de seguida se vai descrever tem uma aplicação muito mais
vulgarizada em paredes de alvenaria de pedra pouco resistente e argamassa do que em paredes
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de betão armado devido à maior facilidade de execução de roços para introdução dos perfis
metálicos.
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3.5. Vigas
Este tipo de reforço tem pouca tradição em vigas por nem sempre ser realizável na
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prática e por a sua eficácia deixar muito a desejar. De facto, é muito difícil garantir uma
aderência plena entre a viga existente e os perfis metálicos de reforço pelo que estes não
trabalham em conjunto com a secção existente mas sim de uma forma independente ainda que
com compatibilização de deformadas. Logo, a resistência total é a soma das resistências
individuais e não a resistência monolítica do conjunto [1] (Fig. 31, à esquerda).
Fig. 31 - Reforço de viga à flexão com recurso a perfis metálicos: à esquerda, sem
funcionamento monolítico [24]; à direita, com solidarização total como o elemento existente
[1]
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injecção do espaço entre a viga existente e o perfil com argamassa de cimento não retráctil ou
expansivo (complementada com a introdução de cunhas metálicas) para garantir que de facto
as cargas verticais são transmitidas à viga metálica [10]. Em complemento, esta pode ser
chumbada à viga existente. Especial cuidado deve ser tomado com os apoios da viga metálica
que devem ter uma entrega suficiente, ser pormenorizados com critério e dimensionados para
a máxima reacção vertical prevista na viga metálica. Estes apoios são em geral executados
com recurso a cantoneiras metálicas complementadas com chapas laterais soldadas ao perfil
[10] (Fig. 32).
Fig. 32 [10] - Reforço de viga por introdução de um perfil metálico (apoio do mesmo no pilar
existente)
3.6. Lajes
3.6.1. Flexão
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Este tipo de reforço tem o mesmo objectivo em lajes que um método de reforço por
encamisamento em lajes referido em [22] e que consiste na redução dos vãos de cálculo da
laje e respectivos esforços de cálculo por introdução de novas vigas, constituindo-se num
novo reticulado estrutural. Esta solução é obviamente inestética e deve, na medida do
possível, ser disfarçada, para isso aproveitando o facto de ter de se conceber uma protecção
dos perfis contra a corrosão e o fogo. Pode também levantar problemas se houver fortes
limitações de pé direito.
Tal como nos restantes tipos de reforço em lajes, é fundamental descarregar ao máximo
a estrutura existente antes da execução do reforço e escorá-la convenientemente durante os
trabalhos. É muito importante que as vigas de reforço acompanhem a deformação dos
pavimentos desde o início da instalação das novas cargas pois, se tal não acontecer, estes
podem atingir deformações inconvenientes antes de mobilizarem as vigas de reforço. Para tal,
é necessário solidarizar os perfis metálicos à laje existente num conjunto monolítico não
bastando garantir o seu funcionamento em paralelo [11].
Duas hipóteses se põem em relação à colocação relativa das vigas metálicas e laje
existente: ou aquelas estão embebidas nesta ou se lhe situam inferiormente. No primeiro caso,
o trabalho de execução é mais complicado mas há melhores garantias de funcionamento
conjunto efectivo. São realizadas aberturas nas lajes de largura superior à dos banzos dos
perfis. As superfícies cortadas devem ser objecto de um tratamento semelhante ao atrás
descrito para garantir uma boa aderência. São chumbados varões em forma de U deitado com
um espaçamento relativamente pequeno que são depois soldados à alma dos perfis. São
também aí soldados esquadros de apoio da laje. Após se barrar com resina epoxi as superfícies
da laje existente anteriormente tratadas, realiza-se a betonagem dos troços de laje entra a laje
existente e os perfis metálicos com betão de alta resistência e não retráctil. Se for necessário,
pode-se associar perfis metálicos em paralelo que são ligados por chapas metálicas soldadas
[11] (Fig. 33).
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discutível neste tipo de reforço), a face traccionada da laje é tratada de forma a eliminar
substâncias que possam dificultar essa mesma aderência e é injectado o intervalo entre a laje
existente e o perfil metálico após a introdução de cunhas metálicas [1]. É indispensável a
utilização de outros meios de ancoragem adicionais como, por exemplo, rebites, chumbadores,
conectores ou buchas de expansão [2].
Fig. 33 [11] - Pormenores de execução do reforço de uma laje por introdução de perfis
metálicos nela embebidos
Fig. 34 [1] - Reforço de uma laje por introdução de vigas adicionais constituídas por perfis
metálicos
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não serão superiores, em valor absoluto, aos momentos positivos nas mesmas secções devidos
às cargas existentes aquando da colocação em serviço desse mesmo reforço. Caso tal
aconteça, deve ser verificada a armadura superior da laje nessas mesmas secções e reforçada
se for necessário. Os apoios das novas vigas devem ser objecto de cuidado especial tal como
foi referido em 2.5.
Em tabuleiros de pontes, e se não houver problemas de gabarito, pode-se optar por uma
solução de reforço bastante inestética, ocupando muito espaço mas também muito eficaz.
Consiste na execução de uma treliça sob o tabuleiro após a descarga deste e capaz de absorver
uma parte importante dos esforços devidos às sobrecargas de utilização (Figs. 35 e 36). A
treliça será obviamente constituída por perfis metálicos comerciais, deverá ser
convenientemente contraventada vertical e transversalmente e cuidado especial deve ser
tomado na ligação ao tabuleiro [4].
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Fig. 36 [4] - Reforço do tabuleiro de uma ponte com uma viga I complementada com
carlingas
Utiliza-se também um reforço deste tipo para servir o objectivo de rigidificar a estrutura
em relação às acções horizontais por criação de um diafragma horizontal distribuidor de
esforços e que permite a compatibilização de deslocamentos dos diversos elementos
estruturais verticais. Para tal, recorre-se a elementos metálicos dispostos na diagonal das lajes
e de execução semelhante à das outras técnicas aqui referidas [12].
Os reforços em lajes, neste como nos outros tipos, são em geral anti-económicos sendo
na maioria dos casos preferível demolir e fazer de novo. Isto deve-se aos grandes custos em
geral associados às técnicas de reforço e ao facto de muitas vezes obrigarem a reforços em
peças adjacentes, por exemplo, por aumento das cargas permanentes.
3.6.2. Punçoamento
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Para tal, as bases e capitéis já atrás referidos podem ser dimensionados já tomando em
conta esse efeito de acordo com os métodos de verificação convencionais. Para garantir
melhor a transmissão de tensões nessas zonas, a argamassa pode ser injectada. Em alternativa,
podem-se utilizar capitéis metálicos com o único objectivo de aumentar a resistência ao
punçoamento por aumento do perímetro de contorno crítico (Figs. 38 e 39). Esta solução é
eficaz se se conseguir garantir uma transmissão de tensões eficaz mas pode ser inaceitável do
ponto de vista estético [7]. É conveniente que as bases do reforço do pilar no troço
imediatamente superior ao dos capitéis tenham a mesma superfície que estes [1].
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O cálculo das peças reforçadas por introdução de perfis metálicos apresenta poucos
aspectos novos em relação aos referidos em relação ao reforço por encamisamento e por
colagem de armaduras em [22]. Tal como referido, o principal problema em todos os métodos
de reforço que implicam a adição de novos materiais ou componentes é garantir o seu
funcionamento conjunto com a peça inicial existente. Aceitando que tal acontece, surge outro
problema que é o da forma de estimar a contribuição dos materiais existentes para a
resistência final da peça reforçada. No entanto, não se voltará aqui a referir essa problemática
por ter sido já extensamente discutida [22].
3.7.2. Pilares
Fig. 40 - Exemplo de aplicação de um pilar reforçado por introdução de perfis metálicos (flexão
composta) descarregado totalmente antes da aplicação do reforço
A formulação é a seguinte:
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a,eq = (As,i fsyd,i a,i + As,r fsyd,r a,r) / ((As,i + As,r) fsyd,r) ≈
υ = NSd / (b h fcd,i
µ = MSd / (b h2 fcd,i)
Das tabelas normais, tira-se ω em função de υ, µ, β e do aço dos perfis, valor que é
comparado com o calculado acima.
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em que:
N0, M0 - esforço normal e momento flector de cálculo associados às acções que actuam
+ ∆N = NRd e M0 + ∆M = MRd.
1) εc,i = 3,5‰
Neste caso, o método atrás referido com recurso a uma armadura total equivalente é
ainda válido se ocorrerem simultaneamente as seguintes condições:
2) εs,i = 10,0‰
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As,tot ≤ 6% Ac,tot
em que:
As,tot - secção total da armadura longitudinal (pré-existente + adicional);
Fig. 41 [2] - Recomendações práticas no reforço de pilares por introdução de perfis metálicos
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No mesmo documento [2], são ainda fornecidas expressões analíticas para cálculo das
tensões de confinamento lateral introduzidas na secção pré-existente pela colocação de chapas
metálicas soldadas ou chumbadas aos perfis longitudinais. Estas devem-se essencialmente a
três efeitos:
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em que:
fsyd,r - valor de cálculo da tensão de cedência à tracção da armadura de reforço a
3.7.3. Vigas
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pelo métodos correntes para resistir não só aos momentos provocados pelas acções actuantes
antes da execução do reforço mas também a uma parcela dos momentos devidos às acções
aplicadas após a colocação efectiva em funcionamento desse mesmo reforço. Esta parcela
corresponde à relação entre a rigidez da viga inicial e a da viga após o reforço. Por seu lado,
os perfis metálicos apenas serão solicitados por uma parcela dos momentos devidos às acções
aplicadas após a colocação efectiva em funcionamento do reforço correspondente à relação
entre a rigidez desses mesmos perfis e a da viga após o reforço.
3.7.4. Lajes
Finalmente, o dimensionamento das lajes reforçadas por este método deve ter em conta
os esforços devidos às acções actuantes antes da execução do reforço, aplicadas na laje com as
suas condições de apoio iniciais, aos quais são somados os esforços devidos às acções
aplicadas após a entrada efectiva em funcionamento do reforço, com as novas condições de
apoio devidas à existência das novas vigas. A laje será dimensionada pelos métodos correntes
para os momentos totais em cada secção. Quanto às vigas metálicas, elas devem ser
dimensionadas pelos métodos correntes em peças metálicas para a reacção das lajes devida às
acções aplicadas após a entrada efectiva em serviço do reforço.
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4.1. Introdução
São tratadas neste capítulo as soluções de reforço que recorrem à imposição de uma pós-
tensão em cabos de pré-esforço exteriores ou interiores à peça a reforçar. O traçado dos cabos
é criteriosamente escolhido para, em estruturas isostáticas, impor uma deformação de sinal
contrário à das acções permanentes existentes e, em estruturas hiperstáticas, somar a esse
mesmo efeito o do momento hiperstático. As dimensões das peças existentes não sofrem
praticamente qualquer alteração ainda que os cabos de pré-esforço devam ser protegidos da
corrosão e do fogo e, quando exteriores, ser disfarçados por razões de índole estética.
Com este tipo de reforço, pretende-se em geral aumentar a capacidade resistente à flexão
e ao esforço transverso assim como diminuir flechas excessivas em vigas (Fig. 44) e lajes
sendo a sua aplicação noutros elementos estruturais muito pouco comum.
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lado da secção existente, é necessário garantir o funcionamento monolítico desta com aquelas.
Em complemento, deve ser tomado um cuidado especial na pormenorização dos desviadores
de direcção do cabo.
elevado custo;
mão de obra especializada;
possibilidade de criação de efeitos secundários em particular nas zonas de ancoragem e
nos elementos adjacentes não reforçados;
necessidade de proteger todos os cabos contra o fogo e a corrosão;
esteticamente inaceitável na maioria dos casos (Fig. 45).
Fig. 45 [9] - Disfarce do cabo de pré-esforço exterior por realização de roços na peça existente
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Refere-se de seguida algumas das precauções a tomar para garantir a eficácia deste tipo
de reforço.
O traçado dos cabos deve procurar reproduzir o mais fielmente possível o anti-funicular
das cargas exteriores para ter o seu rendimento máximo, o que nem sempre é possível. De
facto, na prática, é muito mais fácil impor traçados rectilíneos que parabólicos. A disposição
em anti-funicular dos cabos melhora também as características resistentes do elemento ao
esforço transverso devido à componente vertical do esforço normal no cabo ainda que, se esta
medida não for suficiente, se possa aumentar a resistência local através de estribos ou varões
inclinados pós-tensionados [1].
Fig. 46 [1] - Pormenor de desviador de direcção concebido para reduzir as tensões locais no
betão
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O atrito entre os cabos e os desviadores de direcção (Fig. 47) deve ser mínimo a fim de
não se gerar tensões excessivas perigosas mesmo para os próprios cabos.
Para evitar fenómenos de vibração nos cabos utilizados em reforços de pontes com
possibilidade de entrar em ressonância pela passagem sobre a estrutura de sobrecargas móveis,
devem ser previstos dispositivos adequados. Tem-se constatado que, para vãos correntes de
pontes, a frequência própria de vibração da estrutura está por vezes muito próxima da dos
cabos pós-tensionados. [4] Corre-se portanto o risco de estes entrarem em ressonância
gerando tensões adicionais importantes. Pela introdução dos dispositivos representados
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Fig. 48 [4] - Dispositivos para diminuição da frequência de vibração dos cabos de pré-esforço
exterior de reforço em pontes
As zonas de ancoragem (Fig. 49) devem ser verificadas da forma regulamentar tomando
em conta não só a máxima pressão local no betão mas também as tracções laterais geradas
pelo desvio das isostáticas de compressão nessas zonas. Se forem construídas de raiz para o
efeito (Fig. 50), deverão ser pormenorizadas convenientemente e ser assegurada a sua
interacção com a peça existente sem causar estragos nesta. Se for utilizada, uma zona
existente como zona de ancoragem, é necessário verificar se tem armadura transversal
suficiente e, caso tal não aconteça, reforçá-la, por exemplo, por encamisamento. Quando se dá
a amarração numa carlinga intermédia, é necessário verificar a segurança da ligação da
carlinga à alma da viga pois pode suceder que a armadura da carlinga não tenha entrega
suficiente, provocando, quando da introdução do pré-esforço, o seu arrancamento [2].
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não ter de se interromper a circulação em pontes para a sua execução e a diminuição das
perdas por atrito. Como desvantagens, a sua execução mais difícil e a introdução de forças
concentradas parasitas na estrutura existente [4].
Devido ao seu carácter especializado, este tipo de reforço só poderá ser executado por
empresas com grande experiência no ramo.
Ainda que por vezes cara, esta solução de reforço é praticamente a única possível em
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O pré-esforço pode ser completamente exterior ao sistema inicial ou ser-lhe pelo menos
parcialmente interior (Fig. 45). Este último processo apenas redistribui de modo diferente os
esforços na estrutura. Utiliza-se para o fecho de fendas nalgumas secções de uma estrutura
cuja resistência global é suficiente para as solicitações previstas [4]. No entanto, tem como
inconvenientes a dificuldade em realizar os furos por onde passarão os cabos e o perigo de, ao
o fazer, danificar ou cortar algum varão da armadura existente.
É muito frequente a colocação de tirantes formados por barras de aço de alta resistência
roscadas nas suas extremidades, encostadas às faces laterais da viga e colocadas em carga por
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meio de aperto de roscas que transmitem a sua tensão a dispositivos de ancoragem adequados
(Fig. 56). Estes são geralmente constituídos por cantoneiras metálicas chumbadas, roscadas ou
pré-esforçadas contra a alma da viga [1].
Fig. 54 [1] - Pré-esforço por pontos intermédios permitindo uma redução substancial nas
perdas por atrito nos desviadores de direcção
É, no entanto, necessário verificar as vigas à torção devido ao elevado valor das cargas
aplicadas.
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Uma outra técnica de reforço deste tipo é a adoptada quando se pretende suprimir um
troço de pilar para aumentar o vão livre num determinado piso por razões de índole
arquitectónica. Para que a estrutura não sofra grandes danos, é necessário que seja introduzida
na base dos troços superiores uma reacção vertical igual ao esforço normal no troço suprimido
o que é conseguido à custa da força de desvio de um cabo de pré-esforço (Fig. 58).
Ainda que não se possa considerar propriamente um reforço de flexão, refere-se também
a técnica de cintagem em paredes de reservatórios baseada na utilização de conectores. A fim
de reduzir as perdas de pré-esforço, a colocação em carga é feita em três secções sendo o cabo
guiado por meio de cantoneiras [9] (Fig. 59).
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Como já foi atrás referido, o próprio reforço à flexão contribui para aumentar a
resistência ao esforço transverso através da componente vertical do pré-esforço de sentido
contrário ao do esforço transverso introduzido pelas cargas exteriores. Se for α o ângulo que,
numa determinada secção, o traçado médio do cabo faz com a horizontal, e se for P o valor do
esforço normal total no cabo resultante descontado de todas as perdas instantâneas e diferidas,
o valor de cálculo do esforço transverso actuante nessa secção pode ser diminuído da parcela
N sen α ≈ N tg α.
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formar uma espécie de treliça cujas diagonais (tirantes) são elementos activos pós-tensionados
e cujas bielas de compressão são formadas pelo betão (Fig. 61). As zonas de ancoragem
conseguem-se com chapas metálicas nas faces superior e inferior [1].
Fig. 61 [1] - Reforço de uma viga ao esforço transverso por recurso a pré-esforço
Desde que convenientemente executado, o cálculo deste tipo de reforço não tem nenhum
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aspecto novo em relação ao cálculo habitual de estruturas armadas pré-esforçadas com pré-
esforço não aderente. Mesmo quando o cabo está solidarizado à estrutura existente pela
camada de recobrimento e protecção, deve-se assumir a hipótese da sua não aderência porque
esta é de facto muito discutível e porque se está do lado da segurança.
Nunca é de mais realçar os cuidados que há que ter nas zonas ancoradas sejam elas de
betão pré-existente ou de betão novo ligado ao pré-existente e nos desvios de direcção do
cabo.
No caso de a secção apresentar fendilhação mas esta não ultrapassar 0.5 mm, ainda se
pode, com algumas precauções no respeitante aos coeficientes de segurança a adoptar,
dimensionar a estrutura como obra nova [4].
Se e secção apresentar fendas de largura superior a 0.5 mm, há que introduzir para cada
caso concreto coeficientes de redução das características estruturais do elemento (secção,
inércia, etc.) [4]. Tal como já foi referido anteriormente, a grande dificuldade consiste em
estimar as resistências residuais dos materiais pré-existentes.
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5.1. Introdução
São tratadas neste capítulo as soluções de reforço que correspondem à demolição total e
reconstrução de elementos estruturais pré-existentes assim como as que correspondem à
introdução de elementos estruturais adicionais onde antes não existiam nenhuns. No 1º caso,
as dimensões da peça pré-existente poderão ou não ser mantidas consoante o grau de
capacidade resistente que se pretende dar ao novo elemento, sendo, no entanto, preferível do
ponto de vista arquitectónico manter as dimensões iniciais. No 2º caso, deve-se tentar que os
novos elementos resistentes preencham espaços anteriormente ocupados por elementos não
estruturais (paredes de alvenaria de enchimento) de forma a não alterar a arquitectura original.
Neste tipo de reforço, os materiais mais utilizados são o betão de cimento portland
normal (eventualmente projectado) e as armaduras em varão, por vezes complementados com
perfis metálicos. Nas ligações, recorre-se ao betão projectado, betão de cimento não retráctil
ou expansivo, argamassas epoxídicas e resinas epoxi [14].
Daí que o cálculo das estruturas reforçadas por este método não apresente quaisquer
particularidades em relação ao cálculo de estruturas correntes em betão armado se, de facto,
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Técnicas de reforço menos correntes de estruturas de betão por Jorge de Brito
Fig. 63 [1] - Redução dos esforços nos pilares existentes por introdução de paredes resistentes
Referem-se de seguida algumas das precauções a tomar para garantir a eficácia deste
tipo de reforço.
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As superfícies de ligação dos materiais pré-existentes com os novos materiais devem ser
objecto de um tratamento cuidado. Para tal, devem ser picadas para criar uma superfície
rugosa e sujeitas a um jacto de areia para eliminar pó, gorduras, óleos, leitada superficial,
partículas facilmente desagregáveis e tudo o que possa contribuir para diminuir a eficácia da
ligação. Se houver vantagem nisso, deve-se criar dentes na superfície de ligação da peça
existente para melhorar a resistência ao corte da ligação. Outras formas de melhorar essa
mesma ligação consistem na utilização de chumbadores, varões soldados à armadura existente
e à nova, varões roscados ou pré-esforçados ou mesmo empalme de armadura nova na pré-
existente [14]. As superfícies de ligação devem ser barradas com uma camada de resina epoxi
antes da betonagem. O betão utilizado deveria de preferência ser não retráctil ainda que tal
medida possa encarecer excessivamente os trabalhos em face dos grandes volumes
envolvidos. Para debelar um pouco o efeito da retracção, deve-se utilizar relações
água/cimento o mais baixas possível, recorrendo a plastificantes se necessário. As superfícies
exteriores dos novos elementos devem ser curadas durante pelo menos 10 dias.
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uma maior solidarização à estrutura, as zonas em que é mais difícil garantir uma betonagem
eficaz são a base e o topo. Na base, é necessário garantir uma adequada entrega do betão e das
armaduras de reforço. No topo, é preciso que a resistência do novo betão seja mobilizada para
o que se torna fundamental eliminar qualquer descontinuidade resultante da retracção e da
possível presença de uma camada de leitada que sobrenade durante a betonagem. Por isso, é
aconselhável a utilização de betão de cimento expansivo nessas zonas [12].
Quando se constrói novas paredes resistentes, uma das precauções mais importantes é
garantir a continuidade dos varões verticais dos vários troços entre lajes. Só assim se poderá
garantir um funcionamento dos vários troços de parede como um todo na resistência às acções
horizontais. O método mais eficaz parece ser a execução de furos nas lajes através dos quais
passam os varões que são depois injectados com resinas epoxi [8].
Esta solução, que implica a complexa e demorada operação de demolição de uma peça
estrutural existente (tarefa bastante difícil e onerosa na prática quando aplicada ao betão
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de compartimentação). Como já foi referido atrás, aplica-se com mais frequência a lajes que a
outros elementos estruturais devido ao elevado custo relativo das outras soluções em lajes pela
sua elevada superfície.
Como já foi atrás referido, a demolição dos elementos deficientes é precedida de uma
descarga destes e de um escoramento adequado às peças adjacentes e às cargas a suportar.
Após a demolição de acordo com os métodos tradicionais, devem ser cortadas todas as
armaduras existentes excepto as que se encontram ligadas à restante estrutura que não devem
ser danificadas. São deixados troços ligados à estrutura existente de um comprimento pelo
menos igual a 1.5 vezes o comprimento de amarração regulamentar para servir de empalme às
armaduras adicionais [15]. No caso de lajes e vigas, as armaduras inferiores pré-existentes
servem perfeitamente para os efeitos pretendidos. No entanto, o mesmo poderá não se dizer
em relação às armaduras superiores que naturalmente serão inferiores às dadas pelo cálculo
para as acções na nova laje ou viga. Nesse caso, deve-se dimensionar a nova peça para um
momento no apoio igual ao momento resistente de cálculo correspondente às armaduras
superiores pré-existentes. Em alternativa, e do lado da segurança, dimensionar-se-á a nova
peça para a hipótese de apoios com liberdade de rotação ainda que se deva colocar armaduras
superiores junto aos apoios pelo menos iguais às pré-existentes [14].
No caso de pilares e paredes, é preciso muito cuidado com o escoramento para evitar
problemas de punçoamento. As armaduras existentes junto aos nós devem também ser
deixadas intactas para conferir comprimento de amarração à nova armadura e para lhe dar
continuidade entre troços. Se houver necessidade de aumentar essa mesma armadura, deve-se-
lhe dar continuidade por execução de furos através das lajes.
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rigidificação dos pavimentos no seu próprio plano (com elementos diagonais metálicos ou
com betonagem de lâminas adicionais de betão) para lhes conferir características de
diafragma distribuidor de esforços - este tipo de acção foi já referido em [22] e 2.4
quando se descreveu soluções de reforço em laje respectivamente por encamisamento e
por introdução de perfis metálicos;
criação de novas estruturas metálicas ou de betão armado susceptíveis de absorver as
forças horizontais aliviando os esforços sobre os elementos pré-existentes.
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Fig. 64 [2] - Só a solução c) é correcta por não corresponder a mudanças bruscas na rigidez
em altura dos novos elementos resistentes e por estes serem executados até às fundações sem
interrupções
em betão armado monolítico com a estrutura existente, para o que será necessário
conceber a sua ancoragem nos pisos e nas fundações; as paredes podem ser exteriores
(Fig. 65) ou interiores (Fig. 66) ao edifício existente; as primeiras têm a vantagem de
serem um impedimento menor à normal utilização do edifício; podem ser paralelas às
empenas (Fig. 65) ou perpendiculares a elas formando contrafortes; as segundas podem
ou não preencher completamente o pano de alvenaria entre pilares sendo comum a
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Fig. 65 [16] - Reforço de uma nova estrutura em relação às acções horizontais por adição de
uma parede resistente exterior
Fig. 66 [16] - Ligação da nova parede resistente interior betonada in-situ à estrutura pré-
existente
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de betão armado e uma nova fiada de tijolo mantendo a aparência exterior (Fig. 73). A nova
parede funciona como uma parede de alvenaria resistente. A nova fiada de tijolo deve estar
firmemente ancorada no betão armado e na fiada interior pré-existente. Esta deve ser limpa
preferencialmente por jacto de areia para assegurar uma boa aderência com o betão [16].
Fig. 69 [12] - Ligação das faixas pré-fabricadas da nova parede resistente exterior à estrutura
existente
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Fig. 70 [2] - Tipos possíveis de novas paredes resistentes por recurso a treliças de perfis
metálicos
A alvenaria não resistente (de pedra ou tijolo) pode ter uma influência marcada na
resposta da estrutura à acção do sismo podendo em alguns casos precipitar o seu colapso. No
entanto, em certas circunstâncias, a alvenaria não resistente pode conferir suficiente
resistência lateral a um edifício para resistir ao sismo [2]. Daí que a construção de novos
panos de alvenaria possa também ser encarada como uma forma de conferir maior
solidarização lateral à estrutura existente melhorando assim o seu comportamento a acções
horizontais (Fig. 74).
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Fig. 73 [16] - Constituição de uma parede resistente por substituição de parte da espessura de
uma parede não resistente pré-existente
Fig. 74 [2] - Efeito da introdução de panos de alvenaria não resistente entre pilares
Umas das técnicas mais eficazes quer em edifícios quer em pontes é a redução dos vãos
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Fig. 75 [24] - Reforço de vigas por redução do seu vão através da introdução de novos apoios
Um outro tipo de reforço deste tipo é o que se faz por vezes em tabuleiros de pontes em
laje vigada. Consiste na introdução de carlingas a terços de vão quando estas não existem e
tem por função principal solidarizar transversalmente as vigas, permitindo assim um melhor
funcionamento em conjunto das mesmas. É particularmente útil na redistribuição transversal
dos esforços devidos ao veículo-tipo. A execução consiste na picagem superficial dos
intradorsos das vigas às quais a carlinga será ligada de forma a eliminar todas as substâncias
que possam interferir na boa aderência dos materiais novos com os pré-existentes. A armadura
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da carlinga deve ser chumbada na superfície lateral das vigas. Antes da betonagem, deve ser
aplicada resina epoxi nas superfícies de contacto da carlinga com as vigas. Para melhorar a
ligação, a carlinga deve ser pré-esforçada através de varões roscados ancorados nos
extradorsos das vigas [14] (Fig. 76).
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restantes elementos da estrutura, em particular se estes não tiverem sido reforçados; para
tal, deve-se fazer uma análise incremental de esforços do seguinte tipo: na estrutura
inicial, aplica-se as acções de carácter permanente que nela actuam antes da entrada em
serviço dos novos elementos incluindo o respectivo peso próprio; na estrutura reforçada,
aplica-se as acções variáveis (sobrecargas de utilização e acções horizontais) de cálculo;
aceitando o princípio da sobreposição de efeitos, os esforços finais nos elementos
resistentes da estrutura inicial são a soma dos esforços assim obtidos;
as características dinâmicas da estrutura reforçada são em geral substancialmente
diferentes das da estrutura inicial; por isso, há que determinar novas rigidez global e
frequência própria de vibração da estrutura para se reformular o cálculo das acções
sísmicas.
A análise de estruturas em que foram introduzidos novos elementos resistentes (Fig. 77)
é difícil devido à natureza complexa das forças de interacção que se desenvolvem nas
superfícies de contacto dos novos elementos com a estrutura pré-existente. O comportamento
é ainda complicado pela ocorrência de deslocamentos relativos nessas mesmas superfícies e
pelo desenvolvimento de fendas nas ligações e nos novos elementos [2].
Fig. 77 [2] - Estudo comparativo de diversos tipos de reforço por introdução de paredes
resistentes
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As análises mais correntes até ao momento são baseadas na teoria da elasticidade (para
comportamento monolítico), o método da treliça equivalente (quando são utilizados
dispositivos especiais de resistência ao corte), o método das bielas equivalentes (quando não
são utilizados esses dispositivos) e o método dos elementos finitos [2].
Quadro 1 [2] - Eficiência de diversas técnicas de reforço por introdução de novos elementos
resistentes
TÉCNICA DE REFORÇO RESISTÊNCIA RIGIDEZ DUCTILIDADE
____________________________________________
V´u V´u K´el K´el µ´ µ´
_____ _____ ______ _____ ____ ____
V´u,m V´u,f K´el,m K´el,f µ´,m µ´,f
enchimento paredes betonadas 0,50 a 3,50 a 0,75 a 12,50 a 0,85 a 0,90
de panos in-situ 1,00 5,50 1,00 25,50 0,95
de alvenaria _______________________________________________________________
entre painéis pré-fabricados0,20 a 1,20 a 0,15 a 3,50 a 0,70 a 0,70 a
pilares 0,80 4,20 0,85 20,50 3,95 3,80
_______________________________________________________________
alvenaria resistente 0,60 3,50 0,35 7,30 0,50
rigidificação bandas metálicas 0,35 a 1,70 a 0,05 a 1,60 a 0,50 a 1,45 a
e treliças 0,65 3,70 0,30 6,50 4,35 4,25
em que:
V´u - resistência real da estrutura após o reforço;
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mesmo paredes resistentes em que estes não são colocados, podem assegurar uma
resistência ao corte igual a cerca de 50% da de uma parede betonada monoliticamente
com a estrutura desde que se crie uma rugosidade nas superfícies interiores da estrutura
pré-existente e que o espaço horizontal por baixo da viga no topo superior do novo painel
seja preenchido com uma argamassa expansiva;
a resistência e ductilidade das estruturas reforçadas por este método são maiores se estes
dispositivos forem utilizados (Fig. 78);
a concentração de tensões nos cantos à compressão das novas paredes resistentes, assim
como os momentos flectores e esforços transversos que actuam na estrutura pré-existente,
diminuem quando os dispositivos são utilizados;
o efeito das aberturas na resistência e rigidez das estruturas reforçadas por este método é
extremamente importante se não se utilizar estes dispositivos; no caso contrário, o
comportamento global da estrutura não é alterado e as reduções na resistência e rigidez
são relativamente moderadas.
Fig. 78 [2] - Curvas qualitativas resistência ao corte / deslocamento para estruturas reforçadas
por introdução de paredes resistentes
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6.1. Introdução
São tratadas neste capítulo as soluções de reforço estrutural que não se podem englobar
directamente nos tipos atrás referidos. Têm como característica comum o facto de não
reforçarem directamente qualquer elemento estrutural na medida em que não fazem aumentar
a capacidade resistente da respectiva secção. Jogam antes na redistribuição de esforços dos
elementos estruturais mais fracos ou deficientes para os que dispõem ainda de alguma reserva
na respectiva capacidade resistente, ou seja, correspondem a modificações da concepção
estrutural. Correspondem portanto à manutenção das dimensões das peças pré-existentes sem
acrescento de qualquer camada extra de recobrimento. Podem, no entanto, ser
complementadas com medidas de reparação como a injecção de fendas e carecer de
escoramentos provisórios para atingir a sua máxima eficácia.
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No primeiro caso, a solução passa pela criação de juntas de dilatação adicionais de forma a
dividir a estrutura em planta em troços que não ultrapassem os 30 m em qualquer das
direcções. Esta solução implica em geral a duplicação de pilares e vigas de cada lado da junta.
Uma via de execução possível, seria escorar as lajes de um dos lados das vigas que vão ficar
fronteiras à junta de dilatação e criar os novos pilares e vigas pelos métodos referidos em 4.4.
Estes ficarão praticamente encostados respectivamente aos pilares e vigas pré-existentes mas
separados deles fisicamente. Após os novos elementos terem adquirido resistência suficiente,
são cortadas as lajes através de serras circulares na futura junta de dilatação, ou seja, entre as
vigas pré-existentes e as novas e é convenientemente executada essa mesma junta com os
materiais habituais. Só depois são retirados os escoramentos (que devem de preferência ser
activos para descarregar ao máximo os elementos estruturais fronteiros à futura junta). Os
esforços introduzidos por esses mesmos escoramentos devem ser devidamente quantificados e
verificados os elementos sobre os quais eles apoiam para evitar problemas de flexão ou
punçoamento.
No segundo caso, a solução passa pela criação de ligações rotuladas entre as peças mais
fracas e as mais rígidas. No caso particular de lintéis ligados a paredes resistentes, uma
possível solução é cortar a armadura superior dos lintéis junto à ligação. É um processo
extremamente simples e eficaz na redução drástica dos esforços nos lintéis. Corresponde a um
pequeno aumento relativo dos esforços nas paredes que em geral poderá ser ignorado. Poderá
também acontecer o contrário, ou seja, uma viga de rigidez significativamente maior do que a
dos pilares sobre os quais apoia e que, devido a cargas ou vãos adjacentes muito desiguais,
introduz esforços de carácter mais ou menos permanente nos pilares, esforços estes excessivos
para os mesmos. A libertação da rotação junto ao apoio da viga no pilar permite resolver este
problema (Fig. 79).
Naturalmente que este tópico não seria cabalmente tratado sem uma menção ao
isolamento dinâmico das fundações (Fig. 80) através de materiais que, por serem muito
deformáveis, têm dois efeitos sobre a superstrutura quando esta é actuada pelo sismo: tornam-
na mais deformável, baixando a sua frequência própria de vibração e as acelerações devidas às
forças de inércia; “filtram” determinadas frequências de vibração que poderiam, por serem
excessivamente aproximadas da frequência própria da estrutura, criar fenómenos de
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ressonância dinâmica.
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Fig. 82 [24] - Várias hipóteses de eliminação parcial de uma junta de dilatação entre dois
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permite na maioria dos casos manter a estrutura em serviço durante a sua execução;
permite resolver problemas de má distribuição interna de esforços na estrutura;
permite atenuar problemas de excessiva flexibilidade de alguns elementos ou partes da
estrutura;
mantém o aspecto exterior da estrutura;
é bastante económico na maioria dos casos;
é de fácil execução;
não obriga a mão-de-obra muito especializada.
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Pode-se então utilizar este método de redistribuição de esforços mesmo quando a causa
dos problemas não é o assentamento de apoios. Para tal, recorre-se a uma análise em cálculo
automático através da qual se estuda a melhor localização do deslocamento a impor e a
respectiva grandeza de forma a obter o melhor rendimento da técnica de reforço. Este será
tanto mais eficaz quanto maior for a reserva de resistência global da estrutura após a
intervenção. Esta é definida como o menor quociente entre o esforço resistente e o esforço de
cálculo de qualquer elemento da estrutura [2].
Este tipo de intervenção é muito utilizado em pontes podendo, no entanto, ser estendido
a edifícios. Em pontes, o que se faz geralmente é impor um deslocamento nos apoios
existentes por intermédio de macacos hidráulicos após o que se coloca novos apoios
definitivos com as dimensões adequadas. Em edifícios, os deslocamentos são geralmente
impostos na base das sapatas por métodos idênticos o que implica quase sempre o seu
descalce [2].
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na maioria dos casos, a estrutura tem de ser retirada de serviço durante a execução dos
trabalhos;
obriga à utilização de mão-de-obra especializada e equipamento caro;
não permite grandes aumentos da capacidade resistente da estrutura pelo que não serve
para resolver grandes deficiências estruturais;
obriga a um estudo das suas consequências em toda a estrutura podendo obrigar a
reforços adicionais localizados.
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7.1. Introdução
As acções de reabilitação nas estruturas de betão armado podem ou não alterar as suas
características de comportamento quer a acções verticais quer a acções horizontais.
a rigidez máxima dos elementos reforçados (na hipótese de estes serem monolíticos) para
determinação dos esforços nestes;
uma rigidez reduzida desses mesmos elementos de acordo com critérios pré-definidos
para determinação dos esforços nos elementos não reforçados.
Esta análise deve também tomar em conta o faseamento de aplicação das cargas (antes e
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depois da reabilitação) de uma forma tão rigorosa quanto possível e com uma verificação
adequada da validade das hipóteses de sobreposição de efeitos.
Na quantificação das acções que irão actuar a estrutura após a reabilitação, deve-se
tomar em conta que, se o tempo de vida útil residual esperado para a estrutura reabilitada é
inferior ao tempo de vida útil de uma estrutura nova em iguais circunstâncias, então há uma
menor probabilidade de se atingirem os valores mais elevados para essas acções [2]. No
entanto, pode não ser prático considerar uma redução correspondente nos coeficientes γ f de
majoração das acções devido a incertezas relacionadas com a redistribuição de esforços. Daí
que seja recomendado que, nos cálculos, se utilize os mesmos coeficientes γ f que em
construções novas excepto no que se refere às acções sísmicas [2]. Há que tomar em conta a
possibilidade de uma maior frequência própria de vibração e também de uma diminuição na
ductilidade. A relação entre a força sísmica a que a estrutura deve poder resistir após a
intervenção e a força sísmica a que teria de resistir se fosse calculada como nova deve ser
aproximadamente unitária para reparações e ser sempre maior que 0.5 para reforços
independentemente do período de vida útil residual previsto.
Na National Technical University de Atenas foi feito um estudo comparativo dos efeitos
das diversas técnicas de reforço e/ou reparação em edifícios de betão armado de 3 e 7 pisos.
As conclusões foram semelhantes e resumem-se da seguinte forma [2]:
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para reforços locais por encamisamento ou em reparações por substituição do betão e aço
danificados, a redistribuição de esforços (momentos flectores, esforços transverso e
normal) em pilares e em vigas não tem significado no cálculo da estrutura após a
Os materiais utilizados devem ser objecto de ensaios rigorosos assim como as suas
ligações. O pessoal deve ser examinado de forma a analisar da sua competência e experiência
nos trabalhos específicos em questão. Deve ser efectuado um controlo minucioso nas
operações de soldagem, colagem de resinas epoxi, gunitagem, injecções, pré-esforço, etc. [2].
Este controlo deve ser complementado com ensaios in-situ. Neste campo, têm especial
interesse os seguintes ensaios [2]:
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A eficácia da intervenção pode também ser verificada à posteriori por ensaios globais
(Fig. 83). O ensaio de carga é o mais corrente devido à forma categórica como permite
comprovar essa eficácia. São também muito utilizados os ensaios dinâmicos para
determinação das características dinâmicas da estrutura reabilitada.
Fig. 83 [1] - Ensaio de carga de uma ponte através de camiões carregados com areia
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em que:
Vu,o, V´u - resistência antes dos danos e após a reabilitação;
Por todas estas razões, há necessidade de estabelecer regras razoáveis (ou seja, não
excessivamente anti-económicas) para o reforço de estruturas existentes. Essas regras devem
relacionar o nível de melhoria necessário com a idade, tipo de ocupação e de utilização de
cada estrutura em particular [14]. Em muitos casos, uma melhoria bastante apreciável na
estabilidade global de uma estrutura pode ser conseguida através de um pequeno custo ainda
que a estrutura continue a não cumprir as limitações impostas para construções novas [14].
Em consonância, dever-se-ia implementar regulamentação modificada que encoraje os Donos
da Obra a reforçar os seus imóveis sem grandes custos. Deveriam ser propostos critérios
simples de aceitação e utilização de materiais e técnicas não cobertos pela regulamentação
actual. Em particular, seria necessário formular um guia de procedimentos adequados para a
reparação de estragos devidos a sismos. Este tipo de reparação envolve materiais e técnicas
que não são utilizados com muita frequência e que, por isso, não estão geralmente incluídos
nas regulamentações existentes. Devido à falta de conhecimento sobre estas técnicas
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Para isso, são necessários estudos mais extensos e aprofundados sobre as várias técnicas
de reparação e/ou reforço (por exemplo, a introdução de elementos resistentes pré-fabricados
na estrutura existente) e em particular as mais recentes e menos comprovadas pela
experiência. Seria extremamente interessante um programa de ensaios de estruturas reais
reforçadas por vários métodos submetidas a sismos simulados [14]. Se tal fosse
economicamente viável, os edifícios deveriam preferencialmente levados à ruína [17]. É
fundamental conhecer o comportamento estático e dinâmico de estruturas, substruturas e
elementos individuais que tenham sido reparados e/ou reforçados com materiais de
propriedades físicas diferentes das dos materiais existentes.
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8. CONCLUSÕES
para cada problema que suscita a necessidade de reforçar, existe geralmente uma panóplia
alargada de técnicas mais ou menos apropriadas; tratando-se de uma vantagem do ponto
de vista do Projectista e do Dono da Obra, representa também uma dificuldade acrescida
na concepção do reforço;
em muitas situações, as técnicas, pela sua diversidade e complexidade de execução, não
estão validadas estatisticamente nem em termos de durabilidade; daí que se deva adoptar
uma filosofia conservativa na concepção do reforço;
a qualidade da mão-de-obra e a garantia de determinados requisitos (funcionamento
conjunto dos novos materiais com os existentes, descarga da estrutura antes da execução
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9. REFERÊNCIAS
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[14] J. Warner, “Methods for Repairing and Retrofitting (Strengthening) Existing Buildings”
[15] J. R. Janney, “Maintenance, Repair and Demolition of Concrete Structures”, Handbook
of Structural Concrete, Chapter 25, McGraw-Hill Book Company, London, 1983
[16] J. Lefter, “Methods and Costs of Reinforcing Veterans Administration Existing
Buildings”
[17] R. D. Hanson, “Repair and Strengthening of Reinforced Concrete Members and
Buildings”
[18] T. Ripper, “Historial da Tecnologia de Reforço com FRP, Caracterização de Materiais
Compósitos e Conceitos para Cálculo de Reforço”, Seminário sobre Reforço de
Estruturas com Fibras de Carbono, FEUP, Porto, 1999
[19] L. Juvandes e J. Figueiras, “Questões sobre Controlo e Garantia de Qualidade”,
Seminário sobre Reforço de Estruturas com Fibras de Carbono, FEUP, Porto, 1999
[20] Jorge de Brito, “Reabilitação de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado - Volume
3”, Relatório DEC. AI 13/88, CMEST, IST, Lisboa, 1988
[21] Jorge de Brito, “Reabilitação de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado - Volume
4”, Relatório DEC. AI 14/88, CMEST, IST, Lisboa, 1988
[22] Jorge de Brito, “Reabilitação de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado - Volume
2”, Relatório DEC. AI 12/88, CMEST, IST, Lisboa, 1988
[23] Jorge de Brito, “Reabilitação de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado - Volume
1”, Relatório DEC. AI 12/88, CMEST, IST, Lisboa, 1988
[24] Peter H. Emmons, “Concrete Repair and Maintenance”, R. S. Means Company,
Kingston, MA
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