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06/12/2019 Juiz – Vossa Excelência ou Vossa Senhoria?

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Sexta-feira, 6 de dezembro de 2019


ISSN 1983-392X

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Juiz – Vossa Excelência ou Vossa Senhoria?


quarta-feira, 3 de julho de 2019

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Gino Sérvio Malta Lôbo envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Em geral, costuma-se utilizar nas petições judiciais dirigidas ao juiz o vocativo
'Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito'. No entanto, o Manual de Redação da Presidência da
República entende que o pronome de tratamento excelentíssimo só deve ser empregado em
relação a altas autoridades. Seguimos a prática ou o manual de redação oficial?"

1) Um leitor, a partir da constatação de que, nas petições dirigidas aos juízes, se faz o
endereçamento Vossa Excelência e se usa o tratamento Excelentíssimo, observa que o Manual de
Redação da Presidência da República reserva tais expressões para altas autoridades, e, assim,
indaga como se deve resolver a questão no que tange aos juízes.

2) Ora, buscando socorro no próprio Manual de Redação da Presidência da República, a que se


referiu o leitor, observa-se que o Decreto federal 100.000, de 1991, autorizou a criação de uma
Comissão para rever, simplificar e uniformizar as normas de redação de atos oficiais utilizadas desde
1937. Desse modo, em 2002, pela Portaria 91 do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil, foi
publicada a segunda edição do Manual, revista e atualizada, com as principais mudanças ocorrendo
na adequação das formas de comunicação.

3) E, em tal manual, em obediência ao que ali se diz ser de "secular tradição", confere-se o
tratamento de Vossa Excelência para as seguintes autoridades do Poder Judiciário: Ministros dos
Tribunais Superiores, Membros de Tribunais, Juízes e Auditores da Justiça Militar.

4) Em realidade, por um lado, importa observar que um magistrado não deixa de ser uma autoridade
merecedora desse tratamento, do mesmo modo como são tratados outros ocupantes de cargos e
incumbidos de certas funções parelhas nos Poderes Legislativo e Executivo.

5) Por outro lado, incumbe esclarecer que, para as pessoas comuns e para as autoridades às quais
não se reserva o tratamento de Vossa Excelência, o tratamento devido é Vossa Senhoria e
Ilustríssimo, como é o caso dos advogados, comissários de polícia, cônsules, coronéis, diretores de
empresas, secretários de prefeituras, tenentes-coronéis, etc.

6) No que concerne aos membros do Poder Judiciário, alguns dispositivos legais até mesmo trazem
essa especificação e essa garantia: a) o art. 16, parágrafo único, do RISTF, por exemplo, estatui que

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os Ministros do Supremo Tribunal Federal "receberão o tratamento de Excelência, conservando o


título e as honras correspondentes, mesmo após a aposentadoria..."; b) e o art. 29, § 1º, do RISTJ
determina que os Ministros do Superior Tribunal de Justiça "receberão o tratamento de Excelência e
[...] conservarão o título [...] mesmo depois da aposentadoria...".

7) Por fim, quanto às cartas e ofícios destinados às autoridades, deve-se observar a seguinte
distinção: a) o vocativo a ser empregado no texto das comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é
Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo, como Excelentíssimo Senhor Presidente da
República, Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Excelentíssimo Senhor
Presidente do Supremo Tribunal Federal; b) as demais autoridades serão tratadas com o vocativo
Senhor, seguido do cargo respectivo, como Senhor Senador, Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor
Governador.

8) Assim, no envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas a um juiz (o mesmo devendo


ser dito, de modo indistinto, para as destinadas às demais autoridades tratadas por Vossa
Excelência) terá a seguinte forma:

A Sua Excelência o Senhor


Fulano de Tal
Juiz de Direito da 10ª Vara Cível
Rua ABC, n. 123
01010-000 – São Paulo – SP

9) Esclarecendo que, talvez, a dúvida do leitor se tenha originado no fato de que, quanto ao vocativo,
a expressão a ser empregada para um é Senhor Juiz, enquanto para outro há de ser Excelentíssimo
Senhor Presidente da República, anota-se que as dúvidas e explicações até agora trazidas
concernem ao tratamento a ser dado nas comunicações, cartas e ofícios, de modo que, nas petições
endereçadas a um juiz, continuaremos escrevendo Excelentíssimo Senhor Juiz...

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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