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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FICHAMENTO: AS CEGUEIRAS DO CONHECIMENTO: O ERRO E A ILUSÃO

MORIN, Edgar. A Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução


de Catarina Eleonora F. Silva e Jeanne Sawaya. 2. ed.rev. São Paulo: Cortez;
Brasília, DF: UNESCO, 2011.

O livro: Os sete saberes necessários à educação do futuro, do autor Edgar


Morin é dividido em 7 capítulos, os quais abordam questões relacionadas à
educação e ao conhecimento. Com sua fala o autor tem a intenção de provocar a
mobilização de luta e de ação com o objetivo de superar barreiras que ameaçam o
ensino e a pesquisa.

Para este trabalho iremos descrever sobre o primeiro deles, que trata sobre
as cegueiras do conhecimento e da ilusão.

Segundo o autor, as cegueiras do conhecimento são o erro e a ilusão.


(MORIN, 2011, p. 19), e todo conhecimento comunga tanto de um quanto do outro.
E sendo assim, a partir delas a educação do futuro deve enfrentar problemas no
percurso do ensino.

Morin inicia sua fala, á partir do conceito de uma educação onde não há
conhecimento que não esteja, em algum grau, ameaçado pelo erro e pela ilusão. O
autor descreve que se poderia crer na possibilidade de eliminar o risco de erro,
recalcando toda afetividade. Dessa forma, a subjetividade relacionada ao processo
de interpretação dos estímulos ou sinais captados pelo sentido não induziria o
sujeito ao erro ou ilusão. Entretanto, a afetividade pode asfixiar o conhecimento, mas
pode também fortalecê-lo, pois a faculdade de raciocinar pode ser diminuída, ou
mesmo destruída, pelo déficit de emoção. Fala sobre os erros mentais atesta ainda
a importância da fantasia e do imaginário para o ser humano, fato comprovado
fisiologicamente pela presença de apenas 2% de conexões neurocerebrais de
entrada e saída com o mundo exterior contra 98% referentes ao seu funcionamento
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interno. Cita, como erros mentais do conhecimento, o egocentrismo e a capacidade


do sujeito de mentir para si mesmo (self-deception) como grande fonte de erros e
ilusões. Cita ainda a própria memória como fonte, visto que tende a degradar-se e,
quando resgatada, pode desfigurar o fato/imagem armazenado, fala que
intelectualmente, estamos sujeitos ao erro, pois está na lógica organizadora de
qualquer sistema de ideias resistirem à informação que não lhe convém ou que não
pode assimilar.

Quando descreve sobre os erros da razão, cita a racionalidade enquanto


antídoto de proteção contra o erro e a ilusão. Entretanto, a racionalização de
informações é uma das ferramentas mais poderosas de indução de erros, visto que
se baseia em um sistema lógico fundamentado na indução/dedução que pode estar
calcado em bases falsas e/ou mutiladas que são suplantadas e ratificadas pela
racionalização, tornando-se premissas verdadeiras. Daí decorre a necessidade de
reconhecer na educação do futuro um princípio de incerteza racional: a
racionalidade corre risco constante, caso não mantenha vigilante autocrítica quanto
a cair na ilusão racionalizadora.

O autor fala de outra fonte comum de erros, e afirma que nascem da cegueira
paradigmática. É o paradigma quem privilegia determinadas operações lógicas em
detrimento de outras, como a disjunção em detrimento da conjunção; é o que atribui
validade e universalidade à lógica que elegeu. Por isso mesmo, dá aos discursos e
às teorias que controla as características da necessidade e da verdade. O
paradigma é inconsciente, mas irriga o pensamento consciente, controlando-o.
A normatização das sociedades e suas doutrinas e ideologias dominantes dispõem,
igualmente, da força imperativa que traz a evidência aos convencidos e da força
coercitiva que suscita o medo inibidor nos outros, provocando também erros e
ilusões antagônicas ao conhecimento ideal. Este imprinting cultural marca os
humanos desde o nascimento. O imprinting é um termo proposto por Konrad Lorenz
para dar conta da marca indelével imposta pelas primeiras experiências do animal
recém-nascido (como ocorre com o filhote de passarinho que, ao sair do ovo, segue
o primeiro ser vivo que passe por ele, como se fosse sua mãe), um erro clássico e
natural.
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Ainda relacionado à cegueira do conhecimento, Morin descreve que as ideias


não são apenas produtos da mente, elas por vezes transformam-se em "seres
mentais" e, seres que são, podem dominar-nos induzindo-nos às ilusões
características dessa relação ideia (dominante) X sujeito (dominado). Entretanto, são
as ideias que nos permitem conceber as carências e os perigos da ideia. Não nos
devemos esquecer jamais de manter nossas ideias em seu papel mediador e
impedir que se identifiquem com o real. Esta é uma tarefa indispensável na luta
contra a ilusão.

Fala a respeito do inesperado, como fonte de erros e ilusões. Quando o


inesperado se manifesta, é preciso ser capaz de rever nossas teorias e ideias, em
vez de deixar o fato novo entrar à força na teoria incapaz de recebê-lo.
Ainda dentro desse capítulo Morin descreve e ressalta a incerteza do próprio
conhecimento como fonte ativa de erros e ilusões, visto que nosso próprio
conhecimento carrega consigo as verdadeiras fontes e causas destes erros. Por isso
faz necessário "conhecer o próprio conhecimento", o que o autor chama de "o
conhecimento do conhecimento", que deve ser, para a educação, um princípio e
uma necessidade permanentes. Devemos compreender que existem interrogações
fundamentais sobre o mundo, sobre o homem e sobre o próprio conhecimento.
Finaliza o primeiro capítulo relatando que muitos sofrimentos e desorientações foram
causados por erros e ilusões ao longo da história humana e conclui que, para que
haja um progresso de base no século XXI, os homens e as mulheres não podem
mais ser brinquedos inconscientes não só de suas ideias, mas das próprias
mentiras. O dever principal da educação é de armar cada um para este combate
vital para a lucidez.

As contribuições contidas na obra de Edgar Morin, intitulada como: Os sete


saberes necessários à educação do futuro pode ser pensada e direcionada aos
professores, aos acadêmicos, aos especialistas da área da educação que almejam
ampliar seus conhecimentos e aperfeiçoar suas metodologias de ensino, para a
compreensão do conteúdo do livro é necessário que os leitores possuam uma boa
interpretação textual, além disso, é necessário que comunguem com as questões
apresentadas na obra, para assim adquirir o conhecimento contido no livro.
O presente capitulo nos faz refletir sobre os erros e ilusões, descreve sobre a
cegueira da educação que tem por objetivo transmitir conhecimentos. Aponta que o
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conhecimento não é um espelho das coisas ou do mundo externo, que a educação


deve dedicar-se, por conseguinte, à identificação da origem dos erros, ilusões e
cegueiras. Quando se trata dos erros mentais cada mente é dotada de potencial de
mentira para si? Que projetamos no outro as causas dos problemas que nos afetam,
e acreditamos fielmente nesta mentira? Que sendo a memória fonte de erros
inúmeros, mesmo assim criamos situações para nos próprios, onde ás vezes
acreditamos ter vivido falsas lembranças e anulamos, esquecemos as situações que
realmente aconteceram em nossas vidas, como se nunca tivéssemos vivido?

Referências:

MORIN, Edgar. A Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução


de Catarina Eleonora F. Silva e Jeanne Sawaya. 2. ed.rev. São Paulo: Cortez;
Brasília, DF: UNESCO, 2011.

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