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Disciplina: Literatura
O AUTOR
ESTILO E TEMÁTICA
POESIA LÍRICA
2. Nos excertos de poemas a seguir o tema central que se impõe quase exclusivamente é o
Amor, nas suas mais diversas manifestações e provocando as mais diferentes expansões
líricas e atitudes:
COMO EU TE AMO
(...)
POR UM AI
3. O poeta e a poesia. Nos trechos dos poemas a seguir, vemos o pioneirismo de Gonçalves
Dias, ao utilizar, pelo menos implicitamente, o recurso da metalinguagem.
QUE ME PEDES
LIRA QUEBRADA
Pede cantos aos ledos passarinhos,
Pede clarão ao sol, perfume às flores,
Às brisas suspirar, murmúrio aos ventos,
Doces querelas ao correr das fontes;
[...]
Mas não peças à lira abandonada
Um alegre cantar, — Já murchas pendem
As grinaldas gentis de que a tocaram
Donzéis louçãos, enamoradas virgens.
[...]
Desejar coisas vãs, viver de sonhos.
Correr após um bem logo esquecido,
Sentir amor e só topar frieza,
Cismar venturas e encontrar só dores;
AS DUAS COROAS
O GIGANTE DE PEDRA
Virtuosismo rítmico – uma descrição fantástica da fúria da natureza. O poeta utiliza todos os
metros da língua, desde o dissílabo que traduz rapidez, até o endecassílabo que sonoriza o
auge da tempestade, passando por diversos movimentos sonoros como uma sinfonia.
A TEMPESTADE
Um raio
Fulgura
No espaço
Esparso,
De luz;
Vem a aurora
Pressurosa,
Cor de rosa,
Que se cora
De carmim;
O sol desponta
Lá no horizonte,
Doirando a fonte,
E o prado e o monte
E o céu e o mar;
Os troncos arrancados
Sem rumo vão boiantes;
E os tetos arrasados,
Inteiros, flutuantes,
Dão antes crua morte,
Que asilo e proteção!
Porém no ocidente
Se ergue de repente
O arco luzente,
De Deus o farol;
Tal a chuva
Transparece,
Quando desce
E ainda vê-se
O sol luzir;
A folha
Luzente
Do orvalho
Nitente
A gota
Retrai:
Vacila,
Palpita;
Mais grossa
Hesita,
E treme
E cai.
4. Poema autobiográfico. O convívio com a irmã, bem mais nova. Sofrimento com a morte do
pai, a quem assistiu no leito de morte. A viagem para a Europa, o sofrimento no exílio como ele
chamava, o clima frio e nublado da Europa. A frustração de não ter filhos, nem poder conviver
com os filhos de sua irmã.
SAUDADES
A minha irmã
A HARMONIA
[...]
E o giro perene
Dos astros, dos mundos
Dos eixos profundos
No eterno volver;
Do caos medonho
A triste harmonia,
Da noite sombria
No eterno jazer,
— Quem ouve? — Os arcanjos
Que os astros regulam,
Que as notas modulam
Do eterno girar.
[...]
E as aves trinando,
E as feras rugindo,
E os ventos zunindo
Da noite no horror;
Também são concertos
Mas esses rugidos
E tristes gemidos
E incerto rumor;
— Quem ouve? — O poeta
Que imita e suspira
Nas cordas da lira
Mais doce cantar.
PROTESTO
A UNS ANOS
A HISTÓRIA
MENINA E MOÇA
URGE O TEMPO
DESALENTO
DESESPERANÇA
TESTES
01. A respeito da poesia de Gonçalves Dias, analise as afirmativas a seguir:
1. Marcada pela temática e pela proposta estética da fase inicial do Romantismo, a poesia de
Gonçalves Dias abre caminho para a formação de nossa identidade cultural através da busca
de nossas raízes históricas.
2. Além de apresentar uma poesia voltada para os valores medievais os variados recursos
estilísticos utilizados pelo poeta reforçam a ideia de liberdade de expressão defendida pelos
românticos.
3. Em Gonçalves Dias, ressalta-se o sentimento da morte próxima, a religiosidade e o erotismo
intenso.
4. A criação do herói, a valorização do passado, dos valores nacionais, o lirismo amoroso,
fazem parte das propostas estéticas e temáticas do autor.
a) 1, 2 e 3; b) 2, 3 e 4; c) 1, 2 e 4; d) 2 e 4; e) 1 e 4.
02. (UEL-PR) Gonçalves Dias se destaca no panorama da primeira fase romântica pelas suas
qualidades superiores de artista. Nele,
a) a pátria é retratada de maneira que se tenha um registro fiel da sua fauna e flora, sem
interferência da emoção do poeta.
b) a persistência de traços do espírito clássico impede o exagero do sentimentalismo.
c) o indianismo é fiel à verdade da vida indígena, não apresentando a distorção poética
observada em outros escritores.
d) protótipo do byroniano, convivem lado a lado o humor negro e o extremo idealismo.
e) predomina a poesia lírica de recuperação da infância, com acentuado tom saudosista.
a) Gonçalves Dias em sua poesia busca a perfeição formal e o absoluto rigor da métrica, de
acordo com o que preconiza a estética romântica.
b) Gonçalves Dias, quase unanimemente considerado pela crítica o nosso primeiro grande
poeta romântico, explorou o tema indianista como afirmação da nossa nacionalidade, segundo
a crença romântica, e foi mais além ao mostrar-se talentoso na exaltação da natureza e
profundamente lírico.
c) Para Gonçalves Dias a poesia não narra, não descreve e não é didática. A poesia deve
apenas sugerir, pois faz uso da linguagem poética em oposição à linguagem utilitária da prosa,
da filosofia e da ciência que faz uso dos signos ordinários do cotidiano.
d) Talvez tenha sido Gonçalves Dias o único grande poeta brasileiro a alcançar almejado ideal
da “impassibilidade”, possibilitando, com isso, uma poesia reveladora da realidade exterior,
formando, com Castro Alves, a verdadeira poesia empenhada de nossa literatura.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
a) 1, 2 e 3; b) 2, 3 e 4;
c) 1, 3 e 4; d) 2 e 3; e) 3 e 4.
a) Gonçalves Dias, acreditando na missão profética e salvadora do artista, julgava que seus
versos extinguiriam a miséria humana.
b) Sua poesia amorosa fala da mulher real, próxima, de carne e osso, desejada e passível de
ser conquistada.
c) Poeta do ultrarromantismo, sua obra é fortemente marcada pela imaginação.
d) A exaltação da pátria foi motivada sobretudo pela presença do índio, habitante primeiro
destas terras.
e) Em muitos de seus poemas está presente o lirismo, recurso manifestado pela visão de um
amor realizado, impassível, marcado pelos encontros e alegrias.
06. (PUC-RS) Para responder à questão, leia o texto que segue, extraído do poema Amanhã,
de Gonçalves Dias:
a) Velhice e mocidade representa bem o seu ideal literário; beleza na simplicidade; fuga ao
adjetivo, procura da expressão de tal maneira justa que outra seria difícil.
b) A partir dos Últimos Cantos, o que antes era tema — saudade, melancolia, natureza, índio
— se tornou experiência, nova e fascinante, graças à superioridade da inspiração e dos
recursos formais.
c) No poemeto I- Juca Pirama, a crítica, unânime, tem admirado a ductilidade dos ritmos que
vão recortando os vários momentos da narração.
d) Tanto nos romances nativistas como naqueles em que o bom selvagem se desdobra em
heróis regionais, o selo da nobreza é dado pelas forças do sangue que o autor reconhece e
respeita.
e) A edição de alguns poemas seus, em Leipzig, no ano de 1857, em língua portuguesa, se
explica pelo fato de que dificilmente se poderia esperar que uma edição inteira em português
fosse vendida na Europa.
08. TEXTO
POESIA INDIANISTA
CANÇÃO DO TAMOIO
As armas ensaia,
Penetra na vida;
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Aos fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.
ENREDO
O poema narra o drama de I-Juca Pirama (aquele que vai morrer), último descendente
da tribo tupi, que é feito prisioneiro de uma tribo inimiga. Movido pelo amor filial, pois o índio
tupi era arrimo de seu pai, velho e cego, I-Juca Pirama, contrariando a ética indígena, implora
ao chefe dos timbiras pela sua libertação. O chefe timbira a concede, não sem antes humilhar o
prisioneiro: “Não queremos com carne vil enfraquecer os fortes.” Solto, o prisioneiro reencontra-
se com seu pai, que percebe que o filho havia sido aprisionado e libertado. Indignado, o velho
exige que ambos se dirijam à tribo timbira, onde o pai amaldiçoa violentamente o jovem
guerreiro que ferido em seus brios, põe-se sozinho a lutar com os timbiras. Convencido da
coragem do tupi, o chefe inimigo pede-lhe que pare a luta, reconhecendo sua bravura. Pai e
filho abraçam-se: estava preservada a dignidade dos tupis.
ANÁLISE DO POEMA
I-JUCA-PIRAMA
II
Narração da festa antropofágica dos timbiras e a aflição do guerreiro tupi que será
sacrificado. Começa a bebedeira. Os timbiras percebem que o prisioneiro está meditativo. E o
aconselham a ficar alegre para morrer honrosamente. O poeta alterna o decassílabo (dez
sílabas) com o tetrassílabo (quatro sílabas), o que sugere o início do ritual com o rufar dos
tambores. As estrofes são de quatro versos (quarteto) e o poeta só rima os tetrassílabos.
IV
I-Juca-Pirama declama o seu canto de morte e pede aos Timbiras que o deixem ir
cuidar do pai alquebrado e cego.
O verso pentassílabo (cinco sílabas), num ritmo ligeiro, dá a impressão do rufar dos
tambores. As estrofes com exceção da primeira (sextilha), têm oito versos (oitavas), e as rimas
seguem o esquema AAA (paralelas) e BCCB (opostas e intercaladas).
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
Já vi cruas brigas,
De tribos imigas,
E as duras fadigas
Da guerra provei;
Nas ondas mendazes
Senti pelas faces
Os silvos fugazes
Dos ventos que amei.
[...]
O velho, no entanto,
Sofrendo já tanto
De fome e quebranto,
Só queria morrer!
Não mais me contenho,
Nas matas me embrenho,
Das frechas que tenho
Me quero valer.
[..]
Então, forasteiro,
Caí prisioneiro
De um troço guerreiro
Com que me encontrei:
O cru dessossego
Do pai fraco e cego,
Enquanto não chego
Qual seja, – dizei!
Ao velho coitado
De penas ralado,
Já cego e quebrado,
Que resta? – Morrer.
Enquanto descreve
O giro tão breve
Da vida que teve,
Deixai-me viver!
V
Os timbiras entendem que o choro e lamento do jovem tupi são manifestações de
covardia e desqualificam-no para o sacrifício.
Dando a impressão do conflito que se estabelece e refletindo o diálogo nervoso, entre o
chefe Timbira e o índio Tupi, o poeta altera o decassílabo com versos mais ou menos livres.
Não há preocupação nem com estrofes nem com rimas.
VI
O filho volta ao pai trazendo comida. O velho cego estranha a demora, que o rapaz
justifica dizendo que se perdera. O pai sente que algo de errado aconteceu. O filho está
trêmulo. Apalpa o filho e percebe que está pintado com tintas frescas e que está sem cabelo. O
filho confessa a verdade e resolvem voltar à aldeia inimiga.
Reproduzindo o diálogo entre pai e filho e também a decepção daquele, o poeta usa
decassílabo juntamente com passagens mais ou menos livres. Não há preocupação com rimas
ou estrofes.
— Tu prisioneiro, tu?
— Vós o dissestes.
— Dos índios?
— Sim.
— De que nação?
— Timbiras.
— E a muçurana funeral rompeste,
Dos falsos manitôs quebrastes a maça...
— Nada fiz... aqui estou.
— Nada!
Emudecem;
Curto instante depois, prossegue o velho:
— Tu és valente, bem o sei; confessa,
Fizeste-o, certo, ou já não foras vivo!
— Nada fiz; mas souberam da existência
De um pobre velho, que em mim só vivia....
— E depois?...
— Eis-me aqui.
— Fica essa taba?
— Na direção do sol, quando transmonta.
— Longe?
— Não muito.
— Tens razão: partamos.
— E quereis ir?...
— Na direção do acaso.
VII
O velho pai entrega o filho aos timbiras para que seja sacrificado de acordo com os
costumes. Sob a alegação de que os tupis são fracos, o chefe dos timbiras não permite a
consumação do ritual.
Num ritmo constante, marcado pelo heptassílabo (sete sílabas), o poeta reproduz a fala
segura do pai humilhado e do chefe Timbira. A estrofação e as rimas são livres.
[...]
[...]
VIII
IX
Enraivecido, o guerreiro tupi lança o seu grito de guerra, enfrenta e derrota a todos,
valentemente, em nome de sua honra.Casando-se com o tom narrativo e a reação altiva do
índio Tupi, o poeta usa novamente o decassílabo com estrofação e rimas livres.
O velho Timbira (narrador) rende-se frente ao poder do tupi e diz a célebre frase:
"meninos, eu vi".
Alternando o hendecassílabo com pentassílabo, o poeta fecha o poema, de forma
harmoniosa e ordenada, o que reflete o fim do conflito e a serenidade dos espíritos.
Casando com essa ordem restabelecida, as estrofes vêm arrumadas em sextilhas e as
rimas obedecem ao esquema AA (paralelas) e BCCB (opostas e intercaladas).
TESTES
09. Assinale a alternativa correta em se tratando da poesia de Gonçalves Dias:
a) O sonho é nele tão forte quanto a realidade; os mundos imaginários, tão atuantes quanto o
mundo concreto; e a fantasia se torna experiência mais viva que experiência do dia a dia.
b) romântico exaltado, seus escritos colocam à mostra uma sensibilidade aguda, um sofrimento
profundo. O sonho e a imaginação são levados às últimas consequências.
c) O nacionalismo cultuado pelo poeta refletia os sentimentos de uma nação recentemente
liberta das amarras de Portugal. O ufanismo era fruto das belezas aqui encontradas, sobretudo
as da natureza, aquelas ligadas à cultura indígena, reveladoras das origens, das raízes da
nacionalidade.
d) Seus escritos apresentam uma certa melancolia, lirismo suave e terno, extrema sensibilidade
e profundo saudosismo.
e) O tom vigoroso de seus poemas, a ressonância de seus versos, a indignação e a
expressividade são elementos que o consagraram como poeta dos escravos.
10. Gonçalves Dias vale-se, em alguns poemas, de uma estrutura épica popular que
valoriza a história de povos extintos, transmitida oralmente. Aponte o excerto que melhor
representa este mecanismo de transmissão.
a) Eu vivo sozinha;
ninguém me procura!
Acaso feitura
Não sou de Tupá?
Se algum dentre os homens
de mim não se esconde,
— “Tu és”, me responde,
— “Tu és Marabá”. (Marabá)
e) Um velho Timbira,
coberto de glória,
guardou a memória
do moço guerreiro,
do velho Tupi!
E à noite, nas tabas,
se alguém duvidava
Do que ele contava,
Dizia prudente:
— "Meninos, eu vi". (I-Juca-Pirama)
11. TEXTOS
Os excertos acima indicados, dos Últimos Cantos, exemplificam a seguinte afirmação sobre a
poesia de Gonçalves Dias:
a) cantou a natureza brasileira como cenário das correrias e aventuras do indígena bravo e
leal.
b) denunciou a iniquidade da escravidão em poemas altissonantes e repletos de metáforas
aladas.
c) elogiou os esforços do colonizador português em suas campanhas militares.
d) cantou a bondade da mãe e da irmã, esteios femininos do núcleo familiar patriarcal.
e) elogiou a dissipação e os excessos do vinho em orgias noturnas marcadas pela devassidão
e crueldade.
a) I e II. b) I e III.
c) II e IV d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
TEXTO
MARABÁ
15. (UNIRIO) — A leitura dos versos abaixo permite a identificação de figuras de linguagem.
Aquela que está em desacordo com o contexto do poema é