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Corpo, Alimentação e Sociedade:

perspectivas ibero-americana.

Corpos pensados pelo social!

Sexualidades: uma construção social naturalizada.


Corpos e gênero em contexto de Pandemia

CRISTINA PEREIRA VIEIRA


Doutoramento em Sociologia
Docente Universidade Aberta (UAb)
Investigadora CIEG (ISCSP-UL) & Centro estudos Globais (UAb)
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SEXO / GÉNERO ?

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© CRISTINA PEREIRA VIEIRA
Doutoramento em Sociologia/ Docente da UAb - Universidade Aberta /Investigadora
CIEG
SEXO E GÉNERO
O QUE
VEMOS
AQUI?

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UM MUNDO AZUL e ROSA

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Sexo de uma criança é sem dúvida
um fator importante para o seu
desenvolvimento.

ROUPA

NOME BRINQUEDOS

QUARTO
expectativas

Sonhos
ELOGIOS

______________________________ ...
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Nos primeiros meses de vida as crianças de ambos os
sexos tenham características físicas semelhantes, a mãe e
o pai e as pessoas que os rodeiam começam desde logo a
construir género do e da bebé:

dão-lhe um nome, vestem de cores diferentes e criam um


espaço físico de tal forma distintivo que é fácil para
qualquer pessoa externa adivinhar
se o ou a bebé é do sexo masculino ou do sexo feminino.

Mesmo na barriga da mãe há estudos que mostram a forma


de descrição de como as crianças se mexem
Ser diferente meninas ou meninos

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É o resultado de
elaborações subjetivas,
estruturadas e
estruturantes

Associadas à lógica da socialização do


biológico e da biologização do social, as
aparências biológicas, marcadas nos
corpos e nos cérebros, associam-se,
alterando a relação entre as causas e
efeitos.

Situação determinante que faz surgir uma


construção social naturalizada, que pensa
o género enquanto habitus (Bourdieu,
1999).

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“Tout se passe comme si les conditionnements sociaux attachés à une
condition sociale tendaient à inscrire le rapport au monde social dans un
rapport durable et généralisé au corps propre, une manière de tenir son
corps, de le présenter aux autres, de le mouvoir, de lui faire une place,
qui donne au corps sa physionomie sociale.“ (Bourdieu, 1979 : 552).

“Ainsi, il n’existe pas d’état de nature dans la sexualité humaine, et l’effet de


la construction culturelle n’est pas de censurer une pré-tendue pulsion
initiale, mais d’établir les bases d’une interaction sociale qui ne pourrait se
produire sans cela. “ (Bozon, 2002a: 170).
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• https://youtu.be/tyUFnQlaN7Q

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“O dispositivo de sexualidade tem como razão de ser não reproduzir-se,
mas proliferar, inovar, anexar, inventar, penetrar os corpos de forma
cada vez mais minuciosa e controlar as populações de maneira cada
vez mais global.” (Foucault, 1994a: 110).

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o sexo (com que nascemos)
o género (desenvolvemos)
diz respeito:
diz respeito:

às características atributos psicológicos;


anatómicas e fisiológicas
aquisições culturais que o
homem e a mulher vão incorporando,
que legitimam a ao longo
diferenciação, do processo de formação da sua
em termos biológicos, identidade,

entre e
masculino e feminino.
que tendem a estar associados aos
conceitos
de masculinidade e de feminilidade.

Sexo pertence
ao domínio da biologia Género inscreve-se
______________________________ no domínio da cultura
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Nas várias sociedades, as diferenças biológicas entre os
sexos, remetem para que homens e as mulheres se
comportem de maneira diferente e assumam papéis distintos.

os conceitos de feminilidade e de masculinidade são diferentes


pela:

variam no espaço
e no tempo
especificidades
culturais

e região para região

distintas de época p/ época


e no mesmo período
histórico readaptações de acordo:
- Grupo social;
- Idade;
______________________________ - etnia
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Que significa ‘ser
homem’ do
ponto de vista
social? Não ser
Senso comum mulher

a pergunta é tão
complexa quanto corpo que apresenta
aparentemente Senso
Senso comum
comum órgãos genitais
ingénua. masculinos

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COMPLEXIDADE encontra-se precisamente na ingenuidade
de remeter para caracteres físicos do corpo uma questão
de identidade pessoal e social.

Isto porque ‘ser homem’, no dia-a-dia, na interação social, nas


construções ideológicas, nunca se reduz aos caracteres sexuais,
mas sim a um conjunto de atributos sancionados e
constantemente reavaliados, negociados,
relembrados.

Em suma, em constante
processo de construção.
Miguel Vale de Almeida,
1995: 127-128.
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“Não se nasce
mulher, torna-se
mulher...”

1949 – Simone Beauvoir

incorporação de modos de ser, de papéis,


de posturas e de discursos,

de acordo com o modelo


de feminilidade dominante
na cultura a que se pertence

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Profissões

• https://www.youtube.com/watch?v=DtVe01vlMGM

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1ª conclusão

o sexo, para além de ser um fator


biológico, é também um fator social e
cultural...

Construído um conjunto de significados e


sentidos diferentes perante uma criança do
sexo masculino ou do sexo feminino

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2ª conclusão É IMPORTANTE PERCEBER QUE:

• Formação de expectativas de
desempenho (expressão de elogios e
encorajamentos..., interações verbais
e não-verbais e da linguagem
utilizada)

Remete para raciocínios simplistas de explicação dos


comportamentos individuais, à crença na estabilidade dos
atributos individuais e à ideia de que seria

“normal” que os seres masculinos tivessem


determinadas características e
os seres
femininos evidenciassem outras, sempre diferentes...
Sempre num raciocínio dicotómico.
Toda a visão androcêntrica
está continuamente legitimada
pelas práticas
comportamentais de género.

a História tem mostrado que são


predominantemente androcêntricos
(Bourdieu, 1999).

A construção das diferenças


fundamentais entre mulheres e homens
tem permitido legitimar o domínio
masculino.

Esta relação desigual, feita com base num


processo de naturalização, reproduz-se
através do processo de incorporação da
dominação, com as diferenças
comportamentais de género a sofrerem
influência da socialização androcêntrica.
Continuamente legitimada... POR EX:
posturas corporais femininas Bourdieu (1999) refere que: “Esta espécie de
confinamento simbólico é assegurada praticamente pelas suas roupas que
[...] têm por efeito, além de dissimular o corpo, chamá-lo à ordem a todo o
momento [...].” (Bourdieu, 1999:25).
Os corpos são, enquanto construção social, o produto de um trabalho social
subordinado a uma estruturação cognitiva de dominação masculina.
29 DE OUTUBRO
A realidade social cria fronteiras e
conceitos diferenciados, com mensagens e
significados conflituosos e contraditórios,
entre as realidades femininas e masculina.

POR EX: a vida das mulheres foi marcada,


Desigualdada
durante muito tempo, pelo não
vivência da
auto-controlo do corpo e pela negação da sexualidade juvenil
sexualidade com prazer – concedido
apenas ao homem. Estes regulamentos
inventados inscreveram-se no corpo
através das relações e de rituais de poder
que determinaram ou condenaram
determinados comportamentos (Weeks,
2003b).
• https://www.youtube.com/watch?v=ZCGLC-v
ziRc

Uma realidade ... A brasileira,


qualquer semelhança não é pura
coincidência!!!

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Em RESUMO – CIG e sexismo!

https://www.cig.gov.pt/2020/10/sexismo-repar
e-nele-fale-acabe-campanha-lancada-portugal-n
o-dia-internacional-da-rapariga-11-outubro-202
0/
29 DE OUTUBRO

CORPO E DESEJO

As relações de género não dizem respeito só mulheres / homens


Mas nas relações entre mulheres e homens ... É a forma “natural” como
são percebidas as socializações distintas

Aquando o nascimento menino ou menina é projetada uma


orientação sexual heternormativa

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O que é ser
heteronormativo?

Na generalidade, o sentido que lhe é atribuído


consiste num conjunto de categorias orgânicas e/ou
comportamentais relativas à satisfação sexual.
Subjacente a esta conceção, está a

naturalização das relações


heterossexuais (coitais) no sentido da
legitimidade da vivência, enquanto
componente essencial do sistema normativo – o
mesmo será dizer está a heteronormatividade
(Bajos et al., 2008).
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Orientada por categorias sexuais masculinas (Bourdieu,
1999), a heteronormatividade é determinante para a
legitimidade da sexualidade com o sexo oposto enquanto
“sexo natural” o que exclui as relações sexuais entre
pessoas do mesmo sexo – como não pertencendo à “natureza
humana” ( Weeks,2000)
(Weeks, 2003b).
O princípio de “sexo “agimos naturalmente”, resulta do não
questionamento do significado ou sentido da acção que assumida em
consonância com o meio, acaba por integrar o próprio organismo,
surgindo como reacções que parecem automatismos corporais. O que
torna o sentido dessa incorporação “natural” considerado por isso mesmo
uma acção inata (Bourdieu, 1979; 1999).
Disposições Adquiridas.

Essa “naturalidade” que atribuímos às ações está


dependente do conhecimento e da assimilação de
regras, dos domínios em que são produzidas e das
próprias lógicas de funcionamento, percebemos que os
comportamentos se identificam num conjunto de
disposições adquiridas, a partir da socialização e que se
integram no habitus (Bourdieu, 1979).

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o primeiro passo para
perceber a sexualidade
enquanto fenómeno
social é a sua Ou seja, a sexualidade, para ter
“desnaturalização”. significado e ser exercida, deve ser
pensada como uma construção da
humanidade que incorpora diferentes
possibilidades e cenários sexuais.

Se o desejo da pessoa é percebida como um problema (ou até como uma doença),
então estamos mais uma vez a perpetuar a desigualdade e a permitir sentimentos
homofóbicos de discriminação e marginalização

A DISCUSSÃO DA DESIGUALDADE DE GÉNERO PASSA POR PENSAR ESTES VALORES!!!


A orientação sexual (enquanto manifestação de desejo)

existe uma assimetria simbólica e uma


postura homofóbica associada às estruturas
sociais, definidoras de género e de orientação
sexual.
As diferenças fundamentais entre o biológico feminino
e masculino (distinções genitais e reprodutivas) têm sido
entendidas como suficientes para explicar as
diferenças entre os desejos e as necessidades dos
indivíduos (Weeks, 2003a).

Pensar a sexualidade com base nos atributos físicos,


especificamente através das dualidades
feminina/masculina ou heterossexual/homossexual,
corresponde a uma normalização no desejo e na procura
de prazer.
A crescente consciencialização da “cidadania
3ª conclusão sexual” ou íntima abre
caminho à
variedade de discursos sobre direitos e
responsabilidades, sobre a exclusão e a inclusão
social de uma variedade de novas possibilidades
da sexualidade.

Reconhecer que do ponto de vista cultural


existem arbitrariedades e contingências na forma
a sexualidade
como é percecionada
(enquanto produto da cultura
humana e adotando uma
complexidade de configurações, ela é
algo que se constrói no quotidiano...)

e isto faz com que se vá ganhando consciência


de que existem formas de pluralismo
na
vida sexual e de que existem novos
caminhos na cultura da intimidade
(Plummer, 2003a).
é fundamental que na luta pelos direitos de
igualdade participem homens, mulheres,
heterossexuais e homossexuais

Uma sociedade é composta pela sua pluralidade


e não pode ser
pensada e vivida de forma dicotómica

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A pluralidade e tem que acontecer:

1) Dentro de casa;
(https://www.youtube.com/watch?v=KyocALI18dk)

2) No ambiente de trabalho (não deixar orientação


sexual determine a seleção do/a trabalhador/a)

3) No espaço público ... Comunicação social

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Em RESUMO – orientação sexual!

https://www.youtube.com/watch?v=fkncmuTd
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Corpos e gênero em contexto de Pandemia

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