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Análise de Os Lusíadas
Lurdes Augusto
Ministério da Educação
21 de mai de 2011 • 345 gostaram • 586.232 visualizações

Anatora-éumafiguradeestilo
queconsisteemrepetira
Metáfora-
Aposto Perífrase darcoragem

Invocaçãoestrofesd-5 Apóstrofe

EvósTágidesminhas,poiscriado Invocarsignificaapelar,pedir,suplicar.
Tendesemmiumnovoengenhoardente DaíapresençadoImperativo.
Sesempre,emyersohumilde,celebrado
Foidemivossorioalegremente, Nestasestrofes,Camõesdirige-seàs
Tágides,asninfasdoTejo,pedindo-lhes
Dar-meagoraumsomaltoesublimado
queoajudemacantarosfeitosdos
Umestilograndílocoecorrente, portuguesesdeumaformasublime.
PorquedevossaságuasFeboordene Atéaíapenasusouainspiraçãona
QuenãotenhamenvejaàsdeHipocrene. humildelírica,masagoraprecisade
umainspiraçãosuperior.

Dai-meruafúriagrandeesonorosa, Oestilodaepopeiaapareceaquidescrito:
Enãodeagresteavenaoufrautaruda, "altoesublimado"
"Umestilograndílocoecorrente."
MasdeAubacanoraebélicosa, "fúriagrandeesonorosa"
Que«Beltoacendedacoraogestomada. "tubacanoraebelicosa"
Dai-megualcantoesfeitesdafamosa "QueseespalheesecantenoUniverso"
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-"QueseespalheesecantenoUniverso,Se
QueseespaiheesecantenoUniverso
tãoSublimepreçocabeemverso"Ouseja
Setãosublimepreçocabeemverso. ,Camõesquerqueamensagemseespalhee
quecanteaouniversoosfeitosdos
Conjunção Imperativo portugueses
subordinativa
condicional

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Ilíada, em que a
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Análise de Os Lusíadas
1. Luís Vaz de Camões
2. Época - 1524 (?) - 1580
3. Em síntese: Características gerais: * Racionalidade * Rigor Científico * Dignidade do Ser
Humano * Ideal Humanista * Reutilização das artes greco-romana a) Racionalismo – a razão
é o único caminho para se chegar ao conhecimento. b) Experimentalismo – todo o
conhecimento deverá ser demonstrado racionalmente. c) Antropocentrismo – colocava o
homem como a suprema criação de Deus e como o centro do universo. d) Humanismo –
glorificação do homem e da natureza humana, em contraposição ao divino e ao
sobrenatural. e) Classicismo - movimento cultural que valoriza e recupera os elementos
artísticos da cultura clássica (greco-romana). Ocorreu nas artes plásticas, teatro e literatura,
nos séculos XIV ao XVI.
4. As características da epopeia: • A epopeia é um género narrativo em verso; • visa celebrar
feitos grandiosos de heróis fora do comum reais ou lendários.; • tem pois sempre um fundo
histórico; • é um género narrativo e que exige a presença de uma acção, desempenhada por
personagens num determinado tempo e espaço. • O estilo é elevado e grandioso e possui
uma estrutura própria, cujos principais aspectos são: PROPOSIÇÃO - em que o autor
apresenta a matéria do poema; INVOCAÇÃO – pedido de inspiração às musas ou outras
divindades e entidades míticas protectoras das artes; DEDICATÓRIA - em que o autor dedica
o poema a alguém, sendo esta facultativa; NARRAÇÃO - a acção é narrada por ordem
cronológica dos acontecimentos, mas inicia-se já no decurso dos acontecimentos (“in
medias res”), sendo a parte inicial narrada posteriormente num processo de retrospectiva,
“flash-back” ou “analepse”; PRESENÇA DE MITOLOGIA GRECO-LATINA - contracenando
heróis mitológicos e heróis humanos.
5. A narrativa organiza-se em quatro planos: Plano da viagem - A viagem de Vasco da Gama
de Lisboa até à Índia. Saída de Belém, paragem em Melinde e chegada a Calecut Plano
Mitológico, em alternância, ocupam uma posição importante. Plano da História de Portugal
– Quando Vasco da Gama ou outro narrador conta, por exemplo ao rei de Melinde, a
História de Portugal. Está encaixada na viagem. Plano do Poeta – ou as considerações
pessoais aparecem normalmente nos finais de canto e constituem, de um modo geral, a
visão crítica do poeta sobre o seu tempo. A narrativa organiza-se de forma anacrónica:
Passado – reconto da História de Portugal desde as origens até D. Manuel I. (analepse)
Presente – tempo da acção central do poema, ou seja, da viagem de Vasco da Gama,
iniciada “ in media res”. Futuro – Profecias . (prolepse)
6. Proposição I As armas, e os barões assinalados Todos os homens ilustres Sinédoque – Que,
saíram de Portugal apresentar a Que, da Ocidental praia Lusitana, parte pelo E foram por
mares desconhecidos - todo Por mares nunca dantes navegados, navegadores Passaram
além da já conhecida ilha de Passaram ainda além da Taprobana, Ceilão Em perigos e
guerras esforçados Enfrentaram perigos enormes, Mesmo superiores ao seu estatuto de
Hipérbole – exagero da Mais do que prometia a força humana, ser humano – afasta-os do
comum realidade mortal E entre gente remota edificaram Construíram um novo império
em terras distantes. Um reino que tanto Novo Reino, que tanto sublimaram; desejaram O
sujeito poético começa por apresentar os destinatários da epopeia, valorizando já os seus
feitos e aproximando-os já de um estatuto acima do humano. Fazem-se referências a
factos históricos e locais concretos.
7. Gerúndio – processo de enumeração continuidade II E também as memórias gloriosas E
aqueles reis que estiveram envolvidos na reconquista cristã Daqueles Reis que foram
dilatando /nas cruzadas contra os Conjunção coordenativa mouros/infiéis em África e na
copulativa – A Fé, o Império, e as terras viciosas Ásia enumeração de figuras a ser De África e
de Ásia andaram devastando; exaltadas E aqueles que fazem obras com E aqueles que por
obras valerosas valor e que, por isso, não cairão no esquecimento – se vão Se vão da lei da
Morte libertando. imortalizando Cantando espalharei por toda aaparte, Cantando
espalharei por toda parte, O sujeito poético compromete- se a exaltar a louvar, a cantar os
Se a tanto me ajudar ooengenho eearte. Se a tanto me ajudar engenho arte. feitos daqueles
que enumerou anteriormente. Usando a 1ª pessoa do primeira pessoa – plano do singular –
poeta. envolvimento do poeta
8. Herói de Herói de Odisseia - Eneida - III Ulisses Eneias Cessem do sábio Grego e do Troiano
Num tom imperativo, de ordem As navegações grandes que fizeram; manda
suspender/cessar a fama Imperativo dos gregos e romanos de Alexandro e de Trajano
Manda suspender a fama das A fama das vitórias que tiveram; vitórias de reis e imperadores
clássicos Que eu canto o peito ilustre Lusitano, Porque o poeta louva o povo A quem
Neptuno e Marte obedeceram. lusitano ao qual pertence. Conjunção Povo esse que
dominou o mar subordinativa Cesse tudo o que a Musa antiga canta, (Neptuno)e a guerra
(Marte). causal (= porque) . Apresenta a Que outro valor mais alto se alevanta. causa da
Continua em tom imperativo, desvalorização ordenando que os clássicos dos clássicos
Neptuno – deus do mar suspendam a sua fama, porque Marte – deus da guerra agora há um
novo povo que 1ª pessoa do Patriotismo, apresenta feitos ainda mais singular – valores
envolvimento nacionais valerosos. do poeta Para demonstrar a superioridade e a
legitimidade da realização desta epopeia, o poeta compara os feitos dos Portugueses aos
de Ulisses, herói da Odisseia de Homero e aos de Eneias, o troiano que, na Eneida de
Virgílio, chegou ao Lácio e fundou Roma, ou seja compara o seu herói com os heróis das
epopeias de referência.
9. Proposição Canto I, est. 1-3, • Camões proclama ir cantar as grandes vitórias e os homens
ilustres – “as armas e os barões assinalados”; •as conquistas e navegações no Oriente
(reinados de D. Manuel e de D. João III); •as vitórias em África e na Ásia desde D. João a D.
Manuel, que dilataram “a fé e o império”; • e, por último, todos aqueles que pelas suas
obras valorosas “se vão da lei da morte libertando”, todos aqueles que mereceram e
merecem a “imortalidade” na memória dos homens.
10. A proposição aponta também para os “ingredientes” que constituíram os quatro planos do
poema: Plano da Viagem - celebração de uma viagem: "...da Ocidental praia lusitana / Por
mares nunca dantes navegados / Passaram além da Tapobrana..."; Plano da História - vai
contar-se a história de um povo: "...o peito ilustre lusitano..."."...as memórias gloriosas /
Daqueles Reis que foram dilatando / A Fé, o império e as terras viciosas / De África e de
Ásia..."; Plano dos Deuses (ou do Maravilhoso) aos quais os Portugueses se equiparam: "...
esforçados / Mais do que prometia a força humana..."."A quem Neptuno e Marte
obedeceram..."; Plano do Poeta - em que a voz do poeta se ergue, na primeira pessoa:
"...Cantando espalharei por toda a parte. / Se a tanto me ajudar o engenho e arte..."."...Que
eu canto o peito ilustre lusitano...".
11. Funcionamento da língua Identificação de orações subordinadas relativas I As armas, e os
barões assinalados Que, da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia
a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram;
12. Funcionamento da língua Identificação de orações subordinadas causais / relativas III
Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; de Alexandro e de
Trajano A fama das vitórias que tiveram; porque Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A
quem Neptuno e Marte obedeceram. Cesse tudo o que a Musa antiga canta, porque Que
outro valor mais alto se alevanta.
13. Funcionamento da língua Identificação de Conjugação perifrástica II E também as
memórias gloriosas Daqueles Reis que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando; E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da
Morte libertando. c
14. Funcionamento da língua Nome próprio Identificação de classes e subclasses de palavras
Nome comum I As armas, e os barões assinalados Conjunção Que, da Ocidental praia
Lusitana, Por mares nunca dantes navegados, Passaram ainda além da Taprobana,
Preposição Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana,
Pronome relativo E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram;
Determinante artigo definido Determinante demonstrativo II Pronome demonstrativo E
também as memórias gloriosas Daqueles reis que foram dilatando Advérbio A Fé, o
Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando; Adjectivo E aqueles
que por obras valerosas Se vão da lei da Morte libertando.
15. Funcionamento da língua Graus dos adjectivos Elabora frases onde uses os adjectivos nos
graus indicados adjectivo Grau valorosas Grau normal remotas Grau comparativo de
superioridade glorioso Grau comparativo de inferioridade famoso Grau comparativo de
igualdade importante Grau superlativo relativo de superioridade conhecido Grau
superlativo relativo de nferioridade falador Grau superlativo absoluto analítico famoso
Grau superlativo absoluto sintético
16. Correcção adjectivo Grau valorosas Grau normal … mais remotas do que… Grau
comparativo de superioridade … menos glorioso do que… Grau comparativo de
inferioridade …tão famoso como… Grau comparativo de igualdade … o mais importante…
Grau superlativo relativo de superioridade … o menos conhecido… Grau superlativo
relativo de nferioridade … muito falador…. Grau superlativo absoluto analítico …
famosíssimo… Grau superlativo absoluto sintético Seguir para a Invocação
17. Invocação Canto I, est. 4-5, o poeta pede ajuda a entidades mitológicas, chamadas musas.
Isso acontece várias vezes ao longo do poema, sempre que o autor precisa de inspiração:
Tágides ou ninfas do Tejo (Canto I, est. 4-5); Calíope - musa da eloquência e da poesia épica
(Canto II, est. 1-2); Ninfas do Tejo e do Mondego (Canto VII, est. 78-87); Calíope (Canto X, est.
8-9); Calíope (Canto X, est. 145).
18. Anáfora - é uma figura de estilo que consiste em repetir a mesma Metáfora – palavra no
princípio de várias frases. Aposto Perífrase dar coragem Invocação estrofes 4-5 Apóstrofe E
vós, Tágides minhas, pois criado Invocar significa apelar, pedir, suplicar. Tendes em mi um
novo engenho ardente Daí a presença do Imperativo. Se sempre, em verso humilde,
celebrado Foi de mi vosso rio alegremente, Nestas estrofes, Camões dirige-se às Tágides, as
ninfas do Tejo, pedindo-lhes Dai-me agora um som alto e sublimado que o ajudem a cantar
os feitos dos Um estilo grandíloco e corrente, portugueses de uma forma sublime. Por que
de vossas águas Febo ordene Até aí apenas usou a inspiração na humilde lírica, mas agora
precisa de Que não tenham enveja às de Hipocrene. uma inspiração superior. Dai-me hua
fúria grande e sonorosa, O estilo da epopeia aparece aqui descrito: E não de agreste avena
ou frauta ruda, “alto e sublimado” ”Um estilo grandíloco e corrente.“ Mas de tuba canora e
belicosa, “fúria grande e sonorosa” Que o peito acende e a cor ao gesto muda. “tuba canora
e belicosa” Dai-me igual canto aos feitos da famosa “Que se espalhe e se cante no
Universo” Gente vossa, que a Marte tanto ajuda; -“Que se espalhe e se cante no Universo,
Se Que se espalhe e se cante no Universo tão Sublime preço cabe em verso” Ou seja Se tão
sublime preço cabe em verso. ,Camões quer que a mensagem se espalhe e que cante ao
universo os feitos dos Conjunção Imperativo portugueses subordinativa condicional
19. Dedicatória ***(sem leitura obrigatória) Canto I, est. 6-18, é o oferecimento do poema a D.
Sebastião, que encara toda a esperança do poeta, que quer ver nele um monarca poderoso,
capaz de retomar “a dilatação da fé e do império” e de ultrapassar a crise do momento.
Termina com uma exortação ao rei para que também se torne digno de ser cantado,
prosseguindo as lutas contra os Mouros. Exórdio (est. 6-8) - início do discurso; Exposição
(est. 9-11) - corpo do discurso; Confirmação (est. 12-14) - onde são apresentados os
exemplos; Peroração (est. 15-17) - espécie de recapitulação ou remate; Epílogo (est. 18) -
conclusão.
20. Dedicatória estrofes 6-8 E vós, ó bem nascida segurança Metáfora e Apóstrofe : Vós, tenro
e novo ramo Da Lusitana antiga liberdade, florecente”, E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade, -“E vós” 6estrofe-1linha: A D.Sebastião Vós, ó novo
temor da Maura lança, -“Maravilha Fatal da Nossa Idade”: Elogio a Maravilha fatal da nossa
idade, D.Sebastião Dada ao mundo por Deus, que todo o mande, Pera do mundo a Deus dar
parte grande. Vós, tenro e novo ramo florecente, De hua árvore, de Cristo mais amada Que
nenhua nascida no Ocidente, Cesária ou Cristianíssima chamada, Vede-o no vosso escudo,
que presente Vos amostra a vitória já passada, Na qual vos deu por armas e deixou As que
Ele pera Si na Cruz tomou; Vós, poderoso Rei, cujo alto Império O Sol, logo em nascendo, vê
primeiro; Vê-o também no meio do Hemisfério, E, quando dece, o deixa derradeiro; Vós,
que esperamos jugo e vitupério Do tope Ismaelita cavaleiro, Do Turco Oriental e do Gentio
Que inda bebe o licor do santo Rio: (...)
21. Narração Começa no Canto I, est. 19 • constitui a acção principal que, à maneira clássica,
se inicia “in medias res”, isto é, quando a viagem já vai a meio, “Já no largo oceano
navegavam”, encontrando-se já os portugueses em pleno Oceano Índico. • Este começo da
acção central, a viagem da descoberta do caminho marítimo para a Índia, quando os
portugueses se encontram já a meio do percurso do canal de Moçambique vai permitir: A
narração do percurso até Melinde (narrador heterodiegético); A narração da História de
Portugal até à viagem (por Vasco da Gama); A inclusão da narração da primeira parte da
viagem; A apresentação do último troço da viagem (narrador heterodiegético).
22. Consílio dos Deuses - plano mitológico Canto I – 19-41c
23. Consílio dos Deuses - plano mitológico Canto I – 19-41c Os Deuses reúnem-se para decidir
se ajudam ou não os portugueses a chegar à Índia. Esta reunião foi presidida por Júpiter,
tendo estado presentes todos os Deuses convocados. Os Deuses sentem a necessidade de
reunir face aos feitos gloriosos conseguido até ao momento. Júpiter decide ajudá-los, pois
considera que os portugueses, pelos seus feitos passados, são dignos de tal ajuda. Baco,
pelo contrário, não queria que os portugueses fossem para a Índia, com medo de perder a
sua fama no Oriente. Vénus apoia Júpiter, pois vê reflectida nos portugueses a força e a
coragem do seu filho Eneias e dos seus descendentes, os romanos. Vénus defende os
portugueses não só por se tratar de uma gente muito semelhante à do seu amado povo
latino e com uma língua derivada do Latim, como também por terem demonstrado grande
valentia no norte de África. Marte - deus defensor desta gente lusitana, porque o amor
antigo que o ligava a Vénus o leva a tomar essa posição e porque reconhece a bravura deste
povo. Marte consegue convencer Júpiter a não abdicar da sua decisão e assim, os
portugueses serão recebidos num porto amigo. Pede a Mercúrio - o Deus mensageiro - que
colha informações sobre a Índia, pois começa a desconfiar da posição tomada por Baco.
Este consílio termina com a decisão favorável aos portugueses e cada um dos deuses
regressa ao seu domínio celeste.
24. Consílio dos Deuses - plano mitológico Canto I – 19-41 Já no largo Oceano navegavam, A
narração começa “in média”. Já no oceano Pacífico. As inquietas ondas apartando; Faz-se
referência ao domínio da técnica da Os ventos brandamente respiravam, navegação,
dominada pelos portugueses. Das naus as velas côncavas inchando; Da branca escuma os
mares se mostravam Cobertos, onde as proas vão cortando As marítimas águas
consagradas, Que do gado de Próteu são cortadas, Perífrase Quando os Deuses no Olimpo
luminoso, Apresenta-se então: Conjunção - o local da reunião - Olimpo; Onde o governo
está da humana gente, subordinativa - o objectivo da reunião – decisão sobre as temporal
Se ajuntam em consílio glorioso, coisas do Oriente. Sobre as cousas futuras do Oriente.
Pisando o cristalino Céu fermoso, Indicação da forma como os deuses foram Vêm pela Via
Láctea juntamente, convocados: foi Mercúrio que avisou todos os Convocados, da parte de
Tonante, deuses cumprindo a vontade de Júpiter. Pelo neto gentil do velho Atlante.
Perífrase
25. 21 Deixam dos sete Céus o regimento, Reunião dos deuses vindos de todos os quadrantes:
N, S, E, O. Que do poder mais alto lhe foi dado, Alto poder, que só co pensamento Governa o
Céu, a Terra e o Mar irado. Perífrase - Júpiter Ali se acharam juntos num momento Os que
habitam o Arcturo congelado Perífrases: E os que o Austro têm e as partes onde Norte, Sul,
Oriente e A Aurora nasce e o claro Sol se esconde. Ocidente 22 Estava o Padre ali, sublime e
dino, É apresentada a descrição de Júpiter – um deus poderoso, Que vibra os feros raios de
Vulcano, soberano, severo. Num assento de estrelas cristalino, Com gesto alto, severo e
soberano; Do rosto respirava um ar divino, Que divino tornara um corpo humano; Com ũa
coroa e ceptro rutilante, De outra pedra mais clara que diamante.
26. 23 Descrição Em luzentes assentos, marchetados de um local Caracterização do espaço
rico, De ouro e de perlas, mais abaixo estavam do Olimpo e Organização luxuoso, do
espaço. sublime. Os outros Deuses, todos assentados Os deuses sentam-se Como a Razão e
a Ordem concertavam segundo a sua hierarquia. (Precedem os antigos, mais honrados,
Mais abaixo os menores se assentavam); Quando Júpiter alto, assi dizendo, Introdução ao
discurso de Júpiter – Discurso directo. Cum tom de voz começa grave e horrendo: 24
Apóstrofe, indicação dos – «Eternos moradores do luzente, destinatários do seu discurso –
Apóstrofe e perífrase os restantes deuses Estelífero Pólo e claro Assento: Início do discurso
de Júpiter Se do grande valor da forte gente De Luso não perdeis o pensamento, Júpiter
começa por recordar Deveis de ter sabido claramente que é do conhecimento geral Como é
dos Fados grandes certo intento que os Fados têm a intenção de tornar este povo luso
superior Que por ela se esqueçam os humanos aos antigos heróis. Enumeração De Assírios,
Persas, Gregos e Romanos.
27. 25 Já lhe foi (bem o vistes) concedido, Cum poder tão singelo e tão pequeno, Tomar ao
Mouro forte e guarnecido Júpiter recorda as vitórias e a protecção concedidas e Toda a
terra que rega o Tejo ameno. realizadas pelos lusos. Pois contra o Castelhanovtão temido
Lutou contra os Mouros e sinédoque contra os castelhanos e Sempre alcançou favor do Céu
sereno: sempre foi protegido pelas Assi que sempre, enfim, com fama e glória, divindades.
Os inimigos que teve Teve os troféus pendentes da vitória. de enfrentar 26 são apresenta
Deixo, Deuses, atrás a fama antiga, dos como Júpiter continua a relembra as “fortes” e Que
co a gente de Rómulo alcançaram, raízes do povo português: “temidos”, reforçando
Quando com Viriato, na inimiga . Guerra com os Romanos, o seu valor . A importância e
valor de Viriato, Guerra Romana, tanto se afamaram; . Lendas romanas. Também deixo a
memória que os obriga vocativo A grande nome, quando alevantaram Um por seu capitão,
que, peregrino, Fingiu na cerva espírito divino.
28. O 27 advérbio “agora” – Agora vedes bem que, cometendo Júpiter reconhece a força a antes
O duvidoso mar num lenho leve, coragem para descobrir e explorar esteve a territórios em
locais tão diferentes. falar do passado, Por vias nunca usadas, não temendo “agora” falará
do de Áfrico e Noto a força, a mais s'atreve: presente – Que, havendo tanto já que as partes
vendo Onde o dia é comprido e onde breve, E diz que agora querem explorar o Inclinam seu
propósito e perfia oriente. perífrase A ver os berços onde nasce o dia. 28 Prometido lhe está
do Fado eterno, Júpiter reafirma que os Fados já Cuja alta lei não pode ser quebrada,
determinaram a glória dos portugueses. Que tenham longos tempos o governo Do mar que
vê do Sol a roxa entrada. Nas águas têm passado o duro Inverno; Júpiter considera os
portugueses A gente vem perdida e trabalhada; merecedores de algum recobro e Já parece
bem feito que lhe seja reconforto, pois as tripulações estão cansadas. Apresenta pois a
Mostrada a nova terra que deseja. sua posição pessoal
29. E porque, como vistes, têm passados A viagem tem levado a enfrentar Na viagem tão
ásperos perigos, perigos, climas, intempéries… Tantos climas e céus exprimentados, Tanto
furor de ventos inimigos, Júpiter apresenta a sua Que sejam, determino, agasalhados
determinação em apoiar os portugueses, mostrando-lhes terra Nesta costa Africana como
amigos; e assegurando-lhes que serão bem E, tendo guarnecido a lassa frota,
“agasalhados” para que depois possam seguir viagem. Tornarão a seguir sua longa rota.»
Final do discurso de Júpiter Posição de Baco Estas palavras Júpiter dizia, Júpiter terminara
o seu Quando os Deuses, por ordem respondendo, discurso e os deuses apresentam as
suas Na sentença um do outro diferia, posições Razões diversas dando e recebendo. O
padre Baco ali não consentia No que Júpiter disse, conhecendo Baco, deus do vinho, teme
perder a sua fama no Oriente. Que esquecerão seus feitos no Oriente Se lá passar a Lusitana
gente.
30. 31 Ouvido tinha aos Fados que viria Ũa gente fortíssima de Espanha Baco já tinha ouvido a
fama deste povo e sabe que este povo levará ao Pelo mar alto, a qual sujeitaria
esquecimento dos antigos heróis, Perífrase- Da Índia tudo quanto Dóris banha, entre eles, o
próprio Baco. Pacífico/ oriente E com novas vitórias venceria E mais uma vez se reforça a
ideia de que perderia a fama que ainda tem no A fama antiga, ou sua ou fosse estranha.
Oriente (Nisa). Altamente lhe dói perder a glória De que Nisa celebra inda a memória. 32 Vê
que já teve o Indo sojugado Baco nunca fora posto em causa por nenhum herói ou poeta. E
nunca lhe tirou Fortuna ou caso Por vencedor da Índia ser cantado Perífrase - De quantos
bebem a água de Parnaso. poetas Teme agora que seja sepultado Baco teme agora que o
seu nome seja votado ao esquecimento e à “morte” – este Metáfora - Seu tão célebre nome
em negro vaso medo reforça o valor dos lusos, pois são um esquecimen D' água do
esquecimento, se lá chegam poder fora de comum. to Os fortes Portugueses que navegam.
31. Posição de Vénus Sustentava contra ele Vénus bela, Afeiçoada à gente Lusitana Vénus
defendia os portugueses: Por quantas qualidades via nela -Descendentes dos romanos; Da
antiga, tão amada, sua Romana; - coragem e força Nos fortes corações, na grande estrela
demonstrada; -Uso da língua com Que mostraram na terra Tingitana, origem latina. E na
língua, na qual quando imagina, Com pouca corrupção crê que é a Latina. 34 Vénus
defendia os Estas causas moviam Citereia, portugueses, pois sabe que se eles tiverem E
mais, porque das Parcas claro entende sucesso ela também Que há-de ser celebrada a clara
Deia será louvada. Onde a gente belígera se estende. Assi que, um, pela infâmia que
arreceia, Enquanto Baco se opõe, porque não E o outro, pelas honras que pretende, quer
perder a fama, Debatem, e na perfia permanecem; Vénus defendia, pois deseja ser louvada.
A qualquer seus amigos favorecem.
32. Balanço da discussão Qual Austro fero ou Bóreas na espessura De silvestre arvoredo
abastecida, Rompendo os ramos vão da mata escura A agitação dos ventos era Com ímpeto
e braveza desmedida, grande, evidenciando a Brama toda montanha, o som murmura,
agitação da discussão gerada no Olimpo. Rompem-se as folhas, ferve a serra erguida: A
natureza reflecte o Tal andava o tumulto, levantado humor dos deuses. Entre os Deuses, no
Olimpo consagrado.
33. Posição de Marte Mas Marte, que da Deusa sustentava Marte, porque Entre todos as partes
em porfia, amava Vénus, ou porque a gente lusa o merecia, Ou porque o amor antigo o
obrigava, tomou a palavra e uma posição. Ou porque a gente forte o merecia, Anáfora De
antre os Deuses em pé se levantava: Merencório no gesto parecia; O forte escudo, ao colo
pendurado, Deitando pera trás, medonho e irado; Descrição de Marte 37 A viseira do elmo
de diamante Alevantando um pouco, mui seguro, Por dar seu parecer se pôs diante De
Júpiter, armado, forte e duro; Descrição de Marte – E dando ũa pancada penetrante deus
forte, decidido, duro. Co conto do bastão no sólio puro, Faz-se ouvir e respeitar. O Céu
tremeu, e Apolo, de torvado, Um pouco a luz perdeu, como enfiado;
34. Discurso de Marte E disse assi: – «Ó Padre, a cujo império Discurso de Marte – Tudo aquilo
obedece que criaste: Começa por reforçar o Apóstrofe Se esta gente que busca outro
Hemisfério, poder de Júpiter. Cuja valia e obras tanto amaste, Não queres que padeçam
vitupério, Começa por reforçar o poder de Júpiter. Considera que Júpiter é Como há já
tanto tempo que ordenaste, soberano e que não deve ouvir as Não ouças mais, pois és juiz
direito, opiniões dos restantes deuses. Razões de quem parece que é suspeito. Deuses esses
que são “suspeitos”. 39 Que, se aqui a razão se não mostrasse Vencida do temor demasiado,
Marte tenta provar que a opinião de Baco é fundada na inveja. Bem fora que aqui Baco os
sustentasse, Pois que de Luso vêm, seu tão privado; Considera ainda que a inveja nunca
poderá roubar as glórias merecidas e Mas esta tenção sua agora passe, oferecidas pelo céu,
como é o caso Porque enfim vem de estâmago danado; dos portugueses. Que nunca tirará
alheia enveja O bem que outrem merece e o Céu deseja.
35. Aposto E tu, Padre de grande fortaleza, Reforça novamente o poder de Da determinação
que tens tomada Júpiter. Considera que Júpiter é Apóstrofe soberano que se voltar atrás
com a Não tornes por detrás, pois é fraqueza sua posição é uma mostra de fraqueza.
Desistir-se da cousa começada. Mercúrio, pois excede em ligeireza Finaliza o seu discurso,
dizendo que Ao vento leve e à seta bem talhada, Mercúrio deverá, rapidamente, indicar um
porto seguro, onde os Lhe vá mostrar a terra onde se informe portugueses sejam
reabastecidos e orientados. Da Índia, e onde a gente se reforme.» Fim do discurso de Marte
Como isto disse, o Padre poderoso, Júpiter concorda e termina este consílio. A cabeça
inclinando, consentiu No que disse Mavorte valeroso E néctar sobre todos esparziu. Pelo
caminho Lácteo glorioso Logo cada um dos Deuses se partiu, Todos os deuses regressaram
aos Fazendo seus reais acatamentos, respectivos aposentos, aceitando a Pera os
determinados apousentos. decisão tomada.
36. Episódio de Inês de Castro - plano história de Portugal – episódio lírico Canto III – 119- 135
37. Episódio de Inês de Castro - plano história de Portugal – episódio lírico Canto III – 119- 135
Episódio inclui-se no plano da História de Portugal, pois: • é narrado por Vasco da Gama,
cujo narratário/destinatário é o Rei de Melinde. • surge na continuidade da apresentação do
reinado de D. Afonso IV. Episódio é considerado um momento lírico, pois: •Exploram-se os
sentimentos pessoais do narrador; • Dá-se expressão à emotividade e à exploração de
sentimentos como o Amor, a crueldade, o sofrimento… • pode-se mesmo considerar que as
principais características da tragédia clássica estão patentes: • Há o desenvolvimento de
uma acção, que termina com a morte da protagonista; • Observa-se a lei das três unidades
(acção, tempo e espaço); • Há uma motivação para sentimentos de terror e piedade; • A
catástrofe é simbolizada pela morte da protagonista.
38. Estrutura deste episódio A primeira parte, referente as causas da morte de Inês, vítima do
amor. A segunda, constitui o desenvolvimento em que se descreve o modo de vida feliz e
despreocupado que Inês tinha em Coimbra - é apresentada a razão de estado para que Inês
deixe a vida, pois o perigo que representa a ligação de D. Inês com D. Pedro, receia o
domínio espanhol. O poeta põe em questão a grandeza moral do Rei por solucionar o
problema de seu reino mandando matar a sua própria filha: “Tirar Inês ao mundo,
determina”; “Que furor consentiu que a espada fina, Que pôde sustentar o grande peso Do
furor Mauro, fosse alevantada Contra üa fraca dama delicada?”. Também nesta segunda
parte é redigido o discurso suplicante de Inês ao rei de Portugal, seu pai. Ela utiliza súplicas
e argumento para comover o Rei na sua determinação - apresenta a sua situação de mãe e
a orfandade de seus filhos, declara-se inocente perante toda a situação de futuro conflito,
comove o rei dizendo-lhe que sendo um cavaleiro que sabe dar morte, também sabe ”dar
vida, com clemência” e como alternativa à morte, dá preferência ao exílio. A terceira e
última parte, constitui a reprovação do narrador, sublinhada pelo pranto comovente das
“filhas do Mondego” e pela animização da Natureza, que chora a morte de Inês, sua antiga
confidente.
39. Episódio de Inês de Castro - plano história de Portugal – episódio lírico Canto III – 119- 135
Passada esta tão próspera vitória, Início remete para o plano da história Tornando Afonso à
Lusitana terra, de Portugal – o episódio narrado anteriormente foi o da Batalha do A se
lograr da paz com tanta glória Salado Quanta soube ganhar na dura guerra, O caso triste, e
dino da memória, O narrador introduz o caso de Inês de Que do sepulcro os homens
desenterra, Castro, como um episódio do reinado A de D. AfonsoIV, remetendo já para os
imparcialidade Aconteceu da mísera e mesquinha contornos do mesmo. do narrador
Introdução Que depois de ser morta foi Rainha. Perífrase - D. Inês 119 de Castro Tu só, tu,
puro Amor, com força crua, O narrador dirige-se ao Amor, atribuindo-lhe várias
características: Apóstrofe e Que os corações humanos tanto obriga, - puro, mas cruel
personificação do Amor Deste causa à molesta morte sua, -dominador e tirano; - causador
da desgraça que conta; Como se fora pérfida inimiga. - cruel, que não se satisfaz com Se
dizem, fero Amor, que a sede tua lágrimas, pois deseja sangue. Nem com lágrimas tristes se
mitiga, comparação É porque queres, áspero e tirano, Tuas aras banhar em sangue
humano.
40. Estavas, linda Inês, posta em sossego, Apresentação de Inês, De teus anos colhendo doce
fruto, remetendo para o momento anterior à sua morte: Naquele engano da alma, ledo e
cego, Metáfora - beleza, juventude, em Coimbra Que a fortuna não deixa durar muito, -
tranquilidade, - paz ilusória, Nos saudosos campos do Mondego, - já a presença do
sofrimento De teus fermosos olhos nunca enxuto, amoroso Desenvolvimento Aos montes
ensinando e às ervinhas Perífrase – O nome que no peito escrito tinhas. Pedro 121
Hipérbato: Do teu Príncipe ali te respondiam Este amor vive de memórias As lembranças do
felizes e ilusórias. teu príncipe que na As lembranças que na alma lhe moravam, Também D.
Pedro vive este alma lhe moravam, respondiam-te ali. Que sempre ante seus olhos te
traziam, amor, da mesma forma. Quando dos teus fermosos se apartavam: Antítese De
noite em doces sonhos, que mentiam, Oração relativa explicativa De dia em pensamentos,
que voavam. É um amor marcado pela E quanto enfim cuidava, e quanto via, separação e
pela saudade. Eram tudo memórias de alegria.
41. 122 De outras belas senhoras e Princesas O Príncipe D. Pedro rejeita Os desejados tálamos
enjeita, todas as outras damas, pois está apaixonado. Que tudo enfim, tu, puro amor,
despreza, Quando um gesto suave te sujeita. Vendo estas namoradas estranhezas Reacção
do pai, D. Afonso IV: O velho pai sesudo, que respeita -O pai determina a morte de
Desenvolvimento O murmurar do povo, e a fantasia Inês. - tem em conta dois Do filho, que
casar-se não queria, elementos: o povo e o filho. Eufemismo - matar Tirar Inês ao mundo
determina, Hipérbato: O rei acredita que ao matar Determina Por lhe tirar o filho que tem
preso, tirar Inês ao Inês de Castro acabará com mundo Crendo co'o sangue só da morte
indina o seu amor Oração Matar do firme amor o fogo aceso. subordinada O narrador
mostra a sua causal Que furor consentiu que a espada fina, indignação e questiona o
exercício deste poder e desta Que pôde sustentar o grande peso força, pois usa-se a mesma
A imparcialidade Do furor Mauro, fosse alevantada força contra o Mouro feroz e do narrador
contra uma fraca dama Contra uma fraca dama delicada? delicada.
42. 124 Início da narração da sua Traziam-na os horríficos algozes execução: -Os executores
trazem-na à Ante o Rei, já movido a piedade: presença do rei; Oração Mas o povo, com
falsas e ferozes - mais uma vez são apresentadas coordenada as motivações desta morte,
da adversativa Razões, à morte crua o persuade. responsabilidade do povo; Ela com tristes
o piedosas vozes, - há aqui alguma desresponsabilização do rei… Saídas só da mágoa, e
saudade Descrição da reacção de Inês à Desenvolvimento Do seu Príncipe, e filhos que
deixava, prisão e condenação: Que mais que a própria morte a magoava, - O seu sofrimento
não é pela sua 125 morte, mas por aqueles que deixa: Pedro e os filhos. Para o Céu
cristalino alevantando Anteposição -Inês com os olhos repletos de Com lágrimas os olhos
piedosos, do adjectivo – lágrimas … reforça a Os olhos, porque as mãos lhe estava atando
crueldade dos executores. Um dos duros ministros rigorosos; v E depois nos meninos
atentando, -… e tendo em atenção os seus filhos, dirigiu-se ao rei, avô dos Que tão
queridos tinha, e tão mimosos, seus filhos. Cuja orfandade como mãe temia, Para o avô
cruel assim dizia: Introdução ao discurso de Inês.
43. - "Se já nas brutas feras, cuja mente Natura fez cruel de nascimento, Início do discurso de
Inês: E nas aves agrestes, que somente -Começa por referir que a Nas rapinas aéreas têm o
intento, Natureza e as feras não conseguem ser cruéis com as Com pequenas crianças viu a
gente crianças, protegem-nas. Terem tão piedoso sentimento, Como coa mãe de Nino já
mostraram, - ilustra com exemplo latino. Desenvolvimento E colos irmãos que Roma
edificaram; Oração relativa 127 explicativa Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito, (Se
de humano é matar uma donzela Continuação do Apóstrofe discurso de Inês: ao rei Fraca e
sem força, só por ter sujeito . Dirige-se directamente O coração a quem soube vencê-la) ao
rei: -apelando à sua A estas criancinhas tem respeito, humanidade e piedade; Pois o não
tens à morte escura dela; -Invocando os seus filhos. Mova-te a piedade sua e minha, -
afirma-se fraca, frágil Pois te não move a culpa que não tinha. e inocente.
44. E se, vencendo a Maura resistência, Continuação do discurso de Oração Subordinativa A
morte sabes dar com fogo e ferro, Inês: condicional Sabe também dar vida com clemência -
refere que o rei sabe dar A quem para perdê-la não fez erro. morte aos seus inimigos
também deve saber dar vida Mas se to assim merece esta inocência, aos inocentes. Põe-me
em perpétuo e mísero desterro, Oração - no entanto, Inês apresenta Na Cítia f ria, ou lá na
Líbia ardente, Desenvolvimento coordenada outra hipótese ao rei, caso a adversativa Onde

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