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| ALLAN KARDEC
Relutação ao Livro dos
Espiritos, seguida dos |
Cincadas de Flammarion
POR
JUSTINO MENDES |
emo —
| SEGUNDA EDIÇÃO j |
| RA
1921
A. CAMPOS s EDITOR
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NO YOUTUBE NT]
Relutação ao Livro dos
Espiritos, seguida dos
Dislates de Léon Denis
e das
Cincadas de Flammari
on
POR
JUSTINO MENDES
CCC
SEGUNDA EDIÇÃO
a |
1921 |
A. CAMPOS :: EDITOR
LIVRARIA CATHOLICA
“SÃO PAULO
OCIDOÇ
MEDEIID EC DOCDOCDO CIO CIDO am
QMEDOCDO
|
O grande argumento
Amaveis leitores, por ventura falaram já
algumas vezes com as almas?
Oh, por favor, não:se formalizem! Não é
caso d'isso. Sim, entendo: acham que é uma
loucura, e querem Oizer que não estão para
«graças, etc. etc.
Pois fiquem sabendo que já houve quem
imprimisse um livro inteirinho com os mirifi-
cos dialogos que affirma terem sido travados
com as almas. Elle mesmo é quem o diz. No
frontispicio de seu livro, lê-se bem claro este
titulo impagavel: O LIVRO DOS ESPIRITOS se-
gundo o ensino dado por espiritos superiores.
— Ora esta!.. Sim snr.!.. E quem Seria es-
se doido? |
— Vou dizer-lh'o, leitores. E' o illmo:*snr.
Allan Kardec, O principal compilador da QOdou-
trina espirita depois do seu apparecimento, e
o mais conspicuo representante da seita.
Este homem, sem vontade, de certo, de
quebrar a cabeça a estudar o problema reli-
gioso, no qual pelo visto, elle pouco pescava,
achou muito mais simples intfervistar as almas,
"do outro mundo, como hoje se diz, e fazel-as
escarrar tudo timtim por timtim, sem precisar.
elle mesmo de grandes estudos nem estafan-
6 TOLICES DE ALLAM KARDEC
a
ção
1
Caridade e Santos
Allan Kardec confessa que é difficil reco-
nhecer a identidade dos espiritos que se ma-
nifestam. Está alli á pagina XLII da Introduc-
ção ao Livro dos Espiritos: E', com effeito,
uma verificação bastante Oifficilde fazer (a da
identidade dos espiritos), diz elle.
E, no entanto, apesar dessa Difficuldade
confessada, quer que lhes acceitemos as toli-
ces sem nos incommodarmos com o mais!...
Ora, vejam só isto: Porem, que importa que
seja elle ou não o espirito de Fénelon? Uma
vez que só nos ensine o bem e nos fale como
o faria Fénelon, é um bom espirito (pagina
KLIV).
Por todas as columnas do firmamento! Que
nos importa? Importa-nos tudo, meu amigo;
tudo e mais alguma coisa. Porque, — se é Fé-
nelon que nos apparece espirita depois da
morte, quer dizer que elle se enganou aqui
no mundo, onde foi sempre firme e acenôra-
do catholico, e agora, no frigir dos ovos, vem
cantar a palinodia, passando-se para O espi-
ritismo com armas e bagagens. € não é —quer
dizer que O espirito pretende acobertar-se com
o seu nome de homem celebre para nos im-
pingir tolices.
TOLICES DE ALLAN KARDEC 13
O demonio moral
Voltando á vacca fria, acho que está pro-
vado que o espiritismo não é absolutamente
a mesma religião dos Santos nem a de Jesus
Christo. Ha demasiados pontos de divergencia
entre uma e outra. Não será demais recordar
mais uma vez a Confissão, a Communhão, a
Missa, a Divindade de Jesus Christo, a nega-
ção da reincarnação, etc., etc.
| EF” logico, pois, deduzir que os espiritos
que comparecem nas sessões, o que querem é
impugnar a Religião de Jesus Christo. Porque
é pois, que não podem ser os demonios, os
inimigos de Christo, os adversarios da ver-
dade? |.
- Mas, attenção, leitores. Aqui nos sae o
impagavel Allan Kardec com este achado: «Se
assim fosse, seria preciso convir que o demo-
nio é ás vezes bem sabio, muito razoavel e
socretudo bastante moral, ou então admittir a
existencia de bons diabos (pg. XL).
Olá, mestre Kardec, que idéa você faz dos
diabos? Parece que para você os diabos não
passam de... uns pobres diabos: e essa é uma
idéa dos diabos! Pois você não sabe que elles
são anjos decahidos? que são seres dotados |
de grande intelligencia, muito superiores a nós,
pobres mortaes? que não perderam essa intel-
TOLICES DE ALLAN KARDEC |
20 te
-——
a a
—
o ad
-—
- e — e — -—
a queda? Você
ligencia, natural a elles, com não nos ad-
não sabe que nós absolutamente
miramos quando vocês nos contam que um
e al fa ia te im pr ov is ou um di sc ur so so bre
pobr ma is hM
me di ci na , qu e fez pa sm ar os me di co s
lustres? Meu caro Kardec, você está mostrando
ignorancia, dando a conhecer que não está in-
formado acerca do conceito que nós formamos
do Jdiabo. o
Mas já ouço o sr. Kardec me sahir a cam-
“po com outra:
"* — Se os demonios são tão sabios, tão in-
telligentes, como é que apparecem tantos er-
ros e fantas manifestações tolas Ourante as
sessões?
— Por isso mesmo, meu bom Kardec. Para
que não digam que são elles. E' para melhor
engasopar a você s!
— Com tudo, note bem, mui-
tas vezes o demonio não julga necessario ir
em pessõa dizer tolices. Em certos casos, bem
frequentes aliás, deixa que o medium muito na-
turalmente as diga da sua propria cachola al-
lucinada. Tolices por tolices, tanto valem as
dos capetas como as dos mediuns; não acha?
Maso sr. Kardec ainda caçõa dizendo que,.
se é o diabo, elle se mostra bastante moral.
ao que já respondemos mais acima.
E'
Você queria, sem duvida, que elle se apresen-
tasse sempre como quem é, com toda a sua
feiura, respirando odio á humanidade, mos-
trando o seu desejo de que todos pereçamos.
sem remedio, não é assim, sr. Kardec?
- Mas bem vê, meu caro mestre, que assim
ninguem o seguiria. São bem poucos os lou-
tos que se atrevem a ligar-se claramente ao
DE ALLAN
cuido, Apa cus tar
KARDEC
—
21
ia e e e pç a a e us a e ca — o
.— . e
IV
Quantos loucos faz o espiritismo!
Allan Kardec extranha-nos a allegação fre-
quente da loucura que, volta e meia, apparece
no espiritismo. Não quereria que se falasse
nisso. Mas que lhe havemos de fazer? A ver-
dade impõe-se.
Quem ha ahi que não tenha ouvido con-
tar algum caso de miolos transtornados por
causa d0 negregado espiritismo? E' coisa tão
commum como carne de vacca. Os jornaes (não
falo só dos catholicos, notem bem) até os jor-
naes impios e hostis á Religião trazem segui-
do algum facto desses. |
Pois bem, o que é um facto tão patente e
tão conhecido, Allan Kardec, o mestre do es-
piritismo, affecta ignoral-o. Será boa fé? Póde
ser, mas se é não parece. '
Querem saber como é que elle fala? Es-
cutem só: |
Não deixam de tirar consequencia desfa-
voravel do facto de haverem perdido a razão
alguns dos que se votaram a estes estudos (do
espiritismo), (pag. XLIX).
Mas que é isso, caro mestre? Alguns?
Terei ouvido bem? Você diz alguns? Parece-
me que está mal informado. Alguns, quando
os casos se contam a centenas? Alguns, quan-
do os medicos estão de accordo em apontar
26 TOLICES DE ALLAN KARDEC
o < |—
em,
a
NS VAZIA VA
mtas
V
Uma lacuna preenchida
O nosso Kardec termina a sua Introduc-
ção com um achado estupendo. Diz elle que
alguns astronomos acharam lacunas não justi-
ficadas entre os astros e, levados por ellas,
julgaram que devia existir algum astro inter-
mediario. E o certo é que acabaram por des-
cobrir o astro que lhes faltava.
Até aqui nada de novo. E' facto sabido.
Mas o bonito é que Kardec tambem quiz
mostrar-se astronomo de uma nova especie, e
tambem quiz descobrir qualquer coisa de in-
termediario. E então nos sáe com esta:
«Mas entre o homem e Deus que immen-.
sa lacuna se depara !... Qual a philosophia
que haja preenchido essa lacuna? O espiritis-
mo nol-a mostra povoada pelos seres das dOi-
versas ordens do mundo invisivel, e esses se-
res não são outros senão os espiritos dos ho-
mens chegados aos Oifferentes gráus da esca-
la que conduz á perfeição: então tudo se liga,
pre e na desde o alpha até ao omega,
P9- »
Bumba! Esta é tambem das de cabo de
esquadra! Então os espiritos dos homens en-
chem a lacuna entre os humanos e Deus! Os
pobres mortaes capazes de façanha tão gran-
de! Confesso que fiquei desorientado | Acto
36, TOLICES DE ALLAN KARDEC
continuo corri a ver se este doido admitte um
Deus infinito ou não, porque o delle, neste
trecho, parece ser muito pequeno. E achei qu
e
Sim; que tambem elle crê num Deus infinito,
sem limites. Vejamos o que diz á pag. 4:
A razão vos diz que Deus deve possuir
essas perfeições (eternidade... immutabilidade,
omnipotencia, justiça, bondade, etc.) no gráu
supremo, porque, se lhe faltasse uma só, ou
que existindo, não fosse infinita, elle deixaria
de ser superior a tudo e por consequencia não
seria Deus!
Logo, Deus é infinito, sem limites.
Mas, meu caro Kardec, venha cá. Você
acha que o homem, por mais que se enfeite,
por mais que se engrandeça, por mais que se
aperfeiçõe, possa chegar a comparar-se com
Deus ?
Não, meu caro Kardec. Ô homem sempre
será homem, isto é, creatura, limitada, e Deus
sempre será Deus, isto é, Creador, e Infinito
em sua essencia. Como é pois que você pre-
tende encher a lacuna entre Deus e o homem ?
E' como querer ir em balão %'aqui á lua. Você
sóbe, sóbe, emquanto tiver ar; mas depois
acaba o ar e vem só ether, e por mais que
você queira, o balão não avança: falta-lhe o
essencial, falta-lhe o ar. E a lua sempre lhe
ficará a uma distancia enorme.
E' assim no nosso caso. Você eleve o
homem quanto quizer, faça-o grande, faça-o
sabio, faça-o santo; estes predicados, por maio-
res que sejam, sempre terão um limite; ao
passo que Deus é sem limites, pela sua mes.
ma explicação. Sempre Deus ficará a uma dis-
TOLICES DE ALLAN KARDEC 37
Teo
na
ço
SAS SA SNPA
VI
Tolices diversas
Comecemos agora a autopsia do corpo
mesmo d%o LIVRO DOS ESPÍRITOS, obra
considerada pelos espiritas como o que ha de
melhor no genero, e que tem entre elles uma
cotação enorme. Acharemos alli coisas do arco
da velha. |
Mas Kardec não quer a responsabilidade
do que escreve, notem bem. Que diabo! as as-
neiras, é preciso um bóde expiatorio qualquer
sobre o qual atiral-as. E qual será este bóde
expiatorio? Admiremia agudeza de Kardec!
Não é com as costas de qualquer pé rapado
“que elle se escuda, Não, srs. Elle nos atira ás
ventas com os nomes mais illustres; como
quem diz: Querem duvidar? Querem argumen-
tar ? Avancem, se têem coragem. Não é -com-
migo que se têm que medir, não. E com Santo
Agostinho, com Socrates, Platão, Fénelon, São
joão Evangelista, etc. etc. E' a elles, a esses
genios, a essas grandes capacidades que devo
as minhas revelações. Estes grandes homens
fôram os que me disseram: <«Occupa-te com
zelo e perseverança no trabalho que empre-
hendeste com nosso concurso, porque esse tra-
balho é nosso (V. pg. LKIV).
Eis ahi, pois, leitores. Que podemos fazer
ao vermos contra nós essa pleiade de celebri-
TOLICES DE ALLAMN KARDEC 39
TER
VII
Outras
Passemos por alto a opinião, que os srs.
espiritas dão como provada, de que toda a
materia é formada de um só elemento primiti-
vo (pg. 11. n.º 30). Não a contestamos. Ape-
nas nos permittimos observar que isso, para
nós humanos, não está ainda provado. Não
passa de uma opinião, que tem a sua plausi-
bilidade, não ha duvida, mas que um verda-
deiro pensador não pode desde já affirmar tão
resolutamente como coisa indiscutivel. |
Mas Kardec quer acreditar sem mais nem
menos nos seus espiritos... Deixemol-o lá. Es-
se ponto do elemento unico não faz mal .a
ninguem: é tal qual a cautela e o caldo dé
gallinha. |
"* Por conseguinte, deixemol-o passar.
O mesmo vale quanto á pergunta de se
os astros são habitados; pergunta a que elle
responõe com um arrogante sim (V. pg. 18. no
55). Nós, mais modestos, não dizemos nem
sim nem não; contentamo-nos com à duvida, pelo
menos emquanto não nol-o provam com verda-
deiros argumentos,
u ma c a b e ç a d a n o
l a t ã o , e a l l i d a r
tar com P a t i r a ss e d e , c a t r a m b i a s
r e g o q u e O
grande g o i s s e v o c ê i i
e . P
para todo o sempr ilosophia € força 0€
t o d o s o s m e s t r e s , e m p h
raciocinio! >
por esse arg ume nto , Deu s 0e-
Ainda mais,
ve agir sempre com todo o Seu poder, por que
em pote ncia a uma acçã o maio r.
aliás estaria
Ora bem, num só momento Deus pod e crear
, pode crea r dois , tres, dez, mil. ..
um espirito
Diga pois , mest re, quan tos acha que Deu s de
facto cria a cada mom ent o? Uma vez que vo-
cê o obriga a crear de continuo para que a
sua potencia creadora não fique inactiva, pelo
mesmo motivo nenhuma energia dessa potencia
póde ficar inactiva; e então teremos como con-
clusão que Deus deve crear, a cada instanti-
nho,o maior numero de seres que lhe seja
possivel. Ora se você me diz que Deus cria
cem mil espiritos a cada instante, eu lhe re-
plico: Deus pelo menos. pode crear cem mil e
um. Se você me falla em dez milhões, eu lhe
observo que com a mesma facilidade Elle po-
de crear dez milhões e um. Vê pois, bom Al
lan, “Q que esse ar gumento nos leva dia
demasiado
longe e por conseguinte não presta para naôd
Escute,
Escu te, Rarde c, c, OO poder creador de Deusne
Rarde
é infinito: deve, porem ., ser limi tad :
os pelo seu livre arbitrio soberano. E
t 1 . O nos effei-
- & não
prrecisãe 0 e h uma de Elle estar sempre ha
crean-
p ra estar em acto, porque esse poder
creador identifica-se com a essenci
esta, , emquant emquanto intelligencia, está nciasem divina, e
acto, comprehendendo incessante a em
menade,
i o e, emquanto vont
aerfeiinções mm ininfindand su
te asam as
tam ente essa mesma
inferrupptam | aMan-
essencia. in-
48 TOLICES DE ALLAN KARDEC
mam
PASS
(ESA NR
VII
Os espiritas são materialistas!!
Leitores, até aqui todos julgavamos que a
alma era espirito, que materia era coisa com-
pletamente diversa, que a materia constava de
partes integrantes e a alma não. Ma — louv
s a-
do seja o genio de Allan Kardec! O nosso er-
ro era dos mais crassos. A nossa ignorancia
era supina. Louvores a Deus, pois que o gran-
de homem nos elucida! — Immaterial não é o
termo proprio, diz elle, incorporal seria mais
exacto; pois bem, ôdeveis comprehender que
sendo o espirito uma creação deve ser algu-
ma coisã; é materia quintessenciada, mas sem
analogia para vós, e tão etherea que vos es-
capa aos sentidos (pg. 30, n. 82)
Paremos um pouco, leitores, que isto aqui
não vae d'um folego, não senhores. E' muita
asneira condensada em tão pequeno nume-
ro de palavras. Precisamos andar devagar por-
que se acompanhamos o sr. Kardec nos seus
saltos acrobaticos, corremos risco de quebrar-
mos O pescoço.
Como vemos, para Allan Rardec, materia e
corpo são coisas distinctas; pois diz: immate-
rial não é o termo proprio, incorporal seria
mais exato.
Mas venha cá, meu bom mestre, diga-me
que é corpo? Abramos um compendio de Phy-
50 TOLICES DE ALLAN KARDEC
rage
1X
Filhos de Deus?
O espiritismo, bem como outras seitas que
entram pela religião catholica como villão por'
casa do sogro, se apossaram da bella idéa de
que somos filhos de Deus, e fazem desta idéa
mal entendida, um cavallo de batalha; com el-
la querem fazer jus á benevolencia divina, sem
se importarem com as exigencias da sua jus-
tiça.
«Somos filhos de Deus! — dizem elles á
bocca cheia — Deus é nosso Pae: estejamos
pois tranquillos e socegados, que grande mal
não nos pode provir ô'Elle, por mais que pin-
temos, por mais perversos que sejamos!»
Pois sim, façam conta com isso! E' o ca-
so de Oizer-lhes como o outro: .
— Fiem-se na Virgem e não corram: ve-
rão o tombo que levam! .
Assim, pois, nos vem tambem o nosso
Kardec a pagina 30, n. 77, com estas palavras;
Somos filhos de Deus por sermos obra delle,
E a pg. 45, n. 116, com mais estas: Todos os
espiritos chegarão a ser perfeitos...; um pae
justo e misericordioso não pode banir eterna-
mente seus filhos.
Somos filhos de Deus por sermos obra
9'Elle? Extranha proposição!— Que, tio Kar-
dec! Só porque somos obra de Deus, somos
seus filhos?
TOLICES DE ALLAN KARDEC 53
aç ão su a e lu cr o ma ni fe st o ? Qu al o la dr ão
tisf
qu e nã o ve ja co nv en ie nc ia em re co me ça r os
seus fu rt os co m os qu ae s po ud e le va r um a
vida regalada a custa do alheio?
Mas vejamos o que diz O nosso autor. A-
bram lá o tal LIVRO DOS ESPIRITOS á pg.
46 n. 118. Que diz alli? Os espiritos podem
degenerar? Não, (o espirito) póde ficar esta-
cionario, mas não retrograda. Agora á pg. 73
n. 178. Os espititos pódem ir,viver corporal-
mente em mundos inferiores áquelle em que
iá viveram?... Isso não poderá tambem ter
logar por expiação? R. Os espiritos pódem fi-
car estacionarios, mas não retrogradam;, en-
tão a sua punição está em não avançarem e
em terem de recomeçar as existencias mal em-
pregadas, no meio conveniente á sua natureza.
Tomem nota: a punição está em não avançarem.
A' pg. 347, n. 872 vemos tambem o se-
quinte: Se sáe vencedor dessa lucta, eleva-se;
se baqueia, fica sendo o que era, nem peior
nem melhor: é uma provação a recomeçar, €
isto pôde durar longo tempo.
Do n. 258 diz ainda: Tanto lhe é permit-
tido seguir o caminho do bem como do mal!
Se succumbe... Deus em sua bondade, lhe dei-
xa a liberdade de recomeçar o que não execu-
tou como devia.
| Que bom, hein? Não é o que eu dizia?
E' recomeçar. E' um castigo esplendido. Os
legisladores todos são uns tolos. Deviam des-
'barretar-se, curvar-se até o chão e eclipsar-se
diante do preclaro Allan Kardec. Este sim que
mettia os lycurgos todos num chinello!
| Vejam que coisa bonita! Um fazendeiro
faz trabalhar yum anno inteiro seus pobres
60 TOLICES DE ALLAN KARDEC
aire dear mem
XI
O Evangelho
O nosso autor, bem como os demais es-
piritas, querem basear-se em dois textos para
affirmar que o proprio Evangelho admitte a
reincarnação. O primeiro destes textos é o
seguinte do Evangelho de S. Matheus: “De-.
claro-vos porém, que Elias já veiu, mas elles
"não o conheceram e o fizeram sofírer como -
quizeram. Assim farão morrer o Filho do ho-
- mem. Então os dOiscipulos comprehenderam
que era de João Baptista que Jesus lhes fa-
ara. E SR Ú
— D'estas palavras de Nosso Senhor, que-
rem os espiritas entender que S. João era
Elias reincarfado. Elles não recordam que já
o Archanjo S. Gabriel dissera a S Zacharias,
ao annunciar-lhe o futuro nascimento de S.
' João: “Converterá muitos dos filhos de Israel
"ao Senhor Deus dos mesmos e elle o prece-
" Derá no espirilo e virtude de Elias (Luc. I, 17).
Quando dizemos: “Este homem tem o es-
pirito de S. Paulo” queremos oÓOizer que tem
as qualidades de S. Paulo; que o ornam as
virtudes que ornavam a S. Paulo.
= Ainda hoje se diz tambem: “Este homem
“é um Napoleão, um Cicero; é Raphael redi-
vivo” Quem pretenderá affirmar querermos di-
zer.com'essas expressões, que o tal homem
seja Napoleão reincarnado, ou que possuz à
TOLICES DE ALLAN KARDEC nn
=——
do Espirito
acho e que,
eE s E agua Santo? Não perce-
no seu caso, não ha preci-
nr agua nenhuma, nem de Espirito San-
primeiro um novo nascimento igualzinho ao
rito já 0, com a unica differença de um espi-
já antigo estar no logar do outo novo
ó meira vez; não acha?
tras palavras que CIUES explicam estas ou-
que é nasci ' isto diz e m seguidida
a:: “O
a = espirito ar é carne e o que é
to Allan! Essa to”?
palavras de Nosso
ando
dd
TOLICES DE ALLAN KARDEC 75.
cemttm o.
XII
Sciencia
Os espiritas (notem bem, quando dizemos
os espiritas, entendemos grande parte, porque
aquillo, uma vez que & religião sem autoridade
para a fiscalisar, vira anarchia: cada qual enche
O sacco com o que quer); mas,- como ia dOi-
zendo, os espiritas em geral crêem piamente
que Deus exige dos homens não só a pratica
do bem como até o Saber; não só a virtude
como tambem a sciencia.
— Ora essa! A sciencia tambem?
— - Sim, senhores, a sciencia tambem: de que
se admiram? |
Mas queé que tem o paletot com as cal-
cas? Que é que tem o: merecimento com a
sciencia, que nem sempre depende de nós?
Qual é a reli gião que ja. énsinou semelhante
cousa? (1)
— Ah, meus caros! Allan Kardec é quem
o Oiz.
iz. Vejam o que elle escreve no n. 192: «O
espir
: ito tem que avançar em sciencia e mora-
lidade; se só progredir em um
sentido é pre.
ciso progredir no outro». p |
— Mas
at ainda se dissesse ——- nani sciencia da
É.
es ni saber o que são as virtudes
4 as praticar, ou a sciencia que
e
PENAS ENOS ESTO WC E
rs
a
me
XIV
Livre arbitrio, O hottentote..
«Os seus merecimentos (de vossos ante-
passados) não recahem sobre vós sinão quan-
do vos esforçais por seguir os bons exemplos
que vos deram, é unicamente neste caso que
a vossa lembrança lhes pode ser, não só agra-
davel como tambem util» (n. 206).
4x
Ah não, Kardec, isso não! Tenha pacien-
cia. Em que a nossa boa conducta poderá in-
fluir para a felicidade dos nossos antepassa-
dos? Depois d'elles mortos e enterrados, que
nós nos comportemos bem ou pintemos o bo-
de, isso não :pó0€ alterar-lhes no mais mini-
mo a condição. Elles já tiveram que respon-
der a Deus pelo exemplo que nos deram, isso»
sim; pelos ensinos que noS ministraram, pela
'sendá em qué nos encaminharam: isso é ver»
dade. Mas agora, O nós-seguirmos ou não os»
seus exemplos e ensinos não depende mais
delles e por conseguinte cessa a responsabi-
lidade e consequentemente tambem o mere- .
“cimento. | ;
Você queria então que a nossa boa con-
ducta actual.fosse util a nossos avós? Deus
não seria-justo se assim fosse. Porque faria
depender a utilidade para os mesmos de uma
cousa que não está na mão d'elles. Está ven-
do, Kardec do meu coração, que aquelle util,
*— =
TOLICES DE ALLAN KARDEC
EST
81
aquelfa palavrinha traiçoeira, foi mais um co-
chilo seu, ou, Se quizer, dos seus espiritos.
. *
O tio Allan tem cada uma que não se
sabe de onde as tira. Não é que, depois de
falar muito emt merecimentos, e por conseguin-
te em livre arbitrio, nos vem negar tudo isso
com o maior sangue frio ?
Chega a ameaçar dizendo que até a feli-
cidade se paga com revezes. No n.º 258 QOiz
assim: «Dando ào espirito a liberdade da es-
colha, deixa-lhe toda a responsabilidade dos
seus actos e consequencias. Nada lhe embara-
ça o futuro; tanto lhe é permittido seguir o
caminho do bem como do mal» .
E depois: <A razão não vos diz que se-
ria injusto privar para sempre da-felicidade
eterna aquelles de que não dependeu o torna-
rem-se melhores? . .. podem ter encontrado
obstaculos ao seu melhoramento independen-
tes da sua vontade (n. 171).» Segundo estas
palavras já não depende de nós o tormarmo-
nos melhores. Consequencia: não temos livre
arbitrio.
«Podem ter encontrado obstaculos inde-
pendentes da sua vontade.» Bless me! Parece
que o homem está treslendo! Mas quem é que
responsabilisou nunca o homem por obstacu-
los independentes da sua vontade ?
A quem você ouviu dizer que Deus priva
da felicidade eterna aquelles de quem não de-
pendeu tornarem-se melhores ? São cousas que
teem todos os visos de gerem inventadas por
você, Nós os catholicos pelo menos não dize-
mos semelhantes disparates. Ou você ouviu
já algum sahir-se com essa?
82 TOLICES
E
DE KARDEC
ALLAN= ten tene
mer r
Oa
2
XV
Al differença é poucal A hypocrisia
Diz-nos o impagavel Allan Kardec 4 pag.
99, n. 222, em tirada cujo enthusiasmo é um
tanto aguado pelas torturas da verdade: «Mos-
traremos que a religião (catholica) está talvez
menos afastada d'ella (da doutrina da reincar-
nação) do que se pensa.»
E que tal! Não é que o dr. Allan quasi
alfirma que não ha differença essencial entre
o catholicismo e o espiritismo? Ardou pelo
beiço duma pulga! |
Sim, snr.! Então nós quasi que somos es-
piritas| Muito obrigados pela noticia, mas per-
mitta que duvidemos.
Olhe, não queremos ser relogio de repe-
tição. Por isso, se alguem quizer convencer-se
de que realmente o catholicismo. e o espiritis-
mo são tão parecidos como um pvo e um es-
pelo, releia o capitulo Il destas Tolices. que
vamos ventilando. Por ora eu digo como o ou-
tro: Deixal-os falal.os; depois elles convence-
rão-se-hão-se... |
Mas «a theoria da reincarnação é emi-
nentemente moral é racional, e o.que é moral
e racional não pode ser contrario a uma re:
ligião que proclama Deus, a bondade e a ra-
-Zão por excellencia (pag. 98).» | o.
Moral e racional? Será, não digo que não.
Mas o que é moral não pode ser contrario a
86 TOLICES DE ALLAN' KARDEC - a
CTA O
XVII
Sonhos — Escriptores
N. 401: <A alma ea durante o som-
no, como o corpo? R. Não; o espirito nunca
está inactivo. Durante o somno affrouxam-se
os laços que o ligam ao corpo, e como este
não tem então necessidade da alma, percorre
o espaço e entra em relação mais directa com
os outros espiritos.»
N. 402: <O somno faculta aos espiritos
incarnados o melo de estarem sempre em com-
municação com o mundo espiritual; e é o que
faz os espiritos superiores consentirem sem
grande repulsa em incarnar-se entre nós...»
<A incoherencia de certos sonhos explica
se pela recordação imperfeita e incompleta
dos factos e scenas que foram presentes em
sonhos.» (402).
N. 414: «O facto de irdes ver, durante o
somno, amigos; parentes, conhecidos, pessoas
que vos podem: ser uteis, é tão frequente, que
Se realiza quasi todas as noites.»
Eis uma explicação interessante dos so-
nhos. Não ha duvida, em Rardec perdeu-se
um grande tomico! |
Quando nos deitamos, cuidamos que va-
mos descançar? Historias! Vamos é palestrar
com os espiritos no espaço: Julgamos que o
nosso sonho foi extravagante? IJada d'isso. E'
que não nos lembramos de tudo — Mas se
96 TOLICES DE ALLAN KARDEC
e... A
a
ISA SAS)
XVIII
Egualdade inicial de todos
Uma das bases em que se querem fundar
os espiritas, uma das pedras fundamentaes
do edificio da sua crença, é a pretenção de
que Deus nos deve ter creado a todos eguaes
,
Não querem absolutamente conceder
Deus o direito de nos collocar em condiç a
Oifferentes no mundo. Todos devemo ões
s ter o
mesmo ponto de partida em identica si
Egualdade para todos. E O soci tuação.
mundo espiritual. Kardec, Denis, al is mo no
assim os ares de Carlos Marx ou et c. dão-se
— Porque Rropotkine.
senão, dizem elles, Deus não
ria justo. se-
E d9'ahi concluem que, vista a desegual-
dade neste
mundo, vista a Oifferença en
tre
judiciosos e, nescios, já houve
outras existencias nas quaes
estado de co m e r e c emos este
usas.
Versarios vemos, prezados
Precisa andar com m leitores, que Deus
uito geito para não ser
Não póde discrepar um a
pice no seu sy S-
eta Injust
Sigo De crear, A minima differença traria com-
iça. Por conseguinte o bom Deus
adeee
us minandar
has en Com os sete sentidos; senão,
commendas!
TOLICES DE ALLAN KARDEC 101
a
XIX
Deveremos fazer o mal?-—A hora
da morte
Porém, temos uma consequencia a tirar
dos mirificos principios espiritas.
Esta vida é uma expiação, dizem elles. O
que soffremos é justo; foi merecido por nós,
ainda que seja noutras incarnações.
Muito bem. Então quando um homem máu
persegue o seu semelhante, quando um ladrão
furta, quando o capanga mata, é sempre ins-
trumento da justiça divina. Deus não póde dei-
xar exceder o . que a pessoa mereceu;
pois
que, se O solirimento passasse o mal comm
et-
00, pelos dizeres espiritas, Deus seria
to; fa in jus-
ria diff erença entre as suas creaturas in-
telligentes, q
Pois bem, carissimos espiritas,
due se matarmos, se roubarmos, segue-se
E apo se torturar-
proximo, na fazemos nada de
“nas porque elle o mereceu mal.
carnações! noutras in-
—- Hum?!
OS seus dizeres, Deus não
none seo injustiça; Deus não póde per-
ualdade no
- Eos
Porque foi merecida, cimo asa
niah i?
nenhum em matar,D'ahqui e reé suum
lta ue não ha mal
a rod e fur-
as
TOLICES DE ALLAN KARDEC AM
& s
Tenho visto muitos espiritas inchados e
gangentos com a presença de Santo Agosti-
nho nas suas sessões. Até o nosso Kardec
teima e escreve que é elle; que é Santo Agos-
tinho, e mais S. João Evangelista, e mais 5.
Vicente de Paulo, e ainda S. Luiz, que lhe
vêem ensinar cousas tão de espavento como
as que temos visto.
E no entanto, no n. 505, que é que lemos?
Attenção, bondosos leitores; ponderem bem
estas palavras: <Os espiritos protectores que
apresentam nomes conhecidos são sempre os
de pessoas que tiveram esses nomes? R. Não;
mas espiritos que lhes são sympathicos e que,
muitas vezes, vêm mandados por elles. Como
precisaes de nomes, elles adoptam um que vos
inspira confiança.
Bona viagge! Então em que fica o Santo
Agostinho dos nossos amigos? Em que ficam
S. João, S. Luiz e S. Vicente? Talvez, sim,
talvez que sejam elles. Mas talvez que seja
um substituto. .
E' o que eu tambem penso. Santo Agos-
tinho.e os outros Santos téem mais que fa-
zer do que vir dar prosa ao snr. Allan Rar-
dec e mais espiritas!
São outros, são; podem ficar soceg ados,
porque são outros mesmo. Para nós não ha
duvida nenhuma,
e
EEE o -— —
XX
Allegorias
<A palavra de Jesus era muitas vezes
allegorica e em parabolas visto como falava
segundo os tempos e logares. Hoje é preciso
que a verdade seja intelligivel para todos....
A nossa missão é abrir os olhos da humani-
dade para confundir os orgulhosos e demas-
carar os hypocritas, os que affectam exterio-
res de virtude e religião escondendo torpezas.
O ensino' dos espiritos deve ser claro e sem
equivocos, a fim de ninguem poder pretextar
ignorancia, e para todos poderem julgal.o e
aprecial-o com a propria razão (n. 627).»
Arre! Que tiradinha contra nós! Nossa
Senhora nos valha! |
“Era muitas vezes allegorica”... Sim senho-
res! Com isto nas mãos pode-se alijar muita
cousa que não convem. |
Ha no ensino de Jesus alguma cousa que
não faça conta? Oh! não nos assustemos! Era
allegorico, era epenas um symbolo!
Jesus manda os apostolos prégar por to-
da a parte. “Ide pelo mundo todo, prégai o
Evangelho a toda a creatura. Quem crer e fôr
baptizado será salvo: mas quem não crer se-
rá condemnado (Marc. 16, 16)”. Julgam que
Nosso Senhor falava sério ao proferir essas
palavras? Qual historias! Era allegoria!
Jesus affirma peremptoriamente: “Aquel-
les a quem perdoardes os peccados serão
116 TOLICES DE ALLAN KARDEC
“mem
o em rec
nada das pretendidas reincarnações.
muito claro e inequivoco, não ha duvida! Fal- ANO
ta só O porque.
Mais um ponto claro é a reincarnação.
nos afiançada pelos espiritos: ora ess F'
ritos podem es espi-
ser zombeteiros ou fingidos, como
os proprios espiritas confessam: logo, temos
toda a certeza da reincarnação. Ah, é claro
como agua. Mais clareza só na noite escura.
Ponto claro e inequivoco é tambem pre-
cisarmos para o outro mundo, juntamente.
com a virtude, adquirirmos sciencia. E” “mais
uma claridade, mais um sol de luze de certeza.
Claro e inequivoco é outrosim que Deus
deve estar sempre creando. A necessidade de
uma creação febril, incessante, é clarissima,
sim, senhores.
Mais uma é que Deus deva forçosamen-
te estabelecer egualdade absoluta entre os
espíritos todos no principio, sob pena de in-
justiça. .
Outra ainda é que os sonhos são reali-
dades da vida do espirito. E' tão evidente
que não pode haver duvida. Se aquelle com
que eu sonhei, não sonhou commigo, é por-
que... porque... ora porque é assim mesmo.
Ah sim: tudo isto são cousas claras e
inequivocas. E estas clarezas e equi
nes é que vêem substituir O ensina de Chris-
O, tão obscuro e tão equivoco a
LóUMOrES Deus! Hymnos de acção =
graças! Se não fosse Allan Kardec nunca aos
Vinhariamos semelhante cousa!
Este Kardec é um prodigio!
XXI
Aproveitar do mal. — Amor à Deus.
<Aquelle que não faz o mal, mas se hou-
ver aproveitado do mal feito por outrem, tem
o mesmo grau de culpabilidade? R. E' como
se o fizesse; aproveital-o é participar delle
(n. 640).»
Oh! O rigorismo do nosso mestre é terri-
vel aqui. “EF' como se o fizesse!” Mas, caro
tio, escute um caso.
Um ladrão, não direi um ladrão honrado,
mas desses que nunca pensaram em ser as-
sassinos; esse ladrão encontra na estrada um
homem assassinado. |
E' uma desgraça. Elle não commetteria o
crime, não seria capaz de semelhante cousa.
Mas... uma vez que tem essa sorte, aproveita-
a: furta as joias e o relogio do morto.
"Faz mal, bem o sei. Não serei eu quem
defenda o ladrão quanto ao acto do roubo.
Mas f-o fo não quer dizer bananeira. E o
que me parece clamorosa injustiça é dizer-se
que o ladrão tem o mesmo grau de culpabili-
dade que o assassino. Isto sim é demais.
E é um espirito que O vem, segredar a Al-
lan Kardec! E Rardec é tão duro de molleira
que sem mais nem menos, lhe acceita os di-
zeres!... Quer dizer que — tanto raciocina um
como outro...
Não, Rardec, acredite-me. Pense um pou-
quinho e verá que o ladrão tem a culpabili-
- —
“TOLICES DE ALLAN KAR
EESTI o e e ati gm
121
RCA
| XXII
Divergencias do espiritismo
Kardec faz um esforço herculeo
zer crer que o espiritismo está para fa-
em via de for-
mar uma ôOoufrina só, sem Olverg
encias.
E, como os papalvos são ca
pazes de o
acreditar, é nosso dever apresent
ar as cousas
como realmente são, em que pese
ao bom do
tio Allan.
São estas as palavras delle: «Os adver-
sarios do espiritismo não deixaram de
apro-
veitar como arma contra elle o facto de ha
ve
algumas divergencias de opinião acerca de ce r
r-
fos pontos da doutrina... Mas hoje já tres quar
-
tas partes d'esses systemas cahiram diante de
um estudo mais aprofundado... A unidade já
está feita sobre a maior parte dos pontos con-
testados... Notae que os princípios fundamen-
íaes são em toda a parte os mesmos... Se, en-
tre os adeptos do espiritismo, alguns
ha
divergem de opinião a respeito de alguns que
tos da theoria, pon-
todos estão de accordo quanto
aos pontos fundamentaes. (Conclusão 1X).»
€ lendo-se o final da obra, parece com-
Prehender-se que elle quer que esses tão fa-
lados pontos fundamentaes se reduzam ao
Preceito de fazer o bem!! “Os outros pontos
São secundarios... o antagonismo só poderia
existir entre aquelles que quizessem O ni
* aquelles que fizessem ou quizessem o mal.
124 TOLICES DE ALLAN KARDEC o
Ka rd ec ! Se to da a no ss a ce r-
Ora o bom do va mo s ar-
teza foss e es sa so br e re li gi ão , es ta
ranjados! n c o r dam
En tã o só p o r q u e os es pi ri ta s c o
se de ve p r a t i c a r
,O be m, ha u n i d a d e
em que'
esse
no espiritismo? E' cousa muito vaga. D'
it o po di a- se di ze r qu e ha u n i d a d e em to da s
ge
gi õe s, vi st o qu e to da s a d m i t t e m De us .
as reli
Além disso, pela grande logica de Allan
Kardec, podiamos ser tambem budhistas, vis-
to que, apesar de mil outros pontos dispara-
tados e tolos, o budhismo tambem ordena
fazer o bem. Podiamos ser idolatras de cons-
ciencia bem tranquilla, comtanto que praticas-
semos a caridade, pois que, pela explicação
que dá na mesma passagem, o bem a que
Kardec allude é a caridade sómente.
Ah Kardec, mais uma vez fulgura aqui a
sua logica sem rival!
Deixando porém esse ponto de lado, diz
Kardec que a unidade no espiritismo está já
feita? Hum! -Não me parece!
Ou será unidade a divergencia nos pon-
tos mais importantes e principaes?
Escute, Kardec. Com certeza não sabe
(pois que é posterior ao seu tempo) que em
1889 se reuniu um congresso espirita interna-
cional em Paris. Pois bem, nesse congresso
que Léon Denis eleva ás nuvens, propôz-se
a discussão, uma ninharia, uma bagatella, a
base de todo o espiritismo kardequiano: a
pluralidade das existencias.
Os leitores julgarão naturalme nte que a-
o a uma unanimidade de DEUS por
É além e que fôra cousa inteiramente super-
ua tratar de semelhante assumpto, visto ser
TOLICES DE ALLAN KARDEC 125
Dt
LÉON DENIS
NTE N ENTE MENTE NON
Introducção
Expostas as principaes tolices do sr. AÍ-
lan Rardec, parece-nos util mostrar que tam-
bem os outros corypheus do espiritismo an-
daram á matroca com as suas asserções.
Disparataram um pouco menos, é verdade,
mas é porque é odifficil achar dois Allan KRar-
decs. Podia-se dizer, parodiando Ramalho Or-
tigão, que o mundo é pequeno demais para
conter dois homens que disparatem como Al-
lan Kardec; que se tal segundo homem exis-
tisse, as gerações o teriam presentido durante
os ultimos seculos, pelas convulsões geólogi-
cas do globo, violentamente abalado pela tra-
balhosa gestação do prodigio
Mas, em todo caso, é preciso confessar
que tambem os outros Oisparataram, e bas-
tante. E nem poôdia deixar de ser, visto que os
pontos principaes do espiritismo se prestam á
galhofa.
Léon Denis, apesar duma linguagem me-
lhor, não deixa de apresentar certos pontos
que forçam o riso e desopilam o baço. Tem
contra si simplesmente o estyvlo de não dQize-
rem asneiras desse tamanho em linguagem
mais apurada. Flammarion, apesar de bom as-
tronomo, torna-se desfructavel quando nos vem
com certas crenças espiritas. E ambos são,
depois de Allan Rardec, as duas mais grossas
columnas do edificio espirita.
136 TOLICES DE ALLAN KARDEC
aqui! diria alguem com OS
— Ah Samsão
seus botões.
Mas que! Não é preciso nenhum Samsão
para derribar templos erguidos ao erro. Este
de sm as ca ra ; de si me sm o, va i mo s-
por si se em -
pé de ar gi ll a, qu e nã o re si st e ao
trando o
bate robusto da verdade. an a-
Bast ar á fa ze r co mo at é aq ui , is to é,
as pr op ri as pa la vr as de ss es au to re s: e
lysa r
as , so b o es ca lp el lo da lo gi ca , re sa lt ará
nell
sm as ca ra do O er ro , co rr id o de se ve r ex po s-
de
to á claridade do dia; elle que apenas sahira
armado de uma triste lanterninha emprestada...
a
E PELES
|
As religiões antigas
Léon Denis, no seu livro Depois da Morte,
aparou a penna e elevou o estylo, e num sur-
to de valentia, pretendeu provar a legitimidade”
do espiritismo. |
Se a emphase e a pretensão bastassem
para crear verdades, o espiritismo teria acha-
do o seu patrono. Além d'essas cousas porem,
requer-se mais alguma, para Oar certeza; re-
quer-se uma ninharia, uma nuga, um nada:
requer-se apenas a verdade.
E a verdade reergue o collo invicta, como
a labareda “que lambe o malho que a fez sur-
gir, quando a logica se vê attingida pelos gol-
pes incertos do camartello do erro.
A verdade espezinhada apparece e avulta
por entre os pés que phreneticos, a pretendem
calcar.
Mas ai que Oo povo ignaro se deixa seduzir!
Léon Denis toca poblemas que requerem
estudos serios e tenazes; questões que põem
em contribuição historia e theologia; e o po-
bre povo, deslumbrado com esse fogo de vis-
tas, entende que aquelle clarão é o da verda-
de, quando é apenas a phosphoreçencia mise-
ra do erro.
Léon Denis tem tido voga, porque apparenta
um certo preparo; e o povo, sobretudo aquelle
que não se esteia em solidas ldéas religiosas,
138 TOLICES DE ALLAN KARDEC
õ a da i n d i v i d u a l i d a d e e
cinam o nirvana, a perno na da , c o u s a s que se
nto do ser
o esvaime à lua com
com à reincarnação como
parecem no
o Pão de Assucar.
apezar de religião vasta-
O mahometismo, c o m m u n g a nes-
ta m be m nã o
mente espalhada, em qu e pe se ao snr.
sa idéa da reinca rn aç ão ,
De ni s. o
L éon
, o P o v o cu ja re li gi ão ta nto se
Os judeus o aômit-
an ti gu id ad e, t a m b e m nã
salientou na u n d o sa be.
tiam tal co us a, c om o todo O m
idem, idem. Se-
A religião de Zoroastro, per-
gundo os persas zarathustrianos, a alma
ce no ca da ve r tr es di as . Ao qu arto era
mane
ad a e de po is co nd uz id a á po nt e Ci nv at que,
julg
ci ma do in íe rn o, le va va ao pa raiz o. Se a
por
ma fô ra co nd em na da , ca hi a no ab ys mo , ia
al
ser escrava de Angro-mainyus; no caso con-
trario passava a ponte e no paraizo indicavam-
lhe o logar em que devia ficar até a resurrei-
ção dos corpos. Ora em tudo isso nada ve-
mos de reincarnação.
E na China, nem Lao-Tseu, nem Kung-Fu-
Tseu (Confucio) falaram em semelhante rein-
carnação.
Gregos e romanos tambem não tinham ge-
ralmente essa crença; e se alguns philophos
admittiam a metempsychose, outros e o povo
aômittiam os Campos Elvseos e o Tartaro
a.
ssim, por ex. diz Socrates, citado por
Platão: «Os impios que desprezaram as leis
mp oo são precipitados no Tartaro, para nunca
BA irem delle e para sofírerem ahi tormentos
orriveis e eternos». Vê o bom Denis que, por
TOLICES DE ALLAN KARDEC 141
o mr
——— sum es —
— e
«ar e ne q
tã o ge ra l es sa do ut ri na da
Não foi pois
pr et en de m ce rt os es pi ri ta s.
reincarnação como
na an ti gu id ad e se ac ha um po uc o espa
E se
lhada. é pela simples razão de que, cipadara, qu em
não tem a revelação Olvina que de entre
opiniões tão sómente, não ha grande
duas
escolha.
Qu e im po rt a qu e In di a, Eg yp to e dr ui da s
admittam a re in ca rn aç ão , se a nã o ad mi tt em
judeus, mahometanos, persas € chins ?
O argumento de Léon Denis não passa
pois, como disse, de um fogo de vistas. Des-
lumbra a principio, chega a abalar e a espan-
tar. Mas, examinado um pouco mais a junôo,
atira-se o livro com um sorriso de compaixão
exclamando: Ora, o homem quer sopa!
Além do mais, era muito natural que uma
opinião se extendesse de um povo a outro
mediante a convivencia. De modo que era
muitas vezes a mesma doutrina que ia fazendo
proselytos só pelo facto de chegar ao conhe-
cimento dos outros; e não a verdade que se
impunha, como parece pretender Léon Denis.
| Passando agora ao facto da evocação dos
espiritos praticada em muitas religiões antigas,
como Oiz o snr. Denis, nada temos em contra-
rio. Assim como os espiritas pretendem fazel-o
hoje, os antigos com o mesmo direito, tinham
E pr pretaraão: Isso porém nada prova.
pita Ar nós não negamos o facto da evoca-
NERD O ana NUR sejam os espiritos
emquanto não nol- presentam; pelo menos
Bhi é qu e O pr ov am . Ma s pr ov ar ?. ..
» COMO Oiz Herculano, certo ani-
ma
eols toMerceDaMceort
SaÀ parte do corpo que eueo
TOLICES DE ALLAN KARDEC 143
oa —— —
=" 2=2"=
CRE
— ——
eme
aa me
[1
Essenios e gnosticos
Léon Denis quereria: muito que Jesus fos-
se essenio, porque descobriu ou pretendeu
descobrir que os essenios criam nas vidas suc-
cessivas das almas.
E pretende estabelecer que ôOelles Jesus
recebeu essa crença e que ella faz parte do
seu ensino.
Já demonstramos que Christo não prégava
a reincarnação, mas sim a vida eterna depois
da presente existencia de provação. O melhor
argumento, depois das proprias palavras de
Christo, é o ensino em vigor nos primeiros
tempos do christianismo; e este ensino, con-
forme provamos pelas palavras de S. Paulo,
9. Clemente, S. Barnabé e Hermas, escriptores
do primeiro seculo, nada tinha de espirita e
nem cogitava de reincarnação. (V. Cap. XII da
la parte.) - |
Além disso, já em outros pontos ha muita
divergencia entre o ensino dos essenios e o de
Christo. Não são tão parecidos como quer Denis.
Lembremos o culto que q tributa-
vam ao sol e que os levava á creancice d€
não quererem offender-lhe os raios com as
impurezas do proprio corpo. Jesus nada orde-
na com relação ao snr. sol, nem os apostolos
adoptavam o uso da pásinha de que os esse-
nios tanta questão faziam.
146 TOLICES DE ALLAN KARDEC
o —— e o — =
[
Doutrina de Jesus
Léon Denis affirma-nos, com um desplante
digno de Voltaire: «A verdadeira religião... só
julga os dogmas por sua influencia sobre o
aperfeiçoamento da sociedade» (cap. 1).
Ah! eu pensava que se deviam julgar os
dogmas pela verdade .que encerravam e pelas
provas a favor d'essa verdade. Pois não, snrs.;
é pela influencia sobre o aperfeiçoamento das
sociedades; Denis é quem o diz.
Homem, pensando bem, as querras tam-
bem aperfeiçoam muitas vezes a sociedade,
porque a tornam mais poderosa com as con-
quistas, eliminam-lhe muitos elementos maus,
fazem voltar os povos para Deus, etc. etc.
Logo, pelo principio de Denis, o dogma.
que affirmasse: A querra é um bem desejavel
— seria bom, seria optimo até: teria influencia
sobre o aperfeiçoamento das sociedades... Lou-
vado seja Léon Denis!
% *
Quer-nos provar ainda Léon Denis que a
doutrina de Jesus é differente da nossa. Não,
o homem não é para graças! E' por isso que
elle affirma no capitulo VI que o christianismo
soffreu transformações nas suas doutrinas. Se-
não tambem como teria q topete de asseverar
que o espiritismo é a doutrina de Jesus? Para
dar razão aos espiritas, só dizendo mesmo
DE ALLAN KARDEC
152" TOLICES
me
não é a religião de
que O catholicismo já .
Christo. s à s u a p r e t e n s ã o?
E como provará Deni c o u s a s d€ c a b o
t e m
Attenção, leitores, que elle s
de esquadra. Denis affirma p. ex. queo Jeexsu te -
as m a n i f e s t a çõ e s d o cu lt
«desapprova 50 , ci ta a re -
rior». (cap. VI). P a r a p r o va r 15
o q u e El le p a s s a ao s s a c e r d o t e s OS
prehensã
quaes, a pr et ex to de l o n g a s pr ec es , d e v o r a v a m
s v i u v a s e d0 S o r p h ã o s . Q u e r e m
os bens da
prova melhor? qu iz se r
Podem re s p o n d e r - l h e q u e J e s u s
z a d o po r S. Jo ão ; — D e n i s lá se i n c o m -
bapti
d a c o m is so ? P o d e m ci ta r- lh e a o r d e m de
mo
p o s t o l o s p a r a q u e b a p t i z a s s e m a
Jesus ags a e
to d o s ;— D e n i s ri -s e de ta l. P o d e m l e m b r a r - l h
que Jesus comeu o cordeiro paschal como era
preceituado na lei, que fez orações publicas,
como quando resuscitou a Lazaro, que frequen-
tou o templo, que entrou em triumpho em Je-
rusalem, que consagrou o pão e o vinho e man-
dou aos apostolos que fizessem o mesmc; —
tudo isso para Denis não vale uma noz partida.
Digam-lhe que a reprehensão era contra
os abusos que, seja onde fôr, são sempre
dignos de reprehensão: — elle de nada quer
saber...
Tambem senão como poderia affirmar que
espiritismo e doutrina de Jesus são a mesma
cousa?
a; Diz ainda Denis: «Aos devotos, que acirea-,
e N R D e pe lo j e j u m e pela a b s t i n e n c
ha no o que entra pela bocca que man -
! E omem, mas o que della sahe”. (ib.)
densa sie UA quer elle dizer que Jesus
a o jejum e a abstinencia, E é O
DE ALLAN KARDEC 153
TOLICES
e
-
ta mb em Al la n Ka rd ec , di ze nd o
que affirma é me ri to -
que só o qu e ap ro ve it a ao s ou tr os
rio (n. 721). le m-
Mas esse s bo ns ho me ns nã o qu er em
pr op ri o Je su s je ju ou an te s do se u
brar que o um a ve z
Nã o se i pa ra qu e O fa ri a,
baptismo. Os es pi ri -
que condemnava es sa pr at ic a, co mo
m. .. Ta mb em de vi am re co rd ar qu e
tas pretende Es ta
si ão Je su s di ss e ao s ap os to lo s:
certa occa di an te O
classe de demoni os só se ex pu ls a me
je ju m e a or aç ão . (M at h. &V I1 ,2 0) .
nt in úa De ni s' di ze nd o: «J es us co nd em na va
Co
ce rô do ci o, re co mm en da nd o ao s se us di sc ipu-
o sa ».
lh er ne nh um ch ef e, ne nh um me st re
los não esco
Ah! ah! ah! Léon Denis! Então Jesus não
nd ou qu e os ap os to lo s en si na ss em a to da s
ma
as nações, baptizando em nome do Paôre, do
Filho e do Es pi ri to Sa nt o? Nã o er a o me sm o
que fazel-os todos mestres para transmittirem
a religião de Christo aos povos, e sacerdotes
para baptizar os mesmos? Você está treslendo,
você que tambem tem pretensões a mestre
(p'ra lá!) |
Considere um pouquinho, Denis, e verá
que o que Jesus reprova é à jactancia, O or-
gulho em quem ensina, e não o proprio sacer-
docio. Senão você tambem será forçado a aí-
firmar que Jesus prohibiu chamar-se pai a quem
quer que seja na terra; porque na mesma oc-
casião em que Elle diz «não queirais ser cha-
mados mestres», prosegue assim: «ea ninguem
sobre a terra queirais chamar pae vosso:
porque um só é vosso Pae, o que está nos
céos» (Math. 23, 8 e 9).
nin Loga, ou não se póde mais chamar pai esa-
guem no mundo (o que afianço que os
DE ALLAM KARDEC
154 TOLICES MA
— -
u e n t ã o p o d e m o s t a m -
ã o o b s e r v a m ) o
piritas n m e s t r e s e s a c e r d o t e s ,
bem c h a m a r a o u t r o s
o r g u l h o o u j a c t a n c i a .
uma vez que não haja p r a t i c a d o b e m e
«O Christo só impõe à e c l a r o L é o n
i n d a O p r
da fraternidade», diz a
Denis. |
se u a b o n o as pa la vr as de Je -
E cita em
e vo ss o pr ox im o co mo a vó s me s»
sus: «Ama e
mos, e sêde pe rf ei to s as si m co mo vo ss o Pa
celest e é pe rf ei to . Ei s to da a lei e os pr o-
phetas.» |
Sim, bem que os espiritas querem que só
na pr at ic a da fraternidade co ns is ta a re li gi ão ,
porque noutra pratica do bem difficilmente el-
les concordam. Mas que lhe havemos de fa-
zer? Deus não se contenta com tão pouco! E
termos paciencia, meus amigos, e submettermo-
nos á sua santissima vontade.
Notem bem as palavras de Jesus: <«Sêéde
perfeitos assim como vosso Pae celeste é per-
feito». E observem que no inferior, é perfeição
reconhecer o seu logar, obedecer a quem de
direito e seguir tudo o que Deus determinou.
Logo não é só a pratica da fraternidade, mas
sim observar todos os preceitos de Deus.
Entendam assim essa pratica do bem, e
estaremos de accordo,
“LU S
IV
Só acceitam o que lhes convem
Querem ver os leitores que modo esplen-
dido tem o snr. Denis de fazer todos concor-
darem com a sua opinião? E' simplesmente
declarar que tudo o que diverge della é ficção
e se afasta da verdade. Prompto! EF' a cousa
mais simples deste mundo! Só o que elle en-
sina é a verdade!
—- — E as provas?
— Para que? Pois um mestre da enver-
gadura de Léon Denis não vale todas as pro-
vas do universo? |
Escutem o que elle diz: «No Brahmanis-
mo, como em todas as religiões antigas, cum-
pre distinguir quas coisas.— Uma é o culto e
o ensino vulgar, repletos de ficções que capti-
vam o povo e auxiliam a conduzil-o pelas
vias da submissão. A essa ordem de idéas li-
ga-se o dogma da metempsychose ou renas- .
cimento das almas culpadas em corpos de
animaes, insectos ou plantas, espantalho des-
tinado a atemorisar os fracos, systema habil
imitado pelo Catholicismo, quando concebeu os
mythos de Satanaz, do inferno e dos suppli-
cios eternos. A outra é o ensino secreto...
Cap. 11».
Eis ahi, meus amigos. A cousa é simples.
O espiritismo admitte a reincarnação, mas não
quer admiitir que a alma passe para o corpo
TOLICES DE ALLAN KARDEC
156
%
V
— Effeitos do Christianis=
Perispirito
mo na ordem social
Léon Denis quer a fina força que S. Pau-
lo tenha falado no corpo fluidico, no preten-
dido perispirito dos kardequianos. E cita-nos
para prova a primeira Epistola ao Corinthios,
cap. AV.
Quem só lê o sr. Denis, julga que tem
toda a razão: tão bem sabe elle mexer com
os pausinhos, puxando a braza para a sua
sardinha. (Nas eu peço aos leitores que leiam
esse capitulo de S. Paulo, e então verão que
Denis não passa de um habil pelotiqueiro que
enrola tudo e faz ver o que não existe.
S. Paulo fala na resurreição de Christo;
prova-a pelas apparições, nas quaes Jesus se
mostrou com o seu corpo, mas glorioso, e não
sujeito é corrupção como quando vivia no
mundo.
S. Paulo diz pois que o nosso corpo re-
suscitado será.mudado e glorificado por Deus
como o de Christo, e Denis quer que a pes-
soa tome outro corpo fluidico a que chama
perispirito! Se dissesse que o mesmo corpo
ficará fluidico, vá lá, poderiamos transigir. Mas
lembremos que a doutrina espirita é que O
corpo desapparece dissolvido nos seus com-
ponentes, permanecendo porém um corpo no
vo: o perispirito. Ora não é isto o que diz 9»
160 TOLICES DE ALLAN KARDEC:
———
ATITDNOs
Vi
A religião deve progredir?
“A Egreja... como que: petrificada em seus
dogmas, se immobilisa, emquanto em torno de
si tudo caminha e avança... Nada escapa á lei
do progresso, e as religiões são como tudo o mais.
Puderam corresponder ás necessidades de uma
epoca e de um estado social atrazados, porém
chega o tempo em que, encerradas em suas for-
mulas como n'um circulo de ferro devem resi-
onar-se a morrer. (Depois da Morte, cap. VD.,
| Sim? Pois é das de cabo de esquadra! Es-
ta proposição eleva o homem á plana de um
grande sabio ou então... de um grande tolo.
“Denis quer dizer que o que servia 500
annos atraz, hoje já está rançoso e não presta
mais: hoje é preciso progredir para cousa melhor.
Assim, Jesus era Deus em todo o passa-
do da religião christã. Hoje isso já esta bati-
do; vamos mudar, vamos progredir um pou-
cochinho: Jesus não seja mais Deus.
Bonito progres so! Mas Oiga-nos , Denis. À
verdade qual era? Que Jesus era Deus ou
não era? Se não era, então não diga que
que
essa trença correspondia ás necessidades duma
epoca, porque o erro, a mentira, não corres-
pondem a necessidade de epoca nenhuma.
E não diga então que a religião progride.
que a religião estava errada e que
Diga sim
é que os homens acertar am com a ver-
agora
164 TOLICES DE ALLAN KARDEC
a
Eee
VII
Apparições — Pantheismo — Bens
não conquistados
Denis tem um modo todo especidl de ati-
rar poeira aos olhos; dos incautos. Torce os
factos, puxa-os com a torquez Oda sua teima
até chegarem ao ponto que deseja, e assim
prova muita cousa.
<S. Gregorio, diz elle, recebe os symbolos:
da fé do espirito de S. João» (cap. VI). Já an-
tes falara muito nas vozes que Santa Joanna
à Arc ouvia, revelando-lhe o que devia fazer
(cap.V). — Emfim elle quer que todas as ap-
parições de santos e anjos não sejam. mais
do que communicações espiritas.
Mas será só querer? Não, isso é só pa-
ra os fanaticos. Esses vão acreditando sem
examinar; magister Oixit, e acabou-se. Mas.
quem tem um pouco de miolo na molleira re-.
flecte e vê que é tolice de Denis.
Note bem, Léon Denis, que nós nunca ne-
gamos que possa apparecer alguma alma, es-
pecialmente de santos, em caso particular, por
permissão de Deus e para algum fim util.
Neste ponto, a differença que ha entrenós
e os espiritas é justamente admittirem estes
que é só evocar para ahi estarem as almas á
nossa Oisposição, ao passo que nós dizemos
que isso fia mais fino; que não é só chamar,
TOLICES DE ALLAN KARDEC 171
um a pe dr a qu e lh e ca hi ss e em
magado por ca st i-
E De us se di ve rt ir ia en tã o em
cima. e não
si pr op ri o pe la s fa lt as de qu
gar-se a a um
e da r co nt as a ni ng ue m? Se ri
tem qu
gosto bem exquisito! no
Sim, snrs., o pantheismo de Denis é um
philómeno. ,
* *
Ja
eos
ESSASVASS
VIII
Duas logicas—Materia e espirito
Começa Léon Denis a Parte Terceira di-
zendo com toda a impafia: <Expuzemos, nas
paginas precedentes, os principios essenciaes
da philosophia das existencias successivas.
Apoiados sobre a mais rigorosa logica... re-
solvem numerosos problemas até aqui não
explicados.
Sim snres. nós não o vimos? E' uma lo-
gica cotuba!
Basta. Não façamos commentarios.
Apenas accrescentemos aqui o elogio que
Denis faz á logica rigorosa de Allan Kardec
no cap. XX: «Allan Kardec, como escriptor,
mostrou-se de uma clareza perfeita e de uma
logica rigorosa».
E' natural. São duas logicas eguaes!
*
x E
IX
Ensino dos espiritos
A' pag. 248 (P. IV, cap. XKIX) nos diz
Léon Denis: <E' o que exporemos nesta parte
de nossa obra, inspirando-nos em trabalhos
anteriores e em innumeraveis communicações
de espiritos..> E prosegue: «Esse demons-
trativo não será pois o resultado de uma theo-
ria da imaginação... porém, sim, o fructo das
instrucções dadas pelos espiritos”.
Eis pois o nosso Léon Denis, como Allan
Kardec, como todo espirita, cahindo na asneira
de acreditar nos espiritos sem saber quem el-
les são. Credulidade incrivel! Não querem
crer no que Deus se dignou revelar-nos, pelo
motivo de que não lhes convem, e querem
acreditar nos espiritos, que nem sabem quem
são.
Em philosophia, nós não cremos nem em
S. Thomás nem em Santo Agostinho, apesar de
genios. Nem Platão nem Aristoteles nos se-
duzem com os seus nomes ilustres. Temos.
o aphorismo: Tanto valem quanto provam.
E agora, em materia cem vezes mais impor-
tante, acreditaremos em espiritos, só pelas suas
affirmações? Não, caros espiritas. Que lhes
prove essa gente o que diz, e não venha só
com palavras! Exijam d'elles argumentos de-
logica, e não só affirmações baratas! Então:
sim será outro cantar. Mas até lá...
TOLICES DE ALLAN KARDEC 181
EM ENGNR 9
Esquecimento-Mediums-Astros
habitados, etc,
Diz Léon Denis; «Nosso envoltorio flui-
dico reflecte e guarda, como em um registro,
todos os factos da nossa existencia. Esse re-
gistro está fechado durante a vida, porque a
carne é a espessa capa que nos occulta o seu
conteúdo (cap. KKK».
E' dizer, com Kardec, que Deus nos cas-
tiga no mundo sem nós sabermos porque.
Esquecemos as nossas culpas. Soffremos em
punição, mas não sabemos em punição de que.
Repetimos pois a Léon Denis que isso
não parece justiça. Repetimos a elle que, se o
espirito communica aosmediums tanta babosei-
ra, podia tambem communicar-se ao proprio
corpo, lembrando-lhes o passado.
Repetimos que, se na infancia ha plausi-
bilidade para essa ignorancia devido aos or-
gãos em formação, não a ha mais no estado
adulto, depois do desenvolvimento dos orgãos.
A alma. alli: o corpo prompto e perfeito:
a memoria á espera... e nada de enxergar um
ao outro! E' cegueira demais!
* x
+
» x»
eee
[["—
ESET
XI
Um é equal a dois.—(omo se
completa o Evangelho
Passemos agora a um ponto engraçado
do livro de Léon Denis.
Parece que elle entende que cada um de
nós é dois; que estamos no caso dos beba-
dos que vêem tudo dobrado; e que finalmente
quasi que tem razão o cafageste quando diz
ufano e cheio de si: Comigo é nove!
A' pag. 313 exclâma: «Respeitemos os idio-
fas, os enfermos, os loucos! N'esses sepulchros
de carne um espirito vela, soffre, e, em sua
personalidade intima, tem consciencia de sua
miseria, de sua abjecção» (cap. XLI).
Logo ha uma personalidade intima, diffe-
rente da normal, e essa tem consciencia do
seu estado, ao passo que a normal não a tem.
Agora á pag. 369: «Vós que sois despre-
zados por causa da vossa ignorancia e das
vossas faculdades acanhadas, sabei que entre
vós se acham espiritos eminentes, que aban-
donaram por algum tempo as suas faculdad
es
brilhantes, aptidões e talentos, e quizeram
carnar-se como ignorantes para se hum en-
rem» (cap. 1). ilha:
| Ora estes ignorantes não têem conscien
0essas taes faculdades brilhantes, cia
consciencia de aptidões e talentos não têem
nenhuns.
TOLICES DE ALLAN KARDEC
o
189
Xu
Aggravos - Formulas =Obscurantismo
«(Uma alma elevada) comprehende que
os aggravos humanos são provenientes da
ignorancia, e por isso não se considera ultra-
jada nem tem resentimentos (cap. KLVIHD».
E' um magro consolo! Se nos dissesse,
como dizemos nós, que com isso agradamos
muito a Deus, que por amor a Deus é que
devemos perdoar, mostrariam um pouco mais
de racionalidade. Mas assim? Dizer que os
agaravos são provenientes da ignorancia? Está
solto
Então quando um patrão suga o suor d0
operario e não lhe quer pagar os tristes dois
ou tres mil réis diarios que este tanto custou
a ganhar, isso é ignorancia?
O tal homem merece que o lesado «não
se considere ultrajado nem tenha resentimen-
tos» ?
Quando outro mata cynica e barbaramente
o seu semelhante, seja por odio, seja por cu-
biça, devemos dizer que é ignorancia?
Sim, não ha ultraje! Não merece que haja
resentimentos!... Ora, deixe-me rir!
Não, Denis, venha cá. Não é o procedi-
mento do nosso semelhante que é innocente
e que não contem ultrage.
A consideração do que Deus ordena é
que nos deve fazer acceitar O sacrificio. E a
194 TOLICES a
DE ALLAN KARDEC
e e ii A am e
——— -. — ——e——mm
-— —— o —. -—-
— —— -
vista de um De us cr uc if ic ad o po r nó s qu e no s
ga , é ell a qu e no s dá fo rç a pa ra su pp or ta r
obri o
es do no ss o pr ox im o, vis to qu e no ss
os ultraj
me re ce mu it o ma is do qu e iss o. |
bom Deus
Estas sim que são considerações que obri-
gam a aturar até desaforos. Mas — que seja
Que a victima não se deva con-
ionorancia?
siderar ultrajada e por isso não deva ter re-
sentimento ?... Está solto, está muito solto, seu
Denis! .
x +
as
E2
SZ> 527S5 SE 7SE
HI
Lembranças da ordem material
“Nuaerens. — Um marido (no outro mun-
do) seguirá com interesse a vida inteira de sua
206 TOLICES DE ALLAN KARDEC
companheira, e no caso em que alguma par-
ticularidade inesperada se mostrasse, poderia
examinar com vagar as circumstancias que lhe
fossem sensiveis... Poderia ainda se sua com-
panheira desincarnada residisse em algumas
regiões visinhas, chamal-a para observar em
commum estes factos retrospectivos. Nenhuma
negação poderia ser admittida diante do fla-
grante testemunho... Talvez os espiritos dêem-
se entre si ao espectaculo de alguns factos in-
timos?
Lumem. — No céo, ó meu terrestre amigo,
apreciam-se pouco estas lembranças da ordem
material... (32. Narr. pg, 151)”.
Flammarion o affirma, mas não sei por-
que. Eu julgo pelo contrario que, se fosse real
o svstema espirita, muitos espiritos se engal-
finhariam lá no outro mundo; moer-se-iam a
soccos e pontapés, visto não haver alli armas
de fogo nem punhaes. Em primeiro logar são
espiritos materiaes, em qe pese á logica e
ao bom senso (V. cap. VIII da 1.2 parte d'este
trabalho). Em segundo logar estão vendo as
cousas como se passaram. E não ha cousa
que mais irrite do que ver a malicia dum su-
jeito a tramar contra alguem nas trevas. Em
terceiro logar conservam odio, inveja, etc. («De-
vorados pela inveja e pelo odio» L. Denis,
Depois da morte, cap, SXXVI).
Acho pois que não falta nada. Em boa
paz do snr. Flammarion portanto, não creio,
baseiado em palavras dos proprios mestres
do espiritismo, que no outro mundo se apre-
ciem pouco as lembranças da ordem material.
O odio e a inveja indicam ao contrario que
TOLICES DE ALLAN KARDEC 207
VI
Que razão!
“Para que servea propria natureza e por-
que o universo existe? A todas estas questões
o espirito observador não póde dar senão uma
só resposta: E' necessario que todos os des-
finos se cumpram” (4. Narr. 11).
210 e
e
TOLICES DE ALLAN KARDEC
Emmudeça tudo perante tal profundidade
de vistas! Cesse tudo quanto a musa antiga
canta! Eis a ultima razão de tudo!
À ser assim, com o mesmo Direito pode-
mos dizer: Qual a razão de tantas asneiras
que se vêem impressas por esse mundo de
Deus? — EF' porque é preciso que todos os
destinos se cumpram. Eis o que explica tudo.
Mas quem é que causa essa necessidade?
Quem é que faz esse destino?
Flammarion é profundo como a noite es-
cura. Mas... é isso mesmo... E' preciso que os
destinos se cumpram... e o d'elle é não expli-
car nada!
VII
Astros
«Flammarion tambem nos quer impingir
como um facto provado a existencia humana
em outros astros. Vejam o que elle affirma:
“A optica moderna e o calculo transcendente
que nos fazem d'alguma sorte tocar com o dedo
os outros mundos, suas estações e seus dias,
fazem-nos assistir ás variações da natureza
viva em sua superficie; todos estes elementos
hão permittido á astronomia contemporanea
fundar esta doutrina da existencia humana nos
outros astros sobre uma base solida e impere-
civel” (1a. pg. do cap. Il da 4a Narr.)
Como são faceis os snrs. espiritas em ad-
mittir uma cousa que lhes convem!
Agora, é preciso dizer, admira muito mais
num Flammarion. Tinhamos o direito de sup-
pôr que este pelo menos se avantajaria aos
outros em QOialectica. Mas infelizmente parece
TOLICES DE ALLAN KARDEC 211
ad
ME
ESSES
aa e e
y
PARA FINALISAR
Pódem surgir, no estudo da religião, du-
vidas sobre alguns pontos menos bem preci-
sados de revelação.
Deus não quiz dar-nos evidencia absoluta,
comquanto não deixasse de nos dar certeza.
As almas fracas, que mal rastejam no
campo da religião, deixam-se levar ás vezes
por essas pequenas duvidas e naufragam mi-
seramente na fé.
A estas pois vimos dizer que temos uma
estrella polar para a qual devem convergir
nossas vistas quando a duvida quizer afas-
tar-nos do caminho da verdade: essa estrella
lar é LOURDES.
" lá o dissemos: os milagres de Lourões
provam a verdade da nossa religião, porquanto
Maria Santissima, siga-se a hypothese que se
seguir, nunca havia de querer, como tam E
nunca havia de poder, contar a hair
exc a
E os milagres de Lourdes, feitosfosse ra
religião catholica, se esta er ne
na
riam do maior peso, da o força P
conservar e endurecer N e tai
Não, a Virgem Maria, Santissimã a
tissima como é, faria esses o Desse modo
dos fóra da Religião catholica, pa 40 Se formar
indicar o caminho da verdade
connivente com o erro.
Entretanto não o faz.
214 TOLICES DE ALLAN KARDEC o
Porque? o.
Porque ella quer que esses proôigios se-
jam como que o sello da verdade. Maria San-
tissima como que põe o seu carimbo na ver-
dadeira religião.
Que importa pois uma pequena duvida,
supponhamos sobre um mysterio revelado?
Que a alma assim agitada olhe para Lourdes
e reconhecerá a verdade.
Que importa uma pequena duvida sobre
a interpretação de um texto obscuro da Biblia?
Que se olhe para a estrella polar, e o barco,
desviado pelas ondas, tomará de novo o rumo
da verdade. |
Lourdes é a espada das indecisões.
Lourdes é o pharol que esclarece as men-
es.
sete
Nihil obstat
3. Paulo, 9 Abril 1921
Con. Dr, Martins Ladeira
" CENSOR
uma + ——— 1. + — um o
Imprimatur,
S. Paulo, 9 Abril 1921
Mons. Dr. Emilio
Teixeir a
Vigario Geral
INDICE
Approvação . pag.
SU AA a CO CIA da U
HH. Caridade e Santos
mm
iu
O IO 10 0 00 NAD
HI. O demonio moral.
IV. Quantos loucos faz O espiritismo |
ooo
V. Uma lacuna preenchida
VI. Tolices diversas: .
VII. Outras. .
VIII. Os espiritas são materialistas!
IX. Filho de Deus? . ... E=
K. À punição no: espiritismo . ô
KI. Pro—v a
Esp s
iri tos ap
Porque não recordamos.
MW
o 4do
O NouU
Xi. O Evangelho. .. ; y
XVI. Resurreição . . . 93
vw
Cincadas de Flammarion